Esportes | p. 8
Brasileirão no 2º turno
PARANÁ
Atlético é o 4º melhor. Paraná, o último colocado
25 a 31 de outubro de 2018
ano 3
edição 100
SEU VOTO DECIDE Eleições são definidas nos últimos dias. Eleitores dizem por que mudaram no segundo turno Brasil | p. 5 Quilombolas em risco Justiça nega primeiro pedido de despejo | p. 5 Greca decide fechar UPA Pinheirinho Moradores e servidores protestam contra decisão | p. 3 Democracia ou autoritarismo? Candidatura de Bolsonaro representa violência e ódio | p. 2
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
Joka Madruga
Projeto é inspirado em livro de Albert Camus
Bruno Cantini
Samba do absurdo
Divulgação
Cultura | p. 7
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 25 a 31 de outubro de 2018
O silêncio dos não Democracia ou autoritarismo inocentes OPINIÃO
EDITORIAL
À
s vésperas das eleições, o ideias. Bolsonaro expressa o candidato à presidência oposto: a intenção de acabar Jair Bolsonaro afirmou que, se com opositores, transformaneleito, os seus opositores “ou do a eleição, que deveria ser vão para fora, ou vão para a ca- um momento de exposição de deia” e que “a faxina agora será propostas, em um campo de guerra. Não à toa, ele não parmuito mais ampla”. Outras declarações dele ticipa de nenhum debate por saber da rejá apontaram jeição às suas que pretende ideias. governar por Por outro lado, Por outro meio da vioas pesquisas lado, as peslência e afronquisas apontar a demoapontam um tam um aucracia: “Sou a aumento das mento das favor sim de intenções de uma ditaduintenções voto no canra, de um rede voto no didato Hadgime de excecandidato dad. Com isso, ção”, “através o povo percedo voto você Haddad be que, para não vai muquem quer a dar nada nesse democracia, país, nada”. só há uma opOu seja, a soberania popular está amea- ção de voto democrático nesçada e, com isso, o Brasil pode tas eleições, que é Haddad. se alinhar a um movimen- A escolha é de cada um, mas to mundial de autoritaris- o resultado é para todas as mo. Democracia é, entre ou- pessoas. Votar em Bolsonaro tras coisas, respeitar opiniões pode abrir as portas do país diferentes e entender a im- para a violência e ódio que ele portância da pluralidade de espalha.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição nº 100 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Laís Melo e Franciele Petry Schramm COLABORARAM NESTA EDIÇÃO José Mendes Palmares, Lia Bianchini, Manoel Ramires, Mariana Auler, Paula Cozero e Ricardo Prestes Pazello ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia R. Bianchini e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Joka Madruga e Mauro Calove DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
José Mendes Palmares
militante no Movimento Negro de Londrina e trabalhador da Eletrobras
A
violência contra o povo negro, os indígenas, as mulheres e os homossexuais não é nova... Ela é secular. No Brasil, estamos assistindo atônitos ao crescimento do racismo, machismo, do fascismo e da homofobia. A nação, que se dizia cordial e vivia em harmonia de povos, abandonou sua postura de educação e gentileza para abraçar o ódio e desprezo. O que mais assusta é que essa mudança contou com o silêncio de partidos políticos, mídia, pessoas influentes, religiões e estruturas do estado. Um episódio recente demonstrou que os povos, di-
tos minorias, estão abandonados à própria sorte. A Ku Klux Klan, grupo estadunidense que ficou famoso no mundo inteiro por queimar negros na cruz ou enforcá-los em árvores, declarou apoio à candidatura do deputado Jair Bolsonaro. E, até este momento, o que se ouviu foi apenas o repúdio de movimentos sociais e políticos de esquerda. A grande mídia calou-se. Igrejas fizeram silêncio. Partidos de centro e direita nem pautaram o assunto. As pessoas influentes que vestiram a camisa amarela e bateram panela fizeram cara de paisagem. O atual governo não agiu, diferentemente do que faz nesses casos, não levantou um dedo em defesa dos negros e pobres brasileiros. Nem o próprio can-
SEMANA
didato se posicionou contra esse absurdo proferido por um grupo reconhecidamente racista. Não se pode aceitar calado o que acontece neste momento, pessoas sendo mortas por causa da sua ideologia, orientação sexual ou origem. Pessoas que se acham superiores aos outros, verdadeiros trogloditas, querendo ganhar o debate na força bruta. A nação tem que reagir e se erguer contra essa onda racista, homofóbica, machista e fascista. Dizer não a qualquer tipo de violência seja de dentro ou de fora do país. Não podemos permitir que grupos internacionais em conluio com setores dirigentes do país interfiram na construção de uma nação igualitária, justa e plural.
