Paraná | p. 4
Cultura | p. 7
Editorial | p. 2
Quem pode se vacinar
Obra publicada
Vacina e comida
Pessoas de 59 a 55 anos com comorbidades recebem dose em Curitiba
20 artistas iniciantes e não iniciantes serão financiados pelo projeto “A Zero”
Avaliação do governo despenca pelas crises na saúde e econômica
Giorgia Prates
PARANÁ
Ano 5
Edição 211
13 a 19 de maio de 2021
Esportes | p. 8
A maior goleada Cascavel CR perde de 9 a 0 para Operário. Coxa empata Divulgação
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Preconceito que mata Aumenta violência e número de mortes na população LGBTQIA+s no Paraná e no Brasil CAPA | p. 5
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 13 a 19 de maio de 2021
13 de Maio: Vacina no braço dia da abolição e comida no prato EDITORIAL
A
pesquisa Exame/Ideia, divulgada em 7 de maio, confirma a tendência de queda na avaliação do presidente Jair Bolsonaro. 50% da população brasileira avalia como ruim ou péssimo o desempenho do presidente. Entre os mais escolarizados, a desaprovação chega a 64% e demonstra a crescente perda de apoio do governo na classe média. A CPI da Covid, instalada no Senado Federal, contribui para esses resultados. Dois terços
OPINIÃO
da população brasileira têm conhecimento da CPI. Para 41%, a principal expectativa com relação à CPI é de que ela contribua para acelerar a vacinação no país. 32% esperam que a CPI aponte os culpados pela falta de vacinas e de equipamentos para lidar com a pandemia e 15% esperam que contribua para o aumento do auxílio emergencial. As classes média e alta vêm desembarcando do apoio a Bolsonaro pela in-
competência em relação ao ritmo de vacinação. Já entre os mais pobres, os impactos econômicos e o aumento da fome durante a pandemia são as maiores causas. O bolsonarismo é um fracasso para um Brasil que, cada vez mais, pula fora desse barco furado. Congregar a defesa da ampliação da vacinação e políticas eficazes de geração de renda e combate à fome são os caminhos de superação dessa crise.
SEMANA
inacabada Carol Dartora,
vereadora, primeira mulher negra eleita para a Câmara Municipal de Curitiba. Feminista negra, professora de História, mestre em Educação
O
pensamento decolonial tem por objetivo transcender a lógica de dominação do poder de conhecimento exercido pela modernidade, colocada como hegemônica no pensamento ocidental. Podemos utilizar essa escola de pensamento em várias áreas de estudo, mas, neste artigo, façamos o exercício de aplicar a decolonialidade ao significado da abolição da escravatura, bem como o seu significado para o povo negro. A Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil, foi assinada em 13 de maio de 1888. A data, no entanto, não é comemorada pelo movimento negro, e a razão é o tratamento dispensado aos que se tornaram
Na prática, o negro continuaria numa posição submissa, trabalhando por casa e comida e, quando assalariado, longe do ideal de remuneração digna
ex-escravos no Brasil. Para nós, 13 de maio é dia de luta, pois faltou criar as condições para que a população negra pudesse ter inserção digna na sociedade. Até hoje a população negra carece de políticas públicas. O eixo central desse debate é o conceito de trabalho livre, já que ele foi construído como significado da transição brasileira do modelo econômico colonial para o capitalista, agora que o escravo era sujeito, com salário e com condições de mudar sua realidade. Porém, esse pensamento hegemônico, colocado para nós, é insuficiente, uma vez que a liberdade posta era mais abstrata do que real. Na prática, o negro continuaria numa posição submissa, trabalhando por casa e comida e, quando assalariado, longe do ideal de remuneração digna. Apenas as leis muitas vezes são insuficientes frente aos desafios colocados pela sociedade. Essa emancipação necessita de uma mudança sociopolítica-cultural, e é por meio do pleno exercício da cidadania da população negra que chegaremos nesse ideal, ou seja, com direito à educação, à saúde, à moradia, à vida. Só assim deixaremos de viver na sociedade do escravismo sem fim.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a ediçã 211 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ana Keil, Carol Dartora e Fernan Silva ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Paraná, 13 a 19 de maio de 2021
Geral
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FRASE DA SEMANA
“Que dia das mães é esse, meu Deus? Eu vou ficar aqui com meu filho. Passar o dia das mães com ele”.
