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Copa do Mundo na América do Sul? Argentina, Paraguai e Uruguai se uniram para sediar a Copa do Mundo de 2030. Luis Suárez (foto) e Lionel Messi são os garotos-propaganda da candidatura.
PARANÁ
19 a 25 de abril de 2018
distribuição gratuita
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Ano 3 | Edição 76
LULA CONTINUA NAS RUAS E À FRENTE NAS PESQUISAS
Ricardo Stuckert
Nesta quinta-feira (19), Lula completa 12 dias preso na Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. A cerca de 100 metros dali, um acampamento em defesa da liberdade do ex-presidente está montado desde o primeiro dia da sua prisão. Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e João Pessoa (PB) são as outras capitais onde há vigílias permanentes. Trancamentos de rodovias, ocupações e protestos também ocorrem em todo o país. Além da presença nas ruas, Lula continua líder nas pesquisas sobre quem deve ser o próximo presidente do Brasil, com aproximadamente o dobro de intenções de voto do segundo colocado. Brasil | p. 4 e 5
2 | Opinião
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O Brasil em estado de vigília EDITORIAL
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esde o dia 7, o principal fato político no país é a prisão do ex-presidente Lula, há mais de doze dias preso na Superintendência da Polícia Federal, no bairro do Santa Cândida, em Curitiba, cumprindo pena de 12 anos e 2 meses. Trata-se de uma prisão política e apressada. O correto seria o respeito ao devido processo penal e que a acusação contra Lula cumprisse todo o trânsito em julgado. Após nove governadores não poderem visitar Lula, acionou-se a preocupação com as suas condições. Ex-presidente por duas vezes, aos 72 anos, a realidade é que o ex-sindicalista está em estado de solitária, numa medida agressiva do juiz Sergio Moro – ainda que a cela possa estar em boas condições. Logo na chegada do ex-presiden-
Programa “Paraná Seguro” não passa de um produto de marketing OPINIÃO
te, mesmo com a repressão descabida, manifestantes em defesa de Lula e da democracia montaram o acampamento Lula Livre, onde todo dia circulam duas mil pessoas, com a presença de governadores, deputados, artistas e personalidades. A manutenção da vigília em frente à PF é pelo direito à livre manifestação, apesar de tentativas de intimidação e especulações de problemas com os moradores. No geral, o acampamento vem recebendo apoio na forma de doações e presença de pessoas nas atividades culturais. Se não há provas documentais contra o ex-presidente, que segue em primeiro nas pesquisas eleitorais, é preciso reafirmar a democracia e o direito de Lula estar livre e ser candidato. Só isso poderá pacificar o Brasil: a decisão popular.
Ricardo Almeida/ANPr
Governo Richa empurrou para debaixo do tapete um dos maiores problemas da segurança pública: o sistema carcerário
Ao assumir a segunda gestão, em 2015, Richa prometeu construir bacharel em Direito e presidente do novos presídios e reformar os exisSindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (SINDARSPEN) tentes. Com exceção da Cadeia Pública de Campo Mourão, as demais obras nunca saíram do papel. Enquanto isso, as penitenciám novembro de 2011, Beto Ririas funcionam precariamente em cha lançou o “Paraná Seguro”, prédios sem a deviseu badalado programa de segurança púO que acontece da manutenção e com problemas como déblica. Na extensa lista dentro dos ficit de agentes (1.600 de ações para a área, presídios tem em todo o estado). estavam a moderniNas delegacias, as cezação dos órgãos de tudo a ver com las provisórias foram segurança e a contraque acontece transformadas em tação e formação converdadeiros barris de tinuada de policiais. aqui fora pólvora, prestes a exNenhum dos 13 plodir. pontos foi executado Independentemente do que como o prometido, e os problemas cada um pense sobre o tema, no do sistema carcerário foram emBrasil não existe pena de prisão purrados para baixo do tapete. Em perpétua. Todo preso um dia vol2014, após um ano sangrento com ta a conviver em sociedade. E o que 24 rebeliões no estado, o governo acontece dentro dos presídios tem aumentou o número de vagas nas tudo a ver com que acontece aqui unidades penais. Só que executou fora, num Paraná completamente da pior forma, sem nenhum tipo de inseguro. construção ou adequação. Petruska Sviercoski,
E
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Paraná. Esta é a edição nº 76 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi, Daniel Giovanaz e Pedro Carrano REPORTAGEM Julia Rohden e Franciele Petry Schramm COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Petruska Sviercoski, Manoel Ramires ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia R. Bianchini e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Clara Lume e Denilson Pasin FOTOGRAFIA Giorgia Prates, Joka Madruga, Matheus Lobo e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)
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Ricardo Stuckert
FRASE DA SEMANA
O argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 1980, veio a Curitiba para participar de um evento em homenagem à Constituição. Ele também pretendia visitar o ex-presidente Lula (PT), mas o pedido foi negado pela juíza federal Carolina Moura Leb -bos. Esquivel entende que Lula está sendo perseguido “pelo que fez de certo para o Brasil”, afirma que suas políticas públicas foram criminalizadas pelo Poder Judiciário, e iniciou uma campanha para que Lula receba o Nobel da Paz em 2018.
