Gibran Mendes
Pixabay
Cidades | p. 4
Esportes | p. 12
Feliz aniversário!
Novidades no Brasileirão
Jornal Brasil de Fato Paraná comemora dois anos de distribuição gratuita
Grama sintética é liberada e árbitro de vídeo é dispensado
PARANÁ
8 a 14 de fevereiro de 2018
distribuição gratuita Juliano Vieira
Ano 3 | Edição 68
CURITIBA TEM CARNAVAL SIM! Afro Pretinhosidade e Saí do Armário e Me Dei Bem são exemplos de blocos que trazem a igualdade e diversidade para as ruas da capital. Confira a programação
Cultura | p. 11
AUXÍLIO-MORADIA DE SERGIO MORO SUPERA SALÁRIO DE 92% DOS BRASILEIROS Moro recebe o auxílio mesmo tendo residência própria em Curitiba. Em um único mês, o Estado brasileiro gastou mais de R$ 60 milhões com estes privilégios Opinião e Brasil | p. 2 e 8
Cidades | p. 5
Terceirização de UPA Moradores da CIC protestam pela reabertura de UPA. Greca quer gestão terceirizada
Lava Jato | p. 6 e 7
Condenação sem provas Deivison Souza Stay Flow Fotografía & Vídeo
Confira os bastidores do julgamento e manifestações em apoio ao ex-presidente Lula, em Porto Alegre
2 | Opinião
EDITORIAL
Brasil de Fato PR
Paraná, 8 a 14 de fevereiro de 2018
Os juízes e a classe dominante
OPINIÃO
Lula Marques | Agência PT
Fernando Prioste,
advogado popular da organização Terra de Direitos
H
U
rou desemprego nos ramos naval e ma das polêmicas do começo petrolífero. de 2018 se refere à revolta conTambém vemos um Judiciátra os privilégios do Poder Judiciário atuando politicamente, precirio. Primeiro, pelo egoísmo dos juípitando-se ao condenar em segunzes em receber auxílio-moradia de da instância o ex-presidente Lula R$ 4.377,73 mil, valor que supera o (PT), sem apresentação de provas salário de 92% dos brasileiros. E juímateriais, bazes da Operação Lava seado em supoJato, caso de Sérgio sições, sendo seNa verdade, Moro, Deltan Dallagletivo e parcial, o nol, Marcelo Bretas e a questão é que desestabiliesposa, recebem esse perceber o Poder za a democracia adicional mesmo brasileira. tendo residência próJudiciário a pria na cidade onde serviço da elite Dois anos trabalham. dominante, na rua A questão prinO jornal Brasil de cipal é perceber o tomando decisões Fato Paraná comPoder Judiciário a contrárias ao povo pletou dois anos serviço da elite domino dia 4, presente nante, tomando denas ruas de 26 cicisões contrárias ao dades do Paraná às quintas-feiras, povo. Isso ocorre no caso de um de forma gratuita. Seguiremos semdespejo forçado; em uma sentenpre em defesa dos direitos dos traça contrária a uma greve; ou numa balhadores. operação como a Lava Jato, que ge-
20 anos de um assassinato que se repete muitas vezes
á 20 anos, em Marilena, interior do Paraná, uma organização criminosa de fazendeiros realizou um despejo violento ilegal contra integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que ocupavam a Fazenda Boa Sorte, que já estava em processo de destinação para reforma agrária. Às 6h30 do dia 7 de fevereiro de 1998, pistoleiros armados, sob o comando da União Democrática Ruralista (UDR), chegaram no acampamento em que viviam 300 famílias. Sob tiros, agressões e insultos, os acampados foram arrancados de barracos de lona e obrigados a deitarem no chão, com o rosto virado para baixo, pois seriam colocados em caminhões de gado e despejados em cidades vizinhas. Sebastião Camargo era um dos integrantes do MST, com 60 anos, cinco filhos, esposa, uma vida de trabalho no campo e o sonho de conquistar a terra. Tinha problemas na coluna e não conseguia permanecer com a cabeça abaixada. Temendo ser reconhecido, e com a ira daqueles que não querem a repartição da terra, o então presidente da UDR do Paraná assassinou Sebastião com um tiro de escopeta calibre 12, na cabeça. Sebastião não conquistou o sonho, mas seus companheiros deram seu nome ao assentamento criado nas terras em que seu sangue foi derramado. A viú-
va, Dona Alzerinda, teve a sorte de escapar dos tiros e criar os filhos em terras conquistadas com a luta. Os pistoleiros Osnir Sanches e Augusto Barbosa, assim como então dono da Fazenda, Teissin Tina, e o presidente da URD, Marcos Prochet, foram condenados. Outro integrante da UDR, Tarcísio Barbosa, ainda será julgado. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos afirmou que houve graves violações de direitos humanos, e fez recomendações ao Estado brasileiro para a não repetição do fato. Infelizmente a morte de Sebastião se repetiu muitas vezes nestes vinte anos - poucas foram as situações em que o assentamento surgiu e os poderosos foram condenados. Ainda há muito que fazer para construir uma sociedade justa. Arquivo pessoal
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 68 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz e Julia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO Fernando Prioste e Julio Carignano ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia R. Bianchini e Priscila Murr FOTOGRAFIA Deivison Souza ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
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FRASE DA SEMANA
NOSSO DIREITO
“Acho que as pessoas têm que aproveitar o Carnaval de rua para se divertir sem violência, sem se alterar, com paz, sem segregar qualquer tipo de pessoa, qualquer tipo de raça. Abraçar as pessoas”,
Mariana Auler*
disse a musa trans do carnaval carioca, a transgênero Kamilla Carvalho.