Brasil de Fato PR
Paraná, 25 a 31 de outubro de 2018
Manoel Ramires
Combate ao abuso sexual infantil
Os deputados estaduais aprovaram projeto de lei que concede às pessoas de baixa renda a isenção de pagamento da taxa de inscrição em concursos públicos no Paraná. São beneficiados os candidatos de famílias de baixa renda, que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal.
Geração de empregos Estudo do Dieese aponta que 285 cidades do Paraná tiveram saldo positivo na criação de empregos formais em 2017, o que representa 71,43% do total dos municípios, apenas um município apresentou saldo zero. Por outro lado, 113 (28,32%) municípios tiveram perda de empregos em 2017. É o caso de Curitiba. A capital paranaense perdeu 19.463 postos de trabalho formais.
QUE DIREITO
“Eles rasgam nossos votos e nos arrastam para esse terror”,
Mariana Auler*
Divulgação
Isenção para mais pobres
FRASE DA SEMANA
disse em entrevista ao jornal El País o ex-jogador Juninho Pernambucano falando do apoio da grande mídia ao candidato de extrema direita Jair Bolsonaro.
Os vereadores de Curitiba aprovaram projeto de Thiago Ferro que institui o mês de maio como combate ao assédio sexual infantil e juvenil. A cor relacionada será amarela. O projeto substitui a Semana de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantojuvenil.
Moradores protestam contra fechamento de UPA Pinheirinho Comunidade critica decisão de prefeito Rafael Greca (PMN) de acabar com unidade de pronto atendimento Pedro Carrano Representantes de associação de moradores, servidores públicos municipais e representantes do Conselho distrital de saúde do bairro Pinheirinho, região sul de Curitiba, protestaram na terça-feira, dia 23, e criticaram anúncio feito pelo prefeito Rafael Greca (PMN) de fechar as atividades da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pinheirinho a partir de 4 de novembro. Neoli Aparecida, presidenta da associação de moradores Vila Parque Industrial, relata que há demanda por atendimento, tanto que filas são comuns na unidade. “A UPA aqui é nossa salvação. Porque geralmente nas unidades de saúde básicas não tem médico todos os horários. A maioria da população
vem à UPA”, diz. Já João Eleonor, integrante do Conselho distrital de Saúde, critica a falta de diálogo até o momento. “Tivemos uma reunião aqui na UPA no dia 17 para discutir ações e melhorias, e não foi falado nada. Dois dias depois, sai na imprensa o fechamento da UPA, uma falta de respeito com a população”, critica. Ampliação Ivani Amaro dos Santos, integrante da direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais
de Curitiba (Sismuc), explica que os servidores municipais querem pressionar a prefeitura para que não haja fechamento – e sim ampliação. “Queremos a valorização do servidor. Não adianta fechar estabelecimento de saúde se a população está precisando do atendimento”, afirma. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da prefeitura informa que a decisão não será revertida e que outras unidades estão disponíveis, citando a UPA Fazendinha. Pedro Carrano
Comunidade se reúne na frente da UPA para protesto
3 | Geral
É ESSE?