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“Acredito na eficiência da agroecologia e na urgência da reforma agrária para alimentar todos os brasileiros com uma comida sem veneno e socialmente justa”,
Nobel da Paz apoia Lula
disse a apresentadora Bela Gil, após visitar o acampamento Lula Livre em Curitiba e reafirmar o apoio à luta dos agricultores do MST. MST
MP abre inquérito para investigar transporte coletivo em Curitiba Vereadores da oposição apontam irregularidades na compra de veículos Manoel Ramires,
Porém.net Curitiba (PR)
O Ministério Público do Paraná autorizou abertura de inquérito para investigar o contrato do transporte público de Curitiba. A decisão foi tomada após vereadores da oposição entregarem um dossiê em que apontam irregularidades na compra de novos ônibus. Os vereadores questionam se os veículos são adquiridos pelas empresas ou com recursos do município. O prefeito Rafael Greca (PMN) determinou um aumento de 15% no valor da passagem em janeiro de 2017. Os vereadores que cobram a investigação são Cacá Pereira (PSDC), Felipe Braga Cortes (PSD), Goura (PDT), Professor Euler (PSD), Professora Josete (PT), Professor Silberto
(PMDB), Marcos Vieira (PDT) e Noêmia Rocha (PMDB). Na decisão de abertura do inquérito, na última sexta-feira (13), o Ministério Público informou que pretende apurar se há uso indevido do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) para o pagamento do 13º salário dos empregados das empresas de transporte.
URBS tem 15 dias para responder aos questionamentos da promotoria Este procedimento é considerado estranho à finalidade do fundo, o que configura, em tese, improbidade administrativa. Conforme a denúncia, o número de ônibus comprados é insuficiente na comparação
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com a quantidade veículos que perderão o prazo de validade para circular na cidade. “A renovação acordada é insuficiente – seriam 150 novos ônibus por ano até 2020, mas somente até o fim de 2017 já haveria 529 ônibus com a vida útil vencida. O acordo dá a entender que as empresas deveriam arcar com a compra dos ônibus, no entanto, não está claro se isso de fato acontecerá”, questionam. Para a oposição, não se sabe se o dinheiro está saindo das empresas, como legalmente deveria ocorrer, ou do FUC, “gerenciado pela URBS [Urbanização de Curitiba S/A], o que é ilegal”. A promotora de Justiça Luciane Evelyn Melusso deu à URBS 15 dias para responder questionamentos da promotoria de defesa ao patrimônio público.
Quilombola morto a tiros Nazildo dos Santos Brito, liderança quilombola no município de Acará, nordeste do Pará, foi assassinado a tiros na noite do último sábado (14) após receber uma série de ameaças. A polícia investiga o caso. Nazildo é ex-presidente da Associação de Moradores e Agricultores Remanescentes Quilombolas do Alto Acará. O Pará é o segundo estado brasileiro com o maior número de mortes em conflitos agrários. O ano de 2017 bate vários recordes nesse quesito, e é o mais violento das últimas três décadas.
