Lia R. Bianchini
Geral | p. 3
Marielle, presente!
Cultura p. 10
Festival de Teatro Evento começa na próxima terça (27) com mais de 300 apresentações gratuitas
Assassinato de vereadora carioca mobiliza atos no Paraná
Divulgação
Ano 3 | Edição 74
PARANÁ
22 a 28 de março de 2018
distribuição gratuita
LULA VEM AÍ
Caravana chega na próxima segunda-feira (26) ao Paraná e termina com ato em Curitiba, no dia 28. Mesmo diante de perseguição política, pré-candidato à presidência viaja pela região Sul. Lula quer ver de perto as transformações dos governos petistas e os efeitos dos retrocessos de Michel Temer Paraná | p. 9 Paulo Porto
Esportes | p. 12
Pedalada consciente No próximo domingo (25), ciclistas vão até o Barigui pelo fim da violência contra as mulheres
Brasil | p. 8
Água não é mercadoria Paranaenses participam de Fórum Alternativo Mundial para defender direito à água Joka Madruga
LUTA PELA TERRA
Conflito entre indígenas e ruralistas no Oeste do Paraná tende a acirrar em 2018 Paraná | p. 6 e 7
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
ÁGUA NÃO É MERCADORIA
OPINIÃO
Congresso do Povo: hora de ouvir os trabalhadores
ganizativo para a insatisfação das pessoas. O processo se inicia entre março e jornalista do Brasil de Fato Paraná e abril, no Paraná e em outros Estados. integrante da Frente Brasil Popular A iniciativa tem como ponto de partida a retomada do chamado trabalho de Fernando Frazão | Agência Brasil base, como foi feito pela Igreja nos anos 1980. Hoje, vários desafios precisam ser superados. O desemprego se mantém muito alto. A democracia se fragiliza, com a perseguição sem provas contra o ex-presidente Lula. A periferia está refém da agenda da falta de direitos, do extermínio e do encarceramento. Ao mesmo tempo, vivemos um momento político em que a população está aberta ao debate sobre o futuro do país. Nesse sentido, a atual polarização política precisa ter uma saída que seja de interesse das maiorias, ou seja, dos trabalhadores e trabalhadoras, e não das elites. É hora, então, de fortalecer os comitês que já existem pela democracia, Frente Brasil Popular, organização os comitês da Frente Brasil Popular e que conta com 80 movimentos poconstruir o Congresso do Povo. pulares e partidos de esquerda, com diPor isso, o Congresso do Povo é um versos comitês no país, tomou uma atiponto de partida que não se esgota em tude ousada no final de 2017: convocar o um evento. É um proceschamado “Congresso do O Congresso do so, que convida trabalhaPovo”, nos bairros, nas cidores ao envolvimento dades, nos estados, para a Povo é um ponto para superar seus prorealização de mutirões de de partida que blemas. Num momento debate e formação sobre não se esgota em em que mídia comercial, os rumos do país. Judiciário e parlamentaEm um momento de um evento res tomam decisões conretirada de direitos dos trárias aos “de baixo”, é trabalhadores e ataques hora de o povo reagir e tomar os rumos contra quem se organiza, acentuados do país nas mãos. Saiba mais em: www. com o Golpe de Estado de 2016, o Confrentebrasilpopular.org.br gresso do Povo quer dar voz e espaço orPedro Carrano,
O golpe e a repressão sacrificam direitos EDITORIAL
O
brutal assas- A democracia das instituições e, sinato da veeventualmente, da brasileira readora do Rio de população”. Janeiro, Marielle está, a cada A ambiguidade Franco (PSOL), e do dia, mais do “sacrifício” exigimotorista Anderson do é evidente. Após Gomes, em plena violentada haver sacrificado as intervenção militar, conquistas constiturevela que o aumencionais de 1988 em to da repressão estatal é comple- torno de direitos sociais, os goltamente ineficiente para resol- pistas “eventualmente” assistem ver os problemas da segurança à morte da quinta vereadora capública. A democracia brasileira rioca mais bem votada. Contra o está, a cada dia, mais violentada. Golpe de Estado vigente no BraO golpe de 2016, desferido sil, que o povo brasileiro possa contra Dilma Rousseff, teve por honrar as lutas de Marielle e Anfundamento aplicar uma agen- derson, não apenas em sua meda neoliberal no país e inviabili- mória, mas sob sua presença em zar que candidaturas populares nossa História. alcançassem vitória nas Mídia Ninja eleições de 2018. Agora, o golpismo mobilizou o Exército Brasileiro, que se pronunciou oficialmente em 16 de fevereiro: “O Comandante do Exército, em face da gravidade da crise, entende que a solução exigirá comprometimento, sinergia e sacrifício dos poderes constitucionais,
A
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Paraná. Esta é a edição nº 74 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz e Julia Rohden COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Prestes Pazello e Fernando Prioste ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia R. Bianchini e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes FOTOGRAFIA Julio Carignano, Joka Madruga, Giorgia Prates, Betina Juglair, Nelinho Santos e Paulo Porto CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
Brasil de Fato PR
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
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Medicina alternativa Novas práticas de medicina alternativa foram adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como aromaterapia e cromoterapia. Os tratamentos são voltados para a atenção básica, ou seja, para prevenir doenças. Aliados aos métodos da medicina tradicional, o SUS agora conta com 29 técnicas de medicina integrativa e complementar na saúde pública brasileira. Divulgação
QUE DIREITO É ESSE?
