PARANÁ
Ano 5
Tragédia anunciada Manutenção da Repar custou, até agora, a vida de 10 trabalhadores Paraná | p. 4
Edição 223
5 a 11 de agosto de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
A miséria cresce Aumento de preços, queda na renda, desemprego… Brasil afunda
Cidades | p. 6 Giorgia Prates
Esportes | p. 8
Medalhas femininas Mulheres ganham maioria de ouros e pratas
rededoesporte.gov.br
Editorial | p. 2
Paraná | p. 5
Cultura | p. 7
Ameaça à democracia
Aulas sem segurança
Formação de artistas
Bolsonaro, de forma golpista, ataca as eleições
Aula presencial começa sem vacina e sem condições adequadas
Inscrições abertas para Núcleos Criativos do Sesi
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 5 a 11 de agosto de 2021
YouTube Contra a parede, bloqueia lives Bolsonaro segue ameaçando a democracia de Bolsonaro
EDITORIAL
M
obilizando sua base com a nova pauta de “fraude eleitoral”, Bolsonaro tem sinalizado que aceitará um único resultado em 2022: a reeleição. Em plena campanha antecipada, ao desconfiar da urna eletrônica, Bolsonaro, de forma golpista, ataca o jogo democrático. Na retomada dos trabalhos, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responderam Bolsonaro, endurecendo o tom no embate entre os poderes. Nesta semana, o TSE, finalmente, tomou uma ação prática: abriu inquérito administrativo para apurar as ações de Bolsonaro, investigação que pode levar
OPINIÃO
Altamiro Borges,
Em plena campanha antecipada, ao desconfiar da urna eletrônica, Bolsonaro, de forma golpista, ataca o jogo democrático à sua inelegibilidade em 2022, e enviou ao ministro Alexandre de Moraes notícia-crime para incluir Bolsonaro no inquérito que
investiga a propagação de notícias falsas (fake news). Ao lado disso, uma articulação de partidos políticos solicitou ao TSE que também interpele Bolsonaro para apresentar provas sobre as supostas denúncias contra a votação eletrônica. Ele já afirmou, porém, que não tem provas de irregularidades. Apenas “indícios”. A família Bolsonaro teve integrantes eleitos várias vezes no mesmo sistema de urnas eletrônicas. Isso reforça que as manifestações sugerem medo da possível derrota eleitoral bolsonarista em 2022. E o pior: são uma nítida ameaça de golpe de Estado.
SEMANA
jornalista, militante, integrante do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
A
lém da queda de popularidade nas pesquisas e das revelações de propina na “CPI do Genocídio”, Bolsonaro também é alvo do YouTube. A plataforma removeu 15 vídeos, sendo 14 lives, postados pelo “capetão” e sinalizou que pode bloqueá-lo na internet de forma ainda mais incisiva. Segundo a transnacional, as postagens foram censuradas por difundirem fake news sobre o enfrentamento da pandemia. “Nossas regras não permitem conteúdo que afirma que hidroxicloroquina e/ou ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir Covid-19; garante que há uma cura para a doença; ou assegura que as máscaras não funcionam para evitar a propagação do vírus”, diz o comunicado da poderosa empresa ianque. Entre as 14 lives removidas, estão as transmissões que o presidente fez em 6 de agosto do ano passado com o general Eduardo Pazuello, e em 27 de agosto com a ministra Damares Alves – ambas divulgando mentiras sobre o combate ao Coronavírus. Outro vídeo censurado foi um no qual o presidente reproduziu uma entrevista da médica Nise Yamaguchi recomendando cloroquina e ivermectina em entrevista à emissora CNN-Brasil. Segundo o site Metrópoles, “a ação é especialmente grave porque gerou o que o YouTube chama de alerta ao usuário, ou seja, sinalizou a Bolsonaro que houve uma violação das regras de uso da plataforma. Na próxima violação que o presidente cometer, ele sofrerá um ‘strike’, ou seja, ele ficará por uma semana sem poder usar o canal”. Já a agência internacional de notícia Reuters analisou o canal de Bolsonaro e confirmou que ele atentou várias vezes contra as regras da multinacional ianque, mesmo quando não nomeou os medicamentos comprovadamente ineficazes. “O presidente vinha evitando falar os nomes da cloroquina e da ivermectina durante as lives, justamente para evitar que os vídeos fossem excluídos do YouTube e também do Facebook (...)”.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 223 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Altamiro Borges ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Paraná, 5 a 11 de agosto de 2021
