Geral | p. 3
Contra o trabalho infantil
Vida de trabalhadores é levada para as telas do cinema
Ano 4
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O chão dos sem-terra
Isabela Lanave
Cultura | p. 7
Programa de prêmio Nobel é lançado em Curitiba
Edição 126
13 a 19 de junho de 2019
distribuição
COM O SUPREMO, COM TUDO
gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
Greve geral nesta sexta Atos contra reforma da previdência e por direitos dos trabalhadores acontecem em Curitiba e no interior Brasil | p. 5
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Divulgação
Mensagens entre Moro e Dallagnol mostram diálogos sobre ministro Fux. Entenda a VazaJato. Brasil | p. 5 Divulgação
Paraná | p. 6
Especial Sercomtel Companhia pública de Londrina corre risco de ser privatizada
Brasil | p. Cidades | p.64
Rango com Greca População em situação de rua faz protesto na prefeitura de Curitiba
Brasil de Fato PR 2 Opinião
O escândalo de Moro e Dallagnol
EDITORIAL
N
ão há dúvidas: o ministro da Justiça, Sergio Moro, precisa renunciar ao cargo, bem como o procurador Deltan Dallagnol tem que ser afastado da coordenação da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. E o ex-presidente Lula precisa responder em liberdade, uma vez que não foi julgado em primeira instância por um juiz isento. O material divulgado pelo site The Intercept escancara a “parceria” entre o então juiz Moro e Dallagnol, o que é inaceitável no Direito brasileiro. Deveria prevalecer o chamado sistema acusatório, quando o juiz não interfere na produção de provas. Mas o que vimos foi o oposto: Moro foi jogador, juiz
Brasil de Fato PR
Paraná, 13 a 19 de junho de 2019
SEMANA
e cartola, e a condenação de Lula foi uma jogada fraudada! Mais do que isso: a Lava-Jato se apresenta como neutra, técnica e imparcial. Mas, na realidade, o que sempre a guiou foi a sua ação política contrária ao PT. Para isso, não acabaram com a corrupção, mas paralisaram a principal empresa pública nacional, a Petrobras. Sendo assim, é urgente que toda a verdade venha à luz e que a sociedade tenha acesso a todos os materiais de conversas entre Moro e Dallagnol acessados pelo The Intercept, com garantia também à integridade dos jornalistas. É fato que a prisão de Lula permitiu a vitória de um candidato antipopular. Hora de reparar tantos equívocos!
EXPEDIENTE
Mídia comercial defende Neymar mais que advogados OPINIÃO
Mariana Pitasse
Jornalista, editora do Brasil de Fato no Rio de Janeiro
U
ma mulher registra um boletim de ocorrência acusando um homem por estupro. Em depoimento, descreve que o parceiro teria ficado subitamente agressivo e usado da violência para praticar relação sexual sem seu consentimento. O laudo médico, anexado ao caso, apresenta sinais físicos de agressão e estresse pós-traumático. Em resposta, o homem acusado desmente a história publicamente, argumentando que o episódio não passou de “uma relação comum entre um homem e uma mulher”. Esse poderia ser apenas mais um entre os cerca de 135 casos de estupro registrados por dia – que equivalem a cerca de 10% a 15% dos abusos que acontecem diariamente no Brasil. Mas o homem
acusado é Neymar. Por isso, o caso tomou as páginas dos jornais dentro e fora do Brasil. Após a denúncia registrada contra o jogador, a acusadora foi exposta de diferentes formas – pela mídia comercial e pelo próprio Neymar. Para “sensibilizar” a opinião pública, o jogador postou um vídeo em suas contas do Instagram e do Facebook com conversas fotos e vídeos íntimos. O problema é que mesmo sem afirmar que estão assumindo uma
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
posição, jornalistas passaram o recibo de que a acusadora está tentando se aproveitar do “menino” Neymar. Mais que a intimidade revirada e exposta em fotos e vídeos íntimos e informações detalhadas sobre sua situação financeira, a mulher teve sua versão dos acontecimentos contestada a todo tempo. Mas isso não é levado em consideração. Na lógica desse jornalismo, é necessário apresentar respostas antes mesmo das investigações. Divulgação
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 126 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Barbara Lia, Ednubia Ghisi, Kelen Alves, Paula Zarth Padilha, Wagner de Alcântara Aragão ARTICULISTAS Cesar Caldas, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Wellington Lenon DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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FRASE DA SEMANA