FRASE DA SEMANA
“Toda morte me mata um pouco. Dessa forma me mata mais. Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos. Marielle Franco, sua voz ecoará em nós. Gritemos! disse a cantora Elza Soares, em seu perfil no Instagram, após o assassinato da vereadora Marille Franco (PSOL-RJ), no dia 14 de março.
Dani Sandrini
Atos marcam o sétimo dia do assassinato de Marielle Franco Morte de vereadora carioca tem mobilizado milhares de pessoas em todo o país Giorgia Prates
Redação, Curitiba (PR)
Empresas condenadas A Justiça Federal condenou as empresas Syngenta Proteção de Cultivos e Aerotex Aviação Agrícola, por contaminar 92 pessoas com uso irregular de agrotóxicos, no município Rio Verde, interior de Goiás. As empresas devem pagar danos morais coletivos no valor de R$ 150 mil por aplicar agrotóxico por via aérea em local vizinho à escola municipal, causando intoxicação em alunos, professores e funcionários.
Uma semana após o assassinato da vereadora carioca, Marielle Franco (PSOL), e do motorista Anderson Gomes, manifestantes voltaram às ruas do Brasil para homenagear a defensora de direitos humanos. Embaixo de chuva, cerca de 100 pessoas participaram da mobilização em Curitiba, na Praça Santos Andrade, na noite da terça-feira (20). Integrante do Movimento Unificado das Mulheres Negras, Gabriele Santos, destacou a importância simbólica da atividade. “A morte da Marielle foi uma tentativa de calá-la e calar as minorias, mas não vamos ficar em silêncio”, destaca. No Rio de Janeiro, ci-
3 | Geral
dade da vereadora, o ato inter-religioso deste dia 20 também reuniu mais de 30 mil pessoas, segundo a organização. Marielle e Anderson foram assassinados na noite do dia 14 de março, no bairro Estácio, na região central do Rio. Um dia após, milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades no país para protestar. No Paraná, atos foram
registrados em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel. Na capital, mais de mil pessoas participaram da vigília. Mulher negra, nascida na comunidade da Maré e defensora dos direitos da juventude, de moradores de favelas e de policiais, Marielle denunciava os abusos da intervenção militar no Rio de Janeiro.
Fernando Prioste*
O que é Habeas Corpus? Habeas Corpus é o nome da ferramenta jurídica em que se pede ao Poder Judiciário a garantia da liberdade. É usado para pedir a libertação de quem está preso indevidamente, evitar prisão ilegal e anular processo criminal que não respeita a lei, como no caso do ex-presidente Lula. Também serve para garantir direito de locomoção nos protestos. Mais que “direito de bandido”, serve para qualquer pessoa evitar abusos da polícia, do Ministério Público e de juízes. Na ditadura (19641985), o Habeas Corpus foi tirado da Constituição, e impediu que presos e presas políticas tivessem como reclamar de prisões ilegais. Recentemente, o Ministério Público Federal, pelas dez medidas contra a corrupção, também quis dificultar o uso dessa ferramenta. Habeas Corpus é grátis. Qualquer pessoa pode escrever diretamente a um juiz ou tribunal. É melhor que seja feito por advogado ou advogada, porque requisitos da lei precisam constar para dar certo. Se você fizer protesto por direitos no bairro e a polícia abusar, o Habeas Corpus é sua ferramenta de defesa. Advogado popular da Terra de Direitos
4 | Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 22 a 28 de março de 2018 Betina Juglair
Curso de Promotoras Legais Populares está com inscrições abertas para Curitiba e Região
Voltado para mulheres, serão 24 encontros para reconhecer e enfrentar situações de violência Redação, Curitiba (PR)
A
s inscrições para participar da 7ª turma de Promotoras Legais Populares (PLPs) de Curitiba e Região Metropolitana estão abertas até o dia 3 de abril. De acordo com as organizadoras, o objetivo é contribuir para a igualdade e o exercício da cidadania das mulheres, possibilitando maior conhecimento sobre direitos das mulheres. O curso é voltado para trabalhadoras, participantes de movimentos populares, organizações sociais, sindicatos e comunidades tradicionais.
história e ideologia; Para entender a Organizadas por mulheres e para sociedade; Para entender o direito; mulheres, as aulas acontecem todas Para a emancipação das mulheres. as segundas-feiras, às 19h, no préNestes encontros serão abordados dio histórico da Universidade Fedetemas como o direito da mulher traral do Paraná, a partir do dia 23 de balhadora, saúde da mulher, diversiabril. As discussões são sobre situadade sexual, movimentos feministas ções de discriminação e desigualna América Latina e dade de gênero, da democracia formando as partiSerão abordados mito racial. cipantes para reconhecer a ocorrên- temas como o cia de violações e direito da mulher, Serviço O curso é gratuito e para parse empoderar para diversidade ticipar é preciso se enfrentá-las. São 24 sexual e mito da inscrever por formuencontros divididos em quatro eixos te- democracia racial lário online disponível na página do Famáticos: Mulheres,
cebook das “Promotoras Legais Populares de Curitiba e Região”. São 60 vagas e, por isso, é feita uma seleção a partir das informações colocadas no formulário. É oferecido custeio do transporte de ida e volta para Curitiba e Região Metropolitana para as participantes que precisarem. Também há um espaço para as crianças, caso alguma mulher precise trazer filhos ou netos para assistir às aulas. A partir de 5 de abril, as mulheres selecionadas para participar serão informadas pelas organizadoras. O curso inicia dia 23 de abril e segue até 29 de outubro, sempre às 19h das segundas-feiras.
