Esportes | p. 8
Brasil | p. 6
Mangueira campeã
Futebol de 5
Enredo fala dos “esquecidos pela História” Divulgação
PARANÁ
Ano 4
Edição 114
7 a 13 de março de 2019
Portadores de deficiência visual “entram em campo”
distribuição gratuita
Vexame 8 DE MARÇO: de Jair VÁRIOS ROSTOS Bolsonaro DA LUTA Presidente publica vídeo pornográfico em rede social Brasil | p. 5
Mulheres no campo, na saúde e no teatro mostram sua força Brasil | p. 4 e 7 Divulgação
Leandro Taques
Geral | p. 3
Ônibus mais caro Greca paga duas vezes a empresas de ônibus
Brasil | p. 4
Crueldade com o campo Reforma praticamente “acaba” com aposentadoria rural
Brasil | p. 6
Vitória na Justiça Colaborador do BDF ganha ação contra ameaça feita pela internet
Arquivo Pessoal
MST
Divulgação
Brasil de Fato PR 2 Opinião
8 de março: mulheres resistem à violência EDITORIAL
A
s mobilizações do dia internacional de luta das mulheres se dão em um momento de retrocessos de direitos no país e aumento de violência sobre a vida das mulheres. O governo Bolsonaro significa liberação da posse de armas, destruição de políticas no campo dos direitos humanos, retirada de direitos trabalhistas e previdenciários. A destruição das políticas públicas de saúde e educação é uma violência contra todo o povo, mas atinge as mulheres de forma mais cruel. É sobre elas que recai o trabalho de cuidado com doentes e com educação quando o Estado não cumpre seu papel. Bolsonaro propaga o ódio contra as mulheres: disse que
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devem ganhar menos porque engravidam e que não estupraria a deputada Maria do Rosário “por que ela não merece”. O assassinato de Marielle Franco completa um ano sem respostas. Sobre o caso, Bolsonaro afirmou que “para a democracia não significa nada. Mais uma morte no Rio de Janeiro”. Hoje, há fortes sinais da ligação da família Bolsonaro com as milícias que têm sido relacionadas ao assassinato da vereadora. Em resistência a esse cenário e denunciando Bolsonaro como inimigo das mulheres, os atos do dia 8 de março acontecerão em diversas cidades do país. Contra a violência e a reforma da previdência, as mulheres reafirmam: Marielle vive.
SEMANA
Carnaval: resposta das ruas a Bolsonaro OPINIÃO
Ayrton Centeno,
jornalista, trabalhou, entre outros, em veículos como Estadão, Veja, Jornal da Tarde e Agência Estado. Documentarista da questão da terra, autor de livros, entre os quais “Os Vencedores” (Geração Editorial, 2014) e “O Pais da Suruba” (Libretos, 2017)
P
Youtube e as redes sociais. Sua temática envolve de laranjas a goiabas, de mamadeiras eróticas a liquidificadores, de fuzis a fake news. Na alça de mira do riso, além de Bolsonaro e sua prole e seu motorista Queiroz, figura boa parte de seu ministério. Uma das músicas, Overdose de Goiaba, mostra a que veio logo nos primeiros versos. Diz assim: “Em pleno Carnaval eu tava de bobeira/ Bateu uma larica, subi na goiabeira/ O céu estava escuro, já não tinha luz/ Chegou uma maluca me chamando de Jesus…” Aliás, a ministra de direitos humanos virou musa de muitos compositores bissextos. Outra prova
or artes do calendário, Jair Bolsonaro fecha o segundo mês de seu governo e imediatamente começa o Carnaval. Soa como uma intervenção da Providência, uma trégua na desgraça em favor da graça. Que já está sendo aproveitada como réplica irreverente ao mais atabalhoado e tragicômico governo da história da República. O Carnaval de 2019 é o mais “politizado” do sécuO presidente e o lo. Antes mesmo de a festa caos que o rodeia começar, o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, de São são homenageados Paulo, arrebatou uma mulcom uma profusão tidão que desfilou gritando de marchinhas uma palavra de ordem bem objetiva. implacáveis, A frase começava com “Ei, compostas e Bolsonaro, vai…” e concluía cantadas por ilustres com aquela sugestão bastante específica que todos sadesconhecidos bemos qual. Outros blocos e escolas de samba, de sul a norte, levaram às ruas uma é a Marcha da Damares que recocrítica debochada. menda o seguinte: “Menino se vesO presidente e o caos que o rote de azul/ Menina se veste de rosa/ deia também são, digamos, homeO motorista, quem não manja/ É o nageados com uma profusão de que pode usar laranja”. marchinhas implacáveis, composEm ritmo de galhofa, são as ruas tas e cantadas por ilustres descodando seu primeiro recado ao novo nhecidos. Um fenômeno de esponinquilino do Palácio do Planalto. É taneidade. das ruas que outras respostas virão. Uma avalanche delas invadiu o
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 114 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ayrton Centeno e Gabriel Carriconde ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Leandro Taques DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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FRASE DA SEMANA
Uma família de desumanos
“Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”
Reprodução
Samba “História pra Ninar Gente Grande”, da Mangueira, deste ano, emocionou quem assistiu aos desfiles no Rio de Janeiro lembrando a história de mulheres e heróis negros e índios esquecidos nos livros da história oficial do Brasil.
