Esportes | p. 8
Quem faz mais gols Temporada já tem artilheiros, alguns desconhecidos
PARANÁ
Cultura | p. 7
Editorial | p. 2
Paraná | p. 6
Preservar a memória
Memória e verdade
Mandato em risco
Projeto valoriza patrimônio cultural dos Guarani M’Bya, em Cananéia
Gravações de Tribunal mostram tortura. Governo despreza revelações
Deputados pedem cassação de coronel Lee, que ameaçou Lula
Ano 5 Edição 253 20 a 28 de abril de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
Divulgação Giorgia Prates
Abril indígena Evento aproxima estudantes do modo de vida de povos originários Brasil | p. 5
Cidades | p. 4
Luta pela vida
Divulgação
Criadora de movimento de desencarcerados diz que contribuinte está “pagando pra matar”
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 28 de abril de 2022
Memória, verdade e justiça acima de todos
EXPEDIENTE
editorial
A
s gravações de sessões do Superior Tribunal Militar durante a ditadura, que vieram a público no último domingo (17), colocaram em evidência a conivência da Justiça Militar com a tortura de presos políticos opositores ao golpe de 1964. O material reforça que a utilização sistemática da tortura, hoje, pelo
aparato de segurança público brasileiro, é consequência da não punição de tais práticas por agentes do Estado no período ditatorial. No entanto, o vice-presidente, Mourão, ironizou a possível investigação dos áudios. Ao ser questionado, respondeu, dando risada: “Apurar o quê? Os caras já
morreram tudo”. Uma grande ofensa ao direito à memória e à história do país. O episódio lamentável aconteceu após Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura. A construção de um país se faz partir da história de seu povo. O direito à verdade e à
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
memória sobre a história brasileira precisam ser reivindicados para que aprendamos com os erros do passado. Para que não mais aconteçam. É necessário investigar e punir os crimes da ditadura militar para a construção de um presente e de um futuro no qual o Estado brasileiro não pratique violência contra seu povo.
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 253 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Guilherme Uchimura, Isadora Stentzler e Milton Alves ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr
SEMANA
opinião
O saque famélico em supermercado do Rio Milton Alves,
jornalista e escritor
O
s festejos da Páscoa no fim de semana também mostraram o crescente abismo social do país: uma parcela festeja e degusta as comidas típicas e milhões de brasileiros estão mergulhados no desespero da fome e da indigência, são famílias do andar de baixo da sociedade, jogadas na zona da exclusão social, após as sucessivas políticas de destruição de direitos sociais e do desemprego — agravadas durante a pandemia — e
pela nefasta política econômica do governo bolsonarista. O saque famélico ocorrido na noite de sábado (17) no supermercado da rede Inter, em Inhaúma, Zona Norte do Rio de Janeiro, revela a escalada do flagelo da fome e da insegurança alimentar, que atingem com maior intensidade a população mais pobre das periferias das capitais e regiões metropolitanas — um cenário dramático. É necessário dizer em alto e bom som que o aumento generalizado dos preços dos alimentos da cesta bási-
ca, do aluguel, do botijão de gás, dos combustíveis e das tarifas de energia, que têm penalizado as camadas mais pobres e médias da população, são um resultado direto da política econômica do governo da extrema direita e de seus sócios do Centrão. Portanto, Bolsonaro e Paulo Guedes são os responsáveis políticos e institucionais do saque famélico ocorrido em Inhaúma. O governo federal, e não a população do local, é que deve ser responsabilizado. O desemprego, a fome e a carestia serão, obrigatoriamente, temas da agenda
da disputa presidencial de 2022, demandando propostas concretas para enfrentar os resultados da política de exclusão social e recolonização do Brasil. Resta saber se a esquerda – partidária e social – atuará de forma combativa e diligente para impulsionar um amplo movimento contra a fome e a carestia, canalizando os protestos para uma saída política que derrote nas ruas e nas urnas o governo esfomeador de Bolsonaro. Leia o artigo completo em brasildefatopr.com.br
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Brasil de Fato PR Geral 3
Paraná, 20 a 28 de abril de 2022
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
Metade dos reajustes não recupera perdas Ficou em 51,9% o índice de reajustes abaixo da inflação para o mês de março de 2022. Isso representa pelo menos 231 negociações em que a classe trabalhadora sequer conseguiu repor as perdas dos últimos doze meses. O levantamento é feito pelo Dieese, a partir de análise do INPC medido pelo IBGE. Os números ainda mostram que as negociações trabalhistas têm sido desfavoráveis. Em fevereiro, 55% dos reajustes foram abaixo da inflação. Em janeiro, 34,7%. Segundo a análise, apenas 13,9% das negociações conquistaram aumentos reais para o mês de março. Em grande medida, os acordos ruins refletem o aumento do custo de vida da população. “A inflação elevada e crescente ainda é fator negativo para o desempenho das negociações salariais no Brasil. Com a elevação dos preços em 1,71% em março, sempre segundo o INPC, o valor do reajuste necessário para as categorias com data-base em abril será de 11,73%, o mais alto no período analisado”, pontua o Dieese. Outro dado preocupante é o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 2,37% em março, segundo a FGV. Com este resultado, o índice acumula alta de 6,00% no ano e 15,57% em 12 meses. O principal responsável pela alta é a política de preços do governo Bolsonaro.
