Lucas Merçon
Esportes | p. 8
Derrotas em série Rodada ruim para os times brasileiros na Libertadores
PARANÁ
Ano 5
Edição 212
Cultura | p. 7
Cidades | p. 4
Editorial | p. 2
“Era uma Zine”
Crime sem punição
O que a eleição do Chile ensina
Biblioteca Pública permite download de obras infantis
Justiça ainda não definiu julgamento de mortes de garotos do Parolin
Governo é derrotado e Constituinte terá maioria de esquerda
20 a 26 de maio de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Mais de 1 milhão de infectados no Paraná
Giorgia Prates
Paraná chega também a quase 25 mil mortes, com vacinação lenta CAPA | p. 5
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 212 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Hermes Leão e Paula Cozero ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/ bdfpr CONTATO pautabdfpr@ gmail.com
SEMANA
Os bons ventos que vêm do Chile
EDITORIAL
N
o início desta semana, os partidos de esquerda e independentes impuseram importante derrota a grupos conservadores chilenos, que governam o país atualmente, conseguindo a maioria das 155 cadeiras para a Assembleia Constituinte. Essa representação na elaboração da nova Carta Magna é resultado de inúmeros protestos ao longo de 2019 e do plebiscito popular que decidiu, por mais de 80% de aprovação, pela realização da constituinte.
OPINIÃO
quais são ativistas e militantes de movimentos sociais. O texto ainda demora para ser redigido e aprovado, mas a composição dos deputados constituintes já demonstra um grande avanço para a democracia chilena, que terá a oportunidade de repensar as bases de uma nova configuração socioeconômica que priorize as demandas populares, a dignidade e o bem viver de toda a população. Que os bons ventos do Chile nos inspirem!
Aposta na vida ou na morte? Hermes Leão
é educador e presidente do sindicato dos trabalhadores em educação pública do Paraná (APP-Sindicato)
E
Essa Carta substituirá a que vigora desde a ditadura de Pinochet e representa, além do autoritarismo, quatro décadas de neoliberalismo profundo que assolou o país, ao retirar direitos e privatizar os serviços básicos. O processo da constituinte no Chile é inédito, ao garantir paridade de gênero entre os eleitos, além de contar com 17 representantes dos povos originários e ter possibilitado eleger pessoas independentes de partidos, muitas das
m julho do ano passado, publicamos artigo no Brasil de Fato Paraná intitulado: “70 mil mortos: O Brasil perdeu a guerra para o Covid-19”. Passados dez meses, o Brasil superou 430 mil mortos. Na mesma data, o Paraná contava 999 mortos. Agora,
superou 24 mil óbitos. Naquele registro ressaltávamos que o presidente Bolsonaro, ao expelir seus dois primeiros ministros da saúde e optar pela toupeira que se revelou o general Pazuello, fazia uma aliança com o pior dos mundos. Expor o povo brasileiro à face sombria da morte. O cenário de guerra perdida se transformou em terra arrasada. É difícil encontrar adjetivos para a escolha que o governo brasileiro fez e
aplicou com a anuência dos demais poderes. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado só foi aberta por determinação do Supremo Tribunal Federal. O resultado poderá ser positivo se houver pressão social. A apatia da maioria do povo e a estridência da parcela bolsonarista expõem mais uma vez a face histórica do nosso país, uma república dominada por uma elite entreguista, antipovo e golpista em essência.
No Paraná a situação da pandemia é gravíssima. O governador Ratinho Jr (PSD), que recentemente afirmou que o retorno escolar presencial só se daria com a vacinação dos profissionais da educação, agora se deixa conduzir pelas pressões de interesses econômicos e outros. No período em que os índices demonstram que estamos entre os três estados com maior número de contaminações por Covid 19, fle-
xibiliza o isolamento social, autoriza reabertura de escolas sem a segurança que só a vacinação da maioria poderá garantir. Os governos, ao optar por medidas como retomada de aulas presenciais, flexibilizar mais uma vez a abertura do comércio e repetir o discurso negacionista preponderante no país, assumem o risco de apostar na morte e no surgimento de novas ondas e cepas do vírus aqui no estado.