Nota mil Beatriz Albino Servilha, de 19 anos, é ex-aluna de escola pública e tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com a nota máxima, a jovem vai estudar medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela é uma das 53 pessoas que tiraram nota mil na redação do Enem. Beatriz é filha do pedreiro Junior e da telefonista Renata. “Filha de pobre também pode ser médica” disse para O Globo. Anvisa
Site Sambarazzo
Movimentos iniciam atividades para o Congresso do Povo Iniciativa da Frente Brasil Popular tem como objetivo dialogar com brasileiros de todos os estados Fernando Frazão | Agência Brasil
Redação | São Paulo (SP)
Febre amarela O Brasil tem 353 casos confirmados e 98 mortes por febre amarela. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (7), em boletim do Ministério da Saúde. Os números representam um aumento de 66% em comparação com o balanço divulgado na última semana. Outros 423 casos suspeitos estão sob investigação. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados com maior incidência da doença, respectivamente.
3 | Geral
A Frente Brasil Popular, entidade que reúne movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos, lançou no início de fevereiro um cronograma de atividades que desembocará no Congresso do Povo. Os primeiros congressos estaduais devem acontecer até março e o objetivo é dialogar com os brasileiros sobre a situação política, ouvindo os moradores de todo o país. A atividade nacional está prevista para acontecer em julho, buscando a criação de um projeto baseado na soberania nacional, no respeito à democracia e no combate às desigualdades sociais. Eliane Martins, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos, explica que a construção
do Congresso do Povo é um passo importante para conversar sobre as conseqüências do golpe, o contexto em que acontecerão as eleições deste ano e a perseguição ao ex-presidente Lula. Os congressos estaduais serão baseados nos métodos de escuta ensinados pelo educador Paulo Freire.
Nalu Farias, integrante da Marcha Mundial de Mulheres, explica que o Congresso do Povo vai partir da realidade dos brasileiros. “Isso implica em um processo muito mais horizontal, que não segue a ideia que um fala e o outro escuta, mas que todos possamos falar e nos escutar”, conta.
Auxíliomoradia ou privilégio? Originalmente, o auxílio-moradia foi previsto para juízes em situação de transferência de cidade, pelo fato da mudança gerar gastos extraordinários. No entanto, há muito tempo, os tribunais estaduais vinham flexibilizando esse pagamento, estendendo o benefício para juízes que não se enquadravam nessa situação. A questão agigantou-se em 2014, quando ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, decidiu assegurar esse direito a todos os juízes federais. Em seguida, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou o auxílio para todos os magistrados brasileiros. Desde então, recebem o valor de até R$ 4.377,73 por mês. O “auxílio” - quatro vezes superior ao salário-mínimo - é somado aos altos salários da categoria, que, conforme o CNJ, tem remuneração média de R$ 47,7 mil por mês - muito superior ao teto constitucional que impõe um limite de R$ 33,7 mil ao pagamento de qualquer servidor público. Justifica-se que o pagamento do auxílio compensaria a falta de reajuste salarial. Apesar de ilegal, são os próprios juízes que julgam seus direitos ou privilégios.
*Mariana Auler é advogada do Instituto Democracia Popular
4 | Cidades
PERFIL
Muito mais do que leitores
Brasil de Fato Paraná completa dois anos com rede de distribuição formada por leitores e apoiadores Júlia Rohden | Curitiba (PR)
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ler, pessoas que nós não conhecíamos. Fiquei bem emocionada”, conta a educadora popular.
e mão em mão, o jornal Brasil de Na fábrica Marco Godinho é inteFato acabou de completar dois grante da direção do Sindicato dos anos: a edição número 1 do impresso Trabalhadores da Indústria Petroquícirculou nas ruas do Paraná no dia 4 mica (Sindiquímica) e também é um de fevereiro de 2016. São 20 mil exemleitor que ajuda a levar o jornal até ouplares distribuídos toda quinta-feira, tras pessoas. Ele carrega os de forma gratuita, em exemplares para a Fábrica Curitiba e em outros 25 “Já aconteceu de Fertilizantes Nitrogenamunicípios do interior de chegarmos dos (Fafen), em Araucária, do Paraná. com os jornais onde trabalha. “O pessoal Além da equipe de vai lendo no intervalo do distribuidores organie ter pessoas trabalho e comentando as zada pelo próprio joresperando notícias”, conta Godinho. nal, o impresso se espara ler” palha pela dedicação voluntária de leitores e Luzia Nunes Na rua A Federação dos Trabalhadores em Emapoiadores. Nas quinpresas de Crédito do Paratas pela manhã, Luzia ná (FETEC) também é responsável por Nunes e o marido Leonel buscam cerlevar o jornal à população. Nas esquica de 900 exemplares do jornal Brasil nas das ruas XV de Novembro e Monde Fato Paraná e distribuem em mersenhor Celso, no centro de Curitiba, cados e escolas da rede pública da reuma barraca fixa é ponto de distribuigião Sul de Curitiba. ção de cerca de 2 mil exemplares toda “Já aconteceu de chegarmos com semana. os jornais e ter pessoas esperando para
Curitibanos podem pedir isenção da taxa de coleta de lixo até sexta-feira Para ter a isenção, é necessário comprovar renda mensal de no máximo R$ 1.600 Redação, Curitiba (PR) Os moradores de Curitiba que não tem condições de pagar a taxa de coleta de lixo, cobrada junto com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), podem pedir a isenção até esta sexta-feira, dia 09. É necessário comprovar renda mensal de no máximo R$ 1.600 e possuir um imóvel no valor de até R$ 140 mil. O morador deve procurar uma Rua da Cidadania com RG, CPF, comprovante de renda e o talão do IPTU. A prefeitura também recomenda que o interessado leve uma descrição do imóvel. Assim, o pagamento da taxa de lixo fica suspenso por 30 a 40 dias, enquanto uma assistente social visita o imóvel para avaliar os critérios socioeconômicos da família e a prefeitura avalia o direito à isenção. As mudanças nas regras do IPTU e na taxa de coleta de lixo geraram críticas e polêmicas. Aprovada no ano passado, a nova re-
Fique por Dentro WhatsApp Receba notícias em texto e áudio pela lista de transmissão do WhatsApp, mande seu nome e a sua cidade para 41 98812-1895 Facebook Curta e compartilhe www.facebook.com/BDFPR/ Site Acesse notícias do Paraná e de todo o Brasil www.brasildefato.com.br
Chico Camargo | CMC
gra reajustou o imposto em 4% para imóveis com edificação e 7% para terrenos vazios, além de desvincular a taxa de lixo do imposto predial. Com a desvinculação da taxa, os donos dos imóveis residenciais passam a pagar R$ 275,40 e os não residenciais R$ 471,60. As famílias de baixa renda que tem isenção no IPTU e tem 50% de desconto na taxa de lixo também podem pedir a isenção total da taxa.
