Cultura I p. 11
Esportes I p. 12
Leandro Taques
O adeus a Fidel
Toledo na seleção
Projeto de três jornalistas registrou as reações do povo durante o funeral do líder da revolução cubana
Ginastas devem representar o Brasil em competições internacionais
Divulgação Ass. Toledana de Ginástica Rítmica
Ano 02 | Edição 45
PARANÁ
06 e 12 de julho de 2017
distribuição gratuita
TRABALHADORES DESEMPREGADOS PAGAM A CONTA DA LAVA JATO Série de reportagens apresenta histórias de operários demitidos após a suspensão dos contratos da Petrobras. Em vez de apenas punir os executivos corruptos, a Lava Jato destruiu empresas, paralisou obras e congelou a economia do país Lava Jato | p . 6 e 7
Geral | p. 3
Cidades | p. 5
Governo Temer: nenhum assentado no Paraná
Por que a minha conta subiu?
Cortes orçamentários, suspensão de programas de financiamento e alterações na legislação marcam a gestão Temer
Procon exige explicação da Sanepar sobre reajuste de 124% em seis anos. Inflação acumulada no período não chega a 50%
Divulgação | Sanepar
Wellington Lenon
Brasil | p. 9
Reforma trabalhista Plenário do Senado vota o projeto como primeiro item da pauta na próxima terça (11)
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 06 a 12 de julho de 2017
Sua vida e da sua família correm perigo
EXPEDIENTE
Podemos, Álvaro Dias e a “revelha” política Eduardo Faria Silva, advogado do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge) e coordenador da Pós-graduação de Direito Constitucional e Democracia da Universidade Positivo
A
reforma trabalhista proposta pelo governo em nome da burguesia brasileira propõe a supressão dos direitos garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). E isso não é exagero. Querem que a negociação entre patrões e empregados valha mais que a lei. A reforma trabalhista desmonta e tira todo o poder da Justiça do Trabalho. Fragiliza, ataca e retira a capacidade de atuação dos sindicatos. Imagine você o cenário: sem CLT, sem Justiça do Trabalho e sem sindicatos. Os patrões vão nadar de braçada. Claro que o discurso é outro. Para eles é modernização. Balela. Com o desemprego, crises e a enorme desigualdade social do Brasil, os trabalhadores serão forçados a aceitar baixos salários, supressão do descanso remunerado, aumento da jornada de trabalho… e a lista vai longe. Parece uma loucura, mas não é. As medidas foram minuciosamente pensadas pelos patrões, juízes alinhados a eles e “especialistas”. Apesar de comprovado que não há défi-
OPINIÃO
O
cit na Previdência, querem impedir que as pessoas se aposentem. A grande maioria dos brasileiros não alcançará a idade mínima e tempo de contribuição para se aposentar. Visualize o cenário sombrio. Sem direitos trabalhistas, sem aposentadoria, sem saúde e educação. O país será todo uma
barbárie. Não estamos diante de uma luta qualquer. Não é mais uma luta como outras. As medidas não afetam só a curto prazo, mas a todas as gerações futuras. Nós, nossos filhos e netos corremos sérios riscos. A reação precisa vir agora, e por parte de todos dos trabalhadores.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 45 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Eduardo Faria Silva, Gabriel Ruiz e Bruno Amaral ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Priscila Murr FOTOGRAFIA Wellington Lenon e Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br
dente Jânio Quadros como seu principal expoente. O partido foi extinto pelo regime militar em 1965 e refundado em 1995, tendo como expressão nacional o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Desde seu ressurgimento, a sigla é comandada pela família Abreu, o que afasta qualquer ideia de renovação no comando da agremiação e que possa representar alguma ruptura com a política tradicional.
novo partido Podemos foi lançado no último sábado (1º) e tem como pré-candidato à presidência da república o senador Álvaro Dias. Ambos os fatos apresentam a ideia da novidade para canalizar votos no processo eleitoral de 2018. Podemos é o A estratégia está clara ao se rebatismo do PTN, ler a nota da sifundado em 1945, gla, que apresenta uma proposta de e que teve Jânio aproximar a políQuadros como seu tica da população principal expoente que está cansada de corrupção e do distanciamento E o senador? Desde a dos partidos tradicionais. redemocratização, ÁlvaÁlvaro Dias reforça o ro Dias já transitou por didiscurso da novidade no versas agremiações partilançamento da sigla e diz dárias, como o PMDB, PP, sobre a pré-candidatura: PSDB e PV, e foi eleito se“quem chega para consnador do Paraná com mais truir um partido político de 70% dos votos. Hoje, está não pode chegar postulanem um partido pequeno, do. Porém, não tenho o dinão é conhecido nacionalreito também de se recusar mente, tem concorrentes a cumprir missões. Se houde colégios eleitorais fortes ver convocações, haverá e traz consigo um históricandidatura”. co desastroso como goverAs novidades acabam nador do Paraná (quando aqui: novo nome e prépermitiu que professores candidatura inédita. Analifossem massacrados pela sando a essência de ambos, polícia militar). verificamos a “revelha” poSem maquiagem, o parlítica em tempos de matido e o pré-candidato aprequiagem. sentam-se apenas como o Podemos é o rebatismesmo lado da moeda da mo do PTN, fundado em política tradicional. 1945, e que teve o presi-
Brasil de Fato PR
‘Fora Temer’ ao vivo Fãs da cantora estadunidense Ariana Grande protestaram contra o presidente golpista Michel Temer durante uma entrevista que estava sendo transmitida ao vivo no jornal SPTV, da Rede Globo. Os jovens estavam na fila aguardando a abertura dos portões do show em São Paulo, quando a repórter entrevistou um grupo de fãs e pediu: “Rola um coral?”. A meninada não perdeu tempo: mandou ver no coro de ‘Fora Temer’. Gibran Mendes
Pacote de maldades A aprovação do pacote de medidas de ajuste fiscal de Curitiba, no último dia 30 de junho, vai custar caro aos cofres públicos da cidade: R$ 101 mil reais é o valor pago pela Câmara Municipal para a locação do espaço onde foi realizada a votação. Os vereadores transferiram a sessão para o teatro Ópera de Arame após protestos populares terem suspendido em dois momentos a votação do ‘pacotaço’.