Fredi Vasconcelos
RADAR
DA LUTA Primeiro de Maio unificado Num gesto inédito em anos recentes, as principais centrais sindicais brasileiras, entre as quais a CUT, CTB, CSB, UGT, Força Sindical e Nova Central anunciaram, no dia 18, que a mobilização do dia Primeiro de Maio será unificada em Curitiba. O Dia do Trabalhador será pela liberdade do ex-presidente Lula, com a presença de delegações nacionais e internacionais. Nada de sorteios ou de shows. O evento pretende contar com presença massiva das bases de cada Central.
Servidores fazem greve em Florianópolis Os servidores públicos municipais de Florianópolis estão em greve desde o dia 11 de abril, por tempo indeterminado. Pelo menos 70% dos trabalhadores aderem à paralisação, segundo o Sintrasem, sindicato da categoria. A motivação é a tentativa de a prefeitura aplicar a contratação de servidores no formato de Organizações Sociais (OS) nas áreas de Saúde e Educação. Medida semelhante já acontece, por exemplo, em Curitiba, aprovada em agosto de 2017, pela Câmara de Vereadores, e enfrenta resistência da população em casos como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) CIC.
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CURITIBA:
CAPITAL DA RESISTÊNCIA PELA LIBERDADE DE LULA De “República da Lava Jato”, Curitiba agora é reivindicada por movimentos sociais e sindicais apoiadores de Lula como centro das mobilizações pela liberdade do ex-presidente, preso desde o dia 7 Joka Madruga
Redação, Curitiba (PR)
“S
e eles não me deixarem de falar, falarei pela boca de vocês. Andarei com as pernas de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês”. O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um ato no Rio de Janeiro, menos de uma semana antes de ser preso, se concretiza em Curitiba e por todos os estados brasileiros. São protestos, acampamentos, trancamentos de rodovias, ocupações, pichações pela liberdade do político, que se consolida como a maior liderança popular do país. Nesta quinta-feira (19), Lula completa 12 dias de prisão provisória por determinação do juiz de primeira instância Sérgio Moro, na Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santo Cândida, em Curitiba. A cerca de 100 metros dali, um acampamento batizado de “Lula Livre” está montado desde o primeiro dia da sua prisão. Movimentos sociais do campo e da cidade, partidos e organizações sindicais mantêm uma extensa programação de atos políticos, apresentações culturais e oficinas. Artistas, intelectuais e políticos e todas as centrais sindicais manifestam apoio ao ex-presidente, dezenas deles vieram até Curitiba para participar do acampamento. Entre as figuras que passaram por lá está a apresentadora Bela Gil, o cantor Carlos Careqa e o rapper Renegado. Além da presença nas
ruas, Lula continua líder nas pesquisas sobre quem deve ser o próximo presidente do Brasil, com aproximadamente o dobro de intenções de voto do segundo colocado conforme pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no dia 16 de abril. Curitiba no centro da defesa de Lula Já virou regra: assim que acordam pela manhã, as pessoas que participam da vigília no acampamento “Lula Livre” dizem um ressoado “bom dia, presidente Lula”. A mesma ação acontece com o “boa tarde” e o “boa noite”. Ao longo dos 12 dias em atividade, uma média de duas mil pessoas se mantêm acampadas, dormindo em barracas e tendas de lona. A
estimativa dos organizadores é de que, pelo menos, sete mil pessoas tenham visitado o espaço até agora. O ponto de referência das manifestações no local é o cruzamento das ruas Guilherme Matter e Dr. Barreto Coutinho, rebatizado pelos manifestantes de “Praça Olga Benário”.