Tempo é dinheiro O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em abril, ficou em 110 horas e 38 minutos, maior do que em março, quando foi de 109 horas e 18 minutos. Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto da Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em abril, na média, 54,36% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em março, o percentual foi de 53,71%.
Disse, no cemitério, Adriana Santana de Araújo, mãe de Marlon Santana de Araújo, uma das 28 pessoas mortas na operação policial no Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Segundo disse a “O Globo”, “Isso não foi operação, foi uma chacina. Eles não tinham objetivo de prender ninguém, entraram para matar.”
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Crimes e castigos
CPI quente A sessão da CPI da Pandemia na quarta, 12, teve momentos quentes. O relator da CPI, Renan Calheiros, pediu a prisão de Fabio Wajngarten, ex-chefe da comunicação do governo de Jair Bolsonaro por mentir em seu depoimento. O ex-secretário afirmou que não disse em entrevista à revista “Veja” que o governo não comprou vacinas “por incompetência”. Ainda durante seu depoimento, a revista publicou a gravação da entrevista confirmando o que ele dissera. O presidente da comissão negou a prisão.
Depois da condenação de Luis Felipe Manvailer a mais de 31 anos de prisão pelo homicídio qualificado da esposa, Tatiane Spitzner, o Paraná começa novo julgamento de um caso famoso pela extrema violência. Começou na quarta (12) o julgamento de Carlos Eduardo dos Santos, acusado de assassinar a menina Rachel Genofre, de 9 anos, que foi vítima de crime sexual e teve seu corpo deixado na Rodoferroviária de Curitiba numa mala.
Mais de uma década O crime aconteceu em novembro de 2008, quando a menina saiu da escola na região central de Curitiba. São mais de 12 anos de espera pelo julgamento. Carlos Eduardo foi descoberto em 2019, em Sorocaba (SP), através de exames de DNA. Ele já cumpria pena de 25 anos por outros crimes sexuais e, após a identificação como suspeito através de teste realizado pela Polícia Científica, confessou o crime contra Rachel. Ele será julgado por homicídio qualificado, mediante meio cruel e ocultação do corpo.
Vagabundo e bandido Reprodução
A cesta básica dos curitibanos foi a que registrou mais aumentos em 2021, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Dieese. Em abril, o custo aumentou em 15 das 17 capitais pesquisadas. Com os constantes reajustes, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 5.330,69. Isso é 4,85 vezes o mínimo vigente, de R$ 1.100. Nos quatro meses pesquisados de 2021, as capitais com as maiores altas foram: Curitiba (8%), Natal (4,24%), Aracaju (3,64%), João Pessoa (3,13%) e Florianópolis (3,08%). A principal queda foi de 4,49% em Salvador. Atualmente, o custo da cesta em Curitiba é de R$ 583,61. A capital do Paraná é a sétima mais cara do país. A cesta mais alta fica em Florianópolis, Santa Catarina, de R$ 634,53.
Giorgia Prates
Curitiba tem maior alta na cesta básica
Em outro momento da sessão da CPI, o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio, chamou Renan Calheiros de “vagabundo” por ameaçar prender seu aliado. O relator da CPI respondeu: “Foi você quem roubou dinheiro do pessoal do gabinete”, lembrando as denúncias de “rachadinha” que envolvem o filho do presidente Jair Bolsonaro.