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APP Sindicato ganha mais uma ação pelo Massacre do Centro Cívico Redação, Curitiba (PR) Na última semana, a APP-Sindicato ganhou mais uma ação indenizatória movida por um educador, contra o Estado do Paraná, pelas lesões físicas que sofreu enquanto se manifestava, no episódio que ficou conhecido como “Massacre do Centro Cívico”. Foram mais de 200 ações judiciais da APP contra o Estado. Quase três anos depois do massacre, cerca de 50 decisões foram favoráveis, condenando o
“A ação policial ultrapassou, em muito, os limites tolerados pela lei e também pelo bom senso” Estado a indenizar os educadores. Para o presidente da APPSindicato, Hermes Silva Leão, a nova decisão judicial demonstra a gravidade do caso. “É um esforço conjunto pela integridade das vítimas”, afirma.
De acordo com a sentença, não há dúvidas quanto à responsabilidade dos agentes públicos, “visto que a ação policial ultrapassou, em muito, os limites tolerados pela lei e também pelo bom senso”. O documento ainda relata que o uso indiscriminado de spray de pimenta, balas de borracha e bombas de gás transformaram o Centro Cívico de Curitiba em palco de guerra. “Do outro lado não existiam inimigos, existiam apenas trabalhadores oriundo em sua maioria da nobre classe dos professores”, afirma a sentença.
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5 | Cidades
Prefeito acusado da morte de procurador em 2015 não foi julgado Leomar Bolzani (PSDB) responde por crime cometido há três anos em Chopinzinho ANPM
Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)
O
assassinato de Algacir Teixeira de Lima, procurador municipal de Chopinzinho, no Sudoeste do Paraná, completa três anos nesta sexta-feira (16) sem que o mandante do crime tenha sido julgado. A Polícia Civil e o Ministério Público afirmam que o então prefeito, Leomar Bolzani (PSDB), pagou R$ 6.500,00 para que Darci Lopes de Aquino executasse o procurador à luz do dia, em março de 2015. Darci foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão em regime fechado. “Não foi um assassinato comum”, analisa Raphael Vieira, vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM). “Ele envolve a violação da prerrogativa de um profissional que defende o erário, defende a sociedade. E houve, ainda, requintes de crueldade”. Algacir foi morto aos 51 anos, na manhã de 16 de março de 2015, quando estacionava o carro na garagem do prédio onde morava, na região central de Chopinzinho. As duas filhas do procurador também estavam na garagem naquele momento e testemunharam a morte do pai. Resta um Das sete pessoas acusadas de participação no assassinato de Algacir, o ex-prefeito é o único que aguarda julgamento. Leomar Bolzani está em prisão domiciliar desde dezembro de 2015.
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados recebeu pedido de informações sobre o caso no último dia 6 de março
João Rosa do Nascimento e Jeferson Rosa do Nascimento foram condenados em dezembro de 2017 por ajudar na fuga do assassino e devem cumprir penas de 15 anos em regime fechado e 10 anos em regime semiaberto, respectivamente. O ex-assessor de Leomar Bolzani, Giovane Baldissera, foi a júri popular ainda em 2015, e acabou condenado a 20 anos de prisão em
Justiça condenou seis pessoas acusadas de participação no crime
ton Ferreira cumprem pena desde julho de 2016, e devem permanecer mais 12 anos em regime fechado por homicídio qualificado. O casal teria subcontratado Darci Lopes de Aquino para matar o procurador.
regime fechado por colaborar no planejamento do assassinato. Elvi Aparecida Haag Ferreira e o marido dela Nil-
Trauma Logo após o crime, a viúva de Algacir, Maristela Bodanese Teixeira de Lima, acionou a ANPM, que acompanha o caso des-
OS SEIS CONDENADOS Jeferson Rosa do Nascimento 10 anos em regime semiaberto
João Rosa do Nascimento 15 anos em regime fechado
Elvi Ap. Haag Ferreira 15 anos em regime fechado
Nilton Ferreira 15 anos em regime fechado
Giovane Baldissera 20 anos em regime fechado
Darci Lopes de Aquino 16 anos e seis meses em regime fechado
de então. No último dia 6 de março, a Associação encaminhou um requerimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para pedir informações sobre o processo contra o ex-prefeito. Em menos de 48 horas, o juiz João Ângelo Bueno, da Comarca de Chopinzinho, enviou a Brasília um relato de oito páginas respondendo aos questionamentos. O conteúdo do ofício entregue à Câmara não pode ser divulgado, porque o processo corre em segredo de justiça. A reportagem entrou em contato com a ANPM para tentar conversar com Maristela. Porém, a própria assessoria de imprensa alertou para a dificuldade de se extrair qualquer depoimento da viúva, dado o impacto que o acontecimento teve sobre a vida da família. Raphael Vieira ressalta as ameaças recorrentes sofridas pelos membros da Associação em todo o país, e enaltece o trabalho dos advogados públicos que – como Algacir – não cedem a pressões políticas. “O Ministério Público e o Tribunal de Contas atuam repressivamente, para apagar o incêndio, depois que o estrago foi feito. Enquanto o procurador municipal atua para evitar o incêndio, na primeira fagulha”, compara. “Isso pode gerar um conflito de interesses políticos. A cada dois dias, recebemos um relato de um membro da Associação que está sofrendo algum tipo de assédio ou tentativa de usurpar sua função”, finaliza.
6 | Paraná
Brasil de Fato PR
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
Conflito entre indígenas e ruralistas no Oeste do Paraná tende a acirrar em 2018
INSEGURANÇA
Plataforma Logística de Guaíra: mais um conflito?