É ESSE?
“Tortura é crime, e não motivo de piada” Disse em suas redes a deputada federal Erika Kokay (PT-DF). Para ela: “(o vice-presidente) Mourão ironiza áudios sobre tortura na ditadura porque a tortura é naturalizada neste governo. Estamos falando de um governo que exalta torturadores e celebra a ditadura.
Guilherme Uchimura
O que são federações partidárias?
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COAFTRIL – Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares Ltda. Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária O Presidente da COAFTRIL – Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares Ltda, com sede a Rua Padre Francisco Webber, nº10, sala 02 Centro, São João do Triunfo PR, Cep 84.150000, inscrita no CNPJ nº 22.244.279/0001-91, NIRE: 41400022358, no uso das atribuições que lhe confere o Estatuto Social, convoca os senhores associados, cujo número para efeito de quórum, nesta data é de 40 (quarenta), para reunirem-se em Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se no dia 30 de abril
2022, na propriedade rural do cooperado Emilio Paizani de Chaves, em Guaiaca dos Pretos, área rural Município de São João do Triunfo-PR, em primeira convocação às 7:00 horas, com a presença de 2/3 (dois terços) dos associados; em segunda convocação às 8:00 horas, com a metade mais um (50%+1) dos associados; ou, ainda, em terceira e última convocação às 9:00 horas, com a presença de, no mínimo, 10 (dez) associados, para deliberar sobre: 1) Apresentação dos novos cooperados e comunicação dos que saíram; 2) Apresentação, discussão e aprovação do
Relatório da Diretoria referente à Prestação de Contas do Exercício Social encerrado em 31 de dezembro de 2021, incluindo: - Relatório da Gestão; - Balanço das atividades; - Balanço Geral; - Demonstrativo das sobras apuradas, ou das perdas; Parecer do Conselho Fiscal; - Plano de atividades para o exercício seguinte. - Destinação das sobras e ou perdas.3) Eleição e posse do novo Conselho Fiscal; 4) Assuntos Gerais. São João do triunfo/PR, 19 de abril de 2022. Paulo dos Santos Antunes Presidente – COAFTRIL
COAFTRIL – Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares Ltda. Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária O Presidente da COAFTRIL – Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares Ltda, com sede a Rua Padre Francisco Webber, nº10, sala 02 Centro, São João do Triunfo PR, Cep 84.150-000, inscrita no CNPJ nº 22.244.279/000191, NIRE: 41400022358, no uso das atribuições que lhe confere o Estatuto Social, convoca os senhores associados, cujo número
para efeito de quórum, nesta data é de 40 (quarenta), para reunirem-se em Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se no dia 30 de abril 2022, na propriedade rural do cooperado Emilio Paizani de Chaves, em Guaiaca dos Pretos, área rural Município de São Joao do Triunfo-PR, em primeira convocação às 13:00 horas, com a presença de 2/3 (dois terços) dos associados; em segunda convocação às 14:00 horas, com a metade
mais um (50%+1) dos associados; ou, ainda, em terceira e última convocação às 15:00 horas, com a presença de, no mínimo, 10 (dez) associados, para deliberar sobre: 1) Alteração consolidação Estatutária; 2) Alteração de endereço e abertura e filial; 3) Assuntos gerais. São João do triunfo/PR, 19 de abril de 2022. Paulo dos Santos Antunes Presidente – COAFTRIL
A federação partidária é o nome da nova forma de consolidação de alianças entre partidos políticos. Para as eleições de cargos do legislativo (senadores, deputados e vereadores), as federações entram no lugar das antigas coligações a partir das eleições de 2022. As coligações, por sua vez, continuam valendo, mas apenas para as eleições de cargos do executivo (presidente, governador e prefeito). O que muda? (1) As federações devem ter caráter nacional e durar pelo menos 4 anos, funcionando durante esse período como se fossem apenas um partido. (2) As federações serão consideradas para a distribuição proporcional das cadeiras da Câmara dos Deputados e para a aplicação da chamada cláusula de barreira. (3) Além disso, serão consideradas para acesso a recursos públicos decisivos na corrida eleitoral, como o cálculo do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão e a distribuição do Fundo Partidário. A união dos partidos em federações, porém, não acaba com a autonomia e a identidade de cada um deles. A estrutura, o número, a simbologia e as formas de organização interna de cada partido permanecerão os mesmos. Guilherme Uchimura Advogado e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares
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Uma mãe na luta pelo desencarceramento Isadora Stentzler
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oi tão em cima da hora que, quando a professora aposentada Marilene Lucas da Silva percebeu que ninguém poderia representar o Paraná pela Frente pelo Desencarceramento do Estado, ela disse que iria. Já fazia quase dois anos que reunia denúncias de violação de direitos humanos no sistema penitenciário do estado, que perder a oportunidade de entregar isso ao comitê de enfrentamento à tortura da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil em fevereiro deste ano, estava fora de cogitação. Reuniu os documentos que tinha, em menos de dois dias, e pegou um avião para Brasília. Chegou à capital no dia do encontro com a ONU, com 20 mulheres de diversos estados do país. O motivo era trazer denúncias de violações dos direitos humanos de pessoas privadas de liberdade durante a pandemia. Marilene trabalhava nessa luta desde 2020. Veio de uma família tradicional, estudou em colégio de freiras, mas, quando professora, atuou em colégios periféricos de Campo Largo, a 30 quilômetros Curitiba. Isso lhe fez perceber que as crianças traziam em suas brincadeiras uma realidade diferente da dela, em que a violência policial e o tráfico de drogas eram rotina. O que nunca imaginou é que veria isso na própria família, quando o filho foi preso por tráfico, em 2019. Por sofrer de epilepsia refratária, ele precisa de um acom-
panhamento direto, pois o corpo muda a reposta às medicações de forma recorrente, daí foi encaminhado ao Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Em tese, a unidade deveria ter uma estrutura médica para atender a doentes, mas bastou uma visita para perceber que aquele lugar não se encaixava nisso. Debilitado e em uma cadeira de rodas, no fim de 2019, o jovem que a mãe via mal conversava, diferenciando-se muito daquele que entrara no sistema. A comunicação mais eficaz entre eles veio por um bilhete que colocou a mãe em uma luta sem volta: o CMP era uma masmorra e seu filho, sentiu, estava sendo “envenenado”. Na época, a frente pelo desencarceramento ainda não existia, mas o bilhete serviria para semear a criação do grupo. Marilene havia estudado neuropsicolo-
gia e, com dois filhos com epilepsia, pesquisava sobre a doença e a medicação. Ela sabia o que a doença significava. Por isso que, ao ver seu filho em uma cadeira de rodas, teve a certeza de que algo não ia bem. Mas precisava de provas. “Em 24 de dezembro de 2019 soube que ele havia sido transferido para um hospital. Não me deixaram ver meu filho porque ele era responsabilidade do Estado”, relembra. “Com muito custo consegui entrar e fil-
“As denúncias foram vindo. Entre elas, estavam a retenção de medicação, má alimentação e a reutilização de itens básicos de saúde”
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“A gente paga imposto para ressocialização, não para homicídio. E o contribuinte está pagando pra matar”
mei ele. Daí eu vi que seus olhos estavam inchados e a boca inchada. Aquilo era sinal de alergia. Também tirei foto da cabeça, cheia de feridas. Pensei: como que pode se tem médico lá dentro? Aí eu comecei a luta.” O caminho que Marilene passou a trilhar a partir disso foi de uma investigadora, o que abriu portas para que outras mães e esposas com filhos e companheiros presos no sistema, no Paraná, a buscassem para lutarem pela garantia dos direitos. “Paralelo à questão do meu filho, familiares de pessoas que morreram no sistema me procuraram. Começamos a conversar e vimos que CMP era, como eu gosto de Divulgação
