CBF
Esportes| p. 8
Cultura | p. 7
Vexame no futebol
Violência na favela
“Papelão”... argentinos criticam cancelamento de partida
Videoclipe “+ uma chacina” denuncia e valoriza a resistência
PARANÁ Ano 5
Edição 228
10 a 15 de setembro de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Foto Vândala
Um grito pelo país
O objetivo é o golpe Organização popular precisa deter autoritarismo de Bolsonaro
Opinião | p. 2
Amazônia em chamas Hora de agir pelo controle do agronegócio na região
Giorgia Prates
POLÍCIA BOLSONARISTA? Policiais aparentemente não aderiram ao golpismo no 7 de Setembro Brasil | p. 4
Lucília Guimarães | SMCS
Movimentos populares apontam que Bolsonaro precisa sair Brasil | p. 5
Brasil | p. Editorial | p.6 2
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 10 a 15 de setembro de 2021
Os povos da Organização popular para tirar Amazônia resistem Bolsonaro do poder OPINIÃO
EDITORIAL
conhecido como o “calendário do desmatamento”, o bioma viu 10.476 Secretária Geral da CUT Brasil km² de floresta serem destruídos, área que equivale a nove vezes a cioje, quando o mundo vive uma dade do Rio de Janeiro. crise climática, fica cada vez Esse acumulado é 57% superior mais nítido que a Amazônia tem ao desmatamento registrado no caimportância fundamental para a lendário anterior, de agosto de 2019 saúde humana, assim como para a a julho de 2020. Os dados da pesquieconomia do planeta. Os povos trasa constatam o que convivemos no dicionais, indígenas, ribeirinhos, dia a dia na Amazônia. as comunidades quilombolas saCom solo enfrabem disso e estão quecido pelas queimobilizados para Com solo madas que, posteprotegê-la. riormente, servem É por toda essa enfraquecido pelas para criação de granmagnitude amades áreas de paszônica que se deve queimadas que, tagens, a grilagem exigir deste des- posteriormente, governo federal o servem para criação das terras indígenas cresce assustadorafortalecimento dos mente, colocando órgãos ambientais e de grandes áreas essas populações a aplicação das leis de pastagens, a amazônidas em side fiscalização. Ao grilagem das terras tuação de vulneramesmo tempo, debilidade já que não nunciar o descaso indígenas cresce têm mais como vie irresponsabilida- assustadoramente ver da agricultura de de com que o tema subsistência, exercivem sendo tratado. tar suas crenças religiosas e saberes, Mas não é isso que estamos venrepassar e exercitar os conhecimendo. Levantamento do Instituto do tos sobre a fauna e flora da floresta, Homem e Meio Ambiente da Amacomo povos da Amazônia. zônia (Imazon) constatou que, no É um grande desafio defender acumulado de agosto de 2020 até a Amazônia da destruição causada junho deste ano, foi registrada na pelo agronegócio de capitalistas naAmazônia Legal a maior devastação cionais e internacionais, de emprepara o período em dez anos. sas mineradoras e dos desmandos Segundo a pesquisa de agosto do genocida Bolsonaro. de 2020 a julho de 2021, período Carmen Foro,
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s dias recentes são marcados por atos, ameaças à democracia, por parte do governo, posicionamentos de vários setores da sociedade e muitas análises. A maioria delas coincide que o 7 de Setembro significa um novo momento na luta entre Bolsonaro e os setores populares e de oposição. De fato, o presidente autoritário ainda não avançou para uma destruição dos outros poderes, porém mostra que possui uma base ativa e conservadora na sociedade. Não são maioria. O que não quer dizer que não sejam perigosos. Há, sim, risco de golpe contra as instituições. Há risco de a situação, inclusive, sair do controle para o governo, dado o número de denúncias e pressão contra Bolsonaro e a confusão de sua base
SEMANA
própria base de apoio, com o ensaio da greve dos caminhoneiros que agora tentam abafar. Com isso, não cabe a expectativa de que tudo será adiado para as eleições de 2022. É preciso desde já avançar na organização popular e na denúncia do governo. Urge o diálogo com a juventude, que não se vê representada pela falta de políticas públicas de Bolsonaro, dialogar também com os trabalhadores desempregados e precarizados, com os operários da indústria, cada vez mais reduzida, com as mães trabalhadoras presentes em cada área de ocupação. De casa em casa. É necessária uma maioria organizada para retirar o pior presidente da História deste país do poder e construir uma alternativa popular.