Caixa 2 ilegal e imoral de Bolsonaro Na quinta-feira (18) o jornal Folha de S. Paulo publicou denúncia de que a campanha de Jair Bolsonaro teria usado doações de empresas para disparar mensagens em massa contra o PT via WhatsApp. Cada pacote custaria cerca de 12 milhões de reais e ao menos quatro empresas são suspeitas de fornecer o serviço. O Tribunal Superior Eleitoral abriu processo contra as denúncias. Se comprovadas, estamos diante de dois crimes: a doação por empresas (proibida pela legislação) e o ocultamento de gastos de campanha, o caixa 2. Tais crimes podem configurar abuso de poder econômico e levar à cassação ou impugnação do candidato. Mesmo que Bolsonaro diga desconhecer os fatos, pela lei continua sendo responsável, por se beneficiar de práticas ilegais. O caso é ainda mais grave, porque o disparo de mensagens em massa tem envolvido a disseminação descarada de mentiras. Aqui no Paraná, o principal porta-voz de Bolsonaro, o deputado Fernando Francischini, conforme denúncia da Gazeta do Povo, usou 28 mil reais de dinheiro público para pagar empresa responsável por perfis falsos pró-Bolsonaro (tirados do ar pelo Facebook). Além das ilegalidades tradicionais, assistimos a uma campanha imoral que tem a disseminação de mentiras como método. *mestre em direito do estado e advogada do Instituto Democracia Popular
4 | Entrevista
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Para escritor, discurso de Bolsonaro retoma violência dos colonizadores Mauro Calove
Denúncia de racismo
Ivo Queiroz vê ameaças à população negra e à economia brasileira, caso o candidato seja eleito
Lia Bianchini
A
candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) representa o aprofundamento da precarização das condições de vida da população negra brasileira. É o que explica Ivo Queiroz, professor titular aposentado da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e autor do livro Africanidades e democracia. Para Queiroz, o discurso de Bolsonaro é semelhante ao dos colonizadores do século quinze. O escritor retoma o conceito de “colonialidade do poder”, formulado pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano, segundo o qual a colonização das Américas introduziu um sistema de poder - ainda hoje presente - baseado na ideia de classificação social por raças. “Na realidade, o grande compromisso dele [Bolsonaro], ao que tudo indica, é com essa cultura colonizada, essa mentalidade colonialista e, enquanto tal, o colonialista é violento por princípio, é racista, e, com a
mulher, ele é extremamente perverso”, explica. Morte de pessoas negras O escritor lembra que “o Brasil mata mais gente negra por ano do que muitas guerras mundo afora” e que a situação deve piorar com a aderência social do discurso de Bolsonaro, que pode radicalizar os ataques à população negra.
“O colonialista é violento por princípio, é racista, e, com a mulher, ele é extremamente perverso” E citou como exemplo o assassinato de Moa do Katendê, morto com 12 facadas, em uma briga de bar em Salvador, após dizer ser contra Bolsonaro. “Os adeptos [de Bolsonaro] já se sentem autorizados a usar desses mecanismos que ele apresenta
como suas novas soluções para espancar, coagir, estuprar e matar pessoas. Ainda não foi eleito, mas seus fãs já estão protagonizando isso e levantam ameaças”, diz Queiroz. Riquezas para a metrópole O discurso colonizador do candidato do PSL não é uma ameaça apenas à população negra, mas também à economia nacional, aponta Queiroz. O escritor lembra que um dos compromissos dos colonos era entregar as riquezas da colônia para a metrópole. Em sua opinião, essa mentalidade pode ser vista nas propostas de Bolsonaro de privatização dos bens públicos brasileiros. “[Bolsonaro] é um sacerdote do grande capital, um colono, alguém que está desenvolvendo uma política colonialista, entreguista, lesa pátria, ressuscitando toda uma história que já aconteceu. Ele está reeditando isso, a violência do colono, onde a vida do outro vale nada”, afirmou.
O candidato do PSL já respondeu por duas denúncias de racismo. A primeira, por ter afirmado que “não discutiria promiscuidade” ao ser questionado pela cantora Preta Gil, no programa CQC, da Band, sobre como reagiria caso um de seus filhos namorasse uma mulher negra. Na segunda, por ter falado, no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, que visitou uma comunidade quilombola e “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”, completando “não fazem nada, eu acho que nem pra procriar servem mais”. O inquérito envolvendo a cantora Preta Gil foi aberto em 2013 e arquivado em maio de 2015, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Já o pedido de condenação pelas declarações contra a comunidade quilombola foi julgado improcedente pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), em setembro. PUBLICIDADE
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POR QUE MUDEI MEU VOTO A poucos dia da eleição, muitos estão indecisos e pesquisam sobre candidatos Ana Carolina Caldas
N
o Brasil, geralmente as eleições se definem na última semana ou nos últimos dias, quando os indecisos tomam suas decisões. Na pesquisa Ibope divulgada na terça, dia 23, o número de pessoas que disseram votar em branco/nulo ou não saber chegou a 13%. Como
no primeiro turno cerca de 18% não votaram, há cerca de 30% do eleitorado que pode definir o resultado na última hora. Ou mesmo mudar seu voto. Para entender o que tem acontecido, o Brasil de Fato Paraná entrevistou eleitores que nesta semana mudaram seus votos. Veja seus relatos.
