Brasil de Fato - Edição 67

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July Tur

Cultura | p. 11

Esporte | p. 12

Fim de ano no museu

São Silvestre à vista

Confira a programação de fim de ano nos principais museus de Curitiba

Brasil tem reforço de peso para voltar a vencer após seis anos

PARANÁ

21 a 27 de dezembro de 2017

Divulgação | Rio 2007

distribuição gratuita Juliano Vieira

Ano 2 | Edição 67

DOZE MESES QUE ABALARAM O BRASIL Durante o ano, o Brasil de Fato denunciou os retrocessos sociais liderados por Beto Richa (PSDB) em vários setores no Paraná. A redução de salários dos professores PSS, alvo dos protestos desta semana, simboliza o desmonte da educação pública no estado. Nesta edição, relembre os ataques a direitos sociais praticados no governo federal, por Michel Temer (PMDB), e na Prefeitura de Curitiba, por Rafael Greca (PMN), além das violações cometidas pela operação Lava Jato Leia nas páginas 2, 3, 5, 6, 7 e 9 Lula Marques | AGPT

Reprodução

Rodrigo Fonseca | CMC


2 | Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 21 a 27 de dezembro de 2017

Rápido balanço de um ano que não acaba

EDITORIAL

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017 termina do jeito que começou: com os trabalhadores se defendendo contra a retirada de direitos por parte do governo Temer (PMDB). Entre os dias 5 e 14 de dezembro, nove pessoas de movimentos sociais fizeram greve de fome contra o desmonte da aposentadoria. Essa e outras manifestações da sociedade garantiram que a votação ficasse para fevereiro de 2018. Antes, maio e setembro foram os meses de depoimento do ex-presidente Lula (PT) ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Mas, até

OPINIÃO

O Brasil de Fato Paraná acredita na capacidade criativa do povo brasileiro, na luta por seus direitos agora não foram apresentadas provas que vinculem Lula à corrupção. Mesmo assim, o ex-presidente recebeu verdadeiros ataques da mídia comercial, em um conflito que deve seguir até o julgamento, marcado para o dia 24 de janeiro de

Governo Temer desmonta a Proteção Social e aumenta a desigualdade

Jucimeri Isolda Silveira,

integrante do Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS) e professora da PUCPR

O

2018. E deve aumentar até as eleições de 2018. No Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) surfou na onda na propaganda de que realizou o “ajuste” fiscal, esquecendo da repressão do dia 29 de abril de 2015. O tucano retirou investimentos do serviço público (caso da Sanepar e das universidades estaduais) e arrochou os professores. Apesar das dificuldades, o Brasil de Fato Paraná acredita na capacidade criativa do povo brasileiro, na luta por seus direitos. Boas festas! Seguimos com fraternidade e esperança!

pacto social firmado na Constituição Federal de 1988, para a garantia da dignidade humana, está em risco. O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), cuja finalidade é a garantia de proteção social, é exemplo desse desmonte. A destruição dos direitos sociais e do sistema de proteção social, num contexto de redução drástica de recursos e políticas, revela que estamos diante de um cenário de grande

nefício de Prestaameaça às conEstamos diante ção Continuada, quistas sociais e de um cenário de para pessoa idosa democráticas. e pessoa com defiA política sogrande ameaça às ciência, apenas R$ cial do governo conquistas sociais 2,5 bilhões estão Temer combina e democráticas planejados para assistencialismo, manter o SUAS. fisiologismo e resiPior: R$ 534 midualidade. O orçalhões foram destinados para o promento público, aprovado pelo legisgrama Criança Feliz e R$ apenas 1,2 lativo em 18 de dezembro, é ainda milhão para manter a proteção sopior que a aplicação da Emenda cial básica dos mais de 8 mil Centros Constitucional n. 95, que congela os de Referência de Assistência Social recursos para as políticas sociais por (CRAS); 289 milhões apenas para 20 anos, pois não só congela como toda a média complexidade que reduz recursos. atende públicos com direitos vioDos R$ 57 bilhões destinados à lados, como crianças em situação assistência social, sem contar o Be-

de violência; e R$ 189 milhões para manter toda a rede de acolhimento que protege pessoas em risco, como crianças, adolescentes e jovens, entre outros. Muito pouco frente às necessidades. O desmonte do sistema de proteção social brasileiro, composto pelo tripé da Seguridade Social (previdência social, saúde e assistência social) e demais direitos sociais e políticos de defesa de direitos humanos, está sendo mais rápido e agressivo do que se imaginava. A consequência é o aprofundamento da desigualdade, aumento da pobreza, da fome e de outras violações de direitos.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 67 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Carolina Goetten e Julia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO Jucimeri Isolda Silveira, Guilherme Uchimura, Manoel Ramires e Ricardo Prestes Pazello ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Clara Lume e Denilson Pasin DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)


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FRASE DA SEMANA

“Ser negra aqui [no Brasil] é ser estrangeira no próprio país” disse Djamila Ribeiro, feminista e mestre em filosofia política, em entrevista ao jornal Estadão.

Grife à base da exploração Imagine uma marca de grife em que as peças vendidas por até R$ 698 são produzidas a R$ 5, com base em jornadas exaustivas e degradantes. É a situação descoberta nesta terça (19), em três oficinas de costura, em São Paulo e Osasco. Dez bolivianos foram resgatados trabalhando em condições análogas à escravidão para as grifes Animale e a A. Brand, marcas do grupo Soma. Ricardo Stuckert

Chico fecha com Lula O cantor e compositor Chico Buarque e o filósofo Noam Chomsky assinaram um manifesto em candidatura do ex-presidente Lula. O documento foi lançado nesta terça (19), sob o título “Eleição sem Lula é fraude”. “Marcar em tempo recorde para o dia 24 de janeiro a data do julgamento em segunda instância do processo de Lula nada tem de legalidade”, diz o manifesto.

