Brasil de Fato Paraná - Edição 58

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Fabio Rodrigues Pozzebom

Cultura | p. 11

105 anos de Kolody Na peça “Noite com Helena Kolody”, atrizes interpretam obra da poeta paranaense

PARANÁ

19 a 25 de outubro de 2017

Editorial | p. 2

Crise nos três poderes CCJ da Câmara rejeita a segunda denúncia contra Temer

distribuição gratuita

Ano 2 | Edição 58

Divulgação

MOBILIZAÇÕES EM CURITIBA CRITICAM DESMONTE PROMOVIDO POR TEMER Ações integram jornada nacional de lutas, organizada pela Frente Brasil Popular. Dentre as reivindicações principais está a retomada da soberania nacional e dos investimentos públicos, no campo e na cidade Geral | p. 3

Fotos: Júlia Rohden

Lava Jato | p. 6 e 7

Quem é a ex-delegada da Lava Jato que atua em SC? Érika Marena, que mandou prender reitor da UFSC, já processou até o Facebook

Internacional | p. 9

26 anos de guerra e silêncio Mais de 300 pessoas morreram no maior atentado da história da Somália Tobin Jones

MST PREMIADO Ocupação do MST no Paraná ganha prêmio por recuperação da Mata Atlântica. A comunidade ocupa parte da Área de Preservação Ambiental (APA) de Guaraqueçaba e produz alimentos sem o uso de agrotóxicos desde 2003 Cidades | p. 5


2 | Opinião

EDITORIAL

Brasil de Fato PR

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

Governo, Legislativo e Judiciário em crise no Brasil Jonas Pereira

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 58 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Júlia Rohden e Manoel Ramires ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Isabella Lanave e Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)

OPINIÃO

O

rém, são episódios que deixam evidensentimento nesta semana entre a te que o Congresso é seletivo, corpopopulação brasileira é de indignarativo e corrupto. Apenas para salvar o ção com o sistema político e com o posenador tucano das medidas impostas der Judiciário. Na terça (17), o país assispelo STF, o governo teria desembolsatiu à votação do Senado que derrubou a do R$ 200 milhões em decisão do Supremo Triemendas para os debunal Federal de afastar putados. Isso porque Aécio Neves (PSDB) do Temer também espera cargo. ser salvo na votação no No dia 18 (quarta), o governo teria plenário da Câmara. foi a vez da Comissão de desembolsado R$ Com isso, a tensão Constituição e Justiça da na sociedade brasileira Câmara aprovar como 200 milhões em fica cada vez mais forte. inadmissível a segunda emendas para os Os sistemas político e denúncia contra o prejurídico (também marsidente golpista Temer deputados. Isso cado pela seletividade (PMDB), que é acusado porque Temer e interesses políticos) pela Procuradoria Geral também espera ser apodrecem a olhos visda República de obstrução de Justiça e forma- salvo na votação no tos. É urgente então a ção de organização cri- plenário da Câmara defesa da democracia, eleições diretas e a conminosa. A denúncia vai vocatória de uma Asa votação no plenário do sembleia Constituinte que refaça a parCongresso na semana que vem. ticipação popular e gere um novo pacto É preciso análises serenas e o devido para a sociedade. processo legal deve ser respeitado. Po-

MBL: um movimento sem movimento

André Machado, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e presidente do PT Curitiba

O

MBL foi um dos grupos fabricados para dar uma “cara pública” para as mobilizações pelo impeachtment da Dilma. Não havia como dar um golpe sem mobilizações de massa. Os partidos e políticos da direita tradicional não tinham prestígio nem entre seus eleitores para protagonizar aquele processo. Também não daria certo se não parecesse para as pessoas que saíram às ruas como algo espontâneo. Então, os empresários que pensam a política no Brasil reuniram um grupo de jovens liberais com algum preparo, lhes deram estrutura, dinheiro e vizi-

bilidades em veículos de imprensa. Assim se produziu um “movimento”. A princípio, diante da crise econômica que se abatia no Brasil, bastava o anti-petismo e jargões empresariais do senso comum para consolidar um discurso convincente. Após o golpe, passaram a ajudar o Temer a governar. No outro lado do front, agora como signatários de um governo com apenas 3% de popularidade, adotaram um discurso ultra-liberal para justificar o desmonte do Estado brasileiro e a redução de direitos dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, para lhes garantir audiência, assumiram uma agenda ultra-conservadora, enfrentando estudantes ocupados, assumindo a campanha pela censura nas escolas e, mais recentemente, nos

museus. Não há no MBL a organização da aspiração de uma parcela da juventude que almeja qualquer futuro melhor. São um movimento que não tem movimento. Na última semana, realizaram seu Congresso em Curitiba, em um auditório da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Logo em uma universidade pública, quando defendem sua privatização. Uma grande contradição. Esperavam que o fato de fazerem seu evento na UFPR geraria um conflito com militantes progressistas, colocando-os em evidência. Tentaram envolver a esquerda em uma armadilha. Porém, como foram tratados com a irrelevância devida, não apareceu ninguém, nem para brigar nem para participar.