“Lula disse: a palavra é resistência”, senadora Regina Sousa (PT-PI)
Após um interdito proibitório solicitado pela prefeitura de Curitiba, o acampamento precisou ser reorganizado
e está dividido em dois locais, desde esta quarta-feira (18). O primeiro se mantém nas redondezas da Praça Olga Benário, onde ocorre toda a programação política e cultural do acampamento. O segundo está destinado ao pernoite, onde estão montadas as barracas e tendas. Nos dois locais há banheiros químicos e estão distribuídas 17 cozinhas comunitárias, onde são preparadas refeições para os acampados. Foram divididas equipes de trabalho para cuidar da saúde, da segurança e da limpeza dos ambientes. Lula ouve as manifestações, e envia recado Uma comitiva de onze senadores integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Casa
realizou, no dia 17, uma visita a Lula na Superintendência da Polícia Federal. Os senadores afirmaram que a estrutura da sala onde o ex -presidente é mantido – um alojamento convertido em cela sem grades e com banheiro privativo– é adequada e o tratamento recebido pelos agentes responsáveis por sua segurança é profissional, mas reclamaram do que classificaram como “confinamento em solitária” sofrido por Lula. Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), apesar do isolamento, o ex-presidente pode ouvir as falas feitas no acampamento Lula Livre, e se demonstra confiante. “Foi uma visita impressionante e gratificante pela tranquilidade que demonstra o presidente. Mostrando preocupação com o povo brasileiro, com as instituições e a liberdade de todos, não com a sua própria”, contou. “Eu sei porque estou preso: pelo que fiz pelos pobres deste país”, disse Lula, segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Diante da reação de tristeza de senadores diante de seu encarceramento, Lula teria ainda alertado: “não quero saber de choro!”. “Lula disse: a palavra é resistência”, relatou a senadora Regina Sousa (PT-PI). “Então se a polícia vier tirar vocês, vocês finjam que estão saindo, mas voltem. A importância do bom dia que vocês dão todos os dias a ele faz toda a diferença”, completou a senadora.
Violência e repressão Apesar do caráter pacífico da mobilização, os manifestantes pró-Lula sofreram duas graves situações de violência nestas quase duas semanas. A mais recente ocorreu na noite de terça-feira (17), quando participantes do acampamento foram brutalmente agredidos. Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram atacados em um trecho da Avenida Paraná, no caminho entre a Polícia Federal e o terreno onde estão montadas as barracas do acampamento, quando voltavam das atividades. As vítimas foram agredidas com barras de ferro e pedaços de madeira. Não foi possível identificar a quantidade de agresso-
res, que se definiram como torcedores do Coritiba Foot Ball Club, da Império Alviverde. O time disputava uma partida contra o Atlético Goianiense, nesta terça-feira à noite. O dia 7 de abril, quando o ex-presidente decidiu se entregar à Polícia Federal, duas mil pessoas que faziam vigília em apoio a Lula na rua de acesso à Superintendência foram violentamente reprimidas. Pelo menos 24 pessoas ficaram feridas por balas de borracha e estilhaços de bombas de gás lacrimogênio disparadas pela Polícia Federal e pela Polícia Militar, conforme apuração do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD). Deste total, há 17 mulheres e um adolescente.
Matheus Lobo
“Represento uma geração que está podendo ter acesso a coisas que nunca tivemos”, diz Maria Gabrielly Dantas sobre a oportunidade de estudar pelo Programa Universidade para Todos, que agora participa do acampamento “Lula Livre”
A repressão foi denunciada por organizações de direitos humanos e movimentos populares à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no dia 13. “O direito à manifestação é um direito fundamental”, lembra. “Além disso, a polícia
não pode reprimir de forma seletiva os manifestantes a favor de Lula, enquanto manifestantes contrários soltavam fogos de artifício em direção ao helicóptero que levava o ex-presidente, na tentativa de derrubá-lo”, avalia o advogado popular Fernando
Prioste, da Terra de Direitos, uma das organizações que assina o documento da denúncia internacional. Este conteúdo é fruto da cobertura conjunta feita pelos jornalistas: Diangela Menegazzi, Ednubia Ghisi, Franciele Petry Scharmm, Júlia Rohden e Rute Pina
SOLIDARIEDADE PELAS RUAS DO SANTA CÂNDIDA “Pode entrar, fica à vontade!” É assim que Gelsoli Bandeira dos Santos, funcionário público da Prefeitura de Curitiba, recebe as pessoas que estão acampadas. Gelsoli mora com esposa e fi lha e oferece a casa, localizada próximo à Praça Olga Benário, para quem quiser tomar água, banho e carregar o telefone celular: “Tocou no meu coração e eu estou fazendo”, justifica. Thais Flessak mora no Jardim Aliança, a cerca de quatro quilômetros do acampamento. Na manhã do dia 10, ela foi ao local para levar doações e conversar com as pessoas. “Fui lá para ver se o pessoal estava precisando de alguma coisa. Levei
cobertores, suporte para galão de água, porque acho que facilita muito, algumas roupas, porque tem feito frio aqui à noite”, disse. O último levantamento feito pelos organizadores apontava meia tonelada de alimentos doados. Quer apoiar o acampamento? Então, leve a sua doação até o cruzamento das ruas Guilherme Matter e Dr. Barreto Coutinho, no bairro Santa Cândida. Há uma equipe no acampamento que ajuda a organizar os alimentos doados e os distribui para as cozinhas montadas nos locais. Existe uma tenda específica para atender as pessoas que queiram fazer doações.
