Show bonito, e de graça
Acesso a escolas bilíngues em Libras é essencial para inclusão
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Ouvidos no Enem
Cultura | p. 11
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Brasil | p. 9
A Banda Mais Bonita da Cidade se apresenta nesta sexta (10), no Sesi Portão
PARANÁ
9 a 15 de novembro de 2017
distribuição gratuita
Ano 2 | Edição 61
SEXTA PROMETE SER DE PROTESTOS CONTRA REFORMA TRABALHISTA Ato nacional denuncia perda de direitos com reforma trabalhista. Em Curitiba, a mobilização unificada de sete Centrais Sindicais está marcada para 11h, na Boca Maldita. Nova lei entra em vigor no dia 11, com medidas que podem rebaixar salários e aumentar a jornada de trabalho Deivison Souza
Geral | p. 3
Perfil | p. 6 e 7
Denúncia internacional Comitês internacionais vão analisar abusos cometidos no âmbito da Lava Jato RITMO AFRO Aulas de dança afro se tornam cada vez mais expressivas em Curitiba e contribuem para o fortalecimento das identidades negras Cultura | p. 11
Perfil | p. 4
Risco à saúde e ao ambiente Entidades temem liberação do fracking no Paraná
2 | Opinião
EDITORIAL
Brasil de Fato PR
Paraná, 9 a 15 de novembro de 2017
“Reforma trabalhista” beneficia apenas entidades patronais José Cruz | Agência Brasil
A
chamada reforma trabalhista (Lei 13.467/17), entra em vigor a partir de 11 de novembro de 2017. Antes disso, no dia 10 (sexta), data de mobili-
OPINIÃO
zação nacional, trabalhadores protestam contra as novas leis trabalhistas que limitam direitos no Brasil. É lamentável que a alteração no sistema de traba-
Sozinho, cada um vai
perder. A nova lei também busca enfraquecer sindicatos e negociar por empresa ou até mesmo individualmente. Mas os trabalhadores devem ser responsáveis por fortalecer os sindicatos. Afinal, são esses espaços que, de forma coletiva, conquistam direitos e evitam qualquer tipo de abuso.
“trabalhadores devem ficar atentos e buscar fortalecer os sindicatos”
Jamais aceitaremos voltar para a senzala Por Juliana Mittelbach,
integrante da Marcha Mundial das Mulheres, da Rede Mulheres Negras e da CUT-PR
O
lho tenha sido votada por um Congresso cada vez mais a serviço das entidades patronais. Entre vários itens de mudança, está a implementação de terceirização e formas de contrato que rebaixam salários. Há também o risco de aplicação do chamado trabalho intermitente, quando o trabalhador fica à disposição da empresa e executa funções em horários específicos, em jornada de trabalho quebrada – também com redução salarial.
avanço de pautas conservadoras, aliado à retirada de direitos, tem trazido à tona propostas de legislações incompatíveis com a dignidade humana. Sob o comando deste governo golpista, estamos retrocedendo nos direitos trabalhistas já adquiridos e no combate ao trabalho análogo ao escravo. Atualmente, o Código Penal brasileiro, no artigo 149, caracteriza trabalho análogo ao escravo como aquele com condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida. Alguns legisladores não compreenderam, ou não querem compreender, a importância da palavra “análoga” no Código Penal. Com a Reforma Trabalhista, passará a valer o “negociado sobre o legis-
lado”, portanto, que a negociação entre patrões e empregados e empregadas poderá ser diferente do que está na lei. Esta situação, considerando o poder do patrão na negociação, pode validar o trabalho realizado em condições degradantes.
Apesar deste governo se comportar como casa grande tendo inclusive seus capitães do mato, jamais aceitaremos voltar para a senzala A Portaria 1.129/2017 modifica o conceito de trabalho escravo e desestabiliza a fiscalização do trabalho análogo ao escravo no país. Além de deixar de publicizar a “lista suja” dos responsáveis por práticas trabalhistas que desrespeitam a dignidade humana. Ava-
liando as duas legislações juntas, teremos negociação aumentando a exploração dos trabalhadores sem fiscalização, invisibilizando o trabalho análogo ao escravo. Assim, não podemos admitir a banalização da escravidão, recentemente manifesta por uma integrante do governo federal que se apropriou de um crime contra a humanidade para tentar obter benefícios próprios. Salário de mais de R$ 30 mil, carro, motorista e viagens com o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em nada se assemelha a trabalho escravo ou análogo. Esta redução da pauta afronta a dignidade da população negra e demonstra como este governo não tem compromisso com o trabalho descente, com o combate ao racismo ou com a dignidade humana. Apesar deste governo se comportar como casa grande tendo inclusive seus capitães do mato, jamais aceitaremos voltar para a senzala.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 61 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm, Carolina Goetten e Júlia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO Juliana Mittelbach e Julio Carignano ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook. com/bdfpr CONTATO redacaopr@ brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
ERRATA Na capa da edição 60, comparamos o percentual da população negra no Paraná (3,14%) com a quantidade de assassinatos de pessoas negras em confrontos com a polícia (48,6%). Porém, os dados oficias do Ministério Público incluem, nessa última estatística, pretos + pardos. Para a comparação fazer sentido, seria preciso considerar a população de pretos + pardos no estado (28,5%).
Brasil de Fato PR
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Bastidores do racismo O âncora do Jornal da Globo, William Waack, aparece, em vídeo, ao lado de um comentarista, à frente da Casa Branca, em Washington (EUA), quando um carro começa a buzinar na rua. Irritado, ele reage: “tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É coisa de preto!”, e ri junto com o comentarista ao lado. O vídeo vazou nas redes e está viralizando. Reprodução Facebook
“Fake news” O Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST) desmentiu a informação de que teria invadido as fazendas Igarashi e Curitiba, em Correntina, Bahia. A notícia falsa, difundida com o apoio do grupo de extrema-direita Movimento Brasil Livre (MBL), dizia que o MST teria destruído as instalações de fazendas e promovido atos de “terrorismo”. Em nota, o MST ressalta o caráter preconceituoso da especulação e a má apuração dos veículos de imprensa, difundindo as chamadas “fake news”, notícias falsas.