NAZISMO É DE DIREITA
PENSANDO NO FUTURO
Vanessa Staunetchei, psicóloga
Arquivo Pessoal
A curitibana Vanessa Staunetchei integra o grupo de mais de 3 milhões de mulheres contra o Bolsonaro na internet. Votou em João Amoedo no primeiro turno e já estava decidida ir de nulo no segundo. Porém, segundo ela, a falta de educação de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais fez com que mudasse. “Um eleitor do Bolsonaro que me fez mudar de ideia! Ele começou a me criticar e me humilhar em um post que comentei, fez print do comentário. Isso tudo porque eu disse que o nazismo é de extrema direita, fato confirmado inclusive pela embaixada alemã.”
CANSADA DE MENTIRAS Leonice Medice, empresária
Arquivo Pessoal
A empresária Leonice Medice diz ter se cansado de tantas mentiras e mudou seu voto de nulo para Fernando Haddad. Conta que começou a acompanhar reportagens, pesquisar fontes e mudou sua opção de voto. “Quando vi o número de mentiras propagadas pelo candidato do PSL resolvi que não poderia me anular. Estou decidida no voto em Haddad” afirma. Além das mentiras, “o discurso do candidato para os eleitores na Avenida Paulista foi o que me fez ter certeza que não votaria mais nulo”, conclui.
Arquivo Pessoal
Jean Kley, estudante No primeiro turno decidiu por Jair Bolsonaro, mas mudou para Haddad nos últimos dias deste segundo turno. Questionado sobre por que, explica que apesar de estar revoltado com os erros do governo petista e com a “população bandida”, começou a pensar no futuro, além de ter se assustado com o discurso de ódio propagado por Bolsonaro. “Tenho 18 anos, sou estudante e quero poder me formar com qualidade sem precisar passar necessidade. E o senhor Haddad foi responsável por muitos programas de ensino que ajudaram jovens como eu a estar na universidade. Posso garantir bolsa de 70% numa universidade privada.” Além disso, Jean diz ter amigos homossexuais e teme pela vida deles.
5 | Brasil
Comunidade quilombola sofre ameaça de despejo Franciele Petry Schramm Recurso judicial movido pela Cooperativa Agrária Agroindustrial pode resultar no despejo de 70 famílias da Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha, em Reserva do Iguaçu (PR). O recurso enviado para o TRF-4, em Porto Alegre (RS), foi rejeitado pela desembargadora Marga Barth Tessler, mas deve ainda ser julgado pela 3ª Turma do TRF-4. A cooperativa pede a reintegração de posse de área reconhecida pelo Incra como território quilombola e que é ocupada pelas famílias desde dezembro de 2017. A empresa alega que até o Incra pagar o valor do terreno, estará em vulnerabilidade econômica por não poder plantar na área. No parecer, a desembargadora descartou a possibilidade de riscos financeiros. De acordo com relatório disponibilizado no site da empresa, o faturamento anual da agroindústria chega a 2,8 bilhões de reais. Descaso O Paiol de Telha foi a primeira comunidade quilombola no Paraná ser reconhecida pela Fundação Palmares, em 2005, e está com processo de titulação mais avançado no estado. O decreto presidencial que determina a desapropriação foi assinado em 2015. As famílias aguardam que o Incra indenize a cooperativa e titule o território. Em fevereiro deste ano, o instituto anunciou que até abril faria a titulação. Passados seis meses, a comunidade sofre com a demora. “Estamos implorando. Virou uma coisa desumana. Como vou dar direito para a cooperativa se já foi provado que a terra não é deles? Deixo na miséria as outras famílias?”, questiona Mariluz Marques, presidente da Associação Quilombola Pró-Reintegração Invernada Paiol de Telha Fundão-Heleodoro.
