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Direitos | p. 6
Números preocupantes
Sem auxílio
Syngenta culpada
Pinheirinho é recordista de casos de Covid em Curitiba
Famílias sofrem com redução e devolução de auxílio emergencial
Condenação se mantém por assassinato de camponês em 2007
PARANÁ
Ano 5
Edição 215
10 a 16 de junho de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
O grande mentiroso Bolsonaro mente de forma doentia. Disse que metade das quase 480 mil pessoas mortas até agora não teria sido por Covid-19. A lista de mentiras alcança mais de 3 mil desde o começo do governo p. 2 e 3
Esportes | p. 8
Divulgação
Criticam, mas jogam? Em campo, campanha perfeita. Fora dele, em carta confusa, jogadores da seleção brasileira de futebol masculino merecem vaias: reconhecem o risco da Copa América, mas não se rebelam e aceitam jogar Lucas Figueiredo
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 10 a 16 de junho de 2021
Mentir The Economist e o para conquistar Cristo Redentor sem ar OPINIÃO
EDITORIAL
O
Jair Bolsonaro (sem partido) foi … desmascarado em mais uma mentira. No dia 7, ele disse que o número de mortes por Covid-19 teria sido elevado “em torno de 50%”, e que o Tribunal de Contas da União teria estudos “questionando o número de óbitos no ano passado”. O TCU, em pronunciamento oficial, desmentiu o fato. Questionado, Bolsonaro confessou que a “tabela” era de sua própria autoria. Bolsonaro é pior que Pinóquio. Mas não se trata de um personagem infantil neste caso e sim de um frio genocida. Segundo levantamento da agência de checagem “Aos Fatos”, desde quando assumiu a presidência ele
SEMANA
realizou 3090 declarações falsas ou distorcidas, uma média de 3,5 por dia. Produzir mentiras é fundamental para ele e teve papel decisivo nas eleições de 2018, o que alimenta o fanatismo da base de apoio. No mínimo, a fábrica de Fake News difundidas por Whatsapp confunde a população. O fracasso de Bolsonaro na política de prevenção e vacinação faz com que suas mentiras causem mortes. Cada morte deve ser contabilizada na sua conta. Com mentiras e “duas verdades”, como a que vimos na carta da seleção brasileira (“o problema existe, mas vamos jogar”), o governo e seus capachos disfarçam a responsabilidade pelo genocídio que cometem.
Altamiro Borges,
Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
A
imagem de Jair Bolsonaro no mundo está cada dia pior. A revista britânica The Economist estampou na capa a estátua do Cristo Redentor sem ar, respirando com uma máscara de oxigênio. Em um dos vários artigos dessa edição especial sobre o Brasil, uma afirmação peremptória: “A prioridade mais urgente é tirá-lo pelo voto” em 2022. Diferente de parte da mídia nativa, que ainda nutre ilusões sobre a possibilidade de “civilizar” o fascista no poder, a conclusão da revista é que “será difí-
cil mudar o rumo do Brasil enquanto [Bolsonaro] for presidente”. O caderno especial com dez páginas, organizado pela correspondente Sarah Maslin, aborda temas como economia, corrupção e Amazônia. O texto sobre economia, “Um sonho adiado”, por exemplo, afirma que “após uma geração de progresso, a mobilidade social está diminuindo” no país. Já no editorial, intitulado “A década sombria do Brasil”, a revista afirma que “Bolsonaro não é a única razão pela qual seu país está num buraco”, mas garante que ele piorou muito as perspectivas para o futuro – sempre sob a perspectiva dos neoliberais, pessimis-
tas com o futuro do instável e turbulento Brasil. O editorial descreve o presidente brasileiro como um homem que quer “destruir as instituições, não reformá-las” e como um negacionista que “esmagou todas as tentativas” de uma exploração sustentável da Amazônia. Ao enfatizar o apoio dos militares a seu governo, a revista diz que os generais que se aliaram a ele “esperavam fazer avançar a agenda do Exército” mas, “em vez disso, prejudicaram suas reputações” e destruíram a imagem da instituição. Essa é a quinta vez que a revista britânica usa o Cristo Redentor em suas capas para edições especiais sobre o país.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 215 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Altamiro Borges ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Geral
