Brasil de Fato - Edição 63

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Por que vaiaram Sérgio Moro?

Geral | p. 3

Não ao feminicídio

Procuradores explicam protesto durante palestra do juiz em Curitiba

Andréa Rosendo

Daniel Giovanaz

Lava Jato | p. 6 e 7

25 de novembro é dia de combate à violência contra a mulher

PARANÁ

23 a 29 de novembro de 2017

distribuição gratuita Juliano Vieira

Ano 2 | Edição 63

Cidades | p. 4

Direito à moradia Justiça suspende despejo de ocupação em Londrina, mas 900 famílias sofrem pressão para deixar a área

Julia Rohden

Esportes | p. 12

O fim de um ciclo

BRASIL TEM UMA DENÚNCIA DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA A CADA 15 HORAS

Gustavo Oliveira | LEC

Londrina muda de treinador após seis anos e meio

Cultura | p. 11

O rap resiste 5º Sarau Periférico conta com MV Bill e agita ocupação Dona Cida, na Cidade Industrial de Curitiba

Religiões de matriz africana são o principal alvo. Entre 2015 e junho de 2017, foram 1486 denúncias de agressão, desrespeito e destruição de Cidades | p. 5 locais religiosos


2 | Opinião

EDITORIAL

Previdência é investimento social. Reforma de Temer é um equívoco

T

emer se articula para a votação da reforma da previdência, apontada para 6 de dezembro. Desesperadamente, ele tenta reorganizar uma base dispersa nessa pauta, já que parlamentares não querem o desgaste quanto mais se aproxima 2018 - ano eleitoral. Isso porque a reforma da previdência segue injusta, justificada na projeção de envelhecimento da população e no argumento de “salvar as contas”, ignorando que a seguridade social

OPINIÃO

Mas foi preciso recuar em alguns pontos da proposta inicial, caso da idade mínima de aposentadoria para mulheres

como um todo não é deficitária. A deficiência está na falta de investimento social no Brasil. A medida de Temer é oportunista, para retirar direitos em um momento de crise econômica e engordar fundos de previdência particulares. Revolta Mas foi preciso recuar em alguns pontos da proposta inicial, caso da idade mínima de aposentadoria para mulheres e tempo de contri-

buição para receber o valor integral de aposentadoria. Um dos motivos precisa ser lembrado: dia 28 abril, trabalhadores em todo o país realizaram uma greve que mobilizou milhões de pessoas, contra a reforma da previdência e também a trabalhista. Essa situação mostra que a pressão dos trabalhadores tem força para modificar a agenda antipopular do Congresso. Porém, a organização deve se manter permanente.

A unidade dos povos do continente

Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária de Relação com os Movimentos Sociais da CUT Brasil

M

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ontevidéu, capital do Uruguai, sediou a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, entre os dias 16 a 18 de novembro. Três mil militantes, de 23 países, com expressiva delegação brasileira, reuniram-se para debater os impactos da política neoliberal na região e discutir estratégias e agendas de luta. Realizamos uma grande marcha de abertura do encontro. Ao longo do processo da jornada, definimos quatro eixos fundamentais de debate e organização das nossas lutas: 1) a defesa da democracia e da soberania, 2) a luta contra o livre comércio 3), o combate ao poder das empresas transnacionais, 4) a integração dos povos.

O resumo dessas discussões nos levou a uma plenária na qual foi apresentada a declaração final do encontro que sistematizou nossos pontos comuns e nossas agendas de luta, iniciando ainda em 2017 com a mobilização em repúdio à Cúpula Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Buenos Aires (ARG), em dezembro. Para 2018, definimos como prioridades as mobilizações unitárias, nos dias 8 de março e no 1º de maio; a presença e defesa da nossa agenda comum contra o livre comércio, no Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), em Brasília, no mês de março; a mobilização contrária e o repúdio à Cúpula das Américas em junho, entre outras ações. Afinal, nesses espaços, governos aplicam a política neoliberal de perda de direitos no continente. Os povos também foram chamados a se mobilizar de maneira

Cintia Barenho

unitária, combativa e solidária, em todos os países, na semana de 19 a 25 de novembro de 2018, em defesa da democracia e contra o neoliberalismo. Início A Jornada teve início em 2015, quando dezenas de organiza-

ções de luta reuniram-se em Havana (Cuba), nos marcos dos 10 anos da derrota da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e buscam, desde então, a articulação das ações frente à ofensiva neoliberal e o ataque às democracias.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 63 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm, Carolina Goetten e Julia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO Janeslei Aparecida Albuquerque, Julio Carignano e Regis Luís Cardoso ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Andréa Rosendo e Jaqueline Vieira ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)


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Sinduepg

Protesto na UEPG Na próxima quarta (29), os professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) vão paralisar as atividades. A decisão foi tomada em assembleia do Sindicato da categoria, o Sinduepg. A mobilização é contra um Projeto de Lei encaminhado pelo governo Beto Richa à Assembleia Legislativa, que aponta previsão, para as universidades estaduais, de receitas e despesas com pessoal menores do que em 2017. Caso aprovado pela ALEP, O PL vai aprofundar a crise nas instituições estaduais. Reprodução

Fome na escola Um aluno de oito anos desmaiou de fome em uma escola de Cruzeiro, município do Distrito Federal. Ele é morador do Paranoá Parque, de família carente, e viaja todos os dias 30 km de ônibus escolar para chegar a tempo na aula, assim como outros 250 alunos. Como estuda no período da tarde, sai de casa às 11h, quase sempre sem almoçar. O fato ocorreu no dia 13, mas a fome é tema de reclamação diariamente na escola.

NOSSO DIREITO

FRASE DA SEMANA

“A vida humana não pode se resumir a trabalhar, pagar contas e fazer dívidas, como propõe o capitalismo. Defender o tempo livre e a liberdade é uma questão de princípios”, disse o ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica, durante a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo, realizada em Montevidéu. O evento ocorreu na última semana e reuniu mais de 3 mil pessoas.

