Elisandro Dalcin
Cultura | p. 7
Sônia sambando
Cultura | p. 7
Empoderamento Presença de negros e negras no Festival de Curitiba desafia o racismo Divulgação
Confira a crônica imperdível da escritora Mariana Sanchez
PARANÁ
Ano 4
Edição 118
11 a 17 de abril de 2019
365 DIAS DE PRISÃO
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
100 DIAS SEM RUMO Bolsonaro prejudica trabalhadores e é o mais mal avaliado Brasil | p. 5
Ricardo Stuckert
Mais de 10 mil pessoas protestam por Lula Livre Brasil | p. 4 e 5
Divulgação
Opinião | p. 2 e 3
Brasil | p. 6 4
Brasil | p. 6
Educação abandonada
Entrevista
Reforma da previdência
Novo ministro mantém descaso com a pasta
Afrânio Silva Jardim, ex-promotor do MP, analisa prisão de Lula
Proposta de Guedes pode gerar milhões de demissões
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Educação não é prioridade do governo Bolsonaro
EDITORIAL
O
Ministério da Educação completou os 100 dias da gestão Bolsonaro marcado por polêmicas e pela paralisia. O colombiano Ricardo Vélez, depois de diversos desgastes, foi substituído por Abraham Weintraub, um economista com íntima relação com o mercado financeiro. O perfil do novo ministro da educação reafirma que o atual governo não está preocupado com a educação pública de qualidade. Weintraub, que também é defensor do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, foi sócio da Quest Investimentos e diretor do Banco Votorantim. O ministério ficou paralisado
OPINIÃO
Brasil de Fato PR
Paraná, 11 a 17 de abril de 2019
SEMANA
nestes primeiros três meses de 2019 e corre o risco de continuar assim. Se a pasta andar, vai ser no sentido de agradar aos setores privatistas e rentistas, além de manter a perseguição à liberdade de pensamento e do desenvolvimento científico. Na posse do novo ministro, Bolsonaro deixou nítido que não quer formar estudantes críticos ao dizer: “Queremos que a garotada comece a não se interessar por política.” Ou seja, o presidente afirmou, abertamente, que quer uma nação de “analfabetos políticos”. A frase é um escárnio ao povo brasileiro e apenas reforça que a educação não é prioridade deste governo.
Os desafios da campanha Lula Livre Reprodução
Neudicléia de Oliveira e Pedro Carrano,
Integrantes da coordenação e da comunicação da Vigília Lula Livre
N
o dia 21 de março, o final da tarde na Vigília Lula Livre, em Curitiba, teve um momento bizarro: depois de o ex-presidente Lula ter sido visitado pelo juiz Edevaldo Medeiros, ao lado de outros dez juízes preocupados com o futuro da democracia, cinco viaturas da Polícia Militar comunicaram que não poderia haver o “Boa noite presidente Lula” naquele dia. Logo ameaçaram a coordenação da Vigília de ser
presa se descumprisse uma ordem que não tinha amparo legal ou determinação judicial. O mais absurdo era o fato de que a Vigília localiza-se em terreno particu-
lar e faz atividades das 9h às 19h, não apresentando irregularidades. Em seguida, o próprio major da PM desmentiu qualquer orientação neste senti-
do. Mas fica a lição de que os setores golpistas do país não permitem sequer a divulgação das ideias de Lula, um líder nacional e popular, um verdadeiro fantasma para um governo Bolsonaro que busca fazer do país capacho dos EUA. Nesse sentido, a campanha nacional e internacional Lula Livre vive um momento importante na medida em que o desgaste inicial do governo Bolsonaro abre a memória para os êxitos do período de governo Lula. A partir daí, é preciso um novo patamar de mobilização da campanha, de forma a dialogar com a população em