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Richa tenta reduzir 13% do salário de professores PSS e gera protestos Redação, Curitiba (PR) O governador Beto Richa (PSDB) quer reduzir em 13% os salários de professores PSS, aqueles contratados por Processo Seletivo Simplificado, portanto, sem concurso público. O edital de seleção divulgado pela Secretaria da Educação, no dia 15, propõe remuneração de R$ 1.227,70 para 20 horas semanais de trabalho, R$ 188,10 a menos do que o valor pago em 2017. A reação da categoria de professores ganhou força nesta semana. Na segunda-feira (18), cerca de 100 professores ocuparam o Palácio das Iguaçu, em Curitiba, durante três horas. A palavra de ordem “Fora Beto Richa” ecoou nos corredores internos do prédio, acompanhada de muito barulho de garfos em pratos de metal. Eles também carregavam uma faixa cobrando a investigação da operação Quadro Negro, que apura desvios em obras de colégios estaduais, inclusive com inte-

grantes da cúpula do governo Richa entre os investigados. Negociação Como resultado do protesto, a direção da APP Sindicato, o sindicato estadual de trabalhadores da educação pública, conquistou uma reunião de negociação com o governo nesta terça-feira. Valdir Rossoni, da Casa Civil, secretários de Estado, Ministério Público (MP) e deputados estaduais participaram da negociação. A APP exigiu a alteração imediata do edital que reduz os salários. “Argumentamos e apresentamos os da-

dos que demonstram que o governo pode manter os salários como estão, sem afetar mais de 20 mil professores que já possuem a menor remuneração do funcionalismo público do Estado”, destaca o presidente da APP, professor Hermes Silva Leão. A contraproposta do governo foi a criação de um grupo de trabalho, coordenado pela Secretaria de Administração e Previdência (Seap), com representantes da APP, do Ministério Público, e demais secretarias do governo para definir o impasse. Leandro Taques

3 | Geral

NOSSO DIREITO Guilherme Uchimura*

Fui contratado para trabalhar sem carteira assinada. Quais são meus direitos? Cresce, no mercado de trabalho, a presença da informalidade, ou seja, de contratos de trabalho sem carteira assinada. Nestes casos, é comum que o trabalhador tenha seus direitos trabalhistas violados. Muitas vezes a contratação informal é realizada apenas na palavra entre patrão e trabalhador. Os avanços tecnológicos aumentam as possibilidades deste tipo de contratação. Trabalhar na UBER é um exemplo. “Bicos”, “freelas” e estágios acadêmicos são outros. Existem também os casos de “pejotização”, em que o trabalhador precisa criar uma empresa individual para prestar serviços a grandes empresas. Em todos estes casos, é possível ao trabalhador informal fazer as seguintes perguntas: 1) Tenho pleno controle sobre meu trabalho? 2) Trabalho de forma eventual, ou seja, apenas de vez em quando? Se a resposta para estas duas perguntas for não, o trabalhador pode buscar na Justiça do Trabalho direitos sociais historicamente conquistados, como férias, décimo terceiro salário, seguro-desemprego, recolhimento previdenciário e FGTS. *Guilherme Uchimura é advogado trabalhista e membro da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap)


4 | Cidades

PERFIL

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Paraná, 21 a 27 de dezembro de 2017

Carolina Goeten

Dona Lourdes e a resistência à “ditadura do dinheiro”

Lourdes critica Temer e relembra experiência na Colômbia

Aposentada, mas ativa aos 73 anos, Lourdes Marchi ajudou a fortalecer a economia solidária no Paraná Carolina Goetten, Curitiba (PR)

E

m Curitiba, uma das grandes lideranças da economia solidária é dona Lourdes Marchi. Com 73 anos de idade e uma excelente memória, ela se lembra de todas as datas marcantes de sua vida. E também preserva o significado da economia solidária: para ela, os clubes de trocas são uma forma de resistir à ditadura do dinheiro. Nesses clubes e feiras, cada um leva o que tem ou o que produz para vender ou trocar por outros itens. Ela define a sociedade

capitalista como um modelo que se opõe à solidariedade. “A economia solidária parte do povo. A economia capitalista é do patrão, que manda em tudo, vai pegando tudo para si, e o povo fica a ver navios”. Foi na Colômbia que ela viveu a

A economia capitalista é do patrão, que manda em tudo, vai pegando tudo para si, e o povo fica a ver navios Lourdes Marchi

primeira experiência com as trocas. “Fizemos assim: aquilo que a gente tinha, fomos trocando uns com os outros. Sem moeda, sem nada”. Em Curitiba, atualmente, há 5 desses clubes de troca em plena atividade. Lar de memórias Na casa de dona Lourdes, as prateleiras conservam os artesanatos e as lembranças que ela reuniu em sua caminhada ao lado da economia solidária. Há flores de tecido, pássaros esculpidos à mão, pequenas esculturas cristãs. Até mesmo as contas de água, luz e telefone são guardadas dentro

de artesanatos reciclados. Com tecidos, tesouras e e criatividade, caixas de leite se tornam objetos decorativos e garantem renda a famílias carentes. Dona Lourdes já viajou por todo o Brasil levando a bandeira de uma economia mais justa, que alcance e proteja o povo. Hoje, aposentada, continua acompanhando os movimentos solidários, mas se preocupa com as dificuldades colocadas pelo governo de Mi-

chel Temer. “Essas reformas vão agravar a crise e o desemprego. Esse presidente tirou todas as políticas da economia solidária. Eu fico muito triste em ver isso tudo que está acontecendo”, lamenta. Em Curitiba, a Feira Permanente de Economia Popular Solidária acontece às quartas e sábado, às 8h às 17h, ao lado do terminal do Portão.