Geral
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QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
“Nunca foi por vacina, sempre foi por propina”
Quatro projetos tratam de passaporte da Covid em Curitiba Com o avanço da vacinação pelo mundo, uma polêmica é o chamado “passaporte de vacinação”. Nova York, por exemplo, deve adotar modelo para permitir aglomerações em ambientes fechados. Já em Curitiba, quatro projetos tramitando na Câmara Municipal tratam de liberações e restrições associadas à vacinação. O primeiro deles, de Mauro Ignácio (DEM), prevê a “criação de um dispositivo de identificação dos cidadãos imunizados contra a Covid-19, uma espécie de selo verde para autorizar a entrada em bares, restaurantes” etc. Já a proposta de Flávia Francischini (PSL) define que a empresa organizadora do evento deve promover a testagem dos participantes do evento, antes de sua entrada no local de realização. Medida parecida foi apresentada mais tarde por Pier Petruzziello (PTB) para condicionar a retomada dos eventos. Já Dalton Borba (PDT) propôs o “Certificado Municipal de Imunização e Segurança Sanitária (CMISS) durante a pandemia de Covid-19”. Curitiba mantém a bandeira amarela, mas flexibiliza medidas de controle social. A cidade ampliou o funcionamento do comércio e liberou eventos com até 300 pessoas. Com 1 milhão de pessoas com a primeira dose e mais de 433 mil imunizadas com as duas doses ou a única, a cidade reduz casos e mortes. Tem hoje 5.943 casos ativos.
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Divulgação
Para a vereadora do Rio de Janeiro Monica Benício (PSOL), essa é a síntese da atuação do governo que mostra a CPI da Covid. “Vacinas de terceirizadas superfaturadas, múltiplos agentes do governo negociando paralelamente. A morte de milhares de brasileiros na mesa como barganha. Nojo e ódio”, escreveu em seu Twitter.
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Desrespeito aos mortos
O golpe da vacina
Bolsonaro nunca demonstrou solidariedade às famílias dos mais de 550 mil mortos pela Covid no Brasil. Mas, nesta semana, foi além. Disse na segunda (2): “O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai assistir a Palmeiras e Santos no Maracanã”. A referência era ao ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que pouco antes de falecer de câncer levou o filho ao estádio na final da Libertadores para torcer por seu time, o Santos.
Com a retomada da CPI da Covid, ficou claro que diversas pessoas ligadas ao bolsonarismo tentaram ganhar dinheiro com a intermediação da venda de vacinas. Na terça, 3, foi ouvido o pastor evangélico Amilton de Paula, de uma ONG chamada Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos (Senah). Ele não soube explicar o milagre de mandar um e-mail numa manhã e ser recebido à tarde no Ministério da Saúde para vender 400 milhões de doses de vacina, com vacinas que não tinha e numa área que nunca atuou.
Últimos momentos Seu filho de 15 anos, Tomás (foto), rebateu: “Lamento a fala dita hoje pelo incompetente e negacionista presidente Bolsonaro.... ele atacou quem não está mais aqui conosco, não dando o direito de resposta ao meu pai. E complementou: “Meu pai sempre foi um hoo mem sério e fez quesçã du o tão de me levar ao epr R Maracanã no fim da sua vida para curtirmos seus últimos momentos juntos. Isso é amor! Bolsonaro nunca entenderá esse sentimento.”
PF edita vídeo Segundo notícia do site UOL, o comando da CPI da Covid decidiu “pedir esclarecimentos à Polícia Federal sobre a retirada de uma parte do vídeo do depoimento do general Eduardo Pazuello que faz menção ao presidente Jair Bolsonaro.” Segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), teriam sido retiradas partes com menções ao presidente e ao deputado Luis Miranda (DEM-DF) no depoimento enviado pela PF à CPI.