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NOSSO DIREITO
FRASE DA SEMANA
“Em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim. Esse negócio de não se envolver não está com nada. A mulherada está unida, cada vez mais forte”,
Paula Cozero*
Conheça os direitos da trabalhadora gestante
disse a atriz Bianca Bin, a Clara da novela ‘O Outro Lado do Paraíso’. A personagem vive uma rotina de sofrimento físico e psicológico por parte do marido Gael (Sergio Guizé). A entrevista foi concedida para o site O Dia.
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Centrais sindicais farão ato unificado contra a reforma trabalhista nesta sexta (10) Redação, Curitiba (PR) Nesta sexta-feira (10), sete centrais sindicais mobilizam atos em todo o Brasil contra a retirada de direitos trabalhistas. Em Curitiba o ato terá concentração às 11h na Boca Maldita, Centro da cidade. Protestos estão previstos para ocorrer em outros municípios do estado. O “Dia Nacional de Paralisação” mobilizará todo o Brasil, um dia antes de entrar em
vigor a Reforma Trabalhista, considerado um dos maiores retrocessos sociais da história do Brasil. Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Porto Alegre, Palmas, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Salvador, Belém e Teresina são algumas das capitais que já confirmaram mobilizações contra a reforma. Mobilização Entre as categorias que confirmaram adesão ao protesto está a dos metalúrgicos. O Sindicato da ca-
tegoria informou que fará paralisações em frente às montadoras pela manhã, além de participar do ato no Centro da capital. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior (Sinditest-PR), haverá paralisação dos funcionários da UFPR, UTFPR e do Hospital de Clínicas (HC). Ao todo, mais de 20 entidades sindicais com sede na capital mobilizam seus associados para o protesto. Leandro Taques
PELO RESPEITO À DIVERSIDADE Um mar colorido cobriu a Avenida Cândido de Abreu durante a 18ª Parada LGBTI de Curitiba, realizada no dia 5. De acordo com os organizadores, mais de 65 mil pessoas participaram do evento, que teve como tema “O que eu tenho a ver com isso?”. O evento pautou o respeito à diversidade e o fim da homofobia.
3 | Geral
Alguns direitos são assegurados às empregadas gestantes a fim de evitar discriminações e garantir condições dignas na gravidez. Não pode haver dispensa da trabalhadora desde o início da gravidez até cinco meses após o parto. A empregada deve fazer valer seu direito mesmo quando ainda não sabia da gravidez no momento em que foi despedida (comprovando por exames médicos o tempo da gestação). A estabilidade provisória vale também para quem está no contrato de experiência ou outro contrato por prazo determinado, nesses casos, há prorrogação do contrato. A empregada grávida tem direito à licença de 120 dias, período em que recebe auxílio-maternidade da Previdência Social (se houver inscrição da empregadora no programa Empresa Cidadã, a licença será de 180 dias). Até agora, as gestantes não poderiam trabalhar em locais insalubres. Mas a reforma trabalhista, que começa a ser aplicada no dia 11, diminui os direitos das trabalhadoras. A partir de então, a gestante, em regra, terá que apresentar atestado médico para ser afastada do ambiente insalubre. *Paula Cozero é advogada e professora de Direito do Trabalho
4 | Cidades
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Maria Firmina dos Reis: primeira romancista negra do Brasil Compôs o Hino de Libertação dos Escravos e foi primeira mulher a passar em concurso público Norma Odara, São Paulo (SP)
E
xperimente pesquisar na internet o nome da escritora Maria Firmina dos Reis. O resultado mostra uma jovem branca com vestimentas nobres. Mas, a imagem é bem diferente da verdadeira fisionomia da primeira romancista negra do Brasil. “Rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, fino, curto e amarrado na altura da nuca. Olhos castanhos escuros, nariz curto e grosso, lábios finos, mãos e pés pe-
A escritora foi a primeira mulher a criar uma escola mista, em 1881, onde meninas e meninos estudavam juntos
quenos. A Firmina era uma escritora negra, do século 19. Então, porque a representação imagética dela é de uma escritora branca?”, questiona o pesquisador de literatura abolicionista Rafael Balseiro Zin. A situação, segundo ele, evidencia o esquecimento da vida e obra da maranhense. Em vida, Maria Firmina não foi reconhecida como escritora. Passados cem anos de sua morte, completados em 2017, o nome de Maria Firmina ainda habita os porões da memória brasileira. “Ela denuncia as mazelas da escravidão, ela denuncia o lugar destinado ao negro e à mulher, naquele contexto social do Brasil do século 19 e, por isso, ela tem uma importância absurda”, defende Balseiro Zin.
Reprodução
Pioneira “Úrsula”, seu primeiro romance, é de 1859 e está assinado com o pseu-
dônimo “Uma Maranhense”. Depois vieram os contos “Gupeva”, em 1861; “A Escrava”, em 1887; e um livro de poesias em 1871, intitulado “Cantos à beira-mar”, todos na perspectiva antiescravista. Outros aspectos da vida de Firmina fez com que ela fosse considerada pioneira. Também foi a primeira mulher a passar num concurso público para a cadeira de instrução primária, no município de Guimarães, interior do Maranhão, como conta o pesquisador. Firmina carregou o estigma de mulata e bastarda por ser filha ilegítima de mãe portuguesa e pai negro, provavelmente um escravo africano. Além das obras, ela deixa a oportunidade de rever a história e a memória social, desta vez com Maria Firmina dos Reis como a primeira escritora negra do Brasil.