“Conluio de Moro e Dallagnol é o maior escândalo do Judiciário brasileiro”
Oposição garante 1 bi para educação O Congresso Nacional aprovou o projeto (PLN 4/19) autorizando a abertura de crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para cobrir despesas correntes com dinheiro obtido por meio da emissão de títulos (operações de crédito). O texto foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados (450 votos) e no Senado Federal (61 votos) após acordo de líderes. A oposição só aceitou encerrar a obstrução quando o governo de Jair Bolsonaro (PSL) sinalizou com a liberação de recursos para áreas sociais e educação. Pelo acordo, o Executivo se comprometeu a rever parte do contingenciamento de despesas determinado em março e que alcançou quase R$ 35 bilhões. Com os cortes, as universidades e institutos podiam parar suas atividades a partir de agosto. De acordo com a oposição, a proposta acordada na CMO garante a recomposição de R$ 1 bilhão em recursos para o Minha Casa Minha Vida, R$ 1 bilhão para a educação (principalmente para universidades e institutos federais), R$ 550 milhões para a transposição do Rio São Francisco, e R$ 330 milhões para bolsas de pós-graduação e doutorado financiados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.
Diz o professor de Direito Constitucional da PUC-SP Pedro Serrano sobre o conteúdo das conversas entre procuradores da Operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro revelado pelo The Intercept Brasil. Divulgação
Paraná lança comitê contra trabalho infantil, em iniciativa de Nobel da Paz Primeira reunião aconteceu na universidade federal, com a participação de estudantes e professores Ana Carolina Caldas “Reunir 100 milhões de pessoas para lutar pelos direitos de 100 milhões de crianças que vivem na extrema pobreza, sem acesso à saúde, educação e alimentação, em situação de trabalho infantil.” Esse é o objetivo da Campanha “100 milhões por 100 milhões”, iniciativa global do ganhador do prêmio Nobel da Paz, o indiano Kailash Satyartthi, e no Brasil coordenada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, com parceria do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). O objetivo é formar, em todos os estados brasileiros, comitês que mobilizem o maior número de pessoas. No Paraná, na quarta, 12
de junho, o Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil, foi formado o comitê paranaense, em reunião na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ana Julia Ribeiro, estudante de filosofia, uma das coordenadoras no estado, explica que a campanha tem se firma-
O objetivo da campanha “100 milhões por 100 milhões” é formar, em todos os estados brasileiros, comitês que mobilizem o maior número de pessoas
do na mobilização entre os jovens. “Temos jovens na coordenação e a campanha tem duas linhas: o direito à educação para as crianças e jovens e, outra, a erradicação do trabalho infantil,” explica. “Na organização do Paraná estamos no começo e em busca de parceiros. Todo mundo que deseje participar, ou seja, lutar contra o trabalho infantil, pode.” O filme “The Price off Free”, que conta a história do indiano Nobel da Paz e sua luta incansável para acabar com o trabalho infantil na Índia e no mundo, foi veiculado no lançamento do comitê. Satyarthi deixou sua carreira de engenheiro e criou uma fundação que resgatou mais de 80 mil crianças da escravidão.
Audiência pública questiona privatizações O custo das tarifas, integração de território, funções sociais e da soberania nacional com o projeto privatista do governo Bolsonaro será debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), na segunda (17). Representantes de diversas estatais sairão “Em Defesa das Empresas Públicas”, tema central da audiência. O evento é uma iniciativa do deputado estadual Tadeu Veneri (PT-PR) e vai contar com representantes dos Correios, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras, além de outras estatais e deputados federais.
CCJ do Senado derruba decreto que flexibiliza porte de armas Em mais uma derrota do governo Bolsonaro (PSL), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou, no dia 12 (quarta), pelo placar de 15 votos a 9, o parecer do senador Marcos do Val (Cidadania-ES) em defesa dos decretos presidenciais que expandiram o porte de armas de fogo no país, flexibilizando as normas do Estatuto do Desarmamento. A pauta será avaliada pelo plenário.
