Brasil de Fato - Edição 116

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Festival de Curitiba Mais de 400 atrações movimentam a cidade

credito foto

Cultura | p. 7

Geral | p. 3

Boulos pede luta

Depois de 25 anos longe do teatro, Regina Casé volta aos palcos

Divulgação

Líder do Psol convoca para ir à rua contra reforma da previdência

Denise Veiga

PARANÁ

Ano 4

Edição 116

21 a 27 de março de 2019

distribuição gratuita

Ricardo Stuckert

www.brasildefato.com.br/parana

Privilégio para militares Bolsonaro dá aumento para que corporação aceite nova aposentadoria Sexta, 22, tem atos contra reforma da previdência Mulheres, trabalhadores rurais e professores são os mais prejudicados Brasil | p. 4 Brasil | p. 6

Universidades paranaenses em crise

LULA LIVRE

Perto de prisão completar um ano, campanha é reforçada com atos e criação de comitês estaduais. Em 10 de abril, ocorre julgamento no STF de prisões em segunda instância Brasil | p. 5

Alunos da Faculdade de Artes têm aula-protesto na rua

Geral | p. 3

Empresa da Vale multada Condenação é de R$ 300 milhões por práticas antissindicais


Brasil de Fato PR 2 Opinião

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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

Como não tornar o Brasil um reduto de tiroteios?

Quando é “oportuno” hastear a bandeira dos direitos

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no, o Grupo de Lima (países quase todos alinhados aos EUA) fez saber mestranda em Sociologia da midiaticamente da sua decisão de Universidade Estadual de Londrina (UEL) também requerer ao TPI e ao Cone membro da Associação Nacional de selho dos Direitos Humanos das Direitos Humanos, Pesquisa e Pósgraduação (ANDHEP) Nações Unidas uma intervenção. É sempre bom lembrar que “gaão raro o discurso de defesa dos rantia da democracia”, “ajuda hudireitos humanos é usado em manitária” e “proteção dos direitos momentos de acirradas disputas por humanos” têm sido recorrentemente utilizados para eninteresses políticos e dossar as tentativas econômicos de grande golpe de estado. des potências para O bilionário Não que na Venecamuflar suas verzuela estejam ausendadeiras intenções. embargo tes problemas graves Como ocorre agora econômico dos nas denúncias con- EUA, intensificado a serem enfrentados, mas por que, agora, tra o presidente da a oposição nacional Venezuela, Nicolás com Trump, é e internacional faz Maduro. um dos grandes No dia 25 de feve- geradores da atual dessa a sua bandeira? Estão realmente reiro, tanto membros preocupados com dida oposição interna crise venezuelana reitos humanos? quanto representanInfelizmente, não. tes de países contrários às políticas da revolução boliva- O bilionário embargo econômico riana expressaram seus propósitos dos EUA, intensificado com Trump, denuncistas. Os parlamentares da é um dos grandes geradores da atual Assembleia Nacional da Venezue- crise venezuelana. Sanções e diverla divulgaram que farão denúncia sos bloqueios de alimentos e meà Corte Interamericana de Direitos dicamentos têm sido aplicados há Humanos (CIDH) e ao Tribunal Pe- alguns anos. O cinismo é profunnal Internacional (TPI) por supostas do. Querem para si os recursos naviolações aos direitos humanos nos turais, que vão muito além do perecentes confrontos na fronteira en- tróleo, e orquestram a tentativa de tre Brasil e Venezuela. Por seu tur- mais um golpe.

EDITORIAL

iferente dos EUA, são raridade -se ou pelo gatilho da polícia. Têm os casos de tiroteios em massa ainda interesses por armas. Cerno Brasil, como ocorrido em Suza- tamente, transformar escolas em no. Naquele país, porém, os regis- trincheiras armadas não resolve. O tros são antigos, o que nos permi- pacote recém-lançado pelo ministe chegar a certas conclusões: fácil tro da Justiça, Sérgio Moro, sobre segurança pública acesso a armas de também não ajuda. fogo, conflitos raciais As medidas não históricos, cultura de Mas o governo sugerem, por exembullying, numerosos Bolsonaro plo, sobre a integraveteranos de guerra, ção dos serviços de entre outros fatores, quer prevenir inteligência das poajudam a explicar por a violência ou lícias e sobre ações que os estaduniden- incentivá-la? Eis preventivas. Sob ouses estão no topo destra perspectiva, há ta modalidade. Por a questão! condutas que podem outro lado, dados do minimizar o problesite de jornalismo investigativo Mother Jones mostram ma, como programas de conscientraços comuns sobre tiroteios em tização de bullying nas escolas e o massa. Os atiradores costumam ser combate a crimes de violência dohomens, brancos, apresentam his- méstica. Mas o governo Bolsonaro tórico de distúrbios psiquiátricos e quer prevenir a violência ou incengeralmente morrem, suicidando- tivá-la? Eis a questão!

