Kraw Penas
Cultura | p. 7
Herói negro Espetáculo sobre herói da Revolta da Chibata está no Cine Passeio PARANÁ
Ano 5
Edição 250
1 a 7 de abril de 2022
distribuição gratuita
Arquivo Pessoal
Aos 16 anos, por que vou votar
www.brasildefatopr.com.br
Resistência na terra Ocupações Kaingang lutam contra despejo em Campo Largo Cidades | p. 4
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Após campanhas, jovens tiram seus títulos de eleitor Brasil | p. 5
Giorgia Prates
Brasil || p. Saúde p. 66
Editorial | p. 2
Covid sem máscara
Censura nunca mais
Especialista fala de riscos com relaxamento de medidas preventivas
Partido do presidente tenta calar artistas e é obrigado a voltar atrás
Esportes | p. 8
O ano começa no futebol Finais dos estaduais, Brasileirão, Libertadores…
Brasil de Fato PR 2 Opinião editorial
Censura nunca mais!
N
o final de semana passada, o movimento para derrotar o bolsonarismo esteve presente no Lollapalooza, primeiro grande festival cultural realizado no Brasil desde o início da pandemia. Por várias vezes, o público entoou “Fora, Bolsonaro”. Nos palcos, Emicida, Tico Santa Cruz, Marina Sena, PK, Silva, Jão, Lulu Santos, a banda Fresno e até artistas internacionais, como Marina Diamandis e Julian Casablancas (The Strokes), posicionaram-se contra Bolsonaro. Pabllo Vittar, Gloria Groove e Marcelo D2 foram
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além e, de modos diversos, expressaram seu apoio a Lula. O partido de Bolsonaro, por sua vez, logo reagiu a tais manifestações. Alegando propaganda eleitoral antecipada, obteve no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma decisão provisória – absolutamente antidemo-
Pabllo Vittar, Gloria Groove e Marcelo D2 foram além e expressaram seu apoio a Lula
crática – para impedir que artistas expressassem seus posicionamentos políticos no festival. Ao final, a ação judicial não prosperou por desistência do próprio partido e, mesmo enquanto valia a decisão, os artistas do festival seguiram se posicionando. A rápida e abusiva decisão judicial do ministro-censor, porém, deixa como lição os riscos do autoritarismo neste ano eleitoral. Os artistas e o setor da cultura, assim como fizeram desde o golpe de 2016, posicionam-se com coragem pela democracia e pela vida. Censura nunca mais!
SEMANA
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 250 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Bruno Soares, Daisy Ribeiro, Robson Formica ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr
Comparem o preço do gás e dos combustíveis antes e depois da Lava Jato opinião
Robson Formica,
membro da coordenação nacional do MAB, especialista em Energia e Sociedade
O
ex-procurador do Ministério Público Federal e coordenador da extinta Operação Lava Jato (finalizada pelo atual Procurador-Geral da República, escolhido pelo presidente que a própria força-tarefa ajudou a eleger) Deltan Dallagnol (Podemos), foi condenado pela 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no dia 22 de março, a pagar R$ 75.000 em indenização por dano moral ao ex-presidente e pré-candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A tentativa de criminalização do ex-presidente pela Operação Lava Jato atribuía a ele o comando da corrupção instalada na Petrobras, que teria promovido a destruição da empresa, aumento do preço dos combustíveis etc. Proponho, assim, um exercício de comparação, entre a Petrobras antes da Lava Jato e a Petrobras após os impactos da Lava Jato em relação ao preço dos combustíveis e às condições de vida do povo, levando em conta o valor da indenização que o ex-procurador terá de pagar a Lula. Com isso, faremos um paralelo em relação a quantos litros de gasolina e quantos botijões de gás de cozinha poderiam ser comprados. No aspecto da temporalidade, usaremos como referência o ano de 2008, quando ocorreu a maior crise econômica desde a quebra da bolsa de Nova
MST
Iorque, em 1929. Além do momento de crise econômica, o ano de 2008 foi marcado pelo pico do preço do barril de petróleo no mercado internacional. Vejamos então: Produtos Petróleo Gás (13kg) Gasolina
2008 2022 U$S 140 U$S 120 R$ 40 R$ 150 R$ 2,50 R$ 7,50
Se levarmos em conta os R$ 75.000 da condenação sofrida por Deltan Dallagnol, podemos calcular e quantificar quanto esse valor representa em 2022 e quanto representava em 2008. Vejamos: Produtos Gás (13kg) Gasolina
2008 1875 30 mil
2022 500 10 mil
É evidente o abismo entre o que a Lava Jato prometia e o que ela entregou, em relação a projeto de país. Fica evidente que a principal intenção era tirar Lula da disputa presidencial de 2018. Afinal de contas, o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, pavimentado pela Lava Jato, visava à destruição da Petrobras como indutora do desenvolvimento do país e sua entrega aos interesses do grande capital.
