VAR em julgamento
Divulgação
Esportes | p. 8
Brasil | p. 6
Papa Francisco Em carta a Lula, pontífice aponta: política deve criar “futuro digno e justo” Reprodução
Resultado de Palmeiras e Botafogo fica suspenso
PARANÁ
Ano 4
Edição 125
30 de maio a 5 de junho de 2019
www.brasildefato.com.br/parana
DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA
Policial denuncia genocídio de pobres Para PM, corporação é treinada para combater crime passando por cima da lei Brasil | p. 4
distribuição gratuita
Escola sem partido tem votação adiada. Atos em defesa da educação acontecem por todo o Brasil Brasil | p. 5 Giorgia Prates
Reprodução
Geral | p. 3
Brasil | |p.p.67 Cultura
Porém.net | p.3
Projeto prejudica gestantes
Aláfia abre caminhos
Greca quer eliminar cobradores
Reforma da previdência de Bolsonaro retira proteção das leis
Grupo musical se firma a partir de referências à cultura negra
Prefeito comete gafe ao falar de votação que não ocorreu
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
Economia vai de mal a pior com Bolsonaro
EDITORIAL
A
governo, ao invés de injetar dinheiro na previsão de crescimento da econoeconomia, só fala em cortes: nos direitos mia brasileira já caiu treze vezes este trabalhistas, no salário mínimo, na saúde, ano. A política econômica de Bolsonana educação. ro e Paulo Guedes afunda a renda das faE, agora, a solução apontada por Bolmílias brasileiras e faz as empresas deixasonaro é mais corte: quer rem o país. Projeções para o dinheiro das aposenProduto Interno Bruto (PIB) Mas o governo, retirar tadorias. Aponta a reforma – índice relacionado ao conao invés de da previdência como a sosumo, gastos do governo, investimentos públicos e injetar dinheiro lução para os problemas, sem explicar como vai fazer privados e ao papel das exna economia, a economia crescer deixanportações na balança cosó fala em do a população mais pobre. mercial – diminuem cada Enquanto o governo retirar vez mais. Afinal, é assim: cortes dinheiro de circulação, didesempregados não consominuindo a renda do povo, mem, investimentos estão não haverá retomada do escassos. crescimento. O momento é de mobilizaUm em cada quatro trabalhadores ção contra os cortes e contra a reforma da no Brasil está subutilizado: desempregaprevidência, nos atos dos dias 30 de maio do ou trabalhando menos do que o nee 14 de junho. cessário para ter renda suficiente. Mas o
SEMANA
Temos uma comunicação popular. E agora? OPINIÃO
ses valores, mostrando a realidade da população mais poCoordenador político do Brasil de bre e cobrando soluções. Fato Paraná O BDF não é a única expressão disso. Mas ainda precomum entre os militancisamos saber que existe a tes de esquerda o sonho necessidade de manter essa de uma imprensa alternatiestrutura, contratar mais trava, defensora dos interesses balhadores para a comunida população para enfrentar cação alternativa e popuos jornais, rádios e televisões lar. Por isso, o Brasil de Fato que defendem os mais ricos e lança no Paraná a campaos empresários. nha “Mantenha o Brasil de O comunicador popular Fato Paraná nas ruas” como Vito Gianotti, desde os anos forma de, neste momento da 80, avisava que se os moviluta dos trabalhadores contra mentos populares se unissem a retirada de dina produção reitos, aumende notícia conContribua com tar o número de seguiriam enjornais e vencer frentar os grano Brasil de as dificuldades des grupos de Fato Paraná! financeiras, lecomunicação Por uma visão vando às pesso(Globo, SBT, as informação Record e Band), popular do sobre direitos que pertenBrasil e do trabalhistas e os cem a, apenas, mundo! direitos de difeoito famílias no rentes setores Brasil. sociais. Muita água Podem dirolou desde enzer que os veículos imprestão e o Brasil de Fato (BDF), sos estão com os dias contacriado em 2003, hoje está dos. De fato, vários veículos em oito estados, produzindo da mídia comercial têm feo jornal impresso de graça, chado as portas. Porém, 50% programas de rádio e conteúda população no Brasil ainda do para redes sociais, como o não acessa a internet todo o Facebook. tempo; em um país de baixa Comunicação popular é cultura de leitura, a comunide esquerda? Se ser de escação impressa é um alimenquerda é defender que o povo to necessário. tenha acesso gratuito à saúContribua com o Brasil de e educação, com todos rede Fato Paraná! Por uma vicebendo tratamento igual, a são popular do Brasil e do resposta é sim! Desta forma, a mundo! comunicação deve seguir esPedro Carrano,
É