“Não usar xingamentos explícitos ou falar sobre cor da pele não te faz uma pessoa livre de preconceito. Suas atitudes, sim, são capazes de falar sobre você”,
Divulgação
Pedro Carrano
Mais demissões em uma empresa estatal
Disse Leonardo Santos, participando do programa MasterChef, em sua conta no Instagram. O cozinheiro foi vítima de racismo nas redes sociais, e desabafou sobre como as atitudes dos participantes são avaliadas de maneira diferente conforme a cor da pele.
Sanepar é notificada por aumento de 124% na conta de água Companhia deverá explicar reajustes aplicados desde 2011 Divulgação | Sanepar
Daniel Giovanaz Curitiba (PR) A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) tem até o dia 13 de julho para justificar o aumento nas contas de água e esgoto, desde 2011. A determinação é do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), que notificou a companhia na segunda-feira (3). Nos últimos seis anos, a tarifa teve reajuste de quase 124%, enquanto a inflação acumulada no período equivale a menos de 50%. Foram nove reajustes da tarifa – o último deles em junho, quando houve aumento de 8,53% fora da revisão anual obrigatória. Interesse privado O pedido de investigação foi enviado ao Procon por deputados estaduais da bancada de oposição ao governo Beto Richa (PSDB). “O governo entregou tudo para a iniciativa privada. Então, agora o objetivo é o lucro”, la-
menta o deputado Tadeu Veneri (PT), que acompanha o caso. A Sanepar justifica que criou uma faixa de consumo de até 5 m³ com percentual de cobrança reduzido, para beneficiar quem economiza água. “Isso é conversa”, questiona o petista. “Uma família de quatro pessoas, para entrar nessa faixa, vai ter que reduzir o seu consumo à me-
Oposição questiona margem de lucro dos acionistas
3 | Geral
R A DA R DA LUTA
FRASE DA SEMANA
tade do que recomenda a Organização Mundial da Saúde [OMS]”, completa. Além do Procon, os deputados acionaram o Ministério Público para apurar um suposto caso de informação privilegiada durante a venda de ações da Sanepar. “[A companhia] sabia que a conta da água iria subir, mas o preço de venda das ações era como se não fosse subir nada”, resume Veneri. O caso chegou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que estuda entrar com uma ação para questionar o reajuste. O argumento é que deveriam ter sido feitas audiências públicas nos 350 municípios para discutir o aumento, e foi realizada apenas uma.
Divulgação
Reprodução
Paraná, 06 a 12 de julho de 2017
A direção da Eletrobras, empresa nacional de energia, de acordo com o site Agência Sindical, quer reduzir o quadro de funcionários de 23.154 para 12.045. A próxima meta, agora, é cortar 2.079 postos de trabalho.
CSB rompe com Temer O presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, saiu do PMDB nesta semana, criticando as reformas trabalhista e da previdência apresentadas pelo governo. A central possui 800 sindicatos filiados.
Greve na Facel e salários atrasados em faculdades particulares Os professores da Facel Faculdades, de Curitiba, estão em greve desde o dia 14 e se mantém até nova decisão em assembleia nesta quinta-feira (6). Os docentes reivindicam o pagamento dos salários atrasados e melhorias nos locais de trabalho. Atrasos salariais ocorrem também na Estação Business Scholl e na Spei, na capital, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes).
4 | Cidades
Brasil de Fato PR
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Roberto Parizotti | CUT
Beto Richa é recebido com protestos em Londrina Gabriel Pansardi Ruiz Londrina (PR) A presença do governador Beto Richa (PSDB) na reinauguração do Teatro Ouro Verde, em Londrina (PR), foi marcada por protestos na noite do dia 30 de junho. Um efetivo de 700 policiais militares, com Cavalaria e Tropa e Choque, impediu a aproximação de pessoas não convidadas para a reinauguração de uma das principais casas de espetáculo
da cidade, fechada após um incêndio ocorrido em 2012. Enquanto no interior do teatro a cerimônia ocorria a portas fechadas e para poucos participantes convidados, no lado de fora, manifestantes protestavam com faixas, cartazes e palavras de ordem. Quando Beto Richa chegou ao local, uma saraivada de rojões e fogos de artifício foi disparada na tentativa de abafar o som das manifestações. “Esse ato tem o objetivo de demonstrar a nossa indignação com a inauguração oficial do Ouro Luzia Braga Verde, que é um patrimônio do estado do Paraná e do município, e devia ser para a cidade, para os artistas e os frequentadores do teatro, que ficaram para fora”, explicou Kennedy Piau Ferreira, professor do departamento de Artes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e membro do Conselho Municipal de Cultura de Londrina.
Greca terá que explicar demolição de casa centenária em Curitiba Carolina Goetten | Curitiba (PR) A 4ª Vara da Fazenda Pública determinou, no dia 30, que o prefeito de Curitiba se manifeste sobre a demolição do museu Erbo Stenzel, patrimônio histórico da cidade. Contados a partir da abertura do processo, Rafael Greca (PMN) deve apresentar em até 15 dias úteis as justificativas para ter demolido a casa sem qualquer estudo prévio e sem autorização. A determinação é resultado de uma ação civil pública movida pelo Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (SindARQPR) e pelo escritório Bentivenha
Advocacia Social, que responsabiliza Greca por crimes contra o patrimônio histórico e cultural da cidade A casa Erbo Stenzel, localizada no parque São Lourenço, foi derrubada no dia 14 de junho, um dia após o incêndio que danificou parte da estrutura. De acordo com o presidente do Sindicato, Milton Gonçalves, a decisão tomada pela prefeitura de demolir uma obra de interesse de preservação sem os estudos necessários fere a legislação municipal. “Até mesmo um pedido de pintura dessas propriedades deve passar por um trâmite burocrático e ser avaliada pelo Conselho do Patrimônio”, explica. E lamenta: “A prefeitura rasgou um pedaço da nossa história”.
