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Esportes | p. 12
Cultura | p. 10
Crossfit exige cuidados
Entre os três melhores Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, é o 3º melhor do país e o 5º da América Latina
Sem a devida atenção, atividade pode causar danos aos ombros, joelho e coração
Ano 2 | Edição 57
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PARANÁ
5 a 11 de outubro de 2017
distribuição gratuita
O QUE A LAVA JATO TEM A VER COM AS PRIVATIZAÇÕES DA ENERGIA? Ao investigar contratos da Petrobras, operação legitimou um processo de ataque às empresas estatais e à soberania nacional. Conheça os riscos da privatização do setor energético e entenda por que investidores estrangeiros estão de olho no patrimônio público Lava Jato | p. 2, 6 e 7 Leandro Taques
Cidades | p. 5
Cidades | p. 4
Agricultores presos por Moro são inocentados Acusados de desvios no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em Irati, eles estavam presos desde 2013
Geral | p. 3
Richa quer aumentar impostos ICMS de pequenas empresas podem subir até 256%. Projetos tramitam em regime de urgência na Assembleia Legislativa Ricardo Almeida | ANPR
PRIMAVERA SECUNDARISTA COMPLETA UM ANO Estudantes se levantaram contra a reforma do ensino médio. De quebra, transformaram para sempre as escolas do Paraná
2 | Opinião
EDITORIAL
Brasil de Fato PR
Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
O desgaste de Richa e Aécio Neves
D
uas lideranças jovens e até então promissoras do PSDB, Beto Richa, no Paraná, e Aécio Neves, de Minas Gerais, têm seu nome, ou de pessoas próximas, envolvido em denúncias, porém até o momento não sofreram condenações. Richa foi citado na Operação Publicano, que investiga corrupção na receita estadual, e Operação Quadro Negro, de desvio de verbas em obras de escolas. Aécio, por sua vez, pode ter o afastamento votado no Senado no dia 17, por determinação do STF, depois da divulgação de grampos em que o senador negociava propinas com o grupo JBS. O devido processo legal deve ser cumprido em todos os casos, não im-
Aécio e Richa figuram agora na mídia porque se tornaram quase insustentáveis
OPINIÃO
Por que a Petrobras é importante para o Brasil?
redor ou tem petróleo na composição (cosméticos, produto de limpeza, medicamento, tecido sintético) ou foi carregado por ele (“viajou” de caminhão até chegar na sua casa). Pela magnitude da Petrobras e seu papel estratégico em âmbito nacional e internacional, ela tem sido objeto de muita disputa poPetrobras, maior empresa púlítica. Você provavelmente já oublica do Brasil, completou 64 viu que a Petrobras é uma empreanos no dia 3 de outubro, terçasa corrupta, que está quebrada, que feira. Foi também a data escolhida “não vale nada”, e que está endivipara manifestações em defesa da dada. soberania nacional. A mídia, os golpistas e os enVamos entender melhor o que treguistas no Brasil optaram pelo se passa. A Petrobras é uma em“sangramento” da presa que chamaempresa e aposmos de “estratégitaram na manica”. Ela é a principal pulação do senso no que tange aos incomum para jusvestimentos do país, O lucro líquido da tificar a passagem a que mais contribui do controle púcom o PIB brasileiro estatal no último blico da empresa e a que mais inves- trimestre de 2016 as mãos do te em pesquisa e defoi de R$ 2,5 bilhões para capital privado, essenvolvimento. pecialmente o inEla trabalha com ternacional. o produto mais disMas queremos uma Petrobras putado em todo o mundo, o petrócada vez mais ativa no desenvolleo. Sem exagerar, o petróleo foi um vimento nacional, que ajude a forcomponente fundamental em totalecer uma nação soberana, com dos os principais conflitos geopolícontrole sob as nossas riquezas naticos do século 20. turais e estratégicas. “Quem tem petróleo tem poPor tudo isso, bradamos que a der”. Eu acrescentaria que quem Petrobras é do Brasil! É um patritem petróleo tem também soberamônio do povo brasileiro e é tarefa nia nacional, ou seja, capacidade dos que almejam uma nação livre de consolidar um projeto de desene soberana a sua defesa incondivolvimento nacional. cional. Notem que quase tudo ao nosso Juliane Furno, doutoranda em Desenvolvimento Econômico na Unicamp e militante do Levante Popular da Juventude
A
porta o partido. Mas chama a atenção o fato de que jornais, rádios e TVs, não escracham os políticos do PSDB como fazem com outras legendas. Aécio e Richa figuram agora na mídia porque se tornaram quase insustentáveis. O paranaense devido ao episódio trágico de repressão contra servidores, no dia 29 de abril de 2015. Neves é criticado porque o PSDB segue abraçado a um governo Temer cada vez mais ilegítimo. Com isso, o jogo político fica mais complexo e os partidos desgastados. Mas não há saída mágica. É preciso seguir lutando pelo respeito à vontade soberana do povo, que há um ano pede a saída de Temer e a convocatória urgente de novas eleições.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 57 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Juliane Furno e Rubens Bordinhão Neto ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques, Joka Madruga e Gabriel Dietrich ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@ brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
Mídia Ninja
Brasil de Fato PR
Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
FRASE DA SEMANA
Fabio Rodrigues Pozzebom
“O que adianta dizer ‘Fora, Temer’, se não mudamos a política econômica?”,
Bolsonaro condenado O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais por declarações preconceituosas feitas sobre os quilombolas. O fato ocorreu em abril, quando ele participava de uma palestra no Rio de Janeiro. O deputado afirmou que “afrodescendentes” quilombolas “não fazem nada e nem para procriador (sic) eles servem mais” e que as reservas indígenas e quilombos atrapalham a economia. Elza Fiuza | Agência Brasil
Homofobia sem combate O governo comandado pelo presidente golpista, Michel Temer (PMDB), zerou os repasses do governo para ações específicas de combate à homofobia em 2017. A informação é do levantamento feito pela agência de checagem de notícias Aos Fatos, em parceria com o portal UOL. Dados da ONG Grupo Gay da Bahia mostram que das 343 pessoas LGBTs assassinadas em 2016, metade era gay e 42% eram travestis ou transexuais.
