Brasil de Fato PR - Edição 218

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Bolsonaro balança Eleitores arrependidos, denúncias de corrupção, superpedido de impeachment e atos no sábado (3) esquentam a fervura

PARANÁ

Ano 5

Edição 218

1 a 7 de julho de 2021

distribuição gratuita

Marcos Corrêa | PR

www.brasildefatopr.com.br Giorgia Prates

A FORÇA DOS IMIGRANTES Nas ocupações em Curitiba, formam uma nova base social Cidades | p. 4

Paraná | p. 6

Brasil | p. 6 5

Esportes | p. 8

Parques em risco

Risco de morte

Uma atleta improvável

Estrada do Colono expõe todas as unidades de conservação

Professores dizem por que são contra aulas presenciais sem vacina

A história de Aída dos Santos nas Olimpíadas de 1964


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 1 a 7 de julho de 2021

Impeachment de Bolsonaro e vacina no braço

EDITORIAL

A

denúncia realizada na CPI da Covid sobre esquema de fraude na negociação da vacina Covaxin revela vários escândalos do governo Bolsonaro. Indica que o atraso na vacinação aconteceu para favorecer empresas em contratos superfaturados. Coloca o líder do governo na Câmara, o paranaense

Ricardo Barros (PP-PR), como intermediador da negociação. Aponta que Bolsonaro tinha ciência das irregularidades. Mas o maior escândalo, o mais desolador, é o fato de que esse esquema, ao atrasar a chegada de vacinas ao país, causou a morte de milhares de brasileiros. O servidor público de carreira

do Ministério da Saúde que denunciou as ilegalidades, junto com o seu irmão, deputado Luis Miranda (DEM-DF), até então apoiador de Bolsonaro, levaram à CPI questões que exigem justiça, punição nos tribunais responsáveis e o impeachment do presidente. As manifestações contra o go-

verno, que aconteceram em 29 de maio e em 19 de junho, têm ganhado força. No sábado, dia 3 de julho, nova mobilização está convocada. A população pede vacina no braço e comida no prato. Pede auxílio emergencial e que o presidente Bolsonaro, que está em guerra contra o povo brasileiro, seja deposto.

EXPEDIENTE

SEMANA

Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 218 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CPI da Covid-19 escancara a importância da estabilidade do servidor público OPINIÃO

Arlete Rogoginski,

diretora do Sindijus-PR e Coordenadora-Geral da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos estados

O

recente depoimento do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid, instaurada no Senado, que denunciou ter sofridos pressões de seus superiores, com conhecimento do presidente da República, para liberar a importação da vacina indiana Covaxin, expõe a toda sociedade a importância da estabilidade do servidor público. A negociação denunciada,

que continuará a ser investigada, levou o governo a empenhar R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses do imunizante, em torno de US$ 15 (R$ 80,70) por dose, enquanto rejeitava a proposta da Pfizer com valor em torno de US$ 10 a dose, e da Coronavac, R$ 58,20, e perdíamos em nosso país, neste período de negociação, quase 100 mil vidas para a Covid 19. Nossa legislação impõe ao servidor público uma série de deveres como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos serviços públicos.

A Lei de Improbidade Administrativa, de caráter nacional, proíbe qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às leis e às instituições. O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução, devendo se recusar a praticar qualquer ato ilegal, sem medo de perder o seu emprego. Já o dever de eficiência, decorre do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição, acrescentado pela EC 45/2004. Outros deveres são especifi-

cados nos estatutos, códigos, normas e regulamentos próprios de cada poder e órgãos, procurando adequar a conduta do servidor, para melhor atender os fins da administração pública. Toda essa legislação não existe por acaso. Cuidar da coisa pública exige dos cuidadores todos esses requisitos para que a sociedade fique protegida de políticos que poderiam fazer uso indevido do poder para fins particulares, eleitoreiros, econômicos e, ainda, aprofundar e facilitar a corrupção em órgãos públicos.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ana Keil e Arlete Rogoginski ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook. com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


