Brasil de Fato PR - EDIÇÃO 246

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Esportes | p. 8

Cultura | p. 7

Editorial | p. 2

Opinião | p. 2

Paraná | p. 4

Cidades | p. 6

Partida pela vida

Carnaval privado

Racismo não!

Inimigo real

Morte em espetáculo

PM precarizada

Jogadores brasileiros tentam sair da Ucrânia

Festa de rua é proibida. Eventos particulares, liberados

Em defesa do mandato de Renato e contra perseguição política

Fake news ganham força e ameaçam eleições

Trabalhador é eletrocutado. Sindicato denuncia insegurança

Policiais do Paraná reivindicam aumento de salários

PARANÁ

Ano 5

Edição 246

25 de fevereiro a 2 de março de 2022

distribuição gratuita

A Covid deixa marcas

Infectados sofrem com sequelas e falta de atendimento Paraná | p. 5

www.brasildefatopr.com.br


Brasil de Fato PR 2 Opinião editorial

Brasil de Fato PR

Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

seMANA

Contra o racismo, a favor de Renato Freitas!

A

manifestação contra a violência racial, ocorrida no dia 5 de fevereiro, é usada por parlamentares da Câmara para perseguir politicamente o vereador Renato Freitas (PT). O protesto ocorreu em diversas cidades do país, convocado por movimentos sociais após os assassinatos de Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho. Em Curitiba, ocorreu em frente à Igreja do Rosário, símbolo da História da negritude na cidade. Após a missa, o ato teve continuidade, de forma pacífica, dentro da igreja. Mas notícias falsas foram veiculadas sobre a manifestação. Freitas foi uma das pessoas que participou do protesto, o que foi aproveitado por seus opositores para abrir pedido de cassação de seu mandato. A tentativa de cassação do vereador não tem fundamento jurídico. Trata-se de mais uma demonstração da crise institucional pela qual o Brasil passa e configura um ataque contra o próprio sistema eleitoral. A violência política e racista que atinge Renato não se dá de maneira isolada. Parlamentares negras e negros têm sido perseguidos e sofrido ameaças por todo o Brasil sob a chancela de um governo federal que estimula a violência. Aqui, as elites políticas cumprem tal função de perseguição. A defesa do mandato de Renato Freitas é a defesa do respeito ao processo eleitoral e à democracia.

opinião

A verdade vai vencer as fake news?

Frédi Vasconcelos

Jornalista, mestre em Linguagens pela UTFPR e pesquisador sobre fake News

N

uma conversa, ouvi: “Com a verdade, vamos vencer as fake news”. Na hora, me veio à cabeça Geraldo Vandré: “E acreditam nas flores vencendo o canhão...” À época, os canhões venceram e a ditadura durou mais de 20 anos. Sobre a verdade vencer, em pesquisa publicada em 2018 na revista “Science”, os cientistas sociais Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral, do MIT, mostraram, após analisar 126 mil informações, divulgadas

por 3 milhões de pessoas, nos Estados Unidos, que: “Cada postagem verdadeira atinge, em média, mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais populares... atingem de mil a 100 mil pessoas.” No mesmo estudo, os efeitos: “Foram mais pronunciados para notícias políticas falsas do que para falsas notícias sobre terrorismo, desastres naturais, ciência, lendas urbanas ou informações financeiras”. E essa propagação não foi feita por robôs, “eles aceleraram a propagação de notícias verdadeiras e falsas na mesma proporção, sugerindo que as falsas notícias

se espalham mais do que a verdade porque os humanos têm maior probabilidade de disseminá-las.” Para quem se horrorizou com as eleições de 2018, e as mentiras nos grupos de WhatsApp da família, há grande possibilidade de sentir saudade desses tempos. A máquina de propagação de fake news está mais estruturada, com diversas redes descentralizadas, e a criação de grupos com milhares (ou milhões) de pessoas no Telegram. Numa

eleição geral, não faltarão recursos de empresários para disparos em massa a partir de outros países, sem possibilidade de fiscalização. A campanha de Lula fala em criar 5 mil comitês físicos de campanha em todo o Brasil. Ótima estratégia, mas há a necessidade de criar também comitês virtuais e grupos em rede capazes de chegar em cada família com mensagens produzidas, atrativas e fáceis para mitigar o veneno da mentira.

