Brasil de Fato PR - Edição 269

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PARANÁ

Ano 5

Edição 269

11 a 17 de agosto de 2022

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Ratinho não dá descanso Aposentados são obrigados a fazer “bicos” para sobreviver Paraná | p. 5

Cidades | p. 4

Teto, terra e trabalho Ocupações realizam grande plenária em 17 de setembro Divulgação | Alep

Opinião Editoria| |p.p.2

Brasil | p. Editorial | p.6 2

Cultura Editoria| p. | p.7

Esportes | p. 8

Governador na toca

As armas do povo contra Bolsonaro

No museu e nas ruas

Só dois times?

Ratinho finge que não é candidato

Presidente ameaça golpe. Sociedade reage e pede democracia

Começa Salão Paranaense de Arte Contemporânea

Flamengo e Palmeiras se distanciam da “rapa”


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 17 de agosto de 2022

Ratinho segue fingindo que não disputa uma reeleição

SEMANA

opinião

Milton Alves

Ativista político e social. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada contra Lula e o PT’ (2019) e ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020)

A

Em defesa da democracia editorial

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iante dos resultados das pesquisas eleitorais, indicando a vitória de Lula com grande vantagem, Bolsonaro está apelando para atitudes mais drásticas. Medidas eleitoreiras, ameaças de golpe e tentativas de deslegitimação da eleição estão na agenda diária do presidente. A aprovação da “PEC do desespero” é um exemplo disso: dribla a legislação permitindo gastos extras em ano eleitoral e faz com que Bolsonaro e seus aliados usem a máquina pública em seu favor, ampliando o auxílio emergencial apenas até o fim do ano. Os ataques contra os setores progressistas da sociedade, seja por meio da dissemi-

nação de notícias falsas, seja mediante violência mais explícita, tendem a aumentar. Do outro lado, a sociedade tem se organizado para mostrar que há resistência. Nesta semana, acontecem atos em todo o país em torno do Manifesto em defesa da democracia e da justiça, subscrito por entidades de diversos setores sociais, como centrais sindicais, OAB, UNE e FIESP, e da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito, que já conta com mais de 800 mil assinaturas. As armas de Bolsonaro são a mentira e a violência. É preciso combatê-las com a verdade e com a defesa da democracia e da participação popular.

iniciativa de realizar os primeiros debates nos períodos eleitorais já é uma tradição da Rede Bandeirantes. Apesar do formato bastante engessado dos debates, é um meio em que a parte da população mais interessada na política toma conhecimento dos candidatos. Acompanhei blocos dos debates do Paraná, Rio e SP. Aqui no Paraná, sem Ratinho no debate, e com candidatos inexpressivos, o veterano Requião, candidato do PT, aproveitou o espaço para vender o seu peixe e convocar, mais uma vez, o ocupante do Palácio Iguaçu para a arena da disputa eleitoral. Ratinho Júnior segue fingindo que não disputa uma reeleição. A tática da “não eleição” é a opção adotada até aqui pelo péssimo governador do Paraná. Resta saber por quanto tempo essa operação vai funcionar politicamente. Ratinho Júnior, no momento, lidera as pesquisas, mas Roberto Requião é um

político que cresce na esteira dos embates, e já venceu adversários mais consistentes e em condições mais duras. Ratinho é frágil, e sabe disso. Outra nota: me chamou atenção, o despreparo e a diminuta formação política dos candidatos dos pequenos partidos de esquerda — PCB, PSTU, PCO — organizações partidárias sem lastro eleitoral e social — ou seja, voto, que precisavam apresentar candidatos mais preparados, com maiores capacidades de divulgação e propaganda de seus projetos políticos. Perdem uma boa oportunidade, e se mostram organizações caricatas quando falam em nome dos trabalhadores. No Rio, Marcelo Freixo mostrou preparo e não poupou o principal adversário, o bolsonarista Cláudio Castro, que foi o alvo principal dos outros postulantes.