COLUNA DA
JUVENTUDE Juventude quer viver! Cento e dezessete fuzis foram encontrados no Condomínio Vivendas da Barra, nenhuma vítima. Seis fuzis foram apreendidos na operação de Jacarezinho, 28 vítimas. Qual a diferença? O CEP? A cor da pele? O envolvimento com grupos milicianos? O tráfico de drogas é, muitas vezes, a única oportunidade de renda para jovens periféricos, sem perspectiva de formação educacional e de emprego formal. A desigualdade extrema, e por vezes invisível, assola e estabelece um alvo nas costas da juventude periférica. No Brasil uma questão de saúde pública, como é o caso das drogas, é tratada sob uma ótica criminal e, assim, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto no Brasil sob esta justificativa. Nossa indignação é com a exaltação do governo brasileiro ao parabenizar uma chacina, com a desumanidade das forças policiais, com o descaso com a vida e com o futuro do país. A juventude quer viver: para cada jovem morto, uma mãe destruída. Para cada policial que “mira na cabecinha”, uma criança morta com bala perdida. O Levante Popular da Juventude tem participado de manifestações no Rio de Janeiro e no Brasil todo, denunciando a repressão às lutas populares e continuaremos lutando, até que a vida seja o princípio de tudo. Ana Keil e Fernan Silva, são militantes do Levante Popular da Juventude e pesquisadores na área de arte e linguagem
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Para APP sindicato, volta às aulas sem vacina é “incapacidade do governo” No Paraná, só 16,5% foram imunizados. Volta é relativamente segura com 70% Divulgação | Governo do Estado
Redação
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a segunda-feira (10), 200 colégios estaduais paranaenses, em 68 municípios, retornaram às aulas presenciais no modelo híbrido, com parte dos alunos em sala de aula e outra em ensino remoto. Os espaços têm computadores e internet para que os professores interajam com ambos os grupos. Para a APP-Sindicato, que representa profissionais da educação, essa volta neste momento “é um erro, por motivos de saúde pública, pedagógicos e legais”, que pode “aumentar os casos, os internamentos e as mortes por Covid-19.” O sindicato denuncia que a própria divulgação do governo sobre o retorno presencial mostra a inadequação às medidas de proteção contra o coronavírus. No site de notícias do governo do Paraná, a foto (veja ao lado) que ilustra a matéria mostra uma sala com janelas fechadas, contrariando a indicação de manter ambientes arejados. “A foto oficial mostra a incapacidade do secretário Renato Feder de organizar um retorno presencial seguro, como prometeu ao governador Ratinho Jr. que faria”, diz nota da APP. O professor Hermes Leão, presidente da APP, disse que a partir de estudos e notas técnicas emitidas por entidades como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa - ,
pela Universidade Federal de São João Del Rey, entre outras, a retomada de aulas presenciais apresenta alto risco de contaminação. “A retomada das aulas presenciais só deve ocorrer quando tivermos a ca-
tegoria de profissionais da educação, que envolve funcionários e professores, vacinada. Mas, também, com 70% da população vacinada porque se os estudantes voltarem às atividades nas escolas sem estarem com a
RELAXAMENTO IMPACTARÁ HOSPITAIS Qualquer relaxamento no distanciamento social nesse momento terá impacto 15 dias depois nos hospitais. Os alertas foram feitos pelo cientista Lucas Ferrante, do Inpa, durante a plenária virtual com os professores da APP-Sindicato, em 6 de maio. Ele apresentou a atualização do estudo “Avaliação da Pandemia de Covid-19 – Medidas Necessárias para Controle da Pandemia”. Foram usados da-
dos epidemiológicos, taxas de vacinação e mobilidade urbana da população de dez cidades: Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Toledo, União da Vitória e Francisco Beltrão. “Para nenhuma delas, o modelo aponta a possibilidade de relaxamento de medidas restritivas”, afirmou Ferrante. “Não é o momento de aumentar a circulação urbana”, observou.
segurança do controle deste vírus, podemos ter focos e retomadas de ondas fortes de contaminação a partir das escolas,” disse Hermes. O governo Ratinho Jr. vacinou apenas 16,5% da população do Paraná.
Para APP, volta é um erro. Pode aumentar casos, internamentos e mortes por Covid-19
VACINA PARA PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Pedido feito pelos profissionais da educação é que as aulas presenciais só retornem após a vacinação de todos que trabalham nas escolas. O governo do Estado informou que o retorno acontece, agora, “paralelamente à vacinação dos profissionais da educação, que ocorre neste mês, simultaneamente à de pessoas com comorbidades.” Serão, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, 32 mil doses da vacina AstraZeneca destina- Giorgia Prates das a profissionais da Educação das redes estadual, municipal e privadas, começando pelas pessoas entre 55 e 59 anos. A APP-Sindicato lembra que o número é insuficiente para a primeira dose em 20% dos trabalhadores da educação.
