Brasil de Fato PR 8 Esportes
Vale os salários de todos Por Cesar Caldas
Se os dois próximos jogos do Coritiba têm em comum a óbvia relevância de confi rmar a boa fase do time na temporada como fruto do acerto do planejamento e não do acaso, possuem também seus diferenciais de importância para os status classificatório e fi nanceiro. Vitória contra o Avaí, às 20 horas da segunda-feira (09/5), pode significar, no limite, até a liderança da Série A. Se o Galo (atual 3º colocado) não tiver vencido seu rival América em Belo Horizonte no sábado e se o confronto entre Bragantino (2º) e Corinthians (1º) no domingo terminar empatado, um triunfo coxa-branca em Florianópolis o coloca na ponta da competição. Já a partida contra o Santos, pela Copa do Brasil, três noites depois às 21h30, vale mais que a passagem às oitavas-de-fi nal. Uma premiação de R$ 3 milhões equivale à folha de pagamento salarial alviverde (com encargos) de um mês inteiro.
Prova de fogo Por Marcio Mittelbach
Equilíbrio. Essa tem sido a marca do grupo G da “dezona”. Das 12 partidas realizadas até o momento entre as equipes do grupo, sete terminaram empatadas. No grupo A, por exemplo, onde disputam as equipes da Região Norte, apenas duas partidas terminaram sem um vencedor. Voltando ao Grupo G, o do Paraná, o confronto do próximo domingo é justamente contra a outra equipe que tem três empates: a portuguesa Carioca. Realidade que não pode enganar. A Lusa ficou na sexta posição no estadual e já passou por duas fases da Copa do Brasil, eliminando CRB e Sampaio Correia. No jogo de ida na terceira fase empatou em 1 a 1 com o Corinthians. Por essas e outras o desafio de domingo ganha ainda mais importância. Uma vitória carimbaria o passaporte do tricolor entre as equipes que vão brigar para passar de fase. Derrota ou empate apenas contribuiriam com a angústia da torcida.
Paraná, 6 a 12 de maio de 2022
Brasil de Fato PR
O que realmente está em jogo com a criação da Liga do Futebol Brasileiro?
Libra deve nascer com os mesmos vícios dos dirigentes responsáveis Divulgação pela sua criação Luiz Ferreira | Brasil de Fato RJ
D
irigentes de Flamengo, Bragantino, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo assinaram um documento que prevê a criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Estes se reuniram num hotel em São Paulo junto com cartolas de outros 16 clubes e agendaram uma nova reunião para o dia 12 de maio na sede da CBF para aparar arestas e fi nalmente sacramentar a liga. A grande divergência está no rateio das receitas. O bloco dos paulistas mais o Flamengo propuseram 40% do total dividido igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável pela performance e os outros 30% por engajamento (média de público nos estádios, base de assinantes no pay per view do campeonato, número de seguidores nas redes sociais, audiência na TV aberta). Os outros 14 clubes da Série A exigem que a divisão seja feita em 50% fixo, 25% por performance e 25% por engajamento. Fora isso, ainda existe uma série de questões sobre premiações, valores a serem repassados para os clubes que estão na Série B e por aí vai. Mas o grande X da questão ainda não é a criação e o funcionamento da Libra. Em tempos em que se vende o almoço pra comprar a janta e contam-se as moedas para se conseguir um mínimo de entretenimento no meio desse pandemônio que tomou conta do país, as dúvidas pairam sobre um processo que vem tomando conta do nosso futebol. Trata-se da crescente elitização do esporte. Estamos falando de algo que deveria ser função prioritária da CBF. Promover o velho e rude esporte em todos os cantos do país
e torná-lo acessível para todos. É mais do que natural que a entidade veja a criação da Libra com bons olhos. Afi nal de contas, ela vai tirar mais esse “custo” do seu orçamento. Ah, lembre-se que a CBF teve faturamento recorde de quase 1 bilhão de reais em 2021. Mas o que eu quero dizer com isso tudo? Se a Liga do Futebol Brasileiro realmente sair do papel, caberá a ela promover o esporte e torná-lo acessível. É como se a CBF estivesse “terceirizando” parte do seu serviço e apenas dando a chancela para que os clubes administrem a competição e seus custos.
Quem ainda tem condições de fazer parte de algum programa de sócio-torcedor sabe muito bem a dificuldade que é manter o amor pelo seu clube do coração, conseguir juntar algum dinheiro para comprar ingresso e ver os jogos no estádio e ainda pagar a quantidade absurda de streamings e PPV’s que surgiram nos últimos meses. Não quero dar uma de “profeta do apocalipse”. Mas se a tal liga não encontrar soluções para que o torcedor fiel consiga acompanhar seu clube do coração, ela já nasce fadada ao fracasso. E o futebol seguirá seu curso de elitização e afastamento do povo.