disse o deputado federal Roberto Requião (PMDB/PR) durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, no Rio de Janeiro. O deputado apontou a necessidade de defender as empresas estatais e criticou a política de privatizações. Jefferson Rudy | Agência Senado
Richa quer congelar gastos sociais e aumentar impostos Redação, Curitiba (PR) Na linha política nacional de cortes que recaem sobre os trabalhadores, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), envia novas propostas de ajuste fiscal que avançam em regime de urgência na Assembleia Legislativa (Alep). Uma delas (Projeto de Lei 556) quer autorizar o congelamento, pelos próximos dois anos, das despesas primárias do Executivo. O PL estabelece que, nos próximos três anos,
não haverá concursos públicos para contratação de bombeiros e policiais. Como alternativa para suprir a demanda, Richa propõe o pagamento de horas-extras aos servidores que já estão na ativa, incluindo educadores sociais e agentes penitenciários. Também propõe que policiais aposentados retornem ao trabalho, em funções administrativas ou na guarda de imóveis públicos, sob o pagamento de R$ 75 por dia. Por fim, estabelece um aumento no abono de permanência
aos que decidirem adiar sua aposentadoria. Mais impostos O outro PL (nº 557) quer a revisão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que resulta num valor até 256% maior do que o proposto pela lei vigente. O ajuste fiscal encerraria a política de impostos reduzidos, implementada pelo exgovernador Roberto Requião, que cobra valores diferenciados para pequenas empresas. José Eduardo Bernardes
ATINGIDOS POR BARRAGENS Mais de 4 mil pessoas, de 19 estados brasileiros, participam do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), no Rio de Janeiro. O crime da mineradora Samarco, responsável pelo desastre em Mariana (MG), é uma das violações denunciadas pelo movimento.
3 | Geral
NOSSO DIREITO Rubens Bordinhão Neto*
Como fica a rescisão do contrato de trabalho depois da reforma trabalhista? Pelas atuais regras da CLT, todo empregado que trabalhou por pelo menos um ano na empresa deve, obrigatoriamente, homologar o seu Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) no Sindicato ou no Ministério do Trabalho. A reforma trabalhista retira a necessidade de homologação da rescisão do contrato de trabalho, bastando um documento assinado pelo empregado e pelo empregador para formalizar o término da relação de emprego. Sem a assistência sindical ou da Superintendência do Trabalho, nenhum órgão verificará se os direitos trabalhistas estão sendo pagos de forma correta pela empresa. Portanto, trabalhador e trabalhadora, fiquem atentos! Nos casos de despedida sem justa causa, o empregador deve pagar, em até dez dias, o saldo de salário, décimo terceiro salário, férias (com adicional de 1/3) e aviso prévio. Ainda tem direito a sacar o FGTS (com multa de 40%) e o seguro-desemprego. Quando o empregado pede demissão, é devido apenas os dias trabalhados, décimo terceiro salário e as férias (com adicional de 1/3). *Advogado do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra)
4 | Cidades
PERFIL
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Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
Primeira publicação de Mafalda completa 53 anos
Personagem argentina foi publicada entre 1965 e 1973, período da ditadura militar no país Redação, São Paulo (SP)
H
á 53 anos, a personagem Mafalda, do cartunista argentino Quino, era publicada pela primeira vez. A menina que questiona as desigualdades do mundo, que se preocupa com a humanidade e não
O perfil de Mafalda é fazer perguntas sobre temas como democracia, desigualdades sociais e as relações de poder na sociedade
entende os padrões impostos pelos adultos ganhou reconhecimento internacional, especialmente nos países da América Latina. O primeiro lugar em que suas tirinhas foram publicadas foi no cartum “Papá Tomás” da revista argentina Primeira Plana, a mais importante da época, no dia 29 de setembro de 1964. A personagem nasce quando uma agência de publicidade entrou em contato com o Quino para que ele fizesse algumas tirinhas de jornais para uma fábrica de eletrodomésticos. O perfil de Mafalda é fazer perguntas sobre temas como democracia, desigualdades sociais e as relações de poder na sociedade. É filha de uma típica família de classe média: o pai trabalha em uma companhia de seguros e a mãe é dona de casa.
Algumas das personagens da história são verdadeiras alegorias das críticas que Quino queria propor aos leitores. É o caso de Manolito, amigo de Mafalda e filho de comerciantes, que representa alegoricamente o sistema capitalista.
O escritor e filósofo Umberto Eco, por exemplo, dizia que Mafalda era “uma heroína zangada, que não aceita o mundo como ele é, que reivindica seu direito de continuar a ser uma menina e se recusa a assumir um universo corrompido pelos pais”.
Mesmo deixando de ser publicada, Mafalda ainda é presença viva em exposições, livros didáticos e em campanhas com temas que continuam sendo atuais. Uma jovem que não se contentava com o mundo como ele é não ficaria parada na história.
Agricultores presos por ordem de Sérgio Moro são inocentados Franciele Petry Schramm e Dayse Porto, Curitiba (PR) Após mais de três anos presos preventivamente, os três agricultores familiares de Irati presos na Operação Agro-Fantasma podem comemorar sua liberdade. Nesta sexta-feira (6), será realizado, na Câmara Municipal da cidade, um ato de absolvição pública para reparar, simbolicamente, os prejuízos morais trazidos aos trabalhadores rurais. Os agricultores foram absolvidos e soltos no fim do ano passado.