chamar, central pra matar preso. As denúncias foram vindo. Entre elas, estavam a retenção de medicação, má alimentação e a reutilização de itens básicos de saúde, como bolsas de colostomia. Dessas denúncias é que se formou um grupo de mulheres que criou a Frente pelo Desencarceramento do Paraná, em 2020. Em janeiro deste ano, já tinha um arsenal de denúncias, era preciso organizar. O documento pronto trazia cerca de 200 páginas de violações em presídios do Paraná. Tudo foi entregue em mãos ao comitê. No ato, Marilene ainda pode falar, por 5 minutos, sobre as denúncias. Eram fotos, cartas, e-mails trocados, decisões judiciais, laudos médicos e a análise de quem se assessora com advogados para embasar os argumentos. “A gente paga imposto para ressocialização, a gente não paga imposto para homicídio. E, sinceramente, o contribuinte está pagando pra matar”, denuncia. Quatro meses após a denúncia ter ido à ONU, ela ainda aguarda respostas. No mês passado, o Conselho Regional de Medicina determinou a interdição ética do CMP, que não pôde mais receber apenados. Mas, para Marilene, é só um respingo de uma luta que é constante.
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Abril Indígena aproxima estudantes da história real do Brasil O objetivo é divulgar os costumes do povo indígena como meio de salvar o planeta Ana Carolina Caldas
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om o tema “Nhandereko para salvar o planeta” aconteceu este ano a primeira edição do Abril indígena no Território Indígena Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara. Promovido por famílias das etnias Guarani, Kaingang, Tukano e Terena, em parceria com Prefeitura da cidade e movimentos sociais, o evento foi parte das mobilizações realizadas em todo o Brasil destacando a cultura e luta dos povos indígenas. “Nhandereko” significa o modo de vida dos indígenas e, segundo os organizadores, o tema foi escolhido com o objetivo de sugerir costumes indígenas, como os cuidados com a natureza e o modo de interagir com a terra, exemplo a ser seguido para salvar o planeta. A programação contou com atividades culturais, de plantio de árvores a rodas de conversa voltadas à vivência dos costumes indígenas. Alunos das escolas municipais de Curitiba e Região Metropolitana também realizaram visitas e participaram de várias ações. “Nós construímos essa pro-
gramação para receber as escolas municipais e, assim, divulgar a importância da cultura indígena e disseminar a necessidade de união dos povos. Quem chegar aqui vai vivenciar o modo de vida real dos povos indígenas, e não o caricaturizado”, explicou Eloy Jacinto, da Tribo Guarani e um dos organizadores. Rodas de conversa também aconteceram entre indígenas e estudantes para debater temas atuais,
mas também conscientizar sobre a história dos indígenas no Brasil. Falamos sobre a história verdadeira do passado e a realidade no Brasil atual. Por exemplo, sobre os projetos que estão tramitando no Congresso e tentam acabar com os povos indígenas e o meio ambiente”, contou Eloy. Contra a retirada de direitos Entre as pautas políticas e nacionais Giorgia Prates
Devastação é 20 vezes menor em terras indígenas, habitantes pagam com a vida Estudos evidenciam os resultados positivos e o custo humano da luta Murilo Pajolla
Brasil de Fato | Lábrea (AM)
L
evantamento do Mapbiomas, divulgado no “Dia do Índio” (19), confirma que as Terras Indígenas (TIs) estão entre as principais barreiras contra o avanço da devastação ambiental. Nos últimos 30 anos, as TIs perderam 1% da vegetação nativa. Já nas áreas particulares, foi de 20,6%. A preservação, no entanto, ocorre às custas de assassinatos e episódios violentos. Segundo a Comissão Pas-
toral da Terra (CPT), em 2021 os indígenas foram as principais vítimas de assassinatos, mortes indiretas e episódios violentos por conflitos no campo. No ano passado, por exemplo, um grupo de indígenas isolados foi massacrado por garimpeiros quando tentava expulsá-los de seu território, conforme apontou a CPT. Das 109 mortes causadas indiretamente por conflitos no campo em 2021, 101 foram de indígenas - todos Yanomami. “Os números [da violência no
campo] têm crescido ainda mais nesse período de ruptura política no Brasil a partir de 2015 e 2016. E têm se intensificado muito mais durante o governo Bolsonaro”, afirmou a advogada e coordenadora do CPT, Andréia Silvério. Os territórios ancestrais são fundamentais para “manter os rios voadores e garantir a segurança hídrica, alimentar e energética”, publicou no Twitter o coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo. “Assegurar os direitos dos povos indígenas é assegurar nosso futuro”, completou.