Agora é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso

FALA POVO

exPedIeNTe Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 246 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian /bdfpr @brasildefatopr CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS


Brasil de Fato PR

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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

FRAse dA seMANA

Fraudes em cotas femininas é um dos desafios das eleições Um dos maiores desafios da sociedade e da justiça eleitoral é garantir a participação das mulheres nas eleições. O ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, destacou a adoção de distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão para as eleições de 2020. Também foi promovido o projeto “Mais Mulheres na Política”, dando mais visibilidade à inclusão. O efeito disso foi o aumento de 14,6% das prefeituras comandadas por mulheres: 10.608 no total. Por outro lado, tentativas de fraude à cota de gênero nas eleições foram identificadas pelo TSE nas eleições de 2020. Segundo o Tribunal, a Justiça Eleitoral buscou coibir as candidaturas fraudulentas e o desvio de recursos destinados às campanhas femininas. O colegiado até “cassou os diplomas de vereadores eleitos por chapas que forjaram candidaturas femininas para alcançar o percentual mínimo legal de 30%”. Segundo a Resolução TSE nº 23.607/2019, a verba destinada às mulheres não pode ser usada, nem em parte, para financiar candidaturas masculinas. Reprodução | TSE

“o fracasso está subindo à cabeça da chamada terceira via”

Aula fora da lei

Disse o jornalista Bernardo Melo Franco em seu Twitter. Concluindo: “Seus candidatos comem poeira nas pesquisas, mas insistem em se vender como salvadores da pátria. Sem modéstia, sugerem que o país vai acabar se eles não forem ungidos ao poder” Divulgação

NoTAs BdF

Por Frédi Vasconcelos

No ponto Em entrevista ao site Metrópoles, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o presidente Bolsonaro cresceu alguns pontos nas pesquisas eleitorais por usar a máquina de governo e ter rede de fake news. “Bolsonaro tem a máquina, tem mecanismos e vai querer usar isso tudo para se posicionar. Além disso, eles têm a fábrica de fake news e de mentiras. A gente já detectou nas redes sociais os ataques. Isso obviamente mexe com as pesquisas, não nos iludimos com relação a isso.”

Mentiras na rede

Campo minado Outra publicação, uma nota assinada pelo PT no Senado Federal, na quinta-feira, 24, também serviu de munição. O texto começava falando do papel dos Estados Unidos no conflito entre Rússia e Ucrânia. Apesar de a nota, ao final, condenar a Rússia pelas ações, foi o suficiente para veículos como o Antagonista darem manchete como: “PT culpa EUA por guerra de Putin”. O que, claro, foi reproduzido nas redes sociais. A guerra eleitoral já está a todo o vapor. A principal arma, a mentira.

e a guerra...

Nesta semana deu para ver alguns exemEm entrevista ao Brasil de Fato, o ex-chanplos de como será duro o jogo nas receler Celso Amorim disse não acreditar que des. Após a descriminalizao atual conflito leve a uma terceira guerção do aborto na Colômbia, ra mundial, “Há muito em jogo e os Manoela D´Ávila (PCdoB) riscos de destruição absoluta são postou que era uma demuito grandes.” Mas chamou cisão “histórica”. Pouatenção para a estratégia da co depois teve de retiRússia para minimizar os efeirar o tuíte e sofreu ditos das sanções econômicas, versos ataques dizenestratégia adotada pelos EUA do, entre outras coie União Europeia. “A decisão sas, que na campanha da Rússia de usar a força mipresidencial ia a igrejas litar na Ucrânia está expondo a pedir votos e agora estamais sanções do Ocidente. Não va defendendo o “assassié à toa que a Rússia está se aproxinato” de crianças. mando da China”, comentou Amorim. Marcelo Camargo | Agência Brasil

Mesmo com a pandemia, a volta às aulas em Curitiba acontece com salas lotadas acima do permitido por lei. É o caso, por exemplo, em Educação Infantil e Ensino Fundamental da Escola Municipal Professor Brandão. Nas turmas de 3 a 5 anos, hoje, há 28 alunos em uma turma e 25 em outra. No Plano Municipal de Educação (PME), o máximo permitido são 15. O que se repete em outras escolas.