Brasil de Fato PR
Sanepar reajusta a água duas vezes Crise econômica, pandemia e racionamento de água na Grande Curitiba. Estes elementos não pesaram para que a Sanepar conseguisse o segundo reajuste tarifário em menos de um ano. O saldo acumulado – e autorizado pela Agepar – no bolso dos paranaenses é de 11,18%. Mesmo os constantes reajustes, a empresa de saneamento teve queda de receita líquida de 1,6% no primeiro trimestre de 2021. O novo reajuste, de 5,77%, que entrou em vigor no dia 17 de maio, é referente à data-base aprovada em acordo com acionistas e com o aval da Agepar. Como em 2020, esse reajuste não foi aplicado sob alegação da pandemia e do racionamento, acabou sendo represado para o fim do ano. Com isso, aconteceram dois reajustes em menos de doze meses. “Em plena pandemia, com uma situação de grave crise econômica, social e também sanitária a Sanepar aumentará pela segunda vez no ano as suas tarifas, que resultará em um aumento acumulado de 11,18%”, diz o Dieese. Para o órgão, “as tarifas da Sanepar podem sofrer mais aumentos em 2021. O aumento determinado pela RTP é referente ainda à primeira fase da revisão. Resta saber se na segunda fase que ocorrerá ainda em 2021 ou em 2022, os consumidores não sofrerão novos aumentos em suas faturas”.
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
Geral
3
FRASE DA SEMANA
QUE DIREITO
“O Poste Geral da República é um grande fiador de tudo que está acontecendo. ... É gravíssima a omissão e desfaçatez de Aras”
Paula Cozero
Escreveu no Twitter o professor de Direito da USP Conrado Hubner. Por conta desta e outras manifestações, foi denunciado e pedida sua punição ao Conselho de Ética da universidade pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras
É ESSE?
Polícia e respeito aos direitos humanos
Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Bolsonaro não mandou nada No depoimento à CPI da Covid, a estratégia do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazzuello foi tentar livrar o presidente Jair Bolsonaro de todas as acusações na gestão da pandemia. Perguntado, por exemplo, sobre o incentivo ao uso da cloroquina, disse: “Em hipótese alguma. O presidente nunca me deu ordens diretas para nada.” Tentou aliviar também para os filhos: “Não havia nenhuma influência dos três filhos políticos do presidente e volto a colocar: Eu achava que eu ia me encontrar mais com eles, tanto com o próprio presidente, mas não houve isso”, afirmou.
Perdeu a batalha Durante o depoimento, o general tentou justificar que fez tudo certo na gestão do caos da saúde. Faltou explicar por que, então, perdeu a guerra, com o Brasil tendo um dos piores resultados no combate à pandemia no mundo. Com a falta de oxigênio em hospitais, a vacinação atrasada é um dos lugares em que houve mais mortes por Covid-19.
Pega na mentira Segundo apuração do portal UOL, Pazuello mentiu no depoimento. Ao afirmar, por exemplo, que não recebeu ordem de Bolsonaro relacionada à compra da vacina chinesa Coronavac. Segundo o portal, “a fala de Pazuello contraria vídeos públicos do próprio presidente que havia mandado cancelar acordo de intenção de compra.”