Apesar do formato engessado, o debate é um meio em que a parte da população toma conhecimento dos candidatos

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 269 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Franciele Rodrigues e Milton Alves ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO /bdfpr @brasildefatopr pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS


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Paraná, 11 a 17 de agosto de 2022

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FRASE DA SEMANA

A Copel é nossa O dia 15 de agosto de 2022 marca os 21 anos da grande mobilização paranaense que conseguiu evitar a privatização da Copel, maior empresa do Paraná, em 2001. E é para essa data que está reservado o lançamento do livro “A Copel é Nossa”, escrito pelo engenheiro eletricista Sérgio Inácio Gomes. Com início às 10 horas no Auditório da Assembleia Legislativa, o evento tem transmissão pelas redes da Alep. O livro recupera o cenário político, social e econômico da época e como a população e mais de 100 entidades conseguiram evitar a privatização. Aborda ainda o projeto de iniciativa popular encaminhado para a Alep sobre o tema. A obra, segundo seu autor, pode se caracterizar como um verdadeiro manual de participação popular, organização social e defesa das estatais. “Luz para iluminar nossos caminhos é o tema deste livro documentário sobre a luta da Copel, que é muito mais do que uma companhia de ‘Luz’, de um determinado local do Brasil que, num dado momento da história, um governo tentava privatizar em total desrespeito ao povo que a construiu, que é a quem essa empresa deveria pertencer hoje”, aponta o autor. Divulgação

“Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão, de paz e de respeito”

Torcidas contra Bolsonaro Com participação de movimentos populares e de onze torcidas organizadas de Curitiba e Londrina, será lançado o “Comitê Popular Torcidas pela Paz e pela Democracia”, no dia 16 de agosto, às 19h, no Bar Folia. Esse grupo diversificado tem o recorte em comum de defender os direitos sociais e serem contra a política do atual presidente, Jair Bolsonaro.

Disse a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, esposa de Lula, para responder ao ataque de Michelle Bolsonaro contra o ex-presidente e às religiões de matriz africana. Michelle compartilhou em seu Instagram imagens de Lula em encontro com lideranças dessas religiões, e associou essas crenças às “trevas”. Ricardo Stuckert

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Apelou para o demo

Até a Fernanda

Como até agora não consegue mudar a vantagem de Lula nas pesquisas, a campanha de Bolsonaro opta por fazer um discurso conservador cada vez mais radical. Uma das escaladas para isso é a esposa do presidente, Michelle Bolsonaro. Nos últimos dias, de sua boca vêm saindo frases associando os adversários ao demônio e pregando a intolerância com as religiões afro.

Mesmo com críticas a Lula em entrevistas, aos 93 anos, a atriz Fernanda Montenegro disse ao portal da Veja que irá às urnas nas eleições e declarou seu voto: “Sem a cultura das artes, um país não existe. Está provado na História. O atual governo é tragicamente inoperante. Vendável e comprável. Na concorrência, Lula está à frente? Que venha Lula”, disse a atriz.

Nome de Deus em vão

Carta pela democracia

Na terça (9/8), Michelle compartilhou víCom já cerca de 850 mil assinaturas, a cardeo em que Lula recebe um banho de pipota em defesa da democracia terá centenas ca de uma religiosa, em Salvador, na Bahia. de atos na quinta-feira (11) em todo o BraO comentário dela: “Isso pode, né! Eu sil pedindo que sejam respeitadas as urfalar de Deus, não”, numa tennas nas eleições de outubro. No Patativa de se livrar das críticas raná, já estão confirmados atos em que recebeu por dizer que Curitiba (Praça Santos Andraantes o Palácio do Planalto de, 18h30), Cascavel (Redondo era um espaço “consagrada Unioeste,11h30) e Londrido a demônios”. Aparenna (Calçadão, 17h). A previsão temente, a esposa do preé que a atividade ocorra em 24 sidente foi escalada para estados mais o Distrito Federal. falar aos fundamentalistas Com destaque para a leitura em religiosos, de onde espera São Paulo, na Faculdade de Direitirar votos, mesmo que precito do Largo de São Francisco, palco se usar o nome de Deus em vão. de iniciativa semelhante na ditadura. Divulgação | USP