Naiara Bittencourt*

Você conhece a Lei Maria da Penha?

Roosewelt Pinheiro | Agência Brasil

25 de novembro marca o dia de combate à violência contra a mulher Carolina Goetten, Curitiba (PR) Este sábado, 25 de novembro, marca o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. Em todo o mundo, iniciativas de movimentos sociais e feministas buscam reduzir o quadro alarmante da violência doméstica: de acordo com o Ministério da Saúde, 47 mil brasileiras foram vítimas de feminicídio nos últimos dez anos. Dentre estas, 74% são pretas ou pardas. Para Curitiba, novembro também marca nove anos de um crime hediondo, que permanece sem solução. Em 2008, a pequena Raquel Genofre foi encontrada morta na rodoferroviária da Capital, depois de desaparecer ao sair da escola. Seu corpo, que jazia seminu dentro de uma mala, apresentava sinais de violência sexual e estrangulamento. Ela tinha oito anos de idade. “Desde então, em todo mês de novembro, retornamos à rodoferroviária para homenagear Raquel e exigir justi-

ça. Esse caso não pode ser esquecido”, protesta a professora Juliana Mittelbach, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).

“Crimes contra o patrimônio têm muito mais resolutividade do que feminicídios e violência contra a mulher” Juliana Mittelbach Na avaliação do Movimento, a questão se torna um problema ainda maior porque falta um enfrentamento efetivo da violência contra a mulher e maior atenção das instâncias judiciais. “Crimes contra o patrimônio têm muito mais resolutividade do que feminicídios e violência contra nossas companheiras”, diz Juliana Mittelbach, que também integra a Rede de Mulheres Negras do Paraná.

3 | Geral

Autonomia e enfrentamento Os movimentos sociais e feministas têm se organizado para levar as discussões e se aproximar das mulheres vítimas da violência. Com plenárias ampliadas de participação coletiva e diálogo nas escolas, o objetivo é fortalecer a autonomia das mulheres. “Muitas não conseguem identificar que vivem situações de violência, porque a agressão não é só física – pode também ser psicológica, financeira. Precisamos de uma maneira de alcançar essas mulheres para que elas consigam se libertar desse ciclo. Esse é o papel dos movimentos sociais”, propõe Juliana Mittelbach. A lei Maria da Penha é outra medida que, para a MMM, precisa ser revista e fortalecida. Embora tenha contribuído na proteção das mais ricas ou brancas, o Mapa da Violência ainda mostra um aumento de 54% de homicídios contra mulheres negras nos últimos dez anos.

99% das brasileiras já ouviram falar da Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violências doméstica e familiar contra a mulher. 68% dos brasileiros conhecem com mais profundidade a lei. Mesmo assim, pouco se sabe de sua abrangência, como é a caracterização de violência como qualquer ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial à mulher. A Lei obrigou a criação de delegacias e juizados especializados que, em tese, possibilitariam maior acolhimento e atuação em relação às vítimas. Após a denúncia na delegacia especializada, a vítima de agressão deve ser amparada pela autoridade policial, com garantia de proteção; encaminhamento a algum abrigo, hospital ou IML (se necessário); colheita de provas; lavratura de BO e envio de solicitação de medidas protetivas de urgência à/ao juiz/a, como é o caso da separação de corpos, da retirada de pertences, da recondução ou afastamento do lar, da restituição de bens, da proibição de condutas, entre outras. Além dos aspectos penais, a Lei também trata de aspectos sociais, educativos e de políticas públicas, medidas que ainda temos muito o que lutar para serem efetivadas integralmente. *Naiara Bittencourt é advogada popular da Terra de Direitos e militante da Marcha Mundial de Mulheres


4 | Cidades

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Justiça suspende despejo da maior ocupação urbana de Londrina Cerca de 4 mil pessoas vivem na ocupação Flores do Campo, onde havia um canteiro de obras paradas Ednubia Ghisi e Franciele Petry Schramm,

Curitiba (PR)

A

s 900 famílias da ocupação que tornou-se um símbolo do problema habitacional de Londrina, segunda maior cidade do Paraná, permanecem resistindo no local que antes abrigava um canteiro de obras de habitações populares abandonado. A ordem de despejo dos moradores da comunidade Flores do Campo seria executada no dia 21, mas foi suspensa no dia 20 pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O recurso foi ajuizado pela Defensoria Pública da União, em nome das famílias que ocupam a área há 13 meses. O despejo das famílias, com auxílio da força policial, havia sido determinado no dia 16 de novembro, pela 1ª Vara Federal de Londrina.

Jaqueline Vieira

Com a decisão do Tribunal Regional Federal, os moradores têm até 90 dias para desocupar o local. As pessoas, no entanto, estão sendo intimidadas pela polícia para sair do lugar. Antes de ser ocupado, o local era um canteiro de obras parado há cerca de seis

meses. Ali seriam construídas 1.218 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), do Governo Federal. Porém a construtora responsável pelo empreendimento descumpriu o contrato com a Caixa Econômica Federal e havia paralisado a obra no início

de 2016. Segundo a Caixa, apenas 48% da obra está concluída. Descaso Segundo a advogada popular da organização de direitos humanos Terra de Direitos, Maria Eugenia Trombini, a determinação de desocupação não previa

a realocação das famílias, de idosos e criança. “As cerca de 4 mil pessoas não tinham para onde ir caso a ordem de reintegração de posse fosse cumprida”, explica. Os moradores do local seguem cobrando alternativas para o problema habitacional da cidade. “Nós somos do bem. Por favor, nós queremos casa para morar. Eu já coloquei tudo dentro da minha. Nós não queremos guerra, nós queremos solução para os problemas, escola para as crianças”, suplicou a moradora Maria Helena de Souza.