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5 | Cidades
Greca quer reabrir UPA com gestão terceirizada na CIC População protesta em frente à unidade de pronto atendimento parada há mais de um ano. Terceirização também é alvo de críticas Curitiba (PR)
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ocalizada na vila Barigui, zona sul de Curitiba, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) CIC está fechada para reforma desde o dia 10 de novembro de 2016, ainda na gestão de Gustavo Fruet. Agora, o prefeito Rafael Greca (PMN) sinaliza reabertura da unidade, mas sob o formato de gestão chamado de Organização Social (OS), considerado uma forma de terceirização. A possiblidade de aplicação de OS na gestão da saúde municipal foi aprovada em 2017 (9.226/1997) como item do pacote de ajuste fiscal, aprovado pela Câmara de Curitiba. A população da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), organizada em pelo menos três associações de moradores da região, coordenou o ato no dia 2 de fevereiro na frente da Unidade. Morado-
“A reabertura é um direito. Seguiremos lutando contra a terceirização, para a qualidade não ser inferior”
Pedro Carrano
Pedro Carrano,
Diego Batista, liderança da associação de moradores Sabará I
res apontam não suportar mais a demora na reabertura, o que pressiona outras unidades da região. O segundo ato está marcado para a próxima quintafeira (15), às 16h30, no mesmo local. A vereadora Josete (PT) foi a única parlamentar a parti-
cipar da atividade. Na avaliação dela, a prefeitura poderia retomar as atividades da UPA via contratação por concurso público. “Falta diálogo entre prefeitura e comunidade. A opção da prefeitura foi fazer um projeto de precarização do
PREFEITURA DERRUBA LIMINAR QUE SUSPENDE EDITAL
serviço público. Greca aponta economia e gasto de apenas R$ 1 milhão e 500 mil com a OS para gerir a UPA, mas aí temos salário mais baixo e atendimento precarizado”, critica. População quer reabertura, mas critica terceirização Diego Batista, liderança da associação de moradores Sabará I, colo-
ca que a reabertura é urgente, mas não resolverá a série de problemas locais, que envolvem também problemas no urbanismo. “A reabertura é um direito. Seguiremos lutando contra a terceirização, para a qualidade não ser inferior”, afirma. Criticando à demora durante a reforma que fechou a unidade, entidades como o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) ponderam que a reabertura não deveria acontecer com o formato jurídico de Organização Social. Seria a primeira experiência de terceirização na área da saúde, durante a gestão Greca. Com isso, o resultado é imprevisível. “Nós queremos reabertura sim, assim como queremos das unidades que estão fechadas, mas saúde não é jogo de acertos e erros, vai ser um (projeto) piloto para depois expandir na cidade, e as experiências não têm sido positivas”, denuncia Irene Rodrigues, da coordenação do sindicato. Pedro Carrano
A Prefeitura de Curitiba divulgou pouco antes do protesto, no dia 2 de fevereiro, que “retomou o processo de reabertura da UPA CIC depois de reverter na Justiça a liminar que havia suspendido o edital que convocava Organizações Sociais (OSs) para operar serviços de saúde”. O Judiciário justificou urgência e colocouse favorável ao novo modelo de gestão. Em 2017, ação civil pública havia sido movida pelo Ministério Público Estadual, após denúncia de vereadores da oposição e de setores do Conselho Municipal de Saúde, impedindo a retomada da UPA via formato terceirizado. Uma liminar do juiz Eduardo Louren-
ço Bana, da 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, havia apontado que a terceirização não demonstra “o esgotamento das disponibilidades de o Poder Público nas prestadoras de serviço habitual”. Qualidade no atendimento Irene Rodrigues aponta que terceirizar e tornar particular o atendimento em saúde em Curitiba não é condição para serviço de qualidade. “Reduzimos mortalidade materna e infantil e cárie para menos que a Organização Mundial de Saúde preconiza. Então, o que precisamos é ter atenção básica como prioridade da gestão”, aponta.