Perfil
Regina Cruz, sindicalista e mulher vigilante
Presidenta da CUT-PR conta sua história como sindicalista e na organização das mulheres sindicalizada a sindicalista: assumiu um cargo dirigente em meio a uma categoria composta por 97% de tratrajetória militante de Regi- balhadores homens no Sindicato na Cruz, presidenta da Central dos Vigilantes de Curitiba e Região. Única dos Trabalhadores do Para- “Foi aí que passei a abraçar a luta fená (CUT), teve início numa peque- minista e fortalecer a organização na propriedade rural em Rio Negri- das colegas vigilantes”, conta a prenho (SC). A curitibana mudou-se sidenta, que tem por prioridade orpara o município catarinense jun- ganizar as mulheres trabalhadoras to à família da mãe, pela conquista de diaos três anos de idareitos. de, após um acidenNa CUT-PR, o avante que levou a vida ço da luta feminista foi de seus pais. Ali, dea ampliação da paridasenvolveu um hobby Mas ainda de de representação feque seria decisivo em faltam mulheres minina na direção de seu futuro: a prática 30%, na penúltima gesna política: de tiro seta. “Quando tão, para 50%, na últicriança, aprendi a ati- temos 12% de ma. Regina Cruz, que rar com meu avô, no representação preside a Central há meio do mato, e venci duas gestões, diz que três vezes o campeo- na câmara e o trabalho de hoje é nato em Rio Negri- 14% no senado completamente difenho”, conta a presirente: “Senti muitas denta. Anos depois, mudanças de um mano talento na pontaria garantiu-lhe dato para outro – nas conversas, nas um emprego como vigilante numa responsabilidades com a pauta, no agência bancária do município. empoderamento. Há muito compaOptou por retornar a Curitiba, nheirismo entre nós”, ressalta a dirionde o salário para o cargo de vigi- gente. “Mas ainda faltam mulheres lante era duas vezes maior em re- na política: temos 12% de represenlação às cidades do interior. Na ca- tação na câmara e 14% no senado. pital do Paraná, trabalhou em um Queremos ampliar para 50%, e é na comitê eleitoral, quando se apro- base, junto às mulheres trabalhadoximou das lutas políticas. Naque- ras, que essa mudança começa”. O le mesmo ano, em 2004, passou de desafio continua. Carolina Goetten | Curitiba (PR)
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5 | Cidades
Governo Temer paralisa reforma agrária no Paraná Postura de desmonte fica evidente em uma série de novas medidas que dificultam o acesso à terra Franciele Petry Schramm
Carolina Goetten Curitiba (PR)
C
ortes orçamentários, suspensão de programas de financiamento e alterações na legislação marcam a gestão Temer no Brasil. Segundo dados disponíveis no Portal da Transparência, cerca de R$ 122 milhões foram destinados à questão da terra em 2017, contra R$ 460 milhões no ano anterior. A postura do Governo Federal também fica evidente na Medida Provisória da regularização fundiária – MP759 –, que retornou à Câmara, no último dia 21, para votação dos deputados. O projeto preocupa movimentos sociais e trabalhadores do campo, que acusam a MP de destruir mecanismos estruturados há décadas no Brasil na perspectiva de construir a reforma agrária. Para Diego Moreira, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-
Terra (MST), a MP 759 compromete as conquistas legais da reforma agrária aprovadas na Constituição de 88. “Caso seja aprovada, a única modalidade que poderá garantir a aquisição de áreas
para assentamentos será via compra e venda, modelo que não altera em nada a estrutura fundiária do país”, situa. O presidente Michel Temer (PMDB) também suspendeu o programa de As-
sistência Técnica e Extensão Rural (Ater), que prestava apoio técnico a mais de 930 associações e cooperativas da reforma agrária e da agricultura familiar no país. “Política” de titulação Entre janeiro e fevereiro deste ano, Temer determinou ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que a titulação das terras das famílias assentadas deve ser a ação prioritária em todas as superintendências regionais. “O assentado que só tem como alternativa vender seu lote para pagar suas dívidas, por falta de política de desenvolvimento de assentamentos, mas que recebeu o título da terra, vai ser o novo trabalhador que voltará a morar na periferia e engrossar a fila do desemprego nas grandes e médias cidades”, define Moreira. Titular um território significa conceder ao assentado o documento legal de posse, em substituição ao modelo de Contrato de Concessão de Uso, que impede
PRIORIDADES REGIONAIS Enquanto nacionalmente o governo Temer determina o foco na titulação das terras, as superintendências regionais no Incra reforçam a política de bloqueio da reforma agrária no país. “Temer nomeou superintendentes sem a mínima condição profissional de conduzir o Incra e sem a menor noção da questão agrária”, avalia Moreira. “São cargos em comissão ocupados por pessoas que nada conhecem sobre assentamentos ou sobre o MST”. A redação consultou servidores concursados do Incra, que preferiram não se identificar e concordam com a avaliação do dirigente do MST.
O superintendente do Incra no Paraná, Wagner de Souza Barroso, apresentou ao Brasil de Fato as prioridades da sua gestão: capacitação de servidores, por meio de cursos e parcerias com Universidades; a digitalização de documentos; e o processo de titulação dos lotes estaduais. “Os processos e a atuação do Incra precisam ser profissionalizados e aperfeiçoados”, explicou Barroso. Enquanto isso, desde o golpe que levou Temer à presidência, em maio de 2016, nenhuma nova família foi assentada em todo o estado.
“A inoperância, a ingerência e a incapacidade técnica do Incra nos preocupa muito nesse momento. O Instituto foi loteado politicamente, como vários outros espaços e instituições”, situa Moreira. Segundo o dirigente, em todo o Paraná, 11 mil famílias estão acampadas em áreas improdutivas, com potencial para serem regularizadas pela reforma agrária. No país, há mais de 150 mil famílias que resistem em acampamentos na luta pelo direito à terra – muitas delas aguardam em condições precárias, à beira das estradas.
