Brasil de Fato - Edição 69

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Marcos Carniel

Geral | p. 6 e 7

Eletrosul na mira

Temer retoma projeto de privatização que começou com FHC em 1997

Ano 3 | Edição 69 Juliano Vieira

PARANÁ

15 a 21 de fevereiro de 2018

distribuição gratuita

“FORA TEMER”, O SAMBA ENREDO QUE DEU O TOM DO CARNAVAL Mídia Ninja

Divulgação Tuiuti

Everton Fotografia

Fantasia, estandarte, bloco de rua, marchinha. A luta pelos direitos também entrou na avenida. Em todo o Brasil, o carnaval 2018 subiu o tom dos protestos contra Michel Temer. As próximas semanas apontam novas manifestações contra a reforma da previdência. Editorial e Brasil | p. 2, 8 e 9

Geral | p. 3

Cultura | p. 10

Caravana de Lula no Sul

Oficina e shows gratuitos

Discriminação em Curitiba

Ex-presidente vai passar por três regiões do Paraná em março

Banda curitibana Paranambuco se apresenta no Portão Cultural na próxima semana

Pesquisa mostra que quase 85% da população LGBTI+ já foi discriminada

Cidades | p. 5


2 | Opinião

Reforma da Previdência é mais um golpe contra os trabalhadores EDITORIAL

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Paraná, 15 a 21 de fevereiro de 2018

governo federal gastou em pro- peachment, em abril de 2016. Desde pagandas da Reforma da Previ- então, o povo sofre impactos com o dência (PEC 287/16) R$ 100 milhões congelamento de gastos em saúde e em 2017, e tem previsto mais R$ 50 educação, o desmonte das leis tramilhões em 2018. Com isso, oculta balhistas e a privatização de empresas importantes, dadas os prejuízos da reforde graça para os banma, uma medida que Mas a resposta queiros. É preciso lutar vem para concentrar aos que contra essa situação. riquezas e garantir os golpeiam o povo Mas a resposta aos privilégios dos mais rijá foi dada em que golpeiam o povo cos. já foi dada em pleno A primeira votação pleno carnaval, carnaval, pela Paraíestá prevista pela Câ- pela Paraíso do so do Tuiuti. A escola mara dos Deputados de samba carioca vespara uma data entre Tuiuti tiu de vampiro o pre19 e 28 de fevereiro. Os sidente ilegítimo, sedeputados já conhecem o recado: se votarem, não vol- guido pela ala dos “manifestoches”. Principalmente, resgatou a história tam nas urnas. Por isso afirmamos que a refor- de opressão sobre a população nema da Previdência é um novo golpe, gra. O samba enredo mostrou que, dando sequência ao que Temer fez quando nos juntamos em um só blodesde que assumiu o governo via im- co, somos “sentinela da libertação”.

Judiciário: o Poder mais elitista e antidemocrático agora está na boca do povo

OPINIÃO

tância e quase 80% da segunda instância. Com os benefícios, 71% da advogada popular, mestra em Direitos magistratura e promotoria de jusHumanos e Democracia pela UFPR tiça recebem além do teto constie militante da Marcha Mundial das tucional (R$ 33.763). A média geral Mulheres nacional destes que recebem acima judiciário está na boca do povo. do teto é de R$ 42.505,66. A estrutura da magistratura está O debate que sempre permaneceu encoberto escancara o Poder completamente apartada da realimais elitista, antidemocrático e per- dade brasileira. O mito da neutrapetuador das desigualdades postas lidade das decisões judiciais leva na sociedade brasileira. A estrutu- sujeitos a decidirem, em uma “canetada”, sobre vidas ra em que se ergue o que não conhecem e judiciário deriva de A média geral chãos que jamais pisua composição aldos magistrados sarão. tamente hierarquiHá, ainda, uma zada, marcada pela que recebem apropriação e finanperpetuação de faacima do teto é ciamento direto de mílias e relações de de R$ 42.505,66 grandes corporapoder que configuções ou empresas, ram as oligarquias. com interesses priTravestido da lisura, da aparente atuação técni- vados escancarados sobre o judiciáca e do concurso público, a falta de rio. Exemplo disso é o próprio jantar transparência nunca foi tão questio- privado da presidente do Superior Tribunal Federal (STF) com reprenada: Quem? Como? O quê? Não temos magistrados eleitos, sentantes de grandes corporações. É preciso pautar o acesso à juse ao mesmo tempo não discutimos a forma de ingresso nos concursos tiça, a democratização das formas públicos: quem é aprovado? Por de decisões internas do judiciário que os sobrenomes nas linhagens – e criar mais formas de controle e participação popular. Além disso, de poder do judiciário se repetem? Segundo o CNJ, 84% da magistra- é necessário enfrentar o esvaziatura é branca e apenas 15% se auto- mento e a criminalização da arena declara negra. Os homens ocupam política, que afrouxam a soberania 62,7% das cadeiras em primeira ins- do povo brasileiro. Naiara Bittencourt,

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EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Paraná. Esta é a edição nº 69 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz e Julia Rohden COLABOROU NESTA EDIÇÃO x ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia R. Bianchini e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)


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Arquivo EBC

Universidade Para Todos O resultado da primeira chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni) já pode ser consultado pela internet. Os alunos, pré-selecionados para receberem bolsas de estudo integrais ou parciais em instituições de ensino privado, têm até o dia 23 de fevereiro para apresentar os documentos que comprovem as informações fornecidas no momento da inscrição. A segunda chamada deve ser divulgada no dia 2 de março. Marcelo Camargo | Agência Brasil

Afastado? Na última sexta-feira (9), o Ministério Público em Pernambuco entrou com novo pedido de afastamento do ministro da Saúde, o deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP-PR). O MPF indica que Barros descumpriu uma liminar determinada pela Justiça Federal no fim do ano passado, após o Ministério Público denunciar que o ministro estaria atuando para enfraquecer a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).