É ESSE?
Naiara Bittencourt
Grilagem aprovada Grilagem é a invasão e comercialização de terras públicas de forma ilegal, especialmente por grandes produtores do agronegócio. O termo “grilagem” deriva de uma prática comum na fraude documental no Brasil, em que se colocava um documento por exemplo uma matrícula de imóvel – em uma gaveta com grilos para dar a aparência de documento antigo. E é justamente a legalização da grilagem que pretende o Projeto de Lei 2633/2020, sob o manto da “regularização fundiária”, aprovado na Câmara dos Deputados na última terça, em regime de urgência, sem cumprir todas as fases do regimento legislativo. O projeto, na prática, pode transferir gratuitamente até 65 milhões de hectares de terras da União a particulares e grandes proprietários. Além de “anistiar” desmatadores concedendo-lhes o título da propriedade, a lei estimula a ocupação ilegal em terras indígenas, territórios quilombolas e de comunidades tradicionais, a maioria desses ainda não titulada pelo poder público. O projeto aprovado na Câmara, com 296 a favor a 136 deputados contrários, ainda passará pelo Senado. O tema foi elencado como prioritário pela bancada ruralista, assim como projetos que alteram o licenciamento ambiental e a lei de agrotóxicos. Naiara Bittencourt Advogada e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares
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Petroleiros denunciam mortes de trabalhadores após parada de manutenção na Repar
Giorgia Prates
A denúncia será objeto de investigação específica, afirma MP do Paraná
Pedro Carrano
Redação
A
parada de manutenção da refinaria presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, terminou oficialmente no dia 29 de julho, com a finalização do procedimento de partida da Unidade de Recuperação de Enxofre (URE). Iniciada em plena segunda onda da pandemia do Coronavírus no Brasil, em meados de março, a parada adicionou mais dois mil trabalhadores à rotina de serviços da Repar. O Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC) afirma, em nota, ter sido contra a manutenção industrial durante a crise sanitária. A principal ação do sindicato foi a deflagração da chamada greve sanitária, entre os dias 12 e 16 de abril. O movimento admite que não conseguiu barrar a parada. No entanto, garantiu a testagem no início da jornada de trabalho, que antes era feita apenas no final, o reforço na higienização das áreas comuns, como vestiários, copas e estações de trabalho. Afirma também que conquistou o controle da quantidade de pessoas nos acessos aos espaços confinados; fornecimento de máscaras PFF2 e intensificação de orientações por meio da comunicação visual, entre outros protocolos adotados no período pós-greve sanitária.
Valor adicionado da indústria no Brasil vai de 10ª para 16ª posição mundial
a décima vítima de Covid-19 que atuou na parada da Repar. Deixou um casal de filhos, de 17 e 14 anos (veja no box os nomes das vítimas). A parada de manutenção da Repar terminou, mas o número de mortes por Covid-19 ainda não está determinado. Podem surgir novos casos de eventuais internados ou até mesmo de pessoas que atuaram na manutenção, mas não foram contabilizadas. De acordo com o sindicato, a gestão da empresa não repassou informações sobre os números de contaminados ou fale-
NOSSAS VIDAS IMPORTAM
cidos, próprios ou contratados, ao sindicato, em descumprimento ao acordo que colocou fim à greve sanitária, firmado no Ministério Público do Trabalho (MPT). Alberto Emiliano de Oliveira, promotor do Ministério Público do Trabalho (MPT – PR), afirma que, no dia 4, foi instaurada denúncia do sindicato, a ser investigada em específico. “O Ministério Público do Trabalho mediou acordo entre sindicato e Petrobras que resultou no fim da greve em abril de 2021. A denúncia sobre as mortes dos trabalhadores será objeto de investigação específica, instaurada a partir da denúncia apresentada pelo sindicato, que tramitará no MPT”, afirmou à reportagem do Brasil de Fato Paraná.
Estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre a crise no setor automotivo no Brasil aponta, na verdade, problema mais grave. Na condição de ramo importante da indústria, responsável por 1,3 mi de empregos e 3% do Produto Interno Bruto (PIB), a queda na produção do ramo automotivo é resultado da desindustrialização e abandono das cadeias produtivas em curso no país, de forma acentuada desde 2016 e no atual governo Bolsonaro. “O ano de 2020 registrou uma queda da produção industrial de 4,5% (IBGE, 2020): 77% dos ramos e 80% dos parques industriais apresentaram resultado negativo em 2020 (IEDI, 2020)7”, aponta o estudo. A ausência de interferência do governo no período de crise, a baixa capacidade de consumo atual dos trabalhadores, a não incorporação de setores de ponta – caso da matriz veicular de elétricos e híbridos –, o aumento da importação de componentes em momento em que o câmbio está desvalorizado, entre outros fatores, explicam o baixo rendimento do setor.
Trabalhadores mortos na Repar Rodrigo Germano, de 36 anos, em 22 de março; Marcos da Silva, de 39 anos, em 25 de março; Carlos Eduardo, de 45 anos, no dia 1 de abril; Valdir Duma, de 49 anos, em 14 de maio; Daniel Cristiano Müller, de 43 anos, em 15 de maio; Ernani Nunes, de 54 anos, em 1 de junho; Célio Alves da Cruz, de 55 anos, em 5 de junho; Luiz Carlos de Lemos, de 60 anos, em 23 de junho; e Alessandro Barbosa, de 41 anos, em 29 de julho.
Apesar do aviso, vidas perdidas Os protocolos sanitários, porém, não impediram perda de vidas. No dia 30 de julho, o trabalhador capixaba Leandro de Carvalho da Rocha, de 51 anos, contratado pela empresa Método Potencial, foi arte vândala
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Educação
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Volta às aulas expõe falta de segurança sanitária de escolas Há turmas de 35 alunos num espaço de 30 metros quadrados e sem ventilação adequada Giorgia Prates
distribuídos pela Prefeitura e eles não atendem aos padrões de segurança sanitária divulgados pelos órgãos da saúde. Também cobramos as máscaras N95 e PFF2, mas nos disseram que não eram necessárias.”
Ana Carolina Caldas
A
s 415 unidades da rede municipal de ensino de Curitiba (185 escolas e 230 Centros Municipais de Educação Infantil) reabriram na segunda (2/8) para receber crianças e estudantes do ensino híbrido (presencial + videoaulas). Diante da tensão que ainda a pandemia traz para a comunidade escolar, professores relatam falta de condições de escolas para garantir segurança sanitária e denunciam falta de diálogo da gestão municipal. O retorno às aulas presenciais acontece uma semana depois que a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná confirmou a transmissão comunitária da Variante Delta do Coronavírus. Além disso, grande parte dos professores que estará nas escolas ainda não recebeu a segunda dose das vacinas. Além da insegurança, os profissionais da educação relatam condições precárias das escolas, além da mudança em cima da hora da metodologia para o retorno. Para a professora e diretora de escola Claudia Simoni da Silva Ativo Costa, a Prefeitura poderia ter aguardado que profissionais da educação recebessem a segunda dose da vacina. “A maioria receberá a segunda dose na metade de setembro. Poderíamos retornar, sem prejuízo, em outubro. Apesar de a mantenedora dizer que em Curitiba os casos estão diminuindo, temos ocorrências de pessoas infectadas nas escolas.” Claudia enfatiza que não existe segurança sanitária para receber todos os alunos. “Somos uma catego-
ria que trabalha com muitas pessoas ao mesmo tempo. Temos turmas de 35 alunos dentro de salas de 30 metros quadrados”, diz. Outra professora, que não quis ser identificada, também diz que as escolas não estão preparadas. “A Secretaria de Educação fala de algo ideal, mas que não é a realidade das escolas. Grande parte delas não tem ventilação adequada, há problema de falta de água por causa do racionamento. Ou seja, depois de mais de um ano de pandemia, as estruturas se mantêm as mesmas.”
O Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal – Sismmac – já havia denunciado a falta de estrutura em junho. “No CMEI José Carlos Pisani, no Tatuquara, houve a interrupção do fornecimento de água em todo o bairro, que também atingiu o CMEI. Então, o dia de volta às aulas começou sem água para seguir o protocolo de higiene. Nem mesmo os equipamentos de proteção individual (EPIs) prometidos pela gestão, como máscara e “faceshield”, foram entregues aos trabalhadores do CMEI, informou a nota do sindicato.
A professora Luciana Kopsch, diretora do Sismmac, disse ao Brasil de Fato Paraná que houve reunião presencial com a Secretaria Municipal de Educação em 23 de junho. “Deixamos claro que, para nós e a categoria, o retorno deveria acontecer daqui um mês, por causa da segunda dose da vacina, principalmente devido à confirmação da nova variante do vírus.” Luciana ressaltou que as condições das escolas municipais ainda não são seguras. “São espaços muito propícios para contaminação. Além disso, já fizemos o teste dos EPIs
Regras mudam um dia antes Outro agravante, segundo a professora Diana Abreu, é a falta de organização e diálogo da gestão da Secretaria Municipal de Educação, que mudou o cronograma das aulas presenciais um dia antes do reinício. “Em 17 de julho, a secretaria comunicou a todas as equipes pedagógicas que teríamos um modelo híbrido no retorno em agosto, e alunos iriam uma semana presencialmente. Para os professores haveria escalonamento, não sendo necessário todos na escola ao mesmo tempo. As equipes pedagógicas e direções se preparam para esta forma e comunicaram alunos e pais. Porém, na sexta, 30, recebemos um comunicado que as regras haviam mudado, alterando para duas semanas presenciais e convocando todos os professores para estarem na escola,” explicou.
Giorgia Prates
O QUE DIZ A SECRETARIA
Volta de aulas presenciais sem segunda dose da vacina é um dos problemas apontados por professores
Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação afirma: A orientação é manter as janelas abertas, para garantir a ventilação dos ambientes. Em relação aos EPIs, a Secretaria Municipal da Educação investiu já cerca de R$ 2 milhões na aquisição de itens para prevenção ao novo coronavírus e produtos de limpeza destinados a toda a rede municipal de ensino. A mudança do escalonamento só foi anunciada na sexta-feira porque, conforme anunciado desde o início do mês, até o dia 30 estava sendo feito o monitoramento das unidades.
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Vida cada vez mais cara Aumento é sentido em alimentos, água, luz, gás e combustíveis. Renda de trabalhadores cai Gabriel Carriconde
O
dia começa cedo na casa da vendedora e auxiliar financeira Alexsandra Oliveira, 44. Nos últimos dois anos ela vem sentido na pele o aumento do preço dos alimentos e a alta no custo de vida. Sua luta diária começa às 9h e termina só 22h30, tudo para manter a casa e uma filha menor de idade. Alexsandra trabalha em dois empregos para pagar as contas de casa e as parcelas do automóvel. Com a pandemia, teve sua carga horária cortada pela metade, assim como o salário, e os sonhos se foram. “Hoje, com muito sacrifício, consegui colocar as contas em dia, porém a luta é tão somente para sobreviver, não tenho como colocar em prática sonhos e planos’’, reflete ao responder à reportagem do Brasil de Fato PR. Mesmo com dois empregos, tem sido cada vez mais difícil ir às compras e sair com o carrinho cheio. ‘’Cada vez que vou ao supermercado, vejo meu salário cada dia menor em poder de compra. O aumento de itens da cesta básica é exorbitante, esses dias 1 litro de óleo de soja custava R$ 3,49 agora é o dobro... Arroz, feijão...