Boiada não passa pela PF Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, recebeu na manhã da quarta, 19, agentes da Polícia Federal por conta de operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. Além da busca e apreensão em seus endereços, houve e quebra do sigilo bancário e fiscal do ministro. Além da destituição do presidente do Ibama, nomeado por Salles. A suspeita é de atuação irregular para facilitar a venda de madeira ilegal. A PF chegou a elencar, entre os motivos da operação, “movimentações suspeitas” no escritório de advocacia do qual o ministro é sócio”. Giorgia Prates
Em plena pandemia, com grandes riscos sanitários e aumento da pobreza e desigualdade social, temos visto operações policiais truculentas contra a população mais pobre. Na última semana, a Polícia Civil e a Guarda Municipal de Araucária deixaram pessoas feridas em uma operação violenta para despejar famílias de suas casas, mesmo havendo recomendação do Conselho Nacional de Justiça para que os despejos sejam interrompidos durante a pandemia. O CNJ ressaltou também que, mesmo quando há decisão autorizando o despejo, a polícia deve seguir as normas internacionais de direitos humanos e um plano de remoção construído com participação das pessoas atingidas, sob pena de responsabilização dos agentes públicos. Mas, afinal, qual é a função da polícia? É garantir a segurança pública, que é um direito de toda a população e serve para, entre outras coisas, preservar a integridade das pessoas, conforme estabelece o artigo 144 da Constituição Federal. É dever da polícia proteger a vida de todos e efetivar direitos humanos. Por isso, os direitos humanos são um assunto para as instituições policiais se apropriarem, para que suas atuações sejam em defesa da dignidade da população, não contra ela. *Advogada e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares
Brasil de Fato PR 4 Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
Giorgia Prates
Crime ainda sem julgamento Justiça não decidiu se morte de quatro adolescentes em 2019, no Parolin, irá a júri popular Gabriel Carriconde
S
eja no Rio de Janeiro, como nas mortes no Jacarezinho, ou nos bairros periféricos e vilas em Curitiba, a violência, principalmente da polícia, tem classe, cor e endereço. Só em 2020, cerca de 78% dos mortos pelas polícias foram negros, considerando os estados que divulgam a etnia das vítimas, de acordo com o Monitor da Violência, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP. Em 2019, por exemplo, oito a cada dez pessoas
“A perícia demonstrou que os tiros foram de fora para dentro, nenhum de dentro pra fora’’, diz o advogado
mortas pela polícia eram negras, ou moradoras das periferias urbanas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Em Curitiba, no mesmo ano, quatro dessas vítimas foram adolescentes, moradores do bairro Parolin. Gustavo Bueno de Almeida, 14 anos, Felipe Bueno de Almeida, 16 anos, Eduardo Damas, 20 anos, e Elias Leandro Pinto, 17 anos, morreram com tiros da PM. O caso provocou protestos da comunidade, que chegaram também a ser reprimidos pela PM. Nesses quase dois anos, não há conclusão do processo nem julgamento, e ainda será tomada a decisão se os policiais serão levados ou não a júri popular. Execução No dia 27 de setembro de 2019, os quatro adolescentes passeavam com um carro da marca ‘’Tucson’’ quando foram surpreendidos por uma viatura da Polícia Militar, que
iniciou uma perseguição. O motorista do carro, segundo o advogado que representa as famílias dos jovens, Vitor de Carvalho Paes Leme, não parou por medo, em seguida, o carro teria capotado. É após o acidente que a vida desses jovens é interrompida, e inicia-se uma guerra de versões. De acordo com os policiais militares envolvidos, após o acidente, os quatro teriam atirado contra eles, o que provocou o revide. Contudo, Paes Leme aponta que os adolescentes, apesar de terem passagem pelo sistema penal por roubo e furto, não estavam armados. “Um dos meninos estava embaixo do pé do passageiro do carro com a clavícula quebrada, não haveria possibilidade de revide. Os quatro meninos por mais que tenham passagem na polícia, no dia estavam sem arma e tinham dado uma volta de carro apenas”, conta.
Imagens de câmera no local mostram a execução dos tiros da PM. A versão dos policiais é que antes de saírem do carro, os jovens teriam atirado neles. Contudo, de acordo com o laudo pericial da Polícia Científica, não havia marca de balas na viatura, nem projeteis, nem arma. Só na delegacia
teriam sido apresentadas as supostas armas usadas. “A perícia demonstrou que os tiros foram de fora para dentro, nenhum de dentro pra fora’’, diz o advogado. O caso teve investigação do Gaeco e está nas alegações finais para posterior decisão do juiz de como será o julgamento.