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EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 228 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Carmen Foro ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@ gmail.com
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Paraná, 10 a 15 de setembro de 2021
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FRASE DA SEMANA
“MBL é um movimento de agitadores fascistas, uma marca do mercado do ódio essencial no golpe de 2016”
Desemprego no Paraná é menor em relação ao país A pandemia contribuiu para o aumento do desemprego no país e no Paraná. Contudo, o estado tem conseguido números menos piores na retomada do trabalho, de acordo com análise do Dieese. No 1° trimestre de 2021, enquanto no Brasil a taxa de desocupação voltou a crescer, passando de 13,9% para 14,7%, no Paraná houve uma redução, caiu de 9,8% para 9,3%. Com relação aos dados do 2º trimestre de 2021 se verificou queda nas taxas de desocupação nacional, de 14,7% para 14,1%, e no Paraná, de 9,3% para 9,1% A redução da desocupação observada nos dois primeiros trimestres deste ano no Paraná provavelmente está relacionada à maior flexibilização no funcionamento das atividades econômicas, avalia o Dieese. Outro fator é a “retomada da economia em diversos países do mundo, principalmente os asiáticos (em especial a China), que favorece o aumento das exportações paranaenses, com destaque para produtos da agricultura e também da indústria da alimentação, o que contribuiu para o aumento das ocupações (formais e informais) em algumas regiões no estado”. Os números do emprego e principalmente da taxa de desemprego encontram-se “maquiados” em decorrência da ampliação do contingente de pessoas fora da força de trabalho, pessoas que desistiram, ou deixaram de procurar uma ocupação.
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Disse a escritora e professora de Filosofia Marcia Tiburi em seu Twitter. E complementou: “Eles se construíram criando fake news e perseguindo pessoas. O que fizeram comigo resultou na minha saída do Brasil. Hoje tentam reposicionar a marca usando a esquerda ingênua.”
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
E o golpe não veio...
Com quem está “o povo”
Apesar do discurso radicalizado do presidente Bolsonaro, em que chegou a pregar a desobediência a decisões judiciais e dizer, em ato falho, que não seria preso, o efeito prático de suas ações no 7 de Setembro foi um maior isolamento político. Partidos que estavam em cima do muro, como PSDB, MDB e o PSD de Kassab, passaram a admitir o impeachment. As milhões de pessoas esperadas em São Paulo e Brasília apareceram em número bem menor.
Em seus discursos o presidente costuma dizer que o povo está com ele. Não é bem assim, pesquisa do Instituto Atlas, divulgado pelo “Valor Econômico” na segunda (6) mostra que 61% dos brasileiros avaliam seu governo como ruim ou péssimo, o maior índice da série histórica. E 64% dos entrevistados desaprovavam a gestão de Bolsonaro.
Caminhoneiros radicalizam O temido apoio de policiais militares parece ter sido contido e não houve manifestações explícitas nas tropas. A radicalização ficou por conta de caminhoneiros, que romperam barreiras e ficaram estacionados em Brasília. Na quinta-feira, ainda fechavam estradas em pelo menos 15 estados. Um dos líderes do movimento, Zé Trovão, declarou em vídeo estar no México, aguardando para ser preso a qualquer momento. Nos grupos de apoio a ele, decepção de motoristas por o presidente ter voltado atrás e pedido que cessassem os bloqueios.
É a economia... Um dos principais pontos da queda de popularidade parece ser sentido no bolso. Na quinta (9) foi publicada pelo IBGE a inflação recorde para o mês de agosto. O IPCA, índice oficial do país, chegou a 0,87%, o maior percentual para o mês desde 2000. Alimentação e bebidas subiram 1,39%, Transportes, 1,46%, com destaque para os combustíveis e a gasolina, cuja alta foi de 2,96%. No ano, o combustível já subiu 31,09%. divulgação
Desemprego recorde Segundo informação na página da CUT, “Cerca de 6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras perderam o emprego no Brasil há mais de um ano. Destes, 3,8 milhões já estão sem trabalho há mais de dois anos. O total de trabalhadores em busca de colocação há mais de um ano subiu de 6,7% para 15,1%. E o total daqueles que buscam há mais de dois anos subiu de 23,9% para 26,1%.”