Mídia Ninja
Os brasileiros têm ficado cada vez mais “assustados” com as bandeiras e declarações da família Bolsonaro. O vídeo postado pelo presidente em que um homem urina no outro - “Golden Shower” - é mais um episódio da barbárie que comanda o país. Na semana passada, o presidente elogiou o general Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai e foi acusado de pedofilia. Já Eduardo defendeu a construção de um muro nos EUA e ainda fez chacota com a morte do neto de Lula. Por fim, Carlos atacou o projeto da vereadora assassinada, Marielle Franco, que discute o encarceramento de jovens negros. O jornalista Kennedy Alencar, que cobre política em Brasília, definiu bem o perfil da família: “Agem como os torturadores que idolatram. São ameaça à democracia. Não deveriam causar surpresa. Sempre foram assim. São coerentes ao usar a barbárie como arma política”. De “mamadeira de piroca” à grosseria nas redes sociais, a imagem da família vai inviabilizando o governo do Brasil aqui e no exterior.
Curitiba tem a tarifa de ônibus mais cara entre as capitais Tribunal derruba liminar que suspendia aumento. Para Vereadora Josete, população paga a passagem duas vezes Frédi Vasconcelos O Tribunal de Justiça do Paraná cassou liminar que suspendia o aumento das passagens de ônibus, e a partir do sábado de Carnaval Curitiba passou a ter maior tarifa entre as capitais brasileiras, de R$ 4,50. Em sua decisão, o desembargador alegou que poderia existir prejuízo para a prefeitura ou as empresas. Para a vereadora Professora Josete (PT), uma das autoras da ação que havia segurado o aumento, o que se deixou de levar em conta pela Justiça foram os “prejuízos causados à população por esse aumento”. Ela lembra que, além da alta tarifa, a prefeitura e o Estado devem repassar mais R$
100 milhões para as empresas de ônibus de Curitiba por conta da alegada “tarifa técnica”. “O cidadão paga duas
O cidadão paga duas vezes, com o aumento das passagens e com esse subsídio que sai dos impostos que todos nós pagamos”, analisa a vereadora. vezes, com o aumento das passagens e com esse subsídio que sai dos impostos que todos nós pagamos”, analisa a vereadora.
Sem controle Há diversos pontos irregulares na licitação que ocorreu em 2010 para a concessão das atuais linhas, como, por exemplo, só as empresas que estavam no sistema terem conseguido participar por conta das exigências do edital. Além do fato de a Urbs, responsável por administrar essa concessão, não ter acesso aos custos efetivos. Segundo a vereadora Josete, “Não há transparência, questionamos a falta de controle da Urbs. Ela recebe as notas fiscais das empresas e paga sem saber se os valores são esses mesmos.” A vereadora e o deputado estadual Goura, autores da ação que segurou o aumento, irão recorrer contra a decisão que permitiu aumentar as passagens.