DO OUTRO LADO Dados do Monitor da Violência mostram que o Brasil teve 198 policiais assassinados em serviço e folga no ano passado – aumento de 10% em relação a 2019, tendo média de uma morte a cada 44 horas. Para a advogada Melina Fachin, as polícias precisam ser democratizadas. ‘’Do ponto de vista constitucional, temos a polícia dentro de uma função de segurança pública, e a segurança deve ser uma função pública, e a polícia deve agir com
razoabilidade, proporcionalidade, na defesa dos direitos humanos e não contra os direitos humanos’’. Melina ainda destaca a falta de clareza e transparência em relação aos dados sobre a letalidade policial e atuação das forças de segurança. ‘’Não temos dados suficientes para que se tenha transparência, chama atenção, por exemplo, que o site da polícia Militar do Rio de Janeiro esteja fora do ar desde março de 2020’’, diz.
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
Paraná passa de 1 milhão de contaminados com pessoas recusando vacina Para especialista, terceira onda virá mais forte se vacinação continuar lenta
Giorgia Prates
Brasil
Pesquisadores apontam perfil genético de pacientes suscetíveis à Covid Ana Carolina Caldas
P
or que em algumas famílias apenas uma pessoa se contaminou com o coronavírus e em outros a família inteira? Uma das primeiras respostas é o perfil genético dos pacientes, que pode tornar esses pacientes menos ou mais suscetíveis. A evidência é decorrente de estudo de professores da PUC-PR, com participação de profissionais da UFPR e das Faculdades Pequeno Giorgia Prates
Ana Carolina Caldas
A
Secretaria de Estado da Saúde divulgou na quarta (19) mais 7029 casos confirmados e 202 mortes pela Covid-19 no Paraná. Com isso, o Estado soma 1.033.452 casos confirmados e 24.916 óbitos. De outro lado, a vacinação ainda não chegou a 10% da população em pelo menos 111 dos 322 municípios paranaenses. E em alguns casos, houve, ainda, recusa em se vacinar por parte da população. A Confederação Nacional de Municípios (CNM), a partir do lançamento do “Observatório da Covid-19 nos Municípios do Brasil”, realiza pesquisas semanais junto às cidades para acompanhar o enfrentamento da pandemia. Em recente sondagem sobre recusa às vacinas, pelo menos 117 municípios do Paraná (37,1%)
registraram resistência. A maior rejeição é em relação à Astrazeneca, com 54,6% das pessoas, e 42,2% em relação à Coronavac. A pesquisa revela ainda que 15% dos municípios paranaenses não iniciaram a vacinação para pessoas com comorbidades, como indica o Plano Nacional de Imunização. Outro dado preocupante é a falta de vacinas para a segunda dose. 91 municípios não receberam a segunda dose para imunizar especialmente idosos de 60 anos ou mais. Terceira onda mais forte Para o coordenador da Comissão de Acompanhamento e Controle de Propagação do Coronavírus da UFPR, professor Emanuel Maltempi, a vacinação está lenta e parte da população ainda não compreendeu a importância de se imunizar. “Para que possamos con-
trolar a pandemia, é preciso ter no mínimo 30% da população vacinada, e a queda de números só acontecerá com 50%. Estamos longe dessa marca. O que estamos vendo, agora, é uma queda de letalidade entre os idosos e um aumento na faixa etária de 40 a 59 anos. Some-se a isso que as novas infecções venham da variante P1, que é bem mais forte.” Se a imunização não for acelerada, Emanuel afirma que a terceira onda será ainda crítica. “A responsabilidade de trazer vacinas é do governo federal. Quando, no ano passado, vi que tínhamos 4 a 5 ofertas de vacinas, tive a certeza de que em abril já estaríamos começando a controlar a pandemia. Ledo engano, pois houve a recusa e estamos piorando. As novas ondas podem vir muito piores e com índices de letalidade maiores,” explica.