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 125 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Julio Carignano DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Daniel Castellano | SMCS
O prefeito Rafael Greca (DEM) deseja extinguir a função de cobradores de ônibus. Tanto que cometeu uma gafe em suas redes sociais. Ele disse que a Câmara Municipal de Curitiba havia votado, por 37 votos a um, a progressiva introdução da bilhetagem eletrônica, que acaba com os empregos. Contudo, o prefeito foi corrigido por um internauta e pela vereadora Noemia Rocha. O seguidor de Greca informou que a CMC não havia votado a autorização para acabar com os empregos. O Legislativo apenas analisou, na comissão de Serviço Público, a substituição do texto original para a retirada da palavra “exclusiva”. Noemia foi mais longe e criticou a pressa do prefeito em gerar desemprego. “A nossa preocupação é que o gestor deve gerar emprego, não desemprego. A retirada do ‘exclusiva’ é importante, mas a gente tem de atender não as empresas, os sindicatos ou o prefeito, mas aos trabalhadores. Tem muita coisa para avaliar como a acessibilidade das pessoas sem ter cobrador”, pontuou.
É ESSE?
“Depois dos cortes, virá a privatização do ensino”
Greca deseja acabar com cobradores
diz Paulo Arantes Arantes, professor aposentado de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Reprodução
Governo quer tirar proteção a gestantes e reduzir prazo para salário-maternidade Juca Guimarães, São Paulo O artigo 201 da Constituição Federal, que organiza o sistema previdenciário brasileiro, garante a “proteção à maternidade, especialmente à gestante”. No entanto, a proposta do governo Jair Bolsonaro (PSL) que altera a Previdência Social exclui do texto proteção especial às gestantes. “A proposta do governo Bolsonaro de tirar da Constituição as garantias da mulher, especialmente às gestantes, é uma maldade sem tamanho. As mulheres já têm toda a dificuldade de se aposentar, elas têm salários menores e quando voltam da licença-maternidade grande parte é demitida”, diz Jesus Souza, consultor previdenciário. A previsão de cortes de direitos das mulheres tam-
Brasil de Fato| PR Geral 3
bém está na Medida Provisória (MP) 871, criada para, segundo o governo, combater irregularidades nos be-
“A proposta do governo Bolsonaro de tirar da Constituição as garantias da mulher, especialmente às gestantes, é uma maldade sem tamanho” nefícios previdenciários. Na MP, o prazo para pedir o salário-maternidade foi reduzido de até 5 anos (60 meses) para seis meses após o nascimento da criança. Em conjunto, as duas medidas do governo refor-
çam as desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 48% das mulheres perdem o emprego em até 12 meses após a volta da licença-maternidade. O portal “Trocando Fraldas” fez uma pesquisa de opinião, entre os dias 13 e 17 de maio, com 10 mil internautas de todo o país. O resultado revelou que 85% das pessoas não sabiam da alteração que tira a proteção à gestante da Constituição. Por outro lado, 87% dos internautas são contra essa retirada dos direitos. O Brasil de Fato entrou em contato com a secretaria de Previdência Social questionando as medidas do governo, porém o órgão, que é subordinado ao ministério da Fazenda, não respondeu até a publicação da matéria.
Paula Cozero
Como funciona o contrato de trabalho intermitente? Criado pela reforma trabalhista, o contrato intermitente é chamado de “zero hora” porque o trabalhador não sabe previamente quanto tempo trabalhará nem qual valor receberá a cada mês. Permite à empresa chamar o empregado quando entender necessário, remunerando somente as horas trabalhadas. O contrato deve ser por escrito e constar o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior a uma hora do salário mínimo, hoje R$ 4,54. O pagamento é feito ao final de cada período de trabalho, já com os reflexos em férias e 13º, uma vez que o empregado pode não ser chamado novamente. O empregador convoca o empregado, que pode recusar o chamado. Entretanto, a lei prevê que, se ele se compromete a trabalhar e não vai injustificadamente, fica devendo ao empregador 50% do valor que lhe seria pago. Uma sanção bastante desproporcional e lesiva ao trabalhador. Outro problema é a previdência: se receber menos de um salário mínimo no mês, o próprio empregado deve fazer a complementação da contribuição previdenciária. Se não, o tempo não será computado para acesso aos benefícios previdenciários. Ou seja, trata-se de mais uma medida da reforma trabalhista que deixa o trabalhador com menos direitos e sem segurança. Paula Cozero, integrante da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP).