Redução necessária “Estou com 27 alunos de 10 anos, sendo que um é autista e outro com laudo ainda em investigação. Quando tem um aluno com laudo, é preciso ter redução no número de alunos”, conta uma professora. O Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba tem reivindicado que a Prefeitura cumpra o estabelecido no PME. Até agora não foi apresentado qualquer estudo para isso.

17 anos de luta No mês de fevereiro, as famílias do acampamento Reduto de Caraguatá, de Paula Freitas (sul do Paraná), completaram 17 anos de luta pela Reforma Agrária. A comemoração aconteceu com doação de cestas de alimentos para as famílias em situação de vulnerabilidade do município. A ação faz parte da campanha nacional de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).


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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

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Após morte de técnico de som, entidades exigem fiscalização de empresas Acidente aconteceu no evento Carnavibe, que tinha alvará negado pela Policia Civil Ana Carolina Caldas

A

rlei Braz Rocha, 39 anos, eletricista de eventos, morreu eletrocutado no trabalho, na segunda-feira (14), em uma chácara em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, na preparação do Carnavibe. O evento é descrito como “carnaval eletrônico” e chegou a ser ameaçado de não ocorrer após a Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe) negar seu alvará, sob a alegação de promover aglomeração. Técnicos que trabalhavam no local também disseram que a empresa não forneceu equipamentos de proteção (EPI) adequados e foi omissa em relação a medidas de segurança no trabalho. O trabalhador foi localizado por colegas, que acionaram o socorro. Foram feitas diversas manobras de reanimação, que não obtiveram sucesso. Segundo Elisa, a esposa de Arlei, a empresa demorou a prestar socorro e, inicialmente, se negou a ajudar a família. “Soube que ele estava sem EPI, descalço e demorou 40 minutos para chegar a ambulância. A empresa se negou a nos ajudar, e só depois que eu insisti e disse que era dever deles, nos auxiliaram com o enterro. Quero que se faça justiça”, diz. A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Campina Grande do Sul, abriu inquérito, que está sob sigilo.

Falta de ePI e supervisão Para colegas entrevistados, houve negligência da empresa Planeta Brasil quanto à segurança no trabalho. “Ele estava fazendo uma conexão para alimentar um AC (corrente elétrica) para o teste do palco. Estava sozinho, sem EPI, porque a empresa não forneceu. Podemos dizer que também não garantiu que o traba-

lho fosse feito nas condições legais, né...”, disse um colega que não quis ser identificado. “Ele ficou 20 minutos acrocado (agachado) levando choque atrás de um fechamento de zinco. A gente que socorreu e foram mais de 40 minutos para que a empresa acionasse uma ambulância”, relata outro integrante da equipe de trabalho. entidades pedem fiscalização Luiz Nobre, técnico de espetáculos em Curitiba há mais de 30 anos, diz que essa é a realidade da maioria dos eventos e empresas. “O que aconteceu ao Arlei não foi acidente nem fatalidade, já que 90% dos trabalhos técnicos da área de eventos não cuidam da segurança dos trabalhadores, além de pagarem cachês baixos, em torno de 100 ou 150 reais, por mais de 12 horas de trabalho. E cobram, por vezes, dos contratantes, 350 reais por técnico”, diz. O Sindicato de Artistas e Técnica em Espetáculos de Diversões do Estado do Paraná (Sated), em nota, afirmou. “Não podemos mais tratar