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O discurso que provoca mortes Aumentam casos de assassinatos de LGBTQIA+s e LGBTfobia no Paraná e no Brasil Giorgia Prates
HOMOFOBIA NOS PALANQUES
Gabriel Carriconde
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indolfo, Luara, Milena, Emmanuely, Luana, Madeleine. Nomes de trans, lésbicas e gays que tiveram destino trágico por fazerem parte da população LGBTQIA+. Casos que vão aumentando as estatísticas e sendo referendados pelo discurso de ódio e intolerância e destruição de direitos no atual momento político. Só em 2020, cerca de 175 transexuais foram assassinadas no Brasil, de acordo com a Antra (Associação Nacional de Transexuais), aumento de 48% diante de Rafael Stedile
2019. Entre 2015 e 2017, um LGBTQIA+ foi agredido por hora, segundo o Sistema Único de Saúde, SUS. E a lista de nomes que sofrem violências aumenta a cada dia no Paraná. O corpo de Lindolfo Kosmaski, ativista LGBTQIA+ que atuava junto ao MST, foi encontrado carbonizado no sábado (1º de maio), em São João do Triunfo (PR). Tinha 25 anos e foi candidato a vereador na cidade em 2020. Manifestantes protestaram contra a morte no domingo, 9. Três
suspeitos já estão presos. Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, acredita em crime ligado ao preconceito. ‘’Para nós está claro o crime de LGBTfobia, inclusive mataram e queimaram o corpo”, diz. Órgãos de segurança do Paraná investigam ainda a morte de mais dois homossexuais e a possibilidade de os crimes estarem interligados. O enfermeiro David Levisio, 30, era do interior do estado e morava em Curitiba. O corpo dele foi
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Trans sofrem mais Para a psicóloga e ativista do grupo Mães pela Diversidade Denise Villarinho, esses discursos estimulam a violência. ‘’A violência tem sido legitimada no governo Bolsonaro. Na própria festa de vitória dele há carro gritando pelas ruas: ‘’viado vai morrer’’. As pessoas receberam o aval para manifestar esses discursos de ódio.’’ cita. Já para Renata Borges, produtora cultural e ativista da Associação Nacional de Transexuais, as mulheres
trans são as que mais sentem as políticas de desmonte de direitos de Ratinho Jr e Bolsonaro. De acordo com dados da Antra, mais de 90% da população trans está em situação de prostituição. A expectativa de vida de uma mulher trans é de 35 anos. Se for negra, cai para 28 anos. ‘’Para a população trans não consigo ver um futuro melhor’’, diz. A ativista ainda denuncia o desmonte do Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e
encontrado por amigos em seu apartamento, no bairro Lindoia, em 30 de abril. Já Marcos Vinício Bozzana da Fonseca, 25, era de Campo Grande (MS) e cursava medicina em Curitiba desde 2017. Amigos também estranharam seu desaparecimento e chamaram a polícia após irem até o apartamento dele e encontrarem o imóvel trancado. “Em todos os casos houve requintes de crueldade. A pessoa não queria somente matar, mas despejar ódio”, afirma Reis.
Transexuais, que que atende na Secretaria de Saúde do Paraná, e desenvolve políticas de saúde pública para transexuais. ‘’O governo Ratinho Jr vem reproduzindo todas as medidas do
governo Bolsonaro de desmonte. Não aguento mais enterrar minhas colegas e vê-las morrerem sem atendimento médico e violentadas’’, denuncia.
Em Maripá, no Extremo -Oeste do Paraná, um vereador do Cidadania, Donaldo Seling, atacou o ator e humorista Paulo Gustavo, que faleceu por Covid. Na Câmara da cidade, no último dia 5, disse em tom de deboche que “esta coisa moderna não serve para mim: um é marido e o outro é marido também, não podemos pregar esse tipo de coisa. Tem que saber quem seria a mulher dos dois, para poder agradecer no dia dos pais. Quem é a mãe das duas?”Ainda completou dizendo: “Não podemos perder o que há no coração de uma mãe, o que há de mais bonito de uma família unida: pai e mãe, não marido com marido ou marida com marida. Não sei como fala essa porcaria, do tanto que odeio isso”. O discurso provocou manifestações em apoio à comunidade LGBTQIA+s. Na segunda (10), ativistas ocuparam os assentos do plenário para protestar. Ação também foi movida no Ministério Público. O problema é que esse discurso encontra eco entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, como o apresentador Sikêra Jr e deputado estadual no Paraná Jacovós. Para Reis, discurso de ódio sempre existiu, mas faz alerta: “o discurso não mata, mas afia a faca. Antes dos campos de concentração, os nazistas criaram uma narrativa de perseguição a minorias’’. Ele diz que todos os discursos e denúncias de propagação de homofobia vêm sendo judicializados pela entidade.