PIOR PRESIDENTE PARA A REFORMA AGRÁRIA
1.686
famílias foram assentadas em todo o país em 2016, de acordo com dados do Incra
22.021
famílias foram assentadas em 2011. Esse era o menor número de beneficiados pela reforma agrária antes do Governo Temer
a venda do lote, mas garante seu pleno uso pela família. A nova postura pode comprometer as relações fundiárias e reinserir a propriedade na lógica de comércio, contra a qual o MST constrói um combate há muitos anos. O Movimento segue o princípio de que a terra não é e nem deve ser tratada como propriedade privada, mas como um bem de uso comum e de direito coletivo, tanto quanto a água que se bebe e o ar que se respira. “A meta de ampla titulação vai forçar os assentamentos a seguir a lógica do mercado imobiliário”, aponta Moreira. “Essa medida foi implementada para que o governo pagasse suas dívidas com o setor do agronegócio, que apoiou o golpe contra Dilma Rousseff”. Segundo ele, é estratégico à bancada ruralista – parcela de representantes políticos ligados aos grandes latifundiários do país – desviar o foco institucional do MST. Colaborou Thea Tavares
6 | Lava Jato
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Paraná, 06 a 12 de julho de 2017
Uma economia destruída: dinheiro que a Lava Jato pretende recuperar não é nem metade do rombo que causou Primeira reportagem da série Lava Jato e desindustrialização narra histórias de operários demitidos após o desmonte da Petrobras Divulgação Eletrorio
Daniel Giovanaz Curitiba (PR)
V
iviane Neves Gomes, 42 anos, está à procura de emprego. Encarregada de andaime nas obras do estaleiro Rio Grande, no litoral gaúcho, ela trabalhava desde 2012 para a empresa Engevix Construções Oceânicas (Ecovix). Há sete meses, os patrões convocaram uma assembleia e anunciaram a demissão de 3,2 mil operários. Na lista de rescisões, além de Viviane, estavam o marido dela, Jonas Gomes, e o filho, Lucas Neves. A Engevix é uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato por pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Desde o ano passado, o único dono da empresa é o engenheiro paranaense José Antunes Sobrinho. Denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, ele foi absolvido pelo juiz Sérgio Moro em maio de 2016 e está solto.
Lava Jato retirou pelo menos R$ 90 bilhões da economia brasileira e deve recuperar, no máximo, R$ 38,1 bilhões “Não tem mais emprego na cidade. Com o fechamento do estaleiro, todos os setores foram afetados”, lamenta Viviane. “Tem 200 pessoas atuando no estaleiro no momento, para manutenção apenas. Na época mais forte, eram doze mil”. Com base nos números divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo MPF, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúr-
gicos (CMC-CUT), Paulo Cayres, calcula que a cada prisão decretada pela Lava Jato, 22 mil vagas de emprego foram destruídas. “Quando a gente diz que a Lava Jato só prejudicou o trabalhador, as pessoas nos julgam. Mas os prejudicados, realmente, são da classe operária”, explica a trabalhadora gaúcha. “Os grandes empresários continuam mantendo o luxo das suas vidas como faziam antes”.
mia nacional, segundo pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) – sem considerar o impacto incalculável da entrega do pré-sal e da destruição da imagem do país no exterior. O MPF afirma que o valor total do ressarcimento pedido pela Lava Jato, incluindo multas, é equivalente a R$ 38,1 bilhões, ou pouco mais de um terço do rombo que causou.
O inferno do desemprego Karina Benites, 29 anos, enxergava a indústria naval como uma possibilidade de realizar sonhos. Para quem trabalhava no manuseio de pescados por menos de R$ 13,00 ao dia, ser contratada pela Ecovix com todos os benefícios da CLT era “bom demais para ser verdade”. Contratada há dois anos e oito meses para trabalhar no estaleiro Rio Grande como ajudante, Karina aprendeu a soldar e a lidar com maçarico. Subiu vários degraus na hierarquia da empresa antes de ser demitida, em outu-
O desmonte da indústria Todos os empreendimentos da indústria naval brasileira dependiam da demanda da Petrobras. De 2004 a 2014, o estoque de empregos diretos no setor cresceu 383% e chegou a 71,6 mil. O sonho durou até a deflagração da Lava Jato, aliada à crise econômica internacional, em março de 2014. No segundo semestre daquele ano, a Petrobras deixou de repassar os pagamentos para realização de obras nos estaleiros, o que afetou toda a cadeia produtiva. Sem dinheiro para concluir as encomendas, o estoque de em-
Polo naval gaúcho começou a ser sucateado após a suspensão dos contratos com a estatal
bro de 2016. Com ela, outros 400 trabalhadores tiveram o contrato rescindido no mesmo dia.“Eu sou o pai e a mãe, a chefe da casa”, conta. “Tenho um gurizinho de dois anos, e ele é totalmente dependente de mim. Tento de todas as formas entrar no mercado de trabalho, mas não consigo. Nós tive-
mos o paraíso e agora fomos para o inferno”. A demissão de Viviane, Lucas, Jonas, Karina e milhões de brasileiros é resultado da inconsequência dos procuradores da Lava Jato, segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. “E o governo não faz nada para recuperar essas empresas e seu acervo
tecnológico, de experiência”, critica. “A minha estimativa é que, direta ou indiretamente, as operações Lava Jato e a Carne Fraca são responsáveis por 5 a 6 milhões de desempregados [de um total de 14,2 milhões]”. A paralisação de obras e o consequente desemprego retiraram R$ 90 bilhões da econo-
PIOR PARA ELAS O marido e o filho de Viviane Neves Gomes, que também foram demitidos do estaleiro Rio Grande em dezembro de 2016, conseguiram um novo emprego em junho deste ano. Lucas Neves e Jonas Gomes foram contratados como ajudantes no setor de construção civil e recebem menos da metade do que ganhavam no estaleiro – o salário caiu de R$ 2,5 mil para R$ 1,1 mil ao mês. Cerca de 30% da mão de obra do estaleiro Rio Grande era feminina, e a recolocação no mercado tem sido muito mais difícil para as mulheres. Quando se deu conta disso,
Viviane passou a participar de um grupo chamado Muralha Rosa, que reivindica a implementação de políticas públicas para reinserir as mulheres no mercado de trabalho. O único ponto da reforma trabalhista de Michel Temer (PMDB) que diz respeito à redução da desigualdade de gênero é, no fim das contas, um tiro no pé. O texto prevê que gestantes e lactantes possam trabalhar em locais insalubres, como postos de gasolinas e hospitais, expondo as mulheres a riscos e precarizando ainda mais a mão de obra feminina.