Eles estavam presos desde setembro de 2013, acusados de desvios no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A operação da Polícia Federal investigava a denuncia de irregularidades e desvios no programa do governo federal de compra e venda de alimentos da agricultura familiar, ligados ao programa Fome Zero. Os produtores rurais foram acusados de crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica, estelionato e associação criminosa. Além das associações e cooperativas de agricultores in-
dividuais, a Agro-Fantasma indiciou funcionários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por desvios e irregularidades. Onze pessoas foram presas e outras 58 foram indiciadas, em 15 cidades do Paraná. Uma das três pessoas presas em Irati, o agricultor familiar Gelson Luiz conta que a prisão infundada trouxe dificuldades financeiras para as famílias e para as entidades investigadas, além de outros prejuízos. “Isso prejudicou muito nossas vidas, nossa auto-estima e nossa moral”, lamenta.
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5 | Cidades
Um ano da Primavera Secundarista que transformou as escolas Estudantes comentam os impactos e mudanças da mobilização em suas vidas Gabriel Dietrich
Carolina Goetten, Curitiba (PR)
Iniciativa desencadeou um processo massivo de ocupações que paralisou as atividades em mais de 800 colégios do Paraná
H
á um ano, no dia 3 de outubro de 2016, cerca de 200 estudantes secundaristas decidiam ocupar o Colégio Estadual Arnaldo Jansen, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. A iniciativa desencadeou um processo massivo de ocupações que paralisou as atividades em mais de 900 colégios do Paraná, no que ficou conhecido como primavera secundarista. Naquele momento, quem deu a aula foram os alunos, nas disciplinas de resistência e de luta pela democracia. O Arnaldo Jansen se tornou referência para milhares de alunos contrários à reforma do Ensino Médio, proposta, na época, por meio da Medida Provisória (MP) 746. Essa MP, junto a outras políticas do presidente golpista Michel Temer (PMDB) – como a Proposta de Emenda à Constituição 55, que congela investimentos públicos e gastos sociais pelos próximos 20 anos – centralizou uma ação coletiva de estudantes que impressionaram o Brasil. “Participar das ocupações mudou a minha vida. Para se ter uma noção, eu acabo de chegar da Índia, uma das oportunidades a que tive acesso depois de tudo que aconteceu. Hoje tenho um maior entendimento do mundo, comecei a perceber questões que antes eu não ligava”, conta a estudante Ana Julia Ribeiro, diretamente do aeroporto de Guarulhos. Depois do
episódio, ela foi convidada a representar o Brasil num projeto internacional contra a exploração da infância e juventude. Recebeu o convite do indiano Kailash Satyarthi, vencedor do prêmio Nobel da Paz, junto à estudante secundarista Alanna
Mangueira, de Sergipe. Ana Julia foi destaque em todo o país após dar vida a um discurso comovente de defesa do movimento dos estudantes, na Assembleia Legislativa do Paraná. “Tive a oportunidade de nos defender quando todos atira-
vam pedras em nós. Antes, nossa escola nem tinha grêmio nem qualquer tipo de organização dos estudantes. Chegamos a ouvir da direção do colégio que a gente não entendia nada de assembleias”, lembra Ana Julia.
Carolina Goetten
Giorgia Prates, estudante da UFPR
“Aprendi com tudo isso que as pessoas fazem coisas grandiosas quando se unem. Vivíamos um período muito difícil e vimos os secundaristas lidando com tudo aquilo com responsabilidade e luta. Isso fortaleceu a nossa cumplicidade no movimento estudantil
Participar das ocupações mudou a minha vida. Para se ter uma noção, eu acabo de chegar da Índia, uma das oportunidades a que tive acesso depois de tudo que aconteceu. Hoje tenho um maior entendimento do mundo, comecei a perceber questões que antes eu não ligava” Ana Julia Ribeiro, secundarista
Lennita Ruggi
Universidades no movimento A reação em cadeia, que gerou a ocupação de inúmeras escolas num quase efeito dominó, chegou também às instituições de Ensino Superior. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o curso de Pedagogia foi o precursor do movimento que ocupou os dois prédios da reitoria: a estudante Giorgia Prates conta que a ideia surgiu a partir da necessidade de contribuir. “Aprendi com tudo isso que as pessoas fazem coisas grandiosas quando se unem. Vivíamos um período muito difícil e vimos os secundaristas lidando com tudo aquilo com responsabilidade e luta. Isso fortaleceu a nossa cumplicidade no movimento estudantil”, conta Giorgia Prates. Ensino médio “em migalhas” A Medida Provisória (MP) 746, que deixou de ser MP e foi aprovada em fevereiro deste ano como Lei 13.415, aproxima a educação do ensino médio às demandas do mercado de trabalho. Entre as mudanças, além de priorizar o ensino técnico, este será oferecido em parceria com o setor privado. E, segundo a professora da UFPR, Monica Ribeiro da Silva, membro do Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio, essa parceria será financiada com recurso público. “Temos diante de nós um ensino médio em migalhas, líquido. Ele traz uma formação que não se sustenta e que precariza a qualidade de ensino aos mais de sete milhões de alunos que estão nas escolas públicas brasileiras”, avalia a professora.