do Abril Indígena de 2022 está a luta contra ameaças que vêm do Congresso Nacional. Os indígenas em todo o país se mobilizam contra a aprovação de projetos que ameaçam direitos e a preservação dos territórios tradicionais. Entre eles, os PL 490/2007 — que pode modificar as atuais normas legais para demarcação de terras indígenas — e o PL 191/2020 — que abre a possibilidade de projetos de mineração e de infraestrutura em terras indígenas. Isabel Tukana, coordenadora do Levante pela Terra e também uma das organizadoras do Abril Indígena, diz que o 19 de abril não é de festa. “Não temos muito o que comemorar porque é muita destruição e muito derramamento de sangue. O atual governo tenta colocar uns contra os outros, fazendo lavagem cerebral, tentando convencer que os projetos vão trazer progresso. Por isso, fazemos nosso Abril Indígena para trazer reflexões. Nosso primeiro aqui em Piraquara trouxe a população para dentro da floresta para mostrar nossos projetos de defesa da vida, de semear sementes para brotar”, explica.
GARIMPO E BOLSONARO DESTROEM A AMAZÔNIA A preservação que ainda vigora nas TIs pode estar ameaçada pelo aumento do ritmo da devastação. O Mapbiomas concluiu que o desmatamento nessas áreas aumentou em média 70% entre 2018 e 2020, em comparação com os três anos anteriores. O período coincide com a campanha eleitoral quando Jair Bolsonaro (hoje no PL) se tornou um ator relevante no cenário político nacional.
Leia a matéria na íntegra no brasildefato.com.br.
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Deputado que ameaçou Lula na Assembleia Legislativa pode ser cassado Caso é mais um que aponta para aumento da violência política em ano de disputa eleitoral
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eputados da bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná protocolaram na quarta, 13, requerimento pedindo providências quanto às injúrias e ameaças de morte proferidas pelo deputado Coronel Lee (DC) contra o ex-presidente Lula, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e militantes de partidos de esquerda, proferidos no dia 6 de abril em sessão do Poder Legislativo.
No pedido, a bancada argumenta que as afirmações “excederam as prerrogativas e imunidade parlamentar” e configuram quebra de decoro, uma vez que afrontam o artigo 59 da Constituição Estadual e artigo 271 do Regimento Interno da Assembleia. Na ocasião, o deputado afirmou: “a última vez que esse bando do MST e da esquerda vieram nos visitar, queriam conversar com a gente, foram parar no inferno, então Lula, mande a sua turma toda falar com a gente de novo, e vocês
vão visitar seus amigos que estão lá”. Para o presidente estadual do PT e líder da oposição na Assembleia, Arilson Chiorato, o episódio revela uma radicalização do discurso e ameaça à democracia. “Toda fala que tenha conteúdos agressivos e violentos, independente de eleições polarizadas, causa impacto e precisa ser punida. Não podemos deixar a barbárie tomar conta da disputa política. A democracia exige respeito e tratamento diferenciado.
