Lava Jato Lava Jato | p.| p. 6 e67e 7
Cultura | p. 10
Outro da Por que lado vaiaram Operação Sérgio Moro?
Rei do trompete Saul Trumpet, nascido em Bandeirantes, nos deixou há menos de um mês
Na cidade-sede cidade-sede da Lava Jato, sociólogo Na sociólogo Jessé sobre aa Jessé Souza Souza derruba mitos sobre corrupção no Brasil
Ano 2 | Edição 64 Juliano Vieira
PARANÁ
30 de novembro a 6 de dezembro de 2017
distribuição gratuita
LULA CRITICA REFORMA DA PREVIDÊNCIA E COBRA GERAÇÃO DE EMPREGOS Em entrevista exclusiva, ex-presidente denuncia a piora das condições de vida da população e a aprovação de reforma trabalhista sem diálogo com a sociedade. Para o dia 5, centrais sindicais preparam greve nacional Brasil | p. 4 e|9p. 4 e 9 Cidades e Brasil Faucet
Geral | p. 3
Truculência na trajano Ação da Polícia Militar troca cultura por violência em Curitiba
Florebela Letícia
SOBERANIA HÍDRICA Seca, poluição e lucro ameaçam o direito à água potável, apontam entidades Cidades | p. 5
Opinião | p. 2
Você sabe o que é feminicídio? Todos os dias, 13 brasileiras perdem a vida de forma violenta. Mais de 83% por feminicídio
2 | Opinião
EDITORIAL
N
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de novembro a 6 de dezembro de 2017
Golpes contra direitos dos trabalhadores
as eleições desta semana em Honduras, país da América Central, o candidato Salvador Nasralla está à frente do atual presidente, Juan Hernández, mas o Tribunal Supremo Eleitoral demora a concluir a apuração (até o fechamento desta edição), o que acirra ainda mais a situação política daquele país. Sabe-se que, em 2009, o presidente Manuel Zelaya foi deposto do poder pelo mesmo grupo de Juan Hernández, com apoio do exército e da presidência dos EUA. O “crime” de Zelaya? Foi ter garantido ao povo uma melhor aposentadoria e aumentos salariais. E o que esses fatos têm a
“A greve geral convocada pelas centrais sindicais, no dia 5 de dezembro (terçafeira) também é fundamental, para que trabalhadores, em luta, garantam a democracia” ver com a situação brasileira? Também já está comprovado que o golpe de Temer, que retirou Dilma Rousseff da presidência, em 2016, tinha como objetivo abrir espaço para a retirada de direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários. O mesmo aconteceu no Paraguai, em 2012. Então, o risco comum está no fato de que as chamadas elites queiram se perpetuar no poder após realizar o golpe. Por isso a importância da luta pelo direito de Lula e de qualquer outra pessoa se candidatar à presidência. Luta dos trabalhadores A greve geral convocada pelas centrais sindicais, no dia 5 de dezembro (terça) é ainda mais fundamental, para que trabalhadores, em luta, garantam a democracia e também os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.
OPINIÃO
Precisamos falar sobre feminicídio
reconhecimento e, consequentemente, pela adoção pesquisadora do Núcleo de de políticas públicas espeCriminologia e Política Criminal cíficas que busquem comda UFPR e fundadora do Coletivo bater, prevenir e erradicar de Jornalistas Feministas Nísia Floresta o feminicídio no Brasil — o nome que se dá a esse crime que vitima mulheres por odos os dias, 13 brasilei- sua condição de serem muras perdem a vida de for- lheres. ma violenta em algum canApós décadas de mobilito do país. Embora morram zação pelo fim da violência mais homens do que mu- contra a mulher, o feminicílheres no Brasil— uma outra dio ainda é um termo e uma tragédia, ampliada pelo ra- realidade negados por muicismo e pela criminalização tos. O monopólio do Direito da pobreza –, a luta do mo- e da narrativa social pelo pavimento feminista é pelo re- triarcado fez com que duranconhecimento de que mor- te muito tempo, e ainda hoje, remos por outras causas, em os problemas, os crimes e as outros espaços e contextos e injustiças que acometem vítimas de algozes muito es- majoritariamente os hopecíficos. mens fossem Dessas 13 eleitos como Todos os dias, mulheres, os únicos 13 brasileiras mais de 83% dignos de morrerão atenção e perdem a vida de pelas mãos cuidado. forma violenta. de homens O 25 de Mais de 83% por em quem novembro, confiavam Dia Interfeminicídio e por quem nacional de nutriam afeCombate à to, o que demonstra a cruel- Violência contra a Mulher, dade da situação: a maioria relembra os enormes desade nós será assassinada por fios a serem superados pelo alguém que nos viu crescer, fim dos crimes de ódio coou com quem tivemos fi- metidos contra as mulheres. lhos, que frequenta a nossa O primeiro deles é entencasa e a quem chamamos de dermos que essa violência irmão, pai, amigo ou com- tem nome, afinal, o que não panheiro. Muitas também é nomeado simplesmente morreremos vítimas de vio- não existe. E, em nome do lência sexual ou de um abor- direito das mulheres de existo inseguro. tir, nós precisamos falar soA luta, portanto, é pelo bre feminicídio. Vanessa Fogaça Prateano,
T
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 64 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm, Carolina Goetten e Julia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO Vanessa Fogaça Prateano e Júlia Dolce ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques e Joka Madruga ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
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FRASE DA SEMANA
“Diante do governo que está governando o Brasil, eu tenho a convicção de que as pessoas que estão fazendo a greve estão provavelmente cobertas de razão”,
Estagiários em greve Estudantes de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estagiam na Defensoria Pública do Estado, entraram em greve. A paralisação ocorreu no dia 27, devido ao baixo valor da bolsa-auxílio, e é inédita na história da instituição. Os estagiários têm feriados nacionais descontados, e nos últimos meses pagamento não ultrapassou os R$ 400,00. A previsão é de que também não recebam durante o recesso do Poder Judiciário, nos meses de dezembro e janeiro. Reprodução
Amianto proibido Por 7 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a produção, uso e comercialização do amianto branco em todo o país. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (29). O produto já foi banido em mais que 70 países. A fibra é usada principalmente para fabricação de telhas e caixas d’água, e tem substância causadora dos casos de mesotelioma, um tipo de câncer fatal.