Para colegas entrevistados, houve negligência da empresa Planeta Brasil quanto à segurança no trabalho casos como esse com normalidade e não podem, nem devem, ficar impunes. O sindicato, junto aos trabalhadores da cultura, avançará nessas pautas, exigindo o uso de EPIs e cursos de segurança de trabalho para técnicos que trabalham com altura e altas tensões. Esperamos a adesão das empresas nessa questão”. O Sated PR está prestando auxílio jurídico à família de Arlei. O Coletivo “Camisa Preta” de técnicos de eventos e espetáculos, se reuniu nessa semana com o deputado Goura (PDT) que intermediará uma reunião junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT)

o çã lga vu i D

para definição de diretrizes relacionadas à segurança para o trabalho para todo o setor da técnica durante a estruturação de eventos de grande e pequeno porte. Polícia Civil negou alvará O evento já estava sendo investigado pelo delegado Luiz Carlos de Oliveira, do Demafe, que negou alvará para a festa. “Nossa posição é contrária, e enviamos um ofício ao Ministério Público para que se manifeste a respeito da festa. Ficamos sabendo que vai ocorrer depois do show uma pós-rave. A empresa fez a estrutura para o show, teve uma pessoa que morreu eletrocutada e quem garante que não vai ocorrer um novo problema por lá”, afirmou o delegado em nota à imprensa. Apesar da negativa da polícia, a Prefeitura de Campina Grande do Sul autorizou o evento, que acabou acontecendo em 19 de fevereiro. A redação do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a empresa Planeta Brasil, que não retornou até o fechamento da matéria. Divulgação


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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

As sequelas da Covid na periferia Há poucos dados sobre efeitos da contaminação, ainda mais em bairros com atendimento de saúde precário

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osane Schulka Fonseca trabalha como cuidadora de quatro netos. O marido, coletor de materiais recicláveis, desde o início da pandemia, em 2020, está exposto à contaminação de forma acentuada. Moradora há vinte anos da vila Maria e Uberlândia, no bairro Novo Mundo, em Curitiba, numa área ainda sem escritura da casa e regularização fundiária, Rosane é uma entre os mais de 2,2 milhões de infectados no Paraná. No caso dela, no período anterior à vacinação. Se a vacina reduz fortemente o risco de morte, sabe-se, porém, que sequelas do coronavírus atingem de 10% a 30% das pessoas acometidas pela Covid-19, de acordo com reportagem do jornal “O Globo”. As consequências vão de cansaço, passando por problemas nas vias respiratórias, além de dor de cabeça, disfunção cognitiva, perda de olfato e paladar, chegando a transtornos psiquiátricos. Ao contrário do filho de Rosane, Bruno, que se recuperou prontamente, ela sofre até hoje as sequelas da infecção. “Tive muita dor de cabeça e febre alta, mas hoje tenho muita falta de ar”, afirma, completando que “estou andando pelo bairro e às vezes tenho que parar para respirar”, narra. Problema na periferia O acompanhamento do paciente, sobretudo nas periferias, ainda é uma questão em aberto. Rosane se soma às pessoas que tiveram sequelas, mas que não têm acompanhamento médico e seguem tocando a vida. A Secretaria Municipal de

Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, aponta que desde o início da pandemia tem ofertado serviços para tratamento. “Para pacientes com sequelas da Covid-19 no Hospital de Clínicas, no Complexo Hospitalar de Reabilitação e no Hospital Cajuru. Há, ainda, oferta de atendimento em clínicas de fisioterapia”, afirma a gestão. Apesar das dificuldades, algumas pessoas retomam uma rotina. A aposentada Irma Maria Prestes Araújo (foto), 72 anos, moradora da Ferrovila, também no bairro Novo Mundo, integra a cozinha comunitária da União de Moradores e segue mantendo as atividades, em que pese mais dificuldade e os impactos que teve no olfato. “Não sinto mais o cheiro de nada, sinto um pouco mais de cansaço, mas tento me manter ativa na associação”, relata.