A ocupação tornou-se um símbolo do problema habitacional de Londrina MNPR

PROTESTO Cerca de 60 pessoas protestaram em frente à Prefeitura de Curitiba, na segunda-feira (21), para denunciar a retirada de direitos da população em situação de rua da cidade. Este ano já foram fechadas uma unidade de acolhimento, albergue e um guarda-volumes. Os manifestantes exigiam ser recebidos por Rafael Greca (PMN), mas foram atendidos por representantes do prefeito.


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5 | Cidades

O que a intolerância religiosa tem a ver com racismo? Praticantes da umbanda e do candomblé são alvos constantes de agressões físicas e verbais Julia Rohden

Julia Rohden

Julia Rohden,

Curitiba (PR)

O

som do atabaque ecoa dentro da Igreja do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito misturado ao canto para Iansã e ao cheiro de flores. Dentro da igreja estão representantes de diversas religiões, de católicos a hare krishna, em um ato contra a intolerância religiosa. A cena é um registro da anual Festa do Rosário que aconteceu no domingo (19) e marca uma das mais fortes manifestações contra o racismo no sul do Brasil. A celebração culmina com a lavagem das escadarias da igreja e com cortejo pelo centro histórico de Curitiba. Candieiro, ativista há mais de 30 anos e coordenador de Igualdade Racial da Prefeitura de Curitiba, comenta que A Festa do Rosário rasga o véu da invisibilidade dos negros em Curitiba. Ele critica a ideia de uma suposta capital europeia, ignorando a importância dos negros para a cidade. “Eu não sei que amnésia deu nos historiadores e nos escritores, mas o negro não aparece nesses re-

gistros”, ironiza. Os representantes das diferentes religiões ressaltaram como cada crença prega o respeito e o amor ao próximo. Apesar disso, os dados de intolerância religiosa crescem no Brasil e as religiões de matriz africana são o principal alvo. De acordo com o Disque 100, canal do Ministério de Direitos Humanos, entre 2015 e junho de 2017 foram 1486 denúncias de agressão, desrespeito e destruição de locais religiosos – o que significa uma denúncia a cada 15 horas. Apenas no primeiro semestre de 2017, foram 169 registros, a maioria con-

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

759

registros de Intolerância Religiosa em 2016

Religiões das vítimas

33

Matriz Africana não identificada

74

Umbanda

69

Candomblé

478 outras religiões

tra praticantes da umbanda e do candomblé. Andréa Guimarães, advogada e consultora da UNESCO, comenta que os dados ainda são subnotificados, o que ela atribui ao fato de muitas pessoas não conhecerem os canais de denúncia. Principalmente, o sistema de justiça é classificado como falho. “Muitas vezes quando as pessoas denunciam intolerância religiosa em delegacias o caso não é investigado porque não é considerado importante, ou então é qualificado como uma briga de vizinhos, por exemplo”, conta. A mãe de santo Sueli Ribeiro lembra que há menos de um mês um terreiro em Curitiba foi invadido, durante os trabalhos, por assaltantes que humilharam os praticantes e os chamaram de “macumbeiros”. Candieiro relembra outro caso, que considera o mais emblemático de violência no Paraná, quando três mulheres praticantes do candomblé foram assassinadas em Londrina, em 2013, por um rapaz que disse ter cometido o crime

em nome de deus. Racismo “Quando olho para a questão da intolerância religiosa, eu vejo principalmente o racismo. Nós temos intolerância religiosa porque nós vivemos em um país racista”, afirma Candieiro. Ele ressalta que dificilmente alguém se reconhece racista. “A gente nega que é racista, mas o racismo existe. É contada a história

“Nós temos intolerância religiosa porque nós vivemos em um país racista”

do negro escravo, mas curiosamente ninguém lembra quem são os escravizadores. Então nós temos que ajudar a lembrar, a trazer um pouco da consciência dos privilégios que os brancos têm. E quando digo branco, não digo o branco pobre, o branco trabalhador, falo do bran-

co da elite que está há séculos no poder”, afirma Candieiro. “E hoje, quando nós, negros, trazemos a nossa história, tem gente que diz que estamos de ‘mimimi’, que queremos privilégios. Que tal a gente discutir os centenários privilégios brancos? Precisamos discutir o racismo, enfrentar esse monstro de frente, porque senão meus bisnetos ainda vão estar pagando por isso”, emenda. Candieiro lembra que a primeira forma de organização social do povo negro em terras brasileiras foi por meio da religiosidade de matriz africana e que a preservação da religião é uma forma de resistência. “Eu agradeço aos terreiros de candomblé, eu agradeço aos terreiros de umbanda, que mantiveram viva a minha tradição, a minha cultura, o meu respeito, a minha visão de mundo. Se não fosse os terreiros de candomblé eu não teria nada disso, porque esse país, essa cidade, esse estado, foi pensado para ser branco em todos os sentidos, e nós não somos”.


6 | Lava Jato

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Paraná, 23 a 29 de novembro de 2017