R A DA R DA LUTA

FRASE DA SEMANA

“Queremos superar também formas de violência como as representadas pela miséria e pela falta de vida digna (...) É um equívoco achar que superaremos a violência, recorrendo a mais violência”,

Pedro Carrano

Pela reabertura da UPA CIC

disse o cardeal Sérgio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2018. Neste ano, o tema da campanha é ‘Fraternidade e Superação da Violência’.

Jane Araújo | Agência Senado

Caravana de Lula vai passar por três regiões do Paraná Redação, Curitiba (PR) Os três estados da região Sul do Brasil serão os próximos a receber o projeto “Lula pelo Brasil”, a partir do dia 27 de fevereiro. A caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e termina em Curitiba, no dia 7 de março. O percurso todo será feito de ônibus, ao longo dos nove dias, passando por pelo menos 14 cidades. Esta será a quarta etapa do projeto, que já percorreu o nordeste e o sudeste do país. “As caravanas do presidente Lula vão continuar acontecendo por todo país”, comentou o coordenador das Caravanas, Márcio Macedo.

Fique por dentro 5 DE MARÇO

Francisco Beltrão 10h – Atividade da agricultura familiar Quedas do Iguaçu 17h – Ato pela reforma agrária

6 DE MARÇO

Laranjeiras do Sul 10h30 – Visita ao campus da UFFS e laboratório de ecoagroecologia

12h – Encontro com assentados no Assentamento 8 de junho seguido de almoço Pinhão 18h – Encontro regional em Pinhão

7 DE MARÇO

Curitiba 19h – Ato de encerramento da Caravana

Escola Sem Partido é arquivada na Câmara em Cascavel Redação,

Com informações do Porém.net

Após receber parecer contrário em três comissões, o Projeto de Lei do programa Escola Sem Partido foi arquivado na Câmara Municipal de Cascavel, no Oeste do Paraná, nesta quarta-feira (14). Apresentado por vereadores

ligados à bancada evangélica, o PL propunha combater a suposta “doutrinação política e ideológica” nas instituições de ensino do município. Uma das comissões a rejeitar a proposta, a Comissão de Justiça, Redação e Veto apontou que o projeto tentava “impedir o pluralismo de ideias, negando a possibilida-

3 | Geral

de de ampla aprendizagem”. No parecer contrário, os vereadores também apontaram que legislar sobre essa matéria seria competência da União, e não da Câmara Municipal. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional uma proposta de lei semelhante, aprovada em Alagoas.

Organizados em associações locais, moradores da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) organizam nova manifestação na frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA-CIC), na manhã desta quinta-feira (15). Em pauta, a urgente reabertura da unidade, fechada há mais de um ano para reforma. A comunidade, porém, teme a reabertura no formato de Organização Social (OS), no qual os vínculos de trabalho são precários e há dúvida sobre o atendimento.

Comitê pela Democracia é lançado no Boqueirão No dia 18 de fevereiro (domingo) será lançado no bairro do Boqueirão, região sul de Curitiba, o “Comitê Moradia pela Democracia”, na sede do movimento União Por Moradia Popular do Moradia (UNMP). Um dos objetivos do espaço, explicam seus integrantes, é que possa ser lançado também ali o chamado “Congresso do Povo”, iniciativa de movimentos sociais da Frente Brasil Popular para debater com a população um projeto para o Brasil. As etapas locais do Congresso do Povo devem acontecer entre fevereiro e março.


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Pelas mãos de Ruy, leitores sabem o que os jornais não dizem PERFIL

A banca de Ruy é um dos pontos de distribuição do Brasil de Fato Paraná, no centro da capital Júlia Rohden, Curitiba (PR)

jornais veio da época em que trabalhou no jornal Gazeta do Povo como revisor. Julia Rohden Ruy fez faculdade de Letras e participou do movimento estudantil. Na década de 1970, foi preso pela ditadura e depois teve dificuldade em encontrar emprego por conta da prisão. Comprou a banca, mas pouco tempo depois conseguiu o emprego no jornal e conciliou os dois trabalhos até 2013, quando saiu da Gazeta.

Contrapontos Muitos param na movimentada esquina para ler as notícias recortadas por Ruy, mas nem todos gostam da composição. “Já até escreveram nos jornais ‘seu petista sujo’, e o pior é que não sou nem petista”, diz ara encontrar Ruy João Staub bas- rindo, enquanto explica que é eleita caminhar pela Rua Marechal tor do Lula, mas também vota no ReDeodoro até a esquina com a João Ne- quião, senador do Paraná pelo MDB. A banca de Ruy é um dos pontos grão e procurar uma banca de jornal rodeada por matérias com comen- de distribuição do Brasil de Fato Patários anotados à mão. Ali Henrique raná, no Centro da capital. Ao contráMeirelles tem rabiscado na testa “não rio de outros jornais, o Brasil de Fato se enxerga”, na foto que ilustra uma não recebe os comentários à caneta matéria sobre sua pré-candidatura à de Ruy. Pergunto se é um bom sinal. presidência. Uma manchete com a “É, com o Brasil de Fato eu concordo. fala de Geraldo Alckmin sobre possí- Esse jornal também é um contraponto com os outros”, resvel venda da Petrobrás é ponde. sublinhada e tem escri- “Comecei a Ruy fala de forma desta em cima “canalhas”. escrever nas pretensiosa, quase tímiÉ ali, na banca que tem da, enquanto conta sobre há mais de 40 anos, que notícias porque sua vida. Nasceu no inteRuy passa parte de suas era um absurdo rior gaúcho, é pai de três manhãs. filhos, avô, aposentado, “Comecei a escrever o que os jornais dono de banca e de duas nas notícias porque era colocavam” lojas de doces. Convenum absurdo o que os cido de que é um sujeijornais colocavam, era o contrário do que estava acontecendo. to comum, Ruy estranha o interesse Às vezes eu só escrevia coisas como ‘é de um jornal escrever sobre sua vida. Mal posso esperar pelos rabiscos de mentira’ em cima do título”, lembra. O hábito de recortar matérias dos Ruy neste perfil.