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Paraná, 1 a 7 de julho de 2021

Brasil de Fato PR Geral

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FRASE DA SEMANA

A prefeitura de Curitiba anunciou o retorno das aulas presenciais na rede municipal de educação para julho, após o recesso de meio de ano. O argumento para a volta de 50 CMEIs e 50 escolas a partir de 19 de julho e para demais aparelhos do sistema híbrido a partir de 2 de agosto é o avanço da vacinação dos professores. O retorno daqui poucos dias é criticado pelo Coletivo Sismuc Somos Nós. Para o grupo de servidores, a vacinação dos profissionais da educação não é suficiente. O risco de um retorno presencial se mantém para a comunidade escolar. A nota técnica “Quantificando o impacto da reabertura escolar durante a pandemia de Covid-19” alerta para o perigo da volta às aulas nas escolas públicas, sem nenhuma medida de monitoramento – testagem, rastreamento do vírus, isolamento se necessário. Isso pode significar um aumento de 270% nas infecções por coronavírus na comunidade escolar, em até 80 dias letivos. O Brasil é o 2º país com mais mortes por Covid-19 de crianças na faixa de 0 a 9 anos. Até meados de maio, 948 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no Brasil.

COLUNA DA

JUVENTUDE

Bolsonaro vai cair!

Disse o vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues, sobre o governo Bolsonaro desistir de comprar a vacina indiana Covaxin.

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Balança e pode cair

Crimes

Denúncias de corrupção na compra de vacina, CPI nos calcanhares, queda nas pesquisas... O inferno astral do governo Bolsonaro parece não ter fim. E ganhou uns graus a mais na fervura para sua queda com a apresentação do superpedido de impeachment protocolado na Câmara dos Deputados, em Brasília, na quarta (30/6).

Motivos do impeachment O superpedido tem 271 páginas, junta as principais acusações de crimes cometidos por Bolsonaro e foi elaborado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Assinam o documento parlamentares que vão da direita à esquerda, de ex-apoiadores do presidente, como Joyce Hasselmann e Kim Katiguiri, a parlamentares do PT, PSOL e outros partidos de esquerda, movimentos sociais, associações religiosas entre outros. Alessandro Dantas

Fotos Públicas

Escolas municipais de Curitiba reabrem, Coletivo alerta para o perigo

Se não tinha nada de errado, por que irão suspender? Isso só tem um nome! Confissão!

O “superpedido” unifica os 124 pedidos de impeachment já apresentados “O atual presidente está incurso em 23 hipóteses de crime de responsabilidades previstas em lei. Por essas razões, forças de diferentes campos políticos estão conjugadas para que esse pedido seja admitido e se instaure o processo com as cobranças das responsabilidades devidas de um governo que destrói instituições”, disse o advogado Mauro de Azevedo Menezes, da ABJD.

Empurra que cai Foi marcado para o sábado, 3/7, mais um ato nacional da campanha “Fora, Bolsonaro”. “A luta de massas é o elemento decisivo para que seja aberto o processo de impeachment do Bolsonaro. Com o ato do dia 3 de julho, queremos mandar um recado para o presidente da Câmara, Arthur Lira, que está sustentando um governo sem condições políticas”, afirma João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Frente Brasil Popular. No ato anterior, o 19J, foram contabilizadas 427 manifestações no Brasil e no exterior.

O dia 29 de maio e o dia 19 de junho marcaram a retomada das lutas de rua no Brasil nesse período de pandemia. Entidades estudantis, movimentos sociais, partidos e artistas se encontraram com o anseio popular de aumentar a pressão sobre o governo com a certeza de que só atravessaremos essa profunda crise em que vivemos com o povo organizado ocupando as ruas. Sob as bandeiras da preservação da vida através da exigência da aceleração do processo de vacinação e do auxílio emergencial para R$ 600, nesse dia 3 de julho vamos às ruas reafirmar essas bandeiras, junto com a contrariedade às privatizações das nossas estatais, que já anunciaram seus próximos passos caso se tornem privadas: quem paga é o bolso do brasileiro. Uma prévia disso é o aumento das tarifas de energia na bandeira vermelha 2 em 51,2% neste mês. E, mais ainda, juntamente aos povos indígenas, lutaremos contra a Projeto de Lei 490, que coloca em risco a demarcação das terras indígenas e facilita o avanço do agronegócio sobre nossas florestas. Fizemos manifestações nas ruas nos últimos meses, vamos hoje e iremos nos próximos dias até que o governo de Bolsonaro inteiro caia. Ana Keil, militante do Levante Popular da Juventude e pesquisadora na área de arte e linguagem