Conselhos locais de saúde Uma consulta a grupos especializados no Sistema Único de Saúde (SUS), caso dos Agentes Populares de Saúde e da Rede de Médicos Populares, aponta que há base deficiente de dados públicos sobre o tema. Especialista da vigilância sanitária de Campo Largo, ouvida pelo Brasil de Fato Paraná, opina que a dificuldade se deve, em parte, à subnotificação dos casos de sequelas. Isso porque, ao contrário da notificação obrigatória dos casos de Covid, as marcas posteriores da doença não são registradas. Sobre possíveis procedimentos para o atendimento das consequências da covid, Hugo Leme, da Rede de Médicos Populares de Londrina, aponta que a atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) é municipalizada. Há, nesse sentiGiorgia Prates

do, diretrizes gerais, mas a definição de políticas se dá de acordo com cada cidade, tendo como local de referência, para a população, a Unidade Básica de Saúde. Leme aponta também que, no caso de Londrina, houve a criação de ambulatório de fisioterapia respiratória e de pneumologia pós-Covid-19, para as sequelas nas vias respiratórias, ao lado do acompanhamento de profissionais da fisioterapia. Já integrantes dos Agentes Populares de Saúde, agrupamento que envolve sindicalistas, estudantes, profissionais da saúde e movimentos populares, ressaltam a urgência de fortalecimento do controle social e da participação de entidades comunitárias nos conselhos locais de saúde.

PARANÁ JÁ ReGIsTRoU MAIs de 2 MIL CAsos e 102 MoRTes PeLA H3N2 Redação A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou mais 26 casos e quatro óbitos em decorrência da H3N2 no Paraná. As informações foram extraídas na quarta-feira (23) do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). A doença é um tipo do vírus da gripe Influenza A e desde dezembro do ano passado já registrou 2.063 casos e 102 mortes, em 232 municípios. Em janeiro, o Paraná declarou estado de epidemia de H3N2, considerando o rápido contágio, direto ou indireto da doença.

PReFeITURA A assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba também afirmou, em nota, que a gestão se preparou “para o acolhimento desses pacientes pós internamento” E que “As próprias equipes das unidades de saúde estão aptas a atender esses casos e, se for necessário, encaminhar para as equipes multiprofissionais próprias, com fisioterapeutas, nutricionistas e fonoaudiólogos que também prestam suporte a esses pacientes”. E a Prefeitura completa que há a possibilidade de atendimento em casa por parte do SUS para pacientes que necessitam acompanhamento após o internamento, quando necessitam manter o uso do oxigênio.

diagnóstico Atualmente, os diagnósticos de Influenza são realizados nos serviços de saúde após procura por atendimento e também nas 34 unidades sentinela do Paraná – responsáveis pela detecção de doenças circulantes por meio de amostras aleatórias. Breno Esaki | Agência Saúde DF

Pedro Carrano


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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

PMs pedem reposição salarial e alteração em subsídio ao governador

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Policiais acampam em frente à Assembleia e vaiaram Ratinho Jr. em viagem Divulgação | União dos Praças Paraná

Gabriel Carriconde

s

oldados da Polícia Militar estão em queda de braço com o governador do estado, Ratinho Jr. Praças articulados em associações e no grupo Praças Unidos do Paraná reivindicam reposição salarial acima da inflação e melhores condições na tabela de subsídios. Para os representantes dos praças sargento-cabo Carlos do Paraná, policiais estão com salários defasados, e há um cansaço na tropa em relação a condições de trabalho e remuneração. “O Paraná tem a pior tabela salarial do país”, critica. O grupo pede alterações na política salarial aprovada em 2012, com a implementação de carreira única para policiais e bombeiros. Na terça-feira, 8, o governo do Estado, via Secretaria de Administração, anunciou uma revisão na tabela de subsídios salariais para os praças. Foi feita também proposta de criação de grupo de trabalho para discutir o tema. A luta por subsídios salariais e plano de carreira é antiga na Polícia Militar, e remonta à “greve das esposas”, em 2001. A discrepância salarial entre a

carreira dos policiais militares, de acordo com o pesquisador da área e sociólogo pela UFPR Henri Francis, é grande. “Hoje em dia, os oficiais que estão em fim de carreira ganham salários de secretário de estado, entre 10 mil e 20 mil reais”, conta o pesquisador, que foi bombeiro entre 2005 e 2017, e um dos fundadores da União das Praças do Corpo de Bombeiros - UPCB. Já para o representante do Praças Unidos Paraná, apesar de reconhecer o canal de diálogo com representantes do estado, as propostas feitas pela categoria não foram adiante com o atual governo. “Por que os funcionários do Tribunal de Contas do Estado, por exemplo, têm seus salários reajustados, assim como sua planilha de subsídio, e nós, praças, não temos’’, questiona. O deputado estadual Soldado Fruet tem acompanhado as discussões junto ao movimento e ao governo do Paraná e questiona a representatividade de quem rediscute a carreira. Para ele, falta maior participação da base dos policiais. “Apesar do anúncio da criação do grupo de trabalho, cobrei em plenário maior