5
Príncipe. A equipe analisou amostras genéticas de 20 pacientes que morreram em Curitiba. Lucia Noronha, professora da PUC-PR, explica que uma proteína específica foi estudada. “A Interleucina 17, que tem uma ação antiviral já bem conhecida na área médica”, disse. Casos de famílias inteiras que foram contaminadas, segundo Lúcia, apontam para um padrão genético que produz esta proteína mais fraca. “Fizemos genotipagem por pontos específicos dentro do gene, que são chamados polimorfismos. Estes apareceram nos pacientes da Covid-19 estudados em comparação a outro grupo de controle de pessoas que não vieram óbito. O que já se conclui é que este poliformismo produz menos a interleucina 17”, diz. O mesmo acontece quando apenas um familiar se contamina. “Trata-se de uma variação no gene”, explica Lúcia.
O QUE DIZ A SECRETARIA DE SAÚDE Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a Secretaria Estadual de Saúde disse que “sobre a recusa por parte da população em ser vacinada, há um grande investimento em publicidade para incentivar que a população se vacine e tem sido reforçado que os municípios façam o mesmo.” Já quanto à falta de vacinas para a segunda dose, “parte das novas remessas de vacinas contra a Covid-19 que chegaram ao Estado nas últimas semanas é resultado da articulação da Secretaria da Saúde junto ao Ministério da Saúde para readequações necessárias no Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19. Após o pedido do governo do estado, o governo federal readequou os envios e destinou 188.800 doses do imunizante CoronaVac/Butantan para o Paraná. As vacinas são destinadas para a segunda aplicação (D2) de esquemas vacinais já iniciados. Segundo levantamento da Sesa, o Estado estava com déficit de 110 mil doses para D2 em pouco mais de 200 municípios.”
Brasil de Fato PR 6 Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021 PUBLICIDADE
PM e Guarda Municipal de Araucária usam de violência em despejo Violência foi repetida em dia seguinte à ação, feita no período de pandemia Pedro Carrano
N
o domingo, 16 de maio, a Polícia Militar e a Guarda Municipal de Araucária usaram da força mais uma vez para reali-
zar um despejo forçado. Mesmo em época de pandemia, quando a recomendação judicial é contrária a este tipo de ação, a repressão e violência foram registradas em vários vídeos. Giorgia Prates
De acordo com as imagens, a polícia usou balas de borracha e portava armas letais, além de cercar o local e jogar gás lacrimogênio, deixando vários feridos. A Defensoria Pública do Estado entrou em contato com a Guarda Municipal, que não revelou o nome do comandante da operação e teria afirmado que a ação de despejo “estaria concluída”. A expectativa dos moradores, no dia, é que a violência poderia voltar a se repetir na noite seguinte, o que se confirmou com novas agressões por parte da guarda, que fez operações para dispersar e evitar movimentações dos antigos moradores. Uma das ocupantes, que foi presa pela PM, chamada Carina, em vídeo após ser liberada afirmou: “A periferia não pode adquirir seu imóvel, seu terreno, com toda aquela posse do terreno que tem ali, ninguém quer lucrar, todo mundo quer sair do aluguel e das ruas”, denunciou.
