Cultura | p. 7
Esportes | p. 8
Meu corpo é político MC Linn da Quebrada (foto) é uma das travestis que participam do documentário. Diretora estará em Curitiba nesta quinta (11)
Torcida contra o fascismo Torcedores dão exemplo de democracia em tempos bicudos
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PARANÁ
Ano 3
Edição 99
11 a 17 de outubro de 2018
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
DISPUTA PELO BRASIL Brasil | p. 5
PROJETOS DE CANDIDATOS A PRESIDENTE SÃO BEM DIFERENTES. FIQUE DE OLHO SE VOCÊ QUER: Fim do 13º Fim da universidade pública Liberação de armas Violência Mentiras na internet Privatização de tudo
Brasil | p. 6
Brasil | p. 5
Opinião | p. 2
Seguem vendendo!
Violência sem fim
Qual corrupção?
Em “fim de feira”, governo segue privatizando
Morte e agressões por causa das eleições
A desigualdade social também é uma forma de corrupção
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Bolsonaro = repressão contra o povo! EDITORIAL
L
ogo depois do resultado da apu- foram depredadas. Em 28 de ouração das urnas, no dia 7, o can- tubro haverá o segundo turno das didato Jair Bolsonaro (PSL) afirmou eleições presidenciais no Brasil. São que irá “botar um ponto final em to- menos de três semanas para o dodos os ativismos do Brasil”. No mes- mingo quando, nas urnas, o povo mo dia, o mestre de capoeira Moa brasileiro deverá escolher entre dois de Katendê, de 63 anos, foi assas- projetos de país. A cada dia fica sinado na Bahia com mais evidente o que doze facadas em seu Para andarmos está em jogo. O cancorpo. Bolsonaro No centro de Curi- seguros nas ruas, didato apresenta a segurantiba, um carro foi ati- é preciso não ça como sua princirado contra o cineaspal pauta, mas desta Guilherme Daldin, eleger o ódio e tinou apenas 0,3% que vestia uma ca- sim melhorar de seu orçamento na miseta com a ima- a economia área, ao mesmo temgem do ex-presidente e valorizar os po em que incentiva Lula. Na terça-feira, a violência. um estudante da trabalhadores Para andarmos seUFPR foi brutalmente guros nas ruas, é preferido por um grupo de 15 pessoas que gritavam apoio a ciso não eleger o ódio e sim melhorar a economia e valorizar os Bolsonaro. Na mesma ocasião, a Casa da Es- trabalhadores. Por isso, neste motudante Universitária (CEUC) e a mento, o voto em Haddad é necesbiblioteca da universidade também sário para a defesa de nossas vidas.
SEMANA
OPINIÃO
Qual corrupção?
Ricardo Prestes Pazello,
Ricardo Prestes Pazello é professor da Universidade Federal do Paraná e militante da Consulta Popular
É
o que mais se ouve falar na televisão: a corrupção é o maior problema do Brasil. Mas será que esta é uma situação nova? Basta olhar para nossa história e perceber que não. Mais do que isso, o argumento costuma servir de desculpa para que as elites derrubem governos mais próximos dos interesses populares. Na verdade, corrupto significa corrompido. Poderia haver coisa mais corrompida do que fazer um acordo e depois enganar a outra parte? Pois é, assim começou a história do Brasil, quando portugueses faziam acordos com os habitantes originais destas terras e, em seguida, para conquistar seu território simplesmente dizimavam ou escravizavam toda a população indígena. Um dos casos mais famosos é o da Confederação dos Tamoios, em 1567. Outro grande exemplo foi o que aconteceu com os africanos. Diga a verdade, leitor, você acha justo prender, expulsar e depois escravizar em país distante alguém só por
conta de sua cor? Mais foi exatamente o que aconteceu no Brasil, que teve quase 400 anos de escravização e cerca de 5 milhões de pessoas negras vítimas da corrupção do ocidente. E o que dizer de um mundo onde 95% das pessoas vivem do trabalho, mas mais da metade da riqueza está concentrada nas mãos de ricos herdeiros e grandes empresários capitalistas? É ou não é corrupção o sistema econômico no qual o Brasil está inserido? A história do Brasil teve outros momentos em que a corrupção se revelou muito mais grave do que agora, como na ditadura militar ou no período das grandes privatizações que quebraram o país nos anos 90. Mas as classes dominantes só se preocupam com corrupção quando o estado brasileiro sinaliza que vai distribuir – mesmo que minimamente – a riqueza, como ocorreu com Getúlio Vargas, que chegou a se suicidar por causa disso, em 1954. Não se trata de considerar desimportante a crítica à corrupção, mas perceber o quanto a mídia está falando a verdade e quais interesses ela está defendendo – os do povo ou os das elites?
