Brasil de Fato - Edição 56

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Esportes | p. 12

A equipe de Raquel Dodge Perfil da nova equipe da PGR recebe críticas pela seletividade nas atuações

Mulheres em campo

Ricardo Stuckert | CBF

Lava Jato | p. 6 e 7

Para Marisa Nogueira, ex-capitã da seleção feminina de futebol, não faltam talentos, falta incentivo

Ano 02 | Edição 56

Antonio Cruz | Agência Brasil

PARANÁ

28 de setembro a 4 de outubro de 2017

distribuição gratuita

ATO NACIONAL QUESTIONA VENDA DE ESTATAIS Mobilização no dia 3 de outubro (terça) coincide com aniversário da Petrobras. Em Curitiba, defesa das empresas estatais será na praça Santos Andrade, às 9 horas Brasil | p. 2 e 9 Divulgação

Geral | p. 3

Educação em pauta Movimento Educação Democrática é lançado no Paraná

Brasil | p. 9

Braços abertos DR

Papa Francisco lança campanha para que se receba com carinho migrantes e refugiados

Cidades | p. 5

Mapa do veneno Mapeamento colaborativo identifica contaminação por agrotóxicos no Paraná

KINGSTON KOMBI Projeto que promove festas itinerantes para valorizar a cultura hiphop chega ao Centro de Curitiba, neste sábado (30). Confira mais dicas culturais para os próximos dias Cultura | p. 10 e 11


2 | Opinião

EDITORIAL

Em defesa das empresas estatais Gibran Mendes

E

m outubro, trabalhadores e sociedade civil se unem para barrar o projeto do governo Temer (PMDB) de colocar o patrimônio público e setores do Estado à venda. Ainda em agosto de 2017,

OPINIÃO

o presidente golpista havia anunciado a privatização de 57 empresas estatais. Por isso, iniciando dia 3 de outubro, petroleiros, bancários, eletricitários, funcionários dos Correios, entre outros, fazem ato na-

cional para debater o que a venda de empresas estatais significa: menos investimentos, economia fraca diante das crises e menos crescimento econômico. Por que empresas estatais não devem ser vendidas? Em primeiro lugar, empresas são privatizadas a “preço de banana”, como se diz. Este é o caso da mineradora Vale, vendida por R$ 3,3 bilhões, em 1997, mas com patrimônio de R$ 100 bilhões. Hoje, no caso da Eletrobras, a proposta de venda pelo governo Temer é pelo preço de R$ 20 bilhões, mas seu valor alcança até R$ 400 bilhões. Um dos exemplos de investimento do Estado é a Noruega, país conhecido pelo alto grau de avanço social. Isso porque o po-

der público soube investir os recursos do petróleo em programas sociais, gerenciados para melhorar a condição de vida do povo norueguês, por meio de um Fundo Soberano. A luta é esta!

A venda de empresas estatais significa: menos investimentos, economia fraca diante das crises e menos crescimento econômico

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 56 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Clemente Ganz Lúcio e Norma Odara ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques e Gibran Mendes ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www. facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte

Reforma trabalhista no Brasil e no mundo: não estamos sós

Clemente Ganz Lúcio, sociólogo, diretor técnico do DIEESE e membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

A

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

maior reforma trabalhista e sindical já feita no Brasil trará impactos profundos sobre o sistema de relações de trabalho, a organização sindical e a proteção do trabalho. Nosso “consolo” é que não estamos sós! Estudo publicado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), indica que reformas legislativas laborais e de merca-

do de trabalho foram realizadas em 110 países entre 2008 a 2014. O fundamento comum observado nas diversas iniciativas de reformas foi o de aumentar a competitividade das economias (leia-se reduzir o custo do trabalho) e criar postos de trabalho (leia-se flexibilizar contratos de trabalho para gerar ocupações precárias). Um olhar geral mostra que a maioria das reformas diminuiu o nível de regulamentação existente. Foram observadas e analisadas 642 mudanças nos sistemas laborais nos 110 países. Em 55% dos casos, as re-

As reformas do mercado de trabalho tenham resolvido o problema do desemprego formas visaram a reduzir a proteção ao emprego, atingindo toda a população; tinham caráter definitivo, produzindo uma mudança de longo prazo na regulamentação do mercado de

trabalho. O desemprego crescente e duradouro criou o ambiente para catalisar as iniciativas de reformas e disputar a opinião da sociedade sobre elas. De outro lado, os resultados encontrados no estudo não indicam que as reformas do mercado de trabalho tenham gerado efeitos ou promovido mudanças na situação do desemprego. O Brasil se integra a este movimento de desregulação do mercado de trabalho, flexibilizando as formas de contratação com um menu muito variado de possibilidades de ocupa-

ções precárias que se tornam legais. Esta lógica tem um sentido: produzir mais renda e riqueza e concentrá-las. Esta lógica também entrega outros resultados: o acentuado crescimento da desigualdade, a expansão da pobreza e da miséria, a precarização dos empregos, o arrocho dos salários e da renda das famílias, o aumento da jornada de trabalho e o surgimento de doenças laborais associadas ao estresse e à ansiedade. Para ler o artigo na íntegra, acesse o site www.cartacapital.com.br


Brasil de Fato PR

Paulo Pinto | Fotos Públicas

Vem chuva, mas ácida A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil alertou, nesta terçafeira (26), que há possibilidade de chuva ácida em Curitiba e outras cidades do Paraná nos próximos dias. O fenômeno é causado pelo acúmulo de poluentes no ar. Os órgãos recomendam que população não tomar banho de chuva, pois a chuva ácida pode causar irritação, em especial a crianças e pessoas com maior sensibilidade. Fernando Frazão | Agência Brasil

Desigual Um relatório divulgado no dia 25 pela ONG Oxfam Brasil revela um abismo entre ricos e pobres no Brasil. Os seis maiores bilionários têm a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres. A ONG aponta ainda que as pessoas com renda mensal superior a 80 salários mínimos (R$ 63 mil) têm isenção média de 66% de impostos. Já para a classe média (faixas de 3 a 20 salários mínimos, de R$ 2.364 a R$ 15.760), a isenção é de apenas 17%.