Médicos protestam contra Temer durante Congresso de Medicina Ednubia Ghisi, Curitiba (PR) Cerca de 150 médicos e estudantes de Medicina participaram de um ato em defesa do SUS durante o 14° Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade (CBMFC), em Curitiba. O protesto ocorreu no dia 4, por iniciativa da Rede de Médicas e Médicos Populares, que está presente em 13 estados brasileiros - inclusive no Paraná. Com cartazes, faixas, jograis e palavras de ordem, os profissionais denunciaram o desmonte da saúde pública promovido
pelo governo de Michel Temer, em especial pela ação do ministro da Saúde, o ex-deputado paranaense Ricardo Barros. Os manifestantes pediram a saída de Temer da presidência e o fortalecimento do SUS. Leandro Araujo, médico de família e comunidade em Fortaleza (CE), integrante da Rede, explicou a intenção do protesto: “A nossa ideia é fazer um despertar para toda a sociedade para o que está ocorrendo nessa conjuntura atual de governo ilegítimo, que está retirando tantos direitos das trabalhadoras e trabalhadores,
no sistema público de saúde e de toda a sociedade”. Fabiana Cunha da Silva, médica de família e comunidade no município de Itapipoca (CE), atua há cinco anos pelo Programa Mais Médicos. Também integrante da Rede, chamou a atenção para a necessidade de defender a saúde publica. “O SUS tem seus problemas, sim, temos que admitir, mas ele é um direito de todos nós. Por isso estamos aqui nesse congresso lutando contra os desmandos desse governo golpista e os retrocessos que ele vêm impondo”, garante a médica.
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5 | Cidades
naofrackingbrasil.com
Sudoeste paranaense teme impacto do método fracking
O QUE É FRACKING É uma técnica para explodir a rocha de xisto e extrair o gás metano. Uma sonda perfura o solo na vertical e insere mais de 600 produtos químicos (alguns tóxicos e cancerígenos) com forte pressão de água. Essa pressão faz as rochas quebrarem e, então, o gás é expelido. Quais as consequências?
Consumo de água: A técnica utiliza enormes quantidades de água. A campanha Não-Fracking Brasil divulga que são utilizados aproximadamente entre 7,8 e 15,1 milhões de litros de água em cada poço. Contaminação da água e do solo
A água é misturada com produtos químicos e areia para criar o fluido necessário para o fracking. São usados cerca de 150 mil litros de produtos em cada fraturamento, incluindo substâncias tóxicas como mercúrio, urânio e rádio. Esses produtos podem escapar e contaminar áreas subterrâneas próximas ao local da extração, impactando diretamente a agricultura e contaminando a água e o solo. Problemas de saúde
Júlia Rohden, Curitiba (PR)
O
som dos caminhões pesados, indo e vindo pela cidade, dia e noite. Foi por meio desse movimento incomum que os moradores da região Sudoeste do Paraná souberam que estavam sendo realizados estudos no subsolo em busca de gás de xisto, um gás natural encontrado em uma camada profunda da terra. As pesquisas foram realizadas no final do ano passado pela empresa Global Geophysical Services (Global Serviços Geofísicos), que justificou estar levantando dados geológicos e geofísicos do subsolo dos municípios da região. O medo da população é a extração pelo fracking,
método de fraturamento de rochas para exploração do gás. O problema são os impactos ambientais e sociais desse processo. Com a contaminação da água e do solo, há relatos de danos em plantações e rebanhos de áreas próximas às zonas de exploração do gás na Argentina e nos Es-
Os movimentos sociais da região temem que uma nova lei federal aprove a utilização do fracking e invalide a lei estadual
tados Unidos. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil ocupa o 10º lugar na lista de estimativas de reservas mundiais. Já a maior concentração de gás de xisto no país está na Bacia Sedimentar do Paraná, que abrange os três estados da região sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Em dezembro de 2016, o Paraná se tornou o primeiro estado brasileiro a proibir o fracking. A lei estadual nº 18.947/2016 suspende por dez anos as licenças ambientais para qualquer atividade de perfuração ou exploração com tal método. Apesar disso, movimentos sociais da região temem que nova lei federal aprove a utilização do fracking e invalide a lei estadual.
naofrackingbrasil.com
Usado para extrair gás de xisto, o método é criticado por trazer danos ambientais e sociais
Em muitos casos as empresas exploradoras não revelam quais componentes químicos são injetados no subsolo, mas já se sabe que diversos deles trazem sérios riscos à saúde. A Assesoar, baseada em pesquisa publicada na revista Endocrinology, informa que há 12 substâncias que alteram o equilíbrio hormonal e estão associadas à infertilidade e ao câncer.
Impactos de explorações próximas Em leilão realizado no final de setembro pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram 287 blocos ofertados dos quais 37 blocos foram arrematados. Um deles foi no Mato Grosso do Sul (MS) e inclui áreas que integram a Bacia do
Paraná. A engenheira agrônoma Lisa Loss comenta que mesmo que não haja exploração no Paraná, se o método fracking for usado no MS haverá impactos. Entre eles, a contaminação das águas do Rio Paraná e do Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce do mundo.