6 | Lava Jato
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Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
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7 | Lava Jato
O que a Lava Jato tem a ver com a privatização do setor energético? Investigação sobre contratos da Petrobras abriu caminho para entrega do patrimônio público a grandes corporações Marcelo Camargo | Agência Brasil
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles atuou como executivo no mercado financeiro e em grandes corporações
Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)
“A
Lava Jato, sem mudanças mais profundas, é enxugar gelo”, disse Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da operação, em 26 de agosto de 2017. A plateia do 8º Congresso de Mercados Financeiros e de Capitais, formada por investidores e diretores de empresas multinacionais, aplaudiu o procurador com entusiasmo. Depois de um almoço farto, no Campos do Jordão Convention Center – que pertence ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) –, subiu ao palco o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Naquela tarde, ele anunciaria pela primeira vez o prazo para execução do pacote de privatizações do governo Michel Temer (PMDB), previsto para o final de 2018. Ao final da palestra, os mesmos que ovacionaram Dallagnol bate-
ram palmas para Meirelles. O evento realizado em Campos do Jordão, interior paulista, é uma metáfora do efeito político e econômico das ações do Judiciário no Brasil desde 2014. Ao investigar ilegalidades nos contratos da Petrobras, a Lava Jato clamou por “mudanças profundas” e abriu margem para a venda do patrimônio público.
Privatização também foi uma das consequências negativas da operação Mãos Limpas, na Itália “As críticas da Lava Jato, reproduzida pela grande mídia, são muito rasas. Os corruptos e corruptores devem
ser punidos, mas isso não acontece hoje. Os delatores são perdoados e desfrutam de suas mansões, enquanto o trabalhador brasileiro é punido”, afirma Gerson Castellano, diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Estado do Paraná (Sindiquímica). “Associar empresa estatal à corrupção é típico de quem quer se apropriar desses bens. A tecnologia que a Petrobras desenvolveu, nenhuma empresa privada nunca conseguiu fazer”. Roteiro conhecido Dallagnol não foi o único jurista ou integrante da Lava Jato que aproveitou os holofotes para fazer discursos convenientes ao mercado de capitais. O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, participou este ano do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e disse que a operação pode ajudar a atrair investimentos para o Brasil porque ofe-
rece “segurança jurídica” aos empresários. O juiz Sérgio Moro assumiu a mesma linha argumentativa em eventos do grupo empresarial Lide, que também pertence ao tucano João Doria. O partido do prefeito de São Paulo, PSDB, apoia o plano de privatização de Meirelles, conforme expresso pelo presidente de honra Fernando Henrique Cardoso: “O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito”, disse FHC, em evento recente para debater a venda da Eletrobras. O roteiro é semelhante ao da operação Mãos Limpas, na Itália – uma das inspirações da Lava Jato. As investigações não reduziram os índices de corrupção, mas deram origem a um governo autoritário que apostou na privatização como saída para a crise. A diferença é que, no Brasil, o assédio do capital estrangeiro é ainda maior, dado o potencial energético do país. “O Afeganistão, por exemplo, tem um sítio mineral muito grande, mas não tem energia. Não é o nosso caso. Nossas reservas minerais e nossa capacidade energéti-
José Cruz | Agência Brasil
ca são fantásticas”, explica o engenheiro Antonio Goulart, que trabalhou 40 anos no setor elétrico federal. “Nossas usinas são fruto de um investimento colossal do Estado brasileiro, e isso desgraçadamente está passando para as mãos do capital internacional”, conclui. Talvez fosse melhor enxugar gelo. De mão beijada Desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), Temer anunciou a desestatização de 91 ativos de controle estatal – entre eles, 18 aeroportos, duas rodovias, quatro empresas e 16 concessões de energia. No último dia 27 de setembro, foram leiloadas quatro usinas da energia da Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig): São Simão, Miranda, Jaguara e Volta Grande. Gerson Castellano argumenta que o setor energético não pode ser tratado como mercadoria: “A energia é um direito básico da população. As famílias brasileiras precisam de energia para ter uma geladeira em casa, para
PETRÓLEO NA MIRA
Pedro Parente preside a Petrobras e o conselho de administração da Bolsa de Valores de São Paulo
usar aparelhos hospitalares... Quem vive nos rincões do Brasil sabe o quanto isso é importante”, ressalta. “O Estado investiu para que nós tivéssemos energia, e o que querem agora é entregar de mão beijada para a iniciativa privada, que vai se apropriar de um patrimônio da população para lucrar”.
DOIS INTELECTUAIS ORGÂNICOS A privatização do setor energético brasileiro é resultado de uma atuação conjunta do presidente da Petrobras, Pedro Parente, e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles – dois profissionais com inserção no mercado financeiro, em grandes corporações, e no setor público. É o que o filósofo italiano Antonio Gramsci chamaria de “intelectuais orgânicos”: especialistas em seus ofícios, eles exercem funções organizativas dentro e fora do Estado, e isso lhes permite interferir no arranjo da sociedade civil para defender a classe social que representam. O conceito é complexo, mas a capacidade de transitar entre os interesse público e privado fica mais clara quando se conhece o currículo
de cada um deles. Pedro Parente foi chefe da Casa Civil durante o governo FHC, vice-presidente executivo da RBS, afiliada da Rede Globo, presidente da empresa de alimentos Bunge Brasil, e chefia o conselho de administração da Bolsa de Valores de São Paulo. Henrique Meirelles foi presidente internacional do banco estadunidense BankBoston e presidente do Banco Central do Brasil (BCB). Até o ano passado, era presidente do Conselho de Administração da J&F Investimentos, grupo que controla a JBS – cujos executivos delataram o próprio presidente Michel Temer por corrupção na Lava Jato.
Segundo entrevista do economista Luiz Gonzaga Belluzzo ao Brasil de Fato, as carências em infraestrutura só serão resolvidas com investimento estatal. “Não se pode esperar, a não ser através da iniciativa clara do setor público, que haja investimentos em tecnologia e inovação para desenvolver o país”, analisa. “O sistema de inovação exige um aporte muito grande de recursos, tanto humanos quanto financeiros. Porque a inovação tem um risco muito grande, e o Estado tem que mitigar esse risco”, finaliza. Valor social A venda da Eletrobras, maior grupo do setor elétrico na América Latina, é considerada uma das mais graves do plano de privatizações de Temer. Hoje, a União detém 63,2% das ações, e a receita líquida anual da empresa é equivalente a R$ 60,7 bilhões.. O engenheiro Antonio
Goulart alerta para a consequência mais imediata da privatização da energia, que afetará todos os brasileiros: “O custo, que poderia ser muito mais barato sob controle popular, vai explodir”, explica. “Porque o valor social da
A energia é um direito básico da população. Quem vive nos rincões do Brasil sabe o quanto isso é importante” energia é muito maior que o valor de venda. Quando falta energia, param as fábricas, para a cidade, para a vida. É por isso que um empresário pode chegar e colocar o preço que quiser, porque todo mundo vai ter que pagar”.