No Paraná, organizações posicionam-se pelo direito de Lula ser candidato Pedro Carrano, Curitiba (PR) O julgamento dos recursos do ex-presidente Lula, referente ao caso “triplex”, no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), está marcado para 24 de janeiro, em Porto Alegre. Esse fato mobilizou campanhas em diferentes estados do país e um dia nacional de lutas (13 de janeiro). Com isso, sindicatos, movimentos populares, os partidos PT, PMDB, PC do B, entre outros, criaram o “Comitê Popular

“A direita no Brasil está sem candidatura, por isso os ataques”, Elza Campos Paranaense em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser candidato à Presidência da República”. Isso porque as entidades são contrárias ao que consideram um julgamento parcial e em tempo recorde, com vistas a re-

tirar Lula da disputa eleitoral de 2018. “A direita no Brasil está sem candidatura, por isso os ataques”, critica Elza Campos, assistente social e integrante da Frente Brasil Popular do Paraná. O lançamento do primeiro comitê no Paraná – a exemplo de vários estados do Brasil – será no dia 13 de janeiro (sábado), no centro de Curitiba. A ideia é visitar bairros, cidades do interior e o comércio. Atividade de panfletagem está agendada no dia 18 de janeiro, além de ato em Curitiba no mesmo dia do júri (24).


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5 | Cidades

n

1º ano de gestão Greca: empresários em alta, trabalhadores em baixa População mais pobre foi atingida pela precarização do serviço público

O

Manoel Ramires,

NÚMEROS

Curitiba (PR), Especial BdF

prefeito Rafael Greca (PMN) deu um golpe nos curitibanos. Em seu primeiro ano de mandato, ele aumentou impostos para a população, principalmente classe média e mais pobre. Além disso, comprometeu o atendimento com a desvalorização dos servidores. Se de um lado, comprou briga com os trabalhadores, de outro, acariciou os empresários retirando ações judiciais no transporte público e em terceirizados como o Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). A alta dos impostos foi criticada pelo vereador Felipe Braga Côrtes (PSD). “A situação econômica do país está vulnerável ainda e qualquer acréscimo de imposto só traz mais dificuldade para quem oferta e quem necessita do serviço. Não se pode tomar medidas sem estudo de impacto”, protestou. Por outro lado, não faltou dinheiro para os empresários do ônibus e empreiteiras. Em nova parceria com o governador Beto Richa, investigado na Operação Quadro Negro que apura desvios de recursos públicos na educação, Greca aumentou a passagem do ônibus em 15% e a tarifa técnica, além de retirar da justiça ações que questionam o cartel e outras irregularidae des. á Para a vereadora Josete (PT), - Greca fez um governo autoritário e - voltado ao empresariado. “Os grana des contratos têm sido renovados acima da inflação. Risotolândia teve - um acréscimo de 14,58% no perío- do aproximado de um ano, a passal gem do transporte coletivo teve um - acréscimo de 12,12%”, compara. A s Assistência social atacada A - assistência social também foi du- rante atacada em Curitiba. Duranm te a campanha eleitoral, Greca diso se que havia vomitado com o cheiro de um “mendigo”. Assim que as-

IPTU

para 4% Reajuste imóveis

7%

Reajuste para terrenos

ISS

2% Taxa mínima e cobrança de hospitais e planos de saúde

TAXA DO LIXO

50%

Passa a ser o valor da cobrança para aqueles que eram isentos com imóveis de até R$ 140 mil

ITBI Subiu de 2,4% para

2,7%

em valores até R$ 300 mil e acabou com o parcelamento

MULTA PICHAÇÃO

R$10 mil novo valor

EDUCAÇÃO Não contratou professoras para atender nos 12 novos CMEIs e tentou superlotar equipamentos

TRABALHADORES → Congelou salários → Aumentou desconto da previdência de 11% para 14% → Aumentou plano de saúde de 3,14% para 3,9% → Retirou auxílio para tratamento de doenças graves

ÔNIBUS SAÚDE

14,86%

→ Fechou a UPA Matriz → A UPA CIC foi fechada para reformas e não reaberta até dezembro

de reajuste. Passagem de ônibus passou de R$ 3,70 para R$ 4,25 e a tarifa técnica de R$ 3,7985 para R$ 4,0656

sumiu, ele lavou as calçadas do centro da cidade. Para Márcia Fruet, ex-presidente da FAS, “a retirada compulsória, a expulsão travestida de limpeza, é ação rasa de quem não tem estratégia”. Greca ainda fechou guardavolumes, não manteve ônibus que distribuía alimentos e mais recentemente fechou o condomínio social. A sua política para área é considerada higienista, como observa Leonildo José Monteiro Filho, coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR): “Temos alertado para possíveis genocídios contra população de rua em Curitiba. A cada dia ouvimos relatos de companheiros e companheiras assassinadas”, alerta. Cultura e mulheres Essas áreas foram tratadas com ira e deboche. Além de cancelar a Oficina de Música, foram feitos cortes no mecenato, no Fundo Municipal de Cultura e na Corrente Cultural. Para o fundador do Bloco Garibaldis e Sacis, Itaércio Rocha, a cultura nos bairros está abandonada. “Gente não gasta com cultura, a gente a promove. A cultura que não vai para os bairros ou não traz as pessoas dos bairros para o centro não possibilita a troca de afetos, que é indispensável para a boa saúde”, explica. Com relação às mulheres, Greca deu papel secundário ao fechar a secretaria e dizer que “as mulheres serão amadas, e não se falará em empoderamento das mulheres”. Para Maria Aparecida Martins Santos, coordenadora de mulheres do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc), é preciso garantir recursos, dotação orçamentária para a criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres. “O prefeito fala em criação de um grupo de estudos para encaminhamentos das propostas sobre a questão da mulher, mas não fez o mesmo quando decidiu encher a cidade de asfalto”, conclui.