Grupo de Trabalho, convocado por Funai e Ministério Público, realiza laudo sobre a demarcação de terras em Guaíra e Terra Roxa Julio Carignano
Pedro Carrano, Guaíra (PR)
“
-Ei, índio. - O que foi? - Verdade que você vai invadir minha casa? - Não é assim” O diálogo acima, relatado por uma liderança indígena, não é eventual, mas uma realidade do dia a dia para as 14 comunidades indígenas Avá Guarani, ocupantes de territórios no entorno das cidades de Guaíra e Terra Roxa, região Oeste do Paraná, na relação tensa com a comunidade local e com produtores rurais da região. O racismo e a hostilidade contra os povos indígenas são constantes. Embora a repercussão da mídia local seja recente, o conflito iniciou há treze anos com a ocupação da aldeia Marangatu, em 2005. Hoje, 14 áreas foram recuperadas pelo movimento indígena, onde vivem 2100 guaranis. Atualmente existem 15 ações de despejo forçado emitidas às ocupações. Por enquanto, a partir de intermediação do Ministério Público, não acontece a execução de despejo, mas novas ocupações também não serão feitas pelos indígenas. Esse frágil acordo permanece ao longo da realização de um Grupo de Trabalho (GT) nacional, convocado por Funai e Ministério Público, que tem um ano para realizar um laudo sobre a demarcação de terras na região. Um 2018 que deve ser turbulento “Se sairmos, vamos voltar”, avisa o jovem cacique Nei*, da aldeia Pohã Renda, em Terra Roxa, uma aldeia de quase noventa pessoas. Ele define como irreversível o atual movimento de retorno dos povos guarani para Guaíra, que consideram sua região de origem. Caso as terras não sejam demarcadas, em 2018, a disputa na região
entre os Avá-Guarani, proprietários e empresas locais deve se intensificar. Na avaliação de Paulo Porto Borges, vereador de Cascavel (PC do B), o poder público, a prefeitura e câmara de vereadores de Guaíra tem alimentado o discurso de medo e ódio na comunidade, ao não tratar o conflito de maneira objetiva e tomar partido contrário aos indígenas. Para o vereador, como a demarcação é um fato irreversível, o poder público deveria preparar as condições nesse sentido. “A relação (dos indígenas) com a prefeitura é muito ruim, a prefeitura apenas tolera a presença indígena, posicionada ao lado do agronegócio. A prefeitura e a casa legislativa, em vez de se colocarem como órgãos mais independentes, são entidades posicionadas, o que alimenta o preconceito”, critica. Borges enxerga que o discurso do medo tem sido galvanizado politica-
mente na região, o que avalia como temerário. “Evandro Roman (PSD), Osmar Serraglio (MDB) veem no aumento da disputa formas de colher votos em cima do medo. São figuras que, caso aconteça alguma tragédia em Guaíra, a responsabilidade passa por eles”, afirma Porto.
Os indígenas afirmam que a região, banhada pelo Rio Paraná, na fronteira com Salto del Guayrá (Paraguai) é terra de seus antepassados
No final de 2017, Serraglio recebeu no seu gabinete, em Brasília, o prefeito de Terra Roxa, Altair de Pádua, e representantes do agronegócio local, da OAB de Guaíra e Wagner José Rodrigues, do Sindicato Rural de Terra Roxa. Desconfiança com encaminhamentos Os indígenas, por sua vez, não demonstram muita confiança no processo de grupos de trabalho e nos encaminhamentos para a demarcação. A família de Juçara*, vice-cacica da aldeia Y Hovy, próxima ao centro de Guaíra, critica a lentidão da Fundação Nacional do Índio (Funai) e de Itaipu, e aponta que 2018 pode ser marcado por resistência das aldeias se não houver demarcação. “Não dá para mostrar que tudo está tranquilo, vamos mostrar resistência”, aponta.
Tensão histórica Especialistas ouvidos pela reportagem enxergam um componente particular no caso de Guaíra. Diferente do Mato Grosso do Sul, o conflito no Oeste do Paraná acontece entre ocupantes, pequenos e médios produtores. Mas as áreas ocupadas também se dividem entre uma antiga empresa do agronegócio, caso da Mate Larangeira, a Itaipu Binacional e a mineradora Andreis LTDA. Josemar Ganho, ex-secretário de planejamento de Guaíra, defende que parte da responsabilidade pela vinda de guaranis para a região é dos próprios proprietários, que contratavam “parte da mão de obra indígena, precária, que não apresentava ameaça trabalhista”, denuncia. Num olhar histórico, os povos afirmam que a região, banhada pelo Rio Paraná, na fronteira com Salto del Guayrá (Paraguai) é um local onde sempre viveram e se refugiaram, desde o período da invasão colonizadora. É terra de seus antepassados. Juventude indígena assume relação com a sociedade Nas comunidades visitadas pela reportagem, as lideranças são jovens, característica comum a muitas áreas. Eles possuem contas atuantes em redes sociais, articulam-se via celular e conhecem a situação em outras regiões do país. “Eu mesmo não fazia ideia da luta pela terra, luta política grande, não só em Guaíra, mas em todo o Brasil”, afirma Claudio*, liderança da comunidade Y Hovy. Nei explica que, apesar da referência espiritual da comunidade seguir sendo o chamado rezador, houve uma separação entre o contato dos indígenas com o mundo da política, que está a cargo de lideranças jovens como ele. “Desde pequeno, converso com os brancos”,
“A prefeitura apenas tolera a presença indígena, está posicionada ao lado do agronegócio”, Paulo Porto Borges enfatiza. Ele passou no curso de Direito da Unioeste, em Cascavel, e é um dos dez estudantes oriundos de comunidades que passaram na universidade em 2017.