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Comunidade haitiana forma base social de novas ocupações da capital “O imigrante representa a força motriz do país”, afirma estudante haitiano Pedro Carrano

Giorgia Prates

Campo Magro, a comunidade haitiana sempre se reúne, construiu uma igreja, horta comunitária, entre outras ações. “Estamos aqui para construir casas de material, colaborar, na parte econômica, cultural e social”, explica.

Pedro Carrano

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ilner Rosier dorme pouco ou quase nada. E corre muito. Carismático e tranquilo, atende dezenas de pessoas. Trabalha no centro. Ajuda no bairro Tatuquara. Atravessa a capital várias vezes ao dia. Residente no Brasil há dez anos, esse haitiano vive na área de ocupação Nova Esperança, em Campo Magro, e exerce a solidariedade em outras comunidades urbanas no Campo Comprido e Tatuquara. Desde o começo da pandemia, com o agravamento das condições de vida no

governo Bolsonaro, novas áreas de ocupação surgiram e com forte presença da comunidade haitiana. O que evidencia a necessidade de moradia, mas também a contribuição cultural e organizativa deixada pelos haitianos. É o caso de Rosier. Ele era presidente de uma associação de moradores no Haiti, com 200 integrantes, em Gonaives, quarta maior cidade do país. Acredita que a experiência é essencial para o papel que desenvolve hoje. Afirma que, no país caribenho, organizava projetos de trabalho voluntário. Em

COMUNICAÇÃO POSSÍVEL Já a haitiana e professora de línguas Nadine Hyppolite passou a organizar cursos de línguas na ocupação em Campo Magro de forma a evitar ruídos na comunicação do dia a dia entre brasileiros e haitianos. “Assim que conheci Campo Magro, veio na minha cabeça fazer cursos na intenção de fa-

miliarizar as pessoas. Casos em que as pessoas quando não entendem o que haitianos falam, às vezes podia gerar mal-entendidos. Eu trouxe também outras colegas de faculdade para dar cursos de português para os imigrantes, para facilitar a entrada no mercado de trabalho”, descreve.

Base social Em pesquisa feita pela prefeitura de Campo Magro (dado hoje desatualizado), dentre 720 famílias, 224 são oriundas do Haiti. Já na ocupação Nova Guaporé 2, próxima do centro de Curitiba, entre 101 famílias, cerca de 15 são haitianas, conformando uma comunidade consistente. A União da Comunidade dos Estudantes e Profissionais Imigrantes (UCEPH) informa que, em 2019, havia 19 mil haitianos vivendo no Paraná. Os desafios são imensos. Entre eles, está a falta de renda. Noutro sentido, a exploração e o peso do trabalho informal. De 689 famílias, de acordo com a mesma pesquisa em Campo Magro, somente 175 possuíam fonte formal de renda. Outro problema

sério é a falta de vínculo das crianças com a rede estadual e municipal de ensino. O racismo e a xenofobia são cotidianos, o que oculta a própria formação e capacitação que os migrantes já traziam na bagagem. “Queremos oferecer, mas nem sempre temos oportunidade para mostrar o que sabemos. Eu sou cozinheiro, mas há preconceito. Vi dois amigos abrirem restaurante com a culinária haitiana, mas não foram para a frente por preconceito das pes-

soas”, critica Rosier. Em entrevista ao programa “Sul do Mundo”, do Brasil de Fato Paraná, em 25 de junho, Wilzort Cenatus, logístico e estudante de Agronomia, presidente da UCEPH, definiu que “O imigrante representa a força motriz do país”. Ele diz que um imigrante que fica cinco anos aqui trabalhando no país, para o povo e para o governo brasileiro. Quando sai deixará tudo aqui. E reafirma que um imigrante é para construir o país.