6 | Lava Jato

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Paraná, 21 a 27 de dezembro de 2017

Paraná, 21 a 27 de dezembro de 2017

7 | Lava Jato

RETROSPECTIVA Como os golpistas trataram a Lava Jato em 2017 (e vice-versa) Síntese dos acontecimentos, mês a mês, evidencia partidarização do Judiciário e tentativas de “estancar a sangria”

JANEIRO - Relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki encaminha análise dos documentos da delação premiada da empreiteira Odebrecht. - Polícia Federal (PF) deflagra a operação Cui Bono, para investigar fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal. - Teori Zavascki morre em queda de avião no litoral do Rio de Janeiro. Justiça decreta sigilo nas investigações sobre a causa do acidente. Não há conclusões sobre o caso. FEVEREIRO - Ministro Luiz Edson Fachin assume a relatoria da Lava Jato e autoriza inquérito para investigar Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney, três dos políticos mais influentes do PMDB, por obstrução de justiça. - Michel Temer (PMDB) escolhe Alexandre de Moraes, então ministro da Justiça filiado ao PSDB, para ocupar vaga de Zavascki no Supremom Tribunal Federal.

MARÇO - Chefe da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol afirma em entrevista ao jornalista Ricardo Boechat, da TV Bandeirantes, que o PSDB está fora do raio de atuação da Lava Jato nas investigações sobre a Petrobras. - Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) posta vídeo nas redes sociais para enaltecer a operação Lava Jato: “Agora, nós temos justiça no Brasil”. - Fachin recebe da ProcuradoriaGeral da República (PGR) 83 pedidos de abertura de inquérito contra políticos com foro privilegiado. ABRIL - Réu na Lava Jato, ex-presidente Lula (PT) assume a intenção de se candidatar à Presidência da República em 2018, sete anos após deixar o cargo. - Dallagnol lança livro “A luta contra a corrupção”, em que comenta os desafios da Lava Jato e menciona a importância do apoio da mídia às investigações. - A partir dos pedidos encami-

MAIO - Senador Aécio Neves (PSDB) é afastado pelo STF após gravação em que negocia pagamento de propina com Joesley Batista, da empresa JBS, para pagamento de sua defesa na Lava Jato. Aécio retorna ao cargo em junho, é afastado novamente em setembro, e autorizado pelo Senado a retomar o mandato no mês seguinte. - Vazamento de conversa entre Joesley e Temer no Palácio do Jaburu indica cumplicidade do presidente golpista com o empresário da JBS, investigado na Lava Jato. Áudio entregue à PF mostra que Temer estava ciente da utilização de métodos de obstrução da justiça, que poderiam ajudá-lo a se manter no cargo. - Após a deflagração da operação

dulas apreendidas. - Lançamento do filme “Polícia Federal: a Lei é Para Todos”, que se propõe a narrar os bastidores da operação Lava Jato. Criticado por espetacularizar o trabalho da Justiça e da PF, longa-metragem é um fracasso de bilheteria.

RicardoStuckert

udanças no comando da operação. Esforços para vetar a candidatura do ex-presidente Lula (PT). Violações de direitos e novas evidências de partidarização nos tribunais. Para entender as relações entre política e Judiciário nos últimos doze meses, é necessário relembrar como a Lava Jato tratou os golpistas, e vice-versa. O ano teve mais derrotas do que vitórias para a operação. Enquanto a economia desmoronava e o pré-sal era fatiado entre investidores estrangeiros, a força-tarefa foi enfraquecida pela base do governo Michel Temer (PMDB), cada vez mais determinada a “estancar a sangria”. Apoiadores do impeachment, Rodrigo Rocha Loures (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) passaram maus bocados nesse período, mas terminam 2017 no conforto de seus lares. No momento em que a Lava Jato mais precisou de apoio, as ruas estavam vazias. Os acontecimentos apresentados a seguir, em forma de retrospectiva, demonstram que a operação respira por aparelhos. Os mesmos atores políticos que haviam se beneficiado das denúncias de corrupção, no ano anterior, tentaram barrar novas acusações ou frear investigações. Mês a mês, foram desmascarados os motivos por trás da ofensiva contra o governo Dilma Rousseff (PT). Para 2018, a possibilidade de inviabilizar a carreira política de Lula se mantém como o único ponto de convergência entre a Lava Jato e os golpistas.

Carne Fraca, Osmar Serraglio deixa o Ministério da Justiça e dá lugar a Torquato Jardim. Escolha de Temer é criticada por parlamentares da oposição e pela Federação Nacional dos Policiais Federais, que alertam para ataques à Lava Jato. - Lula fica frente a frente com o juiz Sérgio Moro pela primeira vez, para depoimento sobre o chamado “caso triplex”, em Curitiba. Ao final do encontro, o petista é recebido por 10 mil apoiadores na praça Santos Andrade.

OUTUBRO - Fachin arquiva inquérito contra Calheiros, Jucá e Sarney, e passa a ser criticado por setores que haviam defendido sua nomeação ao STF – não só por “aliviar a barra” de aliados do governo Temer, mas por manter violações de direitos no conjunto da operação. - Câmara Federal barra segunda denúncia contra Temer, por obstrução de justiça e organização criminosa. Nos dois casos, o presidente golpista distribuiu emendas entre os parlamentares para garantir apoio. Soma dos investimentos para “estancar a sangria” chega a R$ 12 bilhões. - Reitor da Universidade Federal

JUNHO - Deputado pelo Paraná e ex-assessor especial de Temer, Rodrigo da Rocha Loures (PMDB) é preso após flagrante com mala de R$ 500 mil. O dinheiro seria referente a propina, paga pela empresa JBS. - Michel Temer é denunciado por corrupção e se torna o primeiro presidente a responder por crime durante o exercício do mandato.