Brasil de Fato PR 4 Brasil
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
Na polícia, quem mata mais pobres é considerado herói Policial revela que na corporação há a ideologia de “passar por cima das leis para combater crime” e que isso acaba justificando o genocídio que existe hoje Arquivo Pessoal
Frédi Vasconcelos
O
aspirante a oficial da Polícia Militar do Paraná Martel Alexandre del Colle encontra-se afastado da corporação por licença médica por conta da pressão que relata ter sofrido dentro da corporação desde que passou a questionar procedimentos internos e foi contrário, publicamente, à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) no ano passado. Entre as coisas com que não concordava na corporação estava, como diz, uma verdadeira ideologia de que a lei não é suficiente para a atuação da polícia e que por isso deve-se passar por cima dela. “Quando eles falam isso, é de maneira genérica. Mas quando vai para a prática, esse discurso não é para uma classe mais alta. Não se ouve na polícia falar que bandido bom é bandido morto para o (deputado) Aécio Neves, para crimes da alta sociedade. O
criminoso é o criminoso pobre. No final, essa ideia de matar só serve para o pobre, para a classe baixa.”, afirma Martel. Ele explica que a forma de operacionalizar essas ações vem desde a formação. E que
“O criminoso é o criminoso pobre. No final, essa ideia de matar só serve para o pobre, para a classe baixa”
Martel Alexandre del Colle
quase todo policial já ouviu dizer, “você vai aprender a ‘ser policial nas ruas’, ou seja, esqueça tudo que você aprendeu no curso de formação e venha aprender nas ruas.” PUBLICIDADE
Pacote anticrimes de Moro piora situação Frédi Vasconcelos
M
esmo com a polícia já matando muita gente e a violência aumentando cada vez mais, o pacote do ministro Sergio Moro quer dar mais liberdade para quem atuem. Hoje o policial pode reagir em caso de sua vida em risco ou a de terceiros, “o chamado excludente de ilicitude”, mas passa por procedimentos de investigação e, em muitos casos, por julgamento. “Agora, o que se quer é que ele nem
responda se cometer irregularidades. Pode dizer: ‘matei uma pessoa porque estava nervoso, estava numa favela. É um pacote genocida, vai dar mais poder para policiais criminosos, que poderão executar crimes e não responder por eles”, diz o policial Martel. O pacote de Moro O projeto “anticrime” de Moro dá isenção de responsabilidade aos policiais que matarem civis ao agirem por “medo, sur-
presa ou violenta emoção”. Conforme o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2017 a polícia brasileira matou 3.240 pessoas negras, quase três vezes mais do que pessoas brancas. Hoje essas mortes são muitas vezes “justificadas” por “autos de resistências” forjados pelas instituições militares com a finalidade de justificar ações excessivas do Estado. Caso a medida de Moro passe, os autos de resistência não serão, sequer, necessários.
Martel afirma que já ouviu falar sobre o chamado “batismo”, em que um policial recebe a ordem de ir a uma comunidade e matar alguém para mostrar que faz parte da corporação. “Algumas dessas pessoas acabam internadas com problemas de saúde depois dessas ações. Na minha carreira e mesmo em internamentos em hospitais vi situações de policiais falando desses batismos, de pessoas que estavam internadas em clínicas porque não tinham aguentado.” Outro ponto que destaca é que há uma obrigação de obediência cega ao comando. “Se existe uma lei dizendo uma coisa e um oficial disser outra, você vai ser punido se não seguir a ordem do oficial. O policial aprende que não tem de questionar uma ordem, mas cumprir... E a ordem do comando pode ser qualquer uma. E, nesse contexto, quem mais mata pobre acaba se tornando herói.”