No mesmo dia em que foram leiloadas as usinas da Cemig na bolsa de São Paulo, aconteceu a 14ª Rodada de Licitações de blocos para exploração de petróleo, totalizando uma área de quase 123 mil quilômetros quadrados. Diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira afirma que a entrega da camada pré-sal ao capital estrangeiro é um símbolo das atrocidades do governo Temer. “O pré-sal coloca o Brasil entre os três maiores países do mundo em reservas de petróleo. São 170 bilhões de barris, e cada novo poço que se fura, as surpresas sempre são maiores. Então, a tendência é que esse número possa crescer”, descreve. “Essas riquezas deveriam servir para prover os direitos sociais da população, e não para gerar lucro para poucos”. Reação Na última terça (3), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Plataforma Operária e Camponesa de Energia fizeram um ato político repleto de simbolismos – desde a data do protesto, que coincidiu com o aniversário de 64 anos da Petrobras. A manifestação contra o desmonte do Estado começou em frente ao prédio da Eletrobras, no Rio de Janeiro, passou pela sede da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, e terminou em frente à Petrobras. Em Curitiba, “palco” da Lava Jato, o protesto aconteceu no calçadão da rua XV de Novembro, na região central da cidade. Para Gerson Cervinski, da coordenação nacional do MAB, “o Brasil está perdendo todas as riquezas do seu controle”. Um dos principais argumentos dele, além da precarização da mão de obra, é o resultado desastroso da privatização da Vale do Rio Doce pelo governo FHC. A empresa foi vendida por R$ 3,3 bilhões em 1997, quando suas reservas minerais eram estimadas em mais de R$ 100 bilhões.
8 | Paraná
Brasil de 8 Fato PR
Paraná, 05 a 11 de outubro de 2017
Massacre como dos EUA é raro no Brasil porque porte de arma é restrito
Operadoras de telefonia violam direitos com acesso grátis no Facebook e WhatsApp
Matança em Las Vegas reacende debate sobre segurança pública e porte de armas de fogo
viola ou não a neutralidade da rede. “A pesquisa entende que viola, porque tecnicamente é necessário você fazer uma gestão distinguindo desOs planos tarifa-zero, muitino, principalmente de orito oferecidos por operadoras gem e aplicação”, aponta. de celulares, prometem naA pesquisadora explica vegação ilimitada em alguns que, com aplicativos como essa prátiWhatsapp e o Faca, as opecebook. De acordo radoras com relatório do coletivo de comu- Pesquisa mapeou estão beneficiannicação Intervoirregularidades do deterzes, essa prática é minados ilegal e fere a cha- de empresas de aplicativos mada neutralida- telefonia que e os usuáde da rede, direito garantido com ferem Marco Civil rios muitas vezes não a aprovação do da Internet têm ideia Marco Civil da Indeste proternet, em 2014. cedimento: “O problema para Em setembro, o Intervozes o usuário é ele não diferenciar, realizou uma pesquisa comele está ali usando, achando parando a situação da neuque não está usando o pacote tralidade de rede em Chile, de dados, mas aí ele clica em Colômbia, Brasil e México. O um link, dentro do Whatsapp, conceito diz que as operadodentro do Facebook, ou denras não podem aumentar ou tro de onde quer que esteja o diminuir a velocidade de inplano zero, e vai pra uma outernet quando determinados tra página. Essa outra página é aplicativos são utilizados. cobrada, as operadoras dizem De acordo com coordenaisso naquelas letras pequenas, dora da pesquisa e integranquando elas estão oferecendo, te do Intervozes, Oona Brant, é difícil conseguir processar as existe uma polêmica entorno operadoras”. do assunto, se a “tarifa-zero”
Ethan Miller | AFP
Juliana Gonçalves, São Paulo (SP)
O
acesso às armas de fogo nos Estados Unidos sempre é questionado quando ocorre uma tragédia, como a da madrugada do dia 2 de outubro. Pelo menos 58 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas quando um homem abriu fogo contra a multidão que assistia a um festival de música em Las Vegas. O ataque a tiros é considerado o mais ledentro de uma população tal da história dos Estados de 323 milhões. Isso signiUnidos. fica quase uma arma para Guaracy Mingardi, cada pessoa no país, como analista criminal, alerta mostra o estudo do Fundo que casos como o de morde População das Nações tes em massa por armas de Unidas. fogo, tão comuns nos Estados Unidos, são mais difíArmamento é falsa soceis de ocorrer aqui porlução Nas redes, internauque há mais dificuldade tas reacenderam o debate para que elas sejam obtisobre a facilidade de se obdas: “É muito fácil adquiter uma arma de fogo nos rir arma lá. Você consegue Estados Uniadquirir, dos e sobre a muitas vepossibilidazes, sem de de se autonem apadefender com recer, po- A chance de elas. Mingardendo endi considecomendar uma pessoa se ra que, difepelo cor- defender usando rentemente reio”. uma arma de do que preEle resfogo em casos de ga o senso cosalta ainmum, a chanda que violência é muito ce de uma “ q u a n d o pequena pessoa ter o número condição de de armas se defender usando uma circulando e armas entre arma de fogo em casos de criminosos diminui, o núviolência é muito pequena. mero de homicídios tamMesmo policiais treinados bém diminui”. têm um alto índice de morHoje, cerca de 300 mitalidade quando reagem a lhões de civis estadunium assalto e estão à paisadenses têm armas de fogo,
na, aponta o especialista. O especialista alerta para os riscos dos debates que estão ocorrendo no Congresso brasileiro, com o objetivo de revogar o Estatuto do Desarmamento, como propõe o deputado Jair Bolsonaro (PSC): “Precisamos tomar cuidados para manter a legislação como está. A pressão, o lobby que está havendo com a indústria armamentista em conversa com muitos deputados é muito grande. Temos que impedir que esse lobby tenha sucesso porque, se depender deles, todo mundo vai andar armado e o número de mortos vai aumentar muito. Qualquer briga de bar ou de trânsito vai ter um morto”, diz. Atualmente, a Lei do Desarmamento (10.826/03) restringe a concessão de porte apenas às categorias profissionais que dependem de armas para o exercício de suas atividades – como policiais, integrantes das forças armadas e guardas prisionais.