JULHO - Fim do grupo exclusivo da PF para casos referentes à operação Lava Jato, em Curitiba. Procuradores que atuam no caso afirmam que a decisão é um retrocesso. - Temer ignora o nome mais votado pela lista tríplice e nomeia Raquel Dodge para o lugar de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República (PGR). - Sérgio Moro condena Lula em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no “caso triplex”. Sentença é criticada por juristas por falta de provas. - Advogados de Lula protocolam petição no Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça, para denunciar “arbitrariedades praticadas pelo juiz Sérgio Moro contra Lula, seus familiares, colaboradores e advogados”.

- Rodrigo da Rocha Loures é solto pela PF, após determinação de Fachin, e volta a viver em condomínio de luxo no Lago Sul, em Brasília. AGOSTO - Congresso Nacional barra prosseguimento da primeira denúncia contra Temer por corrupção. - Em Curitiba, Tribunal Popular “condena” Lava Jato por violações e arbitrariedades cometidas desde 2014. Julgamento simbólico tem caráter formativo, de debate sobre os riscos que a operação impõe à democracia. SETEMBRO - PF encontra mala com R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, Bahia, que seria destinado a Geddel Vieira Lima (PMDB), ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer. Três meses depois, perícia encontra impressões digitais de Geddel nas cé-

Agência Brasil

M

nhados pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, Fachin manda investigar 39 deputados, 24 senadores, 8 ministros e três governadores.

Marcelo Camargo | Agência Brasil

Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)

de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier comete suicídio após prisão arbitrária e sem provas na operação Ouvidos Moucos. Quem estava à frente do caso era Érika Marena, exdelegada da Lava Jato. NOVEMBRO - Temer substitui Leandro Daiello por Fernando Segóvia no comando da PF. O novo chefe da corporação era o nome preferido de José Sarney e dos demais “caciques” do PMDB, articuladores do golpe de 2016 e investigados na Lava Jato. DEZEMBRO - Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável pela sentença em segunda instância no “caso triplex”, anuncia julgamento de Lula para o dia 24 de janeiro de 2018, em Porto Alegre. O trâmite deste processo, que pode inviabilizar a candidatura do petista à Presidência, chama a atenção por ser mais rápida que a média do tribunal durante a Lava Jato.


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Terceiro reassentamento de atingidos por barragens do Brasil completa 25 anos em Mangueirinha Conquista foi reconhecida pela empresa em documento que é referência nacional para atingidos MAB/PR

Júlia Rohden, Curitiba (PR)

U

m bolo de 25 metros foi o símbolo da comemoração do aniversário da comunidade Itá 1, no município de Mangueirinha. Cada metro representa um ano do segundo reassentamento dos atingidos por barragens no Paraná. A conquista das famílias atingidas pela Usina Hidrelétrica Itá, localizada na bacia do Rio Uruguai, divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também foi um dos embriões do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). De acordo com a dissertação de mestrado de Idiane Radaelli, da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí), o reassentamento de Itá 1 foi o terceiro do Brasil. As outras 824 famílias, também atingidas pela usina, foram realocadas em oito municípios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Silvana Tubin tinha cinco anos e morava em Concórdia, interior catarinense, quando precisou mudar de cidade com os pais e os quatro irmãos. “Uma imagem que guardo de quando era criança é da nossa casa sendo queimada na minha frente e nós dentro do ônibus e nossos pais terminando de carregar a mudança para ir para Mangueirinha”, conta. Ela também é integrante do MAB e critica o descaso e violência das empresas. “Eles [da Eletrosul] não se importavam com o que as crianças iam ver,

Cerca de 600 pessoas participaram da festa da comunidade de Itá 1, no município de Mangueirinha

simplesmente iam tacando fogo, destruindo as casas”, lembra. Depois da perda, as famílias construíram suas novas casas em Mangueirinha, em processo de mutirão. Rodrigo Zancanaro, da coordenação do MAB, destaca o processo coletivo e a autogestão na construção do reassentamento. “Foram as próprias famílias que construíram as casas. Não foi a empreJulia Rodhen

sa ‘dando’ a casa e a pessoa sendo obrigada a aceitar aquele formato”. Ele também destaca a importância para a saúde mental, como uma forma de criar um novo pertencimento nas famílias que foram retiradas dos seus lugares de origem. Ausência de políticas públicas Além dos 25 anos de reassentamento, também foram celebrados os 30 anos do acordo assinado entre a Eletrosul e os moradores, na época representados pelo Comissão Regional dos Atingidos por Barragens (CRAB). Em outubro de 1987, o documento assegurou que nenhuma obra seria realizada “dentro dos rios sem prévia indenização ou reassentamento dos atingidos”. O acordo é referência nacional para outras famílias atingidas por barragens, já que não existe uma política pública para estes casos. Zancanaro critica o Estado por não estabelecer quais os compromissos que as em-

presas que constroem hidrelétricas devem ter com a população local. “Até hoje quem determina o direito da família atingida é a empresa, ou seja, a empresa constrói usina, expropria terras, gera milhões de riqueza para si e diz qual será a reparação da família”, afirma. Para ele, a reivindicação coletiva é fator decisivo para que haja reparação. Novas usinas no Paraná De acordo com o levantamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Atingidos por Barragens, coordenada pelo deputado estadual Tadeu Veneri (PT), o Paraná possui o segundo maior parque de geração de energia hidrelétrica do Brasil, atrás apenas de São Paulo, e mais de vinta usinas construídas. O MAB estima cerca de duas mil famílias reassentadas no Paraná e alerta que o número de atingidos por barragens pode aumentar

muito nos próximos anos pela quantidade de novas hidrelétricas. “Só na bacia do rio Chopim, por exemplo, tem doze projetos de barragem”, informa Rodrigo Zancanaro.