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Veja como comprovar problemas de saúde para nova fase de vacinação Em Curitiba, pacientes da rede privada devem levar declaração e termo de consentimento Ana Carolina Caldas
D Curitiba tem protesto contra tentativa de cassação do vereador Renato Freitas Líder da bancada de oposição sofre ataques na Câmara de Vereadores de Curitiba Redação Movimentos populares, ativistas, artistas e lideranças do PT e de partidos de esquerda foram convocados na segunda, 10, para manifestação contra a tentativa de cassação do mandato de Renato Freitas (PT), vereador negro, líder da bancada de oposição. O ato contou com a presença de vários grupos e também de moradores da ocupação Nova Esperança, do Movimento Popular por Moradia (MPM), entre outros movimentos urbanos. Além das agressões e racismo que já sofreu de órgãos públicos do Estado, os atuais ata-
ques contra Renato se devem ao enfrentamento que o vereador vem puxando contra o projeto “Mesa Solidária”, do prefeito Rafael Greca (DEM), que centraliza e limita as ações de solidariedade em pleno contexto de crise social. “(De acordo com o projeto) ninguém poderia exercer sua compaixão e solidariedade”, critica Freitas. Ele também vem se posicionando contra o direcionamento de aportes do Estado para comunidades terapêuticas, defendendo, no sentido oposto, maior investimento nos equipamentos públicos, caso dos Centros de Atenção Psicosocial (Caps).
esde a segunda-feira, 10, municípios paranaenses iniciaram a vacinação contra a Covid-19 para pessoas que tenham uma das 22 comorbidades listadas pelo Ministério da Saúde, como diabetes ou pressão alta. O cronograma desse grupo será por idade - ou seja, do mais velho para o mais novo. Quem recebe tratamento pelo Sistema Único da Saúde – SUS- deve apresentar como comprovação o cadastro em uma das Unidades Básicas de Saúde. Para quem é tratado pela rede privada, cada município irá exigir um tipo de comprovação, que vai de atestado médico, declarações a exames e receitas médicas. Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou a vacinação para pessoas com comorbidades na terça, 11, PUBLICIDADE
convocando quem tinha 59 anos completos. A partir de quarta, 12, de 58 a 55 anos. A partir daí são chamadas pessoas com de idade maior para a menor. Na rede privada Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a assessoria de comunicação do Conselho Regional de Medicina informou que o primeiro passo é procurar seu médico e solicitar a declaração. “...Lembrando que médico tem autoridade para negar ao paciente, se considerar que sua doença em trata-
mento não se inclui na lista de comorbidades... Estando ciente, o profissional deverá entrar no espaço destinado a este fim, no site do CRM, e emitir a declaração ao paciente, assinalando a comorbidade, colocando os dados do paciente e tratamento. Junto à declaração também será emitido um termo de consentimento que deve ser assinado pelo paciente. Ambos os documentos devem ser impressos e levados no dia da vacinação, junto com um documento com foto e comprovante de residência”, diz a nota.
CADASTRO Para facilitar o processo de vacinação e evitar filas, a Secretaria Municipal da Saúde pede que as pessoas preencham antecipadamente o cadastro na plataforma Saú-
de Já, pelo aplicativo de celular ou pelo site www.saudeja. curitiba.pr.gov.br. Em caso de dúvidas, é possível ligar para Central de Teleatendimento (3350-9000).
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Ana Carolina Caldas
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Projeto “A Zero” é uma iniciativa da Editora Medusa, que desde 2002 tem se dedicado a publicar livros, revistas e obras de artistas. Trata-se de um programa de residências artísticas e oficinas de formação destinado a iniciantes e não-iniciantes que pesquisam e produzem. Serão selecionados 20 artistas, os quais terão a sua publicação individual financiada integralmente pelo programa e irão participar de exposição coletiva. A realização, por conta da pandemia, será totalmente on-line, sem custos. O programa, desenvolvido ao longo de seis meses, de maio a outubro deste ano, inclui duas residências (20 horas cada uma) e cinco oficinas (15 horas cada). Cada residência receberá 10 artistas. As inscrições para as residências começam em 19 de maio e devem ser feitas até
Divulgação
Editora lança edital para residências artísticas e oficinas de formação
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16 de junho, pelo site http://www.azero.art. br/ Os artistas serão selecionados de acordo com o portfólio e o currículo. A divulgação dos contemplados será no dia 26 de junho. Live com os curadores Em 26 de maio, às 19h, os interessados terão a oportunidade de participar de uma conversa ao vivo (on-line) com o curador do projeto, Ricardo Corona, e também com os mediadores das residências: Juliana Crispe (curadora, pesquisadora, arte-educadora e artista visual) e Amir Brito Cadôr (artista, professor, editor e curador), para conhecer melhor o programa. A live será realizada no canal do Youtube: Alfaiataria Espaço de Artes. “A ideia é apresentar o projeto e esclarecer as possíveis dúvidas dos artistas”, adianta Ricardo Corona. O programa prevê ainda a distribuição de cópias da publicação para bibliotecas públicas do Paraná, para as autoras e autores.