representatividade dos praças, já que representam 65% da tropa e são os que mais precisam de melhorias na remuneração, mas eles estão representados por apenas um membro, contra sete do governo, que nada mais farão que cumprir a vontade do governador. Como esse grupo vai refletir o anseio dos praças se a representação deles é desproporcional?”, questiona. O parlamentar critica o governador por não tem honrado compromissos com a PM. “Lamentavelmente, Ratinho não honrou sua promessa de campanha de valorizar os servidores, especialmente na Polícia Militar. A categoria não aguenta mais promessas vazias, descaso, um governo que desrespeita quem arrisca sua vida para proteger os paranaenses, que cortou direitos como o da licença-prêmio, que caloteou a data-base e só fez aumentar a defasagem salarial dos seus trabalhadores.” Na semana passada, ao visitar Cornélio Procópio, o governador chegou a ser vaiado por manifestantes que estavam no local. Dias depois, chegou a trocar o comando do 18º Batalhão da Polícia Militar da cidade, mas, após críticas, resolveu voltar atrás. Divulgação | PM/PR


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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

Carnaval em 2022 será só para quem tem dinheiro, segundo carnavalescos

dICAs MAsTIGAdAs Bolinho de arroz

Prefeitura de Curitiba autorizou eventos particulares, mas proibiu festa de rua Divulgação

Ana Carolina Caldas

C

om a pandemia, os carnavais de rua foram cancelados em grande parte das cidades do Brasil. Não vai ter bloco na rua, mas com ingressos que passam de R$ 1 mil, foram liberadas festas privadas em todo o Brasil. Carnavalescos e trabalhadores da cultura dizem que essa é uma contradição e lamentam que, em 2022, a festa popular será marcada pela exclusão. Em Curitiba, há mais de 25 blocos de rua de pré-Carnaval e, antes da pandemia, foi criada a tradição de levar música, diversão e, inclusive, manifestações políticas pelos bairros da cidade. Com mais de 15 anos de existência, o bloco Garibaldis e Sacis chegou a reunir 20 mil pessoas. Para Pedro Solak, um dos fundadores do grupo e mestre da bateria, a Prefeitura poderia ter organizado, pelo menos, um desfile na rua com capacidade reduzida de pessoas. “Se as festas estão recebendo alvará, se tem jogos nos estádios cheios de gente, desde que com capacidade de 70% de ocupação, por que não fazer o mesmo ali na Marechal Deodoro e nas ruas da cida-

No último dia 19, mais de 10 mil pessoas participaram do Carnavibe, na Região Metropolitana de Curitiba.

Getty Images

dania? É porque, infelizmente, não se inclui essa manifestação cultural como política pública. É importante lembrar e defender que a rua é o espaço democrático da cidade e deve ser ocupada.” Já para o jornalista, autor de samba enredo e carnavalesco Cláudio Ribeiro, o Carnaval de 2022 será o da exclusão. “Vai ter carnaval sim para quem tem dinheiro, que vai viajar, vai ter festa porque poderá pagar. Mas, para o povo que mais trabalha e pouco usufrui da riqueza produzida, não existirá esse espaço para manifestar de forma criativa suas emoções”, disse. Para ambos, é necessário conti-

nuar contribuindo com a prevenção à Covid-19, porém é preciso que o poder público seja justo e integre o Carnaval como importante parte da cultura do povo. escolas de samba Assim como no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Prefeitura de Curitiba decidiu adiar os desfiles das escolas de samba para o mês de abril. No entanto, deu aval a eventos particulares, desde que não ultrapassem 70% da capacidade autorizada pelo Corpo de Bombeiros. Para participar das festas é necessário o uso de máscaras, mas não há exigência da apresentação do comprovante de vacinação. Divulgação | Prefeitura de Curitiba

