Cultura sem aposentadoria
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Cultura | p. 7
Esportes | p. 8
Campeonato perdido
Dificuldades dos artistas com vários regimes de trabalho
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A luta dos jogadores fora dos gramados
PARANÁ
Ano 4
Edição Especial
1 a 8 de maio de 2019
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
O QUE PERDEMOS COM A REFORMA DA PREVIDÊNCIA Os mais afetados
Brasil | p. 5
Gibran Mendes
Mulheres, rurais e professores pagam a conta
História de 500 anos
Editorial p. 2
Tirar dos pobres e dar para os ricos
Por que sou contra
Geral p. 3
Pessoas de diversas áreas explicam motivos
de Fato PR 2Brasil Opinião
A reforma em que todo trabalhador perde EDITORIAL
N
o discurso, Bolsonaro afirma que a reforma da previdência é necessária. Mas não é bem assim. Quando fala em “economia” de mais de R$ 1 trilhão em dez anos, ele quer dizer que esse dinheiro sairá do bolso dos trabalhadores e dos mais pobres rumo ao sistema financeiro, para o pagamento de juros a banqueiros. É a história do Brasil em seus mais de 500 anos: tirar dos mais pobres e encher os cofres dos mais ricos. Afinal, o governo não cobra as empresas que devem cerca de R$ 450 bilhões à previdência, den-
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tre elas a JBS, o Bradesco, Lojas Americanas e a Vale, como já provou a CPI da Previdência. E com as mudanças
É a história do Brasil em seus mais de 500 anos: tirar dos mais pobres e encher os cofres dos mais ricos
como a chamada “capitalização” o que ocorrerá é o fim da aposentadoria
como conhecemos hoje. Isso porque temos atualmente 13 milhões de desempregados e boa parte das pessoas não tem trabalho para contribuir por 30 anos ou mais e chegará à velhice sem nenhuma garantia para comprar comida, remédios etc. Isso já ocorre em países que implantaram esse sistema que querem trazer para o Brasil, caso do Chile e Peru. Esta edição especial sobre a previdência social do Brasil de Fato Paraná soma-se às lutas unitárias do Primeiro de Maio e à resistência pelo direito à aposentadoria.
SEMANA
FRASE DA SEMANA
Um governo que não gera emprego, não gera salário quer tirar 1 trilhão do aposentado? Disse o ex-presidente Lula em entrevista na semana passada.
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1º de maio: unidade contra a reforma da previdência
OPINIÃO
Maria Aparecida Faria, dirigente da CUT nacional
O
1º de maio de 2019 marca um momento único na mobilização da classe trabalhadora contra as medidas injustas e arbitrárias que desde 2016 estão retirando direitos, destruindo a economia e a dignidade de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil e que agora tem seu ponto mais alto com a proposta de reforma da previdência (PEC 06/2019). Com a proposta já em tramitação, o governo pretende aprovar a reforma a qualquer preço, mostrando o que nunca conseguiu esconder: sua total falta de sensibilidade, humanidade e compromisso com a classe trabalhadora e o povo brasileiro, especialmente os mais pobres. A PEC nº 06/2019 é uma aberração que destrói o sistema público de aposentadoria, praticamente impede que o trabalhador se aposente, di-
minui criminosamente o valor dos benefícios, prevê a privatização do sistema com a capitalização, desmonta as políticas de Seguridade Social consolidadas na Constituição Federal de 1988, e compromete enormemente a economia do país, principalmente dos municípios com menor população e infraestrutura, que são dependentes dos recursos da Previdência Social para tocar suas economias locais. É uma proposta absurda que já comprovou seu fracasso em inúmeros países que implantaram medidas semelhantes. Por isso este 1º de Maio será muito significativo, pois mostrará a unidade de todas as Centrais Sindicais e dos movimentos sociais, representados pela Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, contra a Reforma da Previdência e pela defesa e manutenção de todos os direitos suprimidos durante os últimos dois anos.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição especial do BdF Paraná sobre a Reforma da Previdência que circulará no dia 1º de maio. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Cauê Uflacker, Paulo Bearzoti Filho, Bárbara Lia e Gustavo Vidal ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Julio Carignano DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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“A sociedade brasileira tem de lutar para ter um sistema de aposentadoria pública, de saúde pública e assistência, isso só é possível na medida em que o Estado assegure esses direitos. A luta nossa é garantir que essas condições sejam função do Estado assegurar.”