Projeto de lei propõe penalidades contra LGBTfobia no Paraná Redação No Dia Internacional de Luta Contra a LGBTfobia (17/5), os deputados Goura (PDT), Michele Caputo (PSDB), Mabel Canto (PSC), Professor Lemos (PT), Arilson Chiorato (PT), Tadeu Veneri (PT) e Requião Filho (MDB) protocolaram o projeto de lei que dispõe sobre penalidades administrativas contra discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero na Admi-
nistração Pública e estabelecimentos localizados no Paraná. “O texto é bastante amplo e prevê penalidades a diversas formas de discriminação em órgãos públicos e comerciais, incluindo também a publicação de conteúdo nas redes sociais que incitem o ódio, como fez um vereador recentemente no interior do Paraná”, explicou Goura. Segundo ele, o objetivo é coibir atitudes de violência contra pessoas LGBTQI+,
que infelizmente continuam muito comuns no Paraná. “Esse projeto de lei também é uma homenagem a Lindolfo Kosmaski, David Lavisio e Marcos Vinício Bonanza da Fonseca e a todas as vítimas da LGBTfobia do nosso estado e de todo o Brasil”, afirmou o deputado. Punições previstas São passíveis de punição, segundo o texto do PL, se motivados por discriminação de gênero ou orientação sexual:
a agressão verbal ou física; a proibição da entrada, frequentação e permanência de qualquer espaço aberto ao público; preterir ou negar atendimento em repartição e órgão público ou estabelecimento comercial; negar, dificultar ou elevar preço para a prestação de qualquer serviço ou o comércio e aluguel de bens e preterir, sobretaxar ou impedir a hospedagem em hotéis, hostels, pensões, motéis ou assemelhados. Também são passíveis
de punição: demitir, forçar demissão ou exoneração e assediar empregado; publicar conteúdo em meio de comunicação, rede social ou mídia incitando discriminação, ódio ou violência; fabricar, comercializar, distribuir, veicular ou portar emblemas símbolos, ornamentos ou propagandas que incitem, apoiem ou estimulem discriminação, ódio ou violência; desrespeitar o nome social ou a identidade de gênero das pessoas transgêneros.
Brasil de Fato PR
Biblioteca Pública disponibiliza fanzine eletrônico para o público infanto juvenil P
ara não deixar de atender ao público infanto-juvenil neste momento da pandemia, a Biblioteca Pública do Paraná oferece semanalmente download gratuito de um livro infantil via site da instituição, além de uma atividade lúdica. Tudo isso pelo projeto “Era uma Zine”, que oferece um fanzine eletrônico para que as crianças e jovens tenham acesso a autores e artistas de modo lúdico. A nova edição destaca a história “O Mundo e Eu”, de Lais dos Santos Silva. A atividade proposta para essa semana é baseada numa obra do artista dinamarquês Olafur Ealisson. O livro conta a história de uma lagarta que vira borboleta e vai ter suas primeiras experiências com o seu mundo, a natureza. Nesta edição do fanzine, ao final da leitura, há uma
proposta relacionada ao trabalho do artista plástico Olafur Eliasson, que usa a natureza para compor suas obras e dialogar com as pessoas.
Cultura
A Biblioteca segue a orientação do governo do estado para o enfrentamento ao coronavírus e está fechada por tempo indeterminado. Reprodução
Um dos cursos de cinema e audiovisual mais importantes do Brasil, o da FAP/Unespar completou 15 anos em 2020. Na expectativa de poder festejar presencialmente, a comemoração foi transferida para 2021. Porém, com a continuidade da pandemia, os planos mudaram. Neste 21/5 (sexta) haverá celebração virtual, com início às 19h.