Divulgação
disse o ator Pedro Cardoso, e em seguida abandonou o programa ao vivo Sem Censura, da TV Brasil, em apoio à greve dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e em repúdio a recente manifestação racista de Laerte Rimoli, nomeado presidente da companhia pelo governo Michel Temer.
Ação da Polícia Militar troca cultura por violência em Curitiba Carolina Goetten, Curitiba (PR) A noite do último sábado (25) foi palco de mais uma intervenção abusiva da polícia militar. Quatro pessoas – entre três artistas e um cliente do bar Villa Bambu, onde a operação aconteceu – foram detidas e permaneceram presas até o início da tarde desta quarta-feira (29). Eles foram liberados após a mobilização massiva de artistas, ativistas políticos e advogados populares da cidade. A prisão foi apontada como arbitrária pela advogada Tânia Mandarino, que acompanha o caso. Segundo testemunhas, naquela noite, duas viaturas da PM interromperam uma apresentação musical que acontecia na rua Trajano Reis, em frente ao Villa Bambu. Os músicos foram notificados de que houve reclamação pelo barulho e suspenderam o show
imediatamente; mesmo assim, sem conversar com ninguém, a polícia confiscou parte dos equipamentos de som. Foi quando o baixista Wallace dos Santos, um dos músicos que se apresentava, tentou argumentar e foi agredido com uma chave no pescoço. Em seguida, foi algemado e conduzido à viatura. Segundo o artista plástico Igor Moura, toda a população presente no local se indignou contra a atitude desmedida da polícia frente a um grupo de pessoas desarmadas. Três amigos se exaltaram contra a truculência e foram brutalmente espancados. “Esses três homens, incluindo um
senhor de meia idade, foram levados à força para o interior da viatura”, relatou.
Despreparo e superlotação A advogada Tânia Mandarino assinala que o caso dos músicos não prevê a prisão como pena. “Mesmo se eles fossem condenados, a pena é de regime aberto. E eles passaram quatro noites detidos numa cela encardida e sem banheiro. Esse foi um dos fundamentos do nosso pedido de liberdade provisória”, assinalou. “A polícia sequer tinha toner na impressora para imprimir os requerimentos”. A delegacia onde os homens foram mantidos, na Cidade InFlorebela Letícia dustrial de Curitiba, tem capacidade para abrigar 40 pessoas, mas está superlotada, atualmente, com 150 detentos. Igor Moura definiu o caso como “lamentável” e declarou sentir-se num estado de “tristeza profunda”.
3 | Geral
R A DA R DA LUTA Pedro Carrano
Panfletaço diário pelo fim da violência Até 9 de dezembro, movimentos de mulheres realizam panfletagem pelo “Fim da Violência Contra as Mulheres”, na Rua 15, centro de Curitiba. A panfletagem ocorre de segunda a sábado, das 11 às 14h. Entre vários dados preocupantes a ser combatidos: em dez anos, ocorreu o aumento no Brasil de 54% do assassinato de mulheres negras. Parte da mesma campanha, a Federação dos Bancários (Fetec) lança uma cartilha com explicações sobre o tema e orientações de como a vítima deve se proteger.
Greve em Araucária e no sistema Petrobras Em período de campanha salarial com poucos avanços, trabalhadores petroquímicos da Araucária Nitrogenados – produtora de fertilizantes -, aprovaram greve por tempo indeterminado, mas a data deve ser definida nacionalmente pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). No Paraná, petroleiros das usinas da Repar, em Araucária, e Usina do Xisto, em São Mateus do Sul, discutem participação na greve geral do dia 5 de dezembro.
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4 | Cidades
PERFIL
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A resistência de Aluizio Palmar
Aos 74 anos, jornalista mantém o maior acervo digital de documentos da ditadura militar Pedro Carrano
Julia Rohden,
Curitiba (PR)
C
om os olhos atentos e a voz calma, Aluizio Palmar conta sua história de vida que se confunde com a de outros brasileiros que resistiram à ditadura militar. Aos 74 anos, Aluizio segue ativo na busca por justiça às vítimas do regime. Ele esteve em Curitiba esta semana para o lançamento do relatório da Comissão da Verdade do Paraná – Teresa Urban e contou sobre os anos de prisão, tortura e exílio. Ex-integrante de grupos revolucionários, Aluizio brinca que hoje é militante pela internet, apesar de ser ativo fora do mundo virtual, participando de centro de direitos humanos e acompanhando o trabalho da Comissão da Anistia. O jornalista é fundador do maior site de arquivos da ditadura. Documentos Revelados tem mais de 80
mil registros e serve como fonte inclusive para as Comissões da Verdade. Ele defende a importância da divulgação desse material e conta que os anos de ditadura foram de silêncio e do que chama de “desmemorização constante” para poder sobreviver.