Regina Cruz, presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR)
Joka Madruga
Roberto Baggio, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
“A reforma piora ainda mais a situação de pessoas em situação de vulnerabilidade, como trabalhadores rurais, mulheres, entre outros. Outro ponto importante é que uma reforma como esta precisa ser debatida com todos e não só com os banqueiros, industriais ou órgãos que representam a elite econômica.” Deputado estadual Goura (PDT)
“Enquanto trabalhador da Volvo, brasileiro, contribuinte e sindicalista, eu vejo que essa reforma da previdência não cobra das grandes fortunas, então tem que cobrar deles. Deve ser uma reforma justa que primeiro cobre deles, para só depois ver com os trabalhadores.”
CMC
“O que querem não é reforma da previdência, mas um assassinato da previdência pública. Eles querem livrar a participação do patrão e entregar a massa dos recursos para os bancos privados.” Roberto Requião, ex-senador e ex-governador do Paraná
“Com ampliação da idade e redução no valor do benefício, essa proposta não é reforma, mas desmonte da seguridade social. Dificulta o acesso, especialmente das mulheres e da população rural, com impacto direto no empobrecimento dos municípios. É absurda, excludente e desumana.”
Pedro Carrano
Alaerte Martins, doutora em Saúde Pública e dirigente da Rede de Mulheres Negras
“Não existe déficit da previdência, como já foi levantado por um grupo de trabalho na Câmara. A reforma tem o sentido mais de tirar daqueles que não têm, dos que têm muito pouco, que são os trabalhadores, e transferir para quem já tem bastante.”
Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região
Rodolfo Costa dos Reis, “Buba”, diretor da União Paranaense dos Estudantes (UPE)
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Luciana Rafagnin, deputada estadual (PT-PR)
“Importante a juventude se posicionar sobre a reforma da previdência porque ela é vendida com discurso de corte de privilégios, mas vem para entregar a previdência, que tem caráter constitucional, que visa preocupação com mais idosos, o que está descartado no projeto de Bolsonaro.”
“Mais uma vez os trabalhadores sairão perdendo, especialmente as mulheres, enquanto isso ninguém fala em cobrar das grandes empresas.”
Nelsão da Força, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (Simec)
Frédi Vasconcelos
“Com a reforma, o povo brasileiro não vai mais se aposentar. Ninguém consegue hoje trabalhar 40 anos direto, com a rotatividade, com o trabalho precário. Então é preciso mobilização para barrar esse ataque contra os trabalhadores.”
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Pedro Carrano
Gibran Mendes
Por que a reforma da previdência prejudica quem trabalha?
“Nós estamos numa disputa grande contra essa reforma da previdência porque ela não só ataca os servidores públicos, trabalhadores da assistência social, mas vem atacar todos os usuários da política pública da assistência social. A reforma ataca também o tripé da seguridade social: Previdência, Assistencial social e Saúde.”
Pedro Carrano
Elza Campos, vice-presidenta do Conselho Regional de Assistência Social (Crees-PR)
“Acho que a Reforma da Previdência tem vários pontos a serem analisados. Tem partes interessantes e outras absurdas. Mas no geral, existem privilégios para alguns setores e dificuldades para outros. Por exemplo, os militares que recebem altos salários e são mantidos assim, mesmo o país não entrando em guerra. E, de outro lado, temos os trabalhadores rurais e os idosos em extrema pobreza. Vão receber cerca de 400 por mês. O maior beneficiário será a Força Armada: não vai precisar de um tempo mínimo de contribuição e terá o maior ganho. É um dos grandes absurdos.” Carla Colvara de Sá, vocalista do Grupo Mulamba
Vitoria Proença
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O que você perde na aposentadoria se Bolsonaro aprovar a reforma Vão tirar mais de R$ 1 trilhão dos mais pobres e passar para os bancos e para os mais ricos Você terá de trabalhar mais Na regra geral, só vai poder se aposentar quando tiver 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens), com 20 anos de contribuição. A regra atual da aposentadoria por idade é de 60 e 65 anos, com 15 anos de contribuição. A partir de janeiro de 2024, haverá um aumento na idade mínima a cada 4 anos.
Fim da aposentadoria por contribuição Hoje, depois de pagar o INSS por 30 anos, mulheres podem se aposentar. E homens com 35 anos de contribuição. Isso acaba. Quem começou a trabalhar cedo é prejudicado demais.
Praticamente acaba com a aposentadoria rural. Hoje, os trabalhadores rurais se aposentam com a comprovação de que trabalharam na roça por 15 anos. Com nova regra, terão de “contribuir” por 20 anos com pelo menos R$ 600 por ano. Se não pagar, não se aposenta.