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6 | Lava Jato
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Comitês internacionais vão analisar abusos cometidos pela Lava Jato no Brasil
TOMA-LÁ-DÁ-CÁ
Advogados brasileiros aguardam resposta da ONU e da OEA sobre possíveis violações de direitos humanos na operação Ricardo Stuckert
Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)
U
m mês atrás, o advogado Rubens Francisco desembarcou em Washington, nos Estados Unidos, acompanhado da colega Cibele Braga. Por entre as bandeiras estadunidenses a meio mastro, em homenagem aos 16 anos do atentado de 11 de setembro, eles se dirigiram à sede da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para um pedido de socorro. O requerimento, assinado pela dupla e entregue à Comissão, contém uma série de denúncias sobre a operação Lava Jato no Brasil. Segundo o texto, o sistema judiciário pós-Lava Jato é “uma afronta direta aos preceitos fundamentais do Pacto de San José da Costa Rica”, e os processos em questão “esvaziam as garantias constitucionais da Carta Magna brasileira de 1988”. Criada em 1959, a CIDH é um órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) e está composta por sete membros independentes, que não representam nenhum país em particular e são eleitos por uma assembleia. O Pacto a que o advogado se refere é um tratado assinado pelos 35 países membros da OEA, que entrou em vigor em 1978 na Costa Rica. Entre os direitos civis e políticos previstos no tratado, estão o direito à liberdade pessoal, às garantias judiciais e à proteção da honra. Buraco sem fundo Em entrevista ao Brasil de Fato, Rubens Francisco cita a conde-
Cristiano Zanin (esq.) e Geoffrey Robertson (dir.) em frente ao Comitê da ONU
nação do ex-presidente Lula (PT) em primeira instância no “caso triplex” como símbolo dos abusos da Lava Jato. Segundo ele, uma eventual prisão do petista pode comprometer o direito de defesa dos cidadãos -- particularmente, dos mais pobres. “Se condenarem o Lula nesses moldes, qualquer pessoa em território nacional pode ser levada à prisão, apodrecer lá e acabou. Não há quem tire, porque não tem defesa válida, não tem processo válido”, alerta o advogado. “Se o Lula cair no buraco, vai levar junto o país inteiro”, completa. A preocupação do jurista foi expressa na segunda página no texto protocolado em Washington: “A vítima da operação Lava Jato não é só o ex-presidente Lula, mas diversos brasileiros anônimos que estão completamente à mercê de um Poder Judiciário mercenário, que objeti-
va salários e ganhos estratosféricos, muito acima da remuneração mensal mundial para servidores públicos, além de práticas de crime e corrupção”. Entre os pedidos listados ao final do documento, os advogados sugerem a condenação do Brasil por violações de direitos humanos e a intimação da ministra Cármen Lúcia, presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF) – ao qual se atribui a função de “zelar pela Constituição”. Lula na ONU Cibele Braga e Rubens Francisco não
Washington e Genebra receberam denúncias relacionadas ao caso Lula
foram os primeiros juristas a acionar órgãos internacionais para denunciar excessos da Lava Jato. Cristiano Zanin e Valeska Zanin Martins, advogados do ex-presidente Lula, protocolaram uma petição no Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça, no dia 27 de julho de 2016. De acordo com uma nota divulgada pela defesa do petista, o objetivo é fazer com que o comitê se posicione sobre possíveis “arbitrariedades praticadas pelo juiz Sérgio Moro contra Lula, seus familiares, colaboradores e advogados”. Em última instância, a petição sugeria que Moro fosse impedido de julgar o ex-presidente, porque teria perdido “de forma irreparável sua imparcialidade”. As arbitrariedades reunidas até julho do ano passado dizem respeito à condução
coercitiva de Lula, na 24ª fase da operação, ao vazamento de materiais sigilosos para a imprensa e à divulgação ilegal de conversas telefônicas. Ao recorrer à ONU, os advogados também ressaltaram o “papel de acusador” assumido por Sérgio Moro, “imputando crime a Lula por 12 vezes, além de antecipar juízo de valor”. Em relação aos demais investigados, os juristas também questionam o uso ilegal das prisões preventivas e a violação do direito de presunção de inocência, previsto na Constituição Federal de 1988. Na prática Além da Comissão fundada em 1959, a OEA possui uma Corte Interamericana de Direitos Humanos, criada dez anos depois. A ideia do advogado Rubens Francisco, ao fazer um requerimento à CDIH, em Washington é que aquele pedido chegue à Corte – em San José, na Costa Rica. Como não é um representante do Estado, ele não poderia recorrer diretamente à Corte. Mesmo que o plano se concretize e o Brasil seja “condenado”, não há garantias de que as decisões judiciais tomadas em âmbito nacional serão revertidas. De qualquer forma, o país será obrigado a prestar esclarecimentos, perante os demais membros da OEA, sobre as supostas violações de direitos humanos. Até hoje, o Estado brasileiro foi “réu” em nove casos que tramitaram na Corte da OEA, mas não costuma cumprir as recomendações de organizações internacionais. Em 2010, por exemplo, o STF
bro de 1966 foi criticado por pela Assemmanter a anis- Em setembro, bleia Geral tia a crimes políadvogados das Nações ticos cometidos Unidas, e asdurante a dita- pediram a sinado pelo dura civil-mili- intimação Brasil em tar (1964-1985), 1992. e mesmo as- da ministra sim decidiu não Cármen Lúcia O que esalterar o texto perar O da Lei 6683, de avanço da operação Lava Ja1979, conhecida como Lei da to em 2016, em consonância Anistia. com o jogo parlamentar que No caso da ONU, o mais levaria ao impeachment de provável é que os 18 espeDilma Rousseff (PT), abriu cialistas independentes do os olhos de juristas vincuComitê analisem a petição, lados à OEA para possíveis apreciem se houve ou não abusos de poder no Brasil. desrespeito aos direitos huO posicionamento assumido manos, e recomendem a por eles permite supor que adoção de políticas públicas haverá medidas drásticas. para evitar novas violações. Luis Almagro, secretáO Comitê não é uma insrio-geral da Organização, ditância de julgamento, mas vulgou uma nota oficial em apenas indica se a Justiça março de 2016 e se posiciodos países-membros age de nou contra o golpe que esacordo com o Pacto Internatava em curso. Sobre a Lava cional de Direitos Civis e PoJato, Almagro chamou atenlíticos – aprovado em dezem-
7 | Lava Jato
ção para as arbitrariedades do Poder Judiciário e finalizou: “Nenhum magistrado está acima da lei”. Em entrevista à Folha de S. Paulo em outubro deste ano, o juiz presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Caldas, criticou o uso das conduções coercitivas na operação. “Está se queimando etapas, como que para mostrar força e um poder arbitrário. O Estado tem de exercer seu poder com a devida parcimônia”, acrescentou Caldas, ao citar como exemplo as investigações contra o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier – que cometeu suicídio após ter sua reputação destruída pela operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal (PF). Um ano e meio antes, em entrevista ao jornal argenti-
O advogado contratado pela defesa de Lula para representá-lo em Genebra é o australiano Geoffrey Robertson, de 71 anos, conhecido por defender na Justiça o ciberativista Julian Assange, fundador do Wikileaks, e o ex-boxeador Mike Tyson. Em maio, ele voltou ao Comitê para atualizar a lista de possíveis abusos cometidos pela operação. Dois meses depois, o ex-presidente foi condenado em primeira instância por Sérgio Moro, na ação penal conhecida como “caso triplex”. Robertson declarou à imprensa que não ficou surpreso com a decisão, e que espera a confirmação da sentença em segundo grau – “apesar da falta de provas”. O governo brasileiro foi chamado pela ONU a se defender das acusações reunidas na petição de 2016. O próprio Moro foi quem assinou a defesa, e afirmou que Lula não teria razões para recorrer a cortes internacionais, visto que sequer havia sido julgado em segunda instância. Questionado sobre o assunto em 30 de agosto, durante um jantar em sua homenagem em São Paulo, o advogado australiano foi taxativo: “A Justiça do Brasil é totalmente parcial. Temos de ir às instâncias internacionais, onde há uma Justiça verdadeira”. no Página 12, Caldas havia criticado a divulgação ilegal de conversas telefônicas do ex-presidente Lula: “Vemos situações típicas de um Estado de exceção”. Em relação à ONU, não houve nenhum posicionamento explícito do Comitê contra a Lava Jato ou contra as violações de garantias constitucionais no Brasil.