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 99 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm, Laís Melo e Lia Bianchini COLABORARAM Manoel Ramires e Ricardo Prestes Pazello NESTA EDIÇÃO ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lia R. Bianchini, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin FOTOGRAFIA Joka Madruga DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/ bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
NOTAS DO
FRASE DA SEMANA
PORÉM.NET
“Pedimos ao eleitor católico que observe se os candidatos pregam mais ou menos democracia... respeito e justiça social”
Manoel Ramires
Seminário na UFPR faz balanço da reforma trabalhista A “reforma” trabalhista que, no próximo dia 11 de novembro, completa um ano, é tema de seminário realizado nos dias 15 e 16 de outubro na Faculdade de Direito da UFPR, com professores, acadêmicos, representantes da Justiça do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho e da advocacia. O objetivo é avaliar os efeitos da mudança das regras de acesso à Justiça do Trabalho e na segurança jurídica, com a discussão sobre questões de impacto nas negociações coletivas e nos processos trabalhistas, a gratuidade e honorários.
PT gerou emprego e renda
Disse o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, Dom Leonardo Steiner, em entrevista ao UOL, na segunda-feira, 8, ao analisar as candidaturas a presidente no segundo turno
“Por que uma pessoa faz um concurso e no dia seguinte está estável no emprego? Ela não precisa mais se preocupar”, disse General Mourão.
“O retorno do neoliberalismo vai agravar a crise e nós vamos seguir um modelo que não deu certo na Argentina. Isso não vai fortalecer o poder de compra do trabalhador, não vai aquecer a economia”, foram as palavras de Fernando Haddad (PT) no início da semana. O modelo argentino a que Haddad se refere é o que vem sendo implementado pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri.
Sindicalista dos EUA visita Lula e lamenta ameaça a direitos no Brasil Joka Madruga
Relatório da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) divulgado em 2017, admitiu: “A taxa de desemprego caiu de forma consistente, gerando 14,6 milhões de empregos formais, e o salário mínimo teve aumento real acumulado (acima da inflação) de 66%” no período petista.
Fim da estabilidade de servidores?
E a situação da Argentina?
Marcelo Camargo
Lia Bianchini
Kristyne Peter, diretora de Relações Internacionais do sindicato dos Metalúrgicos dos Estados Unidos, visitou a Vigília Lula Livre, em Curitiba, no dia 9, e manifestou a preocupação compartilhada por sindicalistas de vários países com a situação política brasileira. Na sua passagem por Curitiba, Peter levou cerca de 700 cartões postais com mensagens de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, escritos por outros trabalhadores norte-americanos.
3 | Geral
O sindicato do qual Kristyne Peter é diretora é um dos maiores da América do Norte, com mais de um milhão de membros espalhados entre EUA, Canadá e Porto Rico. O sindicato representa os setores automotivo, agrícola e aeroespacial, além de trabalhadores de hospitais, ensino superior e organizações privadas sem fins lucrativos. “Como vocês sabem, nós [EUA] estamos sob a administração de Donald Trump e temos visto a destruição dos direitos civis e trabalhistas. E vemos muitas semelhanças entre isso e o candidato da direita aqui no Brasil: misógino, racista, xenófobo, [com propostas que podem] destruir a seguridade social”, disse Peter. Para a sindicalista norte-americana, o atual presidente dos EUA, Donald Trump, é “praticamente igual” ao candidato do PSL à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro. Ela deu exemplo do modo como Trump tem governado o país, atacando diretamente as classes populares. “Ele [Trump] está pretendendo privatizar escolas públicas do nosso país, ele é imprevisível, mente o tempo todo e basicamente está fazendo uma política que vai beneficiar o 1% mais rico [da população], enquanto aumenta a disparidade entre os pobres e os ricos. Isso cria um problema maior”, explica.