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato| PR Brasil 5
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
Após pressão, votação do projeto “escola sem partido” é adiada Proposta está sendo analisada na Assembleia Legislativa do Paraná, apesar de ser considerada inconstitucional por diversas entidades Giorgia Prates
SEM DIÁLOGO
Ana Carolina Caldas
T
ramita na Assembleia Legislativa do Paraná o projeto de lei que tem como objetivo instituir a “escola sem partido” no sistema estadual de ensino. Na última terça, 28, a votação foi adiada por dez sessões, atendendo a requerimento do deputado Carlos Romanelli (PSB). A previsão é que a votação fique para o fim de junho. Até lá, organizações que representam estudantes e professores, com a APP-Sindicato, afirmam que se manterão mobilizadas na campanha #escolasemmordaça. Se aprovada, a lei poderá ser aplicada em planos educacionais, propostas curriculares, livros didáticos,
entre outros. Incentivando que alunos denunciem professores que façam “doutrinação ideológica”. O que foi considerado inconstitucional por organizações como Ministério Público do Paraná (MPPR),
Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Paraná e o Conselho Estadual da Educação. Para o procurador de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do MPPR, “o
Mais protestos em defesa da educação Ana Carolina Caldas
N
esta quinta, 30 de maio, ocorre novo Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Educação, já confirmada em pelo menos em 24 capitais e 45 cidades do interior e litoral. Em Curitiba, a atividade está prevista para começar às 18h, na Praça Santos Andrade. A ideia é repetir as manifestações de 15 de maio que, segundo cálculos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), reuniram cerca de um milhão de estudantes, professores, e
defensores da educação pública em 222 cidades em protesto contra os cortes promovidos pelo governo federal na pasta. A pressão surtiu efeito e, no dia 22, o governo anunciou que usaria parte da reserva orçamentária para diminuir o tamanho dos cortes da educação. Com o recuo, os R$ 5,8 bi que seriam cortados foram reduzidos para R$ 4,25 bi.
Para ficar por dentro O quê: Ato em defesa da educação Onde: Praça Santos Andrade, Curitiba (PR) Horário: das 18h às 21h
Giorgia Prates
projeto fere a liberdade de cátedra, prevista na Constituição, e outros pontos como, por exemplo, liberdade de expressão, pluralismo ideológico, que devem ser assegurados no espaço escolar.”
Há seis anos como professor de Sociologia no Colégio Estadual do Paraná, Afonso Cardoso, diz que “há uma discussão sendo feita na Assembleia Legislativa sem que nenhum dos personagens que atuam na educação, de fato, seja ouvido.” Para ele, mesmo sem aprovação da lei, o tema já tem criado um clima persecutório dentro da escola. Sobre o argumento de doutrinação ideológica, o professor de Literatura da Unioeste Flávio Pereira diz que isso não existe dentro das escolas. “Não existe porque não tem neutralidade da parte dos professores muito menos dos alunos. O que fazemos em sala de aula é trabalhar a pluralidade de temas e ideologias.” Para Marcia Barbosa Soczek, professora do Instituto de Educação do Paraná e que atualmente faz doutorado em Políticas Educacionais na UFPR, o projeto interfere diretamente no trabalho pedagógico. “Por trás desse projeto existe uma concepção que pretende acabar com os direitos de exercerem sua profissão, que é formar seres humanos capazes de refletir sobre suas decisões e terem autonomia de pensamento. É uma falácia dizer que esse projeto ‘escola sem partido’ não tem uma ideologia.”
Brasil de Fato PR 6 Mundo
Papa escreve sobre as duras provas pelas quais Lula tem passado Francisco envia carta a ex-presidente em que ressalta a política como o respeito pela dignidade das pessoas Divulgação
Redação
P
apa Francisco, autoridade máxima da Igreja Católica, enviou neste mês uma carta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de 400 dias na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. No documento, em resposta a uma carta de Lula enviada em 29 de março, o pontífice se solidariza com ex-presidente, que, segundo ele, tem passado por “duras provas” com a morte de sua esposa, Marisa Letícia, de seu irmão, Genival Inácio, e de seu neto, Arthur. O líder religioso também lhe deseja ânimo e confiança em Deus, além de pedir que Lula siga rezando por ele e diz que acredita, assim como seus antecessores, que “a política pode se tornar uma forma eminente PUBLICIDADE
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
de caridade se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas”. No dia 11 de junho de 2018, Juan Grabois, consultor argen-
tino do Papa Francisco, foi impedido de visitar o ex-presidente na superintendência da PF, apesar de trazer um terço abençoado e enviado pelo pontífice.