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 3 xícaras (chá) de arroz Terra Viva cozido 1 cebola orgânica ½ cenoura orgânica Salsinha e cebolinha picadas 2 colheres (sopa) de azeite 3 ovos orgânicos ½ xícara (chá) de queijo parmesão ralado 4 colheres (sopa) de amido de milho Sal e pimenta-do-reino a gosto Óleo Modo de preparo Refogue a cebola em uma frigideira e transfira uma tigela grande, junte o arroz cozido e misture. Na frigideira, refogue a cenoura ralada, acrescente a salsinha e a cebolinha. Desligue o fogo, junte ao arroz e misture bem. Acrescente o queijo ralado, tempere com sal e pimentado-reino. Adicione os ovos e, por último, misture bem o amido de milho. Passe um papel toalha para limpar a frigideira e leve ao fogo médio. Quando aquecer, regue com óleo para cobrir todo o fundo. Adicione duas colheradas da mistura de arroz e achate levemente. Deixe espaço entre os bolinhos para não grudar. Deixe cozinhar por cerca de 2 minutos e vire com uma espátula para dourar o outro lado por igual. Sirva os bolinhos ainda quentes.


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Paraná, 25 de fevereiro a 2 de março de 2022

A guerra (de verdade) chega ao futebol

eLAs PoR eLA Fernanda Haag

“Quando nós ganhamos, todo mundo ganha”

A partida mais importante para jogadores brasileiros, neste momento, é sair da Ucrânia Frédi Vasconcelos

A

última coisa que um torcedor de time ucraniano deve estar pensando neste momento é em futebol. Até porque, com a guerra, os campeonatos estão totalmente paralisados e a luta é pela sobrevivência. Entre esses, na luta pela vida e para sair do país, estão cerca de 30 jogadores brasileiros. Com passagens por times do Paraná, estão nomes como o late-

ral direito Dodô, ex-Coritiba, que está no Shakhtar Donetsk, e Vitinho, atacante, que saiu do Athletico-PR para o Dínamo de Kiev. A lista completa inclui nomes com passagens pelos principais times e estados brasileiros. Pelo Twitter, na quinta-feira, um grupo de jogadores gravou vídeo em um hotel na Ucrânia, com suas esposas e filhos, em que dizem estar sem informações e sem meios de sair do país.

O governo brasileiro informou que vai elaborar planos de saída, mas ainda não há nada concreto. “Aqui estamos todos reunidos com as nossas famílias, hospedados em um hotel. Devido à falta de combustível na cidade, fronteira fechada, espaço aéreo fechado, então não tem como a gente sair daqui. Espero que a embaixada possa nos ajudar – disse Marlon Santos, jogador do Shakhtar Donetsk no vídeo.

JoGAdoRes NA UCRÂNIA Shakhtar Donetsk Marlon Santos - zagueiro, 26 anos Vitão - zagueiro, 22 anos Ismaily - lateral, 32 anos Dodô - lateral, 23 anos Vinicius Tobias - lateral, 18 anos Marcos Antônio - meia, 21 anos Maycon - meia, 24 anos Alan Patrick - meia, 30 anos David Neres - atacante, 24 anos Tetê - atacante, 22 anos Pedrinho - atacante, 23 anos Fernando - atacante, 22 anos Júnior Moraes - atacante, 34 anos

Zorya Lugansk Juninho - 26 anos, lateral Cristian - 22 anos, atacante Guilherme - 18 anos, atacante

Chornomorets Wanderson - volante, 27 anos

Rukh Vynnyky Edson - 23 anos, volante Talles Brenner - 23 anos, atacante

Metalist Fabinho - 25 anos, meia Marlyson - 24 anos, atacante Derek - 24 anos, atacante

Kolos Kovalivka Diego Carioca - 24 anos, atacante Renan Oliveira 24 anos atacante

Dnipro Busanello - 23 anos, lateral Felipe Pires - 26 anos, atacante Bill - 22 anos, atacante