Procuradores municipais protestam durante palestra de Sérgio Moro em Curitiba Juiz federal subiu ao palco do Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais na terça-feira, na Ópera de Arame gonha” sempre que o nome de Sérgio Moro era citado no palco. Como Curitiba (PR) o grupo era minoritário, os gritos de protesto eram abafados por aplauerca de vinte procuradores musos, na maioria das vezes. nicipais protestaram contra a Mesmo assim, um dos procurapalestra do juiz federal Sérgio Moro dores que participou da manifesna abertura do XIV Congresso Bratação, Guilherme Rodrigues, afirsileiro de Procuradores Municipais, ma que o juiz ficou surpreso com em Curitiba. Eles planejavam abrir as vaias. “Eu vi que ele levou até um oito faixas com as letras da palavra susto quando a gente começou a di“vergonha” assim que o magistrazer que [a presença dele] era uma do começasse a falar ao microfovergonha. Ele não esperava isso”, ne, mas a equipe de segurança do disse Rodrigues, ex-presidente da evento apreendeu os objetos cerca Associação Nacional dos Procurade duas horas antes da palestra. dores Municipais (ANPM), que orO congresso aconteceu na terganiza o Congresso. “Nem toda a ça-feira, 21, no teatro da Ópera de classe está idiotizada, e isso é bom Arame. que fique registrado: é o nosso conRosaura Brito Bastos, procuratraponto. Lá na frente, os colegas dora em Fortaleza, explica os moque aparentemente estivos do protesto: tão nos recriminando, “A gente consi“É uma nos condenando, vão dera o convite ao nos agradecer”, acresSérgio Moro uma afronta para a centou. afronta para a addemocracia” vocacia. O evento Rosaura Bastos Desde maio A polêé de advogados, e ele é um juiz que mica começou há seis reconhecidamenmeses, quando os prote não respeita as curadores receberam prerrogativas dos advogados. Ina notícia de que Sérgio Moro seria clusive, ele já mandou um advogaum dos palestrantes. Setenta e dois do fazer concurso para juiz, o que é membros da ANPM enviaram uma um absurdo, um desrespeito”, anacarta à organização “visando prelisa. servar nossa entidade de qualquer “A própria organização do evenacusação de partidarização políto constrange os procuradores. tica”. O texto, escrito no dia 25 de Nós, mulheres, fomos revistadas, maio, também ressalta que “o juiz tivemos nossas bolsas abertas, tiSérgio Moro é visto como um julramos sapatos... É uma situação gador que fragiliza o modelo acuconstrangedora, que não é boa para satório desenhado na Constituição ninguém”, criticou a procuradora. de 1988, revelando pouco apreço ao “O Sérgio Moro é uma pessoa polêprocesso justo”. mica, que anda cercado de mil seComo alternativa, os procuraguranças, e o evento é todo baseadores indicavam que a palestra de do nele, e não deveria ser. Ele está Moro fosse seguida de um “conprejudicando o nosso trabalho, está traponto”, do ponto de vista judividindo a categoria e está atraparídico. Um dos juristas sugeridos lhando o exercício da advocacia”. para cumprir esse papel no evento foi Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça. Vaias e aplausos Com as faixas “Com isso, a ANPM evitaria entomadas, os procuradores dissidencampar uma visão única de direito tes mudaram de estratégia: comee de processo, ampliando o debate çaram a vaiar e gritar a palavra “ver-

Divulgação

Daniel Giovanaz,

Daniel Giovanaz

C

ACIMA: Faixas foram confeccionadas por procuradores e tomadas pela segurança do evento

AO LADO: Juiz Sérgio Moro falou por cerca de uma hora na abertura do congresso, no dia 21

sem se comprometer futuramente te à corrupção sistêmica e não cocom uma específica posição jurímentou as reações negativas de dica. Certamente, o caráter inovaparte da plateia. dor do XIV Congresso, em inúmeras frentes, comportaria uma mesa Conteúdo Sérgio Moro falou na de abertura com ponto e contraÓpera de Arame por cerca de uma ponto”, prossegue o texto da carta. hora. Durante a conferência, o juiz Carlos Figueiredo Mourão, descreveu o esquema de pagamenpresidente da ANPM, respondeu to de propinas na Petrobras e nas aquela sugestão com um ofício, empresas subsidiárias, e mencioem nome da Associação, no dia nou apenas processos já concluí31 de maio. O argumento dele era dos na Lava Jato. Ao relembrar hisque a palestra de Moro seria reletórias da operação, preferiu preservante do ponto de vista do combavar a identidade dos investigados – te à corrupção no Brasil, um dos referiu-se a eles como “um ex-ditemas do evento: “Em momento alretor da Petrobras” e “um ex-senagum, cogitou-se fala do palestrandor”. te sobre atuação judicial, persecuOs únicos nomes citados por ção criminal, operação Lava Jato Moro na conferência foram o do ou qualquer outro tema. Destacasociólogo norte-americano Edwin se, também, que (...) Sutherland e o do ex a posição defendi-procurador munici“Nem toda da pelos palestranpal Algacir Teixeira tes não espelha a pode Lima – assassinaclasse está sição da organização do em março de 2015 idiotizada” do evento, mas sera mando do então Guilherme Rodrigues vem para fomentar o prefeito de Chopinzidebate”. nho, no sudoeste do Paraná, Leomar BolControvérsia Segundo a asseszani (PSDB). soria de imprensa do evento, os O juiz de primeira instância da cartazes que formavam a palavra Lava Jato ressaltou durante a pa“vergonha” não foram tomados à lestra que a corrupção é sistêmica e força, mas sim, entregues à organiprecisa ser enfrentada em todas as zação após um acordo com os mainstâncias. “Não é fácil [combater a nifestantes, “para evitar bagunça”. corrupção], mas é factível. Começa Guilherme Rodrigues relata o pelas pessoas darem o exemplo”, incidente de outra forma: “Enfrenafirmou. Em seguida, fez uma retei os seguranças e entrei [com os visão histórica dos avanços democartazes] na marra. Eles ameaçacráticos no Brasil, desde a ditaduram chamar o comando da polícia, ra civil-militar, para mostrar como e nós falamos que podiam chamar, a vontade política é um fator deterque eu não entregaria [os cartaminante para promover mudanças. zes]. Depois, eles aproveitaram um descuido nosso e puxaram a faixa. Plano Real Moro descreveu a diAinda reagi e tentei tomar de volta. tadura como um período negativo, Foi aí que os colegas pediram para “pese o mérito histórico das Forças deixar para lá”. Armadas no Brasil”. Em relação aos A palestra durou cerca de uma anos 1990, elogiou as contribuições hora, mas os procuradores insado Plano Real para conter a hipetisfeitos deixaram o teatro logo ao rinflação. Na sequência da revisão início da fala do juiz. Sérgio Moro histórica, o magistrado disse que é falou sobre o avanço da operação “inegável que os programas releLava Jato, pediu rigor no combavantes de transferência de renda e