Professores, acaba aposentadoria especial
Pensão por morte diminui Passa a ser de 60% do teto do INSS, com mais 10% por dependente adicional, até atingir o valor do teto, que hoje é de R$ 5.839,45.
Praticamente acaba a aposentadoria especial, porque se passar reforma de Bolsonaro se aposentarão com idade mínima de 60 anos e 30 anos de contribuição. No serviço público, ainda terão de provar de 10 anos de serviço público e pelo menos 5 anos no cargo. Se não pagar, não se aposenta.
Novo sistema, capitalização Se é cruel com que já trabalha, para quem ainda vai começar o governo piora ainda mais. Não seria garantido benefício mínimo. A pessoa teria de contribuir para uma conta no “banco”. Quando fosse se aposentar pegaria esse “saldo” e dividiria pela expectativa de vida. Em outros países em que o sistema foi aplicado, como Chile e Peru, as pessoas recebem valores miseráveis e não conseguem viver com essa “aposentadoria”.
Mais pobres recebem menos
Servidores públicos perdem muito
Hoje quem tem mais de 65 anos e está em situação de miserabilidade recebe um salário mínimo. Bolsonaro quer passar para R$ 400 pra quem tem 60 anos e o salário mínimo só seria recebido por quem tem mais de 70 anos.
Nas novas regras, acaba a aposentadoria por tempo de contribuição e a idade mínima sobe para 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens). Com no mínimo 25 anos de contribuição, 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo. Para receber 100% de sua média, o servidor terá de contribuir por 40 anos.
DE QUEM VÃO TIRAR O DINHEIRO
743,9 bilhões
92,4 bilhões
dos trabalhadores da cidade
trabalhadores do campo
224,5 bilhões
34,8 bilhões
funcionários públicos
Trabalhador rural perde mais
Fonte: Dados do Ministério da Economia
BPC idosos
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Quem mais sofre com a reforma Mudanças mexem com a vida das pessoas, se passar reforma muita gente nem vai se aposentar VAMOS ADOECER TRABALHANDO
Ana Carolina Caldas Arquivo Pessoal
Maioria das mulheres do campo não se aposentará A trabalhadora rural Solange Parcianello, que está assentada há 27 anos, diz que se a reforma da previdência proposta por Bolsonaro passar, a expectativa é que 80% das mulheres do campo não conseguirão se aposentar mais. “Estamos vivendo outro momento de luta. Já vivemos isso em 1980, 1990 quando lutávamos pelos direitos das mulheres do campo. Hoje a gente está prestes a perder estes direitos. Eu consegui minha aposen-
tadoria faz um ano. Mas muitas mulheres ainda não conseguiram.” E ela diz que as mudanças são injustas, principalmente com as mulheres do campo, que trabalham mais. “A agricultora sempre tem muito trabalho. Trabalha na casa, sai para fora, cuida dos animais, da horta, do pomar. E ajuda nas lavouras, nas plantações. A mulher do pequeno agricultor contribui em todas as tarefas. Tem tripla jornada de trabalho.”
“Trabalho como professora há 22 anos. Mas tenho 31 anos com a carteira de trabalho assinada. Minha expectativa como professora era ter estabilidade no emprego, um plano de carreira e uma expectativa de aposentadoria integral após 25 anos de trabalho. A ideia seria me aposentar com salário integral daqui uns 3 anos. Já tenho o tempo de contribuição, mas como professora eu teria que completar os 25 anos. Se passar a reforma, é desesperador, porque pro-
vavelmente terei que trabalhar mais uns dez anos”, avalia Nádia Cristina, professora de história da rede estadual. E explica como o trabalho é desgastante. “Na sexta feira eu já estou sem voz, as tur-
bi 450 reais. Agora, recebo salário mínimo porque minha aposentadoria é especial, porque me aposentei por que fiquei doente por causa do meu trabalho. Eu vivo com salário mínimo, moro com minhas duas irmãs e uma
mas cada vez mais lotadas e condições difíceis de trabalho. Estamos em uma situação de desilusão. Não foi uma vez só que eu pensei em desistir porque vamos adoecer trabalhando.”