Só no início de janeiro, cerca de 12% dos brasileiros passaram a viver com menos de 246 reais por mês em cada ida ao supermercado, estão mais caros’’, conta. A realidade de Alexsandra tem sido a de milhões de brasileiros, e a carestia volta a assolar as famílias. De acordo com dados do IBGE, a inflação oficial (IPCA) registrou alta de 0,53% em junho, com 8,35% nos últimos 12 meses. O aumento da inflação, dos alimentos, das tarifas públicas e combustíveis, junto ao congelamento da renda, avanço do desemprego e da informalidade, têm sido os principais fatores para que 27 milhões de brasileiros tenham entrado na linha miséria, como aponta a Fundação Getúlio Vargas. Só no início de janeiro, cerca de 12% dos brasileiros passaram a viver com menos de 246 reais por mês. O índice da FGV Social ainda mostra que, em comparação com o segundo se-
mestre de 2020, houve aumento no número de miseráveis, chegando ao maior nível da década. Em Curitiba por exemplo, a cesta básica teve variação de 32% em novembro do ano passado e, em junho deste ano, voltou a subir, acumulando 24%. Para o economista e supervisor técnico no Paraná do Dieese, Sandro Silva, o atual cenário econômico precisa ser analisado a partir das políticas dos governos Temer e Bolsonaro. “São governos que adotaram uma política de reformas neoliberais, com redução do papel do estado e das políticas públicas. E, diferentemente do que governos e o mercado falavam, a economia não cresceu’’. Para Silva, com a reforma trabalhista, o aumento da “pejotização” dos trabalhadores, o enfraquecimento da justiça do trabalho e dos sindicatos, aumentou a precarização do trabalho, e a renda das famílias caiu. ‘’A reforma trabalhista impacta negativamente a renda do trabalhador, o trabalhador sem renda não consegue consumir, a economia não gira, o investimento privado mesmo só se recupera com o aumento do consumo que é impactado pela renda’’, conclui.
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Giorgia Prates
Recuperação lenta De acordo com levantamento realizado por Daniel Duque, do Ibre-FGV, a renda média domiciliar por pessoa dos brasileiros foi de R$ 1.065 no primeiro trimestre deste ano, queda de 10% em relação à média de R$ 1.185, de 2020. Com renda menor e o aumento da inflação dos alimentos e combustíveis, Sandro Silva alerta que a recuperação econômica no pós-pandemia deverá ser lenta. “A situação, que já não era positiva antes, piorou agora, com o aumento do desalento e a desocupação. Com a política econômica do governo de corte de gastos públicos e de investimentos, deveremos ter uma retomada bem mais lenta’’.
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Inscrições abertas para núcleos criativos Sesi-PR Projeto é para a formação de artistas e profissionais da economia criativa Redação
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projeto Núcleos Criativos Sesi PR nasceu como desdobramento e referência ao projeto Núcleo de Dramaturgia, realizado pelo Sesi Cultura desde o ano de 2009. O projeto de formação de artistas e profissionais do segmento da economia criativa engloba as linguagens de Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Música, além de Moda & Design. Para 2021, serão selecionados mais de 100 alunos, que participarão das atividades formativas de setembro a novembro, finalizando na primeira semana de dezembro. Nesta edição os Núcleos Criativos trazem temáticas e pedagogias específicas pensadas para cada grupo. Os participantes não precisam ter experiência prévia. A prioridade é a diversificação do grupo, a fim de possibilitar trocas entre pessoas de diferentes áreas de atuação e com variados repertórios culturais. Quais são os núcleos criativos? São eles: Núcleo de Dramaturgia - Mulheres na Dramaturgia Brasileira, Núcleo de Música - Vozes da Indústria, Núcleos de Artes Visuais - A Fotografia contemporânea para imaginar mundos possíveis, Núcleo de Audiovisual - Imagens de Arquivo, Núcleo de Moda e Design - Moda Verde.
Exposição de Schwanke no MON O Museu Oscar Niemeyer (MON) prorrogou por mais uma semana a exposição “Schwanke, uma Poética Labiríntica”, concebida exclusivamente para o espaço do Olho. A mostra, com curadoria de Maria José Justino, poderá ser vista 8 de agosto. De terça a domingo, das 10h às 18h.