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Mulheres de Curitiba e Região Metropolitana organizam a marcha de 8 de março Ato deste ano terá como tema “mais direitos, nenhum retrocesso. Resistência e luta feminista” Mídia Ninja

Redação, Curitiba (PR) Mulheres estão participando de reuniões semanais para organizar o ato do dia internacional das mulheres, em 8 de março. Definido na última reunião, quinta-feira (8), o mote da marcha deste ano será “Mais direitos, nenhum retrocesso. Resistência e luta feminista!”. Reuniões irão acontecer até março. A próxima acontecerá na quintado Paraná e a principal pauta foi feira (15) e todas as mulheres estão contra a retirada de diretos sociais convidadas a participar, mesmo se proposta pelo governo Temer. Em não tiver comparecido aos enconCuritiba, a marcha retros anteriores. A reuniu cinco mil pessoas união inicia às 18h30, Próxima entoando juntas o cono auditório do Sinro “aposentadoria fica, dicato dos Servidores reunião será Temer sai”. Públicos Municipais na quinta-feira Curitiba (Sismuc). A Mulheres do mun(5), às 18h30, organização infordo inteiro foram às ma que o ato no dia 8 no auditório do ruas protestar por de março começará a seus direitos no evenSismuc partir das 16h30, com to que ficou conheciprevisão de seguir até do como 8M. No Braàs 21h, na praça Dezenove de Nosil, o dia histórico foi marcado por vembro, no Centro da capital. dois principais motes: a Greve Internacional das Mulheres e, no ceAno passado Em 2017, acontenário nacional, a luta contra a receram protestos em 15 municípios forma da Previdência.


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Pesquisa mostra que 84,4% da população LGBTI+ de Curitiba e Região já foi discriminada Fotos Públicas

Estudo realizado pelo Grupo Dignidade levanta dados de identidade de gênero e orientação sexual Júlia Rohden , Curitiba (PR)

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ma pesquisa inédita divulgada na primeira semana de fevereiro traz informações sobre a população LGBTI+ de Curitiba e Região Metropolitana. Os resultados mostram que 56,3% dos entrevistados já pensou em suicídio e 84,4% sofreu discriminação nas ruas, no local de estudos, no trabalho, no comércio ou na família. A pesquisa ainda revela que a maioria (53,8%) das pessoas LGBTI+ não são aceitas pela família. O estudo foi realizado pelo Grupo Dignidade, tendo como base 35 perguntas e 1.326 participantes. A pesquisa virtual irá ajudar a aprimorar um estudo nacional com o mesmo público, que será realizada ainda no primeiro semestre. A psicóloga e integrante do Núcleo de Diversidade de Gênero e Sexualidade do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP), Roberta Baccarin, ressalta que o alto índice de pensamento suicida é uma relação de diversos fatores e está associado ao preconceito, mas não se limita a ele. “Não só a população LGBT, como outros grupos

mostram grandes índices de tentativa de suicídio. O que acontece muito na população LGBT é que esses fatores são interseccionais, ou seja, junto com a questão da orientação sexual ou da identidade de gênero tem outras questões de raça, de classe, que vão deixando essa vivência mais dolorida para a pessoa”, explica. Toni Reis, diretor executivo do Grupo Dignidade, defende que a questão do suicídio deve ser discutida. “Nós precisamos falar disto abertamente para atacar a causas: a discriminação, a violência, a falta de perspectiva de vida para estas pessoas”, afirma. Ele comenta que o suicídio de uma travesti, por exemplo, não é um problema dela, mas de toda a sociedade. Por isso, Reis defende que as questões de identidade de gênero e orientação sexual sejam tratadas em políticas públicas. Orientação sexual Os dados mostram que 43,9% dos entrevistados se identificaram como gays, 22% como lésbicas, 23,2% como bissexuais, 4,4% como heterossexuais, 2,3% como pansexuais, 0,5% como homossexuais, 2,4% não soube responder e outras treze pessoas respon-

deram de forma aberta sobre sua orientação sexual. Reis, que também é sexólogo, informa que o símbolo “+” foi acrescentado para abranger outras orientações sexuais, identidades e ex-

pressões de gênero. “A pesquisa mostra que tem pessoas que não se identificam com nenhuma dessas letras [LGBTI – lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais], mas não são

heterossexuais. São pessoas não-binárias, pansexuais, assexuais... tem tantas denominações que resolvemos colocar o +”, explica. Denúncia e apoio A população LGBTI+ pode receber atendimento psicológico gratuito ou a preços acessíveis. Roberta Baccarin recomenda entrar em contato com o CRP e buscar informações sobre locais com atendimento social ou voluntário. O Grupo Dignidade, responsável pela pesquisa, também oferece gratuitamente atendimentos psicológicos para a população LGBTI+. A partir dos resultados obtidos, o Grupo irá duplicar a oferta do serviço, passando a 200 atendimentos mensais. É possível denunciar a homofobia através de uma ligação gratuita para o Disque 100, serviço que funciona 24h e atende em todo território nacional. Em Curitiba, a denúncia pode ser feita pelo telefone 0800 6431 121 ou pessoalmente na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Há também a opção do contato pelo telefone com a Assessoria de Políticas de Diversidade Sexual, vinculada ao gabinete do prefeito, pelo telefone 3350-8484.