A fala do coronel desperta ódio e violência. E um ambiente polarizado entre Lula e Bolsonaro, incita posturas mais violentas”, reflete Chiorato. Em nota divulgada após o discurso, a bancada manifestou preocupação com a escalada da violência política de parlamentares bolsonaristas, especialmente em ano eleitoral, uma vez que Lula aparece como líder nas pesquisas à Presidência. “O ódio não pode ser ferramenta de disputa política, nem o discurso violento como retórica”, afirmaram. O requerimento à mesa diretora da Assembleia foi assinado pelos deputados Arilson Chiorato (PT), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Requião PUBLICIDADE
Gabriel Carriconde
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Filho (PT) e Tadeu Veneri (PT). A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa do Coronel Lee, mas até o fechamento desta matéria não recebeu qualquer manifestação da equipe do parlamentar. Outros casos de ameaças Outros casos envolvendo parlamentares bolsonaristas se somam ao do
Coronel Lee. Em março, ao reagir a uma declaração do ex-presidente Lula que pedia a sindicalistas que fossem à casa de parlamentares para conversarem com familiares, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) gravou vídeo usando uma pistola e com ameaças. “Vou esperar vocês lá, sua turma, você, vai conversar com minha esposa, minha filha, vocês serão muito bem-vindos”, ameaçou enquanto exibia uma arma. O deputado mineiro foi alvo do inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal. Outro que resolveu utilizar o mesmo método de ameaça foi o deputado Coronel Telhada (PP-SP). Reagindo à mesma fala de Lula, Telhada fez vídeo ameaçando o petista com uma arma presa em sua cintura. “Ô Lula, vai lá em casa. Incomodar a minha mulher, meus filhos, meus netos. Tô te esperando lá. Pode vir quente que a gente tá fervendo”, ameaçou.
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Projeto registra memória e tradições indígenas na Mata Atlântica Ação surgiu de demanda das comunidades por valorizar seu patrimônio cultural Ana Carolina Caldas
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organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica criou projeto de valorização do patrimônio cultural do povo Guarani M’Bya, que vive em Cananeia (SP), por meio de registros fonográficos e audiovisuais da memória, dos saberes e das tradições culturais. A iniciativa, que começou em 2015, foi uma demanda das próprias comunidades, que viram a possibilidade de expandir os trabalhos com a cultura indígena local em parceria com a Terra Indígena Tekoa Takuari-Ty, da etnia Guarani M´Bya. Segundo Abílio da Silva Martins Wera Poty, liderança indígena, com o apoio do ponto de cultura: “Ficou mais fácil realizar nosso trabalho, participar de encontros e apresentações fora de Cananeia, além da importância da divulgação que eles fazem dos nossos direitos e da realidade das aldeias”, diz. Em 2021, o ponto de cultura também colaborou com o registro dos cantos e danças tradicionais da Tekoa Takuari-Ty. Os conteúdos gerados estão disponíveis em plataformas digitais, como YouTube e Spotify, assim como também foram produzidas mídias (CD e DVD) como possibilidade de venda e geração de renda, potencializando a economia comunitária na aldeia.
A história e a cultura Guarani M’Bya são de tradição oral, passadas dos mais velhos aos mais jovens, constando muito pouco sobre elas nos livros e na história oficial. “O registro criativo da cultura e da memória oral dos Povos da Mata Atlântica é importante não só para as culturas relacionadas a eles em si, mas principalmente para recontar a verdadeira história do Brasil”, afirma Fernando Oliveira, gestor do Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica.
Turismo Em 2016, o Ponto de Cultura também ajudou a criar roteiro de turismo pedagógico para incluir a Terra Indígena Tekoa Takuari-Ty como destino de grupos escolares, fortalecendo a cultura indígena através da educação e do turismo responsável e de base comunitária.
Para conhecer, acesse: Youtube: Canal Tekoa TakuariTy Spotfy: M`bva Reko Jexauca – Divulgando a Cultura Guarani Divulgação
“Delírios Biomédicos” Promover o conhecimento científico de uma forma leve e descontraída. Esse é o objetivo do podcast “Delírios Biomédicos”, um projeto de extensão de alunos de Biomedicina da Universidade Federal do Paraná, sob a orientação do professor Bruno Jacson Martynhak, do Departamento de Fisiologia. Os programas abordam temas relevantes de forma simplificada, com a presença de especialistas.