Confira a íntegra da carta de Papa Francisco a Lula Estimado Luiz Inácio Recebi sua atenciosa carta do passado 29 de março, com a qual, além de agradecer a minha contribuição para defesa dos direitos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação, me confidenciava seu estado e ânimo e comunicava sua avaliação sobre o contexto sócio-político brasileiro, o que me será de grande utilidade. Como assinalei na mensagem para o 52 Dia Mundial da Paz, celebrado no passado 1 de janeiro, a responsabilidade política constitui um desafio para todos aqueles que recebem o mandato de servir ao seu País, de proteger as pessoas que habitam nele e de trabalhar para criar as condições de um futuro digno e justo. Tal como meus antecessores, estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, liberdade e dignidade das pessoas. Nesses dias, estamos celebrando a ressurreição do senhor. O triunfo de Jesus Cristo sobre a morte é a esperança da humanidade. A sua Páscoa, sua passagem da morte à vida, é também a nossa Páscoa. Graças a ele, podemos passar da escuridão para luz, das escravidões desse mundo para liberdade da terra prometida. Do pecado que nos separa de Deus e dos irmãos para a amizade que nos une a ele. Da incredulidade e do desespero para alegria serena e profunda de quem acredita, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e salvação vencerá a condenação. Tenho presente das duras provas que o senhor viveu ultimamente, especialmente da perda de alguns entes queridos, sua esposa Marisa Letícia, seu irmão Genival Inácio e, mais recentemente, seu neto Arthur de somente sete anos- quero lhe manifestar a minha proximidade espiritual e lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus. Ao assegurar-lhe minha oração a fim de que, neste tempo pascal de Júbilo, a luz de cristo ressuscitado o cumule de esperança, peço-lhe que não deixe de rezar por mim. Que Jesus o abençoe e a Virgem santa lhe proteja. Fraternalmente.” Reprodução
Brasil de Fato PR
BrasilCultura de Fato| PR 7
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
Caminhos abertos para a música brasileira
Giorgia Prates
Desde 2012 em cena, banda Aláfia segue se reinventando num encontro da ancestralidade e de nossos tempos Laís Melo
mos, a gente tá falando de dor e sofrimento, e os caminhos abertos para isso vêm através da compaixão, do afeto”, explica Jairo Pereira, integrante do grupo. Desde 2012 na ativa, o grupo afirma ainda estar em processo de encontros e formação, reunindo pessoas e propostas de linguagem. “Sem esses encontros o Aláfia não tem sentido, nem para se formar, nem para se estabelecer, nem para se comunicar com o público. O Aláfia cultua o caminho e uma das funções do ca-
LUZES DA CIDADE Pedro Carrano
João Baruinho Reencontro um casal de amigos de lutas sociais. Foi só aquele tempinho pra um café morno antes das tarefas do dia. Eles comentam que voltaram a contribuir, depois de anos, com uma pastoral na Vila das Torres, ajudando a comunidade. Lá foi dos primeiros lugares onde me engajei nas lutas sociais. Era uma ong chamada “Girassol’, que dava cursos pra piazada, sem muita organização e sem recursos. Vinte anos depois, a área de ocupação mais próxima do centro de Curitiba segue com problemas. Tráfico. Pobreza hoje acentuada. Porém, de repente, um fio de memória me trouxe o João, o João Baruinho, ex-carrinheiro, magro, figura de procedência e amizade. Baruinho soldava carrinhos para os catadores dali. O preço era flutuante: dependia dos recursos do trabalhador. Mas João se tornou famoso de verdade com um helicóptero criado com sucata, em tamanho quase original, surpreendendo quem o via pousado na lage de João. Ansioso, eu quis saber dele. “Morreu faz tempo. De leptospirose, a doença dos ratos, sabe?” Pensei no céu. Pensei nos voos que Baruinho queria galgar neste país que cuida, cada vez menos, dos seus melhores cientistas e inventores.