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FRASE DA SEMANA
A capital do Paraná, Curitiba, registrou a segunda maior alta da cesta básica entre abril e maio de 2021. Com elevação de 4,33%, a cidade ficou atrás apenas do reajuste de Natal, que atingiu 4,91%. No acumulado do ano, Curitiba teve a maior alta do país. Nos cinco primeiros meses do ano, atingiu alta de 12,68%. Entre abril e maio de 2021, o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 14 cidades e diminuiu em outras duas, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Dieese. Hoje, a cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 636,96). A cesta mais barata é Aracaju, que está R$ 468,43. Já Curitiba registra a sexta mais cara do país, representando R$ 608,89. Com esse valor, os trabalhadores necessitam destinar 121h47m para comprar uma cesta básica. O açúcar apresentou elevação de preço em 16 capitais e as taxas oscilaram entre 0,95%, em Natal, e 7,43%, em Curitiba. Houve maior demanda pelo produto e menor oferta, uma vez que a moagem começou tardiamente e a produtividade nos canaviais foi reduzida.
Anielle Franco, no Twitter, em comentário sobre o assassinato de Kathlen Romeu, de 24 anos, nesta terça (8), no Rio de Janeiro. A jovem estava grávida de 14 semanas e foi morta a tiros, durante operação policial no complexo do Lins.
Bleia Campos | Reproduçao Facebook
Curitiba registra segunda maior alta da cesta básica em maio
“Mari nutria sonhos. Kathlen carregava o seu. É sonho atrás de sonho sendo interrompido. Que dor!”
NOTAS BDF
Por Pedro Carrano
Crise hídrica em pauta A crise hídrica no Paraná será tema de debate na audiência pública virtual que será realizada no dia 17 (quinta), a partir das 9 horas. O encontro é proposto pelos deputados que integram a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Há mais de um ano, Curitiba e Região sofrem com a falta d´água e com o rodízio no abastecimento para a população
Solidariedade já Na manhã do dia 12 (sábado), a ação conjunta de várias entidades vai levar 500 cestas de alimentos e 100 cargas de gás a famílias em situação de vulnerabilidade social das vilas Pantanal e Chacrinha, no Alto Boqueirão, em Curitiba. As ações de solidariedade vêm sendo realizadas desde junho de 2020 em ajuda humanitária a quem enfrenta a fome e o desemprego neste período de pandemia.
Emergência indígena Nesta semana, grupo de 70 lideranças indígenas das regiões Sul e Sudeste mobilizam-se em Brasília contra o Projeto de Lei (PL) 490/2007, que abre as terras indígenas para a exploração econômica e inviabiliza, na prática, novas demarcações. Na terça (8), as lideranças ocuparam a cúpula do Congresso Nacional, exigindo a retirada de forma defi nitiva do PL da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara dos Deputados.
Não ao marco temporal
Horta comunitária Junto à entrega das doações, também será realizado um mutirão para a criação de uma horta comunitária na vila Chacrinha, com 1700 metros quadrados e pelo menos 50 canteiros de verduras e legumes, além do plantio de 150 mudas de árvores nas duas comunidades e revitalização da praça do Pantanal. Giorgia Prates
Na sexta (11), o STF inicia a votação da Ação de Repercussão Geral no Recurso Extraordinário que trata da reivindicação de território tradicional do povo Xokleng, em Santa Catarina. O caso envolve decisão sobre a tese do marco temporal, segundo a qual só poderiam ser demarcadas terras que estivessem sob posse indígena na data de 5 de outubro de 1988. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) repudiou, em nota, a tese, apontando que o marco temporal restringe e afeta a “efetivação plena dos direitos territoriais indígenas”. A tese é defendida por ruralistas e segmentos interessados em avançar sobre áreas tradicionais, como garimpeiros ilegais e madeireiros. Por ser declarado “repercussão geral”, o julgamento poderá afetar todas as demarcações de Terras Indígenas no Brasil.