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

3 | Geral

FRASE DA SEMANA

R A DA R DA LUTA

“Nossa vida depende da saúde do nosso planeta. Quando cuidamos da Terra, cuidamos de nós mesmos”,

Pedro Carrano

Mulheres contra fim da aposentadoria No dia 26, mulheres organizadas em diferentes centrais sindicais denunciaram o fim da aposentadoria com a ameaça de reforma da previdência, em São Paulo. O ato foi organizado pelo Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais (FNMT).

disse Gisele Bündchen no Instagram. No último domingo (24), a modelo recebeu o prêmio Eco Laureate durante o Green Carpet Fashion Awards, que destaca as iniciativas de sustentabilidade no mundo da moda. Divulgação

Movimento Educação Democrática é lançado no Paraná Carolina Goetten, Curitiba (PR) O Movimento Educação Democrática no Paraná está oficialmente na ativa. Nesta segunda (25), um debate sobre o programa Escola sem Partido, na reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), marcou o lançamento das atividades do coletivo. O evento contou com palestra do professor Fernando Penna, da Universidade Federal Fluminense, e a participação de personalidades políticas, estudantes e professores da rede pública do estado. Durante o lançamento, os presentes reafirmaram um compromisso com a educação livre, plural e crítica. Em uma faixa, o coletivo se declara contra a lei da mordaça e a favor de uma escola pública e democrática. “A educação é um direito de todos e deve seguir os

princípios da democracia”, afirmou Fernando Penna. Rede nacional Segundo uma das organizadoras do movimento, Monica Ribeiro da Silva, Doutora em Educação pela PUC-SP e professora da UFPR, esse coletivo faz parte de uma rede que vem se formando em todo o país. “Nosso objetivo é organizar um contraponto ao projeto Escola sem Partido”, define. O movimento é contra a

A escola deve seguir a nossa legislação e os princípios de democracia que ela garante”, Monica Ribeiro

Médicos seguem em greve Desde julho, os médicos da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (Feaes), um vínculo terceirizado, estão em greve em Curitiba. Os funcionários mantêm o percentual de 60% no atendimento eletivo das unidades de saúde vinculadas e 100% nos casos de urgência e emergência. O caso foi levado para definição na Justiça do Trabalho.

censura, a punição e a criminalização de professores por seu exercício profissional. Monica Ribeiro ressalta que toda a comunidade é convidada a participar dos debates e ações. Quem tiver interesse pode, individualmente, associar-se ao movimento, bem como entidades em geral. No Paraná, o Educação Democrática é apoiado pela UFPR e pelas entidades sindicais APUFPR-SSind, Sinditest, núcleo da APP-Curitiba Norte e Sismmac.

Professores se somam a dia nacional de lutas

Próximas ações O grupo formado em torno do movimento pretende acompanhar as manifestações em favor do Escola sem Partido no Paraná, para garantir intervenções que defendam a democracia. “Vamos acompanhar a tramitação do projeto na câmara, organizar eventos para debater questões correlatas, tudo contra a censura às escolas brasileiras”, diz Monica Ribeiro.

Setores do magistério apontaram a participação dos trabalhadores no Ato em Defesa da Soberania Nacional, que acontece no dia 3 de outubro, na cidade do Rio de Janeiro e noutras capitais, convocado por trabalhadores dos ramos da economia que podem ser vendidos pelo governo: Petrobras, Correios, Eletrobras, bancos públicos entre outros.


4 | Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

Nicão, um guardião de sementes crioulas PERFIL

Curitiba tem protestos contra a chamada “cura gay” Leandro Taques

Agricultor preserva diferentes espécies de plantas através de um banco de sementes Norma Odara, Lapa (PR)

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edenir Luiz Biff, Nicão, como é conhecido por todos, tem 47 anos e é membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O agricultor está há 19 anos no Assentamento Sétimo Garibaldi, em Terra Rica, noroeste do Paraná. A paixão pela agricultura familiar, livre de venenos é o que move Nicão, que não possui formação acadêmica formal, mas que pesquisa por conta própria e participa de congressos e cursos sobre agroecologia. Presente na 16ª da Jornada de Agroecologia realizada na cidade da Lapa (PR) entre os dias 20 e 23 de setembro, o agricultor con-

Uma semente crioula evolui junto com os povos que a cultivam para produzir seu próprio alimento ta que participa da atividade desde sua primeira edição. E fala que, entre seus interesses, está a do cuidado e preservação de sementes crioulas – sementes que não foram geneticamente modificadas ou industrializadas. “Uma semente crioula geralmente evolui junLeandro Taques

to com os povos que cultivavam ela pra produzir seu próprio alimento. Tem a soberania delas, tu consegue ter o teu próprio alimento tirado da semente crioula”, diz o agricultor, que destaca a importância de não depender de sementes produzidas por grandes empresas. Atualmente, ele está formando um banco de sementes crioulas, além de parcerias com a Universidade Estadual de Maringá para desenvolver pesquisas, promover trocas com outros agricultores e evitar que a tradição se perca. “Eu sempre congelo a semente, bem seca, pra cultivar ela. Tem semente que perde a germinação com um ano, devido o calor, aí a gente perde algumas, mas recupera com os companheiros”, relata Nicão. Na 16ª Jornada de Agroecologia, o agricultor recuperou cinco espécies de sementes que estavam perdidas. E destaca a importância de atividades como essa, que contribuem na discussão e na continuidade da prática da agricultura familiar e do plantio de alimentos saudáveis. “É uma tradição, uma cultura dos nossos ancestrais que geralmente tá se perdendo com cada geração e o processo ultimamente tá sendo muito rápido. A turma vai muito na onda da mídia, da modernidade, do momento e esquece dessas coisas que são muito importantes”, afirma.