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Justiça eleitoral de olho na mentira Nas eleições deste ano há a possibilidade do aumento de mentiras, fake news e pós-verdades de um lado, e do combate a elas nas propagandas partidárias, nas ruas e nos aplicativos de conversa. Esse é um dos desafios da Justiça Eleitoral. O TSE é responsável pelo Programa de Enfrentamento à Desinformação. Ele reúne agências de checagem, que trabalham para desmentir versões que são compartilhadas aos eleitores. O TSE ainda fechou parceria com os principais aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais da Internet. O último a entrar foi o Telegram. A parceria foi firmada em 25 de março, após o STF bloquear o aplicativo em todo o País. Pelo termo, o Telegram se comprometeu a manter o sigilo necessário sobre as informações a que tiver acesso ou conhecimento no âmbito do TSE. No último dia 30, o presidente do TSE, Edson Fachin, se reuniu com presidentes de nove partidos para debater as mentiras nas eleições. Ele deve se reunir com as 32 siglas. Segundo o tribunal, a “pauta comum a todos incluiu três temas principais: o enfrentamento à desinformação; o incentivo ao alistamento eleitoral dos jovens brasileiros e a participação dos partidos nos eventos do calendário eleitoral e das auditorias das urnas eletrônicas pelo Teste de Confirmação.
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Geral
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FRASE DA SEMANA
QUE DIREITO
“Daniel Silveira se faz de corajoso ao quebrar placa, mas é covarde quando a justiça está no encalço”
Daisy Ribeiro
É ESSE?
Por um Brasil sem despejos
Disse em seu Twitter o deputado federal Ivan Valente (PSOL), por conta de o deputado bolsonarista ter se refugiado no plenário da Câmara para não cumprir decisão da Justiça de usar tornozeleira eletrônica Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Não podemos mais
Dias não entendeu
O ex-juiz Sérgio Moro durou cerca de 100 dias no seu primeiro partido desde que assumiu a carreira política, o Podemos. Entrou em 10 de novembro de 2021 e renunciou ao partido e à candidatura à Presidência em 31 de março de 2022. Nos bastidores, alega-se que faltariam dinheiro e estrutura para uma eleição presidencial. Na realidade, faltam votos. A candidatura de Moro nunca decolou e o Podemos deve gastar seu dinheiro do fundo eleitoral com deputados e senadores.
O senador Álvaro Dias, quem trouxe Moro e manda no Podemos, afirmou ter falado com Moro na manhã do dia em que este renunciou e ele não teria avisado nada. Ficou sabendo pela imprensa. Segundo o jornalista Manoel Ramires, Dias reclamou: “Acho contraditório, especialmente se for para desistir da candidatura presidencial e disputar mandato de deputado federal, como está sendo dito. Para desistir da candidatura não há necessidade de mudança de partido.”
