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Editorial

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Requião lança candidatura a governo do Paraná

O ex-governador Roberto Requião utilizou suas redes sociais para lançar sua pré-candidatura ao governo do Paraná e à presidência do diretório estadual do MDB. Após perder a eleição para o Senado em 2018, o experiente político pretende recuperar o controle da sigla que está alinhada a Bolsonaro no cenário federal.

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Ao lançar a chapa para comandar a legenda, Requião já implodiu a unificação do partido: “lançamos a minha candidatura ao governo do estado. Quem não estiver conosco estará contra nós”, disparou.

O “volta Requião” acontece em um momento que a oposição estadual não possui um nome forte para enfrentar o atual governador Ratinho Junior (PSD), aliado do presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, reúne forças - e possivelmente palanque - para a candidatura nacional do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas para Presidência e pode vencer o pleito em primeiro turno.

Para Requião, “nós governamos o estado com grande sucesso, com políticas populares, criamos empregos, o nosso ensino era o melhor do Brasil. Mas o PMDB foi minguando. Não temos diretório na metade das cidades. Precisamos retomar esse processo contra companheiros capturados por ideias que não são pmdebistas e resolveram apoiar o rato na próxima eleição”, constatou.

FRASE DA SEMANA “O governo Bolsonaro deu um jeito de lucrar com a morte”

Disse em seu Twitter o excandidato à presidência, Guilherme Boulos, ao comentar a denúncia de que o Ministério da Saúde pagou R$ 70 milhões a mais em um lote de máscaras que empresas compraram quantidade semelhante e na mesma época

Divulgação

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Filhos da tragédia

Segundo estudo publicado nesta semana na “The Lancet”, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, a pandemia de Covid-19 causou grande aumento no número de crianças órfãs. No mundo, são 862 mil que perderam pai ou mãe ou um dos dois genitores. No Brasil, são 130.363 crianças que ficaram sem os pais. Número absoluto que só fica atrás do México, com 140 mil casos.

Já não manda nada

Ex-aliado e agora na oposição, o vicepresidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que, com nomeação de Ciro Nogueira, Bolsonaro “já não manda mais em nada”. Ele afirma que o orçamento, os cargos e o próprio governo já foram “terceirizados” para o Centrão. “Pra que semipresidencialismo se o presidente já não manda nada?”, questionou em suas redes sociais.

Câmara dos Deputados

Governo do Centrão

Com a queda de popularidade e a possibilidade de impeachment, o governo Bolsonaro entrega os últimos anéis para o Centrão, grupo siológico que tem maioria de votos no Congresso Nacional. Numa reforma ministerial que deve sair nos próximos dias, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) deve assumir a Casa Civil, um dos ministérios mais importantes do governo.

Picaretagem documentada

As trapalhadas (e a possível corrupção) na venda da vacina indiana Covaxin pela empresa Precisa ao Ministério da Saúde parecem não ter fim. A CPI da Pandemia deve pedir em breve perícia em documentos da compra. Segundo matéria da Rádio CBN, há indícios de fraude em documentos essenciais para o contrato. Por análises preliminares, carimbo e a assinatura nos documentos podem ter sido reaproveitados de um pedido ao consulado da Índia de visto para que um funcionário da empresa entrasse no país em janeiro. A fraude parece tão descarada que o próprio nome da empresa indiana e seu endereço aparecem escritos de maneira errada nos documentos que ela teria enviado.

Fora, Bolsonaro

Segundo levantamento publicado pela CUT-PR, 187 cidades já con rmaram atos pelo Fora, Bolsonaro no sábado (24) no Brasil e no exterior. Na pauta, vacina para todos, impeachment de Bolsonaro, auxílio de R$ 600 até o m da pandemia e ações contra a reforma administrativa e privatizações. No Paraná, além de Curitiba, há manifestações já programadas em outras 13 cidades do interior. Na capital, o ato será na Praça Santos Andrade, com diversas atividades culturais a partir das 14h.

Práticas antissindicais

Parceria entre o Brasil de Fato-PR e a CUT-PR, na quarta (21) foi ao ar programa que entrevistou o procurador do Ministério Público do Trabalho Alberto Emiliano e o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Brasil, Valeir Ertle. Na pauta, as práticas antissindicais e o ataque à liberdade sindical. O programa foi gravado e pode ser assistido nas redes sociais do BDF-PR ou da CUT-PR.