Redação, Curitiba (PR) A decisão liminar do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, que abre caminho para a chamada “cura gay”, gerou protestos em todo o Brasil. Em Curitiba, três manifestações foram marcadas menos de um dia após o anúncio do juiz. No dia 21, o Conselho Regional de Psicologia mobilizou uma vigília na Boca Maldita, convidando os manifestantes a levarem velas e usarem roupas coloridas. O segundo ato ocorreu no domingo (24) e reuniu cerca

de 500 pessoas no gramado do Museu Oscar Niemayer (MON). Uma terceira manifestação ocorreu em frente à Justiça Federal, na terça-feira (26), quando a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), protocolou a nota de repúdio contra a decisão arbitrária. Márcio Marins, secretário-geral da ABGLT, lembra que a Organização Mundial da Saúde retirou a palavra homossexualidade do Código Internacional de Doenças em 1990. “Esse juiz está, na verdade, cedendo à pressão de movimentos conservadores que estão atacando direitos de vários segmentos da sociedade”, avalia. Com informações do site Porém.net, de Curitiba (PR)


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5 | Cidades

Paraná: Mapa colaborativo identifica contaminação por agrotóxicos Estado está em 3º lugar no consumo de venenos agrícolas no país Carolina Goetten, Curitiba (PR)

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uem mora perto de grandes plantações sabe que o som de uma avião sobrevoando baixo é sinal de veneno que vai chegar. Os casos de contaminação por causa da pulverização aérea de agrotóxicos são mais comuns do que se imagina, apesar de serem pouco denunciados. Por essa razão, um coletivo de entidades e de organizações que estudam os impactos dos agrotóxicos construiu um mapa colaborativo para identificar a ocorrência desse tipo de situação no Paraná. No país, o estado é o 3º com maior consumo de agrotóxicos, segundo os dados do Sindicato das Indústrias de Agrotóxicos (Sindag). O mapa impresso foi construído com a ajuda dos participantes da 16ª Jornada de Agroecologia, realizada na cidade da Lapa (PR), entre quarta-feira e sábado. As pessoas marcam no mapa

Quase 10 kg de agrotóxico são usados por pessoa, em um ano, no Paraná os pontos onde ocorreram as contaminações, e preenchem um formulário com mais informações. Mais de 60 casos foram identificados durante a Jornada. Estudante de Geografia da Universidade Federal do Paraná e integrante do Coletivo Enconttra que ajuda a construir a ferramenta, Daniel de Oliveira explica que alguns sinais podem ajudar a identificar a contaminação por agrotóxicos. “Um dos casos muito recorrentes é a perda de árvores frutíferas como o mamão. O chuchu tem se mostrado um grande indicador de contaminação também. Outros elementos como morte de animais sil-

Depositphotos

vestres, como Lontras e capivaras, também já apareceram”, revela. O agricultor Lucas Carvalho ajudou a identificar no mapa uma área que está sendo contaminada pela Nortox, empresa que produz herbicidas e outros agrotóxicos, no distrito de Aricanduva, na cidade de Arapongas, no norte do Paraná. A empresa está localizada em uma área de manancial, que abastece as cidades da região. “Tem casos de contaminação do lençol freático e da população local”, conta. Novos casos Essa é a segunda vez que o Mapa de Pulverização e contaminação por agrotóxicos é construído durante a Jornada de Agroecologia. Apesar da quantidade de casos identificados serem relativamente próximos – foram mapeados cerca de 60 em 2016 e 2017 – contaminações foram registradas em diferentes regiões, neste último ano.

AGROTÓXICOS

108

mil toneladas

de agrotóxico são usadas por ano, no Paraná

9,72

kg

seria consumido por cada habitante do estado

Segundo os responsáveis pelo mapeamento, novos casos foram identificados no Nordeste, no Sul e no Litoral do Paraná. Segundo Daniel, foi apontada no mapa a pulverização de agrotóxicos na região da represa do Passaúna, reservatório de água que abastece a cidade de Curitiba. “Se não for através dos alimentos vindos do interior, o agrotó-

xico chega na capital na porta de casa, através da água”, destaca. Os dados coletados no mapa vão ajudar na construção de uma denúncia que vai ser encaminhada ao Ministério Público do Paraná. Em breve, o mapa também poderá ser alimentado durante todo o ano, por um sistema que ainda vai ser desenvolvido pelo coletivo.

Veneno invisível

Leandro Taques

Mapa é construído a partir da contribuição de pessoas que indicam regiões onde há pulverização ou contaminação de agrotóxicos

Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Agrotóxicos (Sindag), o Paraná utilizou 108 mil toneladas de veneno agrícola, em 2012. Esse valor, dividido entre os 11,08 milhões de habitantes do estado, aponta que são usados quase 10kg de agrotóxico por pessoa, em um ano. No Brasil, foram consumidos 1,2 milhões de toneladas desse tipo de produto no mesmo período. Desde 2008, o país é o que mais consome agrotóxicos no mundo. Os números podem ser

considerados alarmantes: estudos do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o uso de agrotóxicos estão relacionados ao desenvolvimento de tipos de câncer, como do linfoma não-Hodgkin (LNH). O câncer é a segunda maior causa de mortes no Brasil. Apesar dos estudos recentes, o veneno ainda está presente na mesa dos brasileiros - mesmo que muitos nem saibam disso. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-

visa), 64% dos alimentos do país estão contaminados por agrotóxicos. A utilização de venenos agrícolas não é só prejudicial aos consumidores de alimentos que tenham sido pulverizados, como também afeta diretamente produtores rurais. Em sete anos, quase 35 mil pessoas foram intoxicadas no Brasil. Estima-se que, entre 2007 e 2011, quase 900 pessoas tenham morrido no país, vítimas de contaminação de venenos agrícolas.