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População em situação de rua faz o protesto “rango com Rafael Greca” Diariamente, pessoas em situação de rua são acordadas por guardas municipais aos chutes, em seus papelões, debaixo de marquises ou viadutos Gibran Mendes
Para Valdineia o pior de estar em situação de rua é o frio
Paula Zarth Padilha
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ituações de violência e a falta de políticas públicas foram alguns dos temas tratados no ato realizado na quinta-feira, 6. Mais de 80 pessoas em situação de rua fizeram uma caminhada até a prefeitura de Curitiba, seguida de um ato público chamado de “Rango com Rafael Greca”, finalizando com a distribuição de almo-
ço. O Movimento da População de Rua estima entre 5 mil e 6 mil pessoas morando nas ruas em Curitiba. Em 2019, três pessoas em situação de rua foram assassinadas na capital paranaense, carbonizadas ou por tiro. Leonildo Monteiro, do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), denunciou que diariamente as pessoas em situação de rua são acordadas por guardas
municipais, e não por assistentes sociais, aos chutes, em seus papelões, debaixo de marquises ou viadutos. “Bolsonaro não gosta de pobre, assim como nosso prefeito, que não gosta de pobre”, declarou. Ele ainda anunciou que em breve os moradores de rua poderão ir a Brasília fazer manifestação contra os cortes no Bolsa Família, que é a única verba financeira que garante a sobrevivência. Entre as pessoas em situação de rua que percorriam o trajeto entre a Praça Tiradentes e a prefeitura, Valdineia, 36 anos, e o companheiro Paulo caminhavam juntos. “Tudo é movido por dinheiro”, disse ela. Eles moram nas ruas de Curitiba há um ano e meio, cada dia em um lugar. Sua única subsistência é o Bolsa Família, que recebem porque têm duas filhas. Valdineia já trabalhou em mer-
cado e restaurante, mas disse que teve que sair dos empregos por conta de crises convulsivas. Para ela, o pior de ser uma pessoa em situação de rua é o frio. Ela almeja ter casa, alguma renda e lazer. A sobrevivência é possibilitada pelos poucos pertences materiais, as cobertas e roupas. Ana Paula, 41 anos, saiu da casa dos pais há seis anos e foi para as ruas acompanhar seu ex-marido, já fale-
cido. Ela permaneceu porque a rua lhe proporciona acolhimento por sua condição de viciada em álcool. Disse que dorme com seu atual companheiro em um lugar fixo e que seus pertences são cobertores. Contou que soube de outras manifestações, mas que essa é a primeira de que participa. “Eu quero falar o que é estar nas ruas. A rua não é para ninguém, não é para ser humano”, sentencia. Gibran Mendes
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Refeitório da federal pode fechar e estudantes relatam dificuldades Ana Carolina Caldas
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corte de 30% no orçamento da educação superior pelo governo Bolsonaro atingiu serviços básicos das universidades públicas. Já está comprometida a manutenção de laboratórios, luz, água, limpeza, infraestrutura em geral e o funcionamento dos restaurantes universitários (RUs). A reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em nota, comunicou que se o contingenciamento for mantido, já a partir de julho os dez res-
taurantes universitários serão fechados. A maioria dos estudantes faz as três refeições diárias nesses restaurantes e, só assim, consegue se manter na universidade. Com a possibilidade de fechamento, muitos não sabem como continuarão estudando. É o caso do estudante de Ciências Econômica, José Henrique Zem, 22 anos, que é de Mato Grosso e mora sozinho em Curitiba. “Moro em uma quitinete, não tenho fogão, nem geladeira em casa, e o RU me ajuda.”
Questionado como fará, se no segundo semestre não tiver mais acesso a essas refeições diárias, responde. “Eu ainda não sei muito bem o que fazer. Não comecei a me preparar para isso, por falta de dinheiro. Acho que terei que comer de favor na casa de amigos.” Já para Fernanda dos Santos, estudante de Engenharia Mecânica desde 2016, o restaurante é necessário porque ela é bolsista e trabalha o dia inteiro na universidade e estuda à noite. “Sem o RU fica muito difícil. Não teria condições”.