6 | Geral

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7 | Geral

Por que os investidores estão de olho gordo na Eletrosul? Se o plano de Temer for aprovado, empresários terão lucro imediato. Experiências anteriores apontam para precarização do serviço e aumento da tarifa Argumento frágil Temer pretenDaniel Giovanaz, Florianópolis (SC) de arrecadar entre R$ 12 bilhões e R$ 20 bilhões com a privatização do sistema elétrico nacional. O valor é esponsável por um terço da caquase irrelevante se comparado aos pacidade de geração de enerR$ 124,4 bilhões de déficit primágia do país, a Eletrobras está ameario em 2017 – resultado negativo nas çada de privatização. A proposta contas do governo, sem considerar do governo federal inclui a venda o pagamento dos juros da dívida púdas 13 empresas subsidiárias, que blica. prestam serviços de Se a venda da geração, transmisÉ o potencial Eletrobras não tira são e distribuição o país do vermede energia em todas de lucro das lho, também não é as regiões do país. empresas, e consenso que a gesSão 233 usinas e 70 não a ineficiência, tão privada irá aumil quilômetros de mentar a eficiência linhas de transmisque atrai os do setor. Engenheisão – cerca de 47% olhares da ro aposentado, com do sistema nacioiniciativa privada 36 anos de trabalho nal. no setor elétrico feA União detém deral, Antonio Gou51% das ações orlart ressalta que a dinárias da EletroEletrobras tem uma receita líquida bras, que dão direito a voto nas asanual de R$ 60,7 bilhões e um posembleias. Entre as justificativas tencial de crescimento reconhecido para a privatização, os aliados de mundialmente. Michel Temer (PMDB) citam a ne“Talvez seja o melhor sistema cessidade de aumentar a eficiência elétrico do mundo. Ele é altamenda empresa e de equilibrar as conte eficiente, com uma matriz enertas públicas. O mesmo pretexto é gética renovável, como em nenhum usado para privatizar aeroportos, outro lugar. Cerca de 50% da nossa rodovias, ferrovias e o petróleo da matriz é renovável. Na média muncamada pré-sal.

AntonioCruz | Agência Brasil

Mundo [de 2014]”, acrescenta Cecy, que também atua como diretora de formação corporativa da Eletrosul. “Nós temos uma malha de banda larga gigantesca, e quem comprar [a Eletrobras] vai levar tudo isso de graça, no pacote”.

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Divulgação | Eletrosul

UHE Governador Jayme Canet Junior, no Paraná, é a maior sob comando da Eletrosul

Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer: duas etapas da entrega do patrimônio nacional

dial, esse número não chega a 15%”, compara. Goulart aposentou-se pela Eletrosul, subsidiária da Eletrobras que presta serviços no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Com controle e participação em sete usinas hidrelétricas, 44 subestações e cerca de 11 mil quilômetros de linhas de transmissão, a empresa também é referência em energia limpa e renovável. Ou seja, não existe um prazo final para geração de eletricidade, porque recursos como a luz solar e o vento são considerados infinitos. Ameaça antiga Em 1997, a Eletrosul se tornava um símbolo do assédio do capital internacional sobre a produção energética. Foi quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) incluiu a empresa no Programa Nacional de Desestatização (PND). No ano seguinte, todo o parque gerador da Eletrosul passou a pertencer a outra empresa, a Centrais Geradoras do Sul do Brasil (Gerasul), que foi vendida ao grupo franco-belga Tractebel. Foi a primeira geradora de energia privatizada na história do Brasil. O resultado global da venda foi equivalente a US$ 2 bilhões – ou R$ 6,6 bilhões, no câmbio atual. A

Eletrosul foi desautorizada a gerar energia e teve as receitas reduzidas a um terço. Mesmo com a onda de privatizações nos setores de telecomunicações, siderurgia, minas e energia, a dívida pública aumentou de 32%, em 1994, para 57% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002.

Conta de luz pode aumentar até quatro vezes após a venda do sistema elétrico Reserva de mercado A iniciativa privada detém cerca de 60% da capacidade de geração de energia instalada no país. Dos 40% que continuam sob controle do Estado, 35% faz parte do sistema Eletrobras, que Temer deseja privatizar. Na interpretação da diretora do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia de Florianópolis (Sinergia), Cecy Maria Gonçalves, o governo FHC pretendia garantir

uma reserva de mercado às empresas estrangeiras. “A Tractebel comprou com incentivo do governo, e ganhou na sequência o direito a aumentar a tarifa. Isso permitiu que, no primeiro ano, eles mandassem para o estrangeiro o mesmo valor que eles pagaram pelas nossas usinas”, analisa. Seis anos depois, durante o primeiro governo Lula (PT), a Eletrosul obteve licença para voltar a gerar energia. E os números mostram que, sob controle do Estado, a empresa tornou-se novamente uma “mina de ouro”. Alvo precioso A Eletrosul comanda a operação de cinco hidrelétricas: uma em cada estado e duas em Santa Catarina. A maior delas é a UHE Governador Jayme Canet Junior, entre Telêmaco Borba e Ortigueira, no Paraná. O Complexo Eólico Campos Neutrais, no Rio Grande do Sul, é o maior da América Latina. A matriz energética é 100% limpa, e a potência instalada é suficiente para atender uma população equivalente a 12 milhões de pessoas. “Nas nossas linhas de transmissão corre um feixe de banda larga, que permitiu inclusive as transmissões ao vivo dos jogos da Copa do

Direitos em jogo O sistema Eletrobras emprega 24 mil pessoas, que também veem seus direitos ameaçados. O engenheiro Antonio Goulart lembra que a redução dos encargos para contratação de trabalhadores é uma demanda de setores que defenderam o golpe parlamentar e apoiam governo Temer. “A privatização das subsidiárias, agregada às mudanças na legislação trabalhista, vai trazer uma precarização enorme. Essas tentativas de redução de custos podem levar a uma baixa de qualidade, que é ainda mais preocupante para um serviço estratégico”, questiona. Resistência Além dos sindicatos de trabalhadores do setor elétrico, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) tem participado das atividades de protesto e resistência à venda da Eletrobras. Um dos coordenadores do MAB no Paraná, Robson Formica afirma que privatização significa mais violações de direitos dos atingidos, e acrescenta: “O lucro, em vez de ser socializado e distribuído através de serviços públicos de melhor qualidade, ou mes-

TEMER QUER VENDER

nacional 47% do sistema de energia

13

empresas subsidiárias da Eletrobrás

70 mil

quilômetros de linhas de transmissão

233 usinas mo com uma tarifa mais baixa, acaba se revertendo para as próprias empresas”. Formica observa uma mudança no perfil dos compradores. Na época de FHC, os investidores que estavam de olho no setor elétrico brasileiro eram estadunidenses e europeus. No governo Temer, a novidade é o interesse das empresas chinesas. O que não muda são os impactos para a soberania do país: “A energia e a água devem servir com soberania ao povo, e a riqueza gerada deve ser distribuída ao povo, e com controle popular”, finaliza.