“A empresa constrói usina, expropria terras, gera milhões de riqueza para si e diz qual será a reparação da família” O movimento levantou dados de outros 16 projetos na bacia do rio Piquiri, 20 na bacia do Rio Ivaí, 8 na bacia do rio Ribeira, 6 na bacia do rio Iratim e 5 na bacia do rio Tibagi, além de outras construções em pequenos rios do Paraná.


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Os doze meses que abalaram o Brasil Ano de 2017 será lembrado pelos retrocessos sociais comandados pelo governo Temer Com a reforma, as negociações entre trabalhadores e empresas se Brasília (DF) sobrepõem à própria legislação trabalhista, e surge uma nova modaomo numa volta ao seu pior pas- lidade de contratação: o chamado sado, o Brasil termina 2017 com a trabalho intermitente, feito por jorsensação de ter perdido várias déca- nada ou hora de serviço. Nesse tipo de contrato, o trabadas em apenas um ano. lhador fica à dispoO governo golpista de Reforma sição do patrão, mas Michel Temer (PMDB), trabalhista do só recebe se e quancom reprovação de 77% da população, segundo governo Temer do for convocado para o serviço. o Ibope, patrocinou meretira direitos Reforma da didas que aprofundaram Previdência as desigualdades sociais da população O governo e retiraram o protago- mais pobre Temer investiu denismo do país no cenário zenas de milhões de internacional. reais em propaganO Brasil de Fato enumerou alguns dos retrocessos e os da para tentar a convencer a popuesforços, ainda em curso, para reti- lação a aprovar a reforma da Previdência, mas a votação da medida rada de direitos da população. no Congresso ficou para fevereiro Orçamento congelado Em de 2018. Se for aprovada, a reforma vai 2017, começou a vigorar a chamada Emenda Constitucional do “teto atingir 45 milhões de pessoas, espedos gatos públicos”, conhecida co- cialmente os mais pobres, que terão mo “PEC do fim do mundo”. O ape- que contribuir por até 40 anos para lido não é por acaso. A medida limi- receber o valor integral da aposentou o crescimento dos gastos à infla- tadoria. A idade mínima será fixada ção do ano anterior, e ignora que a em 65 anos para homens e 62 para inflação de setores específicos, co- as mulheres, embora a expectativa mo saúde e educação, seja superior à média geral. Na prática, os gastos públicos serão congelados por 20 anos. Ficam de fora desse limite as chamadas despesas financeiras, que incluem o pagamento de juros da dívida pública – que beneficia diretamente os banqueiros –, além dos gastos com eleições, transferências aos estados e municípios e créditos extraordinários. Pedro Rafael Vilela,

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Reforma trabalhista Em julho, foi aprovada a reforma trabalhista, apresentada pelo governo Temer. Considerada o maior desmonte de direitos e garantias trabalhistas, ela permite o aumento da jornada diária de trabalho, redução de salários, parcelamento de férias e enfraquecimento dos sindicatos.

Aprovação da reforma trabalhista foi considerada a “morte da CLT”

Cortes em programas sociais Um levantamento realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) em parceria com a OxEntrega do pré-sal Em novemfam Brasil e o Centro para os Dibro, Temer sancionou a lei que desreitos Econômicos e Sociais revetrói o sistema de partilha das rela uma queda de até 83% em polítiservas de petróleo na camada précas públicas para sal, descobertas pela Pea área social. Setrobras. O pré-sal tinha PEC corta gundo o estudo, uma lei de exploração investimentos em a área que mais diferenciada, que dava à estatal o comando do saúde e educação, perdeu recursos desde 2014 foi a consórcio de exploração mas não limita de direitos da jue estabelecia cotas para ventude, com compras de equipamen- pagamento da queda de 83% nos tos e serviços no Bra- dívida pública investimentos. sil, como forma de gerar Em segundo luempregos e desenvolver gar, vêm os gastos a cadeia produtiva do com programas voltados à seguranpetróleo. ça alimentar, reduzidos em 76%. Com a mudança na lei, a PetroNo ensino superior, o governo bras deixa de ser operadora dos Temer acabou com o programa de consórcios e as reservas poderão concessão de bolsas Ciência Sem ser exploradas por petroleiras esFronteiras e limitou os gastos de trangeiras. A medida reduz o lucro custeio das universidades federais. do país com os royalties do petróA verba do programa de combaleo, que seriam destinados a edute à seca no semiárido foi reduzida cação. Além disso, o governo acaba em 92%, o que ameaça inviabilizar de aprovar uma Medida Provisória a construção de cisternas nas zonas que estabelece isenção de impostos rurais do Nordeste e norte de Minas às petroleiras estrangeiras de até R$ Gerais. 1 trilhão em 30 anos. de vida em alguns estados seja inferior a 65 anos.

J. Macedo | Câmara dos Deputados


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DISTRAÍDOS CANTAREMOS Ricardo Prestes Pazello*