Não é a pandemia Para o presidente da central, Sérgio Nobre, atribuir o desemprego à pandemia é uma falácia “Desde que assumiu o governo, Bolsonaro não apresentou nenhuma proposta efetiva para geração de emprego e renda. Suas escolhas erradas na política econômica resultaram em desemprego recorde e aumento da fome”, afirma, acrescentando que somente com investimento do estado é possível enfrentar de forma eficaz o desemprego.
Violência em Araucária Na sexta (3), servidores de Araucária protestavam contra o aumento da alíquota de contribuição previdenciária em frente à Câmara Municipal quando foram surpreendidos pela Guarda Municipal que, segundo o Sindicato dos Servidores do Magistério, agiu com truculência, deixando 20 servidores feridos. Em nota, a Prefeitura disse que a guarda foi acionada e agiu de acordo com protocolos operacionais.
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A polícia militar entre a legalidade e o golpismo Crescimento do ‘’bolsonarismo’’ mais radical chega a quase 30% dentro das PM Gabriel Carriconde
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meaças de quartelada, vídeos incitando quebra da hierarquia nas polícias militares e ameaça de golpe de estado. As últimas semanas foram de alta temperatura política no país, desde que foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro que iria utilizar as comemorações do 7 de Setembro para manifestações de rua contra membros do Supremo Tribunal Federal, em especial o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito que investiga ataques virtuais contra a honra de membros da corte. As ameaças de uma ruptura institucional do presidente e seus aliados tiveram ressonância num preocupante apoio de membros das polícias militares de diversos estados. Antes das mobilizações desta semana, membros da reserva
chegaram a ameaçar governadores, caso do deputado estadual do Espírito Santo Capitão Assunção (Patriota). Em vídeo com a bandeira do Brasil ao fundo, e o hino da independência, o militar da reserva ameaçou, ‘’nós somos forças auxiliares e reservas do Exército, em caso de ruptura institucional, é claro que estaremos com as forças armadas, que têm como seu chefe o presidente Jair Bolsonaro’’. Apesar das ameaças e bravatas, com até mesmo o afastamento de um comandante da PM-SP que incitou nas redes sociais membros da tropa a participarem dos atos, pelo governador João Dória, as manifestações tiveram discreta ou quase nenhuma participação dos policiais militares. Para policiais ouvidos pelo Brasil de Fato Paraná, apesar da grande adesão de PMs ao bolsonarismo,
muito dificilmente o Brasil viverá uma quartelada. De acordo com dados do Fórum de Segurança Pública, a adesão ao “bolsonarismo radical’’ cresceu quase 30% quando comparado a 2020. O levantamento aponta que as teses mais sectárias do presidente da República encontram cada vez mais apoiadores entre oficiais e praças, pelo menos até os atos de 7 de Setembro. Para Martel Del Colle, do movimento Policiais Antifascistas, os policiais acabam sendo bombardeados com propaganda e fake news criadas pelo bolsonarismo, mas está em um processo de enfraquecimento. “O bolsonarismo existe na polícia, mas está em enfraquecimento, ainda mais depois do dia 7 de Setembro. O presidente vive de imagens e tenta passar como “macho alfa’’, mas após o resultado dos Giorgia Prates
Apesar das ameaças e bravatas, as manifestações tiveram discreta ou quase nenhuma participação dos policiais militares atos, ele acabou tendo a imagem manchada, já que nada que era prometido, como fechamento das instituições e prisão de ministros, ocorreu’’, reflete. Entrevistado antes das mobilizações, o sargento da reserva da Polícia Militar de Santa Catarina Amauri Soares, uma das principais lideranças da Associação de Praças do estado de Santa Catarina (Aprasc), refletiu que certamente aumenta o apoio ao governo, que responde positivamente a qualquer sinalização golpista. “Não tenhamos dúvida de que a maioria dos policiais militares, de todos os estados da federação, gostaria muito de ser convocada pelo presidente da República, pelos comandantes do Exército, pelos comandantes de cada PM para fechar todos os outros poderes e dar plenos poderes a Bolsonaro”, afirmou. Apesar da simpatia a ideias golpistas, o sargento pondera. ‘’Aliás, necessário dizer que se as PM fossem usadas para um golpe, inteiras ou partes delas, isso só seria possível com um comando nacional único e mediante autorização do Exército’’. Del Colle acredita que dificilmente as forças policiais romperiam com os governadores. ‘’A cultura dos oficiais do Brasil não é de rompimento, apesar de alguns eventos históricos, as polícias militares e o Exército sempre tentam passar uma imagem de cumprimento de leis. Caso o Exército puxasse, aí seria outra coisa’’.