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Greve geral terá atos em Curitiba e cidades do interior Programada para a sexta-feira, 14 de junho, ato é em protesto à reforma da Previdência e em defesa de direitos dos trabalhadores A greve geral da sexta-feira, 14 de junho, terá atos públicos no centro de Curitiba, às 11h, em frente ao Centro Cívico, e às 14h, na Praça Santos Andrade. O encerramento das atividades será na Boca Maldita.
Está prevista a paralisação de bancários, professores metalúrgicos, servidores públicos estaduais, e outras categorias de trabalhadores. No interior do Paraná, estão programadas ações nas cidades de Lon-
drina, Maringá, Toledo, Cascavel, Umuarama, Francisco Beltrão, Pato Branco, entre outras. A greve foi convocada pelas centrais sindicais (CUT, Força, CTB, CSB, CSP Conlutas, Intersindical,
Nova Central e UGT) para derrubar a reforma da previdência, em defesa da educação, contra os cortes orçamentários promovidos pelo governo, e pela geração de empregos e contra a retirada de direitos.
POR QUE APOIO A GREVE GERAL Divulgação
“A greve geral é de todos. Nesta sexta-feira, dia 14, não é para ir trabalhar, é dia de ficar em casa. É dia de cruzar os braços e dizer que não aceitamos ataques aos nossos direitos e a reforma da previdência.”
Arquivo Pessoal
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Vagner Freitas, presidente da CUT Divulgação
“A greve geral é um chamado à luta pelo futuro do Brasil. Derrotar a reforma da previdência, os ataques à educação pública e combater o aumento assustador do desemprego é tarefa de todos/ as nós.” Hermes Leão, presidente da APP Sindicato
Márcia Grochoska, sindicato dos Servidores Municipais de São José dos Pinhais
Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região
“Na sexta-feira, o Brasil inteiro vai às ruas em defesa da nossa previdência, dos nossos direitos, da geração de emprego e educação, é hora de mostrar resistência, que não estamos contentes com as políticas de Bolsonaro”
“Nós vamos cruzar os braços no dia 14 de junho em defesa da aposentadoria pública e digna para os brasileiros; por educação gratuita e de qualidade para todos; e pela não entrega do patrimônio público brasileiro.”
Entenda o que tem nas conversas secretas da Lava Jato com Moro Redação É como se juiz de futebol combinasse com um dos times para jogador cair na área que ele marcaria pênalti. Só que, muito mais grave, eram combinadas ações entre juiz e acusação para prejudicar e condenar Lula. Isso foi o que revelou uma série de mensagens secretas de celulares entre grupos de procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sérgio Moro divulgadas pelo site The Intercept no domingo, 9.
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Como começou O site The Intercept, do mesmo jornalista que revelou a espionagem dos Estados Unidos pela Internet, recebeu e divulgou mensagens secretas trocadas entre os procuradores da Lava Jato e Sérgio Moro em que mostram como eles combinavam para prejudicar o ex-presidente Lula, que seria condenado por Moro.
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Moro combina ações com Dallagnol Segundo as mensagens, Moro e o procurador Dallagnol foram muito além do papel que lhes cabia enquanto juiz e procurador. Em diversas conversas Moro sugeriu a Dallagnol que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal.
Nova mensagem envolve ministro do Supremo A nova conversa divulgada nesta quarta-feira, 12, pelo Intercept Brasil envolve o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Dallagnol ao grupo de procuradores: caros, conversei com Fux mais uma vez hoje. Reservado, claro. Ele disse que Teori fez queda de braço com Moro e se queimou. Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, me chamar para ir à casa dele. Rsrs ......... Dallagnol pega a conversa e manda para o Moro que responde: excelente, in Fux we trust.