Muita gente com doutorado desempregada Giorgia Prates
A doutoranda Flora Morena Maria Martini de Araújo conta que desde que se formou na graduação vem aprimorando seus estudos, buscando maior qualificação profissional. “Desde que en-
trei na faculdade de História, os meus sonhos sempre foram muito condizentes as possibilidades que a profissão poderia me oferecer: ser professora no ensino básico ou no ensino superior e também
EXPECTATIVA ZERO DE VIVER COM DIGNIDADE Isabel Aparecida Fernandes, aposentada que vive com salário mínimo, conta que antes do governo Lula recebia de aposentadoria 250 reais. “Depois que ele ganhou, a primeira coisa que ele fez foi mexer nas aposentadorias, e aí rece-
Giorgia Prates
ajuda a outra. Mas seu eu fosse viver só com o meu salário, te garanto que não conseguiria. Eu preciso tomar remédios caros. Agora, com essas ameaças de congelamento do salário mínimo e mudanças na aposentadoria especial, a gen-
te sai do nosso alivio e parece que vamos voltar nos anos 90 que a gente comprava um bife e dividia com a família toda. Agora, o jeito é ir levando porque não está sendo fácil. Minha expectativa é zero para sobreviver com dignidade.”
como historiadora num órgão federal, estadual. Hoje isso está bastante difícil. O cenário se apresenta cada vez mais complicado para o profissional jovem. Eu, no caso, recém-comecei a trabalhar. Na minha área eu vejo muita gente com doutorado desempregada. E, das três instituições que já dei aula, boa parte fiquei sem ser registrada em carteira. Tenho 32 anos, pouco tempo de contribuição e com essa reforma vejo que a situação fica mais complicada. Vamos trabalhar muito mais, com menos. E, no futuro, uma geração não vai conseguir se aposentar. Giorgia Prates
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Os sem-aposentadoria Expectativa de vida de diferentes grupos revela a probabilidade de morrerem antes de se aposentar Franciele Petry Schramm
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ma das grandes discussões da proposta da previdência está relacionada ao aumento da idade mínima exigida para a aposentadoria. Após revisões, o projeto de Bolsonaro, que tramita no Congresso, estabelece a exigência de que mulheres tenham, no mínimo, 62 anos, e, homens, 65 para se aposentarem. É preciso lembrar também que, para alcançar 40 anos de contribuição e ter direito a receber o valor integral desse benefício, muita gente precisará trabalhar para além dessa idade. A proposta de aumento da idade mínima é justificada pelo fato de a expectativa de vida dos brasileiros ter aumentado, mas estudos mostram que fatores geográficos, econômicos e sociais diminuem a expectativa de vida de determinados grupos e, com isso, a perspectiva é que pessoas que pertencem a essas camadas possam morrer antes de se aposentar. Veja alguns grupos com menor expectativa de vida do que o restante da população. PUBLICIDADE
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76 anos é a expectativa de vida média do brasileiro 70,9 anos é a expectativa de vida do Maranhão, estado com o menor índice
Agência Brasil
74 anos é o tempo médio de vida dos paranaenses
Professores param por salários e previdência App-Sindicato
19 cidades do país têm expectativa de vida de 65 anos
Transexuais A expectativa de vida de pessoas transexuais no Brasil é de apenas 35 anos, segundo dados da pesquisa TransRespect, de 2017. A violência e o assassinato dessas pessoas contribuem para diminuir o tempo médio de vida. Apenas em 2018, 163 transexuais foram mortas no país. Negros Pessoas negras também serão fortemente prejudicadas com o aumento da idade mínima para aposentadoria, já que possuem 10 anos a menos de estimativa de vida do que pessoas brancas. Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) revela que para os negros, a esperança de vida ao nascer é de apenas 66,6 anos.
Moradores de locais com menor desenvolvimento Questões como moradia precária e falta de saneamento básico também contribuem para diminuir a expectativa de vida de moradores de determinadas regiões. Na região metropolitana de Curitiba, as pessoas que moram no bairro Vila Grécia, na cidade de Almirante Tamandaré, vivem em média 69 anos. Já quem está no Água Verde, bairro curitibano com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vive 12 anos a mais. Em outras cidades, como São Paulo, algumas regiões têm estimativa ainda menor: segundo o Mapa das Desigualdades publicado em 2018, os moradores do distrito Cidade Tiradentes vivem 58,4 anos.