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Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

FRASE DA SEMANA

Reprodução

“Quando a gente ama, a gente cuida, a gente respeita e sente a dor do outro, a gente lida com as diferenças sem produzir o ódio e a intolerância”,

Down na dança Felipe Rodrigues Ferreira, de 26 anos, é o novo bailarino da cantora Anitta. O jovem é portador da Síndrome de Down e acompanhava a carreira da artista de perto. Ele ficou famoso na internet em 2015, depois de dançar com a cantora a coreografia de “Bang”. Desde então, ele segue os treinos na academia e arrasa nos passinhos ao som das músicas da cantora no canal do YouTube, “Dance Com Felipe”. Reprodução

Alimentação ilegal A 2ª Vara da Fazenda Pública de Campo Largo bloqueou, no dia 16, os bens dos deputados estaduais Alexandre Guimarães (PSD) e Elio Rusch (DEM), por mau uso de verbas de alimentação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o deputado estadual Alexandre usou verba de ressarcimento para custear alimentação de familiares e de visitantes, o que é proibido.

diz pastor Henrique Vieira, em vídeo divulgado pelo Mídia Ninja. Ele se refere à intolerância gerada entorno de uma performance artística realizada no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em que um homem faz um nu artístico. Arquivo Pessoal

Curitiba está entre as capitais em que ocorre a Jornada de Lutas em defesa das empresas públicas, organizada em âmbito nacional pela Frente Brasil Popular. Dentre as reivindicações principais está a saída do presidente golpista Michel Temer (PMDB), a retomada da soberania nacional, o fortalecimento das empresas estatais e da reforma agrária, e o fim da tramitação da reforma da Previdência. A programação da Jornada vai de marchas de rua a audiências públicas. No dia 17, o Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) recebeu uma audiência em defesa dos bancos estatais. Outra audiência está prevista para ocorrer no mesmo local no dia 20, com o tema “Defesa da democracia, políticas públicas e direitos humanos”. Um abraço simbólico no

Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e nos Correios está marcado para esta quinta-feira (19), às 12h, na Praça Carlos Gomes. No início da noite, às 19h, será realizado o lançamento do Plebiscito Revogatório das medidas do golpe, com a presença do idealizador da ação, senador Roberto Requião. No dia 20 também ocorre a Conferência Popular de Educação, na sede da APP Sindicato. Reforma agrária Na manhã da terça-feira (17), uma caravana de dois mil trabalhadores sem terra, indígenas, agricultores familiares e quilombolas marcharam em fileiras por 3,5 km, pelo Centro de Curitiba. O destino foi a rua da sede do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR), que permanece ocupada desde então.

R A DA R DA LUTA Pedro Carrano

Metalúrgicos de Goiás em greve Desde o dia 16, trabalhadores da fábrica da Mitsubishi, em Catalão (GO), cruzaram os braços como parte da campanha salarial. A paralisação também rechaça a tentativa da empresa de aplicar medidas contidas na reforma sindical do governo Temer.

Campo Mourão mobilizado

Mobilizações contra Temer marcam semana em Curitiba Carolina Goetten, Curitiba (PR)

3 | Geral

A intenção dos camponeses com a ocupação é pressionar o órgão para negocie a retomada das políticas de reforma agrária. “Este ato representa as populações do campo e os 12 mil sem terra que resistem pela reforma agrária no Paraná, acampados nas beiras das estradas”, declarou Diego Moreira, integrante da coordenação estadual Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na quarta-feira, a pauta de reivindicações das famílias sem-terra foi entregue a representantes do Ministério da Fazenda, após um ato em frente ao órgão, localizado no Centro de Curitiba. Leandro Taques

A Frente Brasil Popular, em Campo Mourão (PR), se soma ao mutirão de coleta de assinaturas para a revogação da reforma trabalhista. Para conversar com a população, as entidades ligadas à Frente se revezam em uma barraca montada no calçadão central da cidade. A meta nacional da campanha é atingir 1 milhão e 300 mil assinaturas.

Servidores públicos nas ruas da França Mais de 100 mil servidores públicos foram às ruas da França protestar contra congelamento de salários e corte de 120 mil empregos públicos previstos pelo governo de Macron. A greve levou mais de 100 mil pessoas às ruas em 26 cidades; nova mobilização é convocada para dia 19 de outubro (Agência Sindical).


4 | Cidades

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Advogada, militante e primeira senadora trans do Uruguai PERFIL

Michelle Suárez comenta situação do Brasil: “cura gay é volta a período medieval” al em seu trabalho independente Mauro Ramos, São Paulo (SP) e como integrante do coletivo uruguaio Ovejas Negras. Ela faz parte do Partido Comunista do Uruguai e ichelle Suárez escreveu um integra a Frente Ampla no país. capítulo importante da hisEm relação ao avanço da luta tória do Uruguai ao se tornar a pripela diversidade sexual no Urumeira senadora transexual do país guai, Michelle reconhece como elee de todo o continente americano. mento importante a articulação de Advogada e militante pela diversidiversas bandade sexual, ela deiras de luta: está costumada “Passamos da a desbravar careivindicação de minhos. uma agenda de Em 2009, direitos para a ela se tornou a Quando estamos no diversidade seprimeira pesCongresso, o que xual para uma soa transexuse deve debater é o situação em que al do Uruguai a se falava sobre ter um diploma direito positivo, é a temas como a universitário. normativa para todos, descriminalizaHoje, Michele ção do aborto, usa o conhecie não para um grupo a pobreza, inmento jurídico que possui uma moral cluindo toda a para defender específica” agenda de direias causas da ditos da diversidaversidade sexu-

Arquivo Pessoal

M

de sexual”. Sobre estes avanços, e seu próprio feito histórico, Michelle ressalta que as conquistas não são “gratuitas” e manda uma mensagem de esperança para o Brasil: “Apesar de existirem momentos