Obedece a quem manda
A via dos sem-voto
Ao anunciar a entrada para o União Brasil, por No agitado 31 de março, o quase ex-governaironia, junção do DEM e PSL, que eledor de São Paulo, João Dória (PSDB), geu Bolsonaro, Moro falou em noteve seu dia de Viúva Porcina, aqueta oficial em “facilitar as negola que foi sem nunca ter sido. ciações das forças políticas de Ameaçou renunciar à candidacentro democrático em bustura à Presidência e ficar no goca de uma candidatura preverno do estado. Depois, dessidencial única.” E diz que disse tudo e manteve a candiabre mão “nesse momento” datura e a renúncia ao goverda candidatura a presidente. no. Se nada mudar até o fechaQuer manter a ilusão, mas no mento desta edição, ainda falnovo partido quem manda é tará a Dória fazer a mágica de ACM Neto, que já barrou seu desair do 1%, dos 2% que as pesquisejo presidencial. sas insistem em lhe dar. Wilson Dias | Agência Brasil
Mais de meio milhão de pessoas em comunidades urbanas e rurais estão ameaçadas de despejo no Brasil. Diante do aumento da fome, inflação e desemprego e da falta de políticas públicas, o cenário é ainda mais grave. O Supremo Tribunal Federal, a partir do pedido do PSOL e demais entidades na ADPF 828, havia estendido, em dezembro, a suspensão de despejos até 31 de março deste ano. Frente ao fim do prazo, movimentos sociais e comunidades, articulados na Campanha Despejo Zero, foram às ruas em 17 de março, em mais de 20 cidades, para pedir sua prorrogação. No Paraná, os movimentos sociais do campo e da cidade se uniram em expressivo ato na capital, que teve também mesa de diálogo com o governo do estado/Sudis, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública e Comissão de Direitos Humanos. Esta semana, a campanha retomou a agenda de mobilização nas redes sociais e nas ruas. Uma comitiva foi recepcionada pelo ministro Barroso, do STF, e retratou a situação dos ameaçados de despejo. Na quarta, dia 30, o tuitaço #BrasilSemDespejo atingiu 1º lugar no Twitter. À tarde, houve ato político em frente ao Congresso Nacional. No fim do dia, a vitória popular: o ministro estendeu a suspensão dos despejos até fim de junho de 2022. Daisy Ribeiro advogada popular e integrante da campanha Despejo Zero
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Duas ocupações Kaingang em Campo Largo vivem incerteza e riscos de despejo Direito de ficar em ocupação e Casa de Passagem Indígena são as pautas Pedro Carrano
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ois acampamentos indígenas estão instalados neste momento em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba. Os trabalhadores artesanais vêm das aldeias de Faxinal, na cidade de Cândido de Abreu, Queimadas, em Ortigueira, aldeia Apucaraninha, em Tamarana e Ivaí, em Manoel Ribas, no interior do Paraná. Os Kaingang reivindicam condições para o período em que fazem comércio em Curitiba e Região Metropolitana, o que se traduz na pauta de casa de passagem Indígena e no direito a ficar em terreno recentemente ocupado. No Paraná, existem apenas seis casas de passagem em todo o estado, geralmente com grande resistência das gestões municipais. Em Cascavel, por exemplo, o projeto, apresentado há mais de uma década, ainda não foi aprovado. Já na capital não existe garantia sólida. Havia uma casa de passagem, entre 2015 e 2020, desmontada durante a pandemia. Após protestos no final de 2021, houve uma transferência para espaço no bairro Cajuru.
dições, oferta de água, e pautando que a casa de passagem poderia ser ali, em parte devido à proximidade da rodovia. Já o agrupamento acampado em frente à Câmara Municipal da cidade, com cerca de oito famílias, aguarda resposta da gestão municipal para a desocupação de um barracão onde as famílias possam
passar o período de vendas. “Só sairemos daqui na hora que tivermos respostas, passamos dois a três meses aqui, então precisamos dessa casa de passagem”, afirma Janguito Alves, uma das lideranças locais. *A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Campo Largo, mas não teve resposta sobre a situação das famílias. Giorgia Prates
Duas situações à espera de resposta Em Campo Largo, há uma ocupação à margem da BR 277, no Parque Histórico do Mate, unidade da Secretaria de Estado da Cultura, cerca de vinte famílias estão no terreno, em busca das con-
LUTAS POR “DESPEJO ZERO” EM TODO O BRASIL Já há ação de reintegração de posse ajuizada na ocupação do Parque do Mate, mas ainda não existe decisão, mesmo que liminar, em relação à permanência das famílias. A Defensoria Pública do Estado foi acionada sobre o caso e o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Fórum Cível de Curitiba/PR (Cejusc) deve fazer mediação.