Atos no Dia Internacional das Mulheres No 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, manifestações estão previstas em ao menos oito cidades do Paraná. Em Curitiba, atividades com o mote ‘A resistência nos une e a luta nos liberta’ são organizadas pela Frente Feminista, uma articulação composta por mais de 15 entidades e movimentos sociais. Até o dia 14 de março, outras atividades serão realizadas dentro de uma Jornada de Lutas Feminista. Atos também serão realizados em Toledo, Apucarana e Foz do Iguaçu. Confira a programação Curitiba 12h | 1° Ato – Slam das Gurias 16h | Início da concentração para a marcha 16h30 | Atividade mulheres indígenas
com
as
18h | 2° Ato – Mulheres trabalhadoras contra o desmonte de Direitos 19h | 3° Ato – “Quantas de nós precisarão morrer? Vidas negras importam” 20h | 4° Ato - Mulheres unidas desarmam a opressão Saída da Praça Santos Andrade – Centro Cascavel 11h | Igreja Matriz – Av. Brasil Ponta Grossa 13h30 | Parque Ambiental - Av. Vicente Machado Francisco Beltrão 9h | Praça central de Francisco Beltrão Guarapuava 9h | Praça 9 de dezembro – Alto da XV Londrina 8h | Concha Acústica - Centro
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Para que a mulher possa lutar, precisa de saúde A enfermeira Alaerte Martins coordenou programas voltados para saúde da mulher, da população negra e indígena Arquivo Pessoal
MULHERES NEGRAS
Ana Carolina Caldas
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ais de 30 anos na luta pela saúde feminina fizeram da enfermeira e doutora em saúde pública Alaerte Martins uma referência nessa área no Paraná. Em entrevista para o Brasil de Fato, conta que foi dentro da sua família que percebeu que desejava cuidar de quem cuida de todo mundo: as mulheres. Primeira mulher de uma família com treze filhos homens, Alaerte tinha a função de cuidar da casa e de todos. “Na época não tinha água nem luz. Eu buscava água no poço para lavar roupa e fazia o fogo no forno à lenha para dar conta da comida”, conta. Mais tarde, escolheu o curso de Enfermagem na faculdade. “Não foi por acaso. Queria poder cuidar das mulheres, que cuidam de todos. São as mulheres que, feliz ou infelizmente, cuidam de toda a família. E delas, quem cuida?”, indaga.
Atualmente aposentada, faz parte da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e da Rede de Mulheres Negras do Paraná. Como servidora pública do estado, coordenou progra-
mas de saúde da mulher, saúde da população negra e indígena. Cita que atualmente os temas que mais abrangem a saúde da mulher são o feminicidio, a mortalidade materna e a violência doméstica e sexual.
Alaerte, com todos seus anos de estudo e militância, faz questão de destacar que a mulher negra e pobre é a que deve estar no centro das preocupações da saúde. Ela cita que, atualmente, no Brasil, só cresce a mortalidade materna e a maioria das mortes está entre as mulheres negras e pobres. Defende também que a alimentação seja a base para garantir a saúde da mulher. “Precisamos muito aliar o debate da segurança alimentar, a boa alimentação, com as questões de saúde.” Para ela, é preciso pensar na saúde da mulher, e não na doença. “Tendo boa alimentação a mulher se torna resistente, tem saúde para lutar. Para que a mulher possa lutar, ela precisa ter saúde”, conclui.
Reforma da previdência é crueldade com quem trabalha no campo Mulheres enfrentam jornada tripla e começam a trabalhar desde criança. Também não há recursos para pagar R$ 600 por ano para cada integrante da família Frédi Vasconcelos
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Arquivo Pessoal
s trabalhadores rurais estão entre os grupos que mais sofrem com a reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso Nacional. Principalmente as mulheres, que começam a trabalhar ainda crianças e enfrentam jornada tripla, tendo de cuidar da roça, de onde vem seu sustento, do entorno da casa, com animais e pomar, além do trabalho doméstico. Para a agricultora familiar
Dirlete Dellazeri, do Assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas-PR, “A reforma da previdência é uma crueldade com quem trabalha no campo. Que vem para tirar o pouco de dignidade da gente quando não tem mais condições de produzir.” Entre os pontos que ela acha impossíveis de cumprir está a contribuição de R$ 600 por ano por pessoa da família. “Com três pessoas, são R$ 150 por mês. E isso é basicamente o que a gente da agricultura
familiar tem para viver, para pagar a luz e conseguir comprar alguma coisa durante o mês, como alimento que falta, um calçado”, explica. Outro ponto que questiona é que no campo a pessoa já começa a trabalhar com 10, 11 anos e não tem fim de semana, feriado, férias. “Como as mulheres do campo vão esperar até os 62 anos para se aposentarem. A gente trabalha de 1º de janeiro a 31 de dezembro todos os anos, de sol a sol.”