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Solidariedade e “Fora Bolsonaro” marcam o 7 de Setembro Grito dos Excluídos aconteceu na Comunidade Nova Esperança. Ato contra o presidente foi no centro de Curitiba
Giorgia Prates
Redação
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om o lema “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!”, o Grito dos Excluídos, no Paraná, também se uniu às manifestações por “Fora Bolsonaro.” O ato foi na comunidade Nova Esperança, no município de Campo Magro, região metropolitana de Curitiba. Movimentos sociais, religiosos, sindicais, estudantis, partidos políticos estiveram presentes na manifestação, que aconteceu durante toda a manhã do dia 7 e foi encerrado com uma caminhada por pontos da comunidade. O local é simbólico. Cerca de 1.200 famílias vivem na ocupação desde maio de 2020, numa área pública do estado, abandonada há mais de 12 anos. A permanência no local para a garantia do direito à moradia está entre as principais reivindicações do grupo. Em pouco mais de um ano de organização, a luta tem sido por moradia, trabalho, saúde, educação e lazer. Além do ato político, houve o plantio de mudas de árvores e a inauguração da padaria comunitária da comunidade.
Fora Bolsonaro No ato que aconteceu na tarde do 7 de Setembro, muitos jovens, torcidas organizadas antifascistas de times da capital, centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais, entre eles de luta por moradia e que defendem a população em situação de rua, tomaram o centro de Curitiba para gritar “Fora Bolsonaro”. No mesmo horário em que o presidente voltava a ameaçar a democracia em ato de seus apoiadores em São Paulo. Além da queda do presidente, os manifestantes, que se reuniram na praça Santos Andrade e seguiram em passeata até a Boca Maldita no final da tarde, também cobraram a falta de ação dos governos na pandemia, que levou a centenas de milhares de mortes evitáveis, a responsabilidade pela crise econômica e pediram a manutenção da democracia, mais empregos e renda. Temas “esquecidos” pelo presidente em seu discurso na capital paulista, centrado na ameaçada de desobediência e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal. Em suas redes sociais, Giorgia Prates
a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, comentou: “Até agora, os atos de Bolsonaro estão aquém do esforço empreendido e do dinheiro obscuro utilizado. São atos deles, para eles, que demonstram pavor do chefe com inquérito que o envolve no Supremo. A maioria do povo, que sofre com a crise, foi esquecida por eles e também os ignorou nesse dia.” Manifestação em Londrina Como parte das atividades do 27° Grito dos Excluídos, foi realizada na manhã do 7 de setembro ação de solidariedade no Jd. União da Vitória, Zona Sul de Londrina. Foram distribuídos 200 kits de alimentos com 15 kg de tubérculos, legumes e frutas, além de verduras e temperos e 200 litros leites, e mais 200 cestas básicas que foram doadas pela Igreja Católica.