No ano passado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos informou à imprensa que o caso Lula não era considerado “urgente” e seria debatido em 2017. A petição não entrou na pauta do colegiado até o final desta edição, e a próxima reunião ordinária está marcada para março de 2018.
PAÍSES MEMBROS DA ONU E DA OEA
OEA
Os países em verde fazem parte da Organização dos Estados Americanos
ONU
Só não fazem parte das Nações Unidas a Antártida, o Vaticano, territórios palestinos e Saara Ocidental
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| Brasil
Brasil de 8 Fato PR
Paraná, 9 a 15 de novembro de 2017
Entidade patronal não combate corrupção na gestão Temer A FIEP, que estava à frente das manifestações anticorrupção em 2015 e 2016 no Paraná, hoje está mais tímida Leandro Taques
Julio Carignano,
Curitiba (PR), do Porém.net
M
ichel Temer escapou pela segunda vez de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por 251 votos a favor do arquivamento da denúncia e 233 contrários, o presidente e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco não serão investigados pela acusação de obstruírem a justiça e pertencerem a uma organização criminosa, conforme apontado pelo ex-procurador-geral da república, Rodrigo Janot. Como no mês de agosto, quando Temer escapou da denúncia de corrupção passiva, no dia 25 de outubro de 2017 não se ouviram panelas, apitaços, pisca-pisca nas janelas de edifícios e, muito menos, manifestações nas ruas dessas entidades. Cenário muito diferente de 31 de agosto de 2016, quando a petista Dilma Roussef teve cassado seu mandato da presidência da República. Naquela oportunidade, a exemplo de uma final de copa do mundo, grande parte da população acompanhou roendo as unhas e vibrando a cada voto de um parlamentar que dizia “SIM” ao impeachment. As semanas que antecederam as votações na Câmara Federal (abril de 2016) e no Senado (agosto de 2016) foram marcadas por uma série de atos contra Dilma e pela bandeira do combate à corrupção. Passado um ano e dois meses do afastamento da petista, os grupos que estavam à frente daquelas manifestações anticorrupção hoje encontram-se mais tímidos. Entidades que puxaram o coro do “Fora Dilma”, quando se manifestam, o fazem de maneira discreta ou ponderam quando o assunto é o arquivamento das denúncias contra Michel Temer. No Paraná, a entidade que protagonizou as manifestações mais
contundentes a favor do impeachment da petista foi a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Em março de 2016, ela lançou um “manifesto” com posicionamentos sobre a crise política do país. No documento, assinado pelo presidente Edson Campagnolo, a entidade apontou quatro medidas emergenciais, sendo a primeira delas o impeachment de Dilma Rousseff, “chamando a responsabilidade a todos os parlamentares”; apoio absoluto a todas ações de combate à corrupção e repúdio a nomeação do ex-presidente Lula como ministro, o que para a entidade, se caracterizava uma tentativa de “obstrução do trabalho da justiça”.
“As decisões tomadas pelo Congresso, democraticamente eleito pela população brasileira, são legítimas e devem ser respeitadas”, diz a FIEP A FIEP ainda organizou atos públicos e conclamou a população a vestir-se de preto em luto pelo momento do país, “um cenário em que a sociedade não podia se omitir”, conforme a nota. Um ano e
dois meses após o afastamento de Dilma da presidência, a entidade não tem mais organizado manifestações contra a corrupção apesar dos escândalos e denúncias envolvendo Temer. A “obstrução da justiça”, uma das atuais acusações contra o peemedebista, antes citada quando da nomeação de Lula, parece também não ser mais motivo para um posicionamento oficial da entidade. Um ano e dois meses após as contundentes manifestações, procuramos uma posição do presidente Edson Campagnolo, porém a FIEP se posicionou apenas por meio de uma nota enviada por sua assessoria de imprensa. Uma nota tão tímida quanto às atuais manifestações contra à corrupção. Nela, a federação ressalta que “as decisões tomadas pelo Congresso, democraticamente eleito pela população brasileira, são legítimas e devem ser respeitadas”. Vale lembrar que a FIEP também se posicionou publicamente parabenizando os votos dos parlamentares que foram a favor do afastamento de Dilma. O Porém. net buscou saber qual o posicionamento da entidade em relação ao voto dos deputados pelo arquivamento da segunda denúncia contra o presidente Temer, mas não obtivemos resposta. Na nota enviada pela assessoria, a entidade resume-se a dizer que “defende que todas as denúncias de corrupção e desvios de recursos públicos sejam apuradas, seguindo os trâmites da Constituição Federal”.