Wilcker Morais
pregos no setor caiu 44% entre 2014 e 2016. O conselheiro do Fundo da Marinha Mercante (FMM), Edson Rocha, também atua como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Antes da Lava Jato, o município tinha dez estaleiros ativos para reparo e construção de embarcações. “Hoje, nós temos só dois estaleiros de reparo, e funcionando com 50% da capacidade. Todos os estaleiros de construção pararam”, descreve o sindicalista. No cais do estaleiro Mauá, em Niterói, três navios da Petrobras Transporte S.A (Transpetro) estão em fase de construção. Edson Rocha explica que um deles, batizado de Irmã Dulce, está com 95% das obras concluídas, mas não há perspectivas de colocá-lo em funcionamento por falta de recursos. “E cada vez fica mais caro terminar esses navios”. Infraestrutura comprometida O Dieese estima que nenhum setor foi tão afetado pela Lava Jato quanto a construção civil: foram mais de um milhão de empregos perdidos desde o início da operação. Rodovias, universidades, postos de saúde, estações e linhas de metrô, além das obras encomendadas pela Petrobras, compõem a lista de empreendimentos paralisados por suspeita de superfaturamento ou por falta de recursos para conclusão. O desemprego, naturalmente, atinge outras áreas, como a metalurgia, a siderurgia, o comércio e o setor hoteleiro. Na próxima reportagem desta série, entenda por que a Lava Jato pune, em primeiro lugar, as empreiteiras, para depois julgar os políticos e executivos envolvidos em corrupção.
7 | Lava Jato
DO ESTALEIRO AO PONTO DE TÁXI O operário mineiro Francisco Assis, 45 anos, conhecido como Chicão, trabalhava no setor de manutenção e montagem no polo naval do Espírito Santo. Quando soube da necessidade de mão de obra para construção de cascos para oito navios em Rio Grande, vendeu tudo o que tinha, mudou-se para o litoral gaúcho e foi contratado pela Ecovix. Na cabeça de Chicão, o cálculo era simples. Cada casco levaria pelo menos cinco anos para ficar pronto, o que significava quase duas décadas de trabalho garantido no Rio Grande do Sul. “Eu cheguei a comprar até casa aqui na cidade”, conta. “Fizemos três cascos de navio das plataformas P-66, P-67 e P-68. Ainda tinha mais cinco!”. Os navios mencionados por Francisco deveriam servir como uma espécie de refinaria ambulante. Além de extrair o petróleo, eles podem ser usados para armazenar, fazer a separação em gás e gasolina e a distribuição, tanto do petróleo bruto quanto dos subprodutos. “Dos navios que nós terminamos, só o da P-66 que está funcionando. O da P-67 está lá no Espírito Santo, encostado num canto, apodrecendo. E o da P-69 está no Rio [de Janeiro], parado também”, afirma o operário. Desde que foi demitido, em dezembro de 2016, Chicão fez bicos como cortador de grama, pintor e lavador de carros. Encarregado de mecânica com dez anos de experiência na indústria naval, restou a ele um emprego como taxista. Desempregado em decorrência da Lava Jato, o operário concorda com os objetivos da força-tarefa, mas discorda dos métodos: “Delação premiada não resolve. Tem que pegar os corruptos, calcular quanto é o rombo, fazer eles darem esse dinheiro de volta, e não parar o país. Eles iam fazer oito navios? Tem que tocar os oito navios! O Brasil precisa desses navios”.
8 | Brasil
Brasil de 8 Fato PR
Paraná, 06 a 12 de julho de 2017
USP quebra tabu e aprova cotas raciais Universidade paulista era a única instituição pública federal a não ter adotado a política de cotas na graduação José Eduardo Bernardes São Paulo (SP)
O
Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou, no dia 4, a política de cotas para alunos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI) nos cursos de graduação da instituição a partir de 2018. Para Luana Alves, aluna que integra o Conselho Universitário da USP, a decisão é a “quebra de um tabu”. “É uma das decisões mais significativas, do ponto de vista político da USP, eu acho que das últimas décadas. É a quebra de um tabu e o reconhecimento pela Universidade da força do movimento social, do movimento negro e estudantil”, diz Alves. Até então, a universidade paulista era a única a não
ter adotado a política de cotas para ingresso nos cursos de graduação. O ingresso de PPI na instituição, no entanto, será feito de maneira gradativa. No próximo ano serão 37% das vagas, em 2019, o número vai subir para 40%, em 2020, 45%, até que em 2021, as cotas estarão destinadas a 50% das vagas dos cursos da instituição. Para o professor Dennis Oliveira, da Escola de Co-
Em 2021, as cotas estarão destinadas a 50% das vagas dos cursos da instituição
municação e Artes (ECA) e um dos únicos chefes de departamento negros da USP, a aprovação é produto de “muito enfrentamento”, já que, desde 2002, coletivos e o movimento negro lutavam por cotas na universidade. “Com a aprovação das cotas na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas], em maio desse ano, e um pouco antes, uns dois anos atrás, das cotas da Unesp [Universidade Estadual Paulista], a USP ficou na condição vergonhosa de ser a única universidade sem cotas raciais. Isso fortaleceu ainda mais o movimento interno da universidade”, explica o professor . Divida histórica O professor Dennis Oliveira lembra que o próprio governo do Estado de São Paulo estabeleceu uma meta para
as universidades estaduais de São Paulo: que elas tivessem, até 2018, 50% de seus alunos de escolas públicas e um percentual de 37% de alunos negros e indígenas. “A USP está muito longe dessa meta ainda. Os últimos dados, com Sisu, com bônus, etc, chegaram a 37% de escolas públicas. De negros e indígenas muito menos do que isso. Por conta dessa distância da meta que
PEC das Diretas: OAB poderá se somar à campanha Cristiane Sampaio Brasília (DF) O debate pelas eleições diretas para eleger um novo presidente da República vem avançando para além do Legislativo. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo, poderá colocar o tema em discussão no Conselho Federal da entidade nas próximas sessões, segundo informou o presidente da instituição, Claudio Lamachia. A declaração foi dada nesta quarta-feira (5), depois de Lamachia receber um gru-
po de deputados e senadores da Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já, em
Cerca de 700 policiais militares, com Cavalaria e Tropa e Choque, impediram que manifestantes se aproximasse do local
Brasília. O encontro faz parte de um processo de intensificação da campanha por diretas, através da qual os parlamentares vêm tentando fortalecer a pressão pela aprovação das Propostas de Emenda Constitucional (PECs) sobre o tema que atualmente tramitam no Congresso. “Essa questão não passa ao largo da nossa instituição. Tenho, inclusive, incentivado esse debate, pois o país vive um momento de crise aguda”, disse Lamachia durante o encontro, que contou com a presença de oito deputados federais e três senadores.
o próprio governo estadual estabeleceu, também foi um item de pressão para que a USP mudasse sua posição”, afirma Oliveira. Segundo a Universidade de São Paulo, neste ano, foram registrados recordes no número de ingressantes oriundos de escolas públicas nos cursos de graduação, que passaram de 3.763 (34,6%) em 2016, para 4.036 estudantes (36,9%) em 2017.