SEMANA

Jair Bolsonaro é o primeiro presidente brasileiro a visitar a sede da CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos. Ele foi acompanhado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, que, quando ainda era juiz de 1ª instância prendeu Lula, então pré-candidato. A prisão política garantiu a eleição presidencial a Bolsonaro

Baruana Calado dos Santos,

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EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 116 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Baruana Calado dos Santos ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

ENTREVISTA

“Não bastasse Trump, agora Bolsonaro nos cria dificuldades”

Cresce número de incêndios por curtocircuito A quantidade de mortes em decorrência de incêndios provocados por curto-circuito cresceu no Brasil. É o que aponta pesquisa da Abracopel. Em 2017, foram registrados 451 acidentes do tipo em todo o país, gerando 30 mortes. Em 2018 esse número subiu para 526, sendo 62 fatais. As principais causas dos incêndios em decorrência de curto-circuito são principalmente instalações elétricas deficitárias e falta de conhecimento e conscientização das pessoas sobre os riscos da eletricidade. Em 2017, foram registrados 163 choques elétricos e 154 em 2018, com o registro de 97 mortes em ambos os anos. Saiba como prevenir Estar calçado ao portar equipamentos eletrônicos. Embora não elimine totalmente os choques mais fortes, pode interromper os de pouca intensidade. Manter os aparelhos eletrônicos afastados de áreas úmidas, como pia, chuveiro ou banheira. Em contato com a água, esses aparelhos podem sofrer uma pane elétrica e dar um choque em quem estiver usando Não falar com o celular conectado à tomada. Manter-se distante de metais e aparelhos elétricos quando houver uma tempestade de raios.

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disse à BBC News Brasil Natalícia Tracy, dirigente de uma das principais associações de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Ela respondeu à declaração do presidente de que “a grande maioria dos imigrantes em potencial não tem boas intenções nem quer fazer bem ao povo americano”. Tracy complementou, “É muito frustrante que os imigrantes... sejam tratados como criminosos”. Divulgação

Empresa controlada pela Vale até 2012 deve pagar indenização de R$ 323 mil Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconheceu violação de liberdade sindical por empresa em Araucária (PR) Pedro Carrano A Araucária Nitrogenados, localizada na região metropolitana de Curitiba, é uma empresa de fertilizantes pertencente à Vale até 2012 e sob controle atual da Petrobras. Ela terá que pagar R$ 323 mil reais de indenização ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), referente à ação de 400 trabalhadores, por decisão do Tribunal Regional do Trabalho. O motivo? Denúncias de perseguição contra dirigentes sindicais. A empresa já não pode recorrer. Isso porque, em 2008, ainda sob controle da transnacional de alimentos Bunge, houve denúncia à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e ao Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR). A empresa então assinou, em 2009,

um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para não repetir essas práticas. Mas, após a assinatura do termo, a perseguição contra os dirigentes sindicais voltou a ocorrer, já sob a gestão da Vale, e foi feita outra denúncia, em agosto de 2012, ao Comitê de Liberdade Sin-

dical (CLS) da OIT. “A confirmação da decisão é um passo na afirmação da liberdade sindical como direito fundamental pelo judiciário, embora as práticas antissindicais continuem ocorrendo”, afirma Naiara Bittencourt, advogada da organização Terra de Direitos.

PRÁTICAS ANTISSINDICAIS Entre as práticas antissindicais ocorridas, constam, entre outras: impedimento de acesso dos dirigentes sindicais para conversar com os trabalhadores, ações de retirada de trabalhadores de turno para frustrar mobilizações, filmagens de reuniões. Mesmas práticas Santiago Santos da Silva, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Paraná (Sindiquímica) afirma que esse grau de perseguição mantém-se hoje na empresa. “Os casos mais recentes têm expulsão de diretores sindicais, não liberação de crachás, cerceamento de promoções a diretores sindicais. A Petrobras continua com as mesmas práticas da época da Bunge”, critica.