Greca quer reajuste do IPTU 100% acima da inflação projetada Manoel Ramires, do Porem.net, de Curitiba (PR) O prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN) encaminhou projeto de lei que reajusta os valores do IPTU muito acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). O valor cobrado dos curitibanos será a soma desse índice referente aos meses entre dezembro de 2016 até novembro de 2017, mais 4% para imóveis e 7% para terrenos sem edificação. Para se ter uma ideia, conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Es-

tudos Socioeconômicos (DIEESE), a estimativa do IPCA para 2018 é de 4,02%. Ou seja, Greca aumentaria o imposto em 100% acima da inflação. Na justificativa da mensagem enviada ao legislativo municipal, Greca alega que o reajuste equivalente ao dobro da inflação é mantido de acordo com lei complementar 91/2014 aprovada no governo Gustavo Fruet (PDT). O projeto ainda avança sobre o próximo governo municipal. Embora enxergue a crise econômica e a queda de poder de consumo do cidadão brasileiro, Greca alega a necessidade de “tornar possível a apuração

de valores venais de bens imobiliários urbanos, de modo que estes reflitam os valores efetivamente praticados no mercado imobiliário”. O reajuste é mal visto pelo economista do DIEESE, Sandro Silva. Ele chama atenção para a alta tarifária praticada pelo governador Beto Richa (PSDB), aliado do prefeito. “Em um momento de crise, o reajuste bem acima da inflação deixa o trabalhador em situação complicada. Ele traz impacto significativo tendo em vista que a população já sofreu com o aumento em outros impostos e com as tarifas públicas da água e energia”, reforça.

difíceis, de retrocessos e revisões dos avanços em termos de direitos, os direitos se constroem todos os dias; é preciso continuar e não jogar a toalha, porque depois dos momentos de tristeza, sempre nasce o sol”.


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5 | Cidades

Ocupação do MST no Paraná ganha prêmio por recuperar Mata Atlântica Prêmio Juliana Santilli reconhece prática que alia produção de alimentos e preservação ambiental Fotos: Júlia Rohden

Júlia Rohden, Antonina (PR)

“M

ato para nós não é problema, é solução” brinca o agricultor Jonas Souza. Ele integra uma das 20 famílias do acampamento José Lutzenberger, no município de Antonina. O acampamento ocupa parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, e desde 2003 concilia a produção de alimentos livres de agrotóxicos - de couve à café - com a recuperação da Mata Atlântica. Por isso, a comunidade foi contemplada no prêmio Juliana Santilli, na categoria ampliação e conservação da agrobiodiversidade. A premiação acontecerá no dia 21 de novembro, em Brasília, e envolve a entrega de troféu, de selo de reconhecimento e apoio financeiro para truturado, com casas de alvenaria intercâmbio de experiências. e energia elétrica, o acampamento As famílias comemoraram o prêainda está em processo de assentamio como uma forma de dar visibimento. O Instituto Nacional de Colidade ao projeto. “Estamos moslonização e Reforma Agrária (INtrando que nós ocupamos uma área CRA) está negociando a compra da totalmente degradada e estamos reterra com os antigos proprietários. cuperando a mata e ainda produzindo alimento sem veneno”, comenta Recuperação ambiental “CoJonas, que também é um dos coornheci a área antes dos fazendeiros denadores do acampamento. usarem para criar boi. Era uma área Cerca de 90% do que é produzido preservada, o rio tinha muito peixe pelos agricultores é destinado para e a comunidade plantava para subas escolas de quatro municípios da sistência”, lembra Jonas. Ele conta região (Guaratuba, Morretes, Anque as famílias não tinham o docutonina e Pontal do Sul) através do mento de posse da terra e os fazenPrograma Nacional de Alimentadeiros começaram a ção Escolar (PNAE). cerca e ocupar o terriJonas explica que as tório. “Por isso comefamílias trabalham çou a luta pela terra e em cerca de 10% da decidimos acampar”, área total, que com[…] a reforma completa o agricultor. preende 240 hectaagrária é um Nos primeiros três res. “Para trabalhar projeto viável, anos, as famílias reno sistema agroflosistiram ao desejo de restal não precisa de não apenas na desistir da área. O rio grandes áreas”, expliquestão social, estava poluído, o solo ca. Ele comenta que a mas também na rebaixado e encharperspectiva é ocupar cado, e o pasto domicada vez mais o espaambiental”, nava a paisagem. Se ço com a produção. Jonas Souza no início tiveram diApesar de bem es-

Acampamento ocupa parte da APA de Guaraqueçaba e desde 2003 concilia a produção de alimentos livres de agrotóxicos

ficuldade para produzir alimentos para subsistência, hoje a perspectiva é aumentar a produção. A área degradada pela atividade pecuária vai lentamente se recuperando e o resultado fica evidente até aos olhares desatentos: nos lotes que já receberam os cuidados dos agricultores há árvores altas e diversos tipos de plantas, enquanto, muitas vezes ao lado, as áreas que não receberam o manejo são um pasto alto. Katya Isaguirre, professora de direito ambiental e agrário da Univer-

sidade Federal do Paraná (UFPR) que acompanha de perto o acampamento José Lutzenberger, por meio do grupo de pesquisa Ekoa, incentivou a comunidade a se inscrever no prêmio, junto com outro grupo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “É evidente que a agrofloresta revive a natureza e o exemplo demonstra visivelmente como a paisagem se recupera ao tempo em que os agricultores produzem alimentos saudáveis que lhes garante condições de autonomia”, afirma.