Maé vive nas rodas de samba de Curitiba 2017 termina e faz relembrar os boli. O Paraná ganhava o Festival de 5 anos da partida de Maé da Cuíca, Novos Compositores da Mangueira o maior sambista do Paraná. O fim de 1977! do ano e a morte de Maé, porém, Entre 1945 e 2012, o samba paranão prenunciam o fim do samba naense nasceu, cresceu e hoje dá coem Curitiba. Ao contrário. Semente loridos frutos. Na verdade, o nosso plantada, samba curitibano florido. samba surge pobre, operário e periIsmael Cordeiro é reverenciado férico. Maé era filho de ferroviário e por ter sido o fundador da primei- saiu de Ponta Grossa, onde nasceu, ra escola de samba para morar, ainda piá, na do estado (a Colo- Em tempos vila dos trabalhadores da rado), compositor Rede, a Vila Tassi (na rede mão cheia e ain- de festa de gião do viaduto do Cada um dos melho- fim de ano, o panema). Lá ele chegou res ritmistas que melhor mesmo a cantar: “A semente que por aqui já se viu. eu plantei demorou mas Além de cuíca, re- é refazer nossas germinou e o seu fruto gia com maestria referências muito sambista alimenseus batuqueiros, tou”. o que o levou a ser De fato, a sentença reconhecido em plena Mangueira do sambista – que hoje teria 90 anos de Cartola, Carlos Cachaça e Nel- – não podia estar mais certa. Hoje, son Cavaquinho. Como mestre de 5 anos depois de se despedir desse bateria, levou à vitória um samba mundo, num dia 21 de dezembro, sua de Cláudio Ribeiro e Homero Re- marca se faz sentir nos grupos e rodas

de samba de Curitiba. A cidade cresceu e seu povo exige cultura, fazendo -a. A expressão popular do samba se enraíza, a partir do legado de Maé, no resgate do Samba do Compositor Paranaense, nas pesquisas do Samba do Sindicatis e da Roda de Samba Maria Navalha (esta dedicada integralmente a compositoras mulheres), na releitura política do Samba da Resistência e na homenagem carnavalesca (à Colorado) do Bloco de Samba Boca Negra, dentre muitas outras iniciativas. O Paraná é Brasil e, assim sendo, uma das marcas de nossa cultura é o samba. Em tempos de festa de fim de ano, o melhor mesmo é refazer nos-

sas referências. Quem sabe, um dia, ouvimos pelas ruas o povo assobiando a Vila Tassi de Maé! Distraídos cantaremos!

Para ficar por dentro → CD com sambas e depoimentos de Maé da Cuíca, acompanhando o livro “Colorado: a primeira escola de samba de Curitiba” (2009), de João Carlos de Freitas. → Documentário “Maé da Cuíca, Vila Tássi e a Bateria Boca Negra” (2014), de Nivaldo Lopes e Eduardo Prante.

AGENDA CULTURAL

O tempo dos sonhos: arte aborígene contemporânea da Austrália O quê: Com um acervo de mais de 70 obras entre pinturas, esculturas, litografias e bark paintings (pinturas em entrecasca de eucalipto), a mostra apresenta a expressão artística e as narrativas da cultura aborígene. A seleção abrange obras desde a década de 1970, período em que a Austrália deu início a políticas de valorização e resgate dessas comunidades, e de um movimento em prol da difusão de sua rica e diversificada arte. Quando: até 7 de janeiro de 2018, de terça a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h. Bilheteria: (41) 2118-5111. Onde: Galeria Mezanino e Térreo, Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro. Quanto: Entrada gratuita.

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Brasil de Fato PR

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Confira a programação de fim de ano nos principais museus de Curitiba

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Redação, Curitiba (PR)

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uem for passar as datas festivas de final de ano em Curitiba terá muitas exposições e mostras para visitar. Os Museus estarão fechados nos dias 25 e dezembro e 1º de janeiro, mas funcionam em horários especiais nos demais dias da semana. Confira a programação nos cinco principais museus da capital: Museu Oscar Niemeyer Mostras “Não está claro até que a noite caia”, “Corpos de Fábrica - Ana Norogrando”, “Vestidos em Arte – Os nus dos acervos públicos de Curitiba”, “Luz = Matéria”, “Antologia poética – Adolfo Montejo Navas”, “Bienal de Curitiba 2017” e “Nomos – Laura Miranda”. Onde: Rua Marechal Hermes, 999. Contato: (41) 3350-4400. Museu de Arte Contemporânea do Paraná “Anos 60/70: Um panorama”, com curadoria de Ronald Simon, e “Bicicleta”, uma mostra que homenageia os 40 anos de carreira do fotógrafo Eduardo Nascimento e conta com aproximadamente 30 fotografias cuja presença da bicicleta é constante. Onde: Rua Desembargador Westphalen, 16, Centro. Contato: (41) 3323-5328 Museu da Imagem e do Som do Paraná Mostra “Todas as pontas do Lápis”, que homenageia o cantor e compositor paranaense de samba,

AGENDA CULTURAL

Mostra Filmes Japoneses O quê: A mostra comemora os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Serão exibidos três filmes, todos com áudio original em japonês e legenda em português. Uma ótima oportunidade para os amantes do cinema conhecerem diversas facetas do país do sol nascente. A ação é realizada pelo Consulado Geral do Japão em Curitiba, Fundação Japão e Associação Cultural e Beneficente NipoBrasileira de Curitiba. Quando: de 18 a 20 de janeiro de 2018. Onde: Cinemateca de Curitiba, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco, Curitiba. Quanto: Entrada gratuita.

Palminor Rodrigues Ferreira. Onde: Rua Barão do Rio Branco, 395, Centro. Contato: (41) 3232-9113. Museu Alfredo Andersen Exposição das obras de Faisal Iskandar, Sergio Adriano H e Vilma Slomp, que integram a Bienal Internacional de Curitiba com a exposição “Arte e Vida”. A mostra “Semana Andersen” com telas, desenhos, objetos e uma reprodução do ateliê de Alfredo Andersen, artista que dá nome ao museu. E ainda a instalação “Movimento sobre rodas”, de César Ferreira, e a exposição “Reformulações”, da artista Adriana Córdova. Onde: Rua Mateus Leme, 336, bairro São Francisco. Contato: (41) 32228262 Museu Paranaense Exposições “Mestre Maé da Cuíca: Carnaval, Samba e Futebol” e “Porque o mundo nunca deve perder o seu afeto”, da Bienal de Curitiba. Além das exposições históricas: “Imigração no Paraná”, “A cidade e suas ruas: retratos dos personagens de Curitiba”, “Igrejas Ucranianas no Paraná”, “Memorial à Indústria da Erva-Mate”, “Moedas Romanas”, entre outras. Onde: Rua Kellers, 289, bairro São Francisco. Contato: (41) 3304-3300.