6 | Lava Jato
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Memórias de uma condenação sem provas: O julgamento de Lula em segunda instância no TRF4 Desembargadores de Porto Alegre condenaram o ex-presidente a 12 anos e um mês de prisão em regime fechado Sylvio Sirangelo | TRF4
Advogado Cristiano Zanin falou por menos de 20 minutos e não conseguiu impedir a condenação
Daniel Giovanaz, Porto Alegre (RS)
H
otel Sheraton, 4º andar, sala Assunção. Aos 71 anos, o advogado australiano Geoffrey Robertson, representante do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), descreve o assombro causado pela experiência vivida algumas horas antes: – Em uma corte de apelação, os três juízes deveriam escutar argumentos sobre uma primeira sentença – disse o australiano, durante uma coletiva de imprensa na noite de 24 de janeiro – Os desembargadores de hoje falaram por cinco horas, como se estivessem lendo um script! Eles tinham a decisão pronta antes de ouvir qualquer argumento. Das 8h30 às 17h, o repre-
sentante da ONU foi testemunha ocular da condenação do ex-presidente Lula em segunda instância na ação penal conhecida como “caso triplex”. Antecedentes As violações ao direito de defesa, que despertaram a indignação de Robertson, se tornaram rotina no Brasil desde 2014. Em fevereiro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a chamada operação Lava Jato para investigar pagamentos de propina e lavagem de dinheiro em órgãos públicos e empresas estatais. Com apoio da mídia comercial, abriu-se caminho para uma série de abusos: a banalização das prisões preventivas; as interceptações telefônicas ilegais; os acordos de delação com benefícios acima do previsto em lei; as conduções coercitivas
a denúncia do “caso triplex” sem intimação prévia. O golpe que se consolidou apresentada pelo Ministério com a posse de Michel Temer Público Federal (MPF). Mu(PMDB), em 2016, inaugu- nido de um relatório de 59 rou uma nova etapa da Lava páginas entregue pela PF, o Jato. As mudanças no Minis- procurador Deltan Dallagnol tério da Justiça, em cargos de afirmava que Lula cometeu os crimes de chefia na PF corrupção e da ProcuraA mesma corte passiva e ladoria-Geral vagem de dida República que condenou nheiro ao re(PGR) e a noLula reduziu ceber vanmeação de a pena de Léo tagens inaliados para devidas da o Supremo Pinheiro em dois empreiteira Tribunal Feterços OAS. deral (STF) Um aparimpediram tamento trique as denúncias contra Temer fossem plex no edifício Solaris, no Guarujá, litoral paulista, teadiante. O mesmo não se pode di- ria sido reservado e reformazer das investigações em que do sob a orientação da família do ex-presidente. Setenta Lula era o alvo. e três testemunhas foram ouVia Crucis Em 20 de setem- vidas em 23 audiências, e nebro de 2016, o juiz de primeira nhuma delas afirmou que o instância Sérgio Moro aceitou apartamento pertencia for-
malmente a Lula. Moro conseguiu comprovar apenas uma visita do ex -presidente ao imóvel Pesou contra Lula, no entanto, o depoimento de um co-réu: Léo Pinheiro, executivo da OAS. Condenado a 16 anos de prisão em agosto de 2015, ele prestou uma série de esclarecimentos ao MPF entre março e junho de 2016. Sempre que o assunto era o triplex, o empresário insistia que Lula era inocente. Conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo, essa postura fez com que o MPF “travasse” os acordos de delação premiada da OAS. A empreiteira tinha pressa de encaminhar um acordo de colaboração para que Pinheiro tivesse a chance de reduzir sua pena em até dois terços. Para isso, foi preciso mudar o conteúdo do depoimento e “encaixá-lo” na tese da acusação: em 20 de abril de 2017, após quase um ano de insistência, o executivo da OAS afirmou a Moro que Lula era dono do triplex e que teria recebido o imóvel em troca de vantagens à empresa. Para justificar a ausência de documentos que atribuíssem a propriedade do imóvel ao ex-presidente, a solução encontrada pelo empresário e seus advogados foi dizer que “as provas foram destruídas” a pedido do próprio Lula. A mesma corte que aumentou a pena de Lula decidiu pela redução do tempo de prisão de Léo Pinheiro em dois terços. A sessão Leandro Paulsen, presidente da 8ª Turma do TRF4, abriu a sessão às 8h30. As teses do MPF foram repe-
tidas pelo pro- Desembargadores “Lula foi becurador Mauneficiário dirício Gerum, do TRF4 reto da propique falou por rejeitaram na do triplex”. meia hora e todos os O terceiro pediu a ama votar, Victor pliação da pe- questionamentos Luiz dos Sanna aplicada da defesa tos Laus, foi aos réus. além. Em menos de uma Cristiano hora, enalteZanin, advogado de Lula, se ateve aos ele- ceu o trabalho do MPF e do mentos jurídicos e debateu a juiz de primeira instância e tipificação dos crimes relata- concordou com a interpredos na sentença. Zanin argu- tação de Paulsen e Gebran mentou que não houve cor- Neto: “Moro é um magistrarupção passiva nem lavagem do corajoso, talentoso, bride dinheiro, uma vez que não lhante...”