Ricardo Stuckert

FRASE DA SEMANA

“A Reforma não mexe em privilégios e acaba com direitos dos trabalhadores” Em Curitiba para participar de um debate sobre a Reforma da Previdência, Guilherme Boulos (PSOL), concedeu entrevista para o Brasil de Fato Paraná e falou sobre a previdência ideal para os trabalhadores, além dos ataques aos direitos que a proposta de reforma da previdência do governo representa. Brasil de Fato. Quais os principais pontos problemáticos desta proposta de reforma da previdência? Guilherme Boulos. Essa reforma quer destruir a previdência pública. Não é contra privilégios, não. O centro dessa reforma é tornar a aposentadoria no INSS tão proibitiva, juntando aumento de tempo de contribuição com idade. Tão proibitiva que a maioria do povo brasileiro não vai ter como se aposentar. Vai ter que recorrer a benefícios sociais que estão desvinculando do salário mínimo, que é o caso do BTC que já tem 5 milhões de pessoas que eles querem passar para 400 reais. A entrevista completa e exclusiva você encontra em: www.brasildefato. com.br/parana/


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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

Militares ganham aumento para entrar na reforma da previdência Conta do que passam a pagar com o que vão receber muda pouco o resultado. Militares já são os mais privilegiados na hora da aposentadoria Frédi Vasconcelos

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oi entregue na quarta-feira, 20, a proposta do governo Bolsonaro para a reforma da Previdência dos militares. Ao contrário dos outros trabalhadores, que só perdem com as novas regras, os militares ganham um “aumento” para que sua aposentadoria mude. Pelas novas regras, teriam uma “reforma” na carreira com aumentos que custariam R$ 86,85 bilhões em 10 anos para o governo. E haveria uma “economia” de R$ 97,3 bilhões, com saldo de cerca de R$ 1 bilhão por ano. Só como comparação, na entrega do projeto dos outros trabalhadores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que haveria superávit de R$ 1 trilhão. Ou seja, seriam retirados das aposentadorias dos outros trabalhadores R$ 100 bilhões a cada ano. Cem vezes a mais. Os militares já são os funcionários públicos mais privilegiados. PUBLICIDADE

Por exemplo, não contribuem sobre seus salários para a aposentadoria, apenas para a parte de pensões. Não à toa, representam hoje metade dos gastos da Previdência entre o funcionalismo público, embora sejam apenas 31% do total de funcionários. Os dados são do último Relatório de Acompanhamento Fiscal, divulgado pelo Senado. Pelo estudo, com dados de 2017, o governo federal gastou R$ 43,9 bilhões com pensões e aposentadorias para cerca de 300 mil militares e pensionistas, e R$ 46,5 bilhões para 680 mil servidores do regime civil. Dia Nacional de Luta em Defesa da Aposentadoria Na sexta-feira, 22, acontecem atividades em Curitiba em defesa da aposentadoria. A concentração é às 9h na Boca Maldita, depois ocorre panfletagem e ato em frente ao INSS, às 11h, na Rua João Negrão, 11, centro.

Gibran Mendes

Ato contra a reforma da Previdência em Curitiba, em 2018

QUEM MAIS PERDE NA APOSENTADORIA Na proposta de Bolsonaro de reforma da Previdência, todos os trabalhadores perdem, mas os mais prejudicados são as mulheres, os trabalhadores rurais e os professores. As mulheres teriam de traba-

lhar até os 62 anos, e para conseguir 100% de sua média salarial teriam de contribuir por 40 anos. Os trabalhadores rurais teriam que passar a contribuir por 20 anos, como valores pratica-

mente impossíveis de alcançar na agricultura familiar, inviabilizando esse tipo de aposentadoria. E para os professores, praticamente acabaria a aposentadoria especial a que têm direito.