Consulta Pública sobre projeto que criminaliza preconceito O site do Senado abriu consulta pública sobre o Projeto de Lei do Senado nº 515 de 2017, que pune a discriminação ou preconceito de origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero, alterando a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 do Código Penal. A votação teve imensa maioria até aqui de pessoas contra o preconceito: 366.169 votos favoráveis e apenas 4.183 contrários.
Sete centrais sindicais com Haddad Presidentes de sete centrais sindicais entregaram, no dia 10, um manifesto em apoio à candidatura de Haddad.
4 | Cidades
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Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Eleição de Ratinho Jr. mantém grupo de Richa no governo Com duas candidaturas, grupo que governa Paraná há décadas vence no primeiro turno Redação
R
atinho Júnior (PSD) venceu a eleição para o governo do Paraná, no primeiro turno, com 60% dos votos válidos. Cida Borghetti (PP) ficou em segundo lugar, com 15%. João Arruda e Dr.Rosinha ficaram com 13% e 8,6%, respectivamente. Destaque para votos brancos, nulos e abstenções que chegaram a 30% do total do eleitorado.
Para Clodomiro Bannwart, professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Londrina, “a eleição de Ratinho Jr confirma as pesquisas e, do meu ponto de vista, confirma também a manutenção de um grupo no governo, o grupo de Beto Richa.” Ele explica que Ratinho foi secretário de Richa e não houve polarização aqui no Paraná com a oposição. “Esse grupo Divulgação
teve duas perspectivas (Ratinho e Cida) e sai vitorioso. Mesmo que tenhamos uma derrota da pessoa do Beto Richa ao Senado, o grupo dele sai vitorioso”, disse em entrevista à Folha de Londrina. Novo governador Ratinho Jr., filho do apresentador Carlos Massa, estreou na política com 21 anos, como deputado estadual. Em 2006, concorreu a deputado federal e conquistou uma vaga na Câmara Federal. Foi reeleito em 2010. Dois anos depois tentou ser prefeito de Curitiba. Após a derrota, foi secretário estadual de Desenvolvimento Urbano no primeiro governo do tucano Beto Richa. Em 2014, elegeu-se deputado estadual e assumiu novamente a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Richa.
PT aumenta bancadas, mas perde Senado
SENADO
Derrota de Requião é a grande surpresa Líder nas pesquisas para o Senado desde o começo das eleições, o atual senador Roberto Requião (MDB) acabou ficando fora, com as eleições de Professor Oriovisto (Pode) e Flavio Arns (Rede). Pelo twitter, Requião afirmou que “no Paraná as em-
presas de pesquisa simularam um crescimento de Beto Richa (Ibope) e me liquidaram com o voto útil em Oriovisto e Arns. Além disso fui atacado com calúnias nos últimos dias. Da melhor condição eleitoral do pais para a derrota em 48 horas. Apreendamos!”, escreveu.
O PT do Paraná aumentou sua bancada de deputados estaduais e federais na última eleição. Na câmara federal, eram dois deputados, agora são três: Gleisi Hoffmann, eleita com o 3º maior número de votos, e as reeleições de Zeca Dirceu e Enio Verri. Na Assembleia Legislativa do Paraná a bancada passou de três para quatro deputados: Professor Lemos (3º mais votado) e Tadeu Veneri, reeleitos, além de Arilson Chiorato e Luciana Rafagnin. A perda foi do mandato de senadora, antes ocupado por Gleisi Hoffmann.
ELEIÇÕES Manoel Ramires
Paranaenses elegem poucas mulheres Apenas quatro mulheres foram eleitas para deputadas estaduais no Paraná. Ao todo são 54 vagas. Isso não chega 8% das cadeiras. Para a Câmara dos Deputados, em Brasília, das 30 vagas disponíveis, somente cinco ficaram com mulheres. Apesar do crescimento em relação a 2014, quan-
do apenas duas deputadas federais foram eleitas, Christiane Yared e Leandre, isso significa 15% da nova composição. Quantidade pequena diante de um estado que tem cerca de 11,3 milhões de habitantes e 7,9 milhões de eleitores. Segundo o IBGE, 52,33% da população são de mulheres.