Giorgia Prates Giorgia Prates

ATO DOS INDÍGENAS CONTRA O PL 490

Indígenas fecharam a BR 277, na quarta (30/6) nos dois sentidos em protesto contra o PL 490. O projeto foi feito pela bancada ruralista e um de seus tópicos é a liberação do garimpo em terras indígenas, o que é considerado crime ambiental pelo Código Florestal Brasileiro.


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Por que me arrependo de votar em Bolsonaro Falta de gestão na pandemia é um dos motivos para decepção de ex-apoiadores

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Ana Carolina Caldas

voto em Bolsonaro, para muitos eleitores que se arrependeram, foi um cheque em branco porque a maioria não o conhecia. Havia expectativas de “mudanças”, mas, de acordo com pesquisa recente do Ipec (ex-Ibope) – mais da metade – 53% dos eleitores do presidente no segundo turno da eleição de 2018, diz que não irá votar de novo no atual presidente. E 26% dos eleitores de Bolsonaro sinalizam voto em Lula. O Brasil de Fato Paraná falou com eleitores de Bolsonaro que dizem se sentir decepcionados e não votarão nele novamente caso se candidate à reeleição. Entre os motivos de arrependimento estão a falta de gestão da pandemia, o desrespeito diante dos protocolos de prevenção, além de promessas de campanha não cumpridas. Confira:

Maria Teresa Palumbo 77 anos, aposentada “Votei nele, fiz muita campanha para ele. Eu não o conhecia, mas acreditei nele porque queria uma mudança. Quando ele foi eleito é que fui conhecer. Vi tantas barbaridades que esse homem faz e fala. Agora, não o suporto, principalmente em relação ao que ele faz na pandemia. Ou o que não faz. Esse comportamento dele de não estar nem aí com as vacinas, fazer aglomeração, desdenhar do uso de máscara me dá nojo.”

Jean Rubel 35 anos, vidraceiro em Curitiba “O voto em Bolsonaro foi por acreditar que combateria a corrupção. “Não achei ninguém melhor. Achei que ele por ser novo nas eleições pegaria mais duro com a corrupção, na diminuição de impostos, preços da gasolina, da carne... Mas, infelizmente, o Brasil com ele está caminhando para um abismo. Ele parece que está brincando. Numa época de pandemia, as vacinas tinham que estar mais rápidas, muitas pessoas morrendo e ele nem aí. Além disso, as coisas deviam estar mais acessíveis para a população.”

Arquivo Pessoal

Márcio Nolasco 55 anos, gerente de projetos

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

“Meu pensamento estava centrado em tirar o PT do poder. Bolsonaro veio na carona desse objetivo. Todos nós que votamos em Bolsonaro esperávamos mudança, o combate à corrupção e outras promessas de campanha, que hoje se revelam ao contrário do que pregou.” Para ele, o atual governo foi uma grande decepção. “Meu último voto foi em Collor, outra decepção, mas algo bem menor diante das insanidades que vem cometendo Bolsonaro. Um governo que desqualifica a ciência, na contramão do mundo, deseja a contaminação de maior número de brasileiros, um governo que prevarica na compra de uma vacina sem eficácia só pode ter nos decepcionado.”