7 | Lava Jato

O que fazem os procuradores municipais? O procurador do município é responsável por analisar as políticas públicas da cidade, por meio de pareceres ou demandas judiciais, e zela pela legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência das ações da Prefeitura. Além disso, tem a atribuição de representar judicialmente o município e é responsável pelo planejamento, coordenação, controle e execução das atividades jurídicas de interesse do município. A função dele é muito diferente daquela desempenhada pelos procuradores de justiça, que estão vinculados ao Ministério Público. Estes são fiscais da lei junto aos Tribunais de Justiça, e atuam na área cível ou criminal. Ou seja, podem emitir pareceres sobre direito de família, propriedade e temas fazendários, mas também pode ajuizar ações para defesa de direitos coletivos e ações civis públicas ou penais, para apuração de infrações.

de cotas na universidade pública” colaboraram para a redução das desigualdades no país. Ao pedir novas reformas, para potencializar o combate à impunidade, o juiz da Lava Jato recorreu novamente aos anos 1990 de forma elogiosa: “Precisamos de reformas. Precisamos de um Plano Real contra a corrupção”. As demandas de Sérgio Moro são: o fim ou a redução do foro privilegiado e a manutenção do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que os réus devem começar a cumprir pena a partir de decisões em segunda instância: “É um ponto que deveria ser considerado como de não retorno”. Além do juiz federal de primeira instância, participaram da abertura do XIV Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais o arquiteto e urbanista Jaime Lerner e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN).


8 | Paraná

Brasil de 8 Fato PR

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Acampamento Irmã Dorothy está ameaçado de despejo no noroeste do Paraná Ocupada há 12 anos, a área é palco de um dos mais emblemáticos da luta pela terra no Estado Divulgação MST

Julio Carignano,

do Porém. net, Curitiba (PR)

C

erca de 60 famílias de agricultores sem terra do acampamento Irmã Dorothy, a seis quilômetros de Barbosa Ferraz, no noroeste do Paraná, estão sob ameaça de despejo por parte do Governo do Estado. A área – de 415 hectares – foi ocupada em 2005 por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O assessor de Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, informou que tratativas para uma saída pacífica estão sendo buscadas. De acordo com Serighelli, o impasse esbarra na falta de disposição do proprietário em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No local, os sem-terra criaram toda a infraestrutura com recursos próprios e cultivam agricultura diversificada, como verduras, frutas, feijão e milho, produzem leite e criam suínos. Acirramento dos conflitos agrários Até 2015, o Incra manifestava o interesse em comprar a fazenda, porém o órgão não se manifestou posteriormente para resolução do conflito. Essa postura tem sido questionada pelo MST. “O Incra age como se não fosse o responsável di-

reto por isso. Se comporta como rege o núcleo central do golpe no governo federal. Aos pobres e desprotegidos, nada”, afirma João Flávio, da coordenação estadual do movimento. Na avaliação do militante, o cenário de crise no campo tem se aprofundado desde o golpe colocou Michel Temer na presidência da república. O coordenador do MST também destaca o agravamento do conflito agrário no Paraná em decorrência da política da Casa Civil do Governo do Estado, apontando o secretário Valdir Rossoni como articulador dessas recentes ações com uso de força policial. “O Rossoni é o porta-voz público do capital agrário no Paraná e disputa com força seus interesses dentro do governo estadual”. Para João Flávio, “um despejo no acampamento Irmã Dorothy será uma das maiores injustiças da década”. Em 19 de outubro, 300 famílias que ocupavam a fazenda Lúpus, em Alto Paraíso, também no noroeste do Estado, foram despejadas em ação da polícia do Paraná. Eles ocupavam um latifúndio improdutivo de 1200 alqueires do grupo Nutriara, desde 27 de julho deste ano. Outra comunidade ameaçada de despejo no fim do mês passado é Maila Sabrina, em Faxinal, no norte do Paraná. Após pressão, a reintegração foi suspensa pelo governo estadual.

Estudo mostra desigualdade entre homens e mulheres no setor metalúrgico Mulheres ganham 25,3% a menos do que homens Regis Luís Cardoso, Campo Largo (PR)

reboques e carrocerias” (26,4%), seguido da “Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos” (25,3%) e “Fabricação de máquinas e equipamentos” (23,4%). Este três setores representam aproximadamente 75% do total dos trabalhadores metalúrgicos. Outro dado preocupante e com relação ao número total de vagas: de 2014 a 2016, houve uma redução de 21,33% dos postos de trabalho no setor.

A desigualdade entre homens e mulheres no setor metalúrgico do Paraná é gritante: eles ocupam 80,7% das vagas de emprego, elas, apenas 19,3%, de acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). A pesquisa retrata o período entre 2006 e 2016. Os dados mostram o mapa do Abismo salarial emprego concentraQuando o assunto é do em apenas três Os homens salário, a desigualdamicrorregiões, com uma diferença giganocupam 80,7% de continua. De acordo com pesquisa ditesca da capital do esdas vagas vulgada pelo DIEESE tado para as demais de emprego em março deste ano, regiões. Em 2016, a diferença salarial Curitiba concentrano setor, as entre homens e muva 53,3% do trabalho, mulheres, lheres da categoria seguida de Londriapenas 19,3% ficou em 25,3% em na (7,6%) e Maringá 2015 (em 2006, era de (6,3%). Juntas, as re28,18%). giões somam 67,2% Caso persistam os atuais mecados empregos no setor período. Este nismos de remuneração de homens índice aumentou 21,81% no período e mulheres da categoria metalúrde 10 anos pesquisados. gica no Brasil, a histórica reivindiO setor com maior participação cação de igualdade salarial só vai em relação ao número total de emacontecer em 2091, ou seja, daqui a pregos, dados de 2016, está na “Fa74 anos. bricação de veículos automotores,