litar, se viu novamente sem chão. “Eu pensei: e agora? Não posso ficar no Chile onde estou legalmente exilado e não posso voltar para o Brasil porque senão me matam. O que faço da minha vida?”. Aluizio foi para o interior da Argentina, onde ninguém o conhecia. Pouco tempo depois, A história Carioca, Aluiem 1976, precisou se muzio começou a vida como dar de novo porque a Armilitante ainda no ensino gentina também sofreu um médio. Foi preso em abril golpe. de 1969, quando estava no Com a Lei da Anistia, oeste do Paraná para artiPalmar voltou para Foz do cular a resistência à ditaduIguaçu onde mora até hoje. ra no campo. Foram quase Criou o jornal Nosso Temdois anos de po denunprisão, pas- “Pensei, e ciando as viosando por lências do quatro cen- agora? Não regime e estros de tortu- posso ficar no creveu o livro ra. “Onde foi que Chile, onde Em 1971, vocês enterfoi para o exí- estou legalmente raram nossos lio no Chile e exilado, e não mortos?” que dois anos de- posso voltar para revela o maspois, quando sacre de seis o país tam- o Brasil porque militantes no bém sofreu me matam” oeste do Paum golpe miraná.
Diferentes categorias no Paraná aderem à greve do dia 5 de dezembro Redação, Curitiba (PR) Organizada pelas centrais sindicais e pela Frente Brasil Popular (FBP), a greve nacional do dia 5 de dezembro é convocada, em todo o país, em defesa dos direitos e pela não aprovação da chamada reforma da previdência, que pode ser votada na mesma semana no Congresso. No Paraná, ao menos dez categorias aderem à mobilização. Entre as quais, estão: comerciários, petroleiros, petroquímicos, vigilantes, bancários,
No Paraná, pelo menos 10 categorias aderem à mobilização ramos do funcionalismo público, entre outros. Gustavo Erwin Kuss, secretário da FBP, afirma que a greve do dia 5 deve impactar todas as áreas da economia, como forma de protesto: “Terá impacto no comércio no centro da cidade, na circulação das rodovias
e na produção em empresas”, aponta. Setores do transporte prometem paralisações No dia 5, há expectativa sobre a paralisação do setor de transportes. Em São Paulo, os metroviários aprovaram adesão greve. Já no Paraná, rodoviários e também motoristas do transporte público da capital confirmaram paralisações. Antes, no dia 4, está programada atividade nos aeroportos de Curitiba, Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu para pressionar os deputados federais.
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5 | Cidades Reprodução
Seca, poluição e lucro ameaçam o direito à água potável A defesa do acesso à água como um direito mobiliza entidade e movimentos sociais do Paraná
na manhã desta quarta-feira (29) na Assembleia Legislativa do Paraná, está entre as ações de formação e preparação do Comitê té chegar à torneira de cada acerca do tema. residência, o percurso da “O controle da água é neceságua pode passar pela contamisário para a soberania dos povos. nação por agrotóxico, por inteSe não lutarmos por isso, a Cocaresses econômicos de hidrelétri-cola, Danone, Pepsi, Nestlé docas privadas, ou por esgoto sem minaram tudo”, alertou Joseatratamento. Estes e outros fatonair Hermes, assessora da Cáritas res colocam em risco o acesso à do Paraná, durante a audiência. A água como um direito, e geram Cáritas é uma das entidades comestimativas de problemas hídriponentes do Comitê do Fama do cos para dois terços da populaParaná. ção do mundo em A privatiza2025, segundo re- “O controle da ção dos recurlatório da Organisos hídricos faz zação das Nações água é necessário parte das meUnidas (ONU). para a soberania didas antipoPara defender dos povos. Se não pulares imo acesso à água lutarmos por isso, a postas pelo como um direito, governo golpisentidades e movi- Coca-cola, Danone, ta de Michel Tementos sociais do Pepsi, Nestlé mer (PMDB), Brasil preparam o e adotada por Fórum Alternativo dominam tudo” Mundial da Água Joseanair Hermes governos estaduais. “Priprevis-(Fama), vatizar a água to para ocorrer em a prejudica principalmente a popuparalelo ao 8º Fórum Mundial da lação mais pobre e os pequenos mÁgua, em março de 2018. O evenagricultores. As pessoas que não to oficial reunirá governo e granpodem pagar pelo acesso elas fides empresas privadas do ramo, cam excluídas, assim como ocorecom uma programação voltada à re com outras mercadorias”, avaelógica mercantilizada de exploraliou. mção dos recursos hídricos. A audiência contou com a á No Paraná, o Comitê de moparticipação dos deputados Tabilização do Fama foi lançado no deu Veneri (PT), Professor Lemos mês de outubro, em Maringá. A (PT), Péricles (PT) e Rasca Rodriaudiência pública “Água é um digues (PV). reito, não mercadoria”, realizada Ednubia Ghisi, Curitiba (PR)
A