6 | Paraná
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Pluralidade marca ato #Elenão em Curitiba Público foi estimado em 15 mil pessoas. Mobilização aconteceu também em outras cidades do Paraná Ana Carolina Caldas
Ana Carolina Caldas
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o Brasil inteiro aconteceram atos contra o candidato Jair Bolsonaro, do PSL. No Paraná, ocorreram várias mobilizações que pediam #Elenão e defendiam o voto na candidatura de Haddad e Manuela. Em Curitiba, mais de 15 mil pessoas participaram de caminhada, no centro da cidade, no sábado, 20. PUBLICIDADE
Vanda Santana, do grupo Mulheres por Haddad e pela Democracia, uma das organizadoras do Ato, disse que estar na rua é a prova de que milhares de pessoas não querem o retrocesso. “O encontro hoje dessa diversidade de manifestações e de movimentos nos dá ânimo para essa semana que será da virada.” Estiveram presentes vários grupos, como por exem-
plo, o Mães pela Diversidade, Movimento Negro, LGBTI, juventude, artistas, profissionais de diferentes segmentos e muitas famílias. Para ela, que esteve à frente da organização do ato, “o que está em jogo não é a vitória de um partido, e sim da democracia.” Um dos depoimentos marcantes durante a concentração na Praça Santos Andrade foi da ex-deputada federal pelo PT, Clair da Flora Martins, que foi torturada na ditadura militar. “Vim para Curitiba na década de 1960, participei de movimentos estudantis contra a ditadura e pelas liberdades democráticas. Em decorrência disso, fui presa e torturada no Dops, em São Paulo. Sofri pancada, choque elétrico e pau de arara. Por isso, me junto novamente aqui porque este candidato, o Bolsonaro, defende a ditadura e não queremos a volta dessa parte triste da nossa história.”
Religiosos contra o fascismo e em defesa do amor Ana Carolina Caldas
Redação Representantes de muitas religiões estiveram no Ato #Elenão em Curitiba, para lembrar os ideais cristãos. Tayane Itanelo é evangélica e foi à manifestação com um cartaz escrito: “Se viesse hoje, Jesus seria torturado e morto pelos cristãos”. Para ela, “os valores defendidos por Jesus estão sendo deturpados. Ele tem sido usado em palanques que nada têm a ver. O candidato Bolsonaro defende a tortura, que nada tem a ver com Jesus.” Jaime Correa Pereira, da Frente Evangélica pelo estado de Direito, também esteve presente na caminhada pelo centro de Curitiba e defendeu o voto em Haddad. “Bolsonaro defende a morte, sua frase ‘bandido bom é bandido morto’ é contrária aos ideais cristãos. Por isso, evangélicos que têm consciência dessa contradição estão com Haddad.” E conclui dizendo que “os pastores que vêm defendendo
Bolsonaro serão cobrados ali na frente.” O professor e teólogo Guilherme Tuller Nunes disse que a luta antifascista é importante na disputa dentro do próprio cristianismo. “Nossa luta é contra a hegemonização do pensamento fascista dentro do cristianismo. Pois é preciso an-
“Os valores defendidos por Jesus estão sendo deturpados. Se viesse hoje, seria torturado e morto pelos cristãos” dar como Jesus andou, amar como ele amou. E o que a campanha de Bolsonaro apresenta, com violência, se contrapõe a Jesus”. Guilherme faz parte da Movimento Cristãos Antifascistas, uma comunidade formada pela internet.
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Sambas do Absurdo no Paiol
AGENDA CULTURAL
Concertos com a Camerata Antiqua
Projeto de Juçara Marçal, Rodrigo Campos e Gui Amabis é inspirado em livro de Albert Camus Luan Cardoso
Ana Carolina Caldas Inspirado na obra “O Mito de Sísifo”, de Alberto Camus, os artistas Juçara Marçal, Rodrigo Campos e Gui Amabis lançam no Teatro do Paiol o projeto Sambas do Absurdo. No show, o trio apresenta, além dos oito sambas que compõem o disco, outras canções que de alguma forma também contemplam o “absurdo”. O espetáculo é dia 26 de outubro, às 20h, e os ingressos custam entre R$ 20 e R$ 40. Os “Sambas do Absurdo”, parcerias de Rodrigo Campos (música) e Nuno Ramos (letra), narram o encontro com o Absurdo, apresentado no livro como o divórcio do indivíduo com a própria a vida. Segundo Camus, a única questão filosófica que importa é o suicídio, e quando encontramos o Absurdo, que seria, em suma, a fal-
Pimentão recheado com carne moída
117 | Cultura
O quê: O maestro gaúcho Diego Schuck Biasibetti chega à cidade para concertos com a Camerata Antiqua no sábado (27/10), na Capela Santa Maria. As apresentações trazem a obra Foudling Hospital Anthem, de George Frideric Handel. Com solos da soprano Luciana Melamed, da mezzo Daniele Oliveira e do tenor Sidney Gomes Quando: Sábado (27/10), às 18h30 Onde: Capela Santa Maria Espaço Cultural (Rua Conselheiro Laurindo, 273) Quanto: R$ 30 e meia-entrada a R$ 15 CidoMarques
ta de sentido da vida, temos duas opções: ou nos suicidamos ou aprendemos a viver uma vida absurda. No show, Juçara canta, Rodrigo toca violão e cavaco e Gui arranja fazendo valer seus recursos de produtor e sua maneira peculiar de samplear.