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Paraná, 06 a 12 de julho de 2017
Deputado do PMDB é escolhido com relator da denúncia contra Temer Lula Marques
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Plenário do Senado vota reforma trabalhista na próxima terça (11) A reforma será o primeiro item da pauta
Decisão da Câmara pode ficar para depois do recesso legislativo, que termina em 31 de julho Redação | São Paulo (SP)
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presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), anunciou na noite do dia 4, terça-feira, o relator da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer. Sérgio Zveiter (RJ), também peemedebista, foi o escolhido para elaborar o parecer que deve indicar se a Casa concede autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que este receba a denúncia elaborada pela PGR. A acusação contra Temer é de corrupção passiva e tem como principais provas a conversa entre o presidente e Joesley Batista e a apreensão de uma mala com R$ 500 mil com seu aliado, o deputado Rodrigo Rocha Loures. Pacheco afirmou ter escolhido Zveiter entre “muitos nomes”, e a partir de critérios como “conhecimento técnico jurídico” e “relativa isenção”, optou pelo nome do carioca. Zveiter, que é advogado e presidiu a seção Rio de Janeiro da Ordem dos Advo-
gados do Brasil por dois mandatos, disse que seu objetivo é “cumprir estritamente o que determina a Constituição e o regimento [interno da Câmara]”. Ele não deu prazo determinado para que elabore o relatório. A CCJ terá cinco sessões para votar o parecer que será elaborado pelo relator. De acordo com declarações do presidente da CCJ, a votação pode não ocorrer no dia 13, como estava prevista, e ficar para depois do recesso parlamentar – que começa no dia 18 e vai até 31 de julho.
Não podemos ter a ilusão de que nesta Casa há alguém absolutamente isento”, Wadih Damous (PTRJ), integrante da bancada de oposição
Mesmo partido Deputados da oposição criticaram a escolha. Uma das vozes dissonantes foi Wadih Damous (PT-RJ), antecessor de Zveiter na presidência da OAB -RJ, que apontou que o “presidente [da Comissão] muito pressionado a aceitar a intenção do governo”. “Ele tem qualidades jurídicas, sem sombra de dúvida. Politicamente talvez não tenha sido o mais adequado. O que causa preocupação é o fato de Zveiter pertencer ao PMDB, partido do denunciado Michel Temer. Acho que isso pesa contra a escolha. Isso poderia ter sido evitado”. Temer atrás dos indecisos De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o mapa de votação do Planalto indica que Temer teria o apoio de apenas 30 dos 66 parlamentares para barrar o prosseguimento do caso. A agenda oficial do peemedebista indica uma ofensiva sobre parlamentares indecisos, mostrando uma série de encontros com aqueles que ainda não se manifestaram sua opinião sobre a denúncia contra o presidente.
Segundo Vanessa GrazRedação | Rede Brasil Atual ziotin (PCdoB-AM), há uma “unanimidade” na Casa Na noite do dia 4, terça-fei- quanto à necessidade de ra, os senadores aprovaram promover mudanças no texpor 49 votos favoráveis e 16 to. “Não há uma alma neste contrários o pedido de ur- Senado Federal, uma senagência para que a reforma dora, um senador, que tenha seja o primeiro item da pauta coragem de defender o prona próxima semana. A vota- jeto na íntegra”, afirmou. Ela voltou a criticar o relação definitiva está marcada para ocorrer no dia 11 de ju- tor nas comissões de Assuntos Econômicos e de Assunlho, próxima terça-feira. A oposição insistiu na tos Sociais, Ricardo Ferraço suspensão do projeto, argu- (PSDB-ES), que “simplesmentando que o presiden- mente abriu mão de sua tate Michel Temer está sendo refa e passou a recomendar denunciado pela Procurado- ao presidente da República ria-Geral da República. “Ele que promovesse alguns vepode não ser presidente da- tos e editasse medidas proviqui a 15 dias. Estamos discu- sórias”. Segundo a senadora, tindo uma reforma trabalhis- na carta-compromisso encata aceitando um acordo com minhada na semana passada esse presidente”, disse o líder Temer “apenas enrola”. “Esse projeto não vai gerar do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ). A bancada go- um emprego a mais”, disse vernista conseguiu manter o Lindbergh. “Criamos 22 mitexto como aprovado na Câ- lhões de empregos com essa mara, para agilizar a trami- legislação”, acrescentou. “Só tação, e afirma que Temer a base do governo apresenmandará medida provisória tou 85 emendas”, lembrou “corrigindo” alguns pontos. Paulo Paim (PT-RS). Antonio Cruz | Agência Brasil
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Sucesso de público, evento de arte e agroecologia será mensal em Londrina A próxima edição está marcada para os dias 7, 8 e 9 de julho Marina Lacerda Lainetti
Da Redação | Curitiba (PR)
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ondrina terá mensalmente uma programação independente de apresentações artísticas, combinada a uma feira repleta de produtos agroecológicos e orgânicos, livres de venenos. A novidade veio a partir do sucesso de público da 3ª Mostra Cultural do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL) e do 1º Feirão da Resistência e da Reforma Agrária, realizados no início de junho. A ação é fruto da parceria entre o MARL e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e tem a próxima edição marcada para os dias 7, 8 e 9 de julho. O público gostou Para Danilo Lagoeiro, professor, artista de rua e articulador do MARL, a conexão da Feira com a Mostra agradou quem pode ver de perto: “Sentimos que tivemos um ganho de público, no sentindo numérico e também um público diferente do que geralmente frequenta os projetos do MARL”, relatou. Segun-
do a organização da ação, a primeira edição teve entre 400 e 500 pessoas circulando entre as barracas. Os mais de 40 feirantes são de acampamentos e assentamentos do MST da região.