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Patrimônio do povo de Londrina, único no Brasil, está ameaçado Câmara autoriza a Prefeitura a privatizar a Sercomtel, o que seria o fim de uma empresa estratégica para o desenvolvimento da cidade CRONOLOGIA
Wagner de Alcântara Aragão
A
única companhia pública de telecomunicações do Brasil, a Sercomtel, controlada pela prefeitura de Londrina, corre o risco de ser entregue ao capital privado. Projeto de lei do prefeito Marcelo Belinati (PP), autorizando a venda da empresa, foi aprovado a toque de caixa pela Câmara de Vereadores. A mobilização agora é para tentar reverter o processo, inclusive por meio de uma ação judicial. A reportagem do Brasil de Fato esteve na cidade um dia depois da votação (7), em segundo turno, do projeto que libera a privatização. Além de constatar que a população esteve, em sua maioria, alheia ao que foi proposto pelo Executivo e à tramitação no Legislativo, a reportagem ouviu dos que acompanharam o processo muitas críticas, sobretudo à entrega da companhia, estratégica e que faz parte da história e do desenvolvimento de Londrina. “É a morte da Sercomtel, que está sendo enterrada como indigente”,
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Agosto 2017 Anatel inicia processo de caducidade da concessão da Sercomtel para operar linha fixa e da autorização para operar linhas móveis e internet, alegando que a empresa não teria condições econômicas e financeiras para continuar investindo nas operações.
Wagner de Alcântara Aragão
indigna-se Elza Correia, que foi vereadora (1997-2002; 2013-2015), deputada estadual (2003-2006) e coordenadora da Região Metropolitana de Londrina (2007-2010). “É a política do entreguismo no país acontecendo aqui em Londrina também. A Sercomtel sempre foi a galinha dos ovos de ouro, fizeram belas omeletes com esses ovos, se fartaram, e agora matam a galinha.” Único vereador a votar contra privatização nos dois turnos de votação pelo plenário, Tio Douglas (PTB) mostra-se intrigado com a pressa da Câmara – o projeto foi
posto em regime de urgência, na quinta (6), para ser votado naquela noite. O parlamentar reclama da superficialidade do projeto e do pouco debate com o povo em torno da proposta. “Não foram apresentados valores financeiros. Não tinha documentação referente aos processos de caducidade e cassação aberto pela Anatel, para que pudéssemos discutir. O debate deveria ter sido mais aprofundado.” Na próxima edição: as propostas dos funcionários para manter a Sercomtel como pública, estratégica e rentável
Dezembro 2017 Anatel dá prazo de 90 dias à Sercomtel para defesa no processo de caducidade. Julho 2018 Sercomtel comemora 50 anos. Prefeito Marcelo Belinati diz que a empresa é viável Outubro 2018 Anatel dá primeiro passo para caducar concessão da Sercomtel, ao abrir consulta pública para edital de saída da empresa. Março de 2019 empresa Dez de Dezembro, sócia minoritária, divulga oferta de aporte à Sercomtel. Anatel suspende processo de caducidade por 120 dias. Abril 2019 divulgado balanço de 2018, quando a Sercomtel registrou lucro de R$ 1,8 milhão. Prefeitura envia à Câmara projeto que autoriza privatização da Sercomtel. Maio de 2019 no dia 23, projeto é aprovado em plenário por 18 votos a 1. Junho de 2019 no dia 6, projeto é aprovado em segundo turno, com emendas, por 14 votos a 5.
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Filme “Chão” leva luta do MST para o cinema e emociona público
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DICAS MASTIGADAS
Diretora fala de encontro com trabalhadores rurais e de movimentos sociais que estão na luta de base para transformar o país Wellington Lenon
Ednubia Ghisi e Kelen Alves Bonés, camisetas e bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lotaram o cinema de um shopping no Batel, bairro nobre de Curitiba, na noite fria do domingo, 9. A cena teve como motivação a estreia nacional do fi lme “Chão”, que conta com sensibilidade e realismo a história do acampamento Leonir Orback, localizado em Santa Helena, estado de Goiás. A reação da plateia sinalizou
a aclamação do público ao longa. Bom sinal para uma obra que disputa a mostra competitiva do 8º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Na tarde da segunda-feira, 10, a projeção ocupou a Vigília Lula Livre, com a presença de dezenas de cineastas participantes do festival. Após as exibições houve debate com a presença de quatro integrantes do MST de Goiás, que participaram do filme, além de dezenas de militantes do movimento. “Estou muito emocionada,
muito impactada”, resumiu a diretora do longa, Camila Freitas, logo após o lançamento nacional no cinema. “Foi um encontro maravilhoso, que me deixa muito animada e com a perspectiva de poder fazer cinema que proporcione esse encontro entre trabalhadores e trabalhadoras do cinema, cinéfilos e trabalhadores rurais e de movimentos sociais que estão ali na luta de base para transformar esse país tão desigual em que a gente vive”. Seu Ariulino Alves Morais, conhecido como Chocolate, era um dos sem-terra emocionados na plateia. Ele vive no assentamento Guanabara, em Imbaú (PR), e faz parte do MST desde 1984. Hoje com 76 anos, já foi preso e perseguido por lutar pela terra: “Fiquei muito agradecido e estou muito feliz por nosso movimento estar hoje em um filme. Passou de um sonho para uma realidade. Ajudei a começar o movimento, e estou muito grato por ver vocês terem documentado essa luta [...]. Eles podem até matar muitos sem-terra, mas não matarão nossa persistência e os nossos sonhos”, garantiu.