Comitês populares

Confira a agenda dos comitês populares em Curitiba: 9/8 Ato em defesa da democracia e do sistema de justiça UFPR salão nobre do Direito, 19h 10/8 Lançamento do comitê Loukas por Lula. Bar da Nina (Marechal Deodoro 84), 19h 11/8 Ato em defesa da democracia, dia do estudante Praça Santos Andrade, 18h. Palestra com Juca Ferreira Teatro da Reitoria, UFPR, 19h 12/8 Encontro dos educadores Sindicato dos Bancários, Rua Piquiri, 380, 19h 13/8 Mulheres juntas pelo Brasil Rua XV com a Monsenhor, 10h. Encontro de comunicação, agitação e propaganda dos comitês populares Sintracon (Rua Trajano Reis, 538), 13h30. Lançamento do comitê de lutas Tadeu Veneri Alameda Cabral, 591, 13h30. Lançamento do Comitê Negros e Negras, Bar Folia (Jaime Reis, 310), 19h.


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Paraná, 11 a 17 de agosto de 2022

Movimentos do campo e cidade organizam plenária por Teto, Terra, Trabalho

Organização popular

Ideia é também que espaço se torne um comitê popular por moradia Giorgia Prates

Redação

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o primeiro semestre de 2022, a luta pela manutenção da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a não realização de despejos forçados durante a pandemia mobilizou moradores de

áreas de ocupação urbanas, acampamentos pela reforma agrária, comunidades tradicionais e o movimento indígena, entre outros segmentos da classe trabalhadora, que conquistaram a prorrogação do prazo para o dia 31 de outubro deste ano. Agora, para manter a mobilização em torno da

pauta e o caldo de organização popular resultante das mobilizações, que chegaram a envolver cerca de 15 áreas urbanas apenas em Curitiba e região, a articulação Despejo Zero quer organizar, no dia 17 de setembro (sábado pela manhã), plenária com a chamada por Teto, Terra e Trabalho. Apenas no Paraná foram organizados três grandes atos, sendo que o mais recente mobilizou 4 mil pessoas oriundas de áreas de ocupação. Formou-se uma mesa de negociação, espaço considerado inédito no marco nacional, de negociação entre trabalhadores e Estado. A mesa envolveu a Defensoria Pública do Estado, o governo do Estado, advogados populares, a secretaria Executiva da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Comissão

de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Isso ao lado de representação da comissão de conflitos fundiários e da Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social do governo do Paraná. “Três grandes marchas em Curitiba, rumo ao Palácio Iguaçu, estabeleceram negociação com o poder público. Foram organizações coletivas fortes, pela primeira vez na história, das famílias de áreas urbanas e das ocupações de terra no interior da reforma agrária. Belas jornadas de lutas, com negociação e conquistas concretas. Agora vamos realizar um grande encontro da militância e das famílias no próximo dia 17 de setembro”, convoca Roberto Baggio, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Brasil perde 500 mil postos de trabalhado doméstico em dois anos Franciele Rodrigues, Portal Verdade

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ados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que, embora, entre 2019 e 2021, o número de pessoas ocupadas tenha saltado de 95,5 milhões para 95,7 milhões no país, o contingente de trabalhado-

res domésticos caiu de 6,2 milhões para 5,7 milhões no mesmo período. O levantamento também traz informações sobre o perfil dos trabalhadores domésticos no país. A maioria deles, 5,2 milhões são mulheres, o que corresponde a 92% do total de empregados na área. E dentre elas 3,4 milhões são negras, representando 65%. Confira matéria completa www.brasildefatopr.com.br

Giorgia Prates

A atividade do dia 17 de setembro se insere também na ideia de um Comitê Popular por moradia, que deve apresentar às candidaturas do campo progressista uma carta com as principais medidas para a moradia. As organizações sistematizaram um texto que é, ao mesmo tempo, resultado das demandas das comunidades por regularização fundiária e crítica ao atual quadro de políticas públicas de habitação no Paraná e no Brasil. Confira trecho da carta:

CARTA Soluções possíveis para o direito à terra e ao território: existem instrumentos, falta vontade política É possível reconhecer, demarcar e obter cada um desses territórios em conflito, tanto urbano como rural, desde que haja esforço e interesse político. Do ponto de vista jurídico há solução para cada um desses territórios. A Reforma Agrária, a Reforma Urbana e a titulação de territórios de povos indígenas, comunidades quilombolas e povos e comunidades tradicionais não são uma política de governo, mas uma política de Estado por comando constitucional. (...) O fato é, existe política de Estado para resolver e regularizar as comunidades tradicionais, assentamento de camponeses sem terras e ocupações urbanas. O impasse para efetivação do direito à moradia desses setores vulneráveis não se trata, portanto, de um problema jurídico, mas sim de vontade política. As políticas públicas são historicamente voltadas para a defesa da propriedade e melhorias para as elites, sem atender às necessidades sociais para viver com mínimo de dignidade.


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Paraná, 11 a 17 de agosto de 2022

Perdas salariais levam servidores aposentados a voltar ao trabalho Governo Ratinho não repõe inflação desde 2016 e aumentou contribuição Ana Carolina Caldas

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o Paraná, os servidores públicos já acumulam mais de 37% de defasagem salarial desde 2016. E isso se deve a uma política de congelamento de reajustes, de reposição

salarial e benefícios como progressões e promoções. A situação fica ainda pior para quem se aposentou que, além de não ter reposição da inflação, teve de pagar contribuição previdenciária maior a partir da Reforma da Previdência estadual,

aprovada no final de 2019. Em lugar de aproveitar o merecido descanso da aposentadoria, esses servidores estão tendo de voltar a trabalhar para garantir a sobrevivência. Desde 2020, a contribuição previdenciária dos aposentados passou Fotos: Arquivo Pessoal

Sonhava com o dia que iria descansar Quem sonhou com aposentadoria para ter um merecido descanso depois de vários anos trabalhando, está tendo que voltar ao trabalho para garantir a sobrevivência. É o caso da funcionária de escola do município de Coronel Vivida Marizete Lasta. “Trabalhei como funcionária pública estadual por 33 anos e sonhava, sim, com o dia que iria me aposentar e descansar. Tem 3 anos que me aposentei, eu trabalhava em uma escola e tive que há um ano voltar a trabalhar porque estamos com defasagem no salário. Pago R$ 1.800 de aluguel, tomo remédio e tudo aumentou. Não deu mais e, agora, trabalho como funcionária em uma escola particular.”

de 11% para 14% porque o governador Ratinho Jr. aprovou projeto que alterou as regras no Paraná. O advogado Ludimar Rafanhim, que atende a servidores do Paraná, diz que os últimos anos foram só de perdas salariais para os aposentados. “Uma delas foi quando, em 2019, o teto de isenção que era de R$ 7.087 passou para 3 salários mínimos, significando uma redução significativa no valor dos proventos. Outro ponto é que o governo do estado não tem cumprido a data-base. Então, os servidores ativos até continuam tendo algumas progressões de carreira, mas os aposentados não têm mais isso. Devido à ausência de reajustes salariais, a perda de renda dos aposentados, no Paraná, chega a mais de 26%”, explica.

PRESSÃO

Tive que começar a vender bolos Já a professora aposentada desde 2019, Rosangela Keiko, precisou começar a fazer bolos para vender. “Precisei arrumar algo para aumentar a minha renda porque o valor atual não está dando conta de pagar o que precisamos para viver. Meu salário não muda, mas tudo está subindo, alimentos, gasolina, luz... Diante dessa situação comecei a fazer bolos e tortas para fora com ajuda da minha filha e também estou fazendo canecas temáticas. Já faz muitos anos que não temos aumento, o aposentado está pior ainda porque no final acabamos ganhando ‘aumento’ na contribuição,” conta.

Sem plano de saúde Para o policial penal aposentado Valdecir Andriuci Santana, a situação ficou tão difícil que não foi possível mais pagar o plano de saúde. “O que a gente sentiu mais é que o que governo não está repondo desde 2016 a inflação. Outra coisa que pesou muito foi o aumento da contribuição e a mudança do teto de isenção, tirando duas vezes do nosso bolso e reduzindo muito o nosso poder aquisitivo. No meu caso, não consigo mais pagar um plano de saúde”, diz.