cada cidade do país. O desafio é explicar as injustiças contidas nos processos contra ele. Lula foi preso porque certamente venceria as eleições de 2018 e foi impedido até mesmo de dar entrevistas à imprensa naquele período. Preso, ele sofreu uma série de arbitrariedades por parte de um poder Judiciário ativista, antinacional e conservador, que o perseguia como preso político ou como preso comum conforme os interesses do grupo de operadores da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro – quem se beneficiou politicamente da prisão de Lula e tornou-se ministro da Justiça.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 118 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Geani Paula de Souza, Mariana Auler, Mariana Sanchez e Neudicléia de Oliveira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Indianara Maia DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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Paraná, 11 a 17 de abril de 2019
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Ratinho pode congelar salários e servidores reagem O secretário de Administração do Paraná, Reinhold Stephanes, tem sugerido congelamento para os servidores públicos estaduais. O funcionalismo está há três anos sem reajuste salarial e reivindica 16,24% para repor as perdas. O Fórum das Entidades Sindicais (FES) se reuniu com ele no fim de março e tem nova reunião marcada para 25 de abril. Há também indicativo de greve para o dia 29 de abril. Stephanes disse que “nós temos que evitar promoções e progressões. Colocar só dentro do limite possível essas duas coisas, mais os quinquênios. Temos que controlar a entrada de novos servidores mesmo em áreas que são sensíveis e precisamos de gente”. Para a coordenadora do FES, Marlei Fernandes, “nós apresentamos a pauta e a principal questão é a reposição salarial. São três anos sem reajuste. Nós podemos debater os atrasos, mas não podemos ficar sem data-base neste ano”. Uma audiência no dia 23 de abril, na Assembleia Legislativa, discute a database dos servidores. Divulgação
Brasil deGeral Fato |PR 3
“Perdi condições de ser articulador da Previdência, não falo mais em número de votos”, disse o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), na segundafeira, 8. Maia afirma ainda que perdeu as condições de ser articulador da reforma por conta da maneira como o presidente Jair Bolsonaro (PSL) trata o Congresso Nacional. Divulgação
Caos no MEC é grave para futuro, diz coordenadora do Fórum de Educação Redação Divulgação
A substituição do ministro da Educação, Ricardo Vélez, em cerca de três meses de mandato, mostra que o governo Bolsonaro está à deriva nessa área. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, a professora doutora de políticas educacionais da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do Fórum Estadual de Educação do Paraná, Andrea Caldas, faz reflexões a respeito da atual conjuntura na educação brasileira. Brasil de Fato: O Ministério da Educação enfrenta dificuldades. Como você explica esse caos instalado?
Andrea Caldas: Há confusão, com disputas internas, entre grupos como os dos religiosos, dos seguidores de Olavo de Carvalho e de militares. Há uma tentativa do chamado grupo técnico, que é o que pode entender algo da área, em manter alguma estabilidade nas medidas administrativas, mas parece que tem sido pouco considerado. De fato, é muito preocupante essa situação, em especial, diante de problemas sérios que temos na educação. Quais os principais problemas, hoje, da educação brasileira? Tem problemas velhos, que já foram superados em outros países. Como questões do acesso não resolvidas, com cerca de 6 milhões de crianças esperando por vagas em creches. A faixa de 4 a 5 anos tem 10% de crianças fora da escola. No ensino médio, a situação é bem mais grave, pois temos 84% de jovens de 15 a 17 anos na escola, mas só 62% estão no ensino médio. Mais da metade dos adultos não concluiu o ensino médio, o que empurra o problema para o ensino superior. É um dos países com menor índice de escolarização, ainda que tenham ocorrido avanços nos últimos governos. Mas esses avanços começaram a ficar estagnados com os cortes de verbas iniciados em 2015. E o atual governo, além de não ter propostas, sinaliza com mais cortes.
É ESSE?