Norma Odara, São Paulo (SP)
Brasil de Fato PR 9
Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
Nos 64 anos da Petrobras, Lula defende soberania e geração de empregos Ex-presidente participou de ato organizado pela Frente Brasil Popular, nesta terça-feira (3) José Eduardo Bernardes, Rio de Janeiro (RJ)
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ex-presidente Lula participou, nesta terça-feira (3), do ato convocado pela Frente Brasil Popular em defesa da soberania nacional e em defesa das empresas estatais. A data marca o aniversário de 64 anos de fundação da petroleira brasileira. Durante o evento, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, Lula defendeu a Petrobras e fez críticas às políticas do governo golpista de Michel Temer (PMDB) de vender os patrimônios nacionais: “Defender a soberania é defender a dignidade e a honra do povo de uma nação, que só será soberana se o povo tiver educação, trabalho, salário, se esse povo tiver acesso à cultura, ao lazer, se esse povo puder viver de cabeça erguida, criando a sua família”, disse. A cidade do Rio de Janeiro sedia as principais estatais brasileiras de energia: a Eletrobrás e a Petrobras. Não à toa, esse foi o local escolhido pela Frente Brasil Popular para organizar esse ato. Lula destacou que falar em soberania nacional é ter a coragem de fazer da Petrobras uma das maiores indústrias de petróleo do mundo. “A hora que eles venderem tudo, o país estará abrindo mão de instrumentos de fazer política econômica. A Petrobras não é apenas uma indústria do petróleo, a Petrobras é um instrumento de desenvolvimento, porque têm milhares de empresas que dependem da Petrobras, tanto na área de óleo, como na área de gás”, garantiu. Mobilizações no Paraná As mobilizações em defesa das empresas pública também ocorreram no Paraná, nesta terça-feira. No período da
A Petrobras não é apenas uma indústria do petróleo, a Petrobras é um instrumento de desenvolvimento”, Lula manhã, petroleiros e petroquímicos realizaram atos em frente à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e à Refinaria Presidente Getúlio Vargas, localizadas uma ao lado da outra, em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. Já em Curitiba, na parte da tarde, entidades sindicais e movimentos ligados à Frente Brasil Popular realizaram uma aula pública sobre tema. O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Correio do Paraná (SintCom), Marco Rogério Inocêncio, conhecido como China, explicou que os funcionários dos Correios já chegam ao 14º dias em greve para evitar a
retirada dos direitos já conquistados e em defesa da manutenção da empresa como pública. Em recente anúncio de reestruturação, a direção dos Correios garantiu o fechamento de 2.500 agências. “Os mais afetados serão aqueles que precisam do atendimento do banco postal, aquele aposentado que tem conta no Banco no Brasil ou da Caixa. A sociedade vai sentir realmente”, aponta China, garantindo que a chamada reestruturação é uma manobra da gestão para empurrar a empresa para a privatização. Pacote de privatizações Além do desmonte em curso na Petrobrás, no final de agosto o governo Temer anunciou um pacote com 57 projetos de privatizações e concessões. A Eletrobras, maior empresa de produção e distribuição de energia elétrica da América Latina, está na lista. Além dela, devem ser colocadas à disposição da iniciativa privada a Casa da Moeda, a administração de 14 aeroportos – entre eles o de Congonhas, segundo maior do país -, 11 lotes de linhas de transmissão e 15 terminais portuários.
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Privatização do Setor Energético será tema de audiência pública na Alep Ednubia Ghisi, Curitiba (PR) O tema da audiência pública que será realizada no dia 10 de outubro é um questionamento: “Privatização do Setor Energético: Soberania ou Dependência?”. A pergunta vai orientar o debate, que começa às 9h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no Cetro Cívico, em Curitiba. A audiência é resultado da atuação do Fórum Popular Contra a Venda da Eletrobras e da Copel, que reúne 32 entidades. Ato todo, 12 deputados estaduais propuseram o evento. “Entendemos que as privatizações representam um ataque à soberania nacional. A tentativa de venda da Eletrobras é o exemplo máximo de uma política entreguista e que ignora os interesses da nação brasileira, em nome de interesses comerciais privados e internacionais”, aponta o vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) e funcionário da Copel, Leandro Grassmann. Joka Madruga
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Paraná, 5 a 11 de outubro de 2017
Museu curitibano é eleito o terceiro melhor do Brasil É o terceiro ano consecutivo em que o MON aparece entre os melhores do país Divulgação MON
Redação, Curitiba (PR)
Para ficar por dentro
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impossível passar pela rua Marechal Hermes, no Centro Cívico de Curitiba, e não ficar impressionado com o olho de vidro gigante que forma o Museu Oscar Niemeyer (MON). Se por fora ele já desperta curiosidade, o prêmio de terceiro melhor museu do Brasil é mais um motivo para conhecer o MON por dentro. O prêmio Travellers’ Choice 2017, que na tradução literal quer dizer “escolha dos viajantes”, é realizado pelo site especializado em turismo TripAdvisor. Em primeiro e segundo lugares no Brasil estão, respectivamen-
O MON fica na rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, em Curitiba. A visitação é de terça a domingo, das 10h às 18h, com ingresso de R$ 16 e R$ 8 (meia-entrada para professores e estudantes com identificação; doadores de sangue; pessoas com deficiência; portadores da ID Jovem).
te, o Instituto Ricardo Brennand, em Recife, seguido da Pinacoteca, em São Paulo. Este é o terceiro ano con-
secutivo em que o MON aparece entre os melhores da lista. No ranking da América Latina, ele está na 5ª posição.