24 mil

trabalhadores empregados

No último dia 2 de fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou uma liminar que barrava o projeto de desestatização da Eletrobras. Moraes atuou como ministro da Justiça do governo Temer até janeiro de 2017, e foi nomeado para o STF após a morte de Teori Zavascki. Há uma semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), criou uma comissão especial para analisar o Projeto de Lei 9463, de autoria do Executivo, que estabelece as diretrizes da venda.

A CONTA DE LUZ VAI AUMENTAR? Em ofício publicado em outubro de 2017, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anuncia uma previsão de queda no preço da tarifa como efeito da venda da Eletrobras. Mesmo na estimativa otimista do governo, a redução não seria imediata e chegaria a apenas 0,11%: “Primeiramente deveria haver o processo de privatização, a posterior redução dos custos operacionais, a consequente realimentação do processo de benchmarking [práticas de melhora de desempenho] para, finalmente, haver a redução das tarifas ao consumidor”. No entanto, as usinas da Eletrobras que estão sob o chamado “regime de cotas” geram 15% da energia elétrica do país com uma tarifa equivalente a um quarto do

preço praticado no mercado. Conforme projeto de lei entregue à Câmara, o governo Temer pretende que essas usinas sejam transferidas ao controle privado e passem a cobrar o preço de mercado – quatro vezes maior que o atual. “Nós temos a clareza de que a privatização aumenta a tarifa imediatamente. Isso já existiu na década de 90, e temos exemplos em vários países, como Argentina e Portugal”, ressalta Cecy Gonçalves. “Isso vai causar problemas para a indústria, para o comércio, para a vida das pessoas. Só vai beneficiar aqueles que estão querendo investir e lucrar aqui no Brasil”.


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Paraíso do Tuiuti denuncia golpe e critica reformas do governo Temer Com enredo sobre os 130 anos da Lei Áurea, escola fez duras críticas ao atual momento político Bloco MST (Iago Aquino_Mídia NINJA)

Redação, Curitiba e São Paulo

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comissão de frente encenou a dor das correntes da escravidão. O último carro alegórico trouxe o “vampiro” com a faixa presidencial. Do começo ao fim, a escola de samba carioca Paraíso do Tuiuti levou para a Sapucaí a longa história de opressão sofrida pelo povo negro e mostrou os profundos retrocessos que o Bra-

sil enfrenta após o golpe que colocou Michel Temer (MDB) na presidência da república. Com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, o desfile marcou os 130 anos da Lei Áurea. A escola ficou em segundo lugar no carnaval do Rio de Janeiro, mas é aclamada como campeã por muitos brasileiros. A vencedora, Beija Flor, ganhou por apenas um décimo. “Eu acho que a gente está fazen-

do uma coisa que todo mundo quer. Todo mundo quer botar pra fora, as pessoas querem gritar o ‘Fora Temer’, as pessoas querem se manifestar e é forma de manifestar da minha parte”, disse em entrevista professor de história Léo Morais, que interpretou o Michel Temer Vampiro na última alegoria da escola, intitulada “Navio neo tumbeiro”. Outra ala de destaque no desfile da Tuiuti foi a dos “manifestantes fantoches”, que ironizou os chamados paneleiros que saíram às ruas com camisetas do Brasil pedindo o impeachment de Dilma. A escola de samba utilizou mãos gigantes representando a mídia, que controlava esses paneleiros envolvidos por patos amarelos, em referência à campanha da Fiesp contra o aumento de impostos que inflamou a população contra o governo petista. O desfile politizado da Tuiuti não foi um caso isolado. Críticas ao governo Temer e a governos estaduais, além da defesa de direitos, marcaram o desfile de outras escolas do Rio e também de São Paulo. O mesmo ocorreu em blocos de carnaval por

Bloco arrasta centenas de foliões em defesa de Lula, em Pernambuco Vanessa Gonzaga, Recife (PE) Toda segunda-feira de carnaval, o Bloco do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) sai às ruas. Este ano o tema foi “Lula Guerreiro do Povo Brasileiro” pelas ladeiras de Olinda (PE). O tema buscou movimentar a conjuntura política nos dias da folia. Esta é a 18ª edição do bloco, que existe desde 2000. Ao lado dos já conhe-

Iago Aquino | Mídia NINJA

cidos bonecos gigantes de Che Guevara e Hugo Chávez, o boneco do ex-presidente ganhou a simpatia dos foliões e dos que assistiam o bloco. A maioria das pessoas manifestava apoio, fazia a letra L com os dedos ao ritmo das marchinhas e, mesmo quando a multidão que seguia o bloco parava de cantar, era das ruas que vinha o incentivo para seguir com as palavras de ordem e músicas a favor de Lula.

todo o país. Omissão da Globo A passagem das últimas alas e alegorias levou a plateia ao delírio, que aplaudiu e respondeu à agremiação com um “Fora, Temer”, rapidamente abafado pela transmissão da Globo. A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ivana Bentes usou uma rede social para apontar a omissão da cobertura da emissora sobre parte do conteúdo do desfile: “Enquanto o Sambódromo ‘gritava’ o samba contra a reforma trabalhista e da previdência, contra Temer e contra o golpe em momento catártico na Sapucaí contra as novas formas de escravidão e precarização do trabalho, os comentaristas da Globo em momento nenhum falavam das alegorias da Paraíso do Tuiuti e nem comentavam a evolução do enredo”. Para a professora, que foi secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura no governo Dilma, a “narrativa redentora do impeachment não sobreviveu nem a um carnaval”.