Para ficar por dentro Para saber os horários de funcionamento em cada museu, acesse www.cultura.pr.gov.br

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PALAVRA CRUZADA


12 | Esportes

Brasil de Fato PR

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Wiedergeboren werden Por Cesar Caldas Em 1909, um grupo de descendentes de alemães fundou o clube que se tornaria o mais tradicional e vencedor do esporte paranaense e o que acumula mais vitórias consecutivas no continente. No fatídico 6 de dezembro de 2009, os adversários viram no alviverde um clube alquebrado, com poucos sócios, o estádio destruído, rebaixado à Segunda Divisão, afundado em dívidas e punido pela Justiça Desportiva. Assustaram-se, porém, com seu imediato ressurgimento: em oito anos, vieram seis títulos, duas finais de Copa do Brasil, a conclusão do estádio e a reestruturação financeira. O que virá a partir de 2018, após o tropeço deste ano, há de ser outra demonstração da contínua capacidade de reinvenção do maior clube do Estado. Um “wiedergeboren werden” – em bom português, nascer de novo. Vai, Coritiba!

Página virada Por Marcio Mittelbach A maior parte do elenco que conquistou o Acesso em 2017 bateu asas, e ninguém tem culpa disso. A realidade do Paraná quando montou o time do ano passado era muito diferente da de agora. Naquela época não havia como estabelecer contratos melhores, não havia perspectiva. Sem amarras contratuais ao final da série B, era natural que os profissionais buscassem surfar na boa temporada que fizeram em outras praças. O que importa é de agora em diante. Hoje entramos nas negociações com outro patamar. Além de uma renda de TV três vezes maior, o tricolor agora tem sua situação financeira organizada. Por meio do chamado ato trabalhista, ficou acertado que 20% de tudo o que o Paraná arrecadar irá para pagar passivos até que a dívida de R$ 42 milhões seja quitada. Com todo respeito aos atletas que nos levaram à primeira divisão, pra frente é que se olha!

Queremos títulos Por Roger Pereira O ano de 2017 passou em branco. Fomos, sem dúvida o melhor time paranaense no cenário nacional e internacional: o com melhor classificação no Brasileirão, o que foi mais longe na Copa do Brasil, e o que representou o estado na Libertadores da América, passando por duas fases preliminares e pela fase de grupos, eliminando o todo poderoso Flamengo. Mas, mais uma vez, nada de títulos. A campanha irregular no Brasileirão também deixou o time de fora da Libertadores. O calendário de 2018 tem, apenas, estadual, Brasileiro, Copa do Brasil e Sulamenricana. Uma classificação para uma fase preliminar da Libertadores, com início já em janeiro, seria a deixa perfeita para o clube repetir a estratégia de desprestigiar o Campeonato Paranaense colocando em campo uma equipe alternativa. Sem a vaga, não há motivos para o Atlético abrir mão do título mais fácil de se alcançar no ano e voltar a ser campeão de qualquer coisa. Uma boa campanha nas competições nacionais anima sim o torcedor, mas um clube vive de títulos. Força máxima no Paranaense!

São Silvestre terá retorno de um “craque” das pistas Divulgação | Rio2007

Redação, Curitiba (PR)

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ampeão da Corrida Internacional de São Silvestre em 2006, o mineiro Franck Caldeira de Almeida, de 34 anos, confirmou presença na próxima edição da prova, após sete anos de ausência. O evento ocorre em São Paulo no dia 31 de dezembro, e é considerado o mais popular do atletismo brasileiro: além dos profissionais, costumam participar atletas amadores, que correm para pagar promessas ou festejar o final do ano. Com 15 km de percurso, a São Silvestre é disputada desde 1925. Durante o período de afastamento, Caldeira dedicou-se às maratonas – corridas de 42 km. Vencedor da prova no Pan-Americano de 2007, ele foi o 13º colocado nessa modalidade

Atleta mineiro foi campeão da maratona no PanAmericano de 2007

nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, mas não se classificou para a Rio-2016. Ao retornar à prova que o revelou para o esporte, o atleta espera quebrar um jejum de seis anos sem vitórias brasileiras. O úl-

timo a receber a medalha de ouro foi Marilson dos Santos em 2010. Na prova feminina, o tabu é ainda mais duradouro: a vitória mais recente do Brasil foi conquistada por Lucélia Peres, em 2006.

Ídolo do Coxa, Tcheco assume como auxiliar técnico em 2018 Redação, Curitiba (PR) A diretoria do Coritiba anunciou nesta quarta-feira (20) o retorno do ex-jogador Tcheco, de 41 anos, para atuar como auxiliar técnico no ano que vem. Considerado um dos ídolos da história recente do clube, ele volta ao Couto Pereira com o respaldo de ter participado da campanha que levou o rival Paraná Clube de volta à Sé-

Como jogador, em 2010, ele ajudou o Coritiba a voltar à Série A rie A no mês passado, como auxiliar do treinador Matheus Costa. Em entrevista coletiva, Tcheco confirmou que espera repetir o feito pelo Coxa em 2018,

mas reconheceu a dificuldade do desafio. Como jogador, em 2010, o então meiocampista ajudou o alviverde a conquistar uma vaga na elite do futebol brasileiro, aos 35 anos, e pendurou a chuteira em 2012 após o vicecampeonato da Copa do Brasil. Em 2013, ele assumiu o comando técnico do time de forma interina, nas últimas três rodadas, e evitou o rebaixamento com duas vitórias e um empate.


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