Shows e debates
Casa da Memória, 40 anos
Na programação de lives, debates e shows do Festival dos Estudantes Paranaenses, que ocorre no dia 16 de maio, já estão confirmados a Banda Mais Bonita da Cidade e Wes Ventura, DJ Blackdrumm e DJ Lil Tec. Para participar é preciso se inscrever no site do evento.
Na quarta-feira (12), a Casa da Memória, em Curitiba, completou 40 anos de existência. O espaço é referência para pesquisas sobre a cidade e onde estão guardados verdadeiros tesouros da história curitibana. Pesquisa, conserva e disponibiliza para consulta pública cerca de 170 mil documentos que ajudam a contar e entender a história da cidade desde sua fundação, em 1693.
/EditoraMedusa
@medusa_editora
DICAS MASTIGADAS
Festival de estudantes Na próxima sexta-feira,15 de maio, acontece a abertura do Festival dos Estudantes Paranaenses. O evento é iniciativa da União Paranaense dos Estudantes (UPE) e União dos Estudantes Secundaristas (UPES), com objetivo de estimular o acesso à cultura para estudantes de todos os cantos do estado. Devido à crise sanitária, a edição será totalmente de forma gratuita e virtual. Seja por meio de apresentações artísticas, literárias, dramatúrgicas, musicais e de artes plásticas. Saiba mais, acesse: www.festivaldosestudantespr.com.br
Saiba Mais @ www.azero.art.br
Sopa de beterraba A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 6 beterrabas orgânicas 1 cebola orgânica 1 cenoura orgânica 2 colheres (sopa) de azeite ou óleo 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina 2 colheres (chá) de açúcar 1,5 litro de caldo de legumes Suco de meio limão orgânico Sal e pimenta a gosto
Reprodução
Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 °C. Descasque e corte as beterrabas em quartos. Corte um pedaço grande de papel alumínio e coloque numa assadeira. Disponha as beterrabas no centro e regue com o azeite. Embrulhe as beterrabas fazendo uma trouxinha com o papel alumínio. Leve ao forno para assar por 50 minutos até ficarem macias. Pique a cebola em pedaços pequenos. Rale a cenoura. Em uma panela grande, refogue cebola e cenoura na manteiga, tempere a gosto. Junte as beterrabas assadas, o açúcar e o caldo. Aumente o fogo e deixe cozinhar até ferver. Abaixe o fogo, tempere com sal e pimenta a gosto e deixe cozinhar por mais 30 minutos. Transfira os legumes com o caldo para o liquidificador. Junte o suco de limão e bata até a sopa ficar lisa.
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Rodada define rebaixado e tem Coritiba e Athetico sem ganhar Campeonato Paranaense deixa pouca coisa para definição na última rodada, que ocorre no sábado Divulgação
Frédi Vasconcelos
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a fria tarde de quarta-feira no Estado, o campeonato paraense teve rodada completa. Destaque para a derrota que confi rmou o rebaixamento do Cascavel CR, que perdeu de 9 a 0 para o líder Operário. Já Paraná e Azuriz garantiram a vaga para a próxima fase, junto com o Operário e FC Cascavel, em que se classificam oito times para o mata-mata. Com os quatro primeiros tendo vantagem de decidir em casa. A decepção na rodada fica com os outros times da capital e donos das maiores torcidas. O Coritiba não passou do empate com o oitavo colocado, o Cianorte, na Estradinha. Já o Athletico perdeu, na Arena da Baixada, para o Londrina. Ficaram na sexta e sétima posições e dependem da última rodada, que acontece no sábado, 15, para garantirem suas classificações e definirem os adversários a enfrentar. Massacre de 9 a 0 O Cascavel CR não tem muito o que comemorar neste Paranaense. Além da condenação por falsificação de testes de Covid-19 de jogadores, a suspensão e pagamento de multa, teve seu rebaixamento confirmado ao ser massacrado pelo Operário por 9 a 0.