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TCU desmente Bolsonaro, e Brasil passa dos 477 mil mortos por Covid-19
Anderson Riedel | PR
País registrou 2.693 mortes nas últimas 24 horas; presidente da República usou dados falsos atribuídos ao TCU para reduzir os números Gabriel Valery,
da Rede Brasil Atual
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as últimas 24 horas, o Brasil registrou 2.693 mortes por Covid-19. Com o acréscimo, o total de vítimas no país chegou a 477.307 desde o início da pandemia, em março de 2020. O número de casos confirmados já passa de 17 milhões. Os dados foram notificados pelos estados e consolidados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Mesmo com tais números, o presidente Jair Bolsonaro continua falando mentiras sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Na manhã da última terça (8), Bolsonaro disse a apoiadores no “cercadinho” do Palácio da Alvorada que “em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid”. Bolsonaro chegou a afirmar, ainda, que teria em mãos um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que comprovaria sua fala. Entretanto, o órgão desmentiu o presidente em nota divulgada no fim da tarde. “O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid’, conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”, diz a nota. Mesmo desmentindo, o órgão foi criticado pela demora em desconstruir a narrativa do presidente.
Bairro Pinheirinho é o mais afetado pela pandemia em Curitiba, diz estudo da UFPR Ana Carolina Caldas
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esquisadores identificaram que a região do Pinheirinho, na zona sul de Curitiba, é a mais afetada pela pandemia, tanto na incidência de casos quanto na taxa de mortalidade. A constatação foi feita por integrantes da Rede Cooperativa de Pesquisa em Modelagem da Epidemia de Covid-19 e Intervenções não Farmacológicas (Modinterv), a partir de uma análise baseada em dados do Portal Modinterv Paraná Covid-19. A ferramenta aponta que, a cada 100 mil habitantes, quase 13 mil foram infectados com o novo coronavírus no distrito sanitário do Pinheirinho, que engloba esse e outros bairros próximos. A segunda maior incidência de casos ocorre no distrito sanitário da Cidade Industrial, com quase 12 mil contaminados. Os menores índices foram encontrados nas regiões do Cajuru e de Santa Felicidade, com nove e oito mil contaminados a cada cem mil habitantes, respectivamente. Óbitos Com relação à taxa de mortalidade por Covid-19, a região do Pi-
nheirinho também lidera, com cerca de 365 mortes a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar, está o distrito sanitário do Boqueirão, com 306 óbitos. Santa Felicidade permanece em último lugar, com 205 registros. Os dados utilizados nessas projeções são de 1º de junho. Necessidade de ações em escala regional O fato de o bairro Pinheirinho e seus arredores serem os mais afetados pela pandemia está atrelado ao número de pessoas que circulam diariamente por essa região. Para Maria Carolina Maziviero, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, o
terminal do Pinheirinho, responsável pela integração com municípios da região metropolitana como Fazenda Rio Grande e Araucária, pode ser um dos principais focos de disseminação do vírus. “Esses dados apontam à necessidade de pensar ações emergenciais em escala regional, que extrapolem o perímetro dos municípios. Também é fundamental prever intervenções rápidas e baratas nos terminais para mitigar a transmissão do coronavírus, além de ser imprescindível a revisão da gestão e do financiamento do transporte coletivo de modo a evitar as superlotações”, revela Maria Carolina. Giorgia Prates | PR
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Trabalhadores da Refinaria Getúlio Vargas (Repar) sofrem com surto de Covid-19 Desde o dia 13 de maio, sindicato levantou 22 casos de contaminações Redação