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Bolsonaro posta vídeo pornográfico em rede social No primeiro Carnaval no Planalto, presidente bate boca com cantores e fala mal de blocos. Jornais de todo o mundo repercutem maluquice Frédi Vasconcelos
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presidente Jair Bolsonaro não aguentou seu primeiro Carnaval no cargo e “enlouqueceu” com as críticas que recebeu de blocos e cantores, que desfilaram laranjas em suas fantasias e chegaram a vaiar bonecos do presidente e de sua esposa em Olinda. Primeiro, postou uma música de um cantor não identificado que daria uma resposta a Caetano Veloso e Daniela Mercury, que gravaram a marchinha “Está Proibido o Carnaval”, em que fazem versos bem humorados como “Vai de rosa ou vai de azul/Abra a porta desse armário/Que não tem censura pra me segurar/ Abra a por-
ta desse armário/ Que alegria cura”. Mas o pior ainda estava por vir, depois de ser criticado por blocos carnavalescos no Brasil inteiro, postou ou-
tro vídeo, feito em São Paulo, em que uma pessoa de nádegas à mostra acaricia o ânus e, depois, outro rapaz tira o pênis para fora e mija na cabeça do parceiro.
Sua justificativa foi: “Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades.
Fabio Rodrigues Pozzebom com Reprodução Twitter
É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro.” Repercussão O vídeo postado pelo presidente era o assunto mais comentado no Twitter no mundo na quarta-feira. A maior repercussão era para pedido de impeachment de Bolsonaro por falta de decoro. Em jornais estrangeiros, a repercussão também foi grande. O inglês The Guardian, por exemplo, escreveu que “Presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, provocou indignação, nojo e ridicularização depois de tuitar um vídeo pornográfico em uma aparente tentativa de revidar as críticas de seu governo durante o Carnaval deste ano”.
“A política adotada por Jair Bolsonaro é antinacional” ENTREVISTA
Deputado denuncia medida que retira proteção de 600 itens da indústria brasileira Pedro Carrano
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aulo Pimenta, deputado federal (PT-RS), esteve na Vigília Lula Livre, onde criticou as medidas do governo Bolsonaro. Para ele, as políticas no plano internacional e a proposta de reforma da previdência mostram à população o caráter antinacional do governo. Brasil de Fato Paraná | Bolsonaro recebeu Juan Guaidó, que se autodeclara presidente da Venezuela. Como você analisa essa postura do governo brasileiro? Paulo Pimenta | O Brasil cumpre um papel de submissão aos interesses norte-americanos e essa po-
lítica adotada pelo governo Bolsonaro é uma política totalmente antinacional. Ele recebe o Guaidó para fazer parte de uma trama internacional que interessa aos interesses norte-americanos. O objetivo é se apropriar das reservas de petróleo da Venezuela. Ao mesmo tempo, o Diário Oficial traz uma medida que retira alíquotas de importação que protegem 600 itens da nossa economia, trazendo um enorme prejuízo para a indústria brasileira. Diante de um governo que desmonta direitos sociais, a bandeira de Lula Livre pode ganhar força? Eu acho que existem dois elementos novos na conjuntura. O
Ricardo Stuckert
primeiro é essa nitidez, na política internacional do governo Bolsonaro, que permite que a sociedade faça uma leitura acerca da perda da soberania. Quer dizer, o papel que o Brasil exerceu durante o governo do presidente Lula, no Mercosul, na Unasul, no G8, no G20, no Brics, tudo isso foi colocado por terra, e mudou o posicionamento internacional do nosso país. Por outro lado, o tema da reforma da previdência mostra as consequências do golpe e faz com que as pessoas percebam como que isso afeta a sua vida. Confira entrevista completa. Acesse www.brasildefato.com.br/parana