Sem a segunda dose de vacina, professores são contra a volta às aulas presenciais Ana Carolina Caldas

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prefeitura de Curitiba anunciou a volta das aulas presenciais para o dia 19 de julho e convocou os professores para retornar ao trabalho. Essas aulas estavam suspensas pela pandemia. A justificativa da Secretaria Municipal de Educação (SME) é o avanço da vacinação dos profissionais da educação. Porém, sindicato e professores são contra o retorno sem que a imunização esteja completa, já que foi dada somente a primeira dose. “Fomos surpreendidos com essa notícia. Nem os professores, nem gestores

das escolas foram consultados. Esta discussão não estava posta. Debatemos isso no início do ano, quando as aulas presenciais haviam retornado e desde lá já muitos problemas apareceram, especialmente a dificuldade nas escolas para ter protocolos rígidos, além de muitos casos de contaminação sem que a Prefeitura apresentasse algum protocolo para proteção da comunidade escolar”, diz a professora Marina Godoy. Marina defende que o retorno aconteça apenas após a imunização completa da maioria dos professores, com a segunda dose. Esta também é a opinião

da professora Cláudia Silva Pereira dos Santos que atua com quarta série. “Os níveis de transmissão estão muito altos em Curitiba e, principalmente, entre crianças e adolescentes. Sabemos da importância desse retorno, mas é preciso que seja seguro, com a imunização completa,” defende. Imunização completa Para o coordenador do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Emanuel Maltempi, neste momento ainda não é seguro o retorno às aulas. “Temos um altíssimo nível de contaminação em Curitiba e no Para-

ná. O que se recomenda para baixar estes números é menos circulação do vírus. Por isso, essa volta tem ainda muitos riscos. Além disso, as vacinas só se tornam seguras quando se tomam as doses necessárias para a imunização completa.” O Sismuc e o Sismmac,

sindicatos que representam funcionários e professores estiveram na SME, na quinta (24/6), para cobrar, pela terceira vez, diálogo com a gestão sobre o retorno presencial das aulas. Após pressão, a SME definiu uma data para a reunião, em 6 de julho.

O QUE DIZ A SECRETARIA Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a assessoria de comunicação da Secretaria de Educação disse que “Em 19 de julho, voltarão ao atendimento presencial 50 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e 50 escolas com estudan-

tes com maior dificuldade de acesso ao ensino remoto. A partir de 2 de agosto, todos que optarem pelo formato híbrido poderão retornar para a sala de aula.” Sobre o posicionamento dos professores, não houve resposta.


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Projeto que libera Estrada do Colono é uma ameaça a unidades de preservação

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De autoria do deputado Vermelho (PSD-PR) PL quer reabrir estrada no meio do Parque Iguaçu Divulgação | MP

Gabriel Carriconde

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Câmara dos Deputados aprovou, no início de junho, requerimento para que o Projeto de Lei nº 984 /2019 tramite em regime de urgência na Câmara dos Deputados. A proposta recria a antiga Estrada do Colono, uma estrada de terra de 18 quilômetros de extensão que cortava o Parque Nacional do Iguaçu, na região oeste do estado, e que foi fechada pela Justiça em 1986. No fim dos anos 1990, um grupo de invasores reabriu a estrada na marra, sendo posteriormente, em

2001, fechada em definitivo. Para ambientalistas ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato Paraná, a proposta coloca em risco todas as unidades de preservação ambiental do país. Um dos pontos levantados pelo projeto é a criação de uma categoria denominada ‘’estrada-ambiental’’, que supostamente preservaria os arredores das unidades de conservação. Contudo, para Clovis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa e Vida Selvagem, a proposta é um casuísmo político. ‘’Ao longo do tempo, sempre que há proximidade de

eleições, os políticos locais levantam essa bandeira eleitoral, é demagogia barata eleitoreira, esse projeto não abre só o Parque Iguaçu, mas todas as unidades de conservação, criando uma categoria de estrada-parque’’, reflete. Estradas-parques em diversas partes do mundo têm o conceito de proteger paisagens lineares, sendo permitidos pontos de visitação e turismo, algo parecido com a Estrada da Graciosa, no Paraná. Porém, para Ângela Kuzack, da Unidade de Pró-Conservação, a ideia do PL é uma deturpação desses conceitos. “O PL, na verdade, propõe não uma reabertura, mas abrir uma rodovia no meio de um Parque Nacional’’, critica. Kukack lembra ainda que a discussão já foi transitada em julgado. “O PL tenta uma artimanha para driblar as decisões judiciais, o deputado Vermelho tenta criar essa manobra, e abre o precedente que coloca em risco todas as unidades de conservação’’. O Brasil atualmente tem 2.500 unidades de conservação, com a aprovação do projeto rodovias poderiam ser criadas em qualquer parque.