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Especialistas apontam limites da campanha Novembro Azul Médica afirma que, apesar do foco no câncer de próstata, a hipertensão vitima muito mais homens Norma Odara, São Paulo (SP)
“Q
uando a gente tem campanhas como o Novembro Azul, o homem só tem que procurar a unidade de saúde neste mês para fazer exame de próstata. O homem não é só a próstata dele, é muito mais do que isso”. Essa é a opinião da médica da família Natália Madureira Ferreira, que é membro da Rede Nacional de Médicos e Médicas Popu-
Organização alerta para os riscos de realização desnecessária de exames como o de biópsia de próstata
lares. A visão dela é confirmada pelo United States Preventive Services Task Force (USPSTF), entidade voltada para a formulação de políticas de saúde e medidas preventivas nos Estados Unidos. Desde 2012, a entidade contraindica práticas como o rastreio de câncer de próstata com a realização do exame de sangue antígeno prostático específico (PSA) e a prova de toque, como ressalta Madureira: “E aí o que se percebeu nos estudos, principalmente aqueles liderados pela USPSTF e pelo Canadá, é de que você causa mais malefício do que benefício fazendo o PSA como método de rastreio. Tanto o PSA, como o exame de toque não são indicados. Inclusive não se indica fazer campanhas como o novembro azul”, comenta. Natália Madureira aponta que a hipertensão é uma
Marcelo Camargo | Agência Brasil
doença muito mais frequente na maioria dos homens do que o câncer de próstata, mas não recebe a mesma atenção. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade está entre as entidades que já se posicionou contra o rastreio de câncer de próstata. Em um comunicado publicado em 2015, a organização alertou para os riscos de realização desne-
cessária de exames como o de biópsia de próstata. A entidade ressaltou que se trata de um procedimento que pode provocar sangramentos, febre, infecção prostática e retenção urinária. A campanha de incentivo à realização do exame de próstata teve início no Brasil em 2008 e, em 2012, recebeu o nome de Novembro Azul. Entre os apoiadores da ação estão diversas empresas e la-
boratórios farmacêuticos. Quando fazer o exame A médica aconselha que o exame seja realizado apenas em casos em que os pacientes apresentem sintomas de câncer de próstata: “O sintoma mais comum é o jato partido: quando ele vai tentar fazer xixi e é como se ele fosse fazendo de pouquinho em pouquinho, fica picado. Ele pode ter uma dificuldade para iniciar a micção, então ele vai ter que fazer muita força pra começar a fazer xixi. Uma outra coisa, ele pode ter alguma dificuldade durante a ejaculação e às vezes dói e às vezes dá aquela sensação de que a ejaculação está difícil”, comenta a médica. Madureira também destaca o fato de que os homens devem fazer acompanhamento médico durante todo o ano, e não apenas em novembro.
Acesso a escolas bilíngues em Libras é essencial para inclusão Rute Pina, São Paulo (SP) O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no dia 5, deu visibilidade à pauta da formação educacional de surdos no Brasil. Jefferson de Jesus, professor de Libras na Universidade Federal do Paraná (UFPR), pontuou que a luta da comunidade surda é pela formação de professores e pela criação de escolas bilíngues. As duas medidas possibilitariam o aprendizado em
Libras nos moldes das escolas bilíngues em inglês, por exemplo. O professor, que é pesquisador surdo, concedeu a entrevista por videoconferência, com apoio do intérprete de Libras, Sergio Ferreira. Jefferson comenta a diferença no aprendizado das pessoas surdas: “Toda a informação que um ouvinte tem no processo educacional se dá na sua língua materna ou portuguesa, no caso do estudante brasileiro. Porém, o surdo é diferente. Ele não teve todo
o processo educacional na sua língua materna, que é Libras, mas em português. E isso gera uma defasagem na aprendizagem muito grande.” Para a coordenadora do curso de Letras Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professora Sueli Fernandes, o tema de redação foi “muito surpreendente”. “A gente não esperava ser duplamente visibilizado. Foi uma dupla conquista”, disse, em referência à videoprova traduzida em Libras pela primeira vez no Enem neste ano.
João Neto | ACS MEC
Paraná, 9 a 15 de novembro de 2017
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JanineDISTRAÍDOS Mathias vai do samba ao CANTAREMOS rap na Biblioteca O show é nesta sexta-feira (10), às 17h30, com entrada franca, na Biblioteca Pública Redação, Curitiba (PR) A cantora Janine Mathias é a atração de uma edição especial do projeto Música na Biblioteca, dedicada ao Mês da Consciência Negra. Acompanhada da violonista Érica Silva, ela apresenta um repertório baseado no EP Eu quero mergulhar, marcado por influências que vão do samba ao rap, passando pela soul music, o jazz, o pop e a MPB. Brasiliense radicada em Curitiba desde 2009, Janine Mathias tem o samba em seu DNA artístico — principalmente por influência do pai, sambista ligado ao cenário boêmio da capital federal. O hip hop, no entanto,
foi o gênero que a colocou no mapa musical brasileiro, a partir de colaborações com alguns dos rappers e produtores mais conhecidos da cidade. Hoje ela transita entre os mais variados gêneros, mas sem perder de vista sua ancestralidade.
Músico Vina Lacerda realiza workshop na Biblioteca Pública Redação, Curitiba (PR)
Para ficar por dentro Quando: 10, sexta-feira, às 17h30. Onde: No hall térreo da Biblioteca Pública do Paraná, rua Cândido Lopes, 133, Curitiba. Divulgação
O percussionista Vina Lacerda realiza neste mês show e workshop de lançamento do DVD “Ritmos Brasileiros para Cajón”, no Conservatório de MPB de Curitiba. Nos dias 10 e 11 de novembro acontece o curso com foco no material de criação do DVD e práticas para a construção do instrumento cajón, com participação de Eduardo Sallum. O show com o percussionista será no dia 26, domingo, às 11h30, com participação dos músicos Gabriel Schwartz, André Ribas, Vinícius Chamorro, Glauco Solter, Julião Boêmio, e participação especial de Luís Otávio Almeida. O projeto é uma pesquisa ligada à aprendizagem e à performance musical, com-
posto por material didático em DVD, Blu-Ray, além de um aplicativo sobre o cajón, um instrumento de percussão que não possui um material de instrução referencial para seu estudo. Assim, “Ritmos Brasileiros para Cajón” tem a intenção de ser um guia para o estudo da diversidade dos estilos e da música brasileira.