Como ver
Para ficar por dentro Semanalmente, a Biblioteca oferece o fanzine eletrônico em seu site www.bpp.pr.gov.br Aponte a câmera do seu celular para o código ao lado
7
15 anos de cinema
Toda semana um livro e uma atividade lúdica artística são oferecidas para download gratuito Redação
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
Haverá apresentação do vídeo “Meus 15 Anos”, em que ex-alunos e ex-alunas relembrarão momentos marcantes de passagem pela escola. Em seguida acontece conversa com a participação de Marília Franco (USP/Unespar), Eduardo Baggio (FAP/Unespar), Aly Muritiba (ex-aluno), com mediação do atual coordenador do curso, o cineasta Fernando Severo. Acesso Google Meet (bit. ly/15anoscinema) Canal ArtesFAP do YouTube (http://tiny.cc/artesfap)
Giorgia Prates
Ações afirmativas A Fundação Cultural de Curitiba publicou edital para a seleção de projetos inéditos e virtuais voltados a ações culturais afirmativas - com temática dedicada à igualdade racial, aos direitos das mulheres, à promoção de direitos das pessoas com deficiência e à diversidade sexual. As inscrições estão abertas e podem ser feitas até as 12h do dia 31 de maio pelo sistema Sisprofice, com acesso pelo site da Fundação Cultural. Reprodução
DICAS MASTIGADAS
Molho bolonhesa de lentilha
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 1/2 xícara (de chá) de lentilha crua. 4 dentes de alho picados. 1/2 xícara (de chá) de cebola orgânica picada. 1/2 xícara (de chá) de azeitonas picadas. 1 colher (de chá) de páprica doce. 2 xícaras (de chá) de molho de tomate. 1/2 xícara (de chá) de água. 1 colher (de sopa) de manjericão picado 1/2 xícara (de chá) de salsinha e cebolinha picadas. Sal e azeite a gosto.
Modo de Preparo Em uma vasilha, coloque a lentilha, cubra com o dobro de água e deixe de molho por 8 horas. Escorra, lave bem e reserve. Em uma panela alta e em fogo médio, coloque um fio de óleo e refogue o alho e a cebola até ficarem levemente dourados. Acrescente a lentilha, tempere com uma pitada de sal e refogue por cerca de 5 minutos. Adicione as azeitonas, tempere com a páprica doce ou com outro tempero de sua preferência e misture. Abaixe o fogo e acrescente o molho de tomate, a água, misture e deixe cozinhar por cerca de 5 minutos, mexendo de vez em quando para não queimar. Adicione o manjericão, a salsinha e cebolinha e misture. Regue com um fio de azeite, misture e desligue.
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2021
8 Esportes
Libertadores não é mole não
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Numa noite, brasileiros perdem 4 jogos em 4. Chance de 7 classificados ainda existe Frédi Vasconcelos
N
a terça, 18, os times brasileiros tiveram noite trágica na Libertadores perdendo quatro jogos nas quatro partidas disputadas. Menos mal para o Palmeiras, que já está classificado em primeiro lugar e não terá maiores consequências com a derrota por 4 a 3 para o Defensa y Justicia, da Argentina, em casa. O São Paulo, ainda não está garantido, mas também não deve sofrer muito para se classificar,
mesmo perdendo também em casa para outro argentino, o Racing. Os dois paulistas pouparam jogadores porque começam a decidir o campeonato estadual na próxima quinta-feira. Problemas maiores terão Santos e Fluminense. Os cariocas também foram derrotados no Maracanã pelos colombianos do Junior Barranquilla e perderam a chance de se classificarem antecipadamente. Agora terão de decidir a vaga contra o River Plate. O problema só não é maior porLucas Merçon
que o time de Buenos Aires entrará nesta rodada, na quarta, com time sem goleiro e possivelmente com jogador a menos por não ter atletas inscritos em número suficiente após surto de Covid no plantel. Não se sabe quem estará recuperado até a rodada final. De todos, a situação mais preocupante é a do time da Vila Belmiro. Ao perder na Bolívia para o The Strongest, o Santos chegou à terceira derrota no grupo C. Tem seis pontos em cinco jogos, mas Boca Juniors (com seis) x Barcelona de Guayaquil (com nove) ainda iam jogar na rodada. A última partida será contra o Barcelona, fora de casa. Mesmo com essa situação difícil e com a rodada ruim, ainda há chance de passarem 7 times brasileiros entre os 16 classificados para as oitavas-de-final. Flamengo, Atlético-MG e Internacional ainda iam jogar quando este texto foi fechado, mas lideram os seus grupos. Com o sinal amarelo ligado para os gaúchos, que estão num grupo com quatro times com seis pontos em quatro jogos.