Descontraído A ideia surgiu em 2019, após os alunos perceberem que as conversas do almoço sobre assuntos científicos poderiam se tornar um veículo contra a desinformação: “A gente se perguntava: ‘Por que as pessoas acham que isso acontece dessa forma?’ Começou a gravar essas conversas, ouvia e era descontraído, engraçado. Depois, surgiu a ideia de tornar uma coisa mais palpável”, conta Jessica Boschini, uma das criadoras. O podcast está disponível no YouTube e no Spotify.
Memorial Paranista O Memorial Paranista, no parque São Lourenço, tem atividades gratuitas para todas as idades até o fi m de abril. Para crianças, há cursos nas manhãs de sábado em oficinas de escultura em argila e colagem com materiais orgânicos, aprendendo sobre a arte de João Turin e soltando a criatividade. De 16 e 30 de abril, às 10h30.
DICAS MASTIGADAS | Coleslaw (salada de repolho e beterraba)
Ingredientes 1 repolho-roxo orgânico fatiado 1 beterraba orgânica ½ xícara (chá) de uvas-passas pretas ½ xícara (chá) de maionese ¼ de xícara (chá) de vinagre de maçã 2 colheres (chá) de sal Salsinha
Reprodução
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Encontre parte dos ingredientes no site produtosdaterrapr.com.br
Modo de Preparo Rale a beterraba. Pique a salsinha de forma grosseira. Lave bem o repolho fatiado em tiras finas. Deixe escorrer e depois tempere com sal e misture, amassando com as mãos e massageando bem o repolho. Aperte bem para tirar o excesso de água e transfira para uma tigela. Adicione o vinagre ao repolho e misture bem. Junte a beterraba ralada, as uvas-passas, a maionese e a salsinha.
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Prudência e velocidade para sábado Por Cesar Caldas
O jogo do próximo 23/4, às 21 horas, no Estádio Independência, pela 3ª rodada da Série A, coloca frente a frente as equipes com os ataques mais eficientes da temporada. Atlético-MG e Coritiba já haviam marcado 38 gols cada até a última terça-feira. A semelhança acaba aí. Tanto o time titular do Galo, quando seu elenco complementar (reservas de alto custo e elevada qualidade técnica), superam com folga a equipe alviverde. Atual campeão brasileiro e estadual, da Copa do Brasil e da Supercopa, o time das Alterosas não é enfrentado “de igual para igual” por time algum que tenha o juízo no lugar. Daí a necessidade coritibana de evitar a repetição das infelicidades recentes de seus bons zagueiros. Estratégia adequada será usar velocidade nos contragolpes. Empate em BH será bem-vindo, pois já guardará proximidade com os quatro atuais mais bem colocados.
De bom tamanho Por Marcio Mittelbach
O empate por 0 a 0 diante do Oeste pela primeira rodada da série D não foi bom só por ter sido fora de casa. Falhas nos procedimentos burocráticos de inscrição dos atletas impediram o tricolor de contar com os reforços trazidos após o estadual. Do time base comandado por Omar Feitosa na pré-temporada, seis atletas não puderam jogar. A solução foi trazer três jogadores da base: Miranda, Vinicius e Gui Marques. Outro recurso foi chamar o zagueiro Rodolfo Mol, que já tinha sido dispensado. A expectativa é que no jogo de domingo, às 16h, contra o São Bernardo, na Vila Capanema, todos possam estrear. Será o reencontro da equipe com a torcida após o fatídico jogo do rebaixamento seguido de invasão. Uma derrota logo na estreia poderia aumentar ainda mais a desconfiança do torcedor.