Para ficar por dentro Workshop: Dia 10, sextafeira, das 17h30 às 20h30, e dia 11, das 10h às 13h. Show: Dia 26, domingo, às 11h30. Onde: Conservatório de MPB de Curitiba – R. Mateus Leme, 66 Quanto: Entrada gratuita. Inscrições pelo telefone: 3321-3315
AGENDA CULTURAL
Festival de Cinema da Bienal
Divulgação
O quê: Serão projetadas mais de 100 obras contemporâneas e clássicas, brasileiras e de países dos mais diversos lugares do mundo. A programação inclui: Circuito Brasileiro; Diretor homenageado; Circuito Clássico; Circuito Mundial; Curtocircuito e Circuito Universitário. Quando e onde: De 9 a 19 de novembro, em diversos locais. Programação: www.ficbic.com.br Quanto: Entrada gratuita. Divulgação
Exposição Frida Kahlo 110 Anos O quê: Doze artistas participam da exposição e buscam recriar o universo da mexicana Frida Kahlo. A exposição é apoiada pelo Instituto Cervantes de Curitiba e pela Embaixada da Espanha no Brasil. Quanto: Abertura dia 11, sábado, das 12 às 17h. Exposição: de 13/11 a 16/12, de segunda a sexta das 9h às 19h, e sábado das 9h às 12h30. Onde: Instituto Cervantes de Curitiba, rua Ubaldino do Amaral, 927, Alto da Rua XV. Quanto: Entrada gratuita.
Acordes na Casa com Marcelo Torrone O quê: O pianista apresenta seu concertodidático “Piano Minimalista”, com um repertório instrumental autoral. Torrone mescla uma breve história do movimento minimalista na música e no cinema e realiza a execução comentada de obras para piano dos principais nomes representativos desse movimento. Quando: Dia 11, sábado, às 11h Onde: Centro Cultural SESI Heitor Stockler de França, Av. Mal. Floriano Peixoto, 458, Centro. Quanto: Entrada gratuita. Eric Huybrechts
Brasil de Fato PR
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Danças de matrizes africanas fortalecem o enfrentamento ao racismo Aulas de dança afro se tornam cada vez mais expressivas na cidade contribuem para o fortalecimento das identidades negras Deivison Souza
Carolina Goetten, Curitiba (PR) Quem passa pela Feira do Largo da Ordem pode se deparar com os movimentos corporais de um grande grupo de pessoas em aula na Casa Hoffmann. A professora tem pele negra, um imponente cabelo afro e move o corpo marcando o tempo dos passos com os pés descalços. O local, voltado a receber as diversas manifestações artísticas, sedia também o projeto Pontes Móveis: especialmente às sextas-feiras e em alguns domingos, as danças oriundas de matrizes africanas multiplicam o enfrentamento ao racismo e fortalecem a visibilidade das presenças negras na cidade. As aulas são ministradas pela bailarina Priscilla Pontes, que iniciou seu percurso ainda na infância, em uma igreja. Ao estudar o balé clássico no centro de Curitiba, passou a adentrar outros universos artísticos e culturais, tal como os grupos de maracatu. “A dança é uma ferramenta importante
Aulas de Priscilla Pontes na Casa Hoffmann: muito joelho, braços, pés descalços e musicalidade
porque lida muito diretamente com nosso corpo. E é no corpo, também, que estão as marcas do racismo”, analisa a professora. Como tema central de suas pesquisas, ela estuda as presenças negras na dança afro – conceito que envolve
Reprodução
ALIMENTOS SAUDÁVEIS | Luciana Console
um campo amplo de manifestações corporais, plural e diverso, e inclusive as culturas populares. Em comunidade O primeiro professor de dança de Priscilla Pontes foi o educador Demerval Silva. Ele se in-
teressou pelos ritmos africanos e começou a dançar quando morava em Salvador. Anos depois, uma apresentação em Curitiba, no Teatro da Reitoria, estimulou Demerval a ficar por aqui. Foi quando decidiu estudar dança na Faculdade de Artes do Paraná. “A dança afro contribui para mostrar a cultura, a religião e os costumes dos povos negros. Também fortalece o empoderamento dos afrodescendentes, ao mostrar a importância da resistência cultural e da luta”, explica. Quem quiser conhecer a prática pode frequentar o curso gratuito que Demerval ministra na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc). Todos os sábados, das 14h às 15h30, as aulas ensinam os participantes a prática de movimentos como o makulelê, a puxada de rede, o samba de roda e a dança dos orixás. O endereço é rua Monsenhor Celso, 225, centro de Curitiba.
Banda Mais Bonita da Cidade faz show gratuito Divulgação
Redação, Curitiba (PR)
ALÉM DE SABOROSA, PITANGA FAZ BEM À SAÚDE Nativa da Mata Atlântica, a pitanga tem inúmeros benefícios para a saúde, principalmente para quem tem diabetes. “É uma fruta com uma ação hipoglicemiante muito importante, ou seja, ela ajuda a manter a glicemia dentro dos níveis esperados. Ela tem uma ação de diminuir a velocidade de absorção do açúcar pelo sangue”, explica a nutricionista Carla Caratin. A especialista menciona que a fruta tem forte ação antioxidante devido à quantidade de vitamina C em sua composição, o que ajuda na prevenção do câncer, por exemplo. Não só da fruta se tira proveito. O chá das folhas da pitangueira também é bastante utilizado para casos de pressão alta. A fruta também é rica em antioxidantes que previnem e retardam o envelhecimento.