Rede Pro-UC Estrada começaria aqui e derrubaria árvores e colocaria a fauna em risco

OAB E MP CRITICAM PROPOSTA Tanto a Ordem dos Advogados do Brasil como o Ministério Público do Paraná deram pareceres negativos ao PL do deputado Vermelho. Em ofício publicado, a OAB destaca que ‘’os parques nacionais são considerados unidades de proteção integral, sendo inviável a construção de estradas ou outra utilização que se dissocie da vontade do legislador e que não esteja prevista no Plano de Manejo a ser observado e implementado pelo órgão ambiental encarregado da gestão do Parque Nacional’’, diz o parecer.

Em nota técnica, o MPPR afirma que a proposta acarretaria graves danos ambientais à Mata Atlântica, presente na região, e em pouco mais de dois por cento do total de áreas de conservação ambiental. ‘’Dentre os destaques negativos que seriam causados estão a perda de biodiversidade, desmatamento de mais de 50 hectares de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração, atingindo centenas de espécies de fauna e flora, inclusive, ameaçadas de extinção’’.


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Fotógrafa Milla Jung lança o vídeo “Segunda Natureza” Para ela, existe nas crianças um antes e um depois a partir do momento em que mergulham no universo virtual Ana Carolina Caldas

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tecnosfera como paradigma contemporâneo é o tema central do vídeo “Segunda Natureza”, da fotógrafa e artista visual Milla Jung, que será lançado no próximo dia 2 de julho, às 20h, com transmissão ao vivo pelo Canal da artista no Youtube. Na obra duas crianças travam um duelo entre diferentes aproximações com a natureza. De um lado seu aspecto imaginário, dinâmico e integrado; de outro, uma segunda natureza como mutação, acelerada e estarrecedora. “Comecei a mergulhar nessa pesquisa quando me dei conta que, convivendo com muitas crianças, existia um antes e um depois no olhar delas a partir do momento em que mergulhavam no universo virtual”, conta Milla. “Quando comecei a ler sobre os processos de subjetivação, encontrei o termo “Segunda Natureza” em Laymert Garcia dos Santos, que diz

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respeito a uma relação não produtiva com a tecnosfera, ao contrário, ali onde os sujeitos consomem não por necessidade, mas por ansiedade. E comecei a entender que isso conecta tudo, essa aceleração desenfreada do sistema neoliberal, instrumentalizado pelas corporações que manejam essa tecnosfera. Então, não estou falando de uma versão purista da tecnologia porque não estou falando da tecnologia pensada a partir de seu potencial instrumental, democrático e construtivo, mas dessa outra tecnologia que nos empurra a certo nada”, complementa.

Para ficar por dentro Quando: 2/7 (sexta), às 20h Onde: Canal Milla Jung no Youtube, link: https://bit. ly/3iWqYJ6 Quanto: gratuito Classificação: livre Categoria: Videoarte

DICAS MASTIGADAS | Nhoque de abóbora A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

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Técnicos de espetáculos

Como acessar o edital

A Fundação Cultural de Curitiba publicou na sexta-feira (25/6) o edital Oficinas de Técnicos de Espetáculos e Eventos para apoiar técnicos de espetáculos e eventos culturais que ofereçam vídeos de oficinas técnicas para serem disponibilizados no site e nas redes sociais da FCC e da Prefeitura de Curitiba.