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instrumentador Célio Alves da Cruz faleceu no dia 3 (quinta), em Curitiba, vítima de complicações da Covid-19. Ele tinha 55 anos e trabalhava nas obras de parada de manutenção da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, contratado pela empresa Método Potencial. Célio é o quarto trabalhador que atuava na Repar a falecer nos últimos vinte dias, período no qual as obras na Repar foram intensificadas. O procedimento de manutenção na refinaria incluiu mais dois mil trabalhadores na rotina da unidade e causa aglomerações no parque industrial. Para o sindicato dos petroleiros (Sindipetro) a gestão da Refinaria mantém postura de descaso ao não
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informar os trabalhadores sobre as vítimas e não reduzir as atividades. Acusa também de não cumprimento de acordo mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) que encerrou a greve sanitária na unidade, realizada entre os dias 12 e 16 de abril. O principal compromisso assumido pela empresa era o de divulgar boletins epidemiológicos com informações sobre o quadro vigente de casos confirmados de Covid-19, suspeitos, recuperados e internações hospitalares. Levantamento extraoficial, feito a partir de informações que foram enviadas ao Sindicato desde o dia 13 de maio, dá conta de que ocorreram mais de 22 casos de contaminados, com cinco intubados e quatro mortes. Cristiano Vaz
Brasil
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Fotos Públicas
Devolução do auxílio emergencial deixa famílias em vulnerabilidade Diminuição do acesso ao auxílio emergencial com piora no cenário econômico, empurra trabalhadores para estado vulnerabilidade e insegurança alimentar Gabriel Carriconde
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política do auxílio emergencial, iniciada em abril de 2020, impediu que milhões de brasileiros, mesmo diante da profunda crise econômica oriunda da pandemia de covid-19, ficassem em situação ainda maior de vulnerabilidade. As cinco parcelas de R$ 600 impediram por exemplo, um tombo de 14% no Produto Interno Bruto (PIB), em 2020, de acordo com um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo. Apesar de ter salvado a vida de milhões de famílias, o auxílio foi renovado em 2021 para R$ 150 a R$ 300, para número menor de pessoas. Famílias tiveram que devolver o valor recebido, para a Receita Federal, por
terem renda maior que os requisitos estipulados para ter acesso ao auxílio. O mecanismo, criado para evitar fraudes, por outro lado, deixou famílias em dificuldade, com a piora do cenário econômico da pandemia, somada ao aumento da inflação, que está em 5,01% de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central. Leandro Teodoro Ferreira, presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, cita que o governo tem sido incompetente em diminuir as desigualdades sociais em meio à pandemia, “Benefícios sociais estão corroídos hoje. E o governo tem sido cada vez menos capaz de reduzir as desigualdades”, reflete. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, cerca de 43% dos beneficiários do auxílio emergencial em 2020
tiveram queda na renda, em comparação aos rendimentos de antes do início da emergência sanitária. Ainda de acordo com a FGV, o auxílio emergencial contribuiu para que a extrema pobreza atingisse o patamar de 2,3% dos brasileiros, já que boa parte do dinheiro foi usado para compra de alimentos. Em contraste aos dados da FGV, com o aumento as restrições e a diminuição das parcelas, cerca de 125 milhões de brasileiros ficaram em estado de insegurança alimentar no último trimestre de 2020, de acordo com o estudo “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil”, coordenado por um grupo de pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de Brasília.
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Justiça reafirma condenação da Syngenta por assassinato de trabalhador sem terra Desembargadores mantêm a responsabilidade da empresa pela morte de Valmir Mota de Oliveira, o Keno Divulgação | MST
tância, em 2015, e em recurso de apelação ao Tribunal de Justiça, em 2018.