7 | Paraná
Problemas imediatos Ao lado do problema estrutural de violência, racismo e tentativa de expulsão dos territórios, há questões imediatas que dificultam a vida nas comunidades indígenas. José*, liderança da comunidade Marangatu, elenca uma série de problemas para os quais a prefeitura de Guaíra não dá resposta. Desde o fornecimento de telhas até a atual ausência de funcionários da Funai na cidade. A falta de documentação para jovens, adultos e recém-nascidos e conflitos em torno do acesso à água também são frequentes. *Seguindo metodologia de outros estudos na região, os nomes foram alterados para evitar qualquer forma de perseguição ou ameaça contra os entrevistados.
A ampliação Plataforma Logística de Guaíra também coloca mais insegurança para os indígenas. O projeto de integração de cidades paranaenses com estados como Mato Grosso do Sul para transporte começou há 10 anos, com a construção da Ferroeste. Esse corredor que prevê integrar modais como hidrovias, ferrovias, rodovias e aerovias passa onde está instalada umas das aldeias de Guaíra. Josemar Ganho, secretário de planejamento de 2013 a 2014 em Guaíra, durante gestão do ex-prefeito Fabian Venduscrolo, não vê o projeto como contraditório à posse dos indígenas pela terra. Responsável pelo plano diretor e levantamento territorial de toda a situação do município, Ganho defende a execução do projeto e, ao mesmo tempo, a garantia da alocação das comunidades para o que classifica de “pequenos assentamentos”. “São comunidades tradicionais que têm que ter direito a essas áreas”, aponta.
SERVIÇOS PÚBLICOS
8 entre 14 aldeias Avá-Guarani localizadas em Guaíra e Terra Roxa não contam com fornecimento de energia elétrica
FONTE: Relatório sobre violações de direitos humanos contra os Avá Guarani do Oeste do Paraná, Comissão Guarani Yvyrupa, agosto de 2017
7 entre 14 aldeias não possuem abastecimento de água
87 | Brasil
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
Para onde vão correr as águas do Brasil? Mais de 20 municípios do Paraná participam do Fórum Alternativo Mundial da Água, em Brasília Joka Madruga
Ednubia Ghisi, Brasília (DF)
À
s 7h30 da manhã do dia 17, Cristian Junior Vozniak e o irmão Lucas saíram de casa, no município de Planalto, para se juntar à caravana de mais de 50 pessoas do Paraná rumo ao Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), em Brasília. Cerca de 1.600 quilômetros rodados e grupo chegou à capital federal, às 1h30 do dia 19, para se somar a outras 7 mil pessoas, também vindas do interior e de grandes cidades brasileiras. Deste total, 170 vieram de outros 35 países do mundo, dos cinco continentes. Todos estão reunidos, até do dia 22, em atividades de formação e mobilizações. Esta diversidade de pessoas tem uma coisa em comum: a defesa da água
como um direito, e não com uma mercadoria que pode ser negociada. No caso de Cristian, os motivos que o levaram ao Fórum são as consequências negativas da construção da Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu, na divisa entre Capanema e Capitão Leônidas Marques. Mais de mil famílias são afetadas, ainda sem garantia de indeni-
zação ou realocação digna. A defesa das empresas pública de saneamento e energia também está no centro das preocupações. Vera Lucia Nogueira, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores nas empresas de água, esgoto e saneamento de Maringá e região noroeste do Paraná (Sindaen), reforçou a defesa da Sanepar, tam-
bém ameaçada pela onda de privatizações: “Temos que defender a água como direito, como vida. A empresa [Sanepar] como um todo é um bem de todo o Paraná, por isso temos que defendê-la”. O Comitê Paranaense do FAMA aprovou um documento com a adesão de 17 entidades, em que apresentam as reivindicações do estado. O FAMA acontece em oposição ao Fórum Mundial da Água, que nos mesmos dias em Brasília, batizados pelos movimentos sociais como “Fórum das corporações”. O apelido está relacionado às grandes empresas integrantes do evento, com Coca-cola, Nestlé e Ambev. O governo golpista de Michel Temer (MDB) é um dos financiadores e apoiadores do Fórum oficial, onde negocia a privatização do setor elétrico e de saneamento.
Mulheres sem terra lideram atos em defesa da água em todo país Redação, São Paulo (SP) Mulheres sem terra organizaram manifestações de massa em todo país no dia 20, como continuidade da Jornada de Lutas iniciada no 8 de março. A temática principal das ações foi a denúncia contra a exploração comercial da água, pano de fundo das articulações que o governo golpista de Michel Temer faz com organizações multinacionais no “Fórum das corporações”. Mais de 600 trabalhadoras rurais sem terra ocuparam a fá-
Mais de 600 trabalhadoras rurais sem terra ocuparam a fábrica da Nestlé, em São Lourenço (MG) brica da Nestlé, em São Lourenço (MG). Antes da chegada da fábrica da empresa, em 1997, as águas eram amplamente utilizadas para tratamento medicinal pelos moradores. Em Sergipe, cerca de 300 as-
sentados ocupam a portaria da Usina de Xingó, em Canindé de São Francisco, desde as primeiras horas da manhã. Cerca de duas mil mulheres sem terra da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Alagoas participaram da ocupação na sede da Chesf (Companhia Hidroelétrica do Vale do São Francisco), em Paulo Afonso, na Bahia, para denunciar a tentativa de privatização. Mulheres sem terra também fecharam um trecho da rodovia BR-101, em Conceição da Barra, no Espírito Santo.