O valor total do edital é de R$ 250 mil para contemplar até 125 projetos. As inscrições serão realizadas no período entre as 18h do dia 14 de julho até as 12h do 23 de julho de 2021, em formulário digital do Sisprofice: www.sic.cultura.pr.gov.br

Lives sobre “A Divina Comédia” O curso de Letras Italiano da Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove, desde o final do mês de abril, a série “Lecturae Dantis” com o apoio do Consulado Geral da Itália em Curitiba. O curso de extensão “Que inferno! Toda semana um canto. Lectu-

rae Dantis em Curitiba” contempla a leitura e a interpretação dos 34 cantos do livro “Inferno”, a primeira parte da “A Divina Comédia”. As lives são realizadas às sextas-feiras, das 18h30 às 20h, com transmissão pelo canal do curso de Letras Italiano UFPR no YouTube.

Ingredientes 500 g de abóbora japonesa orgânica descascada e cortada; 1 batata orgânica grande; ½ xícara (chá) de farinha de trigo; ½ colher (sopa) de azeite; 1 colher (chá) de sal; pimenta-do-reino moída e noz-moscada ralada a gosto Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 ºC. Coloque a abóbora em uma assadeira média, regue com o azeite, leve ao forno por cerca de 40 minutos até a abóbora ficar bem macia. Cozinhe por cerca de 15 minutos, escorra bem a água. Sobre uma tigela grande, passe os pedaços ainda quentes pelo espremedor. Retire a abóbora do forno e passe os pedaços também pelo espremedor. Tempere com o sal, pimenta e noz-moscada e misture bem. Deixe o purê amornar antes de preparar a massa do nhoque. Na bancada limpa, coloque ½ xícara (chá) de farinha e, sobre ela, o purê de batata com abóbora. Com as mãos, vá misturando delicadamente para incorporar a farinha, sem sovar. Para modelar os nhoques: polvilhe um pouco de farinha de trigo numa assadeira grande e na bancada. Com uma espátula ou faca, corte uma porção da massa e enrole sobre a farinha, formando um cilindro. Corte o rolo em pedaços de 2 cm para formar os nhoques. Cozinhe em água fervente, até subirem à superfície.


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Aída dos Santos, a atleta sem uniforme

Remo na mão e fé Por Cesar Caldas

A eterna rainha do rock brasileiro, em sua canção “Nem Luxo, Nem Lixo”, dá no último verso a receita para “gozar no final”. A letra de Rita Lee ensina a não entrar “numa canoa furada”, muito menos “remando contra a maré”. Devese ser como aquele “filho de Deus que não acredita em nada, só não duvida da fé”. O Coritiba vem remando bem, como mostrou a quarta vitória consecutiva alcançada na terça-feira (29/6) em Aracaju: 1 a 0 contra o Confiança-SE. É, portanto, com fé e confiança que a torcida espera boa atuação na sexta (2/7), às 19 horas, no Couto, quando o alviverde enfrenta o Remo-PA, em busca da liderança do Campeonato Brasileiro da Série B. No Sergipe, apesar da vitória – consequência de talento luxuoso de Robinho e Wagninho – o técnico Gustavo Morínigo errou na mão: depois da expulsão de um adversário, recuou o time e não aproveitou a vantagem numérica para ampliar o placar.

Que paixão é essa? Por Marcio Mittelbach

Que paixão é essa, que basta uma mera vitória pra gente voltar a acreditar? Que paixão é essa, que depois de duas temporadas vergonhosas em três anos, nos permite cogitar que a agonia vai passar logo? Que paixão é essa, que ao menor sinal de futebol, nos faz ser otimistas? “Aquele gol do Murici do meio de campo, aquele gol o Sciola não faria”. “O corte pra dentro do Gustavo França, pode ser uma arma poderosa”. Que paixão é essa, que de repente, nos faz olhar para Criciúma, Mirassol e Novorizontino como Criciúma, Mirassol e Novorizontino, não como três pedreiras? Que paixão é essa, que entre um presente de alegrias cada vez mais escassas, faz a gente considerar que possa haver conquista em um futuro próximo? Seja lá qual for o nome ou a origem dessa paixão, ela é tudo o que a gente tem nesse momento. O desafio é fazê-la chegar no campo em tempos de jogos sem torcida.