DESTAQUE NA PRODUÇÃO DE ORGÂNICOS De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento, o Paraná é o estado com maior número de propriedades rurais orgânicas certificadas, com mais de duas mil unidades. Parte dos alimentos orgânicos produzidos no estado são comercializados pela Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR), que centraliza 17 cooperativas regionais e a produção

de mais de 20 mil famílias nos 311 assentamentos paranaenses da reforma agrária. Os alimentos chegam até os consumidores de diversas formas e neste mês a CCA-PR lançou um site que facilita ainda mais a compra dos produtos para quem mora na capital Curitiba. Saiba mais em: www.produtosdaterrapr.com.br


6 | Lava Jato

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7 | Lava Jato

Ex-delegada da Lava Jato que mandou prender reitor da UFSC já processou jornal, blogueiro e até o Facebook Érika Marena tentou impedir veiculação de matérias “com conteúdo capaz de ser interpretado como ofensivo” Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)

H

á duas semanas, a morte do reitor afastado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, reacendeu a polêmica sobre possíveis abusos do Poder Judiciário e da Polícia Federal (PF) no combate à corrupção. Cancellier, conhecido como Cau, foi preso em 14 de setembro, solto no dia seguinte e afastado do cargo sob a acusação de obstrução da justiça – a operação Ouvidos Moucos, da PF, apura supostos desvios nos programas de ensino a distância. No bilhete encontrado no bolso da calça, o ex-professor de Direito da UFSC indicou a motivação do suicídio: “Minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”. O cadáver foi encontrado no piso térreo de um shopping center, após cair de uma altura de sete andares. Entre 15 de setembro e 2 de outubro, Cau foi impedido de circular na universidade por mais de três horas. A mega operação mobilizou 105 policiais federais para prender sete pessoas. Segundo o colunista do jornal Notícias do Dia, Carlos Damião, o

Delegada inspirou personagem interpretada pela atriz Flávia Alessandra no filme da Lava Jato então reitor ficou traumatizado com a abordagem policial: assim que chegou ao presídio da Agronômica, em Florianópolis, Luiz Carlos Cancellier – que não havia sequer respondido a processo, nem era réu na operação – foi despido e teve as partes íntimas revistadas, como qualquer outro detento. A delegada responsável pelo pedido de prisão, Érika Mialik Marena, trabalhou até dezembro do ano passado na operação Lava Jato. Essa coincidência permite estabelecer uma ponte entre os dois casos e ampliar a discussão sobre os limites da atuação do Estado na investigação de condutas criminosas. Divulgação Agecom

Luiz Carlos Cancellier cometeu suicídio no dia 2 de outubro

Divulgação | Abracam

O Brasil de Fato produziu esta reportagem sobre a trajetória e o perfil profissional da delegada, peça-chave nas operações Lava Jato e Ouvidos Moucos, a partir da sugestão de leitores. Em tempos de polarização, o desconhecimento pode levar a julgamentos precipitados e a manifestações de ódio e intolerância. O acesso à informação, por outro lado, qualifica a crítica e agrega elementos para o debate. Currículo Érika Mialik Marena nasceu em Apucarana, a 370 km de Curitiba, e saiu de casa para estudar aos 17 anos. Filha de um historiador e de uma ex-funcionária do Instituto de Previdência do Estado – e neta do pastor Mialik, referência da igreja Assembleia de Deus na região –, ela ingressou no curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1993. Depois da formatura, em 1998, Marena atuou como técnica da Justiça Eleitoral e procuradora do Banco Central, entre 2002 e 2003. Naquele ano, ingressou na PF em São Paulo para trabalhar na Delegacia de Crimes Financeiros. Em 2004, voltou a Curitiba e integrou por três anos a força-tarefa do caso Banestado [ver box]. No período que antecedeu a Lava Jato, a delegada participou do Grupo de Repressão a Crimes Financeiros e da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, e deu aulas na Academia Nacional de Polícia, na disciplina Lavagem de Dinheiro. Após dois anos de trabalho na Lava Jato em Curitiba – durante os quais chegou a coordenar a operação –, Marena foi transferida a Florianópolis no final de 2016. Elogios O avanço das investigações projetou o nome da delegada nos meios de comunicação brasileiros, quase sempre de maneira elogiosa. Mais de uma vez, Érika Mialik Marena foi chamada pela imprensa de “mãe da Lava Jato” – foi ela quem

Érika Mialik Marena também participou na investigação do caso Banestado

batizou a operação, em referência a uma rede de postos de combustíveis usada para movimentar dinheiro ilícito, conforme descrito um dos primeiros inquéritos. Com o moral elevado, a apucaranense foi a mais votada entre os colegas para assumir a direção-geral da PF no Brasil, em maio 2016. A candidatura dela foi apoiada pelo procurador Deltan Dallagnol, entre outros membros do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba, mas Mi-

chel Temer (PMDB) preferiu manter o atual diretor, Leandro Daiello. Em março do ano passado, ela foi condecorada no Dia Internacional da Mulher com o prêmio “Mulheres que Inspiram”, na categoria Segurança. Logo, passou a ser convidada para eventos dentro e fora do Paraná, para compartilhar com juristas e empresários a experiência acumulada na Lava Jato. No longa-metragem “Polícia Federal: a Lei é Para Todos” (Downto-

wn Filmes, 2017), Marena inspirou a personagem Beatriz – interpretada por Flávia Alessandra, atriz da Rede Globo –, uma das protagonistas do filme que conta a história da Lava Jato sob a ótica dos investigadores. Polêmicas Os primeiros questionamentos à postura da delegada começaram em 2014, no contexto das eleições presidenciais. Uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, em novembro daquele ano, reproduziu

CRÍTICAS COMUNS ÀS DUAS OPERAÇÕES*

1

Indícios baseados apenas na palavra de “delatores”