. A condenação foi manse comprovou o recebimento do apartamento pelo réu, tida e a sugestão de amplianem se determinou em que ção da pena, acatada. Vitória contratos o ex-presidente te- do mercado: às 17h, minutos ria favorecido a OAS em tro- antes do fim da sessão, a bolsa de valores Ibovespa regisca da suposta propina. Àquela altura, a emissora trava valorização de 3,3% e a de TV BandNews anunciava cotação do dólar caía mais de em letras garrafais que Lula 2% em relação ao real. seria condenado por unaniDois Brasis A polarização midade no TRF4. Diante da falta de provas, política no Brasil chegou ao o relator João Pedro Gebran Neto apostou na “teoria de domínio do fato” para sustentar que Lula tinha ciência dos desvios da Petrobras — pois ocupava um cargo superior na hierarquia e participou da nomeação dos gestores da estatal. Gebran Neto, amigo pessoal de Sérgio Moro, manteve a condenação e acrescentou à pena de Lula dois anos e sete meses de prisão em regime fechado. A expectativa de que os dois revisores questionassem a decisão do relator, após o almoço, foi destruída em poucos minutos. LeanLula foi aclamado por 80 mil dro Paulsen, o segundo deapoiadores em Porto Alegre no dia sembargador a votar, não dianterior ao julgamento vergiu em nenhum aspecto do voto do colega e ressaltou:
ápice em 2014, ano em que a Lava Jato foi deflagrada. A candidata do PT à Presidência recebeu 73,6% dos votos da parcela mais pobre da população. O opositor, Aécio Neves (PSDB), que levantou a bandeira anticorrupção, liderou a votação entre os mais ricos, com 40,6%. Quando a disputa foi ao segundo turno, Dilma venceu em todos os estados do Nordeste e obteve a maioria dos votos na região Norte, com vantagem mais expressiva nos municípios com menor renda per capita. Aécio foi o mais votado nos três estados do Sul, em dois do Sudeste e em quatro do Centro-Oeste, regiões onde os processos da Lava Jato avançaram e foram a julgamento. Quem julga os réus na operação pertence à classe que, há quatro anos, se opôs ao projeto político do PT e de Lula. O professor do Departamento de Ciência Política
7 | Lava Jato
PRESO OU CANDIDATO? Duas semanas após a condenação, os advogados de defesa trabalham para obter junto às instâncias superiores um habeas corpus para evitar que Lula seja preso após a decisão em segundo grau. O petista é o favorito às eleições presidenciais de 2018, mas pode ter seus planos frustrados pela Lei da Ficha Limpa — que torna inelegíveis os políticos condenados por um órgão colegiado, como a 8ª Turma do TRF4. O partido não fala em segunda opção, e a candidatura deve ser protocolada em agosto deste ano. Caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizar ou não a participação dele no pleito até 17 de setembro. “Porém, tanto o STF como o TSE sinalizam desde já a possibilidade de tentar barrar uma eventual candidatura de Lula. O TSE sinaliza seguir orientação do STF que veda a participação de processados que estejam na linha sucessória presidencial”.
e Sociologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira afirma que a origem social dos indivíduos e os vínculos familiares são determinantes para se entender as dinâmicas dos campos político e judiciário no Brasil. “Os operadores da Lava Jato são de famílias políticas e atuam em rede. Os pais trabalharam, defenderam, reproduziram ou atuaram na ditadura militar”, explica Oliveira. “Como pertencem ao 1% mais rico do país, estudaram em escolas de elite, vi-
vem em ambientes luxuosos, pertencem à alta burocracia estatal. Os filhos herdam a mesma mentalidade autoritária, o elitismo, o ódio de classe”. O advogado José Roberto Batochio, que assumiu os microfones após Geoffrey Robertson na coletiva de imprensa do dia 24, é ainda mais taxativo: “O autoritarismo não veste mais o verde-oliva dos militares. Parece que passou por uma mutação cromática, e hoje veste o preto [cor da toga dos juízes e desembargadores]”. Ricardo Stuckert
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8 | Paraná
Auxílio-moradia de Moro e Bretas supera salário de 92% dos brasileiros Em um único mês, o Estado brasileiro gastou mais de R$ 60 milhões com estes complementos Rafael Tatemoto, Brasília (DF)
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ois casos envolvendo integrantes da operação Lava Jato trouxeram à tona a questão do auxíliomoradia a magistrados: o de Sérgio Moro, de Curitiba, e o de Marcelo Bretas, lotado no Rio de Janeiro. O valor máximo do benefício é de R$ 4.377,73, número que supera o salário de 92% da população brasileira, tendo como referência o ano de 2018. Os dois rebateram as críticas, mas a verba complementar é cada vez mais questionada. Rafael Custódio, da ONG Conectas, entende que a disparidade social brasileira deve ser levada em conta neste debate. A Conectas integra a Articulação Justiça e Direitos Humanos (JusDH),
rede que tem como um de seus eixos a questão da democratização do Judiciário.
“O auxíliomoradia se trata de desvio de dinheiro público, que poderia estar sendo aplicado em política habitacional”
Rafael Custódio
“O Brasil é um país notoriamente desigual. Dentro dessa desigualdade, há um déficit habitacional histórico. O auxílio-moradia se trata de desvio de dinheiro público, que poderia estar sendo aplicado em política
habitacional, mas a casta judicial resolve pegar um quinhão do orçamento público para o próprio benefício”, diz Custódio. R$ 60 milhões por mês Estima-se que 17 mil magistrados sejam beneficiados com o auxílio. Em um único mês, o Estado brasileiro gastou mais de R$ 60 milhões com estes complementos. Somados a outros auxílios — como saúde e alimentação — o volume ultrapassou a casa dos R$ 105 milhões. O levantamento é da revista Veja. O auxílio-moradia foi estendido a todos magistrados por uma decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, em 2014. A filha de Fux, que recebe o auxílio, tem dois apartamentos no Rio de Janeiro.