Solidariedade em aldeia Guarani O 7 de Setembro também foi marcado por solidariedade na Aldeia Ocoy, Reserva Indígena Guarani situada no município de São Miguel do Iguaçu, região Oeste do Paraná. Capitaneado pelo economista e escritor Eduardo Moreira, a comu-
nidade recebeu 3,5 toneladas de alimentos, distribuídos em 210 cestas básicas. A ação foi resultado de uma live promovida por Eduardo no último dia 18 de agosto com objetivo de angariar recursos diante das dificuldades enfrentadas pelo povo Avá-Guarani que vive às margens do Lago de Itaipu. Giorgia Prates
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“Dar visibilidade à população da qual faço parte”, diz ouvidora trans eleita no Paraná Arquivo Pessoal
Karollyne destacou a importância da Defensoria na luta por um ambulatório para a população trans Ana Carolina Caldas
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arollyne Nascimento, 47 anos, mulher trans, foi eleita ouvidora da Defensoria Pública do Paraná para o mandato 2021/2023. É a primeira mulher trans a ser eleita para este cargo. Concorreram também a líder popular e do movimento negro Andreia Lima e a advogada Eliza Ferreira. Durante a eleição, as candidatas tiveram a oportunidade de contar suas trajetórias junto aos movimentos populares, além de responderem a questões levantadas pelos conselheiros sobre suas propostas. A trajetória de Karollyne é marcada pela forte atuação em prol dos direitos de travestis e transexuais. De 2018 a 2021, foi coordenadora geral do Transgrupo Marcela Prado. Ao Brasil de Fato Paraná, ela PUBLICIDADE
disse que foi nessa entidade que ampliou relações e começou a se interessar pelo trabalho junto à Defensoria Pública. “Dentro desta instituição, tive a oportunidade de participar de vários espaços de representações e discussões de diversos movimentos dos quais hoje tenho muita proximidade e boa comunicação”, contou Karollyne. No meio do caminho, conta que se envolveu na luta para conseguir implementar um ambulatório trans no Hospital de Clínicas. “Minha aproximação com a Defensoria se deu através das discussões para garantir o ambulatório. Desde então, permaneci em contato para outros projetos”, disse. Para ela, concorrer à vaga de ouvidora da Defensoria também teve como objetivo dar visibilidade às lutas especi-
ficas da população trans e travesti. “Eu resolvi me inscrever para me somar à luta das mulheres e também dar visibilidade à população da qual faço parte, que jamais imaginou poder ocupar tal espaço. Pretendo, em parceria com movimentos sociais, sociedade civil e com a estrutura da Defensoria, garantir o atendimento ao público mais vulnerável e garantir seus direitos”, explicou. A ouvidora eleita destaca que sabe que também há problemas a serem enfrentados. “A Defensoria tem um papel relevante no que se refere ao acesso à justiça, sendo um órgão muito importante, principalmente, para a população de baixa renda. Mas como órgão público que é, entendo que tem suas deficiências e que acabam por refletir no atendimento ao público.”
QUEM É? Ativista de Direitos Humanos, Karollyne também integrou o Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná (Coped), representando o Transgrupo Marcela Prado, é conselheira Municipal de Saúde, conselheira Municipal dos Direitos da Mulher, membra consultiva da CDSG/OAB, membra consultiva da CEVIGE/ OAB, membra do Comitê LGBTI da Sejuf, membra do GT LGBTQI da SESP e membra da Marcha Mundial das Mulheres, além de atuar no grupo Desencarcerar PR e Pastoral Carcerária.
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Peça no Bacacheri A peça será apresentada de 13 de setembro a 3 de outubro, no espaço Ave Lola ao ar livre – Teatro, na tenda montada na Associação Eunice Weaver do Paraná (R. Dr. Alarico Vieira de Alencar, 10 – Bacacheri). Ingressos: Pague o Quanto Vale. O público deverá fazer sua reserva com antecedência no site http:// www.avelola.net.br
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O grupo teatral Ave Lola volta a se apresentar ao público. A peça é “Manaós - uma saga de luz e sombra”. A história acontece na época áurea do ciclo da borracha, na Manaus de 1911. Três mulheres de povos distintos, trazidas pelo destino, encontram-se e são desafiadas a enfrentar os medos e as ameaças de uma dura realidade. Texto e direção: Ana Rosa Genari Tezza.
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Teatro no Ave Lola
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Conexão Londrina-Curitiba lança música denunciando violência na favela
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Edital do Carnaval 2022 O edital publicado no site da FCC (www.fundacaoculturaldecuritiba. com.br) garantirá flexibilidade em relação ao formato da Festa Popular, prevendo acontecer tanto presencialmente, na Avenida Marechal Deodoro, ou virtualmente, por meio de gravações e exibições de vídeos, dependendo das condições sanitárias e das regras definidas pela Secretaria Municipal de Saúde e pelos decretos municipais vigentes na data do evento.