2

Violação do direito de defesa dos acusados

*Veiculadas na internet após o suicídio de Luiz Carlos Cancellier

3

Vazamentos seletivos à imprensa

uma breve postagem de Marena no Facebook, sob o codinome Herycka Herycka: “Dispara venda de fraldas em Brasília”. A publicação foi interpretada pela repórter Julia Dualibi como resposta ao depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, que acusava o PT de receber 3% dos contratos superfaturados da estatal. Marena não deixou barato: entrou com uma ação na 9ª Vara Cível de Curitiba para tirar a reportagem do ar. No ano seguinte, o Facebook Brasil foi alvo de uma nova ação, junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A “mãe da Lava Jato” pedia a imediata retirada do ar de “todo o conteúdo ofensivo, correlato à denominada operação [Lava Jato] que vincule o autor, sob pena de multa diária de R$ 500,00 por dia de descumprimento, até o limite de R$ 50.000,00”. Marena também exigiu do Facebook Brasil a quebra do sigilo dos dados cadastrais e o acesso aos perfis que veiculavam as postagens consideradas ofensivas, além do e-mail, telefone e nomes dos usuários responsáveis por páginas e blogs que reproduziram aquele conteúdo. Mais processos Em maio de 2016, sobrou para o jornalista Marcelo Auler, que teve oito reportagens críticas à Lava Jato censuradas em seu blog. A liminar, expedida pelo Juizado Especial Cível de Curitiba, também impediu Auler de “divulgar novas matérias com conteúdo capaz de ser interpretado como ofensivo ao reclamante, sob pena de adoção das medidas coercitivas pertinentes”. A decisão, entendida como “censura prévia” pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), foi derrubada no mês seguinte. Segundo as duas entidades, as tentativas de censura violavam o direito constitucional à informação e representavam um ris-

LAVA JATO E BANESTADO O caso Banestado, em que Érika Mialik Marena atuou nos anos 2000, investigou o envio ilegal de 124 bilhões de dólares ao exterior – ou R$ 390 bilhões, no câmbio atual. Porém, resultou em menos condenações que a Lava Jato: 97 a 165. Nos dois casos, a PF reuniu indícios de crimes cometidos por grandes grupos empresariais, operadores financeiros e políticos. Curiosamente, os réus que eram considerados os “cabeças” do esquema, como o doleiro Alberto Youssef, colaboraram com as investigações e foram soltos. Além de Youssef e da delegada Marena, outros quatro personagens da Lava Jato têm sua biografia relacionada ao caso Banestado: o juiz de primeira instância Sérgio Moro e os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Januario Paludo e Orlando Martello Junior.

co à democracia. Após a morte de Luiz Carlos Cancellier, o volume de críticas ao trabalho de Marena multiplicou-se rapidamente – o ex-reitor chegou a ser descrito como o “primeiro cadáver do lavajatismo”. “Estado policialesco” também se tornou um jargão, cada vez mais repetido, para desqualificar o trabalho da delegada paranaense. Logo ela, conhecida por tentar barrar qualquer conteúdo que prejudicasse sua reputação. Até hoje, Marena não se manifestou sobre o suicídio de Cancellier. Mas, se quiser manter a postura de contra-ataque, a cada questionamento publicado nas redes, não lhe faltam oportunidades para abrir novos processos.


8 | Brasil

Brasil de 8 Fato PR

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

‘Ração humana’ de Doria é criticada por nutricionistas Prefeitura pretende conceder incentivos econômicos e isenção de impostos a pessoas ou empresas que doarem sobras Francisco Proner Ramos

Rodrigo Gomes, da RBA, São Paulo (SP)

A

proposta de erradicação da fome lançada pelo prefeito da capital paulista, João Doria, no dia 8, foi considerada um retrocesso por especialistas em nutrição. A ideia é receber doações de sobras de alimentos que seriam descartados pela indústria ou comércio e processá-los para produzir um “granulado nutricional” que será distribuído à população de baixa renda. Os doadores vão receber benefícios econômicos e isenção de impostos.

“É curioso São Paulo, a maior cidade do país, investir em uma política que é muito antiga, pelo menos 15 anos atrasada. É uma política que vai à contramão de tudo que a gente está produzindo para promover saúde”, afirmou Ana Carolina Feldenheimer, professora de Nutrição Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “Alimentação não é só ter nutrientes disponíveis para a população. É ter alimentos saudáveis, frescos de boa qualidade, diferenciados. E não um refugo da sociedade para alimentar a população mais pobre”, afirmou a professora.

A doutora em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Elke Stedefeldt ressaltou que a proposta de Doria “é ofensiva à Política Nacional de Alimentação e Nutrição”. Para a professora, não pode ser considerada segurança alimentar e nutricional a transformação de alimentos sem critérios de monitoramento quanto ao risco de doenças transmitidas em produtos ultraprocessados. Ela avaliou ainda que a medida contraria o Guia Alimentar para a População Brasileira e que não deve ter sido dialogada com as organizações que estão há anos desenvolvendo este tipo de trabalho em São Paulo.

O que a prefeitura devia fazer era incentivar o pequeno agricultor”

Ana Carolina Feldenheimer

Temer permite que corte militar julgue crimes contra civis Ministério Público Federal criticou a mudança Divulgação

Redação, São Paulo (SP) O presidente golpista Michel Temer (PMDB) sancionou, no dia 16, uma lei que delega à Justiça Militar o julgamento de crimes contra civis cometidos por militares em missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O projeto havia sido aprovado no Senado na última terça-feira (11), por 39 votos a 8. Atualmente, os militares são julgados pelo Tribunal do Júri. O Tenente-Coronel da reserva da Polícia Militar do estado de São Paulo, Adilson Paes de Souza acredita que o estabelecimento de um julgamento especial para os militares nessa situação constituiria uma inconstitucionalidade. “Eu acho que a falta de transparência estimula e diz para esses militares que eles têm um tratamento privilegiado, que não serão apreciados como o resto da população. Criar uma corte especial para julgar agentes públicos de uma maneira diferenciada é criar um tribunal de exceção e pode muito bem estimular a impunidade”, afirmou o Tenente-Coronel. A mudança já foi criticada pelo Ministério Público Federal, que também a considera inconstitucional, e por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional.