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Reforma da previdência quer manter privilégios e não questiona devedores Proposta vai prejudicar 45 milhões de trabalhadores; devedores do INSS já desfalcaram R$ 500 bi Redação, São Paulo (SP)

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ara garantir 100% dos vencimentos, os trabalhadores terão que contribuir por 40 anos, o que, na prática, inviabiliza a aposentadoria integral para a grande maioria dos 45 milhões que, atualmente, pagam o serviço de previdência no país, segundo dados oficiais. Este é o resumo da reforma da previdência proposta pelo governo Michel Temer. O cronograma de votação começa no dia 19 de fevereiro, mesmo dia em que estão marcados protestos e paralisações no Paraná e no Brasil. A votação em plenário está prevista para ocorrer no dia 28, último dia do mês. Se até lá a base governista não conseguir os votos necessários para aprovar a matéria, o governo já anunciou que vai retirar a

proposta e deixar a questão para a próxima gestão que for eleita em outubro desse ano. Reforma não quer acabar com privilégios, pelo contrário Enquanto afirma que a reforma da Previdência vai acabar com

privilégios, o governo de Michel Temer defende a manutenção das atuais regras de aposentadoria especial para os parlamentares. Mesmo sendo considerada uma das leis mais “imorais” da República, a norma especial de aposentadoria parlamentar foi defendida peLula Marques | Agência PT

la Advocacia Geral da União (AGU) em manifestação recente ao Supremo Tribunal Federal (STF). A norma permite que o político que comprovar 35 anos de mandatos parlamentares (de vereador, deputado ou senador) possa receber a aposentadoria integral de um parlamentar federal: cerca de R$ 33,5 mil por mês. Mesmo que não comprove os 35 anos de atividade legislativa, os parlamentares têm o direito de se aposentar com salário proporcional ao tempo de contribuição. Por causa disso, a média da aposentadoria parlamentar no Brasil está atualmente em R$ 14 mil por mês, um salário muito superior ao teto da aposentadoria pelo INSS, que é de R$ 5,5 mil, e seria o máximo que um trabalhador brasileiro poderia receber. Maiores devedores Um levantamento da Procura-

doria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), divulgado no ano passado, mostrou que das 500 empresas e órgãos que mais devem ao INSS somam uma dívida total de R$ 500 bilhões. Esse valor representa é 2,7 vezes maior do que o déficit anual da Previdência alegado pelo governo. Encabeçando a lista, em segundo lugar entre os maiores devedores, está a JBS, dona da marca Friboi, que consta no cadastro de devedores com débito de R$ 2,7 bilhões. Em primeiro lugar, aparece a falida Varig, com dívida de R$ 3,9 bilhões. Entre os 50 maiores devedores, há bancos públicos e privados, como Caixa Econômica Federal e Bradesco, companhias de transporte aéreo e rodoviário, governos estaduais e municipais, operadoras de telefonia, de saneamento, faculdades privadas, entre outras.

No Paraná, professores estaduais aderem ao dia nacional de lutas Pedro Carrano, Curitiba (PR) Assembleias e paralisações sindicais contra a reforma da previdência acontecem em pelo menos oito estados. No Paraná, professores estaduais são uma das categorias que aderem ao ato nacional e paralisam as atividades. “O empresariado demonstrou nos úl-

timos dias que se mobiliza para pressionar os deputados. Por isso, nossa mobilização se torna cada vez mais importante para barrar este retrocesso e defender nosso direito à aposentadoria”, afirma a direção estadual da APP-Sindicato. Na programação, o sindicato deve fazer conversas com os estudantes e também uma carta explicativa

Ponta Grossa organiza caminhada e aula pública sobre a reforma da previdência

aos pais. Haverá ato também em Ponta Grossa, na “Igreja dos Polacos”, ponto de manifestações tracional no coração da cidade. A ação está marcada para iniciar às 15h30, com caminhada até o calçadão, onde haverá uma aula pública. A reforma da previdência será o tema da atividade, com a presença de advogados especializados e

professores universitários. “Ainda não conseguimos ‘furar a bolha’ e ir até a periferia debater com o povo. Em Ponta Grossa, é uma cidade ainda mais complicada, com uma associação comercial e industrial que defende a ditadura militar”, informa Dani Fanchin, microempreendedora e integrante da Frente Brasil Popular de Ponta Grossa.


10 9 | Cultura

Paraná, 15 a 21 de fevereiro de 2018

Redação, Curitiba (PR)

Mostra 2018 em Transe apresenta filmes na Cinemateca de Curitiba As exibições são gratuitas; o evento propõe reflexões sobre jornalismo e cinema Jandir Santin

Para saber mais acesse facebook. com/2018emTranse

Novas narrativas a partir do diálogo entre jornalismo e cinema marcam a mostra “2018 Em Transe — Cinema e Jornalismo”. O evento acontece nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro, na Cinemateca de Curitiba, no bairro São Francisco. De acordo com os or-

ganizadores, o objetivo é refletir sobre cinema, jornalismo e comunicação, propondo novos modos de percepção e apreensão do mundo. Serão exibidos 17 curtas e um longa-metragem de diretores de várias partes do Brasil, como Paraná, Ceará,

Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás e São Paulo. O evento tem entrada gratuita e, além das exibições de filmes, terá debate com diretores. A curadoria é feita por Bea Gerolin, Michel Urânia, Vinicius Carvalho e Teia Werner.