Entrada gratuita, mediante apresentação de documento comprovatório: menores de 12 anos, maiores de 60 anos, grupos pré-agendados de estudantes de escolas públicas do ensino médio e fundamental, guias turísticos acompanhados de grupos, jornalistas, taxistas credenciados à URBS, membros da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná (APAP), membros do International Council of Museums (ICOM). Para saber mais, acesse: museuoscarniemeyer.org.br
Três motivos para visitar o terceiro melhor museu do Brasil Bienal de Curitiba 2017
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Bienal de Curitiba é reconhecida como o maior evento de arte contemporânea da América do Sul e uma das principais mostras de arte do circuito mundial. Nesta edição, com o título “Antípodas – Diverso e Reverso”, terá a China como país homenageado. Vários espaços do museu receberão exposições: o “Olho” e Espaço Araucária, com curadoria de Fan Dian, Fang Zhenning e Liu Chunfeng, recebem obras de 36 artistas chineses, além da área externa do museu. Já o térreo da Torre do MON terá a CAFAM Biennial (Central Academy of Fine Arts Museum) de Pequim, e o primeiro andar da Torre do museu expõe Shanghai Biennale, que trazem conteúdo sobre as Bienais Chinesas, com vídeos e outros materiais de divulgação Divulgação contando o histórico de edições e explicando o que são ambos os eventos. Seguindo o conceito da Bienal, outras salas do Museu Oscar Niemeyer exibem obras de artistas selecionados por diferentes curadores. Quando: Até 25 de fevereiro de 2018.
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Mostra “Não está claro até que a noite caia” Divulgação
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As obras nesta exposição analisam as relações entre as palavras e as imagens a partir de indagações como: existe uma imagem para cada palavra? Existe uma palavra para cada imagem? A partir da noção de traço, a exposição se ocupa daquelas coisas que só podemos ver quando olhamos meio de lado. A mostra apresenta obras da artista Juliana Stein e tem curadoria de Agnaldo Farias. Quando: Até 25 de fevereiro de 2018.
Exposição “Memória e Momento” É uma coletânea da arte contemporânea produzida no Brasil nos últimos 70 anos e que compõe o acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR). “Memória e Momento | Salão Paranaense” faz uma retrospectiva do Salão Paranaense, desde sua criação em 1944 até hoje. A mostra tem curadoria de Ronald Simon. Quando: até 25 de novembro.
Antonio Henrique Amaral
Brasil de Fato PR
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Aline Volpato
AGENDA CULTURAL
Oficinas “Ecoorquestra” e” Bonecos de Madeira”
Aluna do Guaíra é selecionada para concurso internacional Redação, Curitiba (PR) Aos 16 anos, a aluna da Escola de Dança Teatro Guaíra Giovanna Fioravanti é uma das selecionada para a final do Youth America Grand Prix (YAGP), em Nova Iorque. A premiação está prevista para ocorrer em abril de 2018. O Youth America Grand Prix é um dos mais importantes prêmios do mundo da dança, que todos os anos seleciona estudantes de vários
países através de audições, premiando alunos com bolsas de estudo e contratos de trabalho. Desde pequena na dança A aluna foi selecionada depois de quatro dias de aulas avaliativas, em Indaiatuba (SP), no Centro Integrado de Apoio à Educação (CIAEI). Ela ensaia até oito horas por dia e quer viver da dança. Ela se dedica ao balé desde criança e começou a fazer parte da Escola de Dança Teatro Guaíra com cinco anos de idade.
O quê: A sexta edição do “Centro Histórico Divertido” convida a criançada a colocar a mão na massa com as oficinas de brinquedos. A “Ecoorquestra” vai possibilitar que os pequenos brinquem e apreciem os instrumentos musicais e de Divulgação percussão, feitos de materiais recicláveis. Já na oficina “Bonecos de Madeira”, objetivo é fazer com que as crianças tenham a emoção de dar vida ao seu próprio brinquedo. Quando: Dia 7, sábado, das 14h às 17h. Onde: O Centro Juvenil de Artes Plásticas (CJAP), rua Mateus Leme, 56, São Francisco. Curitiba-PR. Quanto: Entrada franca.
Mostra para Sylvio Back O quê: Sylvio Back, um dos mais importantes diretores do cinema paranaense, chega aos 80 anos e ganha de presente uma Mostra com exibição de seu filmes. Uma seleção de 12 filmes representativos de sua carreira ocupará durante duas Cido Marques | FCC semanas as salas da Cinemateca e do Cine Guarani (Portão Cultural). A trajetória cinematográfica de Back é marcada pela constante participação em questões políticas, estéticas e sociais. Quando e onde: Os filmes serão exibidos na Cinemateca de 3 a 8 de outubro e serão reprisados no Cine Guarani de 10 a 15 de outubro. Quanto: Entrada franca.