Aulas suspensas

A prefeitura de São José dos Pinhais suspendeu, por tempo indefinido, as aulas presenciais e semipresenciais da rede municipal. A volta deve ocorrer somente depois que a pandemia estiver epidemiologicamente controlada. Em memorando, a Secretaria Municipal de Saúde lembrou o crescimento do número de infecções entre crianças no município.

Uma mulher negra, latinoamericana e caribenha

Uma história no marco do Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha

Pedro Carrano, com fotos de Giorgia Prates

Nadine Hippolite Sylvain, 37, é estudante do último semestre de Serviço Social na faculdade Uninter. Nascida na República Dominicana, no Caribe, país insular e que faz fronteira com o Haiti – onde nasceram os pais de Nadine –, ela também desenvolve trabalho como professora de línguas na ocupação Nova Esperança, em Campo Magro, no entorno da capital.

Essa organização aproximou os ocupantes em uma área que possui, dentre 720 famílias, 224 oriundas do Haiti, além de Cuba e Venezuela, gerando o encontro de falantes do creole haitiano, castelhano e francês – aulas organizadas por Nadine, ao lado das aulas de português para os imigrantes.

A dificuldade de comunicação

“Eu sei como é o começo do migrante no Brasil. (...) Minha realidade poderia ter sido a de Campo Magro, então eu gostaria de ser ajudada”

chamou sua atenção. “Sem a linguagem comum, acaba se gerando desconfiança na comunidade. Mas, se tiver a aula, isso muda”, relata, apontando também a construção de uma padaria comunitária.

No mês de julho, particularmente no dia 25, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela, conformando a agenda do chamado Julho das Pretas, que envolve movimentos populares e organizações. O percurso e a trajetória de Nadine são exemplares desta agenda de luta, reflexão e visibilidade.

Antes do Brasil, Nadine trabalhou com turismo no Caribe e passou um período também no Chile. Ela fala da experiência com educação pública na República Dominicana, algo que relata ser mais precário no Haiti. Em Campo Magro, ainda no primeiro contato, veio a ideia do trabalho com educação. “Eu tinha um projeto de aulas de português para imigrantes e, ao mesmo tempo, ex-alunos morando em Campo Magro”, recorda.

Com a identificação da necessidade de cursos de idiomas, Nadine contribuiu na construção da estrutura para o ensino. O espaço já existia, uma vez que a ação popular se deu numa área da prefeitura de Curitiba voltada para assistência social e abandonada há anos. “Fizemos reformas e montamos a biblioteca, cursos de capacitação, escrevi pequeno projeto, fui envolvendo amigos, fomos amadurecendo juntos”, afirma.

Mãe de dois filhos, de 8 e 14 anos, a professora fala também sobre a dificuldade de ser uma mulher negra, estrangeira, chegando ao país marcado pelo racismo, aliado ao senso comum em relação à América Latina e, sobretudo, o Haiti. Nadine afirma que a “crise permanente” do país caribenho, sempre anunciada pela mídia empresarial, se deve na verdade à intervenção de outros países.

No dia 7 de julho, por exemplo, o presidente Jovenel Moïse foi assassinado. Ele vinha governando por decreto e era pressionado por grandes protestos. Foram detidos mercenários e ex-militares colombianos, alguns com treinamento reconhecido nos EUA.

“O problema não é só do governo do Haiti, como algumas pessoas entendem, acredito que é uma coisa desde nossa Independência (1804). Há toda essa combinação para a gente não avançar e, infelizmente, o próprio povo não entende a realidade dessas pessoas que lutaram pela liberdade do país. Muitos deixaram se mobilizar pelos brancos. É como se a gente não tivesse saído da escravidão, mas continuasse de outra forma”, critica.

O que guia a ação social e a narrativa de Nadine é uma profunda empatia, uma vez que a população de Campo Magro é vista por ela como um espelho de sua própria caminhada: “Eu sei como é o começo do migrante no Brasil. Você não fala a língua, tudo é difícil. Se chega com filho então, tem um monte de limitação e barreiras. Minha realidade poderia ter sido a de Campo Magro, então eu gostaria de ser ajudada”, define.

DIA DE LUTA

Em 1992, mulheres negras organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, onde debateram os problemas enfrentados pela comunidade negra, bem como as alternativas de como resolvê-los. Do encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, que lutou pelo reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, a data foi sancionada pela Lei nº 12.987/2014, como Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder do quilombo Quariterê, no século 18.

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