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Caldo verde Ingredientes 4 batatas médias 1 tablete de caldo de galinha 1 colher (sopa) de óleo 1 colher (sopa) rasa de sal ou a gosto 5 xícaras (chá) de água 1 xícara (chá) de couve manteiga cortada em tiras 1 linguiça calabresa defumada cortada em rodelas Modo de fazer Na panela de pressão, coloque a batata, caldo de galinha, óleo, água e sal. Cozinhe por cerca de 10 minutos, começar a contar o tempo depois que a panela começar a chiar, até a batata desmanchar. Em seguida, bata tudo no liquidificador. Acrescente as rodelas de calabresa e ferva. Desligue o fogo e adicione a couve manteiga. Na hora de servir, coloque um fio de azeite ou croutons.
LUZES DA CIDADE Bárbara Lia
Bakun e o menorá gigante Há uma tela de Miguel Bakun em cada esquina de Curitiba. Amo Bakun. Uma película nublada invisível em suas telas concede um mistério suave à cena. Dia dos namorados. Escrevo sobre Bakun, neblina e araucárias. Lembro a beleza de um amor en-
quanto contemplo o “menorá” gigante diante da janela. Talvez Bakun gostasse desta história... Uma vez coloquei – de forma metafórica – o coração do amado no tronco da araucária diante da minha janela. Dizia “Bom dia!” ao amor em forma de árvore em cada manhã.
Diálogos insólitos, coisa de poeta. O amor esvaiu como esvaem os amores no dia a dia. Esqueci a araucária. Um dia eu a olhei de novo e meu corpo petrificou: ela estava morta. Lembrava um menorá gigante. Sofri e me culpei acreditando que, ao matar o amor eu a matei também, até ler que – para
os judeus - o menorá evoca a presença do eterno (árvore da vida). Eternizada memória das horas belas. É isto que o menorá/árvore significa agora. Há uma tela de Bakun em cada esquina de Curitiba, isto não mudou.
Brasil de Fato PR 8 Esportes
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Seleção Brasileira tem jogo complicado contra a Austrália Divulgação | CBF
Redação, Rio de Janeiro
A
Seleção Brasileira estreou muito bem na Copa do Mundo da França ao vencer a Jamaica por 3 a 0. Mas quem só viu o placar do jogo pode até pensar que as nossas meninas impuseram seu ritmo e seu estilo e não encontraram problemas para vencer as jamaicanas. Não foram poucas as vezes em que o esquema proposto pelo técnico da seleção Brasileira deixou a defesa exposta contra as velozes adversárias. Fossem elas mais calmas na hora de concluir a gol, as coisas poderiam ter ficado ainda mais complicadas. Ao mesmo tempo, a equipe brasileira ainda encontra muita dificuldade para definir as partidas. Foram pelo menos cinco chances claras de gol desperdiçadas. E é bom abrir o olho para o jogo desta quinta-feira (13), contra a Aus-
Brasil de Fato PR
Não pode parar Por Cesar Caldas Após a vitória pelo placar mínimo contra o Guarani, em Campinas, ao fi nal da partida em cobrança de pênalti, teve início ontem (12/7) recesso para o Coritiba por conta da Copa América. O treinador Umberto Louzer não pode se dar ao luxo de descansar nessas três semanas. O nono lugar que o time ocupa na Série B é sintoma de que ajustes precisam ser feitos, tanto na escolha da titularidade dos atletas, quanto em sua distribuição e movimentação tática em campo. A torcida, que prestigiou o time com incrível média de 35 mil pagantes nos quatro primeiros jogos em casa, tem demonstrado nos últimos dias sua insatisfação. O técnico precisa continuar revisando algumas de suas escolhas, o que já foi iniciado com a dispensa de jogadores como Wellington Júnior. Um bom reforço para o setor de criação seria bem-vindo.