Paranambuco faz oficina e shows gratuitos no Portão Cultural

Divulgação

Aproximar o público curitibano de ritmos tradicionais brasileiros. Este é o objetivo do projeto “Paranambuco apresenta: Orun Ayê”, que vai desenvolver ações com entrada gratuita nos próximos meses na capital paranaense. Serão promovidas três oficinas seguidas de pocket shows, além de seis shows do grupo com participações especiais. A primeira temporada será nos 23, 24 e 25 de fevereiro, no Auditório Antônio Carlos Kraide, no Portão Cultural. No dia 23, sexta-feira, acontece a oficina “Brincando Coco”, com duração de 1h30, seguida de um pocket show. Os participantes terão contato com a história do coco, além de aprender a tocar alguns instrumentos e fazer uma roda de dança. A atividade é aberta a públicos de todas as idades e não requer inscrição prévia. Os outros dois dias serão de shows com o repertório do álbum Orun Ayê, que reúne ritmos como baião, coco, samba, maracatu e xote, além de ijexá, toruá, barravento, puxada de rede e jon-

Mocidade Azul é a campeã do carnaval de Curitiba Cido Marques | FCC

Pela quarta vez consecutiva, a escola de samba Mocidade Azul é a campeã do carnaval de Curitiba. O desfile ocorreu no sábado (10), na rua Marechal Deodoro, no Centro, para uma plateia lotada com de 30 mil pessoas. Assim como ocorreu em diversas cidades brasileiras, o tema do samba enredo da campeã foi de crítica à corrupção e à crise que prejudica a população brasileira. “Quem canta seus males espanta. Onde está o dinheiro? Quem foi o gato que comeu?”.

go. As duas apresentações também terão a presença do rabequeiro e percussionista Carlos Ferraz, uma das principais referências da cultura popular e da capoeira angola em Curitiba.

Fique por dentro Dia 23, sexta-feira, às 14h Oficina “Brincando Coco” + pocket show Dia 24, sábado, às 20h Show Paranambuco, com participação de Carlos Ferraz Dia 25, domingo, às 19h Show Paranambuco, com participação de Carlos Ferraz Onde: Auditório Antônio Carlos Kraide, no Portão Cultural, Avenida República Argentina, 3.430, ao lado do terminal do Portão. Quanto: Entrada gratuita, para públicos de todas as idades.


Brasil de Fato PR

Paraná, 15 a 21 de fevereiro de 2018

CRÔNICA DA QUEBRADA

DICAS MASTIGADAS

Renato Freitas

PANQUECA VERDE

Ronaldinho, direto das ruazinhas de barro Eu tive um amigo, Ronaldinho C2P2, inimigo público número 1, programado pra morrer. Negro de nascença, escuro de sol, dentes separados, saltados pra fora, semicerrados, a pele cheia de marcas de espinhas, esquálido, pixava pelos muros da cidade “Correria Constante Por Pedra” (C2P2). Era viciado em crack desde muito cedo, pobre louco, filho sem pai, do fundão da periferia, instituiu um jargão nas ruas da cidade; “aqui é favelinha, ruazinha de barro”, dizia ele logo antes de abrir um sorriso anestésico no rosto. Certo dia, eu saindo do Shopping Estação, onde era balconista da sorveteria, fui pegar o biarticulado e me deparei com uma cena cinematográfica: era o Ronaldinho “surfando” o bonde, de pé, bem louco, e uma viatura da Guarda

“Aqui é favelinha, ruazinha de barro”, dizia ele logo antes de abrir um sorriso anestésico no rosto Municipal atrás esperando o ônibus parar para prendê-lo. Mas ele era craque da rua, deu um pelé nos polícia e fugiu pela praça Eufrásio Correia. Sua mãe era do Candomblé. Ele usava uma guia, falava pouco, ria bastante, dependia do crack. Tinha minha idade, na época uns 17 anos. Todos na rua estavam sabendo que o Ronaldinho tava “queimado”, que a polícia disse que não ia mais prender ele, que da próxima

vez iam resolver o problema. Dito e feito. Foi pego roubando toca cds no Centro, amanheceu morto num terreno perto da Uniandrade, no Santa Quitéria. Ronaldinho, o terror do sistema, indômito, sobrevivente, sagaz, carregava consigo a essência da rua. A polícia sabia que com ele era sempre tudo ou nada, por isso resolveram o problema de uma vez. Sempre que vejo um menor bem louco no centro, pronto pra fazer alguma fita, penso que poderia ser ele. Vejo na bolinha do zóio e me dou conta que sim, é ele, Ronaldinho, presente! * Advogado, militante do movimento hip-hop e morador de Curitiba. Mais um sobrevivente da cena do loco Wilcker Morais

11 | Cultura 11

Ingredientes Massa 1 xícara (chá) de talos e folhas (espinafre, cenoura, beterraba) cortados e cozidos; 2 dentes de alho picado; 1 xícara (chá) de leite; 2 ovos; 1 xícara (chá) de farinha de trigo; 1/2 colher (chá) de sal; 1 colher (sopa) de margarina. Reprodução

Essa e outras receitas saudáveis você encontra no Mapa de Feiras Orgânicas do IDEC. O site, além de mostrar centenas de feiras orgânicas em todo o país, ainda conta com um banco de receitas e uma biblioteca com publicações sobre alimentação saudável, agroecologia e temas afins. Confira em http://feirasorganicas.org.br

Recheio 2 colheres (sopa) de óleo; 1 cebola picada; 1 dente de alho picado; 6 xícaras (chá) de talos e folhas bem lavados e picados; Sal a gosto. Modo de Preparo Massa 1. Colocar os talos no liquidificador, acrescentar o leite e bater até a mistura ficar homogênea; 2. Passar a massa por uma peneira; 3. Devolver a massa para o liquidificador e acrescentar os ovos; 4. Adicionar farinha, sal e margarina e reservar a massa. Recheio 1. Colocar o óleo numa panela; 2. Acrescentar a cebola e o alho e deixar dourar; 3. Acrescentar os talos e as folhas e água se necessário; 4. Juntar o sal, tampar a panela e deixar cozinhar.