DICAS MASTIGADAS Redação
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violência na favela é o tema do videoclipe “+ uma chacina”, resultado da conexão entre Curitiba e Londrina. Em estilo Rap, a música foi produzida em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), pelo Programa de Incentivo à Produção Cultural (Bipac). Na voz, são quatro MC’s, como são chamados os mestres de cerimônia responsáveis pela rima no Hip Hop. Dois de Curitiba, MC Paulo Festa e MC HR ZS. A MC Ella e FFn Pygme estão em Londrina, este último foi também quem produziu o beat. A direção de fotografia do video foi da Vândala Fotografia. Mônica Maluz fez a edição. “Um auxílio de 150, a mão de família não aguenta. A caixa já está abarrotada de carta, só de boleto tem uns 40. Morte fria e violenta, a p*** da mídia atormenta. Fala pra gente abrir nossos olhos, mas vem
passando jogando pimenta”, diz um trecho da letra. “Desde que surgiu, o Hip Hop sempre teve essa missão de valorizar a resistência da favela. Também de denunciar a violência, a falta de serviços públicos, o desemprego e a injustiça que o nosso povo enfrenta todos os dias. A música denuncia ‘+ uma chacina’, apenas mais uma desde que o primeiro europeu colocou os pés por aqui e o primeiro indígena resistiu a esta invasão”, explica MC Ella.
O clipe está disponível no Youtube da produtora @prod.soyfuego Aponte o leitor de QR code do seu celular para a imagem ao lado
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br
Ingredientes 3 pães franceses amanhecidos; 3 xícaras (chá) de leite; ½ xícara (chá) de açúcar; 3 ovos; Raspas de 1 laranja; 1 pitada de canela. Para a calda: 1 xícara (chá) de açúcar; 4 colheres (sopa) de água fervente; ¼ de xícara (chá) de caldo de laranja coado Modo de preparo Calda: Coloque o açúcar numa panela média e leve ao fogo baixo para derreter, mexendo até formar um caramelo dourado. Junte as quatro colheres de sopa de água fervente aos poucos, mexendo sempre. Em seguida misture o caldo de laranja. Transfira a calda para uma forma redonda com furo no meio, vertendo sobre o cone central. Deixe amornar por alguns minutos e, com um pano de prato, segure e gire a forma para caramelizar também a lateral. Reserve. Pudim: Preaqueça o forno a 180 °C. Corte os pães em pedaços e transfira para uma tigela grande. Junte a canela e as raspas de laranja. Numa panela, misture o açúcar com o leite e leve ao fogo médio. Assim que ferver, regue sobre os pães e deixe descansar por 10 minutos. Numa tigela pequena, quebre um ovo de cada vez e transfira para outra tigela. Misture com um garfo apenas para quebrar as claras com as gemas, junte aos pães amolecidos e misture bem para incorporar. Transfira a massa para a forma caramelada e nivele com uma colher. Coloque a forma numa assadeira funda, encha a assadeira com água fervente e leve para assar em banho-maria por cerca de 40 minutos ou até o pudim firmar. Retire do forno e deixe amornar antes de levar à geladeira.
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Interrupção de jogo repercute como escândalo político na Argentina A
interrupção da partida entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias pela Anvisa foi alvo de críticas da imprensa do país vizinho. Entre adjetivos como “papelão” e “escândalo”, a notícia do cancelamento abrupto do jogo deu lugar a especulações sobre os interesses do “Brasil de Bolsonaro”. Com a decisão brasileira de sediar a Copa América após Argentina e Colômbia recusarem o torneio, mesmo com avanço da pandemia de Covid-19 no país, a interrupção do confronto no último domingo (5) foi questionada pela imprensa argentina. Atribuindo o acontecimento a um “Brasil de Bolsonaro e nada a ver com o Brasil de Neymar”, o portal “El Diario Ar” sugeriu o que parece ser “um golpe interno do governo de Jair Bolsonaro à Confederação Brasileira de Futebol”, já que, a esta última, “não convém essa suspensão: os jogadores e o técnico queriam seguir jogando porque sabem que a Fifa desgos-
ta desses tipos de intromissão”. O La Nación descreveu o caso como “um escândalo sem precedentes”, mencionando a ida da seleção argentina ao vestiário logo após aparição das autoridades brasileiras no campo. “Ninguém sabe como essa história irá continuar. Será uma longa discussão, que já começou. O que ninguém poderá fazer é abafar esse escândalo mundial.” Já o Clarín divulgou que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), teria feito ligações para tentar garantir a realização da partida, sem sucesso. O embaixador argentino no Brasil, Daniel
Fernanda Haag
Agora é dérbi!