ESPECIAL | Receitas da Agroecologia
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Doce de Mamão
Ingredientes Mamão loro (sem estar maduro) Banana madura Açúcar, canela, cravo, limão Para cada 1kg de massa 1kg de açúcar Modo de fazer Cozinhar o mamão primeiro com água, depois escorrer e amassar, juntar a banana cortada. O cravo e a canela cozinhar separado e colocar só o caldo. Colocar de 1 a 2 colheres de caldo de limão. O ponto é ate engrossar e ficar bem dourado.
Fonte: Livro “Receitas da florestas que a gente planta”, organizado pelo projeto Flora, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Paraná (MST).
12 | Esportes
Brasil de Fato PR
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11 dias para ajuste Por Cesar Caldas Em 1752, o Rei George II, da Inglaterra, fez “desaparecerem” 11 dias em todo o Império Britânico. Houve um salto da meia-noite de 2 de setembro para o primeiro minuto da madrugada do dia 14. A justificativa: sincronizar o calendário que vigia naqueles países (o juliano) para o ordenado pelo Papa (gregoriano), que estava ajustado à ciência astronômica. O técnico Marcelo Oliveira, do Coritiba, agradece o mesmo hiato de 11 dias, período em que o Campeonato Brasileiro está parado, para ajustar seu time em busca da recuperação que o retire da incômoda Zona do Rebaixamento. Após o empate com o Bahia em Salvador, o próximo desafio é o líder Corinthians, em São Paulo. Trata-se da última chance para definir taticamente a equipe e acertar a escalação para as últimas rodadas. A torcida torce pelo retorno de Kléber, esperança de gols.
Contagem regressiva Por Marcio Mittelbach Depois da vitória sobre o Inter, faltam apenas dez jogos e quinze pontos para o tão sonhado acesso. Mas não tem essa de já subiu. Chegamos até aqui na superação, matando um leão por rodada e será assim até o fim. Cada jogo uma batalha, cada ponto um passo rumo à reconstrução. Se os jogadores já haviam comprado a ideia, a festa do dia 3 de outubro na Arena estreitou essa relação. Não se trata só de subir uma equipe para série A. Se trata de resgatar um gigante do futebol brasileiro, de colocar o nome em um dos capítulos mais incríveis da história do futebol paranaense. Devemos nos manter focados, enchendo a Vila, vestindo o manto e resgatando o orgulho de ser tricolor. Com humildade e dedicação, em breve estaremos comemorando o final dessa era tão sofrida para a nossa torcida!
De novo com o sub-23 Por Roger Pereira Não seremos repetitivos e deixaremos os comentários sobre a festa paranista na Baixara para o Márcio. Vamos falar de outro assunto que perturba o atleticano. O gerente técnico do Atlético, Paulo Autuori, anunciou que o clube disputará, mais uma vez, o Campeonato Paranaense com a equipe sub-23. Este anúncio só mostra que a opção é muito menos técnica do que política, de enfrentamento e menosprezo ao certame local. O uso de uma equipe reserva no Paranaense deste ano se justificou. O Atlético entrou na pré-Libertadores com jogos mata-mata já em janeiro. Mas e em 2018, caso não venha a vaga para a competição continental, vamos preparar o elenco até maio para o Brasileirão? Jogar as primeiras fases da Copa do Brasil com a equipe sem nenhum ritmo de jogo? E o pior, abrir mão do único título que alcançamos nos últimos 16 anos, tendo que assistir a festa do rival?
Crossfit: grande intensidade exige cuidado ainda maior Sem os cuidados devidos, modalidade pode colocar em risco os joelhos, ombros e coração Divulgação
Vinícius Sobreira, Recife (PE)
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m tipo de treino que tem ganhado milhares de adeptos mundo afora, o crossfit é conhecido pela técnica e pelo uso de objetos curiosos – como pneus - para realização de exercícios em alta intensidade. Treinos diferentes são realizados a cada dia, sempre focados no desenvolvimento do condicionamento físico do praticante. A atividade é composta por exercícios que pedem maior potência e têm duração de segundos; exercícios de potência moderada e que duram alguns minutos; e outros de baixa potência e com maior duração, para gastar a energia acumulada através da gordura. Outra diferença é que o treino é realizado em equipe, criando um “time” onde as pessoas sofrem juntas, se ajudam e celebram juntas suas conquistas. Para alguns, isso modifica a atmosfera do treino. Uma praticante aprovou esse formato é a fisioterapeuta Iviana Marinho, 26 anos, que busca pratica o exercício como uma forma de melhorar a forma física. No “box” de crossfit onde ela treina, 22 pessoas treinam juntas numa equipe. “Você ajuda no que você é bom, aprende com o outro para corrigir suas falhas. Gosto muito de como isso funciona”, elogia. Mas a intensa modalidade também cobra uma atenção especial com a saúde do praticante. É o que alerta a cardiologista Tereza Lins. “Pela ter
Quem não está preparado e faz uma aula intensa corre risco cardiovascular mais alto
alta intensidade e pouco tempo de recuperação entre um exercício e outro, o praticante de crossfit precisa estar muito preparado. Quem não está preparado e faz uma aula de alta intensidade, corre um risco cardiovascular mais alto”, informa. Especialista em medicina esportiva e membro da câmara técnica de medicina esportiva do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), a médica diz ainda que pessoas sem histórico de problemas cardiológicos podem acabar desenvolvendo uma doença cardíaca devido ao exercício. “O crossfit estimula que a pessoa supere seus limites. Por isso essas atividades provocam muitas lesões de joelhos e ombros, devido à intensidade. Não é um esporte para todo mundo. É para quem pode”, avisa.
ALGUNS CUIDADOS NECESSÁRIOS Faça uma avaliação médica antes de começar a praticar o exercício Evite exercícios de alta intensidade no início e pratique exercícios prescritos de acordo com sua capacidade física Tenha um período de adaptação
Procure ambientes seguros e arejados Confirme se o local é credenciado no Conselho Regional de Educação Física (CREF) e seja sempre acompanhado por um profissional qualificado