Mariana Auler
80 tiros e o pacote anticrime de Moro Na segunda-feira, 8, fomos assolados pela notícia de que militares disparam 80 tiros contra um carro de família com cinco pessoas (duas crianças) no Rio de Janeiro, que resultou na morte de Evaldo Rosa dos Santos. Os militares teriam disparado “por engano” 80 vezes. Há dois meses, o ministro Sérgio Moro apresentou a proposta conhecida como “Pacote Anticrime”. Entre outras alterações na legislação penal, propõe a redução ou eliminação da pena no caso de agentes públicos de segurança agirem com excesso em caso de medo, surpresa ou violenta emoção e passa a considerar legítima defesa o ataque cometido em situações de “risco de conflito”. Por isso, o pacote tem sido chamado de “licença para matar”. Tal proposta parte da premissa de que os policiais brasileiros não atiram o suficiente e precisam ser incentivados (mesmo gerando mortes) sem medo de punição. Porém, casos como o dos 80 tiros por “engano”, repetidos diariamente, demonstram que temos uma polícia violenta, altamente letal e ineficiente no combate ao crime. Um projeto sério para a segurança pública deve repensar as forças policiais e militares e sua capacitação, partindo da premissa de que sua letalidade é um problema, nunca uma solução. Mariana M. Auler é advogada e coordenadora do Instituto Democracia popular
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Por que Lula Livre? Não há provas para condenar Lula e processos não estão sendo julgados com isenção Nas investigações e nos processos contra Lula não encontraram nenhum depósito suspeito em contas suas ou de parentes
Foi condenado por um apartamento que nunca foi dele. E não sabem que ato de corrupção teria feito para receber o imóvel
Todos os depoimentos que contrariavam a acusação acabaram descartados. Só os de acusação foram levados em conta Na Lava Jato, Ministério Público e juízes agiram como se fossem uma coisa só. Juízes atuaram a favor da acusação, sem nenhum tipo de neutralidade. Foram agressivos com a defesa e deixaram a acusação fazer o que quisesse
Os crimes denunciados pelo MP teriam ocorrido em São Paulo e não têm conexão com qualquer crime de competência da Justiça Federal de Curitiba. Moro não poderia ter julgado Lula
Moro condenou Lula para que ele não ganhasse a eleição para presidente. E ganhou de presente de Bolsonaro o cargo de ministro da Justiça
Como diz o ex-procurador do Ministério Público Afrânio Silva Jardim (entrevista abaixo), MP, juízes e tribunais superiores estão julgando sem isenção, porque são de “direita e antipetistas”
Agência Brasil
Frédi Vasconcelos
Divulgação
Agência Brasil
Não há nenhuma prova de corrupção nos processos. Só existem depoimentos de delatores premiados e matérias de jornais
Antes do julgamento de medida para libertar Lula no Supremo, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do exército, pressionou publicamente o STF para rejeitar a medida. Lula perdeu por 6 a 5
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Se não fosse Lula, esse processo estaria morto há muito tempo Frédi Vasconcelos
R
epresentando um grupo de promotores e procuradores de Justiça, Afrânio Silva Jardim, que esteve no Ministério Público por 31 anos, concedeu entrevista na saída da visita que fez ao ex-presidente Lula, no começo de abril, e declarou que usam o nome da Lava Jato como um carimbo em vários casos que não têm nada a ver. Mas se o tribunal soltar, é porque é a favor da corrupção. “É uma estratégia da mídia, da direita, do sistema financeiro, muito bem articulada.”
Afrânio diz também que os tribunais e o MP acabam entrando nesse jogo por uma questão ideológica. “No MP, hoje, 60% são de direita ou de extrema direita... Muitos nos tribunais superiores também são anti-PT, antissocialistas. A questão política contamina a imparcialidade.” E conclui, “Se não fosse o Lula, esse processo estaria morto há muito tempo.” Mudou a acusação Sobre o aspecto técnico, diz que se um aluno dele, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, tivesse feito a primeira denúncia con-
tra Lula, estaria reprovado. “A denúncia é inepta, incompetente... Mas os tribunais fecham os olhos para isso”, comenta. Diz que não se sabe nem qual é a acusação. “Usam vários verbos, Lula aceitou, Lula adquiriu, Lula dormiu, Lula recebeu... A acusação é genérica e varia de acordo com os acontecimentos. No último depoimento, o ex-presidente foi se defender, ‘O sítio não é meu’, e a juíza falou que a acusação não era essa. Que estaria sendo acusado pelas ‘obras do sítio’. Mas então mudou a acusação? A acusação é genérica, ampla, kafkaniana.”
