Cultura | p. 7
Cidades | p. 6
Brasil | p. 4
Contos na Vila
Curitiba dos empresários
“Privataria” do portos
Montagem da Cia. Ilimitada terá apresentações na CIC
Câmara votará auxílio de mais R$ 174 mi a empresas de ônibus
Como governo Bolsonaro age para entregar mais patrimônio público
PARANÁ
200 milhões de palpiteiros Tite convoca seleção com poucas novidades e jogadores “brasileiros”
Ano 5 Edição 256 13 a 19 de maio de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
“HIPOCRISIA E COVARDIA” Vereador Renato Freitas fala de processo de cassação contra ele Paraná e Editorial | p. 2 e 5
Giorgia Prates
Esportes | p. 8
Divulgação | CBF
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 13 a 19 de maio de 2022
Racismo e perseguição contra Renato Freitas editorial
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a sexta-feira, 13, completam-se 134 anos da promulgação da Lei Áurea, que tinha por justificativa o aparente fim da escravidão no Brasil. Coincidentemente, nesta semana avançou e pode ser sacramentada a cassação do mandato do vereador Renato Freitas (PT), na Câmara Municipal de Curitiba. O que ainda deve ser tema de mobilizações, polêmicas e protestos nos próximos dias. Lembremos que antes do fim da escravidão (1888), outras leis pavimentaram e garantiram uma transição para o mercado capitalista bem ao estilo das elites nacionais: “lenta, segura e gradual” ou,
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 256 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Luiz Ferreira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com /bdfpr REDES SOCIAIS @brasildefatopr
como descreveu o sociólogo Florestan Fernandes: uma “transição transada”, na qual a elite conservou seu patrimonialismo, racismo e riquezas do período escravocrata. Em 1885, a Lei Eusébio de Queiros determinava o fim do tráfico negreiro no Brasil. Em 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que tornava livre os filhos de mulheres escravas. Já em 1885 foi aprovada a Lei dos Sexagenários, que alforriava os escravos com mais de 60 anos, desde que pagassem três anos de indenização aos senhores e não mudassem de cidade. No fundo, as lutas por liberdade, igualdade e justiça, organizadas pela população negra durante séculos, foi o que determinou o fim da escravidão e seguem mais vivas e gritantes do que nunca. O povo negro, a população periférica, luta cotidianamente
SEMANA
pela efetivação de direitos que constam nas leis, mas que concretamente não se materializam. A moral burguesa está encardida de preconceitos, nas instituições, na estrutura da sociedade brasileira, na consciência e na ação dos chamados “representantes”. Renato Freitas, advogado negro e militante periférico, logrou o direito de eleger-se, mas isso não lhe garantiu o direito de exercer um mandato livre. Ele já estava, na verdade, cassado em 29 de novembro de 2020 – dia em que recebeu 5.097 votos do povo de Curitiba. A ação na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi só um pretexto para justificar sua perseguição. Até porque Freitas nunca se adaptou à institucionalidade, sempre denunciada por ele. Uma vez no Parlamento,
A moral burguesa está encardida de preconceitos, nas instituições, na estrutura da sociedade brasileira o jovem vereador negro, ao lado de Carol Dartora (PT), denunciou o elitismo e o racismo presentes nesse espaço. Denunciam também a falta de acesso e o completo descolamento dos poderes legislativo, municipal, estadual e nacional, com as demandas e dores reais do povo brasileiro. O mandato de Freitas é mobilizador, referência para a juventude negra, e enraizado nos movimentos populares. Por isso Freitas sofre perseguição do estado, via PM e Guarda Municipal, nos episódios onde foi discriminado, preso e agredido.
O tímido aumento de vereadores negros e negras nas eleições municipais de 2020, nas capitais brasileiras, apenas revelou uma elite reacionária e que não aceita ceder em um milímetro seu poder. Tudo isso é inaceitável para uma Câmara onde a maioria quer apenas manter os privilégios da forma que estão. Até agora, tudo leva a crer que a maioria dos vereadores de Curitiba decretará sua cassação, em votação no plenário. A Câmara, predominantemente escravagista, retrógrada e racista, não admitirá o exercício soberano do mandato de um militante negro e periférico. E é simbólico e sintomático que isso ocorra às voltas do dia 13 de maio. *NOTA. Dada a importância e o caráter histórico e inaceitável do tema, o editorial de hoje preenche todo o espaço da página de opinião.
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Paraná, 13 a 19 de maio de 2022
FRASE DA SEMANA
Pedágios terão reajuste antes do edital O valor do pedágio pode ser reajustado antes mesmo da licitação acontecer. É o que o deputado estadual Soldado Fruet (Pros) relatou com informação que recebeu da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília. Em audiência com o diretor da ANTT, Davi Barreto, e sua equipe, o superintendente de concessão, Renan Brandão, informou ao parlamentar que os preços dos pedágios previstos no plano de outorga das novas concessões no Paraná sofrerão reajuste antes do lançamento do edital. Segundo ele, os custos de obras aumentaram e devem ser recompostos. “Se antes do edital ser lançado, a ANTT já vai rever os valores, imaginem após as concessionárias começarem a atuar”, diz o deputado. Segundo o parlamentar, o novo modelo de concessão repete os mesmos erros dos últimos 24 anos. Fruet também apontou à ANTT a necessidade de obras não previstas no plano de outorga divulgado e as obras previstas que deveriam estar prontas e já foram cobradas dos paranaenses, mas não foram realizadas, por desvios de conduta das concessionárias, “e agora querem que paguemos novamente por elas”. No TCU, foi solicitado o impedimento de que as concessionárias problemáticas participem do processo. O projeto prevê a instalação de 15 novas praças no estado, totalizando 42 postos de cobrança.