Goura vai pra Assembleia O vereador Goura (PDT), em breve se despede da Câmara Municipal de Curitiba. Ele foi o único eleito para a Assembleia Legislativa dos 17 que tentaram a mudança de cargo. A saída faz a alegria do prefeito Greca, que o chama de Agourento. Agora, Goura vai fiscalizar Ratinho Jr. PUBLICIDADE
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Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Candidatos falam de prioridades após primeiro turno
FIQUE DE OLHO!
Fernando Haddad É professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP), foi ministro da Educação de 2005 a 2012 e prefeito de São Paulo de 2013 a 2016. Nos governos do PT e, na maior parte com Haddad como ministro da educação, foram criadas 18 universidades federais e 173 campi universitários. Foram implantados também mais de 360 institutos federais de educação. E criados o (ProUni), o Ciência sem Fronteira, assim como a reformulados e ampliados o FIES e o Enem. É casado há 30 anos com Ana Estela Haddad e pai de dois filhos.
ogo após a confirmação do resultado oficial de que haverá segundo turno na eleição presidencial, os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) deram entrevista à TV Globo. Haddad afirmou que o centro de seu plano de governo é a geração de empregos e a valorização da educação, sintetizando suas propostas em “uma carteira assinada em uma mão e um livro na outra”. “É uma grande satisfação estar no segundo turno. É uma situação em que poderemos confrontar dois projetos... Nosso projeto pretende gerar empregos e oportunidades
Candidatos a presidente falam de suas diferentes propostas para o Brasil ção de ministérios e a privatização de empresas públicas –pretende, apenas no primeiro ano, vender 100
empresas que hoje pertencem ao povo brasileiro. Na entrevista, teve de desautorizar seu vice, General Mourão, que falou em acabar com o 13º salário e abono de férias. E desautorizou, também, seu candidato a ministro da Fazenda, que propôs a volta da CPMF e aumento do imposto de renda para os mais pobres. Bolsonaro não vai a debate O deputado federal usou “atestado” de seus médicos para não ir aos debates que estavam programados para esta semana contra Fernando Haddad. Haddad afirmou que está à disposição para debater até na enfermaria, se Bolsonaro quiser.
Onda de violência assola o Brasil
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educacionais”, afirmou. Bolsonaro utilizou seu tempo para reafirmar propostas como a redução da maioridade penal, a redu-
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Em entrevistas Haddad discute geração de empregos e educação. Bolsonaro prega privatização e redução da maioridade penal Redação
5 | Brasil
Desde que resultado das eleições foi conhecido, discussões têm levado a agressões e até morte CWB Resiste
Redação Na Bahia, o músico e mestre de capoeira Moa do Katendê, de 63 anos, foi assassinado na noite do último domingo com 12 facadas nas costas em um bar em Salvador (BA). O caso ocorreu após uma discussão sobre política em que Moa disse votar no PT e foi assassinado por um apoiador de Jair Bolsonaro (PSL). Em Curitiba, no mesmo dia, jogaram um carro em cima do cineasta Guilherme Daldin, que vestia uma camiseta com a imagem do ex presidente Lula. “O carro foi jogado
contra mim, o pneu passou por cima dos meus pés. Depois, saiu em disparada. Quando amigos conseguiram chegar perto, o motorista ameaçou atirar, dizendo que porta-
va uma arma”, diz Daldin. Com a placa identificada, foi descoberto que o perfil do Facebook do motorista continha postagens ódio e pedido de morte a quem apoia o PT.
E na terça-feira, dia 9, um estudante da Universidade Federal do Paraná que usava um boné do MST foi violentamente atacado por um grupo da torcida da Império, do Coritiba. Aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”, cerca de 15 pessoas espancaram o rapaz. Houve depredação no local e também foram quebrados vidros da biblioteca da universidade. Questionado pelo Folha de S.Paulo sobre esses atos de violência de seus apoiadores, Bolsonaro afirmou que: “É um cara lá que tem uma camisa minha, comete um excesso, o que eu tenho a ver com isso?”
Jair Bolsonaro Esteve no Exército de 1979 a 1988, quando foi para a reserva como capitão. É político desde 1988, quando se elegeu vereador no Rio de Janeiro. E deputado federal desde 1990, estando no seu sétimo mandato. Passou pelos partidos PDC, PPR, PPB e PSL. Entre os projetos que defendeu estão o controle da natalidade, revisão das áreas indígenas, a pena de morte, prisão perpétua e redução da maioridade penal e o porte de armas. Está no seu terceiro casamento e teve cinco filhos.