Com frio e chuva, na Estradinha, o Coxa não saiu do empate com o Cianorte
Tempos melhores Por Cesar Caldas
1985: o Coritiba foi o campeão brasileiro da Nova República. A melhor banda de rock progressivo da época ironizava o neoliberalismo da primeira-ministra britânica Margareth Thatcher, que repetia a “Reaganomics” – política do presidente dos EUA na metade de seu mandato (1981-1988). A música “Better Days”, do Supertramp, elencava os compromissos – todos rigorosamente descumpridos por ambos – de “mais comida, salários, boas escolas, 6 milhões de empregos no Reino Unido, sorrisos”, enfim, os “Tempos Melhores” prometidos. Os últimos 11 anos do Coxa se dividem entre os 5 primeiros (sob Vílson, que nada prometeu) e os 6 últimos das falácias de Bacellar e Samir. Em 2010-2014, foi alcançado um título por ano, seis vezes mais do que o medíocre 0,167 anual dos sucessores. Sábado (15/5) será definido o chaveamento da fase final do Estadual. Que 2021 comece com verdadeiros... “Better Days”.
Play em 2021 Por Marcio Mittelbach
Já o Operário, com o resultado, não pode ser mais alcançado na última rodada e terminará como campeão da atual fase, com vantagem contra todos os adversários no mata-mata. No sábado, as principais emoções ficarão por conta do Maringá tentando roubar uma vaga entre os oito classificados e a disputa entre Toledo e Rio Branco para definir quem escapará da degola para a segundona, com os dois com 8 pontos, mas com vantagem para o Toledo nos critérios de desempate.
O tricolor chega na partida decisiva da primeira fase do Paranaense ocupando a 3ª posição na tabela, já classificado para as quartas. Se levarmos em conta o afogadilho com que o time foi montado e as derrotas para os rivais da capital, a situação não é de todo ruim. No entanto, acaba aqui a “pré-temporada”. No próximo sábado, às 11h30, na Vila Capanema, contra o Operário, o tricolor passa a conviver com uma pressão equivalente aos desafios de 2021. Além de um adversário mais fraco, uma vitória trará moral para os play -offs. Já possíveis avanços às semifinais e às finais podem aferir o selo de competitividade para esse elenco na disputa do Brasileiro. Chegou a hora dos jogadores assumirem o protagonismo. Hora de entrar no gramado com sangue no olho, como se fosse a última partida. Só assim o pesadelo da série C poderá chegar ao fim ainda em 2021.
ELAS POR ELA
Ritmo de pré-temporada
Fernanda Haag
Por Douglas Gasparin Arruda
O primeiro título a gente não esquece As Gurias Furacão soltaram o grito de campeãs na semana passada quando conquistaram o Campeonato Paranaense 2020. Foi o primeiro título do time feminino do Athletico e também o primeiro de Rosana como treinadora (já que como atleta a lista é enorme). Ela ainda afi rmou: “Para mim, é muito gratificante. Quando eu aceitei o projeto do Athletico, era justamente para fazer história.” História feita, sem dúvida! Mesmo com a vantagem de 6 a 0 do jogo de ida, o Athle-
tico começou a partida pressionando e dominou o Imperial. Após alguns problemas de fi nalização, as atleticanas balançaram as redes aos 29 minutos com golaço de cobertura de Thaís Prado. Aos 41 foi a vez de Marilda guardar o dela, fechar o placar em 2 a 0 e correr para erguer a taça. O foco do Furacão agora é o Campeonato Brasileiro A2 e a busca pela vaga na elite do futebol nacional. O desafio começa já no dia 16 de maio contra a Chapecoense, fora de casa.
Chegamos na metade de maio e o que se vê do time titular do Athletico é preocupante. O jogo de ontem contra o Metropolitanos (lanterna do campeonato Venezuelano) foi uma repetição de tudo que se viu até aqui: erros técnicos básicos, entrosamento inexistente e um preparo físico abaixo da crítica. Depois da vitória magra, Autuori chegou a comentar que o elenco está longe da forma ideal, e que em cerca de três partidas já vai estar “mais solto”. Quem assistiu todos os jogos do ano sabe que o time vai precisar de muito mais que isso. Na Sul-Americana, o rubro-negro ainda enfrenta o Melgar, no dia 19/5, e o Aucas, em 27/5, ambos na Arena. Apenas o primeiro do grupo passa adiante, e a verdade é que enquanto alguns times já estão voando, o Athletico dá a impressão de estar em pré-temporada.