6 | Lava Jato

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

7 | Lava Jato

Grupo​ ​de​ ​trabalho​ ​nomeado​ ​por​ ​Raquel​ ​Dodge​ ​tem​ ​e x-advogado​ ​da​ ​ Petrobras e​ ​procuradores​ ​que​ ​atuaram​ ​no​ ​caso​ ​Mensalão Nova procuradora-geral da República manteve apenas dois dos dez integrantes da equipe anterior. Conheça a trajetória do grupo escolhido por ela Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)

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esde que assumiu a Procuradoria-Geral da República (PGR), no último dia 18, Raquel Dodge tentou de todas as formas mostrar que não fará mudanças drásticas nas investigações da Lava Jato. Porém tornou-se público que ela e o antecessor Rodrigo Janot ocupam polos opostos na correlação de forças do Ministério Público (MP). Segundo colegas e ex-membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a diferença de estilos ganhou contornos de rivalidade a partir de 2014. Precisamente, quando Dodge levantou suspeitas sobre um suposto esquema de espionagem na PGR, que teria sido montado a serviço de Janot. A história não foi adiante, mas inviabilizou qualquer possibilidade de uma relação de confiança entre os dois. Em agosto deste ano, outro estranhamento: o Conselho Superior do Ministério Público Federal acatou um pedido de Raquel Dodge para limitar o número de procuradores por área no MP. Janot não escondeu a irritação com a aprovação dessa medida, que significou uma diminuição da equipe cedida para a Lava Jato. Restam dois Denunciado por Rodrigo Janot por organização criminosa e obstrução de justiça, Michel Temer (PMDB) nomeou Raquel Dodge para o comando do MP após criticar a atuação do ex-procurador geral. Pela primeira vez em 13 anos, o presidente não escolheu o mais votado pelos colegas, Nicolao Dino – supostamente, porque ele era “o candidato de Janot”. Se as diferenças entre Dod-

ge e Janot foram decisivas para que ela assumisse a PGR, isso ficou ainda mais claro no novo grupo de trabalho (GT) da Lava Jato. Dos dez procuradores que estavam na equipe anterior, restaram dois: Maria Clara Barros Noleto e Pedro Jorge do Nascimento. São seis caras novas no grupo, num total de oito integrantes, coordenados pelo procurador José Alfredo da Silva. Conheça um breve perfil da nova equipe, com base no depoimento de colegas, no currículo e na trajetória de cada um deles no MP.

Temer nomeou Raquel Dodge para a PGR após embate com Rodrigo Janot José Alfredo Silva O coordenador do novo GT da Lava Jato atuou na ação penal nº 470, investigação conhecida como “Mensalão”, que condenou 25 dos 38 réus em 2006. Ele também integrou o grupo de trabalho da operação Zelotes, que apura irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para beneficiar empresas privadas. Conforme o depoimento de um ex-colega, José Alfredo Silva é crítico da politização e da espetacularização da Justiça, e não costuma “procurar os holofotes”. Essa característica ficou evidenciada em um discurso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), onde atuava antes de ser nomeado por Raquel Dodge: “[O MP] não pode querer ser

um ator da agenda política, não é nosso papel. Nós já temos poder demais com o que nós fazemos, nossa responsabilidade é muito grande para que queiramos amplificá-la indevidamente”. Além do histórico de combate à corrupção no TRF-1, o novo líder da equipe da Lava Jato na PGR foi também procurador regional eleitoral, defensor público da União, e coordenou o setor de inteligência do Ministério Público Federal (MPF). Raquel Branquinho Responsável pela Secretaria de Função Penal, que está “acima” do GT da Lava Jato no organograma da PGR, Raquel Branquinho atuou com José Alfredo Silva no caso Mensalão em 2006. Elogiada pela competência e agilidade no encaminhamento dos processos, ela trabalhou mais de duas décadas no MPF, na área criminal. Raquel Branquinho é formada em Direito pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tornou-se conhecida por participar da apuração do caso Banestado – que investigou o envio ilegal de 28 bilhões de dólares ao exterior e tinha, entre os réus, o doleiro Alberto Youssef, delator na Lava Jato.

Luis Macedo | Camara dos Deputados

Raquel Branquinho atuou nas investigações do caso Banestado Valter Campanato | Agência Brasil

Luana Vargas Macedo Atuou nas investigações da operação Cui Bono, que culminou com a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) após a apreensão de R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia, em agosto. Procuradora da República há cinco anos e mestre em Direito pela Universidade de Harvard, nos EUA, Luana Macedo também foi procuradora da Fazenda Nacional. José Ricardo Teixeira Alves Procurador da República

em Sergipe, trabalhou nas áreas de combate à corrupção e Direito Constitucional e Infraconstitucional – que se refere às normas jurídicas não expressas no texto da Carta Magna. O histórico dele no MP abrange uma variedade de temas maior que a da maioria dos colegas da equipe. Membro do grupo de controle externo da atividade policial, José Ricardo Teixeira Alves apurou recentemente irregularidades na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e entrou com uma liminar, em julho, para que o Ministério da Saúde deixasse de distribuir lotes de um medicamento chinês contra leucemia, devido à falta de comprovação científica e à ausência dos requisitos técnicos exigidos no Brasil. Hebert Mesquita Formado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), é procurador da República no Maranhão há quatro anos. Ao lado de Luana Macedo, integrou o grupo da operação Cui Bono, um desdobramento da operação Greenfield. Ex-analista judiciário do Supremo Tribunal Federal (STF), Mesquita trabalhou por dez anos como delegado da Polícia Federal em Brasília e participa da operação Zelotes, na qual o ex-presidente Lula (PT) também é réu. Antes de ingressar no MP, atuou como advogado da Petrobras em 2002, no final do gover-

no Fernando Henrique Cardoso (FHC). A estatal é um dos principais alvos da operação Lava Jato. Marcelo Ribeiro de Oliveira Doutorando em Ciências Jurídico-Civis na Universidade de Lisboa, é coordenador do Núcleo Criminal da Procuradoria da República em Goiás. Com graduação e mestrado pela UnB, Marcelo Ribeiro de Oliveira tornou-se conhecido como procurador regional eleitoral em Goiás, onde recebeu a Comenda do Mérito Eleitoral pelos serviços prestados.

Dos seis novos membros da equipe, dois atuaram na operação Zelotes Expectativa O novo GT da Lava Jato será responsável por reunir depoimentos, participar de audiências no STF e acompanhar as negociações dos acordos de delação premiada – etapas decisivas para o sucesso ou fracasso da operação. O período de transição termina no dia 19 de outubro. Até lá, cinco membros do grupo nomeado por Rodrigo Janot vão auxiliar na adaptação da nova equipe.