minho é encontrar as coisas”, conta Eduardo Brechó, que compõe os vocais da banda, e um dos proponentes desse aquilombamento. E a amplitude musical é mesmo vasta, com três discos já lançados, o grupo segue na proposta de se reinventar: “A gente vem desde sempre sendo chamado de funk candomblé, mas candomblé não é estilo musical, é uma visão de mundo. Candomblé não é um toque de tambor, é um estilo de vida. Então, o que o Aláfia fizer em estilos musicais é candomblé,
porque é nossa formação, mas também por uma escolha política”, reforça Brechó. É do funk, rap, MPB, música de terreiro e black music que vêm as referências da banda. Para o próximo disco, o grupo pretende falar de pessoas próximas, artistas brasileiros, muitos que não foram reconhecidos. “É também uma reverência falar das e dos musicistas mais recentes, que estão em passagem e isso fez também que o nosso som mudasse, vocês vão sentir algo mais clássico”, atiça Brechó.
DICAS MASTIGADAS
Pastel de Angu
Reprodução
No palco, uma mistura de muitos corpos, cores, vozes e cantos. Aláfia, que significa “caminhos abertos” em Iorubá, é uma grande banda. Por serem treze músicos, mas também no que evocam. Em cena, o grupo está acompanhado de seus ancestrais, cantando a violência, o genocídio, o racismo, e o afeto, o amor, o mítico, o candomblé; cantando o urbano, os movimentos, os encontros, o nosso tempo. Em show em Curitiba, o grupo tocou o público com sua energia. “Falar do embate somente não nos dá o caminho de cura. Nesse tempo de Aláfia, a gente foi descobrindo a importância do afeto. Porque quando a gente fala de genocídio, o que vive-
Ingredientes 1 litro de água. Meio quilo de fubá de milho. 2 colheres de sopa de óleo. 1 colher de chá de sal. 1 ovo. 1 pitada de bicarbonato. Meio copo de polvilho azedo. Recheio a gosto carne moída, frango, queijo, bacalhau, milho ou o que você tiver na geladeira.
Modo de preparo Numa panela dissolva o fubá em água fria, sal, e óleo e leve ao fogo. Mexa com uma colher de pau até a massa engrossas e borbulhar. Acrescente o bicarbonato e vá mexendo até a massa desgrudar da panela. Depois tire do fogo e vire numa mesa de pedra, acrescente a massa o polvilho e o ovo. Sove a massa ainda quente, até ficar consistente. Enrole a massa em um pano de prato úmido. Faça bolinhas e abra com um rolo, sem fazer força e sem deixar a massa ficar muito fina. Recheie a massa e feche com a mão, apertando as bordas e dobrando-as. Fritar em óleo bem quente e não mexer até que comece a dourar.
Brasil de Fato PR 8 Esportes
O VAR vai a julgamento
Divulgação
Tecnologia que permite revisar lances do futebol será a estrela da análise em tribunal de vitória do Palmeiras sobre Botafogo
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Precisamos falar sobre Vadão
Frédi Vasconcelos
A
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de maio a 5 de junho de 2019
CBF oficializou na quarta-feira, 29, a retirada de pontos do Palmeiras pela vitória contra o Botafogo na rodada do final de semana anterior. Segundo a confederação, a pontuação está “suspensa” até que o tribunal de justiça desportiva, STJD, decida se o houve irregularidade na marcação de pênalti para os paulistas após reclamação do Botafogo ao tribunal. Os cariocas alegam que no pênalti que decretou sua derro-
ta por 1 a 0, o árbitro de vídeo, VAR, foi utilizado de forma indevida. Para eles, no momento em que houve a paralisação para análise do lance, a partida já havia sido reiniciada. O que fere o protocolo do sistema feito pela Fifa e pela CBF. O Palmeiras não se posicionou oficialmente sobre a questão, mas pessoas próximas à diretoria ouvidas pelo jornal LANCE! afirmaram que é “bastante improvável que o processo que o Botafogo pretende iniciar resulte na anulação da partida, até porque o protocolo
do VAR dificulta a missão que o clube carioca se impõe”, segundo o jornal. VAR em campo Segundo estatística do “Jornal Nacional”, da Rede Globo, nos 60 jogos já realizados no Brasileirão, o VAR foi acionado em 35 vezes para o árbitro da partida rever sua decisão. Em apenas cinco vezes, o juízes mantiveram o que haviam marcado inicialmente. Voltaram atrás em 85% dos lances em que houve consulta ao sistema de vídeo em campo.