CONTRA A PRIVATIZAÇÃO Como parte das ações do FAMA, cerca de 700 pessoas protestaram em frente à Eletrobras, em Brasília (DF), na manhã desta quarta-feira (21). O público presente no ato expressou a diversidade do FAMA: agricultores semterra, atingidos por barragens, trabalhadores do setor elétrico e de movimentos sociais. De acordo com trabalhadoras da Eletrobras, a maioria dos funcionários da empresa deixou seus postos de trabalho para aderir ao protesto nesta manhã. Ianaê Carraro, trabalhadora no setor de Meio Ambiente há 11 anos, estava entre elas: “Eu participo como empregada, por que acho que é importante. Sou a favor do patrimônio público brasileiro, das empresas públicas”.
Brasil de Fato PR 9
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
9 9| Paraná Ricardo Stuckert
LULA VEM AÍ Caravana de Lula vai recorrer 19 cidades dos estados do Sul e finaliza em Curitiba, no dia 28
Redação, de Curitiba (PR)
O
ex-presidente Lula percorre a região Sul do país, passando por 19 cidades durante 11 dias. A caravana começou na segunda-feira (19), em Bagé (RS) e encerra em Curitiba, na próxima quarta-feira (28). Lula vai
2ª Parada Foz do Iguaçu Segunda-feira (26)
Na tarde do dia 26, às 17h, a segunda agenda de Lula no Paraná será o Seminário Internacional da Tríplice Fronteira, no Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinef).
passar por outras cidades gaúchas e chega à capital catarinense no sábado (24). De lá, ele segue para o Oeste de Santa Catarina e chega em terras paranaenses na segunda-feira. Esta será a quarta etapa do projeto Lula pelo Brasil, que já percorreu de ônibus a região Nordeste e Sudeste, além de uma jornada específica por
Minas Gerais. De acordo com o PT, partido pelo qual Lula é pré-candidato à Presidência da República, o objetivo é conhecer de perto as transformações dos governos petistas nas cidades brasileiras e os efeitos dos desmontes dos programas e políticas públicas de inclusão social a partir do golpe que colocou Michel Temer na presidência.
3ª Parada Quedas do Iguaçu | Terça-feira (26)
4ª Parada Laranjeiras do Sul Terça-feira (27)
Lula chega a um dos principais enclaves da luta pela reforma agrária no Paraná: Quedas de Iguaçu. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem ocupações e assentamentos em áreas alvos de disputa judicial com a madeireira Araupel. A justiça confirma que parte das áreas da empresa são fruto de grilagem. O conflito na região já resultou no assassinato de dois agricultores, em 2016. Lula participa do ato em defesa da reforma agrária, às 12h, na Praça São Pedro.
1ª Parada Francisco Beltrão Segunda-feira (26)
A cidade de Francisco Beltrão será a primeira a receber o expresidente Lula no Paraná. As boasvindas a Lula no estado serão com um ato da agricultura familiar de toda a região Sudoeste, às 10h, na Praça da Concatedral Nossa Senhora da Glória.
Foz do Iguaçu
Quedas Laranjeiras do Sul do Iguaçu
Francisco Beltrão
No dia 26, quando Lula chega ao Paraná, os juízes do Tribunal Regional da 4 Região (TRF4) vão analisar os embargos de declaração apresentados pela defesa do ex-presidente, último recurso contra sua condenação em segunda instância no caso triplex. A decisão deve ser publicada em até 48h.
A visita terá duas agendas. A primeira será às 15h30, nos laboratórios de agronomia e no restante do Campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), criada pelo ex-presidente, em 2009. A segunda parada será às 17h30, em uma confraternização com as famílias do Assentamento 8 de Junho. O município tem cerca de 14 mil habitantes e quase 70% da população vive em áreas de assentamento ou acampamento.
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5ª Parada Curitiba Curitiba |Quarta-feira Quarta-feira(28) (28) Quedas do Iguaçu
A capital do estado recebe Lula pela terceira vez em menos de um ano. O ato em Curitiba será às 17h, na Praça Santos Andrade, como marco de encerramento da caravana pelo Sul do Brasil.
Paraná, 22 a 28 de março de 2018
10 9 | Cultura
Festival de Teatro de Curitiba começa na próxima terça (27) com mais de 400 atrações Com o tema “festival para todos”, a 27ª edição terá espetáculos teatrais e musicais, além de oficinas e palestras Redação, Curitiba (PR)
tival e também no Shopping Mueller e no Park Shopping Barigüi.