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Paraná, 23 a 29 de novembro de 2017

9 | Brasil

Taxa de jovens desempregados no Brasil é mais que o dobro da média mundial 160 milhões de jovens no mundo sofrem com a pobreza Redação, São Paulo (SP)

A

situação melhorou desde a crise de 2008, mas os jovens ainda representam mais de 35% dos desempregados no mundo, e a taxa de desemprego deverá crescer este ano (de 13% para 13,1%), segundo informe da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A estimativa é de 70,9 milhões de jovens sem emprego, bem menos do que em 2009 (76,7 milhões), o nível mais alto pós-crise. Porém, a previsão é de que esse número cresça em 200 mil até 2018, atingindo 71,1 milhões. No texto, divulgado no dia 20, o Brasil é citado como destaque negativo. A expectativa é de que, aqui, o desemprego entre os jovens atinja 30% neste ano, no nível mais elevado desde 1991. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, no terceiro trimes-

tre o número de desempregados de 18 a 24 anos somava 4,2 milhões e com 25 a 39 anos, 4,4 milhões. A taxa global de desemprego dos jovens passou de 12,3%, em 2008, para uma projeção de 13,1% no ano que vem. Na América Latina e no Caribe varia de 16% a 19,5%, fica estável na Europa Ocidental (de 14,3% para 14,2%) e cai na América do

Norte (de 12,6% para 11,1%). Tem seu nível mais alto nos Estados árabes (projeção de 29,7%) e o menor, na Ásia Oriental (10,5%). “Em nível mundial, o considerável aumento das taxas de desemprego juvenil entre 2010 e 2016 na África do Norte, nos Estados árabes, na América Latina e no Caribe foi contraposto por melhoras no mercado de trabalho dos jo-

vens na Europa, América do Norte e África Subsaariana”, diz a OIT. “O crescimento econômico segue desconectado do crescimento do emprego, e a instabilidade econômica ameaça reverter os avanços obtidos em matéria de emprego juvenil”, acrescenta a instituição em seu relatório. A OIT mostra ainda que 39% dos trabalhadores jovens Reprodução

nos países emergentes e em desenvolvimento, ou 160,8 milhões, vivem em pobreza extrema ou moderada (o equivalente, por essa classificação, a menos de US$ 3,10 por dia). “Mais de dois em cada cinco jovens da população ativa estão desempregados ou são trabalhadores pobres, uma dramática realidade que tem impacto em todas as sociedades em todas as sociedades do mundo”, diz a organização. O relatório destaca um “número crescente” de jovens em busca de trabalho e empreendedores em direção à internet, “onde encontram novas e diversas formas de emprego, que podem oferecer flexibilidade e ampliar as oportunidades de inserção”. Mas esse tipo de atividade oferece riscos, como a falta de garantia de oportunidade de continuação no emprego e a falta de acesso a benefícios sociais.

Jornal The Guardian denuncia atuação de empresas transnacionais para mudança em leis brasileiras Redação, Brasília (DF) O ministro do Comércio do Reino Unido, Greg Hands, fez lobby com o governo brasileiro para beneficiar grandes companhias petrolíferas britânicas, especificamente a BP, a Shell (anglo -holandesa) e a Premier Oil. A revelação foi feita pelo jornal britânico The Guardian no último fim de semana. Segundo a publicação britânica, Hands atuou para que as regras tributárias e ambientais brasileiras fossem flexibilizadas. Além disso, reivindicou também que fosse reduzida a política de conteúdo nacional na cadeia do pe-

tróleo, ou seja, a obrigatoriedade de uso de componentes produzidos no Brasil. O jornal inglês se baseou em um telegrama diplomático obtido pela organização ambientalista Greenpeace. O documento aponta que Hands se encontrou em março de 2017 com Paulo Pedrosa, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia.

Normas tributárias, ambientais e de conteúdo nacional estavam no alvo da atuação estrangeira

O telegrama aponta que Pedrosa teria respondido que pressionaria as autoridades brasileiras no sentido dos pedidos britânicos. Tanto o governo do Reino Unido quanto o Brasileiro negam que tenha havido lobby, apesar de reconhecerem o encontro. Em janeiro deste ano, o governo Temer reduziu pela metade o percentual obrigatório de conteúdo nacional na exploração do petróleo. Em agosto, renovou o regime de isenções fiscais para importação de equipamento de exploração petrolífera. Mais recentemente, em outubro, a Shell obteve três das seis novas áreas do pré-sal que foram a leilão.

DENÚNCIA DE 2010 Esta não é a primeira vez que a atuação das petrolíferas transnacionais na política brasileira é denunciada. Em 2010, o site Wikileaks revelou que o então candidato tucano José Serra havia prometido alterações nas regras do pré-sal caso ganhasse as eleições. As mudanças ocorreram em novembro de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, com a aprovação de Projeto de Lei do próprio Serra.


10 9 | Cultura

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AGENDA CULTURAL

Homem ao vento

Reprodução

Aventuras Literárias com Gustavo Vazquez Marcelo Almeida

O quê: O texto de Marcos Damaceno traz para o palco um espetáculo melancólico e cômico, repleto de confusões e perturbações próprias da mente do homem contemporâneo. As relações confusas entre os personagens, e mesmo entre os atores, vão se transformando no decorrer da peça e revelam os universos complexos entre pai, mãe e filho, homem e mulher, homem e menino, vida e arte, o real e o impossível. Quando: De 23 de novembro a 17 de dezembro, de quinta a domingo, às 20h. Onde: Teatro Novelas Curitibanas, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.222, São Francisco. Quanto: Pague quanto quiser.