O Fórum de Entidades Sindicais (FES) vem pressionando o governo desde 2016 pelo pagamento da data-base e, agora, também reivindica a redução do valor de contribuição previdenciária dos aposentados e o aumento da faixa de isenção do desconto previdenciário para aposentados, que passaria de 3 salários mínimos (R$ 3.636,00) para o teto do INSS (R$ 7.087,00). Segundo cálculos do FES, o governo tem recursos suficientes para desonerar a folha de pagamento dos aposentados, pois encerrou 2021 com R$ 11 bilhões em caixa e com R$ 7 bilhões para gastar como quiser. “Os aposentados só têm aumento com a reposição da inflação. Com o congelamento imposto por Ratinho Jr. são 11 salários a menos que cada pessoa deixa de receber”, explica Nádia Brixner, do FES. A redação do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com assessoria do governo do Paraná, mas até o fechamento da matéria não teve resposta.


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Dossiê quer fazer “radiografia” dos serviços públicos de atendimento à mulher em Curitiba Projeto foi aprovado na Câmara, na terça (9), e segue para sanção do prefeito App-Sindicato

Redação

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Câmara de Curitiba aprovou, na terça (9), em segundo turno de votação, o Projeto de Lei que cria o “Dossiê das Mulheres” no município. A proposta, da vereadora Professora Josete (PT), prevê a elaboração de um banco de dados com estatísticas periódicas sobre a situação das mulheres nos serviços de atendimento ao público. “Para que nós possamos construir políticas públicas confiáveis, é necessário ter uma radiografia da situação”, reforçou Professora Josete (PT). “Esperamos, na sequência, que haja a regulamentação [pelo Executivo], o mais breve possível”, afirmou a vereadora. Ela frisou que a iniciativa é inspirada na lei que instituiu o PUBLICIDADE

Dossiê da Mulher Carioca, proposta da vereadora Marielle Franco, aprovada postumamente, em 2018. Os dados que formarão o Dossiê devem ser extraídos dos sistemas de informações das secretarias, as-

sessorias e demais órgãos, como a Casa da Mulher Brasileira e a Delegacia da Mulher. Depois de centralizados e sistematizados, seriam publicizados pela Prefeitura de Curitiba no site institucional e no Diá-

rio Oficial. A atualização do Dossiê das Mulheres ocorreria, no máximo, a cada 12 meses. O projeto também alerta que muitas agressões não são registradas oficialmente. Conforme a pesquisa

“Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da saúde”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para um caso de estupro formalizado, outros nove não passam pela delegacia. “É preciso utilizar também como base as informações confiáveis, produzidas e compartilhadas pelos diversos atores sociais envolvidos no atendimento dessas mulheres, que, muitas vezes, não chegam à delegacia, mas são atendidas pelas políticas públicas municipais da área da saúde, assistência social, entre outras”, acrescenta o texto da justificativa. O projeto segue, agora, para sanção do prefeito. Se sancionada, a lei entrará em vigor 60 dias após a publicação no Diário Oficial do Município.


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“Gilda” integra mostra do Salão Paranaense de Arte Contemporânea Evento acontece no Museu Oscar Niemeyer e em ruas e espaços públicos da cidade

Luana Navarro

Redação

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e 11 de agosto até o final de novembro acontece a 67ª edição do Salão Paranaense de Arte Contemporânea. Com nova proposta, a exposição busca aumentar a representatividade de temas como raça e gênero. A curadoria foi feita pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) e, entre 1.800 inscrições, selecionou 27 obras que estarão expostas no Museu Oscar Niemeyer e em outros espaços da cidade. Entre as obras, estará exposta a intervenção “Gilda, você deixou saudades”, do artista plástico Guilherme Jaccon, premiada na categoria intervenções urbanas. Trata-se de uma placa de bronze colocada na Boca Maldita em homenagem à travesti Gilda, que ficou conhecida nas décadas de 70 e 80, em Curitiba, por ser irreverente e uma figura folclórica. Em 2 de abril deste ano, após um cortejo, a placa foi instalada, mas com prazo para ser retirada. Guilherme Jaccon, que pesquisa a história de Gilda há 8 anos, destaca que esse é um momento importante para lutar pela permanência da obra. “A placa de bronze foi ins-