Redação
O
Tribunal de Justiça do Paraná reafirmou, em julgamento de embargos de declaração, a responsabilidade da transnacional Syngenta Seeds pelo assassinato do agricultor Sem Terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno, e pela tentativa de assassinato da agricultora Isabel Nascimento de Souza. O julgamento aconteceu no último dia 28. O relator desembargador Luis Sérgio Swiech, da 9ª CâmaPUBLICIDADE
ra Cível, indicou os argumentos pelos quais o Tribunal já decidiu que a empresa tem responsabilidade pelo ocorrido e, assim, reafirmou o dever da Syngenta em indenizar as vítimas sobreviventes ou seus familiares pelos danos morais e materiais sofridos. Pontos questionados sobre a indenização devida por danos morais e materiais aos familiares das vítimas também foram refutados. A responsabilidade da empresa já havia sido reconhecida no julgamento de 1ª ins-
Responsabilização O assassinato de Keno ocorreu em outubro de 2007, em um campo de experimentos ilegais de transgênicos da Syngenta em Santa Tereza do Oeste, região oeste do Paraná, no entorno do Parque Nacional do Iguaçu. A área estava ocupada por cerca de 150 integrantes da Via Campesina - articulação de movimentos sociais do campo, entre eles MST -, que denunciava a ilegalidade das pesquisas realizadas pela transnacional, gigante no setor de transgênicos e agrotóxicos. Os militantes foram atacados a tiros por cerca de 40 agentes da NF Segurança, uma empresa privada contratada pela Syngenta. Keno foi assassinado e Isabel foi baleada na altura do olho – o que resultou na perda da visão. Outros três agricultores ficaram feridos.
Hospital de Clínicas busca voluntários para teste de possível remédio contra Covid-19 Interessados devem ter testado positivo para Covid-19 nos últimos dias Redação O Complexo Hospital de Clínicas - UFPR/Ebserh - está participando de um estudo clínico internacional que investiga um medicamento antiviral como possível tratamento para a Covid-19. Os testes clínicos preliminares indicaram segurança e eficácia do medicamento. O estudo, porém, realizará ainda mais uma etapa de testes e precisa de voluntários para que esse tratamento possa ser validado. Para participar, os interessados precisam ter testado positivo para Covid nos últimos quatro dias e seguir os seguintes critérios: não ter recebido nenhuma
dose de vacina contra a Covid-19 e ter a confirmação de Covid-19 (por PCR ou teste rápido) com até cinco dias do início dos sintomas. Além disso, é necessário apresentar ao menos um fator de risco, como: ter idade maior do que 60 anos, obesidade, doença renal crônica, diabetes, problemas cardíacos graves, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou câncer ativo. Fique por dentro Mais informações e cadastro 41-99116-0066 (telefone/Whatsapp), disponível todos os dias, inclusive aos finais de semana
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Cultura 7
6ª Conferência Municipal de Cultura acontecerá em junho Saiba como participar desse espaço surgido em 2005, no governo Lula Ana Carolina Caldas
U
m dos objetivos das Conferências Municipais de Cultura é reunir os artistas e trabalhadores da cultura para definir as metas do Plano Municipal de Cultura. Uma novidade em 2021, na capital, é que os novos membros para o Conselho Municipal de Cultura serão eleitos durante a 6º. Conferência Municipal de Cultura. Estão previstas para os dias 16 e 23/6 as pré-conferências regionais e a etapa final será nos dias 25, 26 e 27 de junho, todas em ambiente virtual. O regulamento está disponível no site da Fundação Cultural de Curitiba, entidade que tem por
responsabilidade realizar a Conferência. Importante lembrar que a primeira Conferência Municipal de Cultura de Curitiba foi realizada em 2005, durante o governo Lula. Naquele momento, a realização das conferências municipais estavam articuladas com as nacionais no intuito de pensar um Plano Nacional para cultura do país. Já em 2021 a articulação dos artistas volta-se para os impactos da pandemia, pois o segmento cultural foi um dos afetados mais drasticamente com perda de postos de trabalho e a falta de políticas publicas de cultura para garantir a subsistência dos trabalhadores desta área. Diversos segmentos ar-
tísticos já estão se reunindo em audiências livres, para debater e definir metas em suas áreas. Adriano Esturilho, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos dos Paraná, rei-
Cido Marques
A última Conferência Municipal de Cultura aconteceu em 2016
Eleições para o Conselho Municipal de Cultura de Curitiba Na quarta-feira (2/6) foram divulgados os editais 22 e 23/2021 com as normas para o processo de inscrição e participação nas pré-conferências dos dias 16 e 23/6 e de eleição de delegados e
suplentes que representarão os segmentos na plenária fi nal, em fi ns de junho. Nessa ocasião também serão eleitos os membros das respectivas áreas para o Conselho Municipal de
tera a importância da Conferência neste ano. “Pela primeira vez os novos conselheiros do Conselho Municipal de Cultura serão eleitos durante a Conferência. Isso legitima muito mais,”
Cultura. A eleição será informatizada e a votação online será por meio do sistema “Conecta” a ser disponibilizado pelo Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP).