Em visita a Trump, Bolsonaro cede tudo aos EUA e volta “de mãos abanando” Rafael Tatemoto, de Brasília

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epois da concessão da Base de Alcântara (MA) e do fim da exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, sem que a medida seja concedida também aos brasileiros que vão aos EUA, Jair Bolsonaro (PSL) visitou Donald Trump na terça-feira (19) e prometeu que o Brasil apoiará novas ações contra o presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, e importará uma cota de trigo estadunidense sem a aplicação de tarifas al-

fandegárias. Em troca, Trump deu uma vaga sinalização de apoio ao ingresso brasileiro na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) – além de uma camisa da seleção estadunidense de futebol. Nem a possibilidade de entrar no grupo dos países mais ricos do mundo – o que, segundo a visão do Planalto, atrairia investimentos externos – compensou a viagem. Essa é a interpretação de Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universida-

de Federal do ABC (UFABC), que define a visita de Bolsonaro como “fiasco”. Popularidade despenca Segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta semana, Jair Bolsonaro perdeu 15% de popularidade desde o início de seu governo. A avaliação de bom ou ótimo caiu de 49% em janeiro para 34% em março. Para 24%, o governo é ruim ou péssimo. E 34% consideram que é regular. É a pior avaliação registrada no período para presidentes em primeiro mandato desde a redemocratização.


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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

Campanha Lula Livre a todo vapor entre março e abril A

Campanha Lula Livre inicia a pleno vapor. Depois do Encontro Nacional, organizado em São Paulo, no dia 16 de março, várias iniciativas acontecem, às vésperas de o ex-presidente Lula completar um ano na condição de preso político, no dia 7 de abril. Mais que isso, no dia 10 de abril, será julgada, no Supremo Tribunal Federal (STF) a validade da prisão em segunda instância, ou seja, antes de um processo ser encerrado – o que é o caso de Lula. Confira as questões principais organizativas e políticas da campanha Lula Livre:

Participaram do encontro em São Paulo (16), 1.300 pessoas, de pelo menos vinte estados do país: movimentos populares pela terra e por teto, sindicatos, partidos políticos, lideranças indígenas, LGBTs, movimento negro, jornalistas, militantes de base e integrantes dos comitês Lula Livre de todo o país.

JORNADA MUNDIAL LULA LIVRE A Vigília Lula Livre mantém a chama da resistência acesa em frente à carceragem da Polícia Federal há quase um ano. De 7 a 10 de abril, na Vigília, em Curitiba, nas capitais e cidades do país, acontecem atos e debates com juristas e nas universidades, exigindo a liberdade de Lula.

O BRASIL NO MUNDO COM LULA O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, questiona a prisão de Lula no momento quando o atual governo destrói os laços de integração regional com países vizinhos. “O capital financeiro precisava que o Brasil deixasse o caminho de justiça social e democracia, que abandonasse seu papel de integração na América Latina”, critica.

Ricardo Stuckert

ENCONTRO DE 1.300 PESSOAS

Redação

Pedro Carrano

Ações envolvem de comitês locais a jornada mundial para denunciar prisão do ex-presidente

COMITÊS ESTADUAIS – COMO PARTICIPAR? Uma das principais tarefas da campanha é promover a organização de Comitês Estaduais no próximo período. A ideia dos Comitês locais é que eles possam ser construídos por qualquer pessoa engajada em defesa da democracia: em sua associação de moradores, no bairro, local

de trabalho, escola, sindicato, comunidade, universidade ou coletivo. O objetivo do comitê é elaborar, planejar, organizar e realizar atividades que peçam a libertação do ex-presidente, assim como se somar a iniciativas locais em defesa dos direitos do povo brasileiro.

COMUNIDADE JURÍDICA CRITICA PRISÃO Carol Proner, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), é uma entre várias advogadas questionando uma prisão arbitrária: “A sentença contra o ex-presidente Lula, do caso triplex, que foi proferida em julho de 2017, foi denunciada dias depois por uma quantidade imensa de juristas do Brasil inteiro, das maiores universidades do país, da USP, da PUC, da UFRJ, enfim, os melhores centros acadêmicos e jurídicos do país denunciaram isso. Então, há farta fundamentação para mostar que a sentença não fica de pé. Depois a pressa com que foi julgada no TRF-4 (…) Lula tem que ser liberado, não tem mais como suportar essa situação de injustiça. Há uma injustiça contra alguns na Lava Jato, não apenas Lula, e uma falta de vontade persecutória contra quem se tem farta prova nos processos de corrupção”, afirma.