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DICAS MASTIGADAS
Tomates assados A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr. com.br Ingredientes 4 tomates orgânicos grandes. 6 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado grosso. Azeite a gosto. Manjericão. Modo de Preparo Preaqueça o forno a 220 ºC. Unte uma assadeira grande com azeite. Corte uma ponta da base do tomate, de modo que a fatia fique em pé na assadeira. Corte cada tomate em 3 rodelas grossas. Distribua as rodelas na assadeira e cubra cada uma com ½ colher (sopa) do queijo ralado. Leve ao forno para assar por cerca de 20 minutos, ou até o queijo dourar. Retire do forno e deixe amornar. Salpique manjericão fresco e sirva.
Reprodução
Para ficar por dentro As inscrições vão até 11 de agosto. Para se inscrever e ver o edital, acesse www.sesipr.org.br
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Aponte o leitor de QR code para a imagem ao lado
Retrospectiva A mostra é uma retrospectiva do trabalho de Luiz Henrique Schwanke (19511992), desde a década de 1970 até as últimas produções, num total de mais de 150 obras, sendo boa parte inédita. O premiado artista tem em sua obra a singularidade de permitir diferentes abordagens e se estender por variadas formas, o que inclui desenhos, pinturas, livros, objetos, esculturas e instalações, num conjunto complexo e surpreendente.
Paraná Cultura Para conferir trabalhos de artistas paranaenses, é possível acessar o site do programa Paraná Cultura. Esta plataforma audiovisual gratuita dá acesso a trabalhos via vídeos, podcasts, performances, entre outros. Paraná Cultura www.paranacultura.pr.gov.br é uma ferramenta em constante expansão na qual é possível encontrar mais de mil vídeos e livros digitais, representando muito da produção cultural paranaense recente.
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Medalhas, substantivo feminino no Brasil
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Não foi desta vez (mas 2023 é logo ali)
Mulheres ganham 3 das 4 medalhas de ouro e duas das três de prata a cinco dias do fim das Olimpíadas Frédi Vasconcelos
T
rês das quatro medalhas de ouro brasileiras conquistadas nas Olimpíadas de Tóquio têm nomes femininos: Ana Marcela (maratona aquática), Rebeca Andrade (ginástica), Martine Grael e Kahena Kunze (vela). Contra um masculino, Ítalo Ferreira (surfe). Na prata, a disputa estava em 2 a 1 para as mulheres no fechamento desta edição, com Rebeca e a fadinha Rayssa Leal (no skate) contra Kelvin Hoefler (skate).
Os homens só levavam vantagem, a cinco dias do encerramento dos Jogos Olímpicos, no bronze. Mayra Aguiar (judô) e Luisa Stefani e Laura Pigossi (dupla no tênis) totalizavam duas medalhas contra seis de Daniel Cargnin (judô), Fernando Scheffer e Bruno Fratus (natação), Abner Teixeira (boxe), Alison dos Santos e Thiago Braz (atletismo). O Brasil já tinha, até o fechamento desta edição, mais dois bronzes garantidos no boxe, de Beatriz Ferreira e Hebert Conceição, que disputariam semifi-
Crédito
nais e poderiam ainda conquistar ouro ou prata. Rápida evolução Se o Brasil evolui lentamente nos esportes olímpicos, a ascensão das mulheres está mais rápida. As primeiras medalhas femininas só vieram em Atlanta, em 1996, com ouro e prata no vôlei de praia (Jacqueline e Sandra, Adriana Samuel e Mônica), prata no basquete e bronze no vôlei de quadra. O destaque negativo, este ano, em Tóquio, é que o vôlei de praia não tem mais chance. As duplas femininas e masculinas foram eliminadas. Na quadra, a situação é melhor. A seleção feminina passou pelas russas e vai enfrentar as sul-coreanas, nas semifinais. Já o masculino enfrentaria também os russos após o fechamento deste texto, numa parada duríssima nas quartas-de-final, já que foi o único time a derrotar o Brasil na fase inicial. Já a seleção masculina de futebol tem a prata garantida, mas ainda tenta buscar o bi olímpico no sábado, contra a forte Espanha.