O quê: O escritor convidado para o projeto “Aventuras Literárias”, da Biblioteca Pública do Paraná. Vazquez nasceu em Brasília, em 1980, e mora em Curitiba desde 1990. Estreou na literatura com o livro de contos As compensações (2010). Sua estreia no gênero infantil foi em 2013, com o livro Tito, o gato. Roteirizou o curta-metragem Entrevista de emprego, ganhador do prêmio “Direitos da Criança”, do Instituto Sabin, no 4º Festival Curta Brasília. Quando: Dia 24, sexta-feira, às 14h30. Onde: no auditório da Biblioteca Pública do Paraná, Rua Cândido Lopes, 133, Centro. Quando: Gratuito.

Bruno Batista + Estrela Leminski e Téo Ruiz O quê: No show “Bagaça”, o cantor e compositor maranhense Bruno Batista faz um passeio pelos seus quatro discos, construindo um repertório dançante, sem deixar de lado o lirismo característico do seu trabalho. A apresentação tem participação especial Divulgação de Téo Ruiz e Estrela Leminski. Quando: Dia 30, quintafeira, às 20h. Onde: Espaço Fantástico das Artes, Alameda Princesa Izabel, 465, São Francisco. Quanto: Entrada gratuita.

Corpo Elétrico O quê: O verão está chegando e Elias tem sonhado muito com o mar. Depois de uma noite fazendo hora extra, Elias e os operários decidem sair e tomar uma cerveja. É quando novas possibilidades de encontros surgem no horizonte de Elias. O longa é brasileiro e fala de relações de amor e diversidade sexual. É do gênero drama, lançado em 2017, sob direção de Marcelo Caetano. Quando: Dia 25, sábado, às 19h30. Onde: Cine Guarani, Portão Cultural, Av. Rep. Argentina, 3430, Portão. Quanto: Entrada gratuita. Classificação indicativa: 16 anos.

Jornalistas lançam livro que retrata funeral de Fidel Castro Redação, Curitiba (PR) Os jornalistas Gibran Mendes, Leandro Taques e Tadeu Vilani lançam, na quinta-feira (23), em Curitiba, o livro “Yo Soy Fidel”. A obra retrata a viagem dos três para Cuba, onde cobriram o funeral do maior líder da revolução cubana, Fidel Castro Ruz. Fidel Castro Ruz faleceu em 26 de novembro de 2016. O anúncio foi realizado em cadeia nacional pelo seu irmão, Raul Castro, emocionando a

maior parte dos cubanos que vivem na Ilha. Em todos os rincões de Cuba foram realizadas homenagens, sobretudo a partir do cortejo fúnebre que cortou a Ilha de ponta a ponta com gritos de “Yo soy Fidel”. A viagem dos jornalistas, de aproximadamente 10 dias, rendeu mais de 2 mil quilômetros

entre Havana, capital da Ilha, até Santiago de Cuba, a derradeira despedia do “comandante”. No livro, é possível acompanhar a viagem, saber sobre o funeral e entender um pouco mais sobre a relação do povo cubano com Fidel, com seu próprio país e visão de mundo.

Para ficar por dentro Quando: Dia 23, quinta-feira, às 19h. Onde: “A Caiçara”, Rua Dr. Claudino dos Santos, 90, São Francisco. No Largo da Ordem, em frente ao Memorial de Curitiba.


Brasil de Fato PR

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11 | Cultura 11 Malik Marcelino

AGENDA CULTURAL

Show do Viola Quebrada O quê: O grupo apresenta um repertório de canções com a alma sertaneja, mas com um toque urbano. Os artistas formaram o Viola Quebrada em 1997, e batizaram o grupo inspirados em uma canção de Mário de Andrade. Gravaram vários discos, e em 2015 o álbum Meus Retalhos foi Divulgação indicado ao Prêmio da Música Brasileira como melhor grupo Regional. Quando: Dia 30, quintafeira, às 20h. Onde: Centro Cultural SESI Heitor Stockler De França, Av. Mal. Floriano Peixoto, 458, Centro. Quanto: Entrada gratuita.

PASSATEMPOS

Periferia “é sede da resistência”, diz organizador de Sarau 5º Sarau Periférico ocorreu na ocupação Dona Cida, na CIC, e homenageou o Dia da Consciência Negra Carolina Goetten, Curitiba (PR)

A

existem grupos na nossa quebrada se a gente for procurar. Em vez de escutar só Snoop Dog, devemos procurar e ouvir nossas músicas também”, propôs o rapper.

semana da consciência negra foi celebrada com muitas batidas de rap e crítica social na Cidade Mulheres na cena A apresentaIndustrial de Curitiba (CIC). O estilo ção da rapper Nega Gizza foi um dos hip hop, que representa a voz das codestaques do evento. De postura emmunidades marginalizadas no Brasil poderada, sua atuação na cena mue no mundo, deu o ritmo à tarde dessical como mulher negra represente domingo (19) na ocupação Dona ta a importância da diversidade no Cida. O público lotou o espaço interrap brasileiro. Ela é autora de hits cono e os arredores da tenda montada mo Prostituta e Filme de Terror. “Não sobre o palco, e entoou seu protestem essa de ouvir múto ao som dos rappers sica só pra dar uma MV Bill, Negra Gizza, “Mulher tem força. É tão rap quanDMN, Renan e Di Funque cantar o to o que os homens fação. que quiser, o zem. Mulher tem que Essa foi a quinta cantar o que quiser, o edição do Sarau Perique o coração que o coração diz que férico. “Num momendiz que é pra é pra gente cantar”. to político de avanço gente cantar” Para a jovem esdo conservadorismo e tudante Brinsan Ferde conformismo com a Nega Gizza reira N’tchala, que assituação do Brasil, esse sistia aos shows, tão sarau vem agitar a peimportante quanto as mulheres se riferia, que ainda é a sede da resistêncolocarem é os homens aprenderem cia”, explica um dos organizadores, o a respeitá-las. “Tem que descer desadvogado Renato Freitas. se lugar de machão, de ficar achando Para o rapper MV Bill, as comunique é o ‘foda’, de agir com violência. dades periféricas têm um papel deSe os homens aprenderem a escutar cisivo no apoio à cena do rap e no as mulheres – e escutar de verdade, fortalecimento das culturas que recom o coração – 90% dos problemas presentam vozes negras. “Hoje, com da periferia vão acabar”, alertou a joa internet, o rap está à disposição de vem. todo mundo. E só vamos saber que