MARIELLE VIVE “A pauta Lula Livre, bem como Marielle Vive, tornou-se um resumo de muitas vontades políticas: democracia, igualdade e resistência. Ela estará presente na luta contra o desmonte da Previdência e nos próximos passos da luta da classe trabalhadora”, disse no encontro Carla Vitória, da secretaria nacional da Campanha Lula Livre. Ricardo Stuckert


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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

Indígenas pedem manutenção de atendimento diferenciado na saúde

Ana Carolina Caldas

Em audiência no Ministério Público, foram explicados motivos por que municipalização será danosa. Prefeitos também são contrários Ana Carolina Caldas

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esde que assumiu, o ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, propôs rever o modelo de assistência à saúde indígena. Uma das propostas é a municipalização, deixar para as prefeituras o atendimento, acabando com as secretarias especiais de saúde indígena (Sesai). Em audiência que ocorreu no Ministério Público do Paraná, MP-PR, na sexta-feira, 14, lideranças indígenas do Estado pediram a intervenção do órgão contra essa medida. E também denunciaram o atraso do pagamento pelo governo federal aos funcionários das casas de saúde indígenas. O cacique Ilson Soares, da cidade de Guaíra, reforçou que a saúde indígena, com atendimento diferenciado é uma

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conquista dos povos indígenas. “Primeiro, os municípios não estão conseguindo atender nem a sua demanda. Além disso, não conhecem nossa

“Primeiro, os municípios não estão conseguindo atender nem a sua demanda. Além disso, não conhecem nossa cultura, nossas tradições, nossos costumes” Cacique Ilson Soares cultura, nossas tradições, nossos costumes.” Já Jaqueline Muita Jacintho, indígena Kaigang, técnica de enfermagem que trabalha na PUBLICIDADE

Casai comentou sobre o atraso dos pagamentos aos funcionários. “O argumento do governo é que tem ONGs desviando verbas. O que nós temos a ver com isso? O governo é que deve fiscalizar. Nós fazemos o nosso trabalho e não podemos ficar com salário atrasado”, disse. Prefeitos são contrários Prefeitos, por meio da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), escreveram carta reivindicando que a saúde indígena não seja municipalizada. “O Sistema de saúde – SUS... Não pode ignorar as peculiaridades dos povos indígenas, que demandam um atendimento diferenciado e que certamente não será compatível com a possibilidades econômicas dos municípios, o que acarretará desassistência,” diz trecho do documento.

Com salas interditadas, aula da FAP acontece na rua, em frente ao Palácio de governo do Paraná

Alunos de faculdade pública do Paraná têm aula na rua Ana Carolina Caldas Um pedaço do teto de uma das salas do campus Cabral da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) caiu na última terça, 12. Já a unidade de Pinhais, que abriga o curso de cinema, nem abriu o ano letivo. As duas unidades estão interditadas pela Paraná Edificações e a Defesa Civil. Além de risco de desabamentos, professores e alunos relatam que há ratos e cobras, além de mofo, apresentando risco de contaminação. O calendário dos sete cursos da FAP está suspenso e, até agora, o governador Ratinho Jr. não apresentou solução. Por esse motivo, os alunos de Cinema da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus Curitiba II, Faculdade de Artes do Paraná (FAP) resolveram

realizar aula na rua, em frente ao palácio do governo e da Assembleia Legislativa. A aula pública aconteceu nesta segunda, 18, com a participação dos professores e do coordenador do curso de cinema. “Assim que foram começar as aulas, no início de fevereiro, devido às fortes chuvas, a diretoria nos informou que a sede estava inabitável e as aulas não poderiam começar. Mas sabemos que a falta de manutenção das sedes acontece há anos”, explica a aluna de cinema Viviane Freitas, uma das organizadoras do protesto. Para o professor de cinema da FAP Ulisses Galetto, o problema já era anunciado. “Desde 2011, nos governos do Beto Richa, a universidade estadual vem sofrendo cortes. Hoje temos orçamento 50% menor do que era em 2010.”