Redação, com APP Sindicato Cerca de 10 mil pessoas, entre professores, funcionários da educação, estudantes da rede pública e aposentados participaram de paralisação e protestos em Curitiba, na segunda-feira, 29, por conta do congelamento de salários, contra a reforma da Previdência e para lembrar o Massacre do Centro Cívico, que ocorreu em 2015. Durante esse dia houve também paralisação e protesto em outras cidades do estado, como Maringá, Londrina, Cascavel e Foz do Iguaçu, onde as escolas e universidades fecharam as portas. A adesão também contou com trabalhadores da segurança pública, da saúde e meio ambiente. No total, cerca de 30 sindicatos participam da mobilização. Resultado da paralisação De acordo com a coordenadora do Fórum das Entidades Sindicais (FES), a professora Marlei Fernandes, após mais de 2 horas de reunião, o governo do Estado recuou do discurso de que não pagaria reajuste na data-base. A partir desta semana, um grupo de trabalho com representantes dos servidores, governo e deputados vai debater os números para definir o percentual de reposição nos rendimentos do funcionalismo, além de outras reivindicações.
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Reforma da previdência fragiliza trabalhadores da cultura
Laís Melo
Muitos trabalham como autônomos e terão dificuldades com novo regime Laís Melo
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entre os trabalhadores da cultura, existem pessoas vinculadas a contratos autônomos, freelancers, servidores públicos, trabalhadores com carteira assinada, sócios de empresas, produtoras ou outras entidades similares. O que os une é que todos perderão se a reforma da previdência for aprovada como está. “Todos estarão submetidos a uma idade mínima elevadíssima para os próximos. Para as atuais, as regras de transição vão progressivamente aumentando a idade mínima. Há tam-
bém a questão de contribuição para os servidores públicos, que aumentará para 14%, podendo ainda ser instituídos aportes extraordinários”, explica Ludimar Rafanhim, especialista em previdência. Outra questão é que boa parte dos trabalhadores da cultura é autônoma ou freelancer: “Não possuem uma contribuição previdenciária sistemática, mensal, o que pode significar um tempo de contribuição muito maior no novo modelo de aposentadoria capitalizada”, complementa Ludimar. Fora isso, os trabalhadores da cultura estão dentro de um
Entre os entraves atuais, produtores de cinema enfrentam questões com TCU
pacote muito maior na restrição de investimentos do governo junto com saúde e educação, precarizando ainda mais suas condições de trabalho. “A reforma deveria propor a redução de imunidades e isenções patronais. A
proposta atual se diferencia de todas que já foram feitas, porque em nenhuma houve o rompimento com o pacto de solidariedade de gerações, os trabalhadores em atividade contribuem para ajudar a pagar os custos dos aposentados e pensionistas.
Agora, isso se rompe, criando um regime de capitalização, em que cada um arcará com sua própria aposentadoria. Essa proposta aponta para uma sociedade totalmente presa ao mercado, sem direitos sociais”, finaliza Rafanhim.
Ometele light de forno com abobrinha
Ingredientes 1 abobrinha grande cortada em cubos pequenos 5 ovos 1 cenoura média ralada 1 cebola média picada sal, salsinha e cebolinha a gosto 2 colheres de requeijão light 1 colher de sobremesa de fermento 1 colher sopa queijo ralado light
Reprodução
DICAS MASTIGADAS
Modo de Preparo Lave e tire a casca da abobrinha, cortando em pequenos cubos, reserve. Bata os 5 ovos e adicione, cebolinha, sal, salsinha, cenoura, cebola e o requeijão light e bata até misturar tudo. Adicione a abobrinha na mistura. Adicione o fermento e com cuidado por 15 segundos. Em uma forma, untada de manteiga e farinha, adicione a mistura. Coloque o queijo ralado por cima. Leve ao forno baixo por, aproximadamente, 30 minutos ou até ficar crocante a na parte de cima. Sirva quente.
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Faltam 37 jogos Redação O Coritiba começou o Brasileirão da segundona derrotando a Ponte Preta, um adversário direto pelo acesso à série A em 2020, em noite inspirada do artilheiro Rodrigão e de homenagens a um de seus maiores ídolos, Dirceu Krüger, que morreu na semana passada. Por conta das homenagens e da promoção de ingressos feita pela diretoria, a torcida lotou o estádio e 31 mil pessoas puderam ver o time pressionar o adversário e jogar bem. Já a Ponte viveu de contra-ataques, teve um pênalti a seu favor, mas acabou desperdiçando. Enredo perfeito para começar o campeonato, embalado pelo artilheiro Rodrigão, que tem 10 gols em 10 jogos. É cedo para analisar qualquer coisa, mas não é nada, não é nada, o Coxa terminou a primeira partida na zona de classificação. Agora só faltam 37 jogos para conquistar o principal objetivo do ano e voltar para a série A.