No discurso de posse, em 18 de setembro, Raquel Dodge citou sete vezes a palavra “corrupção”. Por outro lado, não fez nenhuma menção à Lava Jato, o que reforça o mistério sobre um possível redirecionamento da operação. Nenhum dos seis novos integrantes do GT carrega a fama de “arquivador”. A maioria deles tem experiência em investigações que foram criticadas, assim como a Lava Jato, por uma suposta seletividade na apuração – o caso “Mensalão” e a operação Zelotes, por exemplo. Em entrevista ao Brasil de Fato, Frederico de Almeida, professor de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que a PGR tem poderes limitados para redefinir os rumos do MP. “Os procuradores da República, individualmente, mesmo nas instâncias mais baixas, têm muita autonomia, com uma capacidade muito grande de decidir que tipo de ação vão conduzir. O que pode contornar isso um pouco, no nível da PGR, são os trabalhos de criar câmaras especializadas, promover reforço de ações coordenadas”, analisa. O discurso de posse sinaliza que, dentro de suas limitações, Raquel Dodge está disposta a ampliar o combate à corrupção e fazer valer os princípios da Constituição Federal de 1988, sem cair na pressão de quem a nomeou. É esperar para ver.

CAUTELA

José Alfredo Silva reprova a politização e a espetacularização do Poder Judiciário

Além das seis caras novas no GT da Lava Jato, a PGR também terá um novo vice-procurador geral: Luciano Maia. A nomeação chamou atenção devido ao parentesco com o senador Agripino Maia (DEM), denunciado por Rodrigo Janot por corrupção. O ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, publicou um texto nas redes sociais e, como amigo pessoal de Luciano Maia, tentou esclarecer a situação.

Segundo Aragão, “politicamente [Luciano] não compartilha nada com Agripino. É um perfil completamente diferente. (...) Ele é um dos fundadores do mestrado em direitos humanos da UFPB [Universidade Federal da Paraíba]. Uma pessoa muito articulada com os movimentos sociais e foi a principal força motora no estabelecimento da Comissão Nacional de Combate à Tortura”.


8

| Paraná

Brasil de 8 Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

É preciso defender a educação pública, diz presidente da APP Hermes Silva Leão foi reeleito presidente da APP, maior sindicato do Paraná e do 5º maior do Brasil Carolina Goetten, Curitiba (PR)

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uinta maior organização sindical do país e a maior do Paraná, a APP-Sindicato representa professores e servidores de escolas estaduais do estado. No dia 22, foi homologado o resultado oficial da votação que reelegeu o professor e pedagogo Hermes Silva Leão à presidência da entidade. Em entrevista ao Brasil de Fato, Leão comenta os desafios da categoria num contexto político de ataque aos trabalhadores em todo o país. Brasil de Fato Quais os principais desafios da categoria e da APPSindicato para os próximos anos? Hermes Silva Leão Os desafios começam pela defesa da educação pública, num período em que sofremos ataques desde o Governo Federal, com as reformas, até a gestão no Paraná. Também temos que atender a mais de 200 municípios que têm representação na APP junto às redes municipais – a maio-

ria dos prefeitos vem seguindo a linha da redução de direitos. É preciso fazer uma luta intensa nesse período de resistência.

Gibran Mendes

Como você avalia que a reforma trabalhista pode impactar na luta sindical nos próximos anos, considerando o aumento da fragilização das Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor elenca desafios relações de trabae lutas necessárias numa conjuntura de golpe político no país lho? Estamos num movimento de organizar um projeto de lei de iniciativa popular para desfazer extremado da violência, não só no toda essa tramitação do processo da Rio de Janeiro, mas em diversos loreforma trabalhista e das terceirizacais do Brasil. ções. São medidas completamente autoritárias, que não combinam A greve tem se mostrado um com o estado democrático de direiinstrumento de luta desafiato e que precisam ser revertidas. Tedor, pelas represálias imposmos que intensificar essa luta para tas pelo governo e pelo medo que seja possível impedir, de fato, a que gera na categoria. Nesse aplicação desse tipo de lei no nosso cenário, a APP pretende propaís. E elas se refletem no aumento por outras táticas de luta? A

greve é o instrumento central, mas existem outras mobilizações, como abaixo-assinado, projetos de lei de iniciativa popular, diálogo e manifestações que não envolvem necessariamente paralisar o trabalho. Todas essas são ações importantes. Estamos num momento em que é preciso organizar muitos atos públicos, atos de rua. Temos que combinar todos esses instrumentos e, se eles se esgotam, retomar a greve como ferramenta de luta. Como o cidadão pode contribuir na luta dos professores por melhores condições de trabalho e pela educação de qualidade? É importante que, primeiro, os pais, mães e responsáveis pelos estudantes compreendam o contexto de ataque à educação pública. A partir dessa compreensão, a comunidade escolar e a sociedade em geral podem sair conosco na defesa do ensino público, um centro importantíssimo para o desenvolvimento das condições econômicas e sociais que levam a um mundo melhor.

Justiça do PR condena Cassio Taniguchi por improbidade Redação, Curitiba (PR) O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) condenou, nesta segunda-feira (25), o ex-prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi e sua esposa, a ex-primeira dama Marina Taniguichi, por improbidade administrativa – uso desonesto do recurso público. A condenação é referente ao exercício dos mandatos de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004 na administração municipal. A decisão do TJ-PR atende a uma ação civil pública proposta

pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio da Promotoria de Justiça de Proteção do Patrimônio Público e da Ordem Tributária. A ação refere-

Taniguchi perdeu direitos políticos por 8 anos e não pode firmar contratos com o poder público até 2027

se à compra de distribuição de material destinado à propaganda política, pagas com recursos públicos pelo então prefeito e primeira dama, configurando dano ao tesouro público e enriquecimento ilícito. O casal também terá que ressarcir os cofres públicos em R$ 38.293,00 – valor que deve ser atualizado, com correção monetária contando a partir de 2000. Eles ainda terão que pagar multa de igual valor. O ex-prefeito Cássio Taniguchi e a esposa ainda não se manifestaram sobre a decisão.