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Mauro Pimentel | AFP
Assediador de ativista é condenado pela Justiça O militante Luciano Palagano teve foto tirada ao cobrir ato em Guaíra e foi ameaçado de morte pelas redes sociais Frédi Vasconcelos
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m 2017, Luciano Palagano, funcionário da rede pública de ensino e colaborador do Brasil de Fato, foi cobrir manifestação contra demarcação de terras indígenas em Guaíra, interior do Paraná. Desde lá sua vida se transformou num verdadeiro inferno. Ele conta que alguém tirou foto e começou a enviar áudios mentirosos por redes sociais dizendo que estava “infiltrado na manifestação e que era responsável por organizar ocupação de terras por indígenas na região”. A foto e áudios acabaram parando em grupos de WhatsApp de apoio ao candidato Jair Bolsonaro e começaram diversas calúnias e ameaças. Um dos coordenadores desses grupos, Alcenir Silva, foi mais longe e postou um vídeo em que duas pessoas saem de um carro e executam outra a sangue frio com a legenda: “Meu serviço é desse nível”. “Daí começaram a fazer ‘vaPUBLICIDADE
quinhas’ para pagarem minha execução”, conta Palagano. Algumas dessas ameaças foram impressas e repassadas para a vítima, que entrou com processo criminal na Justiça contra 7 pessoas. “Cinco delas foram obrigadas a me indenizar e se retratarem e acabei fazendo acordo. Outra não quis, mas acabou fazendo uma ‘transação penal’ com o Ministério Público. O Alcenir não pode fazer isso porque já tinha problemas com a Justiça”, conta Palagano. A pena foi de dois meses de detenção em regime aberto, além de pagar as custas processuais. “A sentença foi até leve, mas a Arquivo Pessoal PUBLICIDADE
condenação lava a alma. E serve de incentivo para que outras pessoas entrem com ações por conta desses absurdos postados em redes sociais. Na época tive até de sair da cidade em que morava. Agora, ainda entrarei com outro processo cível pedindo indenização”, conclui Palagano.
Mangueira conquista o vigésimo título no Rio Redação A Estação Primeira de Mangueira conquistou, na quarta-feira (6), o vigésimo título de sua história no carnaval do Rio de Janeiro. Fundada em abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo à região do Maracanã, a escola levou à Sapucaí em 2019 o samba-enredo “História pra ninar gente grande” na segunda-feira (4). A ideia era contar a trajetória de heróis negros e índios esquecidos dos livros e não mencionados na história oficial do Brasil. O enredo foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cin-
co alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile. Com 3,5 mil integrantes, a escola apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas portuguesas e espanholas. A Mangueira também homenageou a trajetória de líderes como Luis Gama, advogado negro abolicionista, Luisa Mahin, ativista participante da revolta dos Malês, e Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares, além de tratar de temas como as revoltas indígenas.
SÍMBOLO DE LUTA A Mangueira lembrou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada a cerca de um ano, cujas investigações seguem sem solução. Além de citar o nome dela no samba, no final do desfile uma das últimas alas trouxe diversas bandeiras com o rosto da vereadora em verde e rosa (as cores da agremiação).