Certa vez me deparei com uma cena cinematográfica: era o Ronaldinho “surfando” o bonde, de pé, seguido por uma viatura da Guarda Municipal

Montagem 1. Colocar a massa na frigideira, espalhar bem e deixar fritar dos dois lados; 2. Rechear as panquecas.


12 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 15 a 21 de fevereiro de 2018

Veto ao árbitro de vídeo agita polêmica no Brasileirão 2018 PAPO ESPORTIVO

Luiz Ferreira,

Rio de Janeiro (RJ)

O ponto mais polêmico do Congresso Técnico dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, realizado no Rio de Janeiro, no dia 5, foi, sem dúvida, o veto ao uso do árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro 2018. Essa tecnologia – formada por um conjunto de câmeras que permite que árbitro e assistentes revejam as jogadas – foi aprovada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) em 2016. A coisa já começa er-

Veto ao árbitro de vídeo agita polêmica no Brasileirão 2018 rada quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) declara que tem um prejuízo de R$ 20 milhões por ano com o campeonato nacional e repassa o custo do VAR (sigla em inglês para Video Assistant Refree) para os clubes. Algo em torno de R$ 1 milhão para cada um dos vinte

participantes do Brasileirão. Para efeito de comparação, o árbitro de vídeo custa aproximadamente R$ 4 milhões de reais em Portugal para toda a competição. E a quantia é paga pela Federação Portuguesa de Futebol. Os últimos balanços da CBF mostraram que a entidade fechou o ano passado com R$ 260 milhões em caixa. Para o Brasileirão, 7 clubes votaram a favor e doze foram contra. Apenas o São Paulo não votou porque seu presidente já tinha saído da reunião no momento da votação. Lucas Uebel | Grêmio FBPA

Os meninos resolvem Por Cesar Caldas Guilherme Parede, Julio Rusch, Thiago Lopes (nos 3x0 contra o Londrina), Thalisson Kelven e Evandro (na vitória diante do Toledo), todos oriundos das categorias de base do Coritiba, resolveram favoravelmente a classificação do time alviverde à semifinal do primeiro turno do Campeonato Paranaense. A crítica, que sistematicamente fiz nos últimos três anos à política de aproveitamento dos garotos, não cabe em 2018. Diferentemente do que ocorria na gestão passada, quando os atletas oriundos do Sub-20 eram jogados às feras no segundo turno do Brasileiro, desta feita estão sendo observados e testados em campo no momento apropriado: o primeiro quadrimestre da temporada. Como se viu nos cinco dias entre o sábado de Carnaval e a quarta-feira de Cinzas, estão correspondendo à confiança neles depositada pelo treinador Sandro Forner.

Prova de fogo Por Marcio Mittelbach Depois do jogo diante do Rio Branco, o tricolor entra em um período de recesso forçado. Se, por um lado, a eliminação na primeira etapa do paranaense preocupa o torcedor, do outro, oferece tempo para o time se entender até o próximo confronto pela Copa do Brasil. Na próxima quinta-feira (22), o tricolor encara o Sampaio Correia, em São Luiz do Maranhão, pela Copa do Brasil. Mais uma vez em partida única e com a vantagem do empate, o tricolor vai em busca de mais R$ 950 mil para o cofre. Na primeira fase o prêmio conquistado foi de R$ 880 mil. Se no confronto com a URT, no dia 1, a pressão foi imensa, o que dizer agora, com o time mais entrosado e podendo priorizar a competição? Uma boa chance para esse elenco provar que tem condições de fazer de 2018 um ano especial para a torcida paranista.

Certo por linhas tortas? Na balança Compreender a postura da CBF é algo que eu e muita gente já desistiu de fazer há muito tempo. Como não investir no seu principal produto? Como repassar aos clubes o custo de uma inovação que será benéfica para todos, e que é da responsabilidade da CBF? Seguiremos vendo nossos times serem prejudicados por erros da arbitragem, sem que nada para melhorar esse panorama seja feito.

Ao mesmo tempo, também não há como se fechar os olhos para a postura das equipes. Concordo plenamente que R$ 1 milhão de reais pesa muito mais no bolso do América-MG ou do Paraná Clube do que de do Palmeiras ou Flamengo. Mas será que não é melhor investir agora para deixar o futebol mais justo, do que perder um título ou ser rebaixado por causa de um erro de arbitragem? Qual é o melhor custo

-benefício? Investimento e trabalho ou jogar a poeira pra debaixo do tapete e usar as lambanças dos homens do apito como desculpa para um planejamento ruim no final do ano? Nosso futebol segue com a mania de fazer bobagens e depois colocar a culpa numa suposta perseguição de A ou B para justificar os fracassos. É por essas e outras que todo dia é um 7 a 1 diferente por essas bandas…

Por Roger Pereira Dos times paranaenses que tiveram calendário até o final do ano, o Atlético foi o único que não sofreu neste primeiro turno do campeonato estadual, liderando seu grupo. Ironicamente, foi o único clube que optou por disputar o campeonato com um time alternativo, escalando jogadores do elenco sub-23 ou veteranos que não estão tendo espaço na equipe principal (que só disputou um jogo oficial até agora). E talvez esse tenha sido o segredo do sucesso rubro-negro. Mesmo renegando o estadual, pôde preparar a equipe com certa antecedência, enquanto Coritiba, Paraná e Londrina colocaram seus principais jogadores em campo sem uma pré-temporada decente e chegaram a passar vergonha no campeonato. Resta saber se a piazada terá fôlego pra chegar ao título quando os rivais se acertarem.


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