Os monstros da Vila trália. Primeiro, porque se trata de uma equipe mais organizada taticamente do que a Jamaica. E depois, porque as nossas próximas adversárias vêm de derrota para a Itália por 2 a 1 na estreia e precisam desesperadamente dos três pontos. A Austrália trabalhar melhor a bola e precisar sair mais para o jogo pode ser benéfico para o estilo de jogo escolhido por Vadão. Os espaços para o contra-ataque e o jogo mais vertical da nossa seleção po-
dem aparecer. Por outro lado, esse mesmo estilo de jogo costuma deixar o meio-campo com espaços generosos para o adversário. E isso pode ser um problema sério diante de equipes mais qualificadas. Uma vitória praticamente garante o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo da França. Mas será preciso vencer o nervosismo, ter atenção triplicada e aproveitar cada chance criada durante os 90 minutos.
Era uma vez um time desacreditado. Depois de seis rodadas, somava apenas sete pontos e flertava com o rebaixamento para a Série C. Pela frente tinha um desafio daqueles: o Coritiba, no Couto Pereira, com 40 mil ingressos já vendidos. Pois faltando 24 horas para a partida a torcida desse time em dificuldades esgotou os ingressos de visitantes. O jogo começou e em 11 minutos os donos da casa abriram o placar. O Paraná empatou, mas depois o Coxa foi lá e fez o segundo. Foi aí que uma força sobrenatural surgiu no lado tricolor. Nessa hora a torcida do Paraná começou a cantar ainda mais alto. Assistiram ao gol do empate e, assim, cantando a plenos pulmões, foram ao êxtase com o gol da virada. Eles não só venceram o Coritiba no dia 8/6, como três dias depois, dia 11/6, venceram o Operário na Vila Capanema. Agora estão mais vivos do que nunca na luta pelo Acesso.
Pausa antes das batalhas
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Por Roger Pereira
A estreia de que precisávamos Mantendo uma importante tradição, a seleção brasileira estreou domingo, dia 9, com vitória na Copa do Mundo. Venceu a Jamaica – participando pela primeira vez de uma Copa – por 3x0. A partida serviu para dar tranquilidade e confiança para a equipe, deixando as 9 derrotas anteriores para trás. O Brasil dominou o jogo e o destaque ficou com o ataque. Com uma atuação de gala, Cris Rozeira guardou os três tentos brasileiros e liderou a equipe em campo. Andressa Alves, com duas assistên-
Por Marcio Mittelbach
cias, e Debinha também foram importantes lá na frente. O meio, com Formiga e Thaisa, foi importante para segurar algumas investidas das jamaicanas. A seleção na parte tática ainda tem alguns problemas de organização, principalmente, na defesa. Contra uma equipe mais forte podemos ter problemas. Algo para ficarmos atentos no jogo contra a Austrália, adversário que guarda uma rivalidade com o Brasil. O jogo ocorre às 13 horas da quinta-feira, 13, com transmissão na TV aberta. Seguimos torcendo e em busca da taça!
O maior do Brasil e o maior das Américas. Os desafios do Athletico nas competições mata-mata (Copa do Brasil e Libertadores) são gigantescos. Temos, pela frente Flamengo e Boca Juniors. Mas o time provou que é possível enfrentá-los: venceu o Boca por 3 a 0 em casa e perdeu fora, por 2 a 1. Com os reservas, perdeu por 3 a 2 para o Flamengo no Maracanã. As duas derrotas, no entanto, evidenciam as principais correções que o técnico Tiago Nunes precisa fazer durante a pausa de quase um mês que terá: o fraco desempenho fora de casa e a síndrome de tomar gols no final das partidas. Competição eliminatória não permite erros. A camisa pesa. O time vem jogando bem. O padrão de jogo está bem definido, mas é preciso um pouco mais, para vencer essas duas batalhas e mostrar que o Athletico mudou sim de patamar.