Brasil de Fato PR 9

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

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Ataque na Somália é o ápice de 26 anos de guerra civil e silêncio Mais de 300 pessoas morreram no maior atentado da história do país, no último sábado Tobin Jones

Redação, Curitiba (PR)

uma milícia chamada União dos Tribunais Islâmicos, que comanda o Poder Judiciário e administra a maior parte dos estabelecimentos de saúde e educação no Sul do país. Em 2011, outro grupo se somou aos conflitos: a Missão da União Africana para a Somália, que se propõe a combater a insurgência islâmica e tem contribuído para ampliar a zona de influência do governo.

T

rezentos mortos, mais de 500 feridos. Os números do atentado do último sábado, em Mogadíscio, capital da Somália, chamaram a atenção da comunidade internacional para um conflito que dura 26 anos, sem perspectiva de pacificação. Da mesma forma, o silêncio que sucedeu o ataque revela não só falta de empatia com as nações africanas, mas o desconhecimento sobre o que está em jogo nessa guerra civil. Dois caminhões bomba foram usados no atentado, o maior da história do país. Um explodiu em frente ao hotel Safari e o outro no bairro Medina, duas das áreas mais povoadas da capital. Segundo o primei-

Governo provisório acusa grupo islâmico, que não assume a autoria

ro ministro somali, Ali Khaire, o local das explosões indica que o alvo dos terroristas era, de fato, a população civil. Antecedentes De outubro de 1969 a janeiro de 1991, o país foi comandado por um ditador: Muhammad Siad Barre. Nos últimos cinco anos, o governo perseguiu e exterminou dissidentes em todas as regiões. Mesmo assim, os grupos opositores reagiram e conseguiram derrubar o tirano. Esse período, conhecido como Revolução da Somália, modificou a geografia do país e acirrou a crise humanitária. A região noroeste, pró-

xima ao chamado “chifre da África”, declarou independência e passou a se chamar Somalilândia. A ideia era se isolar e se proteger dos conflitos pós-Revolução, mas não houve nenhum reconhecimento internacional a esse novo território. Além da violência generalizada e das disputas de poder, cerca de 30% da população sofre com a seca e está à mercê do cólera, uma doença bacteriana contagiosa que pode levar à morte. O conflito atual opõe dois grupos que se propuseram a fazer a transição para a democracia, após o regime de Siad Barre. De um lado, o chamado governo provisório; de outro,

Autoria Os líderes do governo provisório acusam o Al Shabaad, uma vertente militar da União dos Tribunais Islâmicos vinculada à Al-Qaeda, de explodir os dois carros bomba. O Al Shabaad não reivindicou a autoria, mas as agências internacionais admitem a hipótese de participação do grupo nos atentados de sábado. O secretário geral das Nações Unidas quebrou o silêncio sobre a guerra civil da Somália e pediu união para a “construção de um Estado funcional e inclusivo”. A solidariedade da comunidade internacional chega à Somália em forma de doações de alimentos e bolsas de sangue, ainda insuficientes para atender a todos os feridos.

Governo Temer abandona combate ao trabalho escravo Mudança nas regras dificulta a identificação de novos casos Redação, Curitiba (PR) Com uma portaria publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (16), o Ministério do Trabalho do governo Michel Temer (PMDB) desmontou, de uma só vez, todas políticas de combate à escravidão no Brasil. Segundo organizações da sociedade civil especializadas no tema, o documento reduz o conceito de trabalho escravo e dificulta a fiscalização.

De acordo com as novas regras, só pode ser considerado trabalhador em situação de escravo aquele que é impedido de ir e vir pelo empregador. Ou seja, “condições degradantes” foram excluídas do conceito. Os empregados resgatados, que tinham direito a seguro-desemprego, serão reavaliados conforme a nova definição do termo. A Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) publicou uma nota criticando a portaria e afir-

mando que não foi consultada na elaboração das novas regras. A “Lista Suja”, que reúne o nome dos empregadores autuados por trabalho escravo, será publicada somente se houver aval do ministro do Trabalho nomeado por Temer. O Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPACTO) e a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) qualificaram a medida como “retrocesso” e “inaceitável”.

Divulgação


10 9 | Cultura

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

50 anos de Travessia: a canção que mudou os rumos da música popular brasileira Milton Nascimento ganhou segundo lugar no Festival Internacional da Canção, em 1967 Divulgação

Norma Odara, São Paulo (SP)

“N

ão existia na música brasileira nada parecido, no vasto cancioneiro brasileiro, não existia algo como Travessia. Não era bossa-nova, não era samba-canção, era uma canção super original, sem precedentes, de um cara chamado Milton Nascimento”, relembra o compositor e músico Lô Borges. A canção mudou a carreira de Bituca, como é conhecido Milton, e o cenário da música brasileira. Em 2017, a canção completa 50 anos e o Brasil de Fato te convida para um passeio entre os caminhos de pedra de Milton, que resultaram na canção. Era 1967, Maracanãzinho lotado no Rio de Janeiro, quando a música conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção, exibido pela TV Globo, com abertura do maestro Erlon Chaves, acompanhada por um coro de 25 mil espectadores. Depois disso, Milton passou de um simples compositor a uma das grandes vozes da música popular brasileira. Lô Borges lembra a euforia de ver o amigo se apresentando nas emissoras:

Quando você foi embora Fez-se noite em meu viver Forte eu sou mas não tem jeito Hoje eu tenho que chorar Minha casa não é minha E nem é meu este lugar Estou só e não resisto” Trecho de Travessia

ALIMENTOS SAUDÁVEIS | Por Camila Salmazio

Reprodução

O limão – muito além da limonada Rico em vitamina C, o limão é conhecido popularmente por ajudar na prevenção de gripes e resfriados. Mas a fruta guarda outros importantes benefícios para a saúde. A nutricionista Carla Caratin destaca a ação antioxidante do limão. “Quando eu penso em ação antioxidante, a gente pode pensar em prevenção de alguns tipos de câncer e até coisas mais cotidianas como fortalecimento de unha, de cabelo, melhora na qualidade da pele e na desintoxicação do organismo”, explica Caratin. O limão também é diurético ajuda no bom funcionamento do rim e impedir a retenção de líquido no corpo. As gestantes podem usar o limão como aliado para reduzir os enjoos. A casca, o bagaço e o suco da fruta também são aliados na hora de tirar manchas e desengordurar, além de refrescar o ambiente.