Esta é daquelas colunas que eu gostaria de escrever de outra maneira. Queria falar que estamos nos preparando para a final olímpica, imaginando qual seria a escalação da Pia, se a Marta bateria o recorde de gols em Olimpíadas (pertencente a Cris), sonhando com a Formiga e a medalha de ouro no peito. Mas, infelizmente, não foi desta vez. O Brasil foi eliminado dos Jogos de Tóquio contra o Canadá. Nas quartas de final, na sexta-feira, 30, o tempo normal terminou 0x0. O empate persistiu na prorrogação, mas as canadenses foram mais felizes nos pênaltis. Bárbara chegou a defender a primeira cobrança de Sinclair. A Seleção fez um jogo abaixo do esperado, tática e tecnicamente. Não conseguiu criar muitas jogadas, pois a ligação do meio com o ataque não rendeu, a lateral direita foi um problema e Marta ficou prejudicada com o posicionamento. Ficou o gosto de que poderíamos ter ido mais longe. Mas o futebol feminino brasileiro acabou de começar uma nova etapa, precisamos seguir cobrando, pois talento temos e, com investimento e estrutura, os resultados virão. Agora é hora de novos ciclos e já estamos de olho e pensando na Copa de 2023.
Val é essencial
Reencontro urgente
Arestas
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
O Coritiba tem a segunda melhor defesa da Série B (11 gols sofridos). Essa solidez da resistência aos adversários não é mérito exclusivo do técnico Gustavo Morínigo, do miolo da zaga (Henrique e Luciano Castan) e da segurança protetiva de Willian Farias, que os antigos chamavam de “centro-médio”. A coesão dessa salvaguarda à meta do bom goleiro Wilson não seria a mesma sem a presença qualificada de Val – o outro meia de contenção da equipe. Tanto na marcação (quando o alviverde é atacado), quanto no auxílio aos meias mais avançados após a recuperação da posse da bola, é notável a essencialidade desse jogador de bom passe e que não tem reserva à altura. Mateus Sales não mostrou ainda ao torcedor a mesma firmeza do titular em suas atuações. Contra o Goiás, no Alto da Glória, às 19h30 da sexta-feira (6/8), o retorno de Val ao time aumenta o otimismo por uma boa apresentação.
O empate da última segunda-feira, dia 2, diante do Ypiranga, evidenciou a dificuldade do Paraná se impor em seus domínios no mundo pós-pandemia, sem torcida no estádio. Desde julho de 2020, quando o futebol recomeçou com as quartas-de-fi nal do paranaense, o tricolor jogou 32 partidas na Vila Capanema, perdeu 12, empatou 12 e venceu apenas 8. Aproveitamento de 37,5%. Fora foi ainda pior: 27%. Considerando todos os pontos conquistados no mesmo período, dentro e fora de casa, 57% deles foram obtidos no nosso estádio. Como comparação, em 2017 e 2018, os pontos em casa representaram 65% e 84% do total, respectivamente. Até aqui, cerca de 23% da população de Curitiba tomou as duas doses da vacina. Nem se fala em reabertura dos portões, o que, para o Paraná Clube, parece ser ainda mais terrível.
Até aqui, não há como reclamar da temporada do Athletico. São 22 vitórias, 10 derrotas e cinco empates. O desempenho na Sul-Americana é avassalador, o que garantiu ao time o benefício de decidir as próximas etapas da competição em casa. Mas não há como negar: defensivamente o time vem cometendo erros infantis que, se não forem corrigidos, podem custar caro, especialmente nas competições de mata-mata, onde cada detalhe é decisivo. No jogo contra o Atlético MG, pelo Brasileirão, o pênalti cometido por Richard foi completamente infantil e, para completar, Thiago Heleno ficou em desespero com o lance e levou o amarelo por reclamação. Continuou reclamando fervorosamente e merecia levar o vermelho. Em um time que está brigando pelo topo das competições, aparar essas arestas é fundamental.