QUER DOAR? Leve a sua doação até o cruzamento das ruas Guilherme Matter e Dr. Barreto Coutinho, no bairro Santa Cândida.
Gibran Mendes
Pão Margarina Água Repelente Ovos Frutas Legumes Pratos descartáveis Capas de chuva Cobertores Agasalhos
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Paraná, 19 a 25 de abril de 2018 Rovena Rosa | Agência Brasil
Pobreza extrema aumenta 11% em um ano; economistas culpam trabalho informal Júlia Dolce, São Paulo (SP)
O
número de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil passou de 13,34 milhões, em 2016, para 14,83 milhões no ano passado. A informação foi levantada pela empresa LCA Consultores com base nos dados da Pesquisa de Rendimento divulgada na quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Adriana Marcolino, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento de vagas sem carteira assinada, aliado ao não aumento real do salário mínimo, teve grande impacto na desigualdade social. “Estamos com altas taxas de ANÚNCIO PUBLICITÁRIO
desemprego, e o emprego que está sendo gerado é de baixa qualidade, é informal, instável, com salários menores. Esses elementos todos compõem o quadro de aumento na desigualdade”, destacou. Retrocesso A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostrou que, em dezembro de 2017, os trabalhadores informais representavam 37,1% da população ocupada no país. De acordo com o IBGE, é a primeira vez que o número de trabalhadores sem carteira assinada superou o de empregados formais. A diminuição da renda advinda do trabalho formal também foi um dos motivos levantados pelo coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar ANÚNCIO PUBLICITÁRIO
Massacre de Eldorado dos Carajás: 22 anos de impunidade MST realizou ato público em memória das vítimas Alessandro Dantas | PT no Senado
Azeredo, para essa desigualdade. “A qualidade do emprego foi baixa em 2017, com a redução da taxa de desocupação por meio do trabalho informal”. Bolsa Família A redução no número de beneficiários do programa Bolsa Família no último ano também foi apontada como um dos principais motivos para o aumento da desigualdade social. O IBGE apontou que, pelo menos, 326 mil domicílios deixaram de receber a renda do programa no ano passado. A região Nordeste foi a mais impactada pelos cortes: ao todo, 131 mil domicílios deixaram de contar com a renda extra. O índice de Gini, principal indicador da desigualdade de renda, cresceu de 0,555 para 0,567 entre 2016 e 2017 na região.
João Pedro Stédile (dir.) relembrou a tragédia de 17 de abril de 1996
Cristiane Sampaio, Brasília (DF) Nesta terça-feira (17), os 22 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, foram lembrados em clima de luto e luta por trabalhadores reunidos durante ato em Brasília, no Acampamento Lula Livre. A chacina de abril de 1996 terminou com 19 semterras mortos e 69 feridos, e é considerada um marco na batalha pela democratização da terra. Para João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “a história do Brasil está vinculada para sempre ao 17 de abril”. A data tornouse conhecida como Dia Internacional da Luta Camponesa. Dos 154 policiais que participaram do massacre, apenas dois foram julgados e condenados. Stédile e os demais militantes que participaram do ato reforçaram a importância da luta camponesa para a conquista de direitos por parte da classe trabalhadora. O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz, Carlos Moura, celebrou a importância das ocupações de terra ao longo da história: “Se queremos vencer, precisamos agora ocupar as ruas”. O ato político terminou com um protesto em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes, por reforma agrária e justiça social.