Dínamo de Kiev Vitinho 22 anos, atacante

Inhulets Petrove William - 25 anos, zagueiro

Vorskla Lucas Rangel - 27 anos, atacante Getty Images

A frase acima foi tuitada por Megan Rapinoe após a imensa conquista das mulheres da Seleção Estadunidense de futebol. Após 6 anos em disputa com a federação nacional, as jogadoras finalmente conquistaram o chamado “Equal Pay”. Ou seja, a partir de agora, a US Soccer pagará valores iguais para as mulheres e os homens em todas as competições, incluindo a Copa do Mundo, que era uma das principais discordâncias. A seleção feminina ganhava premiações significativamente menores que a masculina, mesmo sendo muito mais bem-sucedida e gerando mais dinheiro. Além disso, as jogadoras receberão 24 milhões de dólares, divididos entre atletas atuais e do passado, como premiação retroativa. As 28 que entraram com o processo acusaram a US Soccer de “discriminação de gênero institucionalizada” e venceram, sendo protagonistas dessa história! Condições de trabalho, salário, premiações etc. são elementos básicos para as jogadoras. Precisamos lembrar que é o trabalho delas. Reafirmar isso e garantir esses direitos é desmantelar a estrutura patriarcal que há mais de cem anos busca negar a identidade de trabalhadoras da bola para as mulheres.

Aplicação no estadual

estado vegetativo

equilíbrio na Recopa

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Douglas Gasparin Arruda

Independentemente do otimismo de se pressupor que o alviverde tenha eliminado o Bahia de Feira na noite de 24/2 (horas após o fechamento desta edição), é essencial que o futebol do clube adote a política de escalar o maior número possível de titulares nas últimas rodadas da fase classificatória do Estadual. A CBF agendará sua partida (única) da segunda fase da Copa do Brasil após a definição de todos os qualificados. Há quatro datas possíveis para o jogo na Vila Capanema ou em Pouso Alegre-MG: 9, 10, 16 e 17 de março, em quartas ou quintas-feiras. Nos finais-de-semana de 12-13 e 19-20/3, o Coxa terá as quartas-de final do Paranaense. Vitórias diante do Azuris e do Maringá asseguram que, em todos os mata-mata seguintes da competição doméstica, o segundo jogo seja no Alto da Glória, onde é maior a probabilidade da reconquista da hegemonia regional.

Não sabemos ao certo que doença levou o Paraná a essa situação, sabemos que estamos contaminados há muito tempo. Dez anos presos na segunda divisão já davam sinal de que a mazela era grave. Uma boa dose de morfina em 2017 nos permitiu sonhar com a cura, o que logo veio por terra com a pífia campanha na primeira divisão do ano seguinte. Veio a pandemia e o quadro se agravou. É como se a gente fizesse parte do grupo de risco. O que pra alguns foi uma “gripezinha”, para nós foi uma inflamação generalizada. Dois transplantes de presidente foram feitos e nada do tricolor reagir. A doença parece ter se alastrado, chegamos em um estado vegetativo. Nem mesmo 4.700 sócios nem mesmo a Fúria na reta parecem ser capazes de fazer esse time reagir. Mas ainda há vida e, se há vida, há de haver ESPERANÇA.

O primeiro grande teste da temporada para o elenco principal do Athletico começou ontem, na fi nal da Recopa Sul-Americana, contra o time do momento: o Palmeiras de Abel. Vindo de duas temporadas vitoriosas e de um ótimo desempenho no Mundial contra o Chelsea, o Palmeiras entrou na Arena como favorito. Mas o que se viu em campo foi um jogo equilibrado e com muitos destaques positivos para o Furacão. A começar por Thiago Heleno, que demostrou mais uma vez que nasceu para jogar decisões. Mas o destaque da noite foi a estreia do craque: Marlos, enfi m vestindo a camisa do time que sempre torceu e marcando um golaço. Infelizmente, a parte negativa (e velha conhecida da torcida): mais uma vez Marcinho, em lance infantil dentro da área, jogou água no chopp rubro-negro no último lance da partida.


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