Muita árvore e pouca água em Imbaú O caso do município de Imbaú foi cavados ainda em 2004, tinham entre apresentado durante a audiência pú30 a 50 metros. O 14º poço, perfurablica como exemplo dos efeitos nedo em 2016, só encontrou água a 350 gativos do agronegócio sobre a água. metros de profundidade, em uma reEm meados de 2004, o recurso natugião próxima a um rio”. ral que antes era abundante passou a A dificuldade no acesso a água leficar escasso em nascentes e rios. Movou parte da população rural, que radores de 13 comunidades rurais do era maioria dos 13 mil habitantes de município começaram a sofrer a falta Imbaú, a migrar para a área urbana. d’água. Com isso, houve o aumento na deEm 2011, uma pesquisa realizamanda pelo fornecimento de água da por professores e esvia Sanepar. Sem vatudantes do Instituto Fezão suficiente nos rios deral do Paraná (IFPR) O Brasil é o país e com aumento da deconfirmou o que a po- com maior fonte manda por água na cipulação já sentia: o nível dade, a Sanepar tamde água dos rios da re- de água doce bém utiliza um poço gião estava diminuindo. do mundo, com artesiano para abasteA pesquisa apontou que 12% do total cer a população. a redução da água estaDiante da torneiva relacionada ao mora seca e dos prejuízos nocultivo de eucalipto e na lavoura e na criapinus sobre os veios d’água, promoção de animais, os moradores decidivido em larga escala pela empresa ram criar o Movimento dos Atingidos Klabin. Conforme o estudo, cerca de pelo Deserto Verde, para reivindi40% do território do município estacar soluções para o problema. Ariova coberto pela produção industrial lino Alves Moraes, conhecido como de árvores. Chocolate, morador do assentamenOs poços artesianos foram a alterto Guaranaba e integrante do Monativa encontrada pelo poder públivimento dos Trabalhadores Rurais co local para sanar o problema. Mas Sem Terra (MST), relembrou o que a situação se agravou com o passar a população local viveu: “A fome e os anos, conforme relatou Maristea sede, quando batem na nossa porla Pelissaro, professora vereadora do ta, fazem a gente se espernear, queimunicípio pelo Partido dos Trabara ou não queira. Foi o que acontelhadores: “Os primeiros cinco poços, ceu com o nosso município”.
6 | Lava Jato
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7 | Lava Jato Marcelo Camargo | Agência Brasil
Na cidade-sede da Lava Jato, Jessé Souza derruba mitos sobre a corrupção no Brasil Sociólogo esteve em Curitiba para divulgar livro e explicou por que a operação é vista com bons olhos pelas classes dominantes Daniel Giovanaz,
Curitiba (PR)
L
ançamento de livro, palestra e curso sobre a formação da sociedade brasileira. Em pouco mais de 24 horas, o sociólogo Jessé Souza fez da chamada “República de Curitiba” um espaço de debates sobre o Poder Judiciário e a operação Lava Jato. A passagem do intelectual potiguar pela capital paranaense, na semana passada, foi simbólica. Não só porque Curitiba é a cidade-sede da Lava Jato, mas porque a palestra aconteceu no campus Santos Andrade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o juiz Sérgio Moro trabalha há dez anos como professor de Direito. O curso foi ministrado na Universidade Positivo (UP), também no entorno da praça Santos Andrade, em parceria com Luiz Rocha, presidente da comissão de direito do consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB/ PR). Jessé Souza é mestre e doutor em Sociologia, pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e presidiu o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) entre 2015 e 2016. Com pós-doutorado em Psicanálise e Filosofia pela Nova Escola de Pesquisa Social, nos Estados Unidos, ele tornou-se livre docente na Universidade de Flensburg, também na Alemanha, em 2006. A reportagem do Brasil de Fato acompanhou o bate-papo que sucedeu o lançamento da obra “A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato” [Leya, 2017], no último dia 23, e apresenta uma síntese das teses de-
fendidas pelo autor nos quatro capítulos do livro.
“Em cinco ou dez anos, a Lava Jato vai ser conhecida como a maior vergonha nacional” Histórico A revolução de 1930, comandada por Getúlio Vargas, é considerada um divisor de águas na história brasileira, porque coloca o Estado pela primeira vez na posição de protagonista do desenvolvimento do país. Os anos seguintes foram marcados pela ampliação dos incentivos governamentais à pesquisa e à industrialização,
por políticas públicas que permitiriam a geração de empregos e pela assinatura do Decreto-Lei nº 5.452, conhecido como a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A elite paulistana, derrotada em 1930, nunca engoliu que Vargas fosse o presidente, e passou a disseminar no Brasil ideias antigetulistas e anti-estatais. Logo, a classe média urbana comprou esse discurso, motivada por uma preocupação em “se distinguir dos de baixo” – mentalidade que remete a uma tradição escravocrata. Jessé Souza interpreta que não é apenas a renda mensal que define quem é “ralé” e quem é de classe média. Passam a ser importantes, para essa diferenciação, o consumo de certos bens culturais, que demonstrem “sensibilidade e bom gosto”, a valorização
do trabalho intelectual sobre o trabalho manual e a crença na meritocracia e na moralidade. “A suposta superioridade moral da classe média dá a sua clientela tudo aquilo que ela mais deseja: o sentimento de representarem o melhor da sociedade. (...) [A classe média] tem algo que ninguém tem, nem os ricos, que é a certeza de sua perfeição moral”, descreve o autor no penúltimo capítulo do livro. Nesse fragmento, aparecem algumas pistas para entender as condições de existência da Lava Jato no século XXI. Sob esse ponto de vista, a operação representa uma continuidade, e não um rompimento na história das elites. Jessé Souza afirma que a escravidão – que não foi herdada de Portugal – engloba todas as instituições da sociedade brasileira, e baseia “desde o ano zero” as concepções de economia, Valter Campanato | Agência Brasil
Jessé Souza nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, e foi presidente do Ipea
política e justiça que hoje são defendidas pela classe média.