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Feira reúne música, artesanato e comida saudável no interior do Paraná
7 |9Cultura
PASSATEMPO
Projeto que faz sucesso em Umuarama deve funcionar em Cascavel a partir de maio Divulgação | UEM
Músicos aproveitam o espaço para divulgar seu trabalho à comunidade
Daniel Giovanaz, Curitiba (PR)
A Feira Agroecológica de Inclusão Social, Cultura e Artes (Faísca), ponto de encontro de artistas e agricultores familiares todos os sábados em Umuarama, noroeste do Paraná, funcionará também em Cascavel, região Oeste, a partir de 26 de maio.
sem agrotóxicos produzidos em assentamentos da reforma agrária no Paraná. No mesmo espaço, artesãos comercializam seus produtos e músicos locais criam vínculo com a comunidade. “A Faísca tem demonstrado que arte e agroecologia podem caminhar juntas, para transformação do planeta”, resume o artesão Ronaldo José Moreira, ex-conselheiro de economia solidária do governo federal Criada em 2015 pela In- e um dos responsáveis por cubadora de Empreen- levar o projeto a Cascavel. A Faísca acontece todo dimentos Econômicos Solidários (IEES), da Uni- sábado, das 16 às 19 horas, nos fundos do versidade Esestádio Lútadual de MaFaísca foi cio Pipino, em ringá (UEM), a criada em Umuarama. feira atrai consumidores de 2015, e a ideia Em Cascavel, o endereço é rua toda a região começa a se Paraná, 2786, metropolitapróximo à Bina, interessaespalhar pelo blioteca Munidos em adquiestado cipal. rir alimentos
AGENDA CULTURAL
Amanda Souza
Peça “Os Delatores da Inconfidência” conecta a Lava Jato a Tiradentes
Roda de Conversa sobre Maracatu de Baque Virado
No feriado que lembra a morte de Tiradentes, 21 de abril, a peça “Os Delatores da Inconfidência” vai trazer a Curitiba as conexões entre o passado e o presente. O obra compara a narrativa da Inconfidência Mineira, ocorrida no sec. 18, com a Lava Jato e a perseguição contra o ex-presidente Lula.
Mestre Gilmar, da Nação de Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu, vem a Curitiba para uma roda de conversa sobre a vivência na cultura popular pernambucana. O evento, organizado pelo Grupo Aroeira, será uma oportunidade de conhecer a história, fundamentos e práticas do Maracatu de Baque Virado. Quando: domingo, 22, às 14h. Onde: Sociedade Operária Beneficente Treze de Maio, Rua Clotário Portugal, 274. Quanto: Entrada gratuita.
A peça é inspirada em três poemas de Cecília Meireles (da obra Romanceiro da Inconfidência), com texto de Paulo Bearzoti Filho, com canções de Yuri Campagnaro, Ricardo Pazello e Jean Gabriel Coutinho. A atriz Patrícia Reis Braga e o ator e dramaturgo Paulo Afonso Castro encenam o espetáculo.
Para ficar por dentro Onde: Mímesis Conexões Artísticas, Rua Celestino Júnior, 189, bairro São Francisco Quando: dia 21 de abril, sábado, às 20h. Quanto: Entrada gratuita
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Argentina, Paraguai e Uruguai se unem para sediar uma Copa do Mundo Uma mesma edição do torneio nunca foi disputado em três países diferentes Redação, Curitiba (PR) Argentina, Paraguai e Uruguai oficializaram nesta semana a candidatura para sediar em conjunto a
Copa do Mundo de 2030. O ano marca o centenário da primeira edição do torneio, que aconteceu no Uruguai. O anúncio foi realizado em um evento em Buenos Aires, no qual foi confirmaDivulgação
Luis Suárez e Lionel Messi são os garotospropaganda da candidatura
do que a Copa terá 12 sedes para a disputa do torneio. O Uruguai e o Paraguai terão duas, enquanto a Argentina ficará com oito sedes. Os jogadores Lionel Messi, da Argentina, e Luis Suárez, do Uruguai, foram escolhidos como garotos -propaganda da candidatura sul-americana. A sede da Copa do Mundo de 2030 será decidida somente em 2020. O principal concorrente da candidatura tripla é a China.