Protesto de professores marca retorno dos trabalhos da ALEP Júlio Carignano,
Curitiba (PR) | Via Porém.Net
Um protesto em defesa da educação pública marcou a primeira sessão do ano na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no dia 5 de fevereiro. A mobilização, organizada pela APP-Sindicato, teve como objetivo denunciar medidas do governador Beto Richa (PSDB) que vem precarizando o dia a dia nas escolas. Os educadores ocuparam as galerias da Alep para cobrar
Categoria denuncia precarização na educação pelo governador Beto Richa maior fiscalização dos deputados em relação às ações de Richa, especialmente na apuração das denúncias da Operação Quadro Negro que investiga desvios de recursos na construção de escolas.
Durante a abertura da sessão, o secretário chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, afirmou que “a educação era uma prioridade do governo” e causou reação nos professores que vaiaram e entoaram o coro de “fora Beto Richa”. Os educadores foram convidados a se retirar da Assembleia e caminharam até as portas do Palácio Iguaçu, com pratos vazios em mãos. Os pratos foram deixados na entrada da sede do governo, simbolizando a redução de salários dos PSS e congelamento de dois anos de salários.
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Reforma da previdência enfraquece no Senado
Lula Marques | Agência Brasil
Oposição anunciou que irá obstruir os trabalhos na Câmara até derrota final da proposta Redação | São Paulo (SP)
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m dos principais tópicos da agenda do governo de Michel Temer (PMDB), a chamada reforma da Previdência continua sendo uma preocupação da população brasileira. A intenção do Planalto é colocar o texto em votação no próximo dia 19 de fevereiro, mas o placar está desfavorável para Temer e a pressão contrária à reforma cresce. Centrais sindicais vão realizar, no dia 19, uma mobilização nacional, em nova etapa da mobilização contra a reforma. Para aprovar a medida, são necessários 308 votos no plenário. A contagem do governo inclui 270 deputados que teriam dado como certo o voto favorável à reforma. Segundo informações de bastidores, alguns parlamenta-
res da tropa do choque de Temer estariam defendendo o adiamento para novembro, quando não haverá mais uma preocupação com as urnas. Para tentar, mais uma vez, evitar o fracasso do movimento pró-reforma, o Planalto investe numa ginástica que chegou a um novo patamar nos últimos dias. Temer fez uma participação no programa do apresentador Silvio Santos e concedeu uma entrevista ao Ratinho, ambos no canal do SBT, para discursar em favor da medida. Apesar da crise econômica do país, Temer também investe recursos públicos no Facebook para ter maior alcance em uma campanha favorável à reforma. A estratégia seria lutar contra a ampla rejeição popular para que isso impactasse o posicionamento dos parlamentares indecisos.
40 anos de contribuição A última versão da reforma, apresentada no final de 2017, fixa a idade mínima de aposentadoria em 62 anos para mulheres e 65 para homens.
Temer usa recurso público em propagando no Facebook e na TV a favor da reforma
O tempo mínimo de contribuição para se obter a aposentadoria parcial seria de 15 anos para o setor privado e de 25 para servidores públicos. Já o benefício total, exigiria, pela proposta do governo, 40 anos de contribuição junto ao INSS. Em recente entrevista ao Jornal GGN, o professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Eduardo Fagnani, demonstrou como a proposta do governo segue excluindo justamente os mais pobres:
“Pra começar, ninguém mais vai conseguir se aposentar com aposentadoria integral, porque para isso seria necessário acumular 40 anos de contribuição. O Dieese [Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas] mostra que o trabalhador do setor privado, por conta da rotatividade e da informalidade no mercado de trabalho, contribui uma média de 9 meses a cada 12 meses (um ano), ou seja, para ele atingir 25 anos de contribuição, teria que trabalhar quase 33 anos”, explica o professor.
Vereador de Curitiba, Pessutinho diz que reforma precisa “doer na carne” Orlando Pessuti, pai do vereador, recebe mensalmente R$ 30 mil de aposentadoria Porém.Net | Curitiba (PR) O vereador Bruno Pessuti (PSD) afirmou durante a sessão da Câmara de Vereadores desta terça-feira (6) que o Brasil está no rumo certo com o governo de Michel Temer (PMDB). Pessutinho, como é chamado, elogiou as reformas trabalhistas e da previdência. “Há um grande futu-
ro que se apresenta com o governo Michel Temer nos próximos meses. Com a aprovação das reformas, como a reforma trabalhista que já foi feita, e a da previdência, que precisa ser feita. Isso tem que doer na carne dos que se beneficiam com a previdência”, afirmou o aliado do prefeito Rafael Greca (PMN). Contudo, o vereador não especificou exatamen-
Joka Madruga | SISMUC
te a qual “carne” estava se referindo. O vereador é filho do ex-deputado, ex-governador e atualmente presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Orlando Pessuti. Ele foi vice-governador durante a gestão de Roberto Requião (PMDB) e assumiu o cargo por nove meses, quando o peemedebista renunciou para concorrer ao senado. Por este
motivo, o pai do legislador municipal recebe R$ 30 mil mensais como verba de representação vitalícia. Pessuti ainda conquistou na Justiça o direito a receber os valores durante o período em que o pagamento foi suspenso, totalizando R$ 678 mil. Bruno Pessuti, filho do ex-governador, no entanto, não mencionou esses episódios durante seu pronunciamento.