Ceres Hadich, integrante da direção estadual do movimento, destacou o clima de receptividade e de diálogo com a população sobre a importância dos alimentos saudáveis e da própria reforma agrária: “As pessoas estavam buscando informações sobre a proposta e sobre o nosso modelo de produção”. E a parceira entre os dois movimentos promete durar: “A nossa interação e articulação já acontecia anteriormente, de algumas formas e tem tudo a ver, é o direito à terra e direito à cultura, juntos”, complementou Danilo Lagoeiro.
Para ficar por dentro lV Mostra Marl e II Feirão da Resistência e da Reforma Agrária Quando: Dia 7 a 9 de julho, das 9h às 17h. Onde: Canto do MARL, Av. Duque de Caxias 3241, Centro.
Alimento gostoso e com preço justo A venda direto ao consumidor é acompanhada do compromisso com o preço justo. É o que garante uma das feirantes, a agricultora Franciana Pontes, moradora do assentamento Eli Vive – localizado a cerca de 60 quilômetros do Centro de Londrina. “O que a gente quer deixar é esse recado: tem muita coisa boa nos assentamentos”, diz a agricultura, que convida a população da cidade a comparar o saber dos alimentos agroecolológicos com os produzidos à base de veneno. Colaboração Gabriel Ruiz e Bruno Amaral de Londrina
DICAS MASTIGADAS Por Clara Lume
Pro seu Arraiá: Pé-de-moleque fácil!
Ingredientes 2 xícaras de açúcar; 2 xícaras de amendoim; 1 colher de margarina/manteiga; 1 lata de leite condensado.
ção ulga Div
Modo de preparo Em uma panela robusta leve ao fogo o amendoim e o açúcar e mexa até o açúcar derreter. Em seguida acrescente a colher de margarina e a lata de leite condensado. Mexa bem até que forme ponto de fio* (quando o fundo da panela começar a aparecer enquanto você mexe*).Unte uma forma com margarina e despeje o conteúdo da panela. Deixe esfriar e corte em quadradinhos. Sirva e se divirta!
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AGENDA 0800 Grupo Olho Rasteiro
Branco Sai, Preto Fica
Sarau pela liberdade de Rafael
O quê: Tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para provar que a culpa é da sociedade repressiva. O longa brasileiro faz parte da programação do ‘Cineclube de Cinema Brasileiro: Emersão ou Emergência?’. Quando: 8 de julho, sábado, às 16h. Onde: Cine Guarani, MuMA, Av. República Argentina, 3.432, Portão, em Curitiba Quanto: Gratuito Divulgação
O quê: Roda de Capoeira, break, customização de camisetas com stencil, microfone aberto para poesias e free. Isso tudo e mais um pouco faz parte de um sarau que cobra a liberdade do único condenado das manifestações de 2013 no país. É um ato político-cultural para denunciar a criminalização da pobreza e racismo institucional. Quando: Dia 9 de julho, domingo, às 11h. Onde: Cavalo Babão, rua Doutor Claudino Dos Santos, São Francisco, em Curitiba. Quanto: Gratuito, com venda de bolos e adesivos para arrecadação de recursos para a família de Rafael Braga
Por um lindésimo de segundo
56ª Festival Folclórico de Etnias O quê: Vai apresentar as ricas tradições e manifestações culturais dos povos colonizadores do Paraná, com danças e músicas que ajudaram a formar a identidade paranaense. Serão 12 noites de apresentações, 17 grupos folclóricos e cerca de mil artistas. Quando: De 2 a 13 de julho, para saber mais, acesse: www.festivalfolclorico.com.br Onde: Teatro Guaíra e Teatro Guairinha. Quanto: R$ 50 e 25 (meia entrada).
Divulgação
O quê: A peça musical é uma aproximação com a obra do poeta Paulo Leminski e traz trechos de poemas, crônicas e falas do artista. Paulo Teixeira, da banda Blindagem e parceiro de Leminski, é um dos convidados para integrar a montagem. A direção é do artista Mauro Zanatta e a organização é da Semente Produções Culturais. Quando: De 5 a 16 de julho, quarta a sexta, às 20h; sábado às 18h e às 20h; domingo às 19h. Onde: Novelas Curitibanas, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.222, São Francisco, Curitiba. Quanto: Gratuito, distribuição de ingressos 1h antes de cada apresentação.
O Terreno Baldio O quê: A peça conta a história da sociedade do Betume, que se reúne em um terreno baldio todas as tardes, depois da escola. Do outro lado da cidade, outro grupo, os Camisas Vermelhas, resolve tomar posse do terreno baldio. A brincadeira se transforma em uma grande batalha. A peça é do Grupo Olho Rasteiro, inspirada livremente no livro “Os meninos da rua Paulo”, de Ferenc Molnár. Quando: Dia 9 julho, domingo, das 16h às 17h. Onde: Portão Cultural, Av. República Argentina, 3430, ao lado do Terminal do Portão, em Curitiba. Quanto: Gratuito, com contribuição espontânea no chapéu.
Relato sobre funeral de Fidel Castro ganha livro Projeto passa agora por financiamento coletivo e vai virar o livro “Yo Soy Fidel” Leandro Taques
Redação | Curitiba (PR) No dia 26 de novembro do ano passado, Fidel Castro morreu em Havana. Enquanto o mundo voltava os olhos para a pequena ilha que ousou afrontar o capitalismo com sua versão original de socialismo tropical, três jornalistas independentes da Região Sul – dois paranaenses e um gaúcho - resolveram ver de perto o que estava acontecendo. Gibran Mendes, Leandro Taques e Tadeu Vilani cruzaram Cuba acompa-
nhando o cortejo funerário. Foram nove dias e mais de dois mil quilômetros viajando por terra a bordo de um Dodge 56, um dos famosos e velhos carros presentes no país. O resultado será publicado no livro “Yo Soy Fidel” que trará 120 páginas repletas de histórias e fotografias. Para transformar o projeto em realidade, os autores abriram uma campanha colaborativa para custear esta última etapa do projeto. A meta é alcançar R$ 25 mil, dinheiro que vai para o pagamento da gráfica onde se-
rão rodados os livros; para o financiamento das recompensas dos colaborares; e para quitar a taxa de serviço cobrada pelo site Kickante, plataforma onde a campanha está hospedada.