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Brasil de Fato PR

Paraná, 23 a 29 de novembro de 2017

Lotar o Couto Por Cesar Caldas Na semana em que se completam os 85 anos do Estádio Couto Pereira, inaugurado em 20 de novembro de 1932 com o nome de Belfort Duarte, a torcida do Coritiba é convocada a encher suas dependências em um jogo importantíssimo. O confronto com o São Paulo, no próximo domingo, é a oportunidade para o time alviverde assegurar na própria casa a permanência na divisão de elite do futebol brasileiro. Em caso de vitória, a partida da última rodada, diante da Chapecoense, servirá apenas para definir vaga na Copa Sul-Americana. O tropeço diante do Atlético Mineiro (0x3), após sete jogos sem derrota, precisa ser esquecido. É hora de toda a comunidade coxa-branca – atletas, comissão técnica, sócios e torcedores – se concentrar nesses duelos decisivos. O retorno à equipe de Cléber Reis, Thiago Carleto e Rildo enche a todos de esperança no desejado triunfo.

Cláudio Tencati deixa o Londrina após seis anos Redação,

Curitiba (PR)

Cláudio Tencati não vai comandar o Londrina na temporada 2018. A saída foi motivada por uma decisão do próprio treinador. O último jogo dele na área técnica do LEC será

no Serra Dourada, contra o Vila Nova, pela 38ª rodada da Série B. Nos últimos dois anos, o Tubarão sonhou com uma vaga entre os 20 melhores clubes do Brasil, mas a classificação bateu na trave. O profissional, de 43 anos, anunciou que Wellington Ferrugem | LEC

Chave de ouro Por Marcio Mittelbach 2017 será guardado com carinho pela torcida paranista. Um ano em que a confiança cresceu jogo a jogo. Depois de um Paranaense digno, uma Copa do Brasil em que eliminamos dois times da série A com orçamento infinitamente maior, e uma Copa da Primeira Liga em que figuramos entre os quatro primeiros, o grande prêmio: o acesso à série, depois de dez anos.Tudo isso só foi possível graças ao apoio incondicional da torcida. Foramdez vitórias seguidas em casa, a melhor marca do país no ano. Ainda tivemos avanços fora do gramado, como a quitação da dívida gerada pelo caso Thiago Neves. Torcida, diretoria e jogadores fizeram por merecer. Mas, ainda resta um último desafio: superar o público que colocamos na Baixada, agora no Couto Pereira, palco de tantas alegrias. E os rivais já sabem que quanto mais duvidarem, mais a nação tricolor abraça a causa!

Valeu, Weverton Por Roger Pereira Weverton está se despedindo do Atlético. Com contrato até maio, o camisa 12 está pré-acordado com o Palmeiras, e a transferência deve ocorrer ao final do Campeonato Brasileiro. A saída já era tida como certa há tempos, tanto que o clube até contratou um novo titular, Léo, que despontou no Paraná Clube. Se a fase não é das melhores, o saldo da passagem pelo Furacão o coloca entre os grandes goleiros da história rubro-negra. W12 chegou em 2012, na Série B, e foi fundamental para o retorno à elite. Em 2013, brilhou nas campanhas do vice da Copa do Brasil e do 3º lugar no Brasileiro, levando o time à Libertadores. No ano passado, liderou a melhor defesa do Brasil e chegou à Seleção como goleiro da inédita conquista do ouro olímpico. Vai para o futebol paulista, na esperança de recuperar o espaço perdido com Tite. Boa sorte! Vem com tudo, Léo!

pretende mudar de ares e buscar novos desafios. Números Tencati era, até a última quarta-feira, o técnico que comandava há mais tempo o mesmo clube no Brasil. Foram seis anos e cinco meses à frente do Londrina, marcados pela conquista da Copa da Primeira Liga, em 2017, e por dois acessos nacionais: da Série D para a Série B do Campeonato Brasileiro. Em 269 jogos disputados sob o comando do treinador, foram 131 vitórias, 72 empates e 66 derrotas – um aproveitamento equivalente a 57,62% dos pontos.

Paranaense bate recorde nos Jogos Escolares da Juventude Washington Alves | COB

Redação,

Curitiba (PR)

O

atleta Vitor Gabriel Motin, de Colombo, região metropolitana de Curitiba, conquistou a medalha de ouro no lançamento de disco nos Jogos Escolares da Juventude, em Brasília, para atletas de 15 a 17 anos. No último sábado, 18, ele venceu a prova com a marca de 59,46m, novo recorde da competição. A marca anterior pertencia ao paulista Wellington Fernandes, com 58,93m, na edição de 2015. No mês passado, nos Jogos Sul-americanos da Juventude de Santiago, Vitor ganhou a medalha de prata nessa mesma

prova, e poderia ter conquistado o ouro se tivesse um desempenho semelhante ao que teve em Brasília. Após a conquista nacional, o garoto de Colombo sonha com os Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018, e com o Mun-

dial Sub-20 na Finlândia. Destaque na página oficial do Comitê Olímpico Brasileiro, o estudante do Colégio Estadual Abraham Lincoln tem 16 anos, é bi-campeão sul-americano escolar e ficou em quarto no Campeonato Mundial de Menores, no Quênia.


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