6 | Brasil
Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Amazônia e Petrobras estão em risco
Arquivo Pessoal Presidencia de la República Mexicana
Temer quer privatizar e partido de Bolsonaro é o que mais apoia atual presidente Ana Carolina Caldas
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este ano, a modelo Gisele Bundchen postou nas redes sociais: “É uma vergonha! Estão leiloando a nossa Amazônia”. Ela se referia à extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados, Renca, com mais de 4 milhões de hectares, que Michel Temer liberou para mineração de empresas estrangeiras. Antes de seu fim, o atual governo ainda pretende privatizar mais de 50 estatais com a justificativa de cobrir o rombo das contas públicas. O projeto de venda do Brasil vem sendo executado logo após o golpe que tirou a presidente Dilma Rousseff. Uma das primeiras ações de Temer foi a alteração da lei de exploração do Pré-Sal. Desde lá foram realizados quatro leilões entregando poços de petróleo para empresas estrangeiras. Segundo Anacélie Azevedo, diretora do Sindipetro-PR,
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“tudo o que existia como projeto nacional agora mudou”. Para ela, “a venda do petróleo está na centralidade do golpe.” E na fila de privatizações estão também as refinarias da Petrobras como a Repar (PR) e a Refap (RS). “Não se sabe ainda qual o modelo, mas querem fazer antes que este governo acabe” diz Anacélie. Para ela, se o candidato Jair Bolsonaro for eleito, haverá continuidade desse projeto de entrega das riquezas do Brasil aos estrangeiros, já que o partido dele é o mais fiel a Temer. PUBLICIDADE
PRIVATIZAÇÃO O candidato Jair Bolsonaro defende, em seu programa de governo, a privatização. Para o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-PR), os efeitos são demissões e precarização das condições de trabalho. Os exemplos das estatais que passaram por esse processo demonstram isso. Não haverá mais concursos públicos.
Pior reforma da previdência pode ser votada na surdina Ana Carolina Caldas Em entrevista ao Brasil de Fato-PR, o advogado e especialista em Direito Público e Previdência Pública Ludimar Rafanhin faz um alerta. Para ele, o presidente Michel Temer tem pressa e pode logo após o resultado das eleições querer aprovar a reforma da Previdência na surdina. Brasil de Fato Paraná | O “fim de feira” do governo Temer inclui aprovar a toque de caixa a reforma da Previdência? Qual sua análise sobre isso? Ludimar Rafanhin | O próprio Temer já disse que fará conversas imediatamente após o fim das eleições para aprovar a reforma da Previdência. E, com a pressa que ele está, pode ser votada na surdina a pior versão da reforma, sem as alterações conseguidas com a luta de sindicatos, por exemplo. De que forma isso impactará na vida dos trabalhadores brasileiros? Entendo que, se é para discutir previdência, tem que se falar em financiamento e não em retirar direitos dos trabalhadores. E, sendo aprovada a reforma, teremos 65 anos como idade para aposentadoria, a exigência de 49 anos de contribuição para se aposentar na integralidade, obrigar trabalhadores rurais a fazerem contribuição previdenciária mensal, o que não acontece hoje. Enfim, serão inúmeros retrocessos de muitas lutas que foram feitas para que o trabalhador não seja prejudicado para resolver as contas públicas. Qual é a importância das eleições para esse tema? Temos hoje o candidato Bolsonaro defendendo a retirada de direitos dos trabalhadores. A bancada do partido dele é uma das maiores. Por isso, é preciso garantir a eleição de Haddad para que essa reforma não avance.