“Pô olha lá o Bituca e não sei o que. Eu lembro dele na televisão, cantando travessia, a família inteira reunida, igual fosse um jogo de futebol”, recorda. A letra da música foi composta pelo jornalista mineiro Fernando Brant, com melodia e voz do Bituca. Além do marco na carreira de Milton Nascimento, Travessia foi a primeira das mais de 150 canções que eles viriam fazer juntos. Da parceria, outras relíquias como o álbum Clube da Esquina nasceram. Com a música Travessia, bastou Bituca pegar o violão para a melodia nascer. Inspiração divina, segundo Lô Borges. “Várias canções geniais, o cara inspirado, iluminado por Deus, que pega um violão e começa a criar coisas geniais. É inspiração, pegar o violão e começar a harmonia, melodia, vem tudo junto. É uma inspiração divina, que ele traz com ele desde garoto, desde que ele começou a compor, até antes dele compor, ele já era um cara genial”, diz. A música Travessia é parte do primeiro álbum de Bituca, lançado em 1967. Cinco décadas depois, a canção ainda carrega a mesma vivacidade que só Milton Nascimento poderia criar.


Brasil de Fato PR

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017 Divulgação

Pintou estrelas no muro e teve o céu ao alcance das mãos.

Em Curitiba, peça teatral celebra os 105 anos de Helena Kolody

Helena Kolody Redação, Curitiba (PR) A poetisa paranaense Helena Kolody completaria 105 anos em 12 de outubro. É considerada uma das maiores escritoras do estado e também estudou piano e pintura. Em homenagem à artista, o grupo de teatro Arte da Comédia promove, neste sábado, o espetáculo “Noite com Helena Kolody”. A peça se inspira na vida e obra da paranaense, enquanto o público pode degustar de um cardápio típico ucraniano em meio à apresentação. Três atrizes da companhia conduzem as cenas do espe-

Divulgação

Cinedebate do filme Tentei O quê: Um filme criado e produzido no Paraná recebeu três prêmios na 50ª edição Festival de Brasília do Cinema Nacional, ocorrido em setembro. “Tentei”, dirigido por Laís Melo e encabeçado por uma equipe de mulheres, denuncia a violência doméstica. Pela relevância do tema, o movimento Partida Feminista organiza um cinedebate com a exibição do filme. Participam, além de Laís, a atriz Patricia Saravy e a jornalista Vanessa Prateano. Quando: Sexta-feira, dia 20, às 19h. Onde: Estúdio Delírio – rua Saldanha da Gama, 69, Curitiba. Quanto: Entrada franca.

11 | Cultura 11

táculo, que interpreta poemas e frases marcantes da artista. Segundo o diretor artístico do grupo Arte da Comédia, Roberto Innocente, a montagem busca resgatar a filosofia de vida de Helena Kolody e sua completa entrega à produção poética. Poesia centenária Helena Kolody publicou o primeiro poema, “A lágrima”, aos 16 anos de idade. Escrevia, principalmente, haicais – forma poética de origem japonesa, marcada por versos curtos e concisão, trazendo o máximo de conteúdo e de significado na menor quantidade possível

de palavras. Sua carreira literária a consolidou como uma das poetisas mais importantes do Paraná.

Para ficar por dentro “Noite com Helena Kolody”, com o Grupo Arte da Comédia Data: Sábado, dia 21 de outubro, a partir das 19h30. Local: Sociedade dos Amigos da Cultura Ucraniana - rua Brigadeiro Franco, 374. Ingressos: Entrada franca. O público paga o que consome.

AGENDA CULTURAL

Mostra fotográfica

Pedalada pelo Parque Bom Retiro

O quê: A exposição traz 60 imagens históricas realizadas pelo fotógrafo Augusto Weiss. É um dos acervos mais ricos da fotografia paranaense, porque registra a história do nosso etsado entre 1890 e 1950. Weiss é austríaco, mas chegou ao Brasil em 1890 e aprendeu a fotografar em Curitiba. Quando: Segue até 18/02/2018, das 9h às 12h e 13h às 18h (segunda a sexta) e das 9h às 14h (sábado e domingo). Onde: Casa Romário Martins - rua Cel. Enéas, 30, bairro São Francisco, Curitiba. Quanto: Entrada franca.

O quê: Evento organizado pelo coletivo “A causa mais bonita da cidade” convida ciclistas curitibanos de todas as idades a uma pedalada coletiva e consciente, com percurso de 2 quilômetros. O objetivo é mostrar aos governantes da cidade a importância da Doug Oliveira mobilidade alternativa e reforçar as demandas do ciclismo em Curitiba. Quando: Domingo, 22/10, a partir das 10h. Onde: Concentração en frente à Prefeitura de Curitiba - Av. Cândido de Abreu, 817. Quanto: Participação gratuita.