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Paraná, 8 a 14 de fevereiro de 2018
19ª edição Psycho Carnival terá 26 bandas em 5 dias Carnaval alternativo de Curitiba terá Zombie Walk no domingo Divulgação
Redação, Curitiba (PR)
A
lém das tradicionais marchinhas, desfiles das escolas de samba e sambas enredo, Curitiba é conhecida por receber um grande festival de rock durante o carnaval. É o Psycho Carnival, que chega a 19ª edição com 26 bandas, ao longo de cinco dias de programação intensa - de 8 a 12 de fevereiro. Neste ano, as atrações vêm de sete países, entre bandas inéditas e nomes já conhecidos. Os ingressos individuais vão de R$ 40 a R$ 95, e os pacotes para 3 e 4 noites são de R$ 230 e R$ 240, respectivamente. O festival acontece no Jokers Pub, que fica na
Rua São Francisco, 164, Centro, sempre a partir das 20h. Carnaval dos zumbis Por falar em carnaval diferente, o Zombie Walk Curitiba será no dia 11, domingo, a partir das 12h. O ponto de concentração é a Praça Ozório, no Cen-
tro da Capital. A caminhada está prevista para começar às 13h30 e vai até a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico. Lá, a festa dos zumbis continua com show das bandas Necrotério, Nekromonsters, Grimpha, Ovos Presley, Confraria da Costa.
Centro Juvenil de Artes Plásticas oferece cursos gratuitos SEEC
Redação, Curitiba (PR) O Centro Juvenil de Artes Plásticas (CJAP) está com inscrições abertas para os cursos do primeiro semestre de 2018. As aulas são gratuitas e voltadas para crianças e jovens de 6 a 17 anos. De 19 a 23 de fevereiro é o período para que os alunos da rede pública de ensino efetuem sua matrícula. Para os demais estudantes, as matrículas iniciam no dia 26 de fevereiro. As aulas têm início no dia 1º de março. Fique por Dentro Onde: Rua Mateus Leme, 56 - São Francisco, Curitiba (PR) Horário: segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 13h30 às 18h Contatos: www.cjap.seec.pr.gov.br | (41) 3323-5643
PALAVRA CRUZADA
Brasil de Fato PR
Paraná, 8 a 14 de fevereiro de 2018
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Marchinhas por igualdade e diversidade embalam o carnaval curitibano Blocos contra o racismo e a homofobia ganharam força neste ano LGBT com a festa popular Júlia Rohden | Curitiba (PR) do carnaval. A “bloca” faz paródias de marchinhas do pré-carnaval de Curiti- carnaval e ressignifica letras ba cresceu nos últimos que são ofensivas ou que reanos. Os blocos começaram forçam estereótipos de gêa tomar as ruas com marchi- nero. “Maria sapatão / sapatão nhas, fantasias e purpurinas já em janeiro e a programa- / sapatão / de dia é Maria / ção segue além da quarta- de noite é João”, é transformada em “Maria sapatão / feira de cinzas. Um dos exemplos é a sapatão / sapatão / deixa as “bloca” (sim, no femini- gurias / piscando de tesão”. no) Saí do Armário e Me Dei André Daniel, participanBem que une militância pe- te do grupo, comenta que los direitos da população a versão original da música confunde orientação sexual (com quem “A ideia é também a pessoa se relaciona afetiva e sexualestar fortalecido mente) com identie unido para o dade de gênero (qual gênero a pessoa se bloco poder se identifica, indepenmobilizar quando dente do sexo biolóocorrer situações gico).
Deivison Souza | Stay Flow Fotografía & Vídeo
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de racismo”
Brinsan Ferreira N’Tchalá
Bloco Afro Pretinhosidade No último domingo (4), o
Lula Marques | Agência Brasil
Bloco Afro Pretinhosidade fez seu primeiro desfile nas ruas de Curitiba. Brinsan Ferreira N’Tchalá conta que a ideia surgiu durante um encontro mensal entre negros e que o objetivo é fortalecer a cultura afrodescendente. Durante o carnaval, o bloco irá desfilar novamente, no próximo domingo
(11), mas os ensaios e apresentações devem seguir ao longo de todo o ano. “A idéia é também estar fortalecido e unido para o bloco poder se mobilizar quando acontecer situações de racismo”, conta Brinsan. Confira as Escolas de Samba que irão desfi-
lar Além dos blocos de rua, o carnaval em Curitiba tem o desfile tradicional das escolas de samba. Em 2017, a gestão do prefeito Rafael Greca (PMN) cortou drasticamente os recursos para a festa e não houve disputa pelo título. Este ano, nove escolas irão desfilar no sábado de carnaval (10).
PROGRAME-SE! 08/02 Quinta-feira 17h30 - Grito de Carnaval do Distinto, na Rua Saldanha Marinho, 894 09/02 Sexta-feira 20h - Encontro de Blocos de Carnaval 2018, Boca Maldita.