diz. Para ele, é preciso também inserir novos debates. “Um ponto bem importante a ser debatido são as ações afirmativas, que é um tema transversal. Curitiba ainda é uma das poucas cidades que não adota estas ações em suas atividades, editais, entre outros,” conclui. Nesta 6ª Conferência Municipal, além das 10 regionais, estarão representadas as linguagens artísticas tradicionais (música, literatura, artes cênicas, artes visuais, audiovisual, dança e manifestações culturais tradicionais) e dois novos segmentos – arte e cultura urbana e linguagens funcionais (ilustração, moda, gastronomia, design, arquitetura e urbanismo).
Transmissão ao vivo Aqueles que não desejarem se inscrever como participantes, poderão acompanhar os debates que serão transmitidos ao vivo. Na etapa final da Conferência serão validadas as metas em todas
as áreas culturais e homologados os nomes dos novos componentes do Conselho Municipal de Cultura, que tomarão posse em novembro deste ano, quando encerra o mandato do atual colegiado.
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 4 espigas de milho orgânico 2 xícaras (chá) de leite ¾ de xícara (chá) de açúcar orgânico canela em pó a gosto para polvilhar
Reproducao Cybercook
DICAS MASTIGADAS | Curau (doce) Modo de preparo Descarte a palha, o cabelo e lave bem as espigas de milho sob água corrente. Debulhe as espigas. No liquidificador, bata o milho com o leite até triturar bem. Passe o conteúdo batido por uma peneira, pressionando com as costas de uma colher para extrair bem todo o líquido. Misture o açúcar ao líquido, leve ao fogo médio e mexa até começar a ferver. Abaixe o fogo e continue mexendo por mais 5 minutos, até formar um creme grosso. Leve à geladeira e deixe esfriar por pelo menos 1 hora. Sirva polvilhado com canela em pó.
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A volta dos que não foram Torneio que não serve para nada mostra que não se pode esperar nada dos jogadores da seleção Frédi Vasconcelos
E
m campo, a campanha brasileira perfeita. Seis vitórias em seis jogos nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo 2022, a última na terça (8), por 2 a 0 sobre o Paraguai, lá no Defensores del Chaco. Fora, o vexame de publicar uma “nota de repúdio” em relação à Copa América que não diz coisa com coisa. O título desta coluna, uma brincadeira infantil com títulos de filmes impossíveis, também poderia
ser o da nota publicada. Mostrando mais uma vez que não se pode esperar da maioria dos jogadores brasileiros nada além da habilidade com a bola dentro de campo. O técnico Tite começou na semana passada a botar lenha na fogueira de um possível boicote a esta copa que não vale nada, além de dinheiro para patrocinadores. Disse que a posição seria conhecida após a partida contra o Paraguai. O capitão do jogo contra o Equador, Casemiro, foi na mesma linha e, em tom grave, disse que a posição Lucas Figueiredo | CBF
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Palavras ao vento
dos jogadores já era conhecida e só faltava a partida seguinte para ser comunicada, botando lenha na fogueira do boicote. O que mudou desde então? O afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, por denúncias de assédio moral e sexual. As denúncias são graves e devem ser punidas na CBF, na Justiça comum e na cível. Mas então quer dizer que com a mudança de presidente não há quase 500 mil mortes por Covid no Brasil? Que uma copa que não vale nada no meio de uma pandemia mundial pode acontecer, prejudicando e expondo a risco os próprios jogadores? A nota é ridícula por ser insípida e inodora, aparentemente feita para agradar os bolsonaristas da seleção, como Neymar. Tem bobagens como “Quando nasce um brasileiro, nasce um torcedor... Somos um grupo coeso, mas com posições distintas... É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política.” É de envergonhar. Melhor não ter escrito nada.