Divulgação

Mostra de cinema espanhol O quê: A Mostra de Cinema Atual Espanhol está em cartaz na Cinemateca. A programação reúne cinco filmes de longametragem, em suas versões originais Divulgação em espanhol e catalão, com legendas em português. A seleção de filmes da mostra está disponível no site da Fundação Cultural de Curitiba. Quando: 18 a 22 de outubro, sempre às 19h. Onde: Cinemateca de Curitiba - R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174. Quanto: Entrada franca.


12 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 19 a 25 de outubro de 2017

Comunidade esportiva reivindica a permanência do programa Bolsa Atleta

Londrina recebe 30ª edição dos Jogos da Juventude do Paraná

Audiência pública debateu orçamento disponível e programas de incentivo a atletas do país

Redação, Curitiba (PR)

Redação, Curitiba (PR)

A

tletas, ex-atletas, dirigentes e a comunidade esportiva reuniram-se na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (17), para debater saídas ao esporte no Brasil. Dentre os pontos, a audiência pública discutiu a manutenção do programa Bolsa Atleta e a garantia de recursos e incentivos financeiros para o esporte brasileiro em 2018. O encontro também buscou analisar o orçamento disponível ao Ministério do Esporte e elencar saídas financeiras que não prejudiquem o cenário competitivo no país.

grama de patrocínio individual no esporte em todo o mundo. Foi criado em 2005 e já contemplou cerca de 23 mil esportistas – só no ano passado, 7.297 atletas foram atendidos em diferen-

Bolsa atleta em risco O programa Bolsa Atleta é, atualmente, o maior pro-

tes modalidades. A comunidade presente na audiência declarou que a intenção é pressionar para que o orçamento do próximo ano seja, pelo menos, igual ao de 2017. Danilo Borges

Alison e Bruno Schmidt, campeões olímpicos do vôlei de praia, recebem incentivo pelo Bolsa Atleta

blico de cinco mil pessoas, entre atletas, técnicos e espectadores.

A fase final da categoria A (15 a 17 anos) dos JO- Os números do JOJUPs Participam, nesJUPs, os Jogos da Juventute ano, 4.457 atletas e 582 de, está para começar. A técnicos e dirigentes, em 30º edição da competição 25 locais de chega ao fim competição. a partir desAs modalidate final de sedes incluem mana: entre atletismo, os dias 20 e 28 badminton, de outubro, Evento chega basquete, ciem Londrina, à fase final da clismo, futecinco mil atlebol, futsal, gitas represen- categoria A, nástica rítmitam 83 muni- que engloba ca, handebol, cípios do Pa- atletas entre judô, karatê, raná, em 18 15 e 17 anos natação, rumodalidades gby, taekwonesportivas. do, tênis, têA comissão nis de mesa, voleibol, vôorganizadora declarou que os JOJUPs são um evento lei de praia e xadrez. Nesta 30ª edição, Londrina parimportante para manter a ticipa com 466 atletas, Maprática esportiva entre os ringá com 429 e Curitiba jovens e interligá-la às escom 368. São as três maiocolas. A estrutura está preres delegações do JOJUPs. parada para receber um pú-

Alento

Keep calm!

2018: como será?

Por Roger Pereira

Por Marcio Mittelbach

Por Cesar Caldas

E a diretoria atleticana parece, finalmente, ter ouvido o atleticano. Depois de cancelamentos de associações, protestos e ressurgimento de uma oposição que estava adormecida desde a derrota nas eleições, os gestores do Atlético admitiram reanalisar as recentes medidas administrativas. O clube anunciou a criação de uma comissão para reavaliar as alterações no programa de. A diretoria convidou, inclusive, os integrantes da oposição a integrarem tal comissão, indicando que pretende apostar na união de todos os atleticanos para alcançar uma solução. É um alento, diante do histórico autoritário dos comandantes rubro-negros. Mas como é bom de mais para ser verdade, segue sendo mais garantido assinarmos o pedido de convocação de assembleia dos sócios, cujas assinaturas estão sendo coletadas pela oposição, para exercermos nosso direito estatutário de opinar sobre os rumos dos clubes.

Paraná e Ceará fizeram uma partida digna do grande momento em que as duas equipes se encontram. Os trinta e seis mil torcedores que foram ao Castelão acompanharam um jogo movimentado, equilibrado e emocionante até o fim. Claro que seria melhor se o Paraná tivesse vencido, mas não havia inspiração, não era o dia. Vida que segue. O tropeço no Nordeste não diminui em nada os méritos desse time, ou alguém achou que iríamos vencer todo mundo e subir com os pés nas costas? Dos últimos dez jogos, o Paraná ganhou sete, empatou um e perdeu dois. Um ótimo desempenho, que certamente não vai parar por aqui. Se driblarmos a ansiedade, chegaremos lá! O importante é aprender com os erros e seguir na luta. Aliás, o tricolor tem dois adversários diretos pela frente. No dia 21, o América-MG em BH. Já na terça-feira, dia 24, encaramos o Vila Nova em Curitiba. São os dois jogos mais difíceis que nos restam. Pra cima deles, Tricolor!

Nos próximos 45 dias serão definidos os rumos que o Coritiba tomará a partir do ano que vem. No gramado o time joga as últimas chances de permanecer na divisão de elite; nas urnas seus sócios escolherão os responsáveis pela administração do clube no triênio 20182020. Embora as candidaturas possam ser oficializadas até 9 de novembro, já se tem notícia da candidatura de três postulantes ao cargo de presidente. Samir Namur, professor e advogado com mestrado e doutorado em Direito, licenciou-se da presidência do Conselho Deliberativo para concorrer. João Carlos Vialle, médico, já foi diretor vice-presidente de futebol do clube. Pedro Guilherme Castro, engenheiro pós-graduado em Administração e empresário, é também conselheiro do clube. Independentemente da escolha do eleitor, a atual gestão não deixará saudades.


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