Para ficar por dentro Quando: 26 de outubro Onde: Teatro do Paiol - Praça Guido Viaro, s/n - Prado Velho Quanto: R$ 20 e R$ 40 Venda: bilheteria do teatro, Livraria Joaquim e A Caiçara
DICAS MASTIGADAS
Ingredientes 2 pimentões médios ou grandes 300 g de carne moída 1/2 cebola picada 2 dentes de alho picado Sal a gosto 1 pedaço pequeno de bacon (opcional) 1 cenoura pequena (opcional) 2 fatias de presunto 2 fatias de queijo 3 colheres (sopa) de requeijão Reprodução
Modo de Preparo Lave bem os pimentões, faça um buraco no pé de cada pimentão, como uma tampa, retire toda a semente. Deixe reservado. Tempere a carne e deixe reservada também. Recheio: refogue a cebola e o alho picados, acrescente o bacon cortado em cubos, deixe dourar, coloque a carne moída e mexa bem, misture a cenoura cortada em cubos, coloque um copo de água e deixe cozinhar até a cenoura cozinhar e secar a água, corte as fatias do presunto e queijo em pedaços pequenos, acrescente à carne e desligue o fogo, coloque o requeijão e mexa bem. Pegue os pimentões, coloque o recheio dentro preenchendo por completo. Corte um pedaço de papel alumínio e cubra cada pimentão, coloque-os em uma forma de alumínio ou refratária, leve ao forno pré-aquecido, a 220º, por 20 minutos. Sirva com linguiça frita e torradas. Decore com fios fritos de couve. Sirva, ainda quente com o pão, legumes e verduras (brócolis cozido, cenoura cozida, tomate cereja cru, batata cozida) a gosto.
Fotos dos signos O quê: São 12 ensaios fotográficos ao longo de um ano e meio em oitos cidades. Cada ensaio foi realizado pensando nas características dos signos do zodiáco, gerando diversas possibilidades estéticas, além das referências mitológicas, a origem dos signos e os conceitos voltados para esses aspectos. Neste ensaio, em especial, os artistas e atores participantes também puderam se manifestar, dando um toque de sua personalidade numa exposição composta de 24 quadros. Quando: 24/10 a 05/11 de segunda a domingo, das 9h às 20h. Onde: Espaço cultural Regional Boa Vista (Av. Paraná, 3600, sala 45) Quanto: Gratuito Divulgação
8 | Esportes
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Organizadas na contramão Por Cesar Caldas Declarações do deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), recém eleito para o Senado, têm sido reiteradas no sentido de extinguir as torcidas organizadas de todo o país, mediante projeto de lei a ser apresentado no Congresso Nacional. Preocupadas com a iniciativa, 69 dessas entidades elaboraram documento conjunto, no qual expressam descontentamento com a iniciativa, considerada conservadora e contrária ao Estado Democrático de Direito. Um retrocesso à democracia e a valores como a liberdade de associação e expressão. A repulsa à injustiça e ao autoritarismo uniu 26 organizadas de clubes que disputam a Série A – paulistas, cariocas, gaúchos, mineiros, pernambucanos, baianos e cearenses. Das outras divisões, há representantes que se espraiam pelo território nacional. No Sul, só não foram à luta catarinenses e paranaenses.