C FC
11/ 02 Domingo 7h - Desfile dos Blocos Carnavalescos e Escolas de Samba, na Avenida Marechal Deodoro 12h - Marcha Zombie Walk, saindo da Boca Maldita e chegando até a
| ão aç lg vu Di
10/02 Sábado 13h - Desfile dos Blocos Carnavalescos e Escolas de Samba, na Avenida Marechal Deodoro
Praça Nossa Senhora de Salete 14h – Bloco Afro Pretinhosidade, concentração em frente às escadarias do prédio histórico da Federal 15h - Apuração das notas dos desfiles das Escolas de Samba, no Memorial de Curitiba 16h - Bloco Carnavalesco Segura O CUritiba, Largo das Artes/ Casa Ocitocina 12/02 Segunda-feira 13h - Psycho Carnival, na Praça Nossa Senhora de Salete (Centro Cívico) 17/02 - Sábado 15h - Bloco de Samba Boca Negra, Viaduto Capanema 16h20 - Bloco 10afinados & daí? Rua São Francisco
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Paraná, 8 a 14 de fevereiro de 2018
Confira o que vai pegar no Campeonato Brasileiro
CLÁSSICOS ESTADUAIS
Grama sintética liberada e árbitro de vídeo dispensado são algumas das definições para o Brasileirão Redação, Curitiba (PR)
O
Campeonato Brasileiro de 2018 já tem data para começar: na segunda-feira (5), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou a tabela básica de jogos, que inicia com a primeira rodada nos dias 14 e 16 de abril, e segue até o dia 2 de dezembro. As determinações e regras para a disputa também já foram anunciadas. No dia 5, os 20 clubes da Série A do campeonato se reuniram no conselho arbitral da competição, no Rio de Janeiro, e decidiram questões centrais para a realização dos jogos. Por decisão unânime, os times votaram pela retirada do veto que proibia o uso de gramados sintéticos nos es-
tádios em que serão disputadas as partidas. A determinação, aprovada no Congresso Técnico da CBF no início de 2017, valeria a partir deste ano. Na época, apenas o Atlético, Coritiba, Palmeiras, Sport e Bahia votaram a favor da utilização da grama sinté-
tica no país. A Arena da Baixada é o único estádio dos times da Série A que usa esse tipo de gramado artificial. Ela é utilizada pelo clube desde 2016, depois de ter enfrentado diversos problemas com a manutenção do gramado natural. Divulgação | Atlético Paranaense
Partidas poderão ser disputadas na Arena da Baixada, único estádio da competição com gramado artificial
Venda de campo e árbitro de vídeo A proibição de vendas de mando de campo no Campeonato também foi derrubada. Na reunião do ano passado, ficou proibida a venda de jogos para outras cidades. A aprovação dessa transferência, no entanto, prevê algumas ressalvas: não será permitido a venda de mando de campo nas últimas cinco rodadas, e nem poderão ser transferidas mais do que cinco partidas por clube, para fora do estado. No arbitral, 12 dos 20 times da competição também foram contra a utilização do árbitro de vídeo, um conjunto de câmeras e permite que árbitro e assistentes revejam as jogadas. Os clubes apontaram problemas financeiros
Atlético e Paraná devem estrear no Campeonato Brasileiro pela Série A nos dias 15 de abril. O rubro-negro enfrenta a Chapecoense, enquanto o time paranista disputará com o São Paulo. O dois times paranaenses devem se enfrentar pela primeira vez na competição apenas na 7ª rodada, prevista para o dia 27 de maio. Pela série B, o Coritiba estreia na competição na terceira semana de abril, contra o Sampaio Corrêa, em São Luís(MA), enquanto o Londrina receberá o Boa Esporte, no Estádio do Café. As datas e horários exatos de cada jogo das 38 rodadas do Brasileirão serão definidos posteriormente. para implementação da tecnologia, já que seriam os responsáveis por bancarem os custos. Atlético e Paraná estão entre as equipes contrárias ao uso desse recurso no campeonato.
Serenidade
Deixa o homem trabalhar
Sem rivais?
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Por Roger Pereira
Se um início de temporada, em geral, já demanda paciência da torcida coritibana, é necessário mais paciência ainda quando se trata de nova administração. A diretoria empossada em meados de dezembro precisa equacionar, no primeiro quadrimestre de 2018, o problema de apontar as prioridades financeiras para o pagamento das muitas dívidas de curto prazo do clube. A regularidade tributária é requisito fundamental para a manutenção do regime fiscal diferenciado do PROFUT, instituído pela Lei 13.155/2015. Nesse contexto, será difícil a formação de um elenco de jogadores forte já nos primeiros meses do ano. O que se espera é que, conforme se aproxima a estréia no Campeonato Brasileiro da Série B, os necessários reforços paulatinamente cheguem para o cumprimento do maior objetivo da temporada: o retorno à Primeira Divisão.
Em 2018, assim como no ano passado, o técnico Wagner Lopes assumiu um elenco totalmente diferente do que terminou o campeonato anterior, com jogadores desconhecidos da torcida. Ainda assim, o Paraná voou rapidamente. No quinto jogo de 2017 tínhamos feito dez gols, sofrido dois e éramos líder do estadual. Em 2018 a situação é diferente. Nos mesmos cinco jogos, o time ainda não venceu, tomou sete gols e marcou apenas três. O suficiente para que alguns torcedores pedissem a cabeça do técnico. É imediatismo demais da conta! Teria o WL desaprendido em sua rápida e desastrosa experiência no Japão? Ou o time do início do ano passado estava muito melhor? De cara eu arriscaria a segunda opção. Porém, diferente de 2017, as principais peças ainda não estrearam ou não estão na melhor forma. É cedo demais para tamanho pessimismo!
Por mais uma dessas aberrações que só acontecem no Campeonato Paranaense, o Atlético jogou os dois clássicos estaduais fora de casa. Mesmo com o time de aspirantes, venceu os dois. A verdade é que apesar da questionável decisão de não usar seu time principal no estadual (o time quase pagou um preço alto no confronto eliminatório contra o Caxias, na Copa do Brasil), o Atlético segue à frente de seus rivais locais que ainda tentam se encontrar no ano: um reconstruindo um time todo desfeito depois de uma boa campanha no ano passado, o outro recolhendo os cacos do rebaixamento no Brasileirão. Enquanto isso, a piazada do Furacão, junto com alguns medalhões sem espaço no time principal, trilha um caminho tranquilo no estadual, sem grandes obstáculos. Ainda bem que o jogo contra o Londrina, o adversário mais difícil, será na Arena da Baixada.