China também lançou candidatura para a Copa de 2030
Preço das figurinhas dobrou desde a última edição do mundial Colecionador terá que desembolsar R$ 500,00 para completar o álbum Redação, Curitiba (PR) Copa do Mundo tem tudo a ver com álbum de figurinhas. Mas, neste ano, anda difícil para os colecionadores: está tudo muito caro! Ao comprar o pacote com cinco figurinhas por R$ 2,00, o torcedor está pa-
gando 100% a mais que na edição de 2014, quando o envelope custava R$ 1,00. Nos últimos quatro anos, a inflação subiu 28%. Ou seja, o aumento foi quase quatro vezes maior. Estatisticamente, para conseguir preencher todo o álbum, o colecionar precisará desembolsar, no mínimo, R$ 500,00.
Tese e antítese
Liberdade paranista
Bonito de ver
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Não houve, nas últimas décadas, diretoria do Coritiba mais aberta ao diálogo interno e externo do que a atual. O presidente Samir Namur, em especial, não só comparece às reuniões do Conselho Deliberativo, como também conversa com os sócios, em audiências coletivas, e está sempre receptivo à imprensa. A palavra mais frequente que utiliza para a gestão do futebol é planejamento, sublinhando o compromisso de fidelidade às diretrizes traçadas com o diretor remunerado Augusto de Oliveira e o gerente Pereira, em dezembro. Assim, pode-se entender a demissão do treinador Sandro Forner como uma demonstração de humildade e reconhecimento de um erro. Afinal, o novo técnico, Eduardo Batista, assume a função sem ter recomendado, tampouco avaliado, nenhum dos 12 reforços contratados no quadrimestre. Isso, definitivamente, é a antítese de um planejamento estratégico.
Você já pensou em ficar dez anos preso, sem encontrar seus melhores amigos sem fazer aquilo que mais gosta? Desde 2007, era assim que a torcida paranista se sentia. O amor ao Clube nunca foi abalado, mas aquela sensação que só os grandes jogos nos trazem, aquele orgulho pelo presente e não só pelo passado, nos fez uma falta danada. Foram exatos 3.754 dias. Dias de sofrimento, mas também de reconstrução. Na última segunda-feira, 16, enfim ganhamos a liberdade. O Morumbi, palco de tantas decisões, tantos momentos marcantes do futebol brasileiro, agora também conta essa história: o dia em que a gralha azul voltou a voar entre os grandes. O resultado não veio, a vida tem dessas coisas. Mas com brilho nos olhos, voltamos a assistir as nossas cores estamparem os principais noticiários do país, como nunca deveria ter deixado de ser.
As últimas semanas foram de entusiasmo para os lados da Arena da Baixada. A piazada fez história, conquistando o Campeonato Paranaense sobre o time principal do rival. O time de Fernando Diniz mostrou estar encontrando o equilíbrio, sem deixar de jogar da forma como o técnico gosta e para a qual foi contratado. O título estadual tem sim muito valor para a torcida atleticana. Primeiro, porque é um título, depois, porque foi em cima do Coritiba e, principalmente, porque mostrou que o clube tem uma base com a qual pode contar ao longo da temporada. O bom jogo contra o São Paulo e as goleadas sobre Newell’s Old Boys e Chapecoense também mostraram que o time principal está nos eixos. Depois de alguns sustos nas primeiras fases da Copa do Brasil, achou o equilíbrio ofensivo e defensivo e nos faz vislumbrar um ano promissor. Que sigamos assim!