Brasil de Fato PR 9

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

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Terça-feira será dia de luta contra as privatizações do governo Temer Mobilização em defesa do patrimônio público coincide com aniversário da Petrobras Antonio Cruz | Agência Brasil

Desastre de Mariana (MG) é o maior acidente do gênero da história mundial nos últimos 100 anos

Redação, São Paulo (SP)

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o dia 3 de outubro de 1953, o então presidente Getúlio Vargas sancionou a lei que deu origem à Petrobras, a maior empresa estatal brasileira. Depois de 64 anos, trabalhadores de vários setores aproveitam a data histórica para se manifestar contra as privatizações do governo golpista de Temer (PMDB). O Rio de Janeiro será o epicentro

dos protestos desta terça-feira (3), que devem ocorrer em menor escala em todas as regiões do país. Milhares de pessoas devem se reunir a partir das 11 horas em frente ao prédio da Eletrobras, no centro da cidade, para denunciar a venda do patrimônio público e a precarização dos serviços. A sede da Eletrobras foi escolhida como ponto de encontro dos manifestantes porque também está na rota de privatização do governo golpista. Esta semana, o ministro de Minas e Ener-

gia, Fernando Bezerra Coelho Filho, Assim como a FUP, a Central Únifoi ao Senado para explicar a proposta ca dos Trabalhadores (CUT), a Frenàs comissões de Assuntos Econômicos te Brasil Popular, a Plataforma Operáe de Infraestrutura. A Eletrobras é uma ria e Camponesa de Energia (Poce) e sociedade de economia mista, sob o Movimento dos Atingidos por Barcontrole acionário do governo federal. ragens (MAB) confirmaram presença Na mesma data, em Curitiba, ha- nos protestos de 3 de outubro. verá ato e aula pública em defesa das estatais e Relembre A vendo Brasil, na praça Sanda da mineradotos Andrade, a partir das ra Vale do Rio Do9 horas. A atividade se ince (hoje apenas Vasere em uma jornada de le), durante o goverVenda da lutas ao longo de outuno Fernando HenriVale “a preço que Cardoso (FHC), bro, para conscientizar a sociedade sobre a imporé considerada um de banana” tância das estatais. dos maiores fracassimboliza sos das políticas prio fracasso Petróleo Segundo a Fevatistas no planeta. deração Única dos PeCriada em 1942 com das políticas troleiros (FUP), uma das recursos do Tesouro privatistas entidades mobilizadas, a Nacional, a emprePetrobras também se torsa foi entregue à ininou um símbolo do desciativa privada, em monte do Estado brasileiro. Desde que 1997, por R$ 3,3 bilhões, numa époo golpe foi oficializado e Temer no- ca em que as suas reservas minerais meou Pedro Parente como presiden- eram calculadas em mais de R$ 100 te da petrolífera, o Brasil assistiu a um bilhões. processo de entrega da camada préA transação, a “preço de banana”, sal para o capital estrangeiro. deu início a uma série de denúncias Há um mês, Parente anunciou que de crimes ambientais cometidos pela colocará à venda 50 concessões refe- empresa - o pior deles, o rompimento rentes aos direitos de exploração em da barragem em Mariana-MG, matou três conjuntos de campos terrestres, 18 pessoas e destruiu os ecossistemas no Rio Grande do Norte e da Bahia. do Rio Doce em novembro de 2015.

Papa Francisco lança campanha pelos migrantes e refugiados Redação, São Paulo (SP) O Papa Francisco lançou no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (27), a campanha “Partilha a viagem”, que convida a sociedade civil a receber com carinho os migrantes e refugiados espalhados pelo planeta. A Cáritas Internacional, que assume a organização

da campanha, afirma que o objetivo é difundir a “cultura do encontro”, ou seja, a troca de afetos e experiências entre povos. O símbolo da campanha são os braços abertos, em sinal de abraço. O Papa Francisco explicou que essa é a maneira, segundo a Bíblia, com que Jesus Cristo gostaria que os fiéis recebessem os estrangeiros em suas terras:

“Justamente assim, com os braços bem abertos, prontos a um abraço sincero, afetuoso e envolvente”.

Brasil tem 9,5 mil refugiados reconhecidos, de 82 nacionalidades

Brasil O gesto do Papa foi repetido em várias localidades do Brasil nesta quarta-feira. No Rio de Janeiro, o local escolhido foi o Cristo Redentor. Em São Paulo, as escadarias da catedral da Sé receberam dezenas de imigrantes e pes-

soas simpáticas à campanha. No ano passado, o número de refugiados reconhecidos no país aumentou 12% e chegou a 9.552 pessoas, de 82 nacionalidades diferentes. Além de chamar a atenção para a xenofobia, a Cáritas Internacional pede atualizações na lei migratória, que, por exemplo, não se aplica ao contexto pós-Primavera Árabe, em 2011.


10 9 | Cultura

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

Séries da TV exibem história do Brasil

Divulgação

São duas boas séries da Globo. Porém, no jornalismo, a emissora continua a negar o passado e o presente do Brasil Felipe Marcelino, Belo Horizonte (MG)

E

streou, no dia 19, a série “Filhos da Pátria”, de autoria de Bruno Mazzeo e Alexandre Machado. O enredo se passa no período do pós-independência (1822) e apresenta a história da corrupção no país e nossa formação como povo brasileiro. A trama se desenvolve a partir do português Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero),

um funcionário público que vive com a família no Brasil e que se envolverá em esquemas de corrupção. Como disse o ator Mateus Nachtergaele, que interpreta o personagem Pacheco: “Na independência, um Brasil diferente poderia ter sido construído, mas o que se instala é a repetição do processo exploratório que os portugueses fizeram”. E por falar em história… No dia 18, foi ao ar o último

capítulo da supersérie “Os dias eram assim”. A trama tinha como enredo a luta do médico Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte) para viver uma paixão. Em meio ao romance, a séria trouxe para a telinha a história do golpe militar de 1964, os seus desdobramentos e chega até a campanha pelas Diretas Já, em 1984. Detalhes e momentos importantes desse conturbado período mostraram as perversidades da época, mas também a

Série “Filhos da Pátria”, que estreou no dia 19

luta e a resistência de muitos brasileiros. Surpreendente foi ver o casal principal, Renato e Alice, num salto histórico para os dias de hoje. No contexto do Brasil atual, os dois aparecem participando de uma manifestação contra o governo ilegítimo de Temer,

pedindo eleições diretas. A série ajudou a mostrar que os dias de hoje, infelizmente, não mudaram tanto assim. Duas boas séries produzidas pela Rede Globo… Pena que o seu jornalismo, por outro lado, siga caminho totalmente contrário ao povo e à história do Brasil!