A primeira goleada! Por Douglas Gasparin Arruda

Eis que o Furacão aplica sua primeira goleada no Brasileirão, em partida contra o Fluminense. Jogando em sua casa, o tricolor até fez um bom primeiro tempo, com mais ações ofensivas e propondo o jogo. Ainda assim, só não foram para o intervalo perdendo a partida por um impedimento milimétrico marcado pelo VAR. A segunda etapa foi um massacre. Aos 63 minutos, Vitinho e Nikão entraram no jogo. Menos de 10 minutos depois, Vitinho fez um golaço e virou a partida: 2x1. Não deu nem tempo de comemorar. No lance seguinte Nikão cobra falta precisa, e Zé Ivaldo marca o terceiro, de cabeça. Para sacramentar a vitória, Nikão ainda fez, de pênalti, o 4° gol, já nos acréscimos. Uma belíssima partida do rubro-negro que não teve transmissão no Brasil, graças aos desentendimentos entre Globo e Petraglia.

História do uniforme que nunca existiu mostra uma atleta improvável e única

Frédi Vasconcelos

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ída dos Santos é uma atleta improvável. Pobre, nascida nos morros cariocas, com pai operário e mãe lavadeira, estudava no primário com fome e trabalhava como doméstica. Começou no atletismo ao ouvir uma vizinha falar sobre o esporte, mas confessa que no início tinha preguiça até de pensar em disputar. Tornou-se atleta e foi às Olimpíadas de Tóquio, em 1964, como a única mulher da delegação. Sem empresário, sem patrocínio, sem uniforme... E mesmo assim ficou em quarto lugar no salto em altura, o melhor resultado individual de uma atleta brasileira por trinta anos. É justamente a história de disputar a prova sem ter um uniforme, tendo de improvisar roupas, que é contada em comercial das lojas Centauro dirigido por outra negra, que batalhou muito para alcançar seu lugar entre as mais importantes fotojornalistas a retratar movimentos sociais e histórias como de Aída, Giorgia Prates.

Giorgia, que trabalha no Brasil de Fato Paraná, foi contratada como diretora de cena do comercial e fala da admiração pela atleta. “Dona Aida dos Santos é uma entidade... Esse é um dos trabalhos mais inesquecíveis que já fiz. Ele fala sobre representatividade, sobre ancestralidade, sobre a força e o brilho de uma mulher negra. Esta mulher é Aída dos Santos. Fala sobre tantas coisas que tentaram nos tirar, silenciar, apagar... Mas também fala de união, de reconhecimento, de acolhimento e gratidão, diz Giorgia. No comercial, a marca contrata a estilista e moda-ativista Carol Barreto, também mulher negra, para fazer um uniforme sob medida e entregar para a atleta, hoje com 84 anos. O resultado é emocionante. Dona Aída conta no fi lme: “Escutei várias vezes, vindo da arquibancada, ‘sai daí, criola, seu lugar é na cozinha’. Aí quando terminou, peguei o microfone e falei: ‘meu lugar é na cozinha sim, é na sala, no quarto e também numa quadra de esporte...” Está dado o recado a outras atletas improváveis.

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Mais um passo Após uma campanha na fase de grupos com quatro vitórias em cinco jogos, as Gurias Furacão chegaram às oitavas de fi nal do Brasileirão da Série A2 com confiança. A treinadora Rosana afi rmou que “o nosso primeiro ponto forte, sem dúvida, é a evolução constante das atletas em relação a grupo e performance”. Ano passado, o Athletico caiu justamente nas oitavas, adiando o objetivo da série A1. A torcida é que este ano seja diferente. E o time já deu mais um passo nes-

sa direção. No domingo, 27/6, as Gurias foram até Maceió enfrentar a equipe da UDA e voltaram com uma boa vantagem. Venceram a primeira partida por 4 a 0, com gols de Kim, Bruna, Joyce e Isa Momesso e um domínio em grande parte do jogo. A segunda partida ocorrerá no próximo sábado, 3, às 15 horas no CT do Caju, e o Athletico pode perder por até três gols que, ainda assim, garante a vaga na próxima fase do mata-mata. Seguimos torcendo!


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