“[A classe média] tem algo que ninguém tem, nem os ricos, que é a certeza de sua perfeição moral” Patrimonialismo A ampliação dos direitos trabalhistas e a inclusão dos mais pobres na esfera do consumo são encaradas como ameaça no Brasil moderno. Como antídoto ao “intervencionismo estatal”, as classes dominantes apostam no mercado – em oposição ao Estado – como caminho para o crescimento econômico e para uma pretensa moralização do país. No senso comum, o Estado brasileiro passa a ser visto como patrimonialista, ou seja, incapaz de distinguir os limites entre o público e o privado, porque reproduz o “mito da brasilidade” – que convém aos donos dos bancos e das grandes empresas. Segundo esse mito, a corrupção e o “jeitinho brasileiro” aparecem em todas as esferas do Estado, desde os pequenos funcionários públicos até os políticos do alto escalão. A sonegação de impostos, a formação de carteis e a superexploração do trabalho, praticadas pelas grandes empresas, são deixadas de lado no debate sobre a corrupção. Populismo A mesma palavra que as classes dominantes usaram para demonizar as políticas de interesse dos mais po-
bres, a partir dos governos de Getúlio Vargas, voltou a ser reproduzida quando Lula (PT) assumiu a Presidência da República, em 2003: populismo. Vendeu-se, então, a ideia de que a “ralé brasileira”, por não ter instrução, acaba enganada e corrompida por políticos carismáticos – enquanto a classe média é vista como consciente e imune a qualquer forma de manipulação. Para Jessé Souza, essa aplicação do termo populismo é preconceituosa e equivocada. Afinal, a própria classe média, em capítulos-chave da história política brasileira, posicionou-se contra seus próprios interesses, estimulada pela Rede Globo e pelos demais meios de comunicação empresariais, que representam o capital financeiro. O exemplo mais recente, segundo o autor, foram as manifestações que pediam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), sob o pretexto de “combater à corrupção”. Em poucos meses, a mesma classe que comemorou o golpe silenciou diante de uma série de escândalos no governo Michel Temer (PMDB). “Nós temos uma sociedade desigual, mal informada, com pouquíssima reflexão sobre si mesma, e que é sempre presa das mesmas armadilhas”, declarou o intelectual potiguar durante a palestra, ao analisar as motivações do golpe de 2016. Síntese O uso mal-intencionado do termo populismo, somado à ideia de que o Estado – e nunca o mercado – é um antro de corrupção, abriu espaço para que a os pobres fossem vistos como desprezíveis,
Sociólogo tenta entender as razões que levaram a classe média às ruas entre 2013 e 2016
senão responsáveis pela própria miséria. Jessé Souza sugere, então, que o avanço da Lava Jato foi legitimado por uma elite colonizada, que conseguiu apoio da classe média para enfrentar os avanços de todo e qualquer governo que se proponha a reduzir privilégios: “A Lava Jato criminalizou a bandeira da igualdade social”. O adjetivo “colonizada”, nesse caso, diz respeito à entrega do petróleo da camada pré-sal ao capital financeiro internacional – um ataque à soberania nacional estimulado, em grande medida, pelas denúncias de corrupção no âmbito da Petrobras. “A Lava Jato expressa o que há de pior na elite brasileira, e isso está começando a ficar óbvio. Daqui a cinco ou dez anos, ela vai ser conhecida como a maior vergonha nacional”, antecipa o sociólogo.
Perspectivas Não existe, segundo Jessé Souza, nenhuma possibilidade de surgir um movimento transformação social, que favoreça a maioria da população, a partir do ideal de combate à corrupção propagado pela Lava Jato: “Tudo aquilo que se apresenta como novidade é uma simples máscara velha de um jogo antigo”. O mesmo vale para as eleições do ano que vem. O sociólogo interpreta que o Poder Judiciário e a mídia convenceram
a classe média da necessidade de fazer uma “limpeza social”, o que banalizou a violência dos discursos de segregação. Os políticos que ganharam projeção nos últimos quatro anos, e que pretendem disputar a Presidência em 2018, refletem essa tendência: “Bolsonaro é filho legítimo do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo”, afirmou Jessé Souza, ao ser questionado por um dos espectadores sobre as alternativas eleitorais.
VEJA TAMBÉM Esta reportagem apresenta algumas das reflexões estimuladas por Jessé Souza no livro “A Elite do Atraso”, mas não esgota o debate sobre a postura da classe média em relação à Lava Jato. Acompanhe a próxima edição do Brasil de Fato Paraná e conheça a interpretação de outros dois pesquisadores, Armando Boito Jr. (Unicamp) e Danilo Martuscelli (UFFS), que levantam novas hipóteses sobre os interesses que estavam por trás do “combate à corrupção”.