AGENDA CULTURAL

O Desprezo O quê: Na Itália, uma equipe grava um filme baseado na Odisseia, de Homero. Camille é casada com Paul, contratado pelo produtor Jeremy para escrever o roteiro por 10 mil dólares. Uma série de mal-entendidos faz com que a relação do casal vá se desmanchando. O filme é do cineasta francês Jean-Luc Godard, gravado em 1963. A exibição faz parte da programação do Cineclube Aliança Francesa Quando: Dia 30, sábado, às 16h Onde: Cine Guarani, Portão Cultural, Av. República Argentina, 3430. Quanto: Entrada franca. Reprodução

Sonora - Ciclo Internacional de Compositoras Reprodução

O quê: É um festival de música é composto por shows, workshop, roda de diálogo, com o protagonismo de composições da mulher na música. O evento acontece em mais de 70 cidades do Brasil e dos continentes americanos, africano e europeu, e busca romper com a invisibilidade da mulher artista e sua capacidade de criação. Quando: De 28 a 30, quinta, sexta e sábado. Onde: O evento ocorre em diferentes locais. Confira na página do Facebook: sonorafestivalbrasil Quanto: Entrada franca.

Sobre elas O quê: É uma peça que reflete sobre a violência contra mulher, o machismo e a construção social da masculinidade e feminilidade desde a infância. Por meio dos desabafos de uma jovem recém casada, o espetáculo traz à cena a violência e o silêncio do 3º país que mais mata mulheres no mundo. A peça é do grupo Na Lona, que reúne 15 artistas moradores de Mandirituba, município da região Metropolitana de Curitiba. Quando, onde e quanto: - Dia 5 de outubro, durante o 12º Festival de Teatro de Pinhais, no Centro Cultural Wanda dos Santos Mallman, em Pinhais, às 20h. Entrada Franca. - Dia 20 de outubro, durante o V Festival de Teatro de Pontal, no Ginásio Divulgação Municipal da Primavera, em Pontal do Paraná, às 21h. Entrada Franca. - Dia 5 de novembro, durante a Mostra Domingo É no Teatro, no Teatro Municipal de Fazenda Rio Grande, às 20h. Entrada de R$10,00.


Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

Kingston kombi estaciona em Curitiba neste sábado

ESPECIAL | Receitas da Agroecologia

Projeto promove festas itinerantes para valorizar a cultura hip-hop Redação, Curitiba (PR) Uma Kombi colorida por grafites e carregada com equipamentos de som tem levado a cultura hip-hop para praças e ruas de municípios da Região Metropolitana de Curitiba. Ela é o principal instrumento de atuação do projeto Kingston Kombi, que vai estacionar do Centro da capital neste sábado, dia 30. A iniciativa é coordenada pela Flying Boys Crew, uma ONG curitibana criada no final dos anos 1990. Desde junho de 2017, o grupo passou a organizar as festas itinerantes de hiphop em comunidade de vários municípios. Ao todo serão 12 paradas, até dezembro, em média com duas festas por mês. Bboys, bgirls, MCs e grafiteiros se reúnem durante

cada encontro, com a intenção de voltar às origens do hip-hop, incentivar a autonomia e a produção cultural por onde passam. Para dar suporte aos artistas e ativistas culturais, a Kombi garante o equipamento de som, DJ’ing, microfones e instrumentos de percussão. A mistura de tudo isso promete dar uma linda festa!

11 | Cultura 11

Para ficar por dentro Quando: Dia 30, sábado, das 14h às 18h Onde: Praça Garibaldi, no Largo da Ordem, em frente ao “Cavalo Babão”. Quanto: Gratuito Para saber mais, acesse kingstonkombi no Facebook Divulgação

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Curau Doce de Milho Verde

Ingredientes 5 espigas de milho verde 1 xícaras de açúcar

Modo de fazer Rale as espigas de milho em um ralo fino sem pressionar muito para que a massa não fique muito grossa. Em uma panela, adicione a massa de milho, o açúcar e o leite, mexendo sempre para não empelotar. São cerca de 10 minutos no fogo baixo, mexendo, até que o creme desgrude da panela. Coloque a massa em uma tigela para esfriar e polvilhe canela por cima. Leve à geladeira. Dica caso a massa seja preparada no liquidificador, é necessário peneirar para tirar um pouco do bagaço do milho. Fonte: Livro “Receitas da florestas que a gente planta”, organizado pelo projeto Flora, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Paraná (MST).

Uma Kombi customizada garante o equipamento de som para o evento

AGENDA CULTURAL

Folebaixo

Kartas de uma boneka viajante

O quê: O duo instrumental apresenta a união dos instrumentos com as batidas eletrônicas. É um show recheado de ritmos brasileiros e influenciado pela música latinoamericana. O duo lançou em 2015 o álbum “Lounge”, que foi eleito entre os “100 Melhores Álbuns da Música Brasileira” pelo site Melhores da Música. Quando: Dia 30, às 11h. Onde: Casa Heitor Stockler de França | Rua Mal. Floriano Peixoto, 458 - Curitiba/PR Quanto: Entrada Franca.