A campanha nacional Despejo Zero lutou e conseguiu que fosse prorrogada até junho a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADP) 828 para que nenhuma área seja despejada no período da pandemia, dada a gravidade da crise social, econômica e sanitária. Isso envolve comunidades rurais, acampamentos do MST, quilombolas, comunidades indígenas, áreas de ocupação nos centros urbanos e indivíduos locatários.
No Paraná, Sudis pede prorrogação de Despejo Zero Pedro Carrano
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ssinado por Mauro Rockenbach, superintendente geral de Diálogo e Interação Social e presidente da Comissão Estadual de Conflitos Fundiários do governo do estado, ofício pede ampliação do prazo de suspensão dos despejos forçados para o mês de dezembro de 2022. A justificativa é a situação das famílias, bem como a insegurança jurídica que passariam a viver sem proteção jurídica nacional. Na quarta (30), o ministro Luís Roberto Barroso estendeu até junho a ADPF nº 828, firmada pelo STF, medida que impediu que ao menos 230 mil famílias no Brasil fossem despejadas na crise econômica e social no período de pandemia. No dia 30, houve reunião com o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, pautando a necessidade de prorrogação da ADPF. Moradores participam de ato Em Curitiba, em 17 de março, moradores de cerca de 12 áreas de ocupação, movimentos populares do campo e da cidade de quatro municípios, movimentos do campo, ao lado do movimento indígena, organizados na Campanha Despejo Zero, fizeram um ato com 700 pessoas. A previsão é de nova atividade em meados de abril. As organizações da campanha Despejo Zero criticam a ausência de políticas públicas para regularização fundiária, ao lado da falta de energia elétrica, água, esgoto e condições nas comunidades e áreas de ocupação, a preocupação com a violência da PM, entre outros pontos. AMEAÇA NACIONAL
1656 famílias já foram despejadas em dois anos de pandemia no Paraná
3270 estão ameaçadas
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Jovens de 16 anos dizem por que vão tirar o título de eleitor em 2022 Ana Carolina Caldas
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o começo de março, pouco mais de 800 mil jovens entre 16 e 17 anos tinham feito o título de eleitor, segundo a Justiça Eleitoral, a menor adesão desde a aprovação do voto para essa faixa etária. Porém, nas duas últimas semanas, quase 100 mil jovens solicitaram o título, após a mobilização de entidades estudantis, influenciadores na internet e artistas. Anitta, Emicida, Luiza Sonza e Zeca Pagodinho, entre outros, fizeram vídeos, postagens em redes sociais ou em shows convocando a juventude a participar das eleições. A maioria também destacou a importância do voto pela necessidade de mudanças no país. No Instagram, Anitta, a dona do hit número 1 na rede mundial Spotfy, fez uma convocação a seu estilo “Va-
mos lá, pelo amor de Deus, mudar esse presidente. Vamos tirar esse título, cansada de ser a única alegria do brasileiro. Vamos embora, gente. Se vocês não tirarem esse título, eu vou me aposentar e acabou, hein. Vou dormir, eu canso, vou desistir e jogar a toalha. Vamos tirar esse tí-
tulo, gente. Votar ‘Fora, Bolsonaro’ e fora todo mundo”, disse. Para saber os motivos que os levam a tirarem seus títulos, o Brasil de Fato Paraná conversou com alguns desses jovens que vão votar pela primeira vez. Confira o que disseram: Arquivo Pessoal
Fotos: Arquivo Pessoal
Após mobilização, quase 100 mil títulos foram emitidos em uma semana Anita Piangers, 17 anos “Eu fiz agora, nessa semana, presencialmente. Vi que tinham poucos jovens lá e mais idosos fazendo o título. Fiquei nervosa porque é uma experiência mais adulta do que eu estou acostumada. Estou muito empolgada para votar, me sinto parte da comunidade, me tornando uma cidadã. Eu acho muito importante os jovens votarem porque isso vai influenciar nosso futuro, nossos próximos anos.” Beatriz dos Santos Ramos, 15 anos “Eu faço 16 anos em julho e fiz o título, agora em março. Eu quero votar, acho necessário, pois não é justo uma pessoa como Bolsonaro, que ofende minorias, continuar no poder. Vou votar com gosto!” Victor de Melo Pereira, 15 anos “Com o título de eleitor temos a oportunidade de participar do processo eleitoral e ajudar a definir o futuro de nosso país. As eleições afetam a nossa vida tanto no presente como no futuro.”