Mudanças no Brasileirão Na última terça, 18, a CBF anunciou mudanças significativas na estrutura do futebol de mulheres para 2022. Foi noticiada a criação de uma nova divisão: o Campeonato Brasileiro Feminino A3. Com isso, ocorrerá aumento no número de equipes participantes nas competições nacionais, de 52 para 64, divididas nas três séries. A confederação defende que a nova competição faz parte do processo de fomento do futebol feminino. De acordo com Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas: “Vivemos um momento de muita maturidade das competições adultas femininas, com o aumento da competitividade entre os clubes e uma visibilidade cada dia maior. Permitindo que novas equipes ingressem no circuito nacional de competições. A divisão A3 ajudará muito no aumento do mercado de trabalho para as atletas”. A divisão contará com 32 times e no sistema de mata-mata. Isso afeta as outras divisões: a A2 passará a ter 16 clubes participantes e a A1 mantém os 16 atuais, contudo, agora passam a cair somente dois times. Lembramos que no próximo ano, além desses torneios, teremos também a SuperCopa do Brasil. Tem bastante bola pra rolar!
Tristes perdas
Cachorrada
Problemas previsíveis
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Em quatro dias, o Coritiba sofreu quatro revezes: uma eliminação do Campeonato Paranaense ainda na primeira fase da competição, o que não ocorria desde o longínquo 1988 (há 33 anos); a consequente impossibilidade de participar da Copa do Brasil em 2022, a menos que dela ou da Série B seja campeão neste ano; o afastamento do diretor executivo José Carlos Brunoro, responsável pelo planejamento estratégico; e a saída de um dos vice-presidentes da agremiação, Marcelo Almeida. Torna-se imprescindível que o clube – em especial seu presidente, Renato Follador –, tire dessas tristes perdas algumas lições. A primeira é a de que gerir um clube de futebol é mais complexo do que pode parecer. Outra: um G5 só se forma com o firme propósito (e cumprimento), por parte de todos os seus membros, de “ir até o fim”. A terceira: é urgente a contratação de bons (e poucos) reforços para o time.
Aos menos avisados, o Athletico faz papel de bom moço, de clube que defende o direito de seus jogadores. De perto, o que a gente nota é a falta de fair play e a disposição de prejudicar uma competição já tão prejudicada pela pandemia. Se o Athletico não pode expor os seus atletas uma vez na vida a dois jogos em 48 horas, que tivesse proposto o jogo na terça. O argumento de que eles teriam jogo da sul-americana na quarta não cola. Um dia antes de enfrentar o Melgar, pela terceira rodada, o Athletico enfrentou o Azuriz. Um dia depois de jogar contra o Metropolitanos, o CAP enfrentou o Londrina. Se o rival fosse tão grande quanto pensa ser, deveria ter a hombridade de colocar os “aspirantes” para jogar contra o Paraná. Agora, fazer manobra jurídica para poder usar os titulares no mata-rata do “ruralzão”, como eles gostam de se reportar ao estadual, é uma baita de uma cachorrada.
A fase decisiva do Paranaense e as últimas rodadas da primeira fase da Sul-Americana podem ser afetadas pelas mudanças de bandeira na capital, que novamente sofre com o aumento nos casos de Covid. O jogo contra o Melgar, marcado para 21:30 de quarta, já vai descumprir o toque de recolher, o que pode gerar uma multa de até R$ 150 mil. A medida também vai afetar os jogos do fim de semana, e a partida entre Athletico e Paraná pode sofrer mais um adiamento – o segundo em menos de uma semana. Até mesmo a estreia no Brasileirão pode ser alterada caso o decreto seja estendido. Com tantas competições ao mesmo tempo, fica evidente que o esforço por manter um calendário apertado em época de pandemia não foi uma decisão acertada. Quando termina o Paranaense? Impossível saber, e isso era previsível.