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Nena Inoue, a memória e o direito à verdade nos palcos A atriz diz que no trabalho atual a vontade é falar de vozes femininas, de histórias verídicas. De mulheres passaram por histórias de opressão e reagiram, transgrediram
Marcelo Almeida
pensar o nosso tempo. “Tem me movido muito a memória, o direito à verdade que foi á 40 anos, Nena Inoue, atriz, negado ao nosso povo, por isso esprodutora, mãe de dois filhos, tamos onde estamos, por isso elegeocupa os palcos contando histómos um político que publicamente rias. São tantas que a percorrem e a homenageia um torturador, porque atravessam que o caminho foi ineo Brasil não reconhece a ditadura, a vitável: “Comecei a trabalhar com escravidão, não reconhece o genoteatro pelo meu desejo e meu recídio”. conhecimento enquanto cidadã no Nesse sentido, em uma das mais mundo. Era um lugar onde me senrecentes peças de tia bem, me sentia “Para não eu, onde posso ex“É importante que Nena, morrer”, ela evoca pressar quem eu sou a arte não seja só mulheres latino-ae, de alguma forma, mericanas, inspiratransformar o outro”, para a elite, um da no livro “Mulheconta. lugar inalcançável, res”, de Eduardo Para Nena, todo Galeano, com draser um humano é ela nos permite maturgia de Franartista. “Devíamos um olhar sobre o cisco Mallman. trabalhar o princímundo e expressá“Minha vontapio de que o exercíde era falar de vozes cio artístico, o bem lo subjetivamente femininas, de hisartístico, ele tem para o coletivo” tórias verídicas. Esque ser, ele deveria sas mulheres passaser natural e acessíram por histórias de vel a todos. É imporopressão e reagiram, transgrediram. tante que a arte não seja só para a Faço esse espetáculo com muito elite, um lugar inalcançável, ela nos prazer, para trazer a voz e as memópermite um olhar sobre o mundo e rias dessas mulheres para hoje, porexpressá-lo subjetivamente para o que se a gente não entender o que coletivo”. veio antes, não vai entender o que Por isso se interessa pelo humaestamos vivendo”, finaliza. no, pelas histórias das pessoas, por Laís Melo
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LUZES DA CIDADE Bárbara Lia
A simples beleza (para Yalitza Aparício) “Roma” inicia com um avião refletido na poça d’água do pátio que Cleo lava, e termina com um avião cruzando o céu quando ela sobe a escada externa para o seu quarto. Isto mostra o salto para o belo desta personagem. “Roma” lembra que é preciso cerrar os olhos e acalmar tudo ao redor, como o menino Pepe. “Estoy morto”, ele diz. E Cleo se une a ele naquele instante de – silenciar – e permitir um segundo de trégua do mundo. A sensibilidade dos que nascem para criar cenas, como o diretor do filme Alfonso Cuáron. Ter empatia, narrar vidas de mulheres como se ele soubesDivulgação se o que é ser mulher neste mundo. Amei a forma como ele homenageou sua real babá, que ele jamais esqueceu. A simplicidade dela atada à fivela das sandálias, a água lavando o pó das coisas que incomodam. “Roma” recuperou memórias da minha própria infância. Tempo do rádio e tardes no cinema. Cenas de candura que o tempo virtual nem sempre permite. Quem, nos dias de hoje, medita sobre as coisas da vida nas manhãs calmas? Quem?
DICAS MASTIGADAS
Lasanha com massa de arroz Ingredientes 4 copos de arroz cozido (de ontem) 2 colheres de creme de cebola Sal a gosto 1 colher de chá de fermento biológico 1 copo de leite 1 ovo
Reprodução
Recheio 150 gramas de carne moída 1 Berinjela média 2 colheres de alcaparras (opcional) 1 Cebola grande 2 dentes de alho 1 tomate Queijos, orégano e manjericão (a gosto) Modo de preparo No liquidificador bata todos os ingredientes da massa. Prove e tempere a gosto. Numa panela refogue a carne moída com cebola e alho. Acrescente o tomate picado, meio copo de água e deixe cozinhar, acrescente orégano e sal e os temperos a gosto. Numa forma untada, coloque a metade da massa, cubra com fatias de berinjela, queijos e a carne moída, cubra com o resto da massa e outra camada de recheio. Asse por 20 minutos em temperatura de 180º.
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A mudança que falta Por Cesar Caldas Após duas semanas de preparação e a contratação do goleiro Alex Muralha, o Coritiba estreia no returno do Estadual no domingo (10/3) contra o Cianorte, no interior. Sete semanas depois, o time terá que estar defi nido, técnica e taticamente, para a longa jornada da Série B do Brasileiro. De dezembro de 2017 até o presente (15 meses), o alviverde teve cinco técnicos, 11 auxiliares e três executivos de futebol. Os resultados em campo foram os piores do último quarto de século e sua repercussão nas receitas (perda de R$ 50 milhões) catastrófica. Só a diretoria restou incólume: Samir Namur e seus pares permanecem no clube e não dão sinal de que pretendam alterar o modo como administram o futebol. Se até o embate em Cascavel, dia 20, não houver evolução, a renúncia coletiva será o único ato sensato possível para os gestores eleitos para o corrente triênio.