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Mais de 10 mil gritando Lula livre No dia em que a prisão do ex-presidente completou um ano, pessoas vieram de vários lugares do Brasil para prestar solidariedade. Veja alguns depoimentos “Estou aqui lutando pela liberdade de Lula, pelo desenvolvimento de uma política libertadora para nossa nação. Para que os trabalhadores façam uma greve geral, que talvez seja a única forma de libertar o Lula.” Marlene Sobis, moradora de Criciúma, SC
“Estou aqui com meu senso de dever para apoiar Lula, dar fôlego para ele lutar mais, porque não é fácil ficar fechado lá. E o tempo está a nosso favor. As circunstâncias estão mostrando que Lula estava certo.
“Estamos vivendo um movimento histórico. Estamos aqui em Curitiba num ato com mais de dez mil pessoas para protestar contra a prisão política de Lula, que é fora de qualquer procedimento legal.” Luiziane Lins ex-prefeita de Fortaleza
Padre João, de Sarandi, PR
“Nós somos as vozes. Somos milhares de Lulas e estamos dando o pontapé inicial para que ele fique livre... Não importa se ele sai hoje ou amanhã, estaremos aqui lutando por sua liberdade.”
Benedita da Silva, exgovernadora do Rio de Janeiro
É uma tristeza enorme ter o Lula aqui preso injustamente. Mas a gente estar aqui junto também nos dá um sentimento de força e esperança de que uma hora a justiça vai acontecer e a gente vai ver ele sair daí e ser recebido por essa militância amorosa e aguerrida.”
Guga Stresser, atriz que trabalhou na Grande Família
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Os cem dias do desgoverno Bolsonaro Redação
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esta quarta-feira, 10 de abril, completam-se cem dias desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente do Brasil. Declarações controversas, decisões questionáveis e recuos marcaram os primeiros meses de gestão do capitão reformado e deram continuidade ao desgaste de um processo eleitoral polarizado. O turbulento cenário político desafia análises de especialistas, de políticos e da população a cada nova notícia ou pronunciamento. A popularidade do político do PSL, as articulações do ministro da Economia, Paulo Guedes, para a aprovação da reforma da previdência e as relações de Bolsonaro com o governo dos EUA estiveram nos holofotes da mídia e das críticas nos primeiros três meses do novo governo. Desgovernado. Para a cientista política Rosemary Segurado, os cem primeiros dias de Bolsonaro foram uma continuidade de sua campanha eleitoral, sem a apresentação efetiva de um plano de governo. “Não teve aprovação ou encaminhamento de absolutamente nada concreto. Nada de efetivo durante esse período. No Congresso, não conseguiu dialogar e formar sequer uma maioria. É um governo desgovernado”, afirma a professora do departamento de Ciência Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Na opinião de Segurado, a cada dia, as contradições entre o discurso e a prática se tornam mais evidentes na gestão Bolsonaro. “É um governo que atua em nome da nova política cujas práticas são as que mais se aproximam de uma velha política. É realmente desastroso”.
REPROVAÇÃO HISTÓRICA
A quantidade de gente que tem aqui hoje mostra que Lula está cada vez mais vivo, livre, leve e solto em suas ideias. Agora queremos ele livre como pessoa do nosso lado. Vicentinho, deputado federal (PT-SP)
Apesar de eleito com 57,7 milhões de votos, hoje o presidente tem uma aprovação em queda. Segundo pesquisa Datafolha publicada no dia 7 de abril, Bolsonaro tem a pior avaliação entre presidentes eleitos para um primeiro mandato desde a redemocratização de 1985.