Eles ultrapassam meio milhão de seguidores no Facebook e 40 milhões de visualizações no Youtube. O sucesso de A Banda Mais Bonita da Cidade não se deteve ao hit Oração – que viralizou em território nacional em 2011. Durante os últimos anos, o grupo tem levado a música paranaense para palcos do Brasil e do mundo com sucesso de público. Nesta sexta-feira (10), a banda se apresenta no Teatro do Sesi Portão, com entrada franca. A banda vai apresentar faixas de seu novo álbum interca-
ladas por sucessos de seu repertório. Os interessados em prestigiar, devem comparecer à bilheteria do Teatro no dia da ação para a retirada dos ingressos, a partir de uma hora antes da apresentação. A ação está sujeita à lotação.
Para ficar por dentro Quando: Dia 10, sextafeira, às 20h. Onde: Teatro SESI Portão, rua Padre Leonardo Nunes, 180, Portão.
12 | Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 9 a 15 de novembro de 2017
PiorAlento ataque Por Roger Pereira Os atacantes do Atlético têm o pior aproveitamento entre todos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, de acordo com levantamento do app Futstatics. Dos 37 gols marcados até a 32ª rodada, apenas oito foram anotados por atacantes de ofício. O Furacão contratou cinco jogadores para a posição, todos com fama de artilheiro, mas nenhum se firmou. Veio Grafite, artilheiro do Brasileirão do ano passado – já foi embora, marcando apenas um gol. Luis Henrique, artilheiro da Copa do Brasil sub-17 de 2015, também já deixou o clube sem deixar saudades. Eduardo da Silva – segundo maior artilheiro da história da seleção da Croácia – não se firmou. Ederson, artilheiro do Brasileirão de 2013 pelo Atlético, fez apenas dois gols. Por último, chegou Ribamar, melhor aproveitamento no rubronegro, mas com apenas quatro gols. O Atlético terminará 2017 sem saber quem é seu homem-gol.
Voto de confiança Por Marcio Mittelbach O sensacional retrospecto do Paraná em casa, aliado a vitórias convincentes fora, fez o torcedor paranista se empolgar. A confiança era tanta que muitos apostavam em um acesso com duas, três, até quatro rodadas de antecedência. A realidade passou longe disso. A boa fase técnica foi interrompida e nisso ressurgiu o fantasma de uma década: e esse ano, sobe ou não sobe? O que não dá é para o torcedor julgar o futuro com base nos últimos dois jogos. Todo time oscila, veja o que está ocorrendo com o Inter ou até mesmo com o Corinthians na série A. Se nos últimos cinco jogos o Paraná só ganhou um e mesmo assim persiste no G4 é porque existe potencial para garantir os nove pontos, ou até menos, que precisamos. O que foi feito até aqui não nos permite abandonar o barco ou ficar descrente. Esse time merece, sim, um voto de confiança. Todos pra Vila nesta sexta. Só depende de nós.
Bairros de Curitiba têm programação esportiva em novembro As ações vão de ciclismo a torneio de boccia, em especial na região Sul da capital Redação, Curitiba (PR)
O
s bairros Capão Raso, Fanny, Lindóia, Novo Mundo e Pinheirinho terão uma intensa programação esportiva ao longo de novembro. Futevôlei, passeios ciclísticos, campeonatos de boccia, capoeira, dança e futsal estão entre as atividades prevista para acontecer entre 10 e 26 deste mês. As ações são organizadas pela Regional Pinheirinho, um dos locais onde serão realizadas as atividades. É lá que acontece o Torneio de Futsal das Escolas Públicas - Sub 14, previsto para o dia 12. No mesmo local, o Torneio Boccia Sênior deve reunir adultos e idosos no dia 17,
As ações ocorrem por iniciativa da Regional Pinheirinho e são voltadas a todas as idades às 9h e às 14h. Para os amantes do ciclismo, estão previstas duas pedaladas: no dia 15, um passeio ciclístico vai levar os esportistas para a região do Umba-
Para ficar por dentro Telefone da Regional Pinheirinho: (41) 3313-5455 Horários de atendimento: Manhã: Das 8h às 12h | Tarde: Das 12h às 18h.
Nadador paranaense quebra recorde brasileiro que durava 19 anos Redação, Curitiba (PR)
Reta final Por Cesar Caldas Com 38 pontos até a 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Coritiba disputa os seis últimos jogos na competição buscando uma vaga na Copa Sul-Americana de 2018 ou, pelo menos, manter-se na divisão de elite do futebol brasileiro. Para tanto, precisa conquistar oito pontos, alcançáveis com duas vitórias e dois empates. A tarefa será facilitada caso o aproveitamento do time seja de 100% nas três partidas que disputará no Alto da Glória, diante de Ponte Preta, Flamengo e São Paulo, nos dias 12, 16 e 26 de novembro, respectivamente. Assim, seria menos necessário somar pontos nos confrontos fora de casa diante de Fluminense (9 de novembro), Atlético-MG (19 de novembro) e Chapecoense (3 de dezembro). Ao final de um triênio administrativo de resultados pífios no futebol e de estagnação patrimonial, evitar o rebaixamento é o mínimo que o torcedor espera.
rá. O início está marcado para 9h, na Igreja São João, na Nicola Pellanda, 5000. Já no dia 17, a concentração é às 19h45 na Rua da Cidadania do Pinheirinho. No dia 18, o convite é para que o passeio seja no Centro da cidade, pela região do Largo da Ordem. A caminhada será guiada, com explicações sobre as histórias populares e dos personagens e personalidades da região. O início da caminhada está marcado para 9h.
Satiro Sodré | CBDA
O nadador paranaense Gustavo Saldo foi longe durante o Troféu Maurício Bekenn 2017, realizado em Porto Alegre no último fim de semana. O jovem bateu o recorde brasileiro dos 200m borboleta na categoria Infantil II, com o tempo de 2m05s20. Com este desempenho, ele quebrou a marca que durava 19 anos. Era um dos recordes mais antigo da natação, pertencente a Kaio Márcio Almeida, que conseguiu fazer o tempo de 2m06s70, em 1998. Gustavo é atleta bolsista Talento Olímpico do Paraná - TOP 2020, da categoria TOP Nacional, viabilizada pela Secretaria de Estado do Esporte e do Turismo (SEET) com o patrocínio da Copel.