QUEM PODE VOTAR Podem votar todos os jovens que tenham pelo menos 16 anos no dia da eleição, ou seja, 2 de outubro. O prazo para tirar o título é 4 de maio. É possível fazer presencialmente no Tribunal Regional Eleitoral ou por meio da plataforma online do TSE: https://www.tse.jus.br/eleitor/titulo-deeleitor/pre-atendimento-eleitoral-titulo-net
Áudio de ex-assessor indica suposta “rachadinha” na Câmara de Foz do Iguaçu Bruno Soares
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Câmara Municipal de Foz do Iguaçu está no centro de mais uma polêmica com indícios de corrupção. Em circulação nas redes sociais desde 20/3, a gravação de uma conversa entre o jornalista Luciano Alves com o gestor de marketing Felipe Menger indica que a prática de “rachadinha” seria comum entre vereadores da atual legislatura. “Fizeram toda essa maracutaia, do vereador ganhar
meio que ‘pareio’ com assessor, justamente pra pegar (dinheiro) do assessor, entendeu? Só que rachadinha é crime. Não tem conversa, entendeu? É corrupção”, denuncia Felipe ao revelar sua experiência dentro do Legislativo municipal. Com pouco mais de 20 anos, Felipe Menger chegou à Câmara em agosto de 2020 por indicação de Admilson Galhardo para exercer a função de “Assessor Parlamentar PL5”, junto ao gabinete do então verea-
dor Elizeu Liberato (PL). Além de atuar como assessor direto de Elizeu, também trabalhou de forma paralela para a campanha eleitoral de 2020 para Galhardo. Procurado pela reportagem, Elizeu Liberato confirmou que nomeou Felipe a pedido de Galhardo. Em 2020, Elizeu Liberato não foi reeleito. Já Admilson Galhardo sim. Na nova legislatura, manteve a nomeação de Felipe até junho de 2021. Durante a conversa com o jornalista Luciano Alves,
ao mencionar a prática de rachadinha por Galhardo, Felipe compartilhou que em razão de se negar a manter o pagamento dos repasses para o vereador terminou por ser exonerado. A reportagem entrou em contato com Felipe Menger pelo WhatsApp. Após ser informado sobre o teor da matéria, o ex-assessor confirmou o áudio e sua acusação sobre a prática de “rachadinha”. “Minha experiência dentro da Câmara foi curta, no curto período tudo que tem
de errado pra se fazer era feito dentro de muitos gabinetes… não é algo exclusividade de vereador A ou B… mas claro que por se tratar de um mandato com o qual eu estava envolvido ficou mais escancarado na minha percepção”, respondeu. Galhardo afirmou, por meio de seu advogado, que nega as acusações. O representante do vereador ressaltou que irá tomar as providências cabíveis para provar a inocência do seu cliente.
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Sem máscaras, Europa enfrenta alta de casos e acende alerta para o Brasil Para Comissão de Enfrentamento à Covid da UFPR, flexibilização no Paraná é precoce Giorgia Prates
Ana Carolina Caldas
Um ou dois meses depois
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governador do Paraná, Ratinho Junior, sancionou na terça, 29/3, decreto que derrubou a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre e em locais fechados no Paraná. No dia anterior, a Prefeitura de Curitiba já havia decretado a liberação. Ambos os decretos mantêm o uso obrigatório em unidades de saúde, hospitais e transporte público. No entanto, a medida é considerada precoce para especialistas que olham a situação de países europeus que enfrentam aumento de casos e mortes após a flexibilização de normas para prevenção da Covid. Nesses países, após a redução ou abolição de medidas restritivas, houve nova onda de casos de coronavírus. Na maior parte das nações, o número de mortes ainda não cresceu, mas as unidades de terapia intensiva (UTI) voltaram a ser mais demandadas. Além disso, noPUBLICIDADE
vas variantes e subvariantes ameaçam a saúde pública. Na Alemanha, por exemplo, a subvariante BA.2 da Ômicron já é responsável por 48% dos novos
casos. Alguns governos chegaram até a decretar o fim da pandemia e anunciaram que a Covid passaria a ser encarada como uma endemia.