Reprodução
Divulgação
Peça Domínio Público O espetáculo DoNa próxima terça-feira (27), começa o 27º mínio Público foi feito especialmente para o Festival de Teatro de Curitiba que faz da caFestival e tem a presença de artistas que pital paranaense e da região metrocausaram polêmicas em 2017. Um politana palco de artistas de todo deles é o performer Wagner Scho Brasil. O festival segue até 8 de wartz, responsável pela idealização abril, com mais de 400 apresene encenação de “La Bête”, na qual tações de teatro, música, oficinas permanecia nu enquanto o público e palestras. Com o tema “festival podia manipular seu corpo, colopara todos”, a edição tem cando-o em diferentes posiespetáculos com preços ções. que variam de graOs outros artistas tuito a R$ 70. que compõem o Só na rua, elenco são a atriz são mais de travesti Renata 70 apresentaCarvalho (que ções e um púinterpretou Jeblico estimado sus na peça “O de 30 mil pesEvangelho Sesoas. O festival gundo Jesus, a apresenta outras 384 sesRainha do Céu”) e Maisões grátis e 138 no siskon K (paranaense que tema “pague o quanto chegou a ser detido duvale”, no qual o público rante uma performanescolhe o quanto paga. ce em Brasília por estar O Festival de Teasem roupas). tro está presente em O público infantil pode assistir diversas peças mais de 90 espaços de gratuitas e outras realizadas na rua, como Para as crianças Os peCuritiba e da Região Me“A Bruxa e o Lobo” quenos poderão assistir tropolitana, com atividaa boa parte dos espetáculos gratuitos. Um des em áreas públicas de Pinhais, São José exemplo é a peça “A Bruxa e o Lobo”, da Cia dos Pinhais e Araucária. Já em Curitiba, há GiKlaus, que será apresentada na Praça Meatrações próximas a bairros como CIC, Cennonitas (no Boqueirão), no Bosque do Tratro, Boqueirão, Boa Vista, Tatuquara, Alto da balhador (na Cidade Industrial) e na Feira LiGlória, Hugo Lange, Batel e Tarumã. vre do Alto da Glória. Os ingressos estão à venda no site do Fes-
AGENDA CULTURAL Divulgação
Pololos
O quê: Pololos é um espetáculo que mostra a divertida disputa por atenção de Caxias e Chorona, um casal atrapalhado que tenta mostrar todas as suas habilidades circenses. Em meio a malabares, acrobacias, música e brincadeiras eles descobrem juntos que compartilhar pode ser bem mais divertido Quando: Dia 24, sábado, às 15h Onde: Circo da Cidade, Lona Zé Priguiça - Rua Benedicto Siqueira Branco, Alto Boqueirão. Pague quanto quiser!
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Brasil de Fato PR
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11 | Cultura 11
DISTRAÍDOS CANTAREMOS Ricardo Prestes Pazello*
Evanira, a maior cantora do Paraná A artista fez história também como atriz e apresentadora de TV Na TV e no teatro Evanira cresEra o primeiro dia de transmisceu como cantora e caiu nas grasão. Ia ao ar o Canal 6, segundo caças do público ao ser a primeira munal de televisão do Paraná. Às 21 holher negra a apresentar um prograras do dia 19 de dezembro de 1960, ma de televisão na terra das araucáum evento musical lota a Sociedarias. O programa chamava-se “Evade Thalia. Entre as atrações Agnalnira Canta”, e sua marca eram os do Rayol e Pery Ribeiro. No entanto, sambas-canções de sucesso nacioquem abre o show e rouba a cena é nal que a cantora interpretava. Ao uma mulher negra, a cantora curitiseu lado, Breno Sauer e seu Conjunbana Evanira dos Santos. to, acompanhando as atrações. Considerada (e premiada) a Nos anos 70, período de chummaior cantora do Paraná entre as bo grosso da ditadura, décadas de 50 e Evanira vai se destacar 70, Evanira fez É curioso que por fazer parte de musihistória tamCuritiba esqueça cais políticos do diretor bém como atriz e apresentadora um ícone artístico de teatro Oraci Gemba. Ele era um homem de de TV. É curioso que ocupou seu esquerda e montou, em que Curitiba esimaginário por Curitiba, as peças do queça, com tanTeatro de Arena. ta facilidade, de pelo menos três Em 1971, o sucesum ícone artísdécadas so nacional de “Arena tico que ocupou conta Zumbi”, de Guarseu imaginário nieri e Boal, estréia no Guairão. No por pelo menos três décadas. Será ano seguinte, o Teatro Paiol receque é por que Evanira não era desbe a primeira peça de teatro de sua cendente de europeus? história, “Arena conta Tiradentes” Tendo iniciado sua carreira na (dos mesmos autores). Também em Rádio Guairacá, ainda adolescente, 1972, “Via Crucis”, escrita pelo pródeve ter enfrentado inúmeros perprio Gemba, é encenada no Teacalços. Afinal, a Curitiba dos anos 50 tro Guaíra. Todas eram musicais de não era uma viagem muito diferente forte cunho político, surpreendendo que é hoje.
Bolo de banana com rapadura
Arquivo
Busque na internet Áudio de apresentação em Florianópolis, “O vento e a saudade” (1957) Áudio de “Funeral para um rei negro” (1975), com Evanira e Lápis
*Professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), músico amador e militante da Consulta Popular
MODO DE PREPARO
DICAS MASTIGADAS
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INGREDIENTES → 3 ovos → ½ xícara de chá de óleo → ½ xícara de chá de ameixa seca sem caroço (ou uvas passas) → 2 bananas da prata maduras → ½ xícara de chá de rapadura picada → 1 ½ xícara de chá de canela → 3/4 de xícara de chá de aveia em flocos finos → 1 xícara de chá de flocos de milho para cuscuz → 1 colher de sopa cheia de fermento em pó
do que tenham driblado a censura da época, e em todas elas Evanira atuou, mostrando seu engajamento com a arte nacional e seu bom gosto em termos de escolhas profissionais. Décadas mais tarde, nos anos 90, atuaria também em peças como “Bruxas de Salém” e “Ópera dos 3 vinténs”. É com “Funeral para um rei negro”, porém, que Evanira vai entrar para a história. Ao lado do cantor Lápis (que a chamava de “irmã”) e também dirigida por Gemba, estrelou em um espetáculo musical que marcou gerações naquele ano de 1975 (há registros sonoros do espetáculo preservados). A canção-título foi uma homenagem a Joãozinho da Goméia, tido como um dos mais antigos babalorixás brasileiros. A música paranaense só pode agradecer a este ídolo que tanto de nossa história cultural carrega consigo. No mês em que se celebra o dia de luta das mulheres, nada melhor do que rememorar nosso povo da arte e política da grande Evanira, a maior cantora paranaense!