Vadão é um dos poucos técnicos que treinou homens e mulheres. Na convocação da seleção, foi indagado sobre qual dos dois dava mais trabalho. E respondeu que é mais difícil “acalmá-las”. O estereótipo de mulheres como mais irritadas ou descontroladas sempre aparece no dia a dia e deve ser combatido, afinal não é algo natural. A situação se agrava quando o comandante do time fala isso. Ele não percebe que está falando também de suas atletas? A raiz da questão, no entanto, é mais profunda. Tem a ver também com os cargos de comando e
gestão da seleção brasileira feminina serem ocupados majoritariamente por homens, começando por Marco Aurélio Cunha, coordenador do futebol feminino da CBF. É fundamental que mais mulheres ocupem esses cargos e sejam protagonistas não só nas quatro linhas. Só para lembrar, a demissão da Emily Lima do comando da seleção em 2017 nunca foi bem explicada e o aproveitamento posterior de Vadão é inferior, mas ele ainda está lá. Fica o questionamento e, claro, nosso apoio para elas, apesar deles, começando já no dia 9 contra a Jamaica.
Abrir vantagem
O poder do sócio
Abrimos mão do Brasileirão?
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Após a sofrida vitória contra o Cuiabá, perante 39 mil espectadores, o Coritiba assumiu a 5ª posição da Série B. Comissão técnica e jogadores devem estar imbuídos de um propósito para os três jogos que disputará no intervalo de nove dias (3 a 11 de junho): assumir um posto no G4 e distanciar-se o quanto puder dos times abaixo dessa condição. Fujamos do clichê de que “não existe jogo fácil no Brasileiro”. Será fundamental vencer ao menos uma das duas partidas programadas para fora de casa. Afinal, tanto América-MG (lanterna, com um ponto), quanto Guarani (18º colocado, com cinco) ocupam a Zona do Rebaixamento. Entre ambas as viagens, haverá o clássico embate local com o Paraná Clube, no estádio do Alto da Glória novamente lotado. Entrar no recesso do calendário (para a Copa América) bem posicionado na tabela dará a tranquilidade necessária para a sequência dessa luta.
Em sintonia com um movimento nacional de redução no custo dos ingressos, o Paraná Clube anunciou para o jogo do sábado, 1º de junho, às 11h, diante do Oeste, nova promoção. O sócio que estiver com a mensalidade de junho em dia terá direito a levar dois acompanhantes grátis. Com a iniciativa, a diretoria acerta duas vezes. A primeira é no sentido de ‘empoderar’ o sócio-torcedor. Se a crítica mais recorrente dos associados é a falta de atrativos, a situação mudou. Agora o torcedor fidelizado poderá levar amigos na faixa e esses terão de pagar a cerveja. Aliás, sábado a cerveja estará liberada! O segundo acerto, é claro, vem no reforço nas arquibancadas. Em uma Série B tão nivelada, explorar o fator campo será fundamental. Até aqui, com duas partidas realizadas na Vila, o Paraná está na oitava posição no ranking de público, com média de 4.645 torcedores.
Pela Libertadores e, principalmente, a Recopa, Thiago Nunes escalou time totalmente reserva em três das seis partidas do Athletico no Brasileirão. Resultado: o Furacão soma apenas sete pontos na competição, tendo conquistado um único ponto quando poupou seus titulares, contra a Chapecoense. As atuações nas derrotas para Corinthians e Flamengo dão alguns alentos: o Athletico tem padrão de jogo e boas peças de reposição. Mas as derrotas, mesmo jogando bem, deixam a sensação de que, com os titulares, ou parte deles, o time poderia ter pontuado mais e estaria entre os líderes. No campeonato mais disputado do mundo, abrir mão de oito pontos logo nas primeiras rodadas pode ter efeito irreversível. Que o time conquiste as copas (a coluna foi escrita na véspera da decisão com o River) para a torcida não questionar se abrimos mão do Brasileirão.