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Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Corpos, territórios, narrativas e cinema em debate
DICAS MASTIGADAS
Frango empanado na cerveja
Diretora Alice Riff vem a Curitiba para debater narrativa e construção de documentários
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Laís Melo Paula toma café da manhã com a mãe antes de sair para trabalhar. Linn usa transporte público para ir até um estúdio. Fernando assiste às aulas da faculdade. Giu sai com os amigos para dançar. Ações cotidianas como estas são retratadas por “Meu Corpo É Político”, documentário de Alice Riff sobre quatro militantes LGBT que vivem na periferia da capital paulista. O segundo filme da diretora foi o “Platamama”, um documentário que acompanha uma família de bolivianos imigrantes que vive em São Paulo e trabalha costurando roupas para grandes marcas. Agora, Alice está circulando com o filme “Eleições”, que acompanha quatro chapas concorrendo ao Grêmio Estudantil de uma escola, um exercício de olhar para a democracia
117 | Cultura
Ingredientes 1 quilo de filé de peito de frango 2 copos de farinha de trigo 1 colher (café) de fermento royal 1 colher (sobremesa) sal 1/2 copo de cerveja bem geladinha 1 ovo Óleo para fritar Modo de Preparo Corte o peito de frango em pedaços finos e pequenos, tempere a gosto e reserve. Em uma tigela coloque a farinha, o sal, o fermento e o ovo, misture bem. Acrescente a cerveja aos poucos, até formar uma massa macia e homogênea. Passe o frango na farinha de trigo seca, depois passe na massa de cerveja e coloque para fritar em óleo quente. Sirva quente e pode ser acompanhado com um molho de salada.
desde a prática cotidiana da juventude. “No cinema, me interessa refletir sobre que histórias a gente conta, que imagens devemos produzir e como produzimos essas imagens. Há uma História hegemônica, sempre contada a partir de um único ponto de vista”, conta em entrevista para o site Papo de Cinema. É com essa perspectiva de usar os filmes para pensar temas importantes do nosso tempo que Alice vem para Curitiba nesta quinta-feira (11) para uma grande aula sobre
cinema, propondo o pensamento sobre a narrativa para construção de documentários. O evento é gratuito e aberto a toda comunidade.
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Para ficar por dentro Quando: Quinta-feira (11), às 19h Quanto: Gratuito Onde: Teatro Sesi Portão | Rua Padre Leonardo Nunes, 180 Espaço sujeito a lotação (ingressos disponíveis 1 hora antes da ação)
AGENDA CULTURAL
O quê: Curitiba agora vai contar com a “Praça do Circo”, projeto que disponibiliza gratuitamente espaços públicos adequados para receber companhias circenses itinerantes. Como um programa da Fundação Cultural de Curitiba, o projeto foi criado para permitir às trupes circenses do Paraná e do Brasil a se apresentarem nos parques e praças da cidade, em troca de matinês e vesperais com espetáculos gratuitos para alunos da rede municipal de ensino Quando: lançamento em 11 de outubro, 13h45 Onde: Parque Barigui – Circo Zanchettini, BR 277 (próximo ao heliporto) Quanto: Gratuito
O quê: Em outubro, a Cinemateca de Curitiba sedia o 3º Ciclo de Cinema e Direitos Humanos – Os Impasses da Democracia no Brasil. O objetivo do evento é debater temáticas contemporâneas, relevantes e diversificadas sobre os direitos humanos e a democracia em nosso país. Ao todo, serão quatro encontros que acontecerão em outubro e O filme Ação entre novembro. Para inscrições amigos será debatido e mais informações, acesse: no segundo encontro https://bit.ly/2y7M4fs do Ciclo, no dia 16 de outubro Quando: 09/10, 16/10, 25/10 e 08/11 Onde: Cinemateca de Curitiba, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 São Francisco Quanto: Gratuito Divulgação
3º Ciclo de Cinema e Direitos Humanos
Odilon Merlin | FCC
Praça do circo
8 | Esportes
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Paraná, 11 a 17 de outubro de 2018
Aproveitar a chance Por Cesar Caldas O jogo diante do Figueirense no próximo sábado (13/10), às 19 horas, em Florianópolis, é crucial para as pretensões do Coritiba de voltar à Série A. A vitória não apenas constituirá a terceira consecutiva na competição, o que ainda não ocorreu. Mas terá como principal repercussão uma imensa oportunidade de aproximação do G4 como mandante, eis que, dos três jogos seguintes, dois serão no Alto da Glória contra times acima na atual classificação – CSA e Guarani. Entre os dois confrontos, uma viagem para enfrentar o Paysandu, em Belém, que apenas luta contra o rebaixamento. Aos poucos, o técnico Argel Fucks vai definindo o desenho tático mais adequado ao elenco. Tentará tirar proveito da acomodação do “Furacão do Estreito”, hoje equidistante (exatos oito pontos) dos blocos de acesso e descenso do campeonato.