Para a Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Brasil poderá repetir esse cenário europeu. Segundo o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular Emanuel Maltempi de Souza, o padrão que se consolida é que o quadro no Brasil repete o da Europa cerca de 1 a 2 meses depois. “Os números de casos e mortes começaram a subir há cerca de 1 semana, em particular no Reino Unido e Alemanha, coincidindo com a eliminação da obrigação de uso de máscaras em todos os ambientes. As causas para esse aumento podem incluir também o surgimento de novas variantes (Ômicron BA.2 ou Deltacron) e a queda da imunidade conferida pela vacina. Enquanto o clima na Europa vai se aquecendo, no Brasil vai esfriando, facilitando a propagação de doenças respiratórias,” diz. Para ele, depois da vacina, a máscara é a principal forma de conter transmissão da Covid-19, portanto deveriam ser utilizadas enquanto a circulação do vírus é alta. “Temos ainda média diária de aproximadamente 40
mil casos diagnosticados no País. E, no Estado do Paraná, mais de 2.500, o que é considerado um cenário de risco. Diante disso, considero que o uso opcional de máscaras em ambientes externos nos quais não ocorre aglomeração é adequado e aceitável. Em ambientes internos, especialmente onde não há possibilidade de manter distanciamento adequado, o uso de máscara, no meu entender, continua essencial no presente nível de circulação viral.” Maltempi, ao analisar a liberação do uso para crianças menores de 12 anos, disse que é uma medida arriscada. “No caso das crianças, penso que seria uma oportunidade para criar e consolidar o hábito de uso de máscaras, mostrando a importância que nosso comportamento e atitudes podem ter para proteção da comunidade. Por isso acho a decisão do governo estadual lamentável, porque esse é o público, atualmente, menos protegido”, conclui.
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Espetáculo trata da história de herói negro João Cândido Felisberto
DICAS MASTIGADAS
O texto faz também paralelo com a vida do ator e diretor curitibano Isidoro Diniz Redação
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partir da narrativa sobre a história de vida e luta de João Cândido Felisberto, o herói injustiçado do Brasil, durante a Revolta da Chibata, a Cia. Nossa Senhora do Teatro Contemporâneo apresenta o espetáculo “Solo dos Mares e a Revolta dos Meninos Homens de uma Nação Suspensa”. A apresentação integra a Mostra de Conteúdos Digitais Pandêmicos do Festival de Teatro de Curitiba e será exibida no Cine Passeio, na Sala Valêncio Xavier, nos dias 2/4 e
8/4, às 18:30. As sessões contarão com intérprete de Libras. Através de um “solo manifesto” tendo como tema central a vida de João Cândido, serão narradas situações cotidianas apresentando o racismo estrutural que persiste até os dias atuais com tantos outros líderes nacionais, apontando também outras personalidades que não foram reverenciadas, como: Machado de Assis, Clóvis Moura, Carolina de Jesus, Grande Otelo, Clementina de Jesus, Abdias Nascimento, Irmãos Rebouças, entre tantos outros.
Ao mesmo tempo, o espetáculo traça um paralelo com a história do Benedito Izidoro Diniz, diretor e pesquisador da peça, que comemora 40 anos de carreira no Paraná. O texto cria um elo entre o João, que se tornou marinheiro e nasceu em 1880, em uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul e o Benedito, que se tornou artista e nasceu em 1958, também em uma fazenda, só que no interior do Paraná. Ambos homens de luta e resistência para superar todas as adversidades que a condição de pretos impõe.
Reprodução
Sopa de beterraba A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br
Kraw Penas
Astronomia
Cinema inclusivo
O Projeto de Extensão Astropop, da Universidade Federal do Paraná, convida os interessados para o curso gratuito “Formação para o ensino de Astronomia no Ensino Fundamental”,
oferecido na plataforma UFPR Aberta, totalmente via Internet e gratuito. Seguindo a ideia de cursos com participação massiva, cada participante pode realizar o curso no seu tempo.