Cinema Super 8 O CURTA 8 – Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba – chega em 2020 a sua 17ª edição. É um dos principais eventos do gênero na América Latina e um dos que existem há mais tempo no mundo. Neste ano, haverá a Oficina de Tomada Única. Serão ofertadas 15 vagas. As inscrições são gratuitas e o participante receberá um cartucho super 8 e uma filmadora para realizar seu filme. Inscrições: https:// www.facebook.com/curtaoito

Cinema na CIC O Teatro da Vila, na CIC, ganhou tela de cinema digital. A tecnologia possibilita a exibição dos lançamentos do cinema mundial. A programação é gratuita em todos os finais de semana. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do cineteatro, uma hora antes da sessão. Todos os filmes exibidos são dublados. talada em abril deste ano com autorização da Prefeitura para que ela permaneça até outubro. Em 1983, o coletivo Boca da Noite chegou a colocar uma placa em homenagem, mas foi retirada pela Prefeitura da época e também pela Associação da Boca Maldita, pois diziam não considerá-la importante para a cidade. Nossa ideia é lutar pela permanência para sempre”, diz Jaccon. As informações da pesquisa sobre a vida

de Gilda, bem como sobre o processo para a colocação da placa, são divulgados por Guilherme Jaccon no Instagram @arquivogilda. Além de obras e intervenções nas ruas da cidade, outras exposições do 67ª edição do Salão Paranaense de Arte Contemporânea acontecerão até novembro no Museu Oscar Niemeyer, com entrada franca às quartas feiras, e R$ 10 os outros dias.

Programação O destaque deste fim de semana é “Minions 2: a Origem de Gru”, que será exibido no domingo (14/8), às 15h. O filme continua em cartaz até o último domingo de agosto. Outras duas estreias das salas comerciais do país também continuam na programação do cinema da Vila: “Sonic 2” e “Top Gun – Maverick”. Ao longo do mês tem ainda “Jurassic World – Domínio”.

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 1 kg de abóbora orgânica já descascada; 1 ½ cebola orgânica branca; ½ maço de salsinha; 2 galhos de erva cidreira / capim santo; 1 colher (sopa) sumo de gengibre; sal a gosto.

Modo de preparo Coloque todos os ingredientes em uma panela, acrescente água suficiente para cobrir toda a abóbora e leve ao fogo, com a panela tampada. Quando estiver bem cozida, com a abóbora bem macia e a cebola transparente, tire o galho da erva cidreira/capim santo, descarte, e bata todo o conteúdo no liquidificador até ficar um creme homogêneo. Coloque de volta na panela e deixe apurar um pouco, depois é só servir com um fio de azeite de oliva ou azeite de licuri.

Reprodução

DICAS MASTIGADAS | Sopa de abóbora


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Paraná, 11 a 17 de agosto de 2022

Quem vai parar Flamengo e Palmeiras?

Em dois jogos, Flamengo não tomou conhecimento do Corinthians

Times são favoritos a tudo e abrem fosso para outras equipes. No Paraná, Athletico se distancia

Frédi Vasconcelos

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á muito tempo se discute se o Brasil iria “espanholizar”, com dois times ganhando quase tudo, como fazem Real Madrid e Barcelona lá na Europa. E nunca isso esteve tão perto de acontecer por aqui. Neste ano, Flamengo e Palmeiras têm chances de ganhar o Brasileirão e as copas do Brasil e Libertadores (este texto foi escrito antes do confronto com o Galo, na segunda partida da taça continental, em que os verdes de São Paulo eram favoritos depois de uma reação heroica no Mineirão). Mas independentemente das possíveis surpresas que sempre

acontecem no futebol, os dois times têm elencos muito superiores e caros quando comparados a qualquer outro. O Flamengo chega a ter Cebolinha e Vidal, por exemplo, no time reserva. O Palmeiras possui 22 jogadores ou mais do mesmo nível. São favoritos em qualquer campeonato que se dispute hoje no Brasil. O que foi comprovado pelo rubro-negro carioca nas duas vitórias sem tomar conhecimento do Corinthians na Libertadores. Os alvinegros não tiveram chance em nenhum momento. O Palmeiras também saiu perdendo de 2 a 0 do Galo e foi buscar o empate na casa do adversário com sua frieza habitual.