“Não há mais diferença de gênero. A CBF está tratando homens e mulheres igualmente” essas foram as palavras ditas por Roberto Caboclo no dia que anunciou o pagamento igual das diárias para as seleções masculina e feminina. Aliás, o discurso sobre igualdade no futebol sempre se destacou na gestão de Caboclo. Contudo, palavras precisam ter respaldo na realidade concreta, certo? E os acontecimentos recentes mostraram que a igualdade de gênero estava bem longe de ser uma bandeira do dirigente. Uma funcionária da CBF acusou formalmente o então presidente da CBF de assédio moral e sexual. A denúncia foi protocolada na Comissão de Ética da CBF e na Diretoria de Governança e Conformidade. Aliás, diretores e colegas haviam presenciado algumas das humilhações sofridas por ela e os rumores do que acontecia já rondavam a instituição e, mesmo assim, silenciou-se. Silenciar em situações de abuso também é consentir. Ou seja, o problema institucional parte de Caboclo, mas vai além. Não deveria haver mais espaço para esse tipo de situação, exigimos uma investigação séria e a responsabilização. Toda a nossa solidariedade à corajosa funcionária que enfrentou o homem mais poderoso do futebol brasileiro e a estrutura machista que o sustenta.
Copa do Brasil: utilidade
Cheque especial
Não basta subir...
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
“Um bom zagueiro, um ala com alto índice de acerto nos cruzamentos e rapidez no retorno para marcar, um meia-armador e um atacante veloz”. Tais foram as necessidades do Coritiba expostas por este colunista na edição 213 do jornal (27/05/2021) para alcançar o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro. O técnico Gustavo Morínigo sabe dessas carências no elenco coritibano, cuja quantidade de jogadores está perto da risca limítrofe do excesso, mesmo prevendo as indefectíveis suspensões e lesões temporárias. Claro que não exterioriza aos atletas as posições deficientes, muito menos o faz ao microfone. A diretoria alviverde por certo está incessantemente à procura dos profissionais imprescindíveis, dentro de suas limitações financeiras. Enfrentar o excelente time do Flamengo duas vezes no intervalo de seis dias determinará a o grau de urgência dessas contratações.
Primeiro a gente gasta mais do que tem. No fi m do mês, faz um empréstimo para pagar as contas. Dali alguns meses, a conta não fecha de novo e usa o cheque especial para não ficar devendo na praça, nem olha para a taxa de juros. Essa é a situação do Paraná Clube. Esta semana foi autorizado pela Justiça o aporte fi nanceiro da FDA Sports. Só em 2021 isso vai significar R$ 2,9 milhões no caixa paranista. Ainda que 20% seja destinado ao pagamento de dívidas antigas, os recursos permitem deixar as contas em dia e fazer novas contratações. Esse é o lado bom. A esperança do acesso segue viva na Vila Capanema. O lado ruim é que, como todo cheque especial, a cobrança é pesada. Em troca da verba desse ano e do ano que vem - em 2022 pode variar entre R$ 5 e 7 milhões - o tricolor terá que ceder 70% dos direitos econômicos de seis atletas.
Pelo segundo ano consecutivo, o time feminino do Athletico garantiu vaga nas oitavas de fi nal do Brasileirão Feminino série A2. O gol que sacramentou a classificação foi marcado pela atacante Kim, garantindo a vitória por 1 a 0 contra o América-MG. Entre as equipes já classificadas, 4 estão com 100% de aproveitamento. O rubro-negro perdeu apenas um jogo. Parece pouco, mas as discrepâncias são enormes entre as duas divisões do feminino. Para se ter uma ideia: ano passado o Athletico foi eliminado pelo Bahia, que conseguiu subir e hoje amarga a lanterna com apenas 4 pontos em 13 jogos. O Napoli, que subiu em 1°, não está em situação muito melhor: 7 pontos. Ou seja: subir é importante, mas é preciso criar condições para manter a equipe na elite, como vem fazendo o Real Brasília, hoje em 10°.