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Festival de Curitiba promove encontro entre público e artistas Com mais de 400 atrações, com preços de 70 reais a apresentações gratuitas e pelo sistema “pague o quanto vale” Divulgação

Redação Em mais de 80 espaços, na capital e na região metropolitana, o Festival de Curitiba volta a reunir grandes nomes das artes cênicas brasileiras em programação com mais de 400 atrações, levando arte, cultura e diversão para diferentes públicos. São estreias nacionais, produções internacionais, teatro, música, dança, circo, stand up comedy, performances, oficinas, show de variedades e gastronomia entre os dias 26 de março e 7 de abril. Uma das atrações gratuitas que merece olhos atentos é “Quando Quebra Queima”, espetáculo construído por estudantes que viveram o processo de ocupações e manifestações do movimento secundarista. No espetáculo, 15 corpos insurgentes deslocam para a cena a experiência que tiveram dentro das escolas ocupadas entre 2015 e 2016, criando uma narrativa coletiva a partir da perspectiva de quem viveu intensamente o dia a dia dentro do movimento. A peça é uma “dança-luta” co-

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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

“Quando Quebra Queima” é um espetáculo criado por estudantes que viveram o processo de ocupações e manifestações do movimento secundarista

letiva construída a partir das experiências reais de cada um. As apresentações acontecem nos dias 4 e 5 de abril, às 19h, no TELAB. Pensando na acessibilidade, “Cidade Fria” também promove uma experiência instigante. O espetáculo, de construção coletiva, é produto final do projeto “cidade fria - um olhar sobre o outro”, que objetivou a construção de uma dramaturgia inédita em libras, a língua brasileira de sinais, e na montagem desse texto enquanto espetáculo do grupo. O Festival Ao longo de seus 27 anos, se consolidou como um dos eventos mais

importantes do calendário cultural brasileiro, agregando novas programações, se transformando no Festival de Curitiba. Atualmente abriga a Mostra 2019 e o Fringe; e os eventos simultâneos: MishMash, Programa Guritiba, Risorama e Gastronomix.

LUZES DA CIDADE Bárbara Lia

O cinza que nos espera Pilar acordou assustada. Acabara de sonhar que vivia em um futuro drástico. Uma grande corporação dominava o planeta. Pessoas vestiam cinza claro em casas frias sem adorno, são robôs que trabalham, caminham, entram em uma casa fria e cinza, retiram do freezer seu alimento e fazem sua refeição com os olhos opacos e vazios perdidos em um ponto cego. Ao acordar ela sentia a urgência de viver. Pegou sua bicicleta e rumou ao parque Barigui. Era preciso agradecer: o vento em seu rosto, o sabor do café, a delí-

cia daquele almoço natural. Passou toda tarde no MON em meio às exposições. Andou calmamente pela Rua XV como não fazia há muito. Ao chegar ao seu apartamento pleno de flores e cores ela viu, na página de economia do jornal, uma transparente engrenagem movendo-se detrás de um gráfico... As corporações. Pálida viu o futuro do seu sonho sendo tecido entre gráficos e cifras. Uma lágrima nublou tudo ao redor. Decidiu viver cada dia enleada em som e fúria e cores. O futuro é sempre amanhã, afi nal. Gibran Mendes

Para ficar por dentro Mostra 2019: De R$0 a R$70,00 (entrada inteira) + taxa administrativa Ingressos: www. festivaldecuritiba. com.br

DICAS MASTIGADAS

Pene ao molho de queijo e brócolis Ingredientes 1 envelope de creme de queijo 2 xícaras (chá) de brócolis picado e aferventado 1 caixinha de creme de leite 1 e meia xícara (chá) de macarrão tipo penne cozido 2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado Modo de Preparo Em uma panela, dissolva o creme de queijo em meio litro de água fria e leve ao fogo, até iniciar fervura. Cozinhe por cerca de 5 minutos. Acrescente o brócolis e o creme de leite. Sirva sobre o penne e polvilhe o queijo parmesão.

Divulgação


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Paraná, 21 a 27 de março de 2019

Brasil quer sediar a Copa do Mundo Feminina em 2023 País terá forte concorrência na disputa para ser a sede do próximo mundial Divulgação

Luiz Ferreira, Rio de Janeiro

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Brasil foi um dos dez países que manifestaram interesse em sediar a próxima edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que acontece em 2023. Argentina, Bolívia, Colômbia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, África do Sul e as Coreias do Sul e do Norte (em candidatura conjunta) são os concorrentes na disputa. Agora, cada confederação nacional terá que registrar sua candidatura na FIFA até o próximo dia 16 de abril. O processo de escolha é semelhante ao da Copa do Mundo Masculina. Os países terão que cumprir uma série de requisitos pedidos pela entidade e apresentar seus projetos. Como estamos falando de futebol

feminino, o incentivo à modalidade em cada país será analisado e levado em consideração. O anúncio da sede da Copa do Mundo de 2023 deve ser feito no mês de março do próximo ano. Dentre os candidatos, nenhum sediou uma edição

do Mundial Feminino. O futebol feminino tem crescido no Brasil nos últimos anos. O sucesso internacional de jogadoras como Marta (eleita por seis vezes a melhor do mundo), Cristiane e Formiga, a obrigatoriedade dos clubes bra-

reias por conta do processileiros por parte da CBF e so de reaproximação entre da Conmebol na formação os dois países. Ao mesmo e manutenção de equipes tempo, países como Austráfemininas e o próprio intelia e África do Sul também resse do torcedor na modapintam como lidade foram candidatos fatores defortes. O Braterminantes Ainda há muito sil ainda tem nesse proces- por fazer: a estrutura da so. Mas ainem especial Copa do Munda existe muido Masculita coisa a ser na cobertura na de 2014 e feita. Princi- do futebol os bons públipalmente na cos nos jogos d i v u l g a ç ã o feminino pela do Santos na e cobertura mídia e melhor Belmiro do futebol feorganização das Vila e do Iranduminino pela ba na Arena grande mí- competições da Amazônia. dia esportiva Mas a já citae em uma meda falta de incentivo prelhor organização das nossas sente nos últimos anos competições. pode ser um obstáculo forDentre os candidatos à te. Difícil não colocar nossede da Copa do Mundo de so país como uma “zebra” Futebol Feminino há cernessa disputa. to favoritismo das duas Co-

Hora do desenho

Sinal de alerta

Que venha o Boca

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

A contar do jogo contra o Rio Branco no próximo domingo (24/3), no Alto da Glória, o técnico Umberto Louzer terá apenas cinco semanas para definir o desenho tático que pretende usar no início da Série B do Campeonato Brasileiro. Além dos treinamentos no CT da Graciosa, poderá testar o atual elenco em seis partidas para valer, caso o time ganhe a taça Dirceu Krüger e se qualifique às finais do Estadual. Até aqui, tem utilizado o 4-2-3-1, com pouco espaço para a subida ao ataque dos laterais. A dupla de volantes (hoje formada pelos pratas-da-casa Matheus Bueno e Vitor Carvalho), dá guarida ao trio de meio campistas que se movimenta para municiar o centro-avante. Uma alternativa seria a troca do vértice desse triângulo, com dois dos meias avançando para as pontas e o recuo do jogador de área, de modo a cansar e confundir os zagueiros adversários. A ver.

A derrota para o Rio Branco já havia deixado o clima no Paraná Clube pra lá de tenebroso. Para agravar o quadro e instaurar uma crise múltipla na Vila Capanema, o ex-goleiro Marcos, que ocupava o cargo de diretor de futebol desde 2018, publicou uma carta relatando os motivos de sua renúncia. O ídolo da torcida alegou que se sentia peça figurativa no clube, acusou o presidente de centralizar o poder e acusou o meia-atacante Maicossuel de faltar com a ética e fazer corpo mole. A última acusação se estendeu a outros atletas. Por fim, Marcos disse que os salários de fevereiro ainda não foram pagos. Segundo ele, havia um combinado de quitação em 10/3, o que não ocorreu. É dessa forma, com problemas financeiros, administrativos e técnicos que o Paraná vai encarar duas partidas decisivas em casa: quinta-feira, 21, contra o Cianorte, e domingo, 24, contra o Cascavel CR.

A primeira de três decisões do Athletico na Arena da Baixada pela Libertadores foi vencida com méritos. Lembrando as atuações do ano passado, o Furacão se impôs sobre o Jorge Wilstermann e aplicou um contundente 4 a 0 com grande atuação coletiva e alguns destaques individuais. O público, modesto (como previsto pela coluna), saiu empolgado do Caldeirão e esperançoso na classificação para o mata-mata do torneio continental. O próximo desafio é chave. No dia 2 de abril, encaramos o poderoso Boca Juniors, valendo a liderança do grupo. O apelo da partida poderá, mesmo com a política de ingressos equivocada, fazer com que o estádio volte a encher, o que será fundamental, para impor ao Boca o mesmo clima que seus adversários sentem quando vão à Bombonera. Será um dia histórico neste novo ciclo atleticano. Que venha o Boca!


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