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9 | Brasil
No lugar de reforma da Previdência, Lula propõe geração de empregos Ex-presidente fala da candidatura em 2018, do enfrentamento contra a Rede Globo e critica a piora das condições de vida da população Ricardo Stuckert
Bia Pasqualino, São Paulo (SP)
E
m entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o ex-presidente Lula fala da impressão sobre a situação do povo brasileiro, nas caravanas por onde tem passado. Ele analisa também o que considera equívocos do governo de Temer, caso da reforma da previdência que prejudica o trabalhador comum. Apesar dos ataques da Rede Globo, Lula se diz disposto à briga: “Então agora a Globo está atrás de um candidato. Eu estou esperando”, desafia. Brasil de Fato: Como tem sido a experiência das Caravanas pelo país? Lula: Eu descobri, na campanha de 1989, que não é possível governar para todos os brasileiros e brasileiras se você não conhecer as entranhas deste país. Porque, normalmente, quando você é candidato, você vai de capital em capital, de palanque em palanque, do aeroporto para outro aeroporto e assim são as campanhas políticas no Brasil. Porque uma coisa é você ler uma história em um livro, outra coisa é você estar diante da pessoa, com os seus problemas, com a sua realidade. Que fotografia dá para fazer do povo por onde você passa? Quando você chega numa comunidade agrícola, as pessoas lembram da quantidade de financiamento do Programa Nacio-
nal de Fortalecimento da Por que se candidatar às tenha documento, que você Agricultura Familiar (Pro- eleições de 2018 tendo não tenha escritura, que naf ), do Programa Luz para acusações contra você? Eu você não pagou. Mas eles Todos, lembram do Pro- fui acusado de ter um apar- teimaram em dizer, porque grama de Aquisição de Ali- tamento em uma praia, na eles não precisam de prova, eles precisam apenas ter mentos (PAA). As pesconvicção. (..) Eu acho soas têm noção de que as “A Globo escolhe que tanto o juiz (Sérgio) coisas melhoraram (...) Agora, quando você checandidato, e eu nunca Moro, quanto o Ministério Público, quanto a Poga em um centro urbano, fui o candidato da lícia Federal, estão reféns você começa a perceber Globo. E ela apoia neste momento de uma que, embora as pessoas política que eles adotalembrem da evolução no qualquer um contra ram, de condenar as pessalário mínimo, do Bolmim. Então agora a soas pela mídia. sa Família, do Programa Globo está atrás de Universidade para Todos (Prouni), as pessoas tamE como enfrentar a Gloum candidato” bém começam a se queibo, em 2018, com o poxar de que a pobreza está der que ela tem? Nós já voltando, ou seja, o deganhamos da Globo em semprego aumentou, a mas- cidade de Santos, em São 2002, já ganhamos em 2006, sa salarial tem caído, e não Paulo. Nós provamos que em 2010, em 2014, portanto, se recebe aumento acima da não é possível você ter um não é difícil ganhar. Ela faz apartamento que você não estrago, obviamente que faz. inflação.
A Globo escolhe candidato, e eu nunca fui o candidato da Globo. E ela apoia qualquer um contra mim. Então agora a Globo está atrás de um candidato. Eu estou esperando. Porque a única coisa que eu tenho na vida de precioso é a minha honra. Foi o compromisso que eu assumi com o povo brasileiro e não vou permitir que a elite brasileira, através de manipulação dos meios de comunicação, através de juiz e promotores subordinados aos interesses da elite brasileira, tentem me colocar no mesmo saco dos políticos corruptos que eles conhecem. O discurso do governo é de que a reforma precisa ser aprovada para dar igualdade entre pobres e ricos. Como vê isso? Eu acho que o povo brasileiro têm muita razão de estar apreensivo. Primeiro porque já foi feita a reforma trabalhista, uma coisa feita por um Congresso altamente conservador, sem nenhum debate com a sociedade (…) No meu período de governo eu vou te dar um exemplo, de 2004 a 2014, quando nós geramos 22 milhões de emprego, quando nós legalizamos 6 milhões de micro e pequenos empreendedores individuais, a previdência brasileira foi superavitária. Então se nós quisermos resolver o problema da previdência, não é dificultando a vida do pobre de se aposentar. Se a gente quiser resolver o problema da previdência é a gente gerar mais emprego, formalizar mais a economia.
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DISTRAÍDOS CANTAREMOS Ricardo Prestes Pazello
A saúde de Saul, o rei do trompete O rei do trompete nos deixou há menos de um mês, no dia 1º de novembro Imagine um dos maiores músicos instrumentistas do Brasil. Imagine este músico tocando ao lado de multi-instrumentistas reconhecidos internacionalmente como Hermeto Pascoal e Arismar do Espírito Santo; dos fundadores da Banda Mantiqueira Nailor Proveta (saxofonista e clarinetista) e Walmir Gil (trompetista); ou ainda de gente do nível de Leny Andrade (cantora), Victor Assis Brasil (saxofonista), Waltel Branco (violonista e maestro), Mauro Senise (saxofonista e flautista) ou Nivaldo Ornelas (saxofonista e flautista). Sem exceção, todos aclamados músicos populares e de jazz no Brasil. Agora, imagine este mesmo músico sem quase nunca ter saído do Paraná. Pense também que ele só conse-
Saul Trumpet abriu um bar que só dava prejuízo, mas que tocava jazz de domingo a domingo guiu gravar três discos (o primeiro, quando beirava os 60 anos). E
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a cereja do bolo: pense que este músico abriu um bar em plena zona do meretrício curitibano, que só dava prejuízo, mas que tocava jazz de domingo a domingo. Foram mais de dez anos de música – de ponta – diária, só interrompida por um aneurisma cerebral, que o obrigou a fechar o bar. Pois é, este músico existiu. Saul Trumpet é seu nome. Nascido em Bandeirantes, em 1943, filho de músico da Congregação Cristã (daí seu nome bíblico, referência ao primeiro rei hebreu), tocava
escondido o bombardino do pai. Aprendeu trombone de pisto e trompete, tocando em carnavais do interior, balés, bandas de baile e bares à noite, até que chegou a Curitiba, em 1970 (após passar por Umuarama, Cianorte e
Porto União). Autodidata de origem como todo músico popular, teve oportunidade de estudar música apenas depois de se profissionalizar, a ponto de ser professor do Conservatório de MPB de Curitiba. Apegado a suas raízes, recusou o convite para integrar o conjunto de metais de Ray Charles. Talvez esta espécie de nacionalismo o tenha influenciado a se filiar ao PDT, chegando a concorrer a vereador. Porém, foi, sobretudo, um músico – boêmio, é lógico – da classe trabalhadora. Sua condição de classe se refletiu na condição de sua saúde, ao final da vida. Acometido por um câncer de próstata, teve de esperar 3 anos para ser atendido pelo SUS. A partir daí, sua saúde só melhorava enquanto tocava. O rei do trompete nos deixou há menos de um mês, no dia 1º de novembro. Sua presença musical, no entanto, é imortal. Salve, Saul!