Jornais argentinos falam em “papelão” e Clarín diz que Bolsonaro tentou fazer partida acontecer Fernanda Paixão | Buenos Aires
ELAS POR ELA
Scioli, acompanhou a delegação argentina no aeroporto para evitar que os atletas acusados de descumprirem as regras sanitárias fossem deportados. A diretora nacional de Migrações na Argentina, Florencia Carignano, publicou em seu Twitter sobre a interrupção do jogo: “Se o Brasil considerava que o país de onde vinham os jogadores argentinos como zona de risco, para além do protocolo estabelecido pela Fifa, poderia ter atuado no momento do ingresso em seu território”, escreveu. “Esperar três dias e entrar no campo suspendendo um jogo parece mais uma encenação do que uma medida sanitária.” Nelson Almeida | AFP
O campeonato Brasileiro da série A1 já está acabando. Os dois jogos da final estão agendados: 12 e 26 de setembro. Os torcedores terão diferentes opções para escolher onde assistir, pois as partidas serão transmitidas na TV aberta, fechada e até no TikTok. E não estamos falando de qualquer decisão, para dar um tempero especial, teremos um dos maiores clássicos do país: o dérbi paulista. De um lado o Corinthians chegando à sua quinta final consecutiva no torneio – foi campeão em duas oportunidades – após eliminar a Ferroviária na semifinal, vencendo os dois jogos pelo placar de 3x1. Já o Palmeiras, que investiu na contratação de jogadoras para o seu plantel em 2021, disputará sua primeira final de campeonato Brasileiro. O Verdão eliminou o Internacional na semi. No Rio Grande do Sul, a partida foi mais disputada e o placar apertado, mas as palmeirenses saíram com a vantagem, após vitória por 1x0. Já, no Allianz Parque, golearam as Gurias Coloradas por 4x1 e também chegam com moral. Lembrando que as duas equipes também carimbaram a classificação para a Libertadores de 2022.
Deixa o Wilson cobrar
O milagre da C
A culpa é de quem?
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Neném Prancha (1906-1976) fez de tudo no futebol. Foi, contudo, como autor de frases desconcertantes que se tornou célebre, merecendo o apelido de “Filósofo do Futebol”. Uma das mais conhecidas diz que “o pênalti é tão importante que deveria ser sempre batido pelo presidente do clube”. Exageros à parte, são notórios a técnica peculiar e o elevado índice de aproveitamento (94%) do goleiro Wilson, do Coritiba, nesse tipo de lance. Já surpreende o goleiro a curtíssima distância que ele mantém da bola para fazê-lo. Dá um primeiro passo com o pé esquerdo e adianta o direito para o fuzilamento. Em seguida, postando firmemente o canhoto como “pé de apoio”, dispara petardo de força incomum em direção à faixa mais central entre as duas traves, dificultando a defesa. Gustavo Morínigo designa Léo Gamalho para os pênaltis. Contra o Brusque, este desperdiçou duas chances. É hora de trocar.
Confesso que acusei o golpe na derrota para o São José. Depois de uma das semanas mais amargas da minha vida, chegou sábado e o jogo diante do Criciúma. Fui para a frente da TV institivamente, me perguntando se eu deveria mesmo assistir àquilo. A arbitragem entrou em campo, o Criciúma ficou pronto e nada do Tricolor. Seria um WO por motivo de atrasos salariais? Era o que faltava pra vergonha ser completa. Não, espera! Foi só um susto. Um susto necessário diante da gravidade do quadro, mas o jogo ia acontecer. Viciado, o cérebro comemorou a notícia feito um gol, nem lembrava das circunstâncias. Gol do Ebere aos 14 minutos e o berro já virou um “Uh, tricolor!” na janela. No gol do Gustavo, aos 32, a cabeça tinha esquecido a semana difícil e passado a fazer contas e projeções. Se existe luta, existe esperança. Força tricolor!
Depois de três títulos consecutivos do Furacão - e com times de aspirantes -, enfi m o Campeonato Paranaense terá outro campeão. O jogo contra o FC Cascavel tinha tudo para ser apenas protocolar, já que a direção nunca levou o estadual a sério. Mas, devido aos sucessivos fracassos, a partida determinou a demissão de António Oliveira. A pergunta que fica é: será ele mesmo o culpado ou apenas mais um bode expiatório para acalmar os ânimos da torcida? Os problemas internos do elenco são nítidos e públicos. Perdemos jogadores importantes no meio do semestre. Jogadores sem ritmo chegaram com a obrigação de vestir a camisa titular e fazer a diferença. Seguindo nesse caminho, o próximo técnico vai chegar apenas com a missão de assumir a culpa por um planejamento atrapalhado.