Módulos O curso é dividido em 7 módulos que abordam: História da Astronomia, História dos calendários, Concepções alternativas, Estações do ano, fases da Lua, Eclipses, Movimento aparente do Sol, Olim-
píadas Brasileira de Astronomia e Astronáutica, Astronomia na sala de aula e atividades práticas para o Ensino de Astronomia na escola. Tire dúvidas pelo vídeo: https://www.youtube. com/watch?v=WhGD7Qc1hiQ
A Cinemateca de Curitiba passará a exibir filmes com acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva. O Cinema de Inclusão terá audiodescrição, legendas e tradução em Libras, sempre em um sábado de cada mês, às 15h. A primeira sessão será no sábado (2 de abril) com a exibição do longa Carmen Miranda: “Bananas is my Business” com audiodescrição e legendas. Onde? Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174.
credito
Ingredientes 6 beterrabas orgânicas. 1 cebola orgânica. 1 cenoura orgânica. 2 colheres (sopa) de azeite ou óleo. 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina. 2 colheres (chá) de açúcar. 1,5 litro de caldo de legumes. Suco de meio limão orgânico. Sal e pimenta a gosto. Modo de preparo Préaqueça o forno a 180 °C. Descasque e corte as beterrabas em quartos. Corte um pedaço grande de papel alumínio e coloque numa assadeira. Disponha as beterrabas no centro e regue com o azeite. Embrulhe as beterrabas fazendo uma trouxinha com o papel alumínio. Leve ao forno para assar por 50 minutos até ficarem macias. Pique a cebola em pedaços pequenos. Rale a cenoura. Em uma panela grande, refogue cebola e cenoura na manteiga, tempere com uma pitada de sal. Junte as beterrabas assadas, o açúcar e o caldo. Aumente o fogo e deixe cozinhar até ferver. Abaixe o fogo novamente, tempere com sal e pimenta a gosto e deixe cozinhar por mais 30 minutos. Transfira os legumes com o caldo para o liquidificador. Junte o suco de limão e bata até a sopa ficar lisa.
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Acaba esta semana a pré-temporada do futebol brasileiro
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Dois lados da moeda
Finais dos estaduais são aperitivo para Libertadores e Brasileirão Frédi Vasconcelos
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o primeiro final de semana de abril acabam os estaduais, espécie de pré-temporada para os principais times de futebol no Brasil. Embora a maioria diga que esses campeonatos não valem muita coisa, são suficientes para derrubar técnicos e instalar crises em equipes. Tradição que se mantém. Em 2022, dos 20 times da série A, pelo menos seis já trocaram técnicos nos primeiros meses: Atlético Goianiense, Avaí, Botafogo, Ceará, Corinthians, Goiás e Santos. E alguns estão na corda-bamba por conta dos resultados no estadual, nas primeiras fases da Copa do Brasil ou pelo futebol jogado, como nos casos do Athletico Paranaense e Internacional. E mesmo em times que disputam as finais, há quem tenha o
trabalho contestado. No Flamengo, o time mais caro do Brasil, o português Paulo Sousa terá de dar muitas explicações pelo que o time apresenta, ainda mais depois da derrota para o Fluminense na primeira partida da decisão. Se o Flu for campeão, o ano já começa azedo. No Palmeiras, apesar de Abel Ferreira ter conquistado vários títulos, não caiu bem também a derrota por 3 a 1 para o São Paulo. Caso não consiga reverter o resultado na partida final, começará o Brasileiro tendo de se explicar. Outro dos times badalados do Brasil, o Galo, terá de confirmar sua superioridade em campo contra um Cruzeiro melhor que dos últimos anos, mas ainda muito abaixo de sua tradição. Como é partida única e sem nenhuma vantagem pela melhor campanha do Atlético, tudo pode acontecer.