Se os elencos são muito superiores, outro ponto foi encontrar técnicos capazes de equilibrar os times. O português Abel Ferreira está à frente dos alviverdes paulistas desde 2020 e pode ser considerado o melhor “professor” em atividade no país. Seu time defende e ataca sem-

pre com a mesma eficiência. Dorival arrumou a defesa do Flamengo a ponto de o já citado Corinthians não conseguir dar chutes a gol em duas partidas e ter colocado Pedro e Gabigol para jogarem juntos, entre outros acertos. Antes, já tinha atropelado o Galo na Copa do Brasil.

DISTÂNCIA NO PARANÁ No estado, o Athletico também aumenta a diferença para todos os outros times. Enquanto Coritiba luta para ficar na primeira divisão do Brasileiro, o Paraná tenta ir para a C e os times do interior brigam contra rebaixamentos, a equipe da baixada

está nas quartas de final da Libertadores, da Copa do Brasil e entre os primeiros da série A do Brasileirão. Como isso tudo ajuda a ter arrecadação milionária, a possibilidade de a distância aumentar para os outros times nos próximos anos é enorme.

Caindo na real

Vou pra Pouso Alegre, tchau!

Duelo gigantesco pela Libertadores

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Douglas Gasparin Arruda

Um dos filmes mais representativos dos conflitos existenciais da chamada Geração X (nascidos entre o final dos anos 60 e o início dos 80 do século passado) foi dirigido por Ben Stiller e estrelado por Winona Ryder (indicada a dois Oscars), Renée Zellweger (vencedora de dois, um dos quais em 2020, interpretando Judy Garland) e Ethan Hawke, indicado a quatro. Independentemente de idade, os torcedores do Coritiba entraram nessa. Com reforços contratados tardiamente e cujo desempenho em campo só começa a ser testado, treinador e head de futebol que não admitem estilo de jogo sem a atração do adversário para sua defesa, começa a bater o desespero. A um só ponto (e posição) da Zona de Rebaixamento, resta contar com a sorte no restante da temporada para que não ocorra um desastre, que traria nefastas consequências financeiras. O título do longa? É o mesmo desta coluna.

Pouco mais de 600 quilômetros separam a Vila Capanema do Manduzão, principal estádio da Cidade de Pouso Alegre, na Região Sul de Minas. É lá que vai estar o coração da torcida paranista no próximo sábado, a partir das 17h. O estádio será palco do segundo jogo das oitavas-de-fi nal do confronto entre Paraná e Pouso Alegre, pelo Brasileirão Série D. Se, de coração, a torcida toda vai estar lá, com o corpo todo apenas uma pequena parcela terá o privilégio. Com capacidade para 20 mil torcedores, o estádio mineiro terá 10% da capacidade reservada para a torcida tricolor. Diversas caravanas estão sendo organizadas. A expectativa é que o tricolor encontre na cidade uma atmosfera bem melhor do que encontrou em março, quando enfrentou o mesmo Pouso Alegre pela Copa do Brasil dias após o catastrófico rebaixamento no estadual.

Não existe sentimento melhor para o torcedor latino-americano do que a ansiedade que antecede os jogos decisivos do mata-mata da Libertadores. E depois da excelente partida contra a equipe do Galo, com uma exibição fantástica de Vitor Roque, a empolgação tomou conta dos rubro-negros. Nesta quinta enfrentaremos um adversário dificílimo: Estudiantes, que já venceu a competição mais vezes do que qualquer equipe brasileira. Não bastasse o peso da camisa, o Pincha está com 100% de aproveitamento jogando em seu estádio. É uma partida gigantesca, histórica. E Felipão terá uma decisão de importância ímpar: dar espaço ao menino Vitor Roque ou manter Pablo, em fase duvidosa, para iniciar a partida? Por sorte temos o técnico certo para o momento. Experiente, copeiro e fechado com o elenco.


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