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Os artilheiros do Brasil (até agora) Campeonatos mais importantes começaram e é bom ficar de olho em quem já se destaca Frédi Vasconcelos
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o ano passado, dois dos três times de maior destaque e orçamento no país também tiveram os principais artilheiros. Hulk, do Atlético Mineiro, foi quem mais mandou a bola para as redes, 36 vezes. Logo seguido por Gabigol, do Flamengo, com 34. Depois houve empate triplo entre Gilberto (Bahia) e nomes desconhecidos do grande público como Joãozinho (Nova Venécia-ES) e Olávio (Atlético-CE), todos com 26 gols. Na temporada atual, com o começo agora dos campeonatos mais fortes, ainda é cedo para cravar quem vai estufar as redes mais vezes, mas é bom já ficar de olho. Segundo levantamento do site Goal, atualizado na manhã da quarta, 20/4, o maior artilheiro do Brasil é uma surpresa. Trata-se de Mário Sérgio, do Fluminense do Piauí, com 15 tentos no campeonato piauiense e 3 pela Copa do Brasil. Na Copa, seu time acabou eliminado pelo Santos nos pênaltis, após empate por 1 a 1 na segunda fase. Agora, a chance de fazer mais gols é na final do campeonato piauiense, em duas partidas contra o Parnahyba. O segundo colocado tem muito mais
chances de alcançar a primeira posição. Raphael Veiga, do Palmeiras, já marcou 13 gols, 7 no Paulista, 1 na Recopa Sul-Americana, 2 no Mundial de Clubes e 3 na Libertadores. Logo depois vem o vencedor do ano passado, Hulk, do Galo, com 10 gols no Mineiro, 1 na Supercopa do Brasil e 2 no Brasileirão. Seu principal perseguidor do ano passado, Gabigol, estava em sexto, com 12 gols, tendo feito apenas um no Brasileiro antes do jogaço entre Flamengo e Palmeiras, que aconteceria depois do fechamento deste texto. Com o mesmo número estão Gustavo Coutinho (Botafogo-PB), Rodallega (Bahia) e Calleri (São Paulo), sendo que o tricolor paulista fez três numa única partida do Brasileirão, num jogo que os Athleticanos do Paraná preferem esquecer. Para completar os 10 maiores artilheiros, vêm Germán Cano (Fluminense), 11 gols, junto com Léo Gamalho (Coritiba). E mais seis jogadores com 10, Rodriguinho (Cuiabá), Alex Sandro (Brusque), Edu (Cruzeiro), Marcão (Brasiliense), Nicolas (Goiás) e Erison (Botafogo). Após esta rodada muita coisa deve ter mudado. Mas é bom ficar de olho desde já e conferir quem fará mais gols.
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Tabela complicada Por Douglas Gasparin Arruda
A derrota de Carille na estreia do Brasileirão foi um balde de água fria no torcedor. Vencer o atual campeão brasileiro era tarefa das mais complicadas e, verdade seja dita, o Galo é o grande elenco da atualidade no futebol nacional. Mas quem viu o primeiro tempo do jogo criou expectativas altas para a partida. Infelizmente, o futebol tem dessas. O gol não saiu e, depois do intervalo, os mineiros voltaram com força total. Por conta do contexto, a derrota não desanima. Pelo contrário, deixa espaço para o torcedor se animar com a possibilidade real de evolução do time dentro de campo. Elenco não falta. O problema mesmo é a impaciência da tabela: o próximo confronto já é contra o Flamengo. Teste de fogo para o treinador em mais um desafio contra um dos candidatos ao título.
Dos gramados para as telas A produtora Conspiração Filmes vai retratar a vida da Rainha Marta em uma cinebiografia. O anúncio foi feito na terça, 19, e o filme será baseado nas memórias de infância e adolescência da jogadora. A equipe conta com Andrucha Waddington na direção, Helen Beltrame no roteiro e Ramona Bakker na produção executiva. Os trabalhos já se iniciaram com uma visita ao estado da Flórida, nos EUA, para gravação de depoimentos e pesquisa. A produção começou por lá, pois Marta atualmente joga pelo Orlando Pride e disputa a NWSL, a liga dos EUA. A Conspiração Filmes está em processo de negocia-
ção para a distribuição do longa-metragem com canais e plataformas digitais e ainda não possui uma data de lançamento. A produtora Ramona Bakker afirmou para a “Folha de S.Paulo”: “Vamos contar uma parte da história da Marta que ninguém conhece. Fizemos uma viagem no tempo com ela a Dois Riachos de uma forma muito profunda. Ao ouvi-la, conhecemos cada cantinho desse cenário que ainda nem visitamos fisicamente.” Marta nasceu na cidade, no interior da Alagoas, e já escreveu seu nome como uma das maiores futebolistas da história. Agora é preparar a pipoca!