Evocação: o ênea que não houve Por Cesar Caldas
Corria o ano de 1977: o Coritiba era o hexacampeão estadual. Já poderia ser ênea, se a sequência do bi (1968-1969) não tivesse sido interrompida em 1970 pelo Atlético-PR. A busca do (até hoje) inédito heptacampeonato dependia dos jogos finais diante do Grêmio de Esportes Maringá. A derrota no primeiro jogo no Estádio Regional Willie Davids (0x1) na Cidade-Canção não assustou a torcida alviverde, que confiava na reversão do resultado no Alto da Glória. No 3 de outubro, contudo, a decepção: o Galo do Norte conseguiu o empate. Impediu, assim, outro ênea coxa-branca, pois os títulos nos dois anos subsequentes fecharam o ciclo virtuoso de 10 títulos em 12 anos (1968-1979) do Verdão. Só América (1916-1925) e o ABC (1932-1941) têm mais que oito títulos seguidos: são decacampeões mineiro e potiguar, respectivamente. Em 2022 o Maringá a ser batido é outro.
No Paraná, o Coxa venceu de virada o Maringá. Precisa confirmar no final de semana um título que não vem desde 2017. Brasileiro e Libertadores Se a “pré-temporada” já teve muitas emoções, os principais campeonatos começam agora em abril. Nos dias 6, 7 e 8 vem a fase de grupos da Libertadores, com a presença dos oito times brasileiros, entre eles o Athletico. E, na sequência, os brasileiros da Séria A e B. No meio do mês tem também a terceira fase da Copa do Brasil. Campeonatos que definem, na verdade, quem se destacará e quem perderá o ano em 2022. É ver quem sobrevive.
Esta semana, o Barcelona, time catalão, foi protagonista de dois episódios do futebol feminino. E como a vida é repleta de contradições, temos aqui mais uma. Começando pelo viés negativo, na terça-feira, 29, a atacante Gio Queiroz publicou carta aberta ao presidente do Barcelona na qual denunciou assédio moral e psicológico que viveu dentro do clube. A jogadora afirmou que “não se pode aceitar nem tolerar a cultura de assédio e violência machista contra as mulheres” e relatou pressão sofrida por ela para não defender a Seleção Brasileira. O tom é forte e demonstra a coragem de se fazer uma denúncia dessa. Sempre batemos na tecla que respeito e condições dignas de trabalho fazem parte do mínimo que deve ser exigido no futebol de mulheres. Denúncias como essa mostram que ainda estamos longe do mínimo. Por outro lado, o mesmo Barcelona colocou 91.553 pessoas no Camp Nou para acompanhar o primeiro “El Clasico” dentro do estádio, nas quartas de final da Champios League Feminina. Um verdadeiro recorde de público para o futebol feminino, o maior entre partidas de clubes. Para coroar, veio a goleada por 5x2 no Real Madrid e a vaga para a semi.
Incógnitas
Depois da tempestade...
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Embora conhecido no mundo do futebol, o novo técnico do Paraná, Omar Feitosa, tem baixa experiência à beira do gramado. A única oportunidade em que ele treinou uma equipe foi à frente do Brasília, em 2015. Chega ao tricolor com indicação de Cuca, com quem trabalhou no próprio Paraná, em 2003. Se falta experiência como treinador, sobram participações como preparador físico, diretor de futebol e membro de comissões técnicas. Entre essas, passagens por Palmeiras, Santos, São Paulo, Chapecoense, Grêmio, seleção do Líbano entre outras. Tamanho conhecimento poderá ser útil na formação da equipe. Faltando pouco menos de três semanas para o início da Série D, o tricolor não tem sequer um esboço de time. Incógnita maior do que a capacidade de Feitosa como treinador é a capacidade do Paraná conseguir montar uma equipe minimamente competitiva.
Após a derrota dolorida contra o Coritiba no Paranaense, o Furacão começou a semana da ressaca com boas notícias para o torcedor. Mais quatro reforços de peso foram apresentados: Vitinho, que estava no Dínamo de Kiev, aceitou a redução salarial proposta pelo clube e fechou empréstimo até o fi m do ano. Orejuela, lateral direito colombiano de 26 anos, chega também por empréstimo junto ao São Paulo; Canobbio, meia uruguaio, tornou-se a contratação mais cara da história do Furacão: R$ 15 milhões. Por fim, o experiente zagueiro Dedé rescindiu com a Ponte Preta e fechou contrato de produtividade com o Athletico. A notícia ruim fica por conta da permanência do técnico Alberto Valentim. Difícil acreditar que o treinador vai aguentar a sequência de jogos decisivos que estão agendados para abril.