“Quem perde com a decisão de hoje contra o vereador Renato Freitas é a democracia.” Disse em seu Twitter a vereadora Carol Dartora (PT) sobre a decisão do Comitê de Ética de encaminhar para o plenário o pedido de cassação de Renato Freitas. Para ela, ainda há etapas nesse processo: “Vamos lutar para que a cassação seja rejeitada no plenário e que a cidade de Curitiba não acumule mais essa dívida com a história, a vida e a memória da população negra.”
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NOTAS BDF
Pesquisa fere
Com nova inflação recorde, a maior para abril desde 1996, e o avanço de Lula na pesquisa com a probabilidade de o petista vencer as eleições presidenciais no primeiro turno, Bolsonaro voltou a exercitar seu discurso preferido para desviar o assunto: ataque às urnas eletrônicas e defesa do uso de armas pela população “de bem”.
Boa parte dos ataques às urnas de Bolsonaro e de seus militares têm como motivo o medo do que apontam as pesquisas. Estudo da consultoria Quaest, divulgada na quarta (11), mostra que Lula (PT) tem chances de vitória no primeiro turno. Está com 46% das intenções de voto, mais que todos os outros candidatos somados (44%), 51,1% dos votos válidos. Bolsonaro (PL) teve 29%. Atrás aparecem: Ciro Gomes (PDT), com 7%, André Janones (Avante), com 3%, João Doria (PSDB), com 3%, Simone Tebet (MDB), com 1%, Felipe D’Ávila (Novo), com 1%, e Luciano Bivar (União), com 0%.
Transparência?
Em visita a Belo Horizonte (MG), na segunda (9), o ex-presidente Lula provocou Bolsonaro: “Tem que olhar e falar: Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta discurso de urna. O que você tem, na verdade, é medo de perder a eleição e ser preso”, afirmou no Expominas. Lula insistiu também na necessidade de reconstruir o Brasil e enfrentar o fascismo.
Foi o que fez na Expoingá, festa agropecuária em Maringá, na quarta-feira, 11. Voltou a insistir no bordão de que “povo de bem armado jamais será escravizado” e colocou novamente em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas ao lado de militares. “Todo o meu ministério está empenhado em defender a nossa Constituição e a nossa liberdade. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas. Nós não tememos resultado de eleições limpas, queremos eleições transparentes”, afirmou.
O outro medo
A Comunidade de Faxinal do Emboque protocolou, no começo de maio, contestação na Vara da Fazenda Pública de São Mateus do Sul (PR) em defesa do território tradicional e da responsabilidade do Estado brasileiro em proteger os modos de vida comunitário e sustentável dos faxinalenses. É uma resposta à ação movida em 2016 por chacreiros locais que disputam parte da área de 166 hectares reconhecidos como território faxinalense.
Na Justiça
Por Frédi Vasconcelos
Armas e urnas
Território tradicional
Ricardo Stuckert
No processo, é questionada a legalidade das normativas que asseguram proteção a esse povo tradicional e pleiteia o uso autônomo das áreas, não submetido ao acordo comunitário de uso das terras coletivas e regras da área especial de conservação (Aresur). A ação teve sentença favorável em 2018, em São Mateus. No entanto, o TJ do Paraná anulou e determinou o retorno para a 1ª instância para manifestação dos autores e da comunidade. Leia mais no site da Terra de Direitos.
Quilombolas Para conhecer as demandas e propor a criação de políticas públicas para povos quilombolas, por iniciativa do Deputado Goura (PDT) ocorreu, na Alep, a audiência pública ‘Paraná Quilombola’. E foi lançada cartilha exclusiva sobre a história desses povos no Paraná. Peça seu exemplar ou baixe o PDF: https://bit. ly/goquilombolas
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Paraná, 13 a 19 de maio de 2022
Bolsonaro privatiza a gestão dos portos brasileiros Entregas de estruturas do país, iniciadas por Temer, são mantidas e aprofundadas por Bolsonaro Pedro Carrano
O
leilão da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), no primeiro semestre de 2022, foi a primeira privatização de uma companhia pública de gestão dos portos no Brasil, realizada pelo atual governo de Bolsonaro. O Brasil tem sete companhias, que administram os principais terminais portuários do país nos estados do Pará, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, incluindo o Porto de Santos, o maior da América Latina, na mira de dois grupos internacionais, o EIG Global Energy Partners e a transnacional de logística dos Emirados Árabes Unidos DP World. As companhias públicas são responsáveis pela autoridade portuária, administrando o trânsito de navios, caminhão e trens. Obviamente, já há segmentos de portos arrendados à iniciativa privada, mas até então tratava-se de uma gestão pública, uma vez que os terminais são concessões privadas.
Entrega do patrimônio público O governo Bolsonaro tem fracionado e desgastado a Petrobras, buscado privatizar Correios e Eletrobras, e agora coloca a leilão, por baixo dos narizes dos setores mais críticos, estruturas ligadas aos modais de transporte. Desde 2019, o Ministério de Infraestrutura se orgulha de ter leiloado 36 terminais portuários, 6 rodovias e 6 ferrovias, números anunciados pelo atual ministro, Marcelo Sampaio, em conferência promovida pelo Banco Itaú ainda nesta semana. O laboratório dessa privatização, segundo o ministério da