Chega de saudade Por Marcio Mittelbach Lá se vão mais de 30 dias desde o dia 24 de março, quando o tricolor goleou por 4 a 1 o Cascavel CR na Vila Capanema. De lá para cá bastante coisa mudou. A começar pelo comando técnico. Saiu Dado Cavalcanti e entrou Matheus Costa. Das seis peças contratadas nesse intervalo, quatro já estrearam. Ramon e João Pedro foram titulares diante do Vila Nova. Já Marlyson e Matheus Anjos entraram durante a partida. Inclusive foi de Marlyson o gol que garantiu o ponto precioso em Goiânia. Ao que tudo indica, o Paraná que vai disputar a Série B está mais forte do que o do estadual. Resta saber se essa melhora será suficiente para voltar a atrair o torcedor para a Vila Capanema, palco do jogo diante do CRB no próximo sábado, 4 de maio. Na última segundona que disputamos, em 2017, o público foi um dos trunfos para o acesso. Tivemos a expressiva média de 10.798 torcedores.
Para brigar lá em cima Por Roger Pereira Em ano de calendário extenso, graças ao sucesso da temporada passada, o Athletico iniciou o Brasileirão dando esperanças de que poderá brigar na parte de cima da tabela. O padrão de jogo e a base da equipe, mantidos de 2018, aliados ao fator casa, nos permite esse sonho. Arrisco a dizer que nenhum time do Brasileirão, hoje, sai jogando no campo defensivo com a qualidade do Furacão. Está bonito de ver. Mas o Brasileirão é longo, o clube vai se dividir entre o torneio de tiro longo e as copas (Libertadores, Recopa, Copa do Brasil) e, no final do ano, os elencos mais numerosos e valiosos de alguns times, como Palmeiras e Flamengo, deverão falar mais alto, nos impedindo de pensar em título. Sem percalços no caminho, no entanto, é possível vislumbrar o Athletico entre os seis primeiros, garantindo mais uma vaga para a Libertadores.
No futebol, baixos salários e aposentadoria quase impossível Mais de 80% dos homens recebem perto de um salário mínimo. Maioria das mulheres nem tem contrato. Carreira praticamente impede benefício
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Frédi Vasconcelos
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evantamento feito pela CBF, com base nos registros de contratos de jogadores profissionais no país, mostrou que mais de 82% deles ganhavam até 1 mil reais, em pesquisa feita em 2015. À época, havia cerca de 28 mil jogadores registrados como profissionais, mas menos de 1%, ou 115 jogadores, ganhava R$ 100 mil ou mais. Levantamento do GloboEsporte.com em 2018 também mostrou que dos contratos de jogadores registrados na CBF, 3.863 (43,5%) eram temporários, com prazo de no máximo seis meses. Sem contar que os atletas assinam seus primeiros contratos perto dos 18 anos e suas carreiras no profissional, na média, vão até os 35. O que praticamente impede a aposentadoria da maioria dos jogadores, ainda mais se forem aprovadas as novas regras da previdência, em que só poderiam se aposentar aos 65 anos (homem) e 62 (mulher), com pelos menos 20 anos de contribuição. “O atleta para de jogar aos 35 anos e fica por aí. E ainda tem o estadual. Acabou, está desempregado, não conta a tem-
porada toda. Só 15% têm contrato de trabalho o ano todo”, declarou Alessandro Kishino, advogado ligado à área desportiva ao site UOL.
Em 2017, 3 em cada 4 jogadoras do na Série A do Brasileiro não recebiam mais de dois salários mínimos Futebol de mulheres Se a situação entre os homens é longe do sonho de jogador que fica famoso e rico, no futebol praticado por mulheres é pior ainda. Pesquisa do Sindicato Internacional de Atletas do Futebol (FIFPro) mostrou que, no mundo, metade das jogadoras não
recebe salário nem tem contrato formal com seus clubes. No Brasil, pesquisa feita pelo site UOL, em 2017, mostrou que na Série A do Brasileiro feminino, 3 em cada 4 jogadoras não recebiam mais que dois salários mínimos. O maior salário pago para uma atleta em atividade era de R$ 5 mil. A professora de história, doutoranda e pesquisadora do futebol jogado por mulheres, Fernanda Haag, disse que entrevistou jogadora que só assinou seu primeiro contrato de trabalho quando se aposentou do esporte. “O futebol feminino, hoje, não é profissional nem amador. Poucas jogadoras têm contratos registrados com seus times. Muitas jogam em troca de bolsas de estudo, por plano de saúde etc.”, diz.