1. Faça o chá de canela utilizando 3 pedaços de casca de canela e 2 ½ xícaras de água. Deixe ferver por 10 minutos que a água vai secar um pouco; 2. Retire os pauzinhos e derreta a rapadura nesse chá até dissolver completamente e não deixe esfriar; 3. Bata no liquidificador por 5 minutos os ovos, o óleo, as ameixas sem caroço, as bananas e o melaço de rapadura; 4. Em outra vasilha, misture a aveia, os flocos de milho e o fermento. Despeje a mistura batida por cima dos ingredientes secos e mexa devagar. A massa fica como um creme grosso; 5. Coloque o bolo em uma forma untada com furo no meio e deixe assar por 30 a 40 minutos em fogo baixo.
12 | Esportes
Brasil de Fato PR
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Pedalada pelo Fim da Violência Contra a Mulher ocorre domingo (25) Atividade começa às 9h, na Praça Santos Andrade Nelinho Santos
Redação, Curitiba (PR)
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sindicais. O ponto de partida é a Praça Santos Andrade, às 9h, com percurso até o Parque Barigui – no total, 4,5 quilômetros de extensão. Em paradas ao longo do trajeto, serão sorteados brindes e a vendidas camisetas do evento.
ma pedalada no domingo pela manhã, do Centro de Curitiba até o parque Barigui. Poderia ser um passeio rotineiro de final de semana, para exercitar o corpo e aproveitar a cidade. Mas, no dia 25 Violência O Brasil tem uma taxa de quade março, o convite é para a 6ª edição da se cinco assassinatos por 100 mil mulhePedalada pelo Fim da Violência Contra a res, de acordo com dados da Organização Mulher. Mundial da Saúde. Este índice deixa o país “É uma forma de chamarmos a atenção na 5ª colocação, entre 83 países avaliados. da população para este problema tão sério, “Um dado alarmante. Além de forma lúdica, envolvendo disso, o assassinato de muatividades esportivas”, ex“É uma forma lheres negras cresceu 54%, plica uma das organizadode chamarmos dados de 2003 a 2013”, comras da ação, Anacélie Azepleta Anacelie. vedo, petroleira e secretária a atenção da De acordo com ela, toda Mulher da Central Única população para dos os indicadores avaliados dos Trabalhadores do Paraeste problema quando o assunto é violência ná (CUT-PR). contra a mulher são alarmanMarcada no mês da mutão sério, de tes. “Os dados sobre estupros lher, a atividade faz parte do forma lúdica” também são exorbitantes. Em calendário oficial de eventos da Central, realizada junAnacélie Azevedo nosso país uma mulher é violentada a cada 11 minutos”. to de outras nove entidades
Hora da verdade
O poder da reabilitação
Por Roger Pereira
Por Marcio Mittelbach
Por Cesar Caldas
Durante entrevista coletiva concedida no último dia 20, o volante Leandro Vilela, prata da casa e um dos destaques do time, fez um comparativo entre o Paraná da última década e o Paraná de hoje. O garoto de 22 anos afirmou que chegou a ficar 9 meses sem salário. Lembrou ainda que muitas vezes as refeições no Clube eram sem carne por falta de recursos. É óbvio que o Vilela exagera quando diz que “hoje estamos no paraíso”. Aliás, o Paraná não vai voltar a ter o respeito de outros tempos do dia pra noite ou em uma gestão da diretoria. Ainda temos muito a percorrer. Porém, não perder de vista essa evolução é fundamental. Não por acaso estamos na Série A. E não será por acaso que vamos nos manter nela. Sem o profissionalismo da atual diretoria e o comprometimento da torcida, nada disso seria possível.
O Coritiba inicia nesta quinta-feira (22) sua preparação para os jogos que definirão o título do Campeonato Paranaense, disputados nos dias 1º (domingo de Páscoa) e 8 de abril. Eliminado da disputa do segundo turno do Estadual, o clube terá uma vantagem sobre seu futuro oponente: tempo maior de treinamento para os duelos definitivos. Caberá ao técnico Sandro Forner definir o “onze” que considere ideal para a titularidade, bem como exercitar, de modo exaustivo, o posicionamento tático adequado e as jogadas de aproximação dos meio-campistas aos atacantes. Tem sido esta a principal deficiência coritibana no início da temporada, pois o elenco se ressente da falta de um bom armador. O torcedor espera que, enquanto isso, a diretoria busque os imprescindíveis reforços para a estreia no Campeonato Brasileiro.
O Atlético segue invicto em 2018, e segue também sem empolgar. No Campeonato Paranaense, mesmo jogando com o time de aspirantes e tendo a melhor campanha, acabou eliminado pelo frágil Rio Branco nas semifinais do primeiro turno. Na Copa do Brasil, avançou para a quarta fase, mas sempre com grandes sustos. O último deles foi precisar dos pênaltis para eliminar o Ceará. Agora, chegou a hora da verdade nas duas competições. No estadual, vêm aí as semifinais do segundo turno e a oportunidade de decidir o campeonato contra o Coritiba. Na competição nacional, um confronto contra o São Paulo, que mesmo não atravessando boa fase, tem camisa e até um histórico de rivalidade com o Furacão. As próximas semanas colocam à prova todo o planejamento da temporada atleticana e dão ao torcedor noção do que esperar no Campeonato Brasileiro.
11 dias para o onze