Ƥ -> Entrevista para o jornalista Herivelto Oliveira, em 2017 no programa “Brasil de cor” (em 3 blocos): No youtube busque “Brasil de cor: Saul do trompete” -> Música “Curitiba vazia”, de Gérson Bientinez e Péricles de Mello, em homenagem a Saul Trumpet após sua morte.
Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de novembro a 6 de dezembro de 2017
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Mostra de Arte Popular O quê: Mesas redondas, palestras, debate, feira de artesanato, apresentações de congada, escola de samba, fandango, folia de reis e viola caipira compõem a programação da Mostra, realizada pela Secretaria de Estado da Cultura (SEEC). Quando: Dias 1 e 2 de dezembro, sexta e sábado, das 9h às 18h e das 10h às 20h, respectivamente. Onde: Museu Oscar Niemeyer (MON), R. Mal. Hermes, 999. Quanto: Entrada é gratuita. Divulgação
Daniel Galera é um escritor na Biblioteca O quê: O romancista e tradutor Daniel Galera participa do projeto “Um escritor na Biblioteca”, com um bate-papo sobre suas experiências literárias. Nascido em São Paulo, Galera estreou com o livro de contos Dentes guardados (2001), publicado pelo selo independente Livros do Mal. Também é autor do romance Barba ensopada de sangue (2012), vencedor do prêmio São Paulo de Literatura 2013. Sua obra mais recente é Meia-noite e vinte (2016). Quando: Dia 5 de dezembro, terça-feira, às 19h30 Onde: Auditório da Biblioteca Pública do Paraná, Rua Cândido Lopes, 133, Centro. Quanto: Entrada franca.
6º Slan contrataque - Consciência Negra O quê: É uma batalha de poesias feita em praça pública, com o objetivo de ocupar os espaços públicos das cidades, para fortalecer a resistência, denunciar e protestar contra todo tipo de opressão. O encontro é mensal, com declamações das poesias, que seguem as regras da disputa, e ao final são premiadas de acordo com a avaliação do público presente. Esta é a 6ª edição, especial sobre a Consciência Negra. Quando: 2 de dezembro, sábado, das 18h30 às 22h. Onde: Praça Zumbi dos Palmares, Pinheirinho. Quanto: Gratuito.
HORÓSCOPO Áries É importante ter cuidado com suas relações mais próximas. Algo está para acontecer que vai tirar você e alguém importante do equilíbrio. Se algo não está bem, essa é a hora certa de sair do lugar. Touro Deve se sentir bastante cansado de uma rotina de bastante trabalho, ainda que com muita energia para botar em práticas tanta novidades. Para os próximos dias: arrume um jeito de cuidar de sua saúde! Gêmeos Muita coisa está ficando fora do lugar, e para passar por esse próximo período você vai precisar se reinventar pois as coisas não devem voltar a ser como antes. Tenha paciência e escute o seu coração. Tudo parece mais sensível do que já é né? E com isso podem surgir alguns conflitos. Parece que você está sendo empurrado para algo que não é seu, então preste atenção ao que você deseja, de fato. Libra Um pouco mais de tranquilidade se aproxima, inclusive na questão financeira e afetiva. Mas não descuide por isso, a aproveite para colocar algumas coisas no lugar, e dizer o que ainda não foi dito.
Leão Tudo está começando a fluir para que as coisas comecem a dar certo na sua vida, então aproveite! Não se contamine pelas incertezas dos que o cercam, e aproveite essa temporada de descobertas.
O QUE DIZEM OS ASTROS?
Virgem É um mês bastante intenso, e você deve pensar em projetos que devem falar de seus próximos anos, mas se decidem nesses dias. Aproveite sua racionalidade mas não alimente obsessões.
Um período de transformação se coloca, mas a maior parte disso tudo vai ser vivido internamente. É tempo de preparação. Cuide da força necessária para implementar todas as mudanças que você tem desejado. Sagitário Aquela hora de tirar tudo do lugar chegou de novo, e você deve começar com seus projetos guardados. Invista onde você sabe que tem potencial e não os desperdice mais com insegurança! Se alguém ou algo se perdeu, é hora de pensar nas novas possibilidades que já começaram a se configurar. Novas pessoas estão surgindo e serão essenciais nessa nova fase, mas não descuide de seu próprio espaço. Aquário Boas ideias não param de surgir e de lhe encantar com suas possibilidades, mas tudo ainda é muito incerto e nem você sabe bem o que quer, não é? Aproveite os próximos dias para pesquisar e organizar. Peixes Algo que você divide com alguém pode lhe trazer conflitos a mais nesses dias, incluindo bens materiais e dinheiro. Muitas características suas estão vindo à tona, se aproveite disso para se conhecer.