30%
61%
dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo
dos entrevistados acham que Bolsonaro fez menos do que devia no exercício do cargo
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Reforma da Previdência deve acabar com 5 milhões de empregos em dez anos
Indianara Maia
Pacote que corta as aposentadorias prejudicará o país, diz economista Vanessa Nicolav
Juca Guimarães, São Paulo
O
desempenho da economia brasileira nos próximos anos será desastroso, com uma média de 450 mil novos desempregados por ano e uma redução de um ponto no PIB caso seja aprovada a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL). É o que afirma o economista Marcelo Manzano, do Centro de Estudos Sindicais de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp. Segundo ele, a premissa do governo de que a reforma da Previdência vai salvar a economia é uma “bobagem” e terá efeito inverso, aumentando o desemprego e a desigualdade social. “Essa afirmação é fruto de uma perspectiva muito particular e equivocada da equipe econômica liberal do governo de que o que determina o nível de emprego numa sociedade é o custo da mão-de-obra. Se for PUBLICIDADE
Serão 450 mil novos desempregados por ano e queda de um ponto no PIB
mais baixo, haverá uma maior demanda por trabalhadores. Isso não é verdade, infelizmente, é uma falsa associação que é feita com outros mercados, como o mercado de bananas, tomates etc. O mercado de trabalho não funciona assim. Há uma relação técnica entre o número de trabalhadores empregados e a atividade econômica”, diz. Logo, as ofertas de emprego só aumentam quando há crescimento da atividade econômica nos mercados de produtos e serviços. A redução da massa PUBLICIDADE
salarial dos aposentados e pensionistas, por sua vez, vai estagnar ainda mais a atividade econômica no país. “O que define o nível de emprego, em última instância, é a demanda. O que o governo está fazendo com a reforma da Previdência é encolher a demanda. É tirar da economia aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, que são transferidos regularmente para os trabalhadores de baixa renda que tem um efeito multiplicador muito forte e rápido na atividade econômica.”
Cooperativa entrega mais de 90 toneladas de alimentos em escolas no Oeste De abril de 2018 a fevereiro deste ano, foram entregues mais de 90 toneladas para cerca de 50 colégios estaduais de Cascavel Geani Paula de Souza Produzir alimentos saudáveis é um dos princípios do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Cooperativa de Produção e Comercialização da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (COPCRAF), do município de Cascavel, no Oeste do Paraná. A cooperativa foi reorganizada em 2016 pelos agricultores assentados da reforma agrária da região. De abril de 2018 a fevereiro deste ano, a cooperativa entregou mais de 90 toneladas de alimentos para a alimentação escolar, em cerca de 50 colégios estaduais de Cascavel. Mas não foi um caminho fácil. “As famílias tinham dificuldade em comercializar sua pro-
dução, principalmente através dos mercados institucionais, no caso da alimentação escolar. Em Cascavel havia apenas uma associação de pequenos agricultores que excluía a participação das famílias assentadas da reforma agrária”, disse Eduardo Rodrigues, da coordenação do setor de produção do MST na região. PNAE Hoje a cooperativa conta com mais de 100 sócios, distribuídos em nove assentamentos da região de Cascavel. São camponeses da reforma agrária e da agricultura familiar, cuja parte da produção é comercializada pela COPCRAF por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para o governo do Paraná.
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Marcado por forte presença negra e tensão que revelou o racismo estrutural ainda presente no teatro e na sociedade Annelize Tozetto | Divulgação
O 28º Festival de Curitiba entra para a história como a edição com maior representatividade negra em seus palcos. Comemorado pelos artistas, o crescimento de negros e negras no festival também serviu para revelar o racismo estrutural ainda presente tanto no teatro brasileiro como na sociedade como um todo. Prova disso foram as filas e os ingressos esgotados nos musicais “Elza” e “O Frenético Dancin’Days” e também nos espetáculos “Isto É um Negro?”, “Navalha na Carne Negra”, “Quando Quebra Queima”, “Por Que Não Tem Paquita Preta?” e “Negro Não Nego”, todos com forte pre-