É pra valer? Por Marcio Mittelbach A contratação do técnico Dado Cavalcanti colocou um ponto de interrogação para o torcedor. A chegada dele junto de um auxiliar-técnico seria uma espécie de pedra fundamental para o time de 2019, ou se trata de uma união entre o útil - um time sem treinador - ao agradável - um treinador com uma boa passagem anterior e desempregado. Existe algum compromisso, algum planejamento ou é só para tapar buraco? Vale lembrar que o presidente recém-reeleito, Leonardo Oliveira, assegurou que uma das prioridades desse mandato será a formação de um departamento de futebol 100% composto de profissionais capacitados. Dado Cavalcanti é um bom nome, embora seu maior trabalho ainda seja o quase acesso de 2013. Mas de nada adiantará se o time for ruim. Precisamos de uma equipe qualificada para buscar jogadores desde já.
Dá para sonhar Por Roger Pereira Se a virada do semestre era desalentadora para o torcedor atleticano, o final do ano é cheio de sonhos. Em oitavo lugar no Campeonato Brasileiro e nas quartas de final da Copa Sul Americana, o Furacão pode terminar o ano com um inédito título internacional e conquistar uma vaga para a principal competição continental, a Libertadores da América do ano que vem. A vaga viria automaticamente com o título da “Sula”, mas também pode ser no Brasileirão. Hoje, apenas seis pontos separam o Atlético do G-6 e há boas chances de o sétimo colocado também se classificar, uma vez que Palmeiras e Grêmio podem abrir uma nova vaga caso conquistem a competição este ano. Além das chances matemáticas, o que motiva o atleticano é o bom desempenho da equipe. Com a quarta melhor campanha do segundo turno, mesmo não vencendo fora de casa, a sequência de vitórias dentro da Baixada nos permite sonhar.
No segundo turno, Atlético-PR reage, Paraná se mantém na lanterna A oito rodadas do final do Brasileirão, performance dos times paranaenses são completamente diferentes na segunda parte do campeonato Frédi Vasconcelos
O
s dois turnos do Brasileirão costumam ser bem distintos para a maioria das equipes. No caso dos paraenses, o Atlético-PR reagiu e tem a quarta melhor campanha após 11 rodadas do returno, com 19 pontos (veja tabela ao lado). Depois de ficar bom tempo na zona do rebaixamento na primeira parte do campeonato, melhorou e tem chance de chegar à classificação para a Copa Libertadores. Já o Paraná Clube continua em sua triste sina. É também o lanterna do segundo turno, com apenas 3 pontos conquistados, de três empates e nenhuma vitória. Com 17 pontos no total, é virtualmente o primeiro rebaixado para a série B em 2019.
Dos quatro times com mais chances para o título, o Palmeiras justifica seu favoritismo com a melhor campanha da segunda fase. São 29 pontos em 11 partidas, média quase perfeita de 2,6 pontos por jogo. O Flamengo, com quem disputa partida decisiva na próxima rodada, vem em terceiro, com 22 pontos. Os dois times têm em comum melhorarem seu aproveitamento após a chegada de Felipão e Dorival Júnior, seus novos técnicos. Entre os dois está o Santos, do técnico Cuca, com 22 pontos em 11 jogos, o que seria suficiente para buscar algo mais no campeonato se não tivesse uma primeira fase tão ruim. Outro time de destaque no returno é o Ceará, que chegou a 15 pontos em 10 jogos na fase final. Divulgação Sport
Paraná e Sport, resultados ruins nos dois turnos aumentam chances de rebaixamento
Nesta quarta faz uma partida adiada contra o Cruzeiro e pode sair da zona do rebaixamento. Na parte de baixo, destaque para São Paulo e Corinthians, que se dependessem apenas do segundo turno estariam perto da zona do rebaixamento. O time do Morumbi conseguiu 12 pontos em 11 partidas e praticamente deu adeus ao título brasileiro, campeonato que liderou no primeiro turno. Já o Corinthians só fica à frente do Paraná, com a segunda pior campanha do returno, com 10 pontos em 11 jogos.
TABELA 2º TURNO Palmeiras Santos Flamengo Atlético-PR Internacional Fluminense Grêmio Ceará Vitória Cruzeiro Atlético-MG Vasco da Gama Botafogo Bahia América-MG São Paulo Chapecoense Sport Corinthians Paraná
29 22 21 19 19 17 16 15 14 13 13 13 13 12 12 12 10 10 10 3