Futebol além do olhar Projeto social do ex-jogador pentacampeão do mundo Ricardinho incentiva portadores de deficiência visual na prática do futebol de cinco Divulgação
Fazem parte da equipe de futebol de cinco o cronista esportivo Henry Xavier (esq.) e o central Emerson, que já ganhou medalha pela Seleção Brasileira nos Jogos Paralímpicos de Londres
Velho novo problema Por Marcio Mittelbach O presidente do Paraná Clube, Leonardo Oliveira, falou depois de três meses de silêncio e revelou o maior problema: falta de dinheiro, como sempre. O problema não é derivado dos altos salários pagos ao elenco no ano passado. Tampouco são as dívidas administrativas, essas parecem estar sob controle. O que gerou o desequilíbrio foi a frustração de receitas. Segundo o presidente, deixamos de arrecadar R$ 6 milhões entre contratos de TV não concretizados e o calote na última parcela do patrocínio da Caixa Econômica Federal. Tudo isso somado à eliminação na Copa do Brasil, onde R$ 1,4 milhão foi para o espaço. Para um orçamento apertado, o impacto é imenso. A diretoria se dispôs a dar mais detalhes sobre a realidade fi nanceira em reunião exclusiva para os sócios em dia. Será no próximo sábado, 9/3, às 9h, no salão social da Kenedy.
Não pode mais errar Por Roger Pereira O Athletico estreou com derrota na Libertadores da América e “queimou” uma chance ao tropeçar na fase de grupos da competição já na primeira rodada. Ao ser derrotado pelo Tolima, na terça-feira, o Furacão fechou a primeira rodada na lanterna do grupo, uma vez que na outra partida da chave, Jorge Wilstermann e Boca Juniors empataram. De alento, ficou o bom segundo tempo da equipe de Thiago Nunes, insuficiente, no entanto, para buscar o empate diante dos colombianos. Agora, a tabela da Libertadores reserva três jogos consecutivos em casa para o Athletico e o Furacão necessitará dos 9 pontos. Ou vence as três ou vai ter que buscar pontos na Bolívia ou surpreender o favoritíssimo Boca, na Bombonera. Foi só a primeira rodada, mas a derrota já acende um sinal de alerta no CT do Caju. Não pode mais errar.
Gabriel Carriconde
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esporte mais famoso e popular do mundo, jogado com os pés, não precisa dos olhos para quem quer praticá-lo. Adaptado do futsal, o futebol de cinco é uma prova de que a visão pode ser driblada por quem joga. Exclusivo para portadores de deficiência visual, as partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada. E desde os Jogos Paralímpicos de Atenas também têm sido praticadas em campos de grama sintética. Em Curitiba, o projeto Maestro da Bola, fundado e gerenciado pelo ex-jogador Ricardinho, busca incentivar portadores de deficiências visuais na prática do esporte. A equipe mescla jogadores estreantes com atletas da seleção brasileira.
Maestro da bola Criada em Agosto de 2017, a Associação Maestro da Bola atende atualmente a crianças de baixa renda e também atletas paralímpicos. A equipe de futebol de cinco criada no final de 2018, hoje conta com atletas experientes e alguns marinheiros de primeira viagem. É o caso do cronista esportivo Henry Xavier, 37 aos. Acostumado com as cabines de rádio, mas sempre imerso no mundo do futebol, Henry entrou na equipe em novembro do ano passado a convite do próprio Ricardinho. ‘’Na verdade comecei a jogar futebol de cinco com 19 anos, parei aos 21. Agora, resolvi voltar após um convite’’, conta Henry. A equipe atualmente disputa o torneio para-
naense de futebol de cinco e busca vaga na série B do Campeonato Brasileiro da categoria. O time hoje conta com o central Emerson, que já ganhou medalha de ouro em 2012, pela Seleção Brasileira, nos Jogos Paralímpicos de Londres, e também com atletas com passagem pela seleção, como o jogador Edvan. Apesar de a equipe disputar torneios profissionais, Ricardinho garante que o que mais deixa satisfeito é a superação dos atletas. ‘’Mais importante que ganhar, é a diversão, é ver eles dominarem a bola, jogarem, chutarem. É um momento especial’’, afirma o pentacampeão. Os treinos da equipe sempre ocorrem nas segundas e quartas, na Praça Oswaldo Cruz, às 17h30.