Para ficar por dentro Yo Soy Fidel: Livro reportagem, capa dura, papel couchê 170g, 120 págs. Campanha: kickante.com. br/campanhas/yo-soy-fidel Colaboração e recompensas a partir de R$ 25,00
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Atletas de Toledo são convocadas para seleção brasileira de ginástica Ginastas devem representar o país em competições internacionais de ginástica rítmica Tiago Menezes
Redação | Curitiba (PR)
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Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica tem o reforço de mais duas atletas paranaenses. As ginastas Marine Malichenski Vieira e Karine Walter, da equipe de Ginástica Rítmica de Toledo, vão integrar o time brasileiro da modalidade e devem representar o país em competições internacionais. As novas atletas selecionadas podem servir de base para a formação
Curitiba recebe Liga Mundial de Vôlei em meio a polêmicas
da equipe brasileira nos Jogos Olímpicos de 2020, que vai ser realizado em Tóquio, no Japão. A convocação
Redação | Curitiba (PR) Curitiba recebe, entre os dias 4 e 8 de julho a fase final da Liga Mundial de Vôlei. Os jogos estão sendo realizados na Arena da Baixada, Estádio do Atlético Paranaense – local que tem gerado polêmicas para o time. O empréstimo do estádio fez com que a equipe ficasse sem local para disputar as oitavas de final da Copa Libertadores da América. Por causa da Liga Mundial, o time
das jovens veio após seletivas realizadas no início de junho, em Aracaju (SE). Para a escolha, foram consideradas a qualidade técnica e os resultados obtidos pelas ginastas nos últimos anos. Aos 18 anos, Marine Vieira participará da equipe de ginástica rítmica de conjunto. Ela treina desde os 10 anos em Toledo, e já participou de competições estaduais, nacionais e internacionais.
alugou o Estádio do Paraná por R$ 200 mil. Em carta aberta para a torcida, divulgada no dia 2, o Atlético se compromete a não mais alugar ou ceder a Arena em datas que possam cair em jogos importantes. O acordo de uso do estádio para a Liga Mundial de Vôlei também é vista como de risco para o time em razão do baixo público que está sendo registrado no evento. Os ganhos do Atlético Paranaense nesse acordo dependem da venda dos ingressos, já que a equipe
Já Karine Walter, natural de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Estado, representará o Brasil na modalidade individual. Aos 15 anos, a atleta está no primeiro ano da categoria adulto. Karine foi convocada para representar o Brasil em três competições internacionais: o Mundial de Pesaro, em agosto, na Itália, o Campeonato Pan-Americano Juvenil e Adulto, em outubro, na Flórida (EUA), e o Campeonato Sul Americano de Ginástica Rítmica, disputado em dezembro, na Bolívia.
vai receber 30% da bilheteria, após serem descontados os 4 milhões relacionados ao custos de instalação. A primeira partida da fase, entre Brasil e Canadá, teve público de cerca de 9,8 mil pessoas – número bastante inferior aos 30 mil lugares que estão disponibilizados para o evento. O frio e o valor das entradas podem ser alguns dos motivos para a pouca procura nos primeiros jogos. Nesta fase, o ingresso para a pista próxima à quadra é vendido por R$ 190 reais.
No limite
É hora de embalar!
Fritz a Alexander
Por Roger Pereira
Por Marcio Mittelbach
Por Cesar Caldas
A trajetória do Atlético-PR alcançou o seu limite. No sufoco, a equipe disputa a Copa do Brasil e a tão sonhada Libertadores. Com um elenco tecnicamente inferior ao do Grêmio, a goleada, por 4 a 0, no jogo de ida das quartas de fi nal da competição nacional era praticamente previsível. Na Libertadores, o duelo com o Santos não foi diferente. Apesar da vontade individual de alguns atletas, a classificação para as oitavas de fi nal do torneio já pode ser considerada como lucro. Diante de tudo isso, a torcida permanece apoiando o time. Mas é difícil, quando a própria diretoria desestimula. O aluguel da Arena da Baixada é um desses fatores determinantes. O que se viu na Vila Capanema, na noite desta quarta-feira (5), foi um clima bem diferente de um mata-mata de Libertadores: torcida fria, desmotivada e com aquela sensação de saudades de casa.
A primeira das duas lições de casa do tricolor foi concluída com sucesso. Temos agora um confronto direto com o América mineiro, terceiro colocado com 19 pontos, três na nossa frente. Uma nova vitória poderá dar outro status ao time na competição. Em uma série B para lá de disputada, até agora não mostramos a que viemos. Em onze jogos, perdemos três, empatamos quatro e vencemos quatro. Um aproveitamento de 48,5%. Em caso de vitória, passaremos a um percentual de 52% e, dependendo de resultados, podemos até entrar no G4 pela primeira vez. Para se ter uma ideia, em 2016, o Bahia subiu na quarta posição com um aproveitamento de 55%. É preciso melhorar e a hora é agora! Nesta sexta-feira, 7/7, às 21h30, todos os caminhos levam à Vila Capanema. Vamos juntos colocar o tricolor entre os quatro primeiros e de lá não sair mais!
Fundado majoritariamente por descendentes de alemães, o Coritiba teve como primeiro ídolo e capitão o meio campista Fritz Essenfelder, que jogou de 1909 a 1917. O apelido do clube deriva do preconceito de um dirigente rival, que, em plena 2ª Guerra, bradava, num AtleTiba, contra o zagueiro Hans Breyer, do Coritiba, que ele seria um “quinta-coluna” (estrangeiro espião), por ter nascido em Düsseldorf, um “coxa branca”. Breyer teve sua carreira abreviada aos 24 anos pelo trauma, mas os torcedores coritibanos resolveram homenagear o grande atleta com o grito de “Coxa” nas arquibancadas. Nesta semana, mais um alemão chega ao Coritiba querendo escrever história com os pés: o meia-atacante Alexander Baumjohann, de 30 anos, que jogou no Schalke 04, Bayern de Munique e Herta Berlin, foi contratado. Boa sorte ao recém-chegado!