O quê: A peça narra o encontro entre um desiludido escritor e uma criança que chora porque perdeu a sua boneca. Para alegrá-la, o autor inventa uma história dizendo que a boneca na verdade não se perdeu, mas estava apenas viajando. O escritor resolve, então, criar cartas imaginárias da boneca endereçadas à menina. Uma história repleta de lirismo, que fala sobre amizade, despedidas e consolo. O espetáculo é premiado pelo Troféu Isabelle Neri Gralha Azul de melhor texto e direção e melhor espetáculo para crianças. Quando: Dia 30, sábado, às 16h. Onde: Teatro SESI Portão, Rua Padre Leonardo Nunes, 180. Quanto: Entrada franca

1 litro de leite Canela em pó para polvilhar


12 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de setembro a 4 de outubro de 2017

Falta de incentivo impede atuação de mulheres no futebol Ex-capitã da seleção, Marisa Nogueira, fala que há muito que avançar no esporte Mariana Pitasse, Rio de Janeiro (RJ)

H

Ao falar do futebol feminino, a ex-atleta admite melhoras no cenário nacional, mas acredita que ainda há muito o que avançar

futebol feminino. Meninas jogando é que não falta. O que falta é incentivo”, afirma. Este será o primeiro ano em o time campeão do Brasileirão feminino receberá uma premiação em dinheiro – serão R$ 120 mil. No ano passado, o Palmeiras, vencedor do campeonato masculino, recebeu R$ 17 milhões, ou seja, 141 vezes mais que a

todas as rubricas referentes ao esporte de alto rendimento sofrerão cortes drásticos. Exemplos: se a LOA de 2017 disponibilizou R$ 60 Se aprovada, a proposmilhões para a implantação ta para a Lei Orçamentária de infraestrutura esportiva, Anual (LOA) de 2018, enano que vem somente R$ 13 viada pelo governo fedemilhões poderão ser gastos. ral à Câmara dos DeputaMas o maior dos, confirmará golpe foi no esa aniquilação da tímulo à prátipolítica esportica esportiva de va do país e a relazer. A rubridução do MinisNo próximo ca que promove tério do Esporte melhorias nas a pó. ano, o instalações esSegundo a orçamento portivas públiproposta, o caido esporte cas ficará anêxa do Ministério cairá 87% em despencará mica: de R$ 462 milhões em relação a 2017! R$220 2017, seu caixa Isto é, se o orçamilhões terá ínfimos R$ mento do espor7 milhões em te foi de R$ 1,245 2018. bilhões, este A conclusão é que a poano, no próximo despenlítica esportiva do golpe de cará para R$ 220 milhões. Estado ataca atletas de alto O Bolsa Atleta, seu prinrendimento, mas também cipal programa esportivo, visa propiciar uma vida terá R$ 70 milhões disponímuito pior ao povo brasiveis em 2018, contra R$ 125 leiro. milhões deste ano. De fato, Diego Silveira, Belo Horizonte (MG)

Divulgação

á 35 anos trabalhando com futebol feminino, Marisa Nogueira tem vasta trajetória na história do esporte. A ex-atleta, que hoje atua como treinadora, foi capitã da primeira Seleção Brasileira formada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para disputar o primeiro Campeonato Mundial da FIFA, o Mundial Experimental, realizado em Guangdong, na China, em 1988. Ao falar do futebol feminino, Marisa Nogueira admite melhoras no cenário nacional, mas acredita que ainda há muito o que avançar. Para ela, o esporte não é tratado como a modalidade masculina por falta de respeito. “Na nossa época era pior do que agora, mas ainda precisamos de recurso para alavancar o

O golpe no sonho esportivo nacional

premiação feminina. Hoje, trabalhando com time feminino amador, Marisa também reclama da falta de espaço para as ex-atletas. “Somos capacitadas, mas não nos procuram para nada. Por que só tem duas mulheres na comissão técnica da seleção feminina, se é um time de mulheres? Isso é um absurdo”, questiona.

Tudo de novo

Obrigado TFI!

Vai ter festa na Baixada!

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

O Coritiba chega ao terço final do Campeonato Brasileiro com sua pretensão definida: novamente a luta do clube será para evitar o rebaixamento à Segunda Divisão. Ocupando a penúltima colocação a 14 rodadas do fim, nem o mais otimista dos torcedores ainda crê no discurso do presidente Rogério Bacellar, de que o objetivo seria uma vaga da Copa Libertadores da América. Também caiu por terra qualquer ilusão quanto ao acerto da declaração do diretor de futebol, Ernesto Pedroso, segundo o qual o elenco coxa-branca estaria “repleto de craques”. Para os confrontos do próximo sábado em Salvador diante do Bahia, e da quarta-feira em São Paulo contra o Corinthians, a esperança da torcida tem uma só letra e dois algarismos que se repetem: K-99. Keirrison, o nono maior artilheiro da história do clube, deve substituir os lesionados Kléber e Alecsandro. É de gols que o povo gosta.

O momento que vivemos hoje não seria possível sem a persistência e a dedicação da Torcida Fúria Independente (TFI). Não fosse o “mar branco”, “a mais temida”, “a torcida que não para de agitar”, seria difícil devolver vida a um Clube que chegou perto de fechar as portas. Nesses quase dez anos de Série B, a TFI não deixou de apoiar o Paraná um só momento. Claro que houve tempos de maior tensão, de críticas mais contundentes. Mesmo que fosse para lamentar o presente e exaltar o passado, essa galera não deixou de se encontrar na Vila e cultivar o amor pelo Paraná. Chegou a hora de colher os frutos de tanta cumplicidade. O Paraná está próximo de retomar o seu lugar na elite. Nos 24 anos da Fúria Independente, comemorados nesta sexta (29), não existe muito a dizer a não ser “Obrigado TFI”! Obrigado guerreiras e guerreiros valentes, que jamais desistiram de lutar pelo tricolor!

Ingresso barato, burocracia zero, desconto para quem usar a camisa do clube, cerveja liberada. No dia 3, a Arena da Baixada volta a ser do povão. Nada de ingresso a R$ 150, biometria que restringe o acesso aos sócios ou restrições à torcida. Por R$ 30, o torcedor que for com a camisa do clube poderá assistir a um dos jogos mais importantes da temporada. Pela primeira vez no ano, a lotação máxima da Baixada poderá ser atingida em um jogo de futebol, deixando claro qual é o caminho para se ter casa cheia e torcida empurrando o time. Uma relação de troca entre clube e torcedor, sem exclusões, sem imposição de uma relação de consumo, sem frescura. A tão sonhada marca de 40 mil pessoas no estádio, assistindo a um jogo de futebol, está prestes a ser alcançada pela Baixada. Tudo indica que será na próxima terça-feira, no jogo entre Paraná Clube e Internacional...


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