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Brasil de Fato PR
Paraná, 30 de novembro a 6 de dezembro de 2017
Chico Buarque e Lula participam de inauguração do Campo Dr. Sócrates Brasileiro Campo fica em escola do MST em São Paulo e será inaugurado em dezembro Reprodução
ï ǡ São Paulo (SP)
Redação, Curitiba (PR)
O
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inaugura, no dia 23 de dezembro, o Campo Dr. Sócrates Brasileiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), espaço de formação política do movimento. O evento contará com a presença do cantor Chico Buarque e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participarão de uma partida de futebol. O nome do campo é uma homenagem ao jogador de futebol e médico Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, falecido em 2011, e considerado um dos maiores ídolos do futebol no país. David Martins, integrante da Coordenação Pedagógica da escola, diz que a inauguração do campo tem como objetivo divulgar a importância do esporte para o MST. Martins tam-
Maringá é a campeã geral da 60ª edição dos Jogos Abertos do Paraná
bém lembra que Sócrates foi um grande apoiador da luta pela reforma agrária no Brasil. “O Sócrates, dentre os jogadores do Brasil, talvez tenha sido o mais importante que a gente tem, da história recente, que além de representar o Brasil e o esporte através de uma visão crítica, se envolveu em um momento muito importante da história do Brasil, que foi a luta pela redemocratização, pelos direitos do povo, além de ser solidário ao MST”, pontuou.
Mutirão O campo foi construído por meio da colaboração de centenas de pessoas em uma campanha de financiamento realizada no ano passado. A campanha, divulgada por personalidades como o jornalista Juca Kfouri, superou a meta de arrecadação. Já a construção do campo foi feita aos moldes da construção da ENFF, ou seja, por um mutirão de militantes do MST, que se reuniram, de diferentes partes do país, em Guararema, no interior de São Paulo onde se localiza a escola.
Mais de 4.700 atletas, de 76 municípios, envolvidos em nove dias de competição. Assim foi a 60ª edição dos Jogos Aberto do Paraná, que terminou no último dia 27, com 19 modalidades disputadas. Maringá conquistando a marca de campeão geral, seguido de Cascavel e Foz do Iguaçu. Campeã no vôlei de praia feminino e masculino, voleibol de quadra feminino, vice-campeã no masculino, garantiram medalhas no tae-kwon-do, campeã no bolão feminino e vice-campeã no handebol feminino foram algumas das conquistas da campeã. Thiago Chas | JAPS
Ano Novo é domingo
Fizemos falta
Somos todos ridículos
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
No próximo domingo (2), na Arena Condá, a partir das 17 horas, começa a ser escrita a história do Coritiba do ano que vem. É do desempenho do atual time nos pouco mais de 90 minutos de jogo em Chapecó que dependerá o futuro imediato do clube em variados aspectos. Primeira ou segunda divisão, receitas de 100 ou 80 milhões de reais, elenco mais ou menos qualificado, 20 mil ou 13 mil sócios... todas essas circunstâncias variáveis derivarão diretamente do placar de uma só partida. Mais do que isso: a própria eleição geral marcada para 9 de dezembro sofrerá alguma repercussão, pois o humor do associado deverá refletir, em alguma medida, a permanência ou não do alviverde na divisão de elite. Vale o que disse o mais famoso de todos os Césares, ao cruzar o Rio Rubicão com suas tropas: alea jacta est! – a sorte está lançada. Que ela esteja do nosso lado...
Mesmo longe de Curitiba, vivi o acesso tanto quanto quem pôde estar no Couto Pereira no dia 25. Explico: estive esse final de semana a trabalho no Rio de Janeiro, e constatei como as nossas cores são respeitadas naquela cidade, um dos principais redutos do futebol brasileiro. O tempo todo com o nosso manto, era difícil eu passar por algum lugar sem ouvir um “aê Paraná, subiu hein, até que enfim”. Vários flamenguistas chegaram para mim e disseram “ano que vem já é seis pontos a menos para nós”. Já os tricolores vinham dar os parabéns, diziam que o Paraná é grande, não merecia passar por tudo isso. Não faltaram as provocações dos botafoguenses e vascaínos, que sabem tanto quanto nós como é difícil superar uma série B, quem dirá dez. Só sei que todo esse respeito e até carinho que o povo do Rio tem pelo Paraná Clube me deu ainda mais certeza: voltamos para o nosso devido lugar!
A torcida atleticana se mobilizou contra as medidas arbitrárias da diretoria. Nas últimas partidas do time, não foi difícil encontrar mais gente do lado de fora do estádio, protestando, que dentro da Baixada. Milhares de assinaturas foram colhidas para que uma assembleia dos sócios fosse marcada, como nos garante o estatuto do clube. Nesta quarta (29), o presidente Mário Celso Petraglia convocou uma entrevista coletiva e anunciou que não convocará a assembleia e classificou de ridículas as reivindicações (preço mais acessível para os ingressos, prioridade para o futebol, flexibilização no uso das cadeiras, liberação dos adereços de torcida). O time que ele prometeu que disputaria títulos não ganhou nem o estadual, no Brasileiro, termina de forma melancólica na parte de baixo da tabela. O estádio para 40 mil pessoas só lota no jogo do Paraná Clube. E ridículas são as reivindicações da torcida...