Não abro mão! Por Marcio Mittelbach Parecia tudo acertado. A população de Cascavel já sabia até quanto seria o ingresso da partida entre Paraná Clube e Flamengo no dia 21 de outubro. O tricolor iria faturar algo em torno de R$ 400 mil. Um bom dinheiro, é verdade, mas que não é nada diante de um direito fundamental do sócio-torcedor: ver o time jogar. “Ah, o clube já está rebaixado”. Não importa! Para mim o jogo do Paraná é muito mais do que buscar três pontos na tabela. Inclui um programa em família, tomar uma com os amigos paranistas, extravasar, gritar, xingar. Diante da possível venda do mando de campo parte da torcida ameaçou cancelar o sócio, outros procuraram o Procon que, por sua vez, disse que caberia uma medida punitiva ao clube. Não precisou. A diretoria percebeu que estava fazendo bobagem e suspendeu o negócio.
Torcidas de futebol se unem por democracia Cresce o movimento de conscientização política por causas sociais e contra o conservadorismo Juca Guimarães
O
futebol é o esporte mais popular entre os brasileiros e, por isso mesmo, também é um dos espaços de discussão e mobilização política. Nas arquibancadas e nas redes sociais, são cada vez mais comuns as manifestações de grupo, coletivos e frentes progressistas que lutam por causas populares e contra o fascismo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, surgiu a Frente Antifascista do Internacional, como explica o torcedor Marcelo Couga. “Com todo esse processo de arenização dos estádios, houve o afastamento do povo mais pobre daquilo que é do seu direito.
Um dos processos disso é a criminalização constante das torcidas uniformizadas”, disse o torcedor. As jornadas de lutas pelo passe-livre e outras causas sociais, a partir de 2013, também influenciaram o surgimento das organizadas antifascistas do Flamengo. Hoje, o coletivo tem quase dez mil se-
guidores nas redes sociais e atuação em diversos estados, segundo um dos organizadores, que pediu para não ser identificado. “[O movimento] possui núcleo no Rio, em São Paulo, no Paraná e Brasília, inclusive com extensão de faixas ‘Fora Temer’ e ‘Temer Jamais’”, disse o torcedor.
TORCIDAS DO PARANÁ Neste ano, quando integrantes da Império Alviverde atacaram integrantes do MST, que estavam acampados em Curitiba, torcedores de clubes paranaenses e de outros estados vestiram suas camisetas e foram ao acampamento reafirmar que o episódio de violência não os representava. “Nós sabemos que esse grupo [de agressores] não representa as torcidas”, explica Gabriel Frigo, atleticano que ajudou a incentivar a participação de torcedores de diferentes times. Divulgação
Paulo André nos representa Por Roger Pereira E o “dono” do Atlético fez mais uma das suas. No último sábado, véspera da eleição, no melhor estilo dono da Havan, Mário Celso Petraglia fez seus funcionários entrarem em campo com uma camiseta com manifestação política. Manifestação que não representa o pensamento de alguns dos jogadores, que já haviam se manifestado em redes sociais, mas acabaram não tendo firmeza para questionar o patrão e usaram a camiseta que tanto envergonhou a nação rubro-negra. A exceção foi nosso capitão Paulo André. Líder do movimento dos atletas por melhores condições de trabalho, e declaradamente contrário a qualquer tipo de autoritarismo, nosso zagueiro foi o único que não utilizou a camiseta. Uma atitude ousada dentro de um clube que já é administrado da forma ditatorial que defende o candidato à presidência apoiado por Petraglia. Mais do que nunca, Paulo André, você nos representa.
Democracia corintiana Juca Guimarães O presidente da torcida Gaviões da Fiel, Rodrigo Tápia, conhecido como Digão, divulgou uma nota, destacando a contradição na atitude dos seus sócios que de-
claram apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o dirigente, a história da torcida começou na luta contra a ditadura militar e pelos direitos do povo. “Somos uma torcida que defende os direitos do nosso povo e não pode-
mos deixar que o nosso maior representante seja contra nós e contra tudo aquilo que lutamos”, diz a nota publicada no blog do jornalista Juca Kfhouri. A torcida é a mais antiga do Corinthians e foi fundada em 1969.