sença negra em seus elencos. Tensões raciais A presença de artistas e profissionais negros em grande escala no Festival de Curitiba não só foi aplaudida, mas também fez eclodir tensões raciais antes camufladas. Afinal, até bem pouco tempo, ver artistas negros nos elencos, sobretudo da Mostra Oficial, era raridade. O comum era um teatro feito majoritariamente por uma elite branca e de classe média e alta, até então não acostumada a sequer pensar sobre representatividade étnica nos palcos, tampouco em ser questionada sobre isso. “Falar estilhaça a máscara do silêncio. Não é preciso portar armas, é preciso por-
tar a voz”. Esta fala do musical “Elza”, aplaudida em cena aberta pelas mais de 2 mil pessoas que lotaram o Teatro Guaírão ao ser dita na potente voz da atriz e cantora Larissa Luz, é uma espécie de síntese do que ocorreu em Curitiba. A última sessão de “Elza” foi emblemática e dedicada à bailarina Priscilla Pontes, que durante a sessão sofreu uma atitude racista de uma pessoa branca na plateia do Guairão, que verbalizou seu incômodo com o cabelo afro trançado da artista. A equipe do Festival e da peça deu apoio à bailarina ofendida. Trecho de matéria do Blog do Arcanjo no UOL, cedida para o BdF PR
LUZES DA CIDADE Mariana Sanchez*
Sônia sambando É domingo e ela samba como se o mundo não desmoronasse, outra vez, ao som e à fúria de 80 tiros. Ela samba porque não sabe, e porque pra ela o mundo há tempos desabou. Estar viva neste corpo é um milagre. Escapar da prisão e da tortura, um milagre. Só um corpo livre pode sambar assim. Como se não tivesse perdido o companheiro assassinado, Sônia samba. Assim exibida, nem parece alguém que caiu na clandestinidade. A ex-guerrilheira da VAR-Palmares e do MR-8 que deu e recebeu tiros – um na virilha, outro na perna, um terceiro nessa cabeça que agora balança ao som do Jorge Ben. Outrora a pistola 44 dando retaguarda, empunhando o fuzil sete meia dois de Lamarca, mas agora Sônia samba vestida com as roupas e as armas de Jorge. O suingue de africana, argelina filha de espanhol antifranquista, tantas fronteiras singradas, grávida e exilada, do chile de Allende à França de sua mãe ao Brasil da Anistia. Sônia sambando com os sapatos que pisaram a passeata dos Cem Mil. Sorrindo como se não tivesse vivido na carne tanto susto. Como se. *Tradutora, escritora, fotógrafa e jornalista
Elisandro Dalcin
Aumento de negros no Festival de Curitiba expõe racismo no teatro
Miguel Arcanjo
BrasilCultura de Fato |PR 7
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DICAS MASTIGADAS
Mousse de manga com limão Ingredientes 2 mangas Suco de um limão 1 colher (de chá) de raspas de casca de limão 1 caixa (de 200 g) de creme de leite 2 colheres de leite moça
Reprodução
Modo de Preparar Corte uma manga e meia em pedaços e separe, bata o creme de leite no liquidificador e em seguida acrescente a manga, o suco de limão, o leite condensado, o creme de leite e bata mais um pouco. Se a manga tiver fiapos passe pela peneira, despeje o creme em uma vasilha. Corte a outra metade de uma manga em cubinhos e disponha sobre o creme. Polvilhe as raspas da casca de limão sobre o creme. Sirva geladinho. (20 minutos no freezer ou 2 horas na geladeira).
Brasil de Fato PR 8 Esportes
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Turnover, Verdão! Por Cesar Caldas O Coritiba precisa de uma virada – fi nanceira e técnica– para não amargar em 2020 a terceira temporada seguida na Série B do Brasileiro, o que seria uma catástrofe. Para alcançar esse turnover, uma injeção de dinheiro, inteligência para contratar e muito treino são fundamentais nos sete meses de intensa luta para voltar à elite do futebol nacional. Um grande reforço já foi anunciado. É o contrato assinado com a Turner Broadcasting System Brasil para a transmissão de seus jogos pelos canais TNT Sports (TV fechada), que renderá de imediato R$ 17 milhões de luvas. No CT da Graciosa, enquanto não chegam todos os reforços pretendidos por Umberto Louzer, o técnico procura extrair dos jogadores que já tem aquilo que de melhor possam oferecer, já ensaiando com convicção a estruturação tática que pretende usar depois da Páscoa.
Vira lei medida que transfere estádio para o Paraná Clube Vila Capanema poderá ser usada pelos próximos trinta anos pelos tricolores Divulgação
A fila anda Por Marcio Mittelbach Matheus Costa, Dado Cavalcanti. Claudinei Oliveira, Rogério Micale, Wagner Lopes. Matheus Costa, Lisca Doido, Cristian Souza, Wagner Lopes. Fernando Miguel, Roberto Fernandes, Marcelo Martelotte, Claudinei oliveira. Fernando Miguel, Fernando Diniz, Nedo Xavier, Luciano Gusso. Ricardinho, Claudinei Oliveira, Ricardo Drubscky, Milton Mendes. Dado Cavalcanti, Toninho Cecílio, Ricardinho, Guilherme Macuglia, Roberto Fonseca, Ricardo Pinto, Roberto Cavalo. Marcelo Oliveira, Roberto Cavalo, Sérgio Soares, Zetti, Velloso, Paulo Comelli. Rogério Perrô, Paulo Bonamigo, Saulo de Freitas. Lori Sandri, Gilson Kleina, Pintado, Zetti. Caio Junior, Luiz Carlos Barbieri. Lori Sandri, Paulo Campos. Gilson Kleina, Édson Santos (Neguinho), Saulo de Freitas. Edu Marangon, Adilson Batista, Saulo de Freitas, Cuca, Caio Júnior. Otacílio Gonçalves, Caio Júnior, Paulo Bonamigo.
Sabendo jogar o jogo Por Roger Pereira O Athletico encaminhou a classificação para as oitavas da Libertadores com atuações bastante distintas, mas que mostram uma equipe madura e competitiva. Se contra o Boca, no dia 2, o Furacão apresentou um futebol mágico, que encantou e foi coroado com um 3 a 0 incontestável, contra o Tolima, no dia 9, o time mostrou paciência e persistência. O Boca veio à Baixada para vencer o jogo, agrediu o Athletico, que soube suportar a pressão, mas deu espaços para que o Furacão mostrasse seu jogo. O Tolima veio para empatar, fez cera desde o início e armou uma verdadeira retranca. Mas a sensação na arquibancada era que, mais cedo ou mais tarde, o Furacão furaria o bloqueio e conseguiria o gol da vitória. Veio com um golpe de sorte, num chute de Bruno Guimarães. Mas, se aquela bola não desviasse o gol, viria em outro lance, porque o Athletico soube jogar o jogo.
Redação
S
e não vai bem em campo, pelo menos o Paraná Clube tem o que comemorar fora das quatro linhas. Foi aprovada pelo Congresso e virou lei a medida provisória, MP, que autoriza a posse da Vila Capanema pelos próximos trinta anos, com possibilidade de renovação pelo mesmo período. A MP, assinada ainda no governo do ex-presidente Temer, extinguiu um fundo da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), com isso imóveis que pertenciam à estatal passaram a poder ser alienados, doados ou cedidos. Em 2016, o Paraná havia perdido a posse do estádio para a União no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre (TRF-4). Agora a posse foi oficializada. A disputa já durava mais de quatro décadas.
À época da medida provisória, em setembro do ano passado, o Paraná soltou em seu site oficial a nota “A Vila Capanema é nossa”, em que afirmava que a posse do estádio era o maior sonho de todo torcedor paranista.
Em setembro do ano passado, o Paraná afirmou, em seu site oficial, que a posse do estádio era o maior sonho de todo torcedor paranista O que dizia a MP A lei aprovada diz que, “Os imóveis da União que estiverem ocupados por en-
tidades desportivas de quaisquer modalidades poderão ser objeto de cessão em condições especiais, dispensado o procedimento licitatório, observadas as seguintes condições: exclusivamente para ocupações anteriores a 5 de outubro de 1988; pelo prazo máximo de 30 anos, admitidas prorrogações por iguais períodos”. Situação difícil fora de campo Eliminado das finais do Campeonato Paranaense, depois da queda à série B no ano passado, o Paraná demitiu o técnico Dado Cavalcanti e contratou Matheus Costa, treinador que levou o time de volta à Série A em 2017. O novo técnico terá poucos dias para acertar o time antes da estreia no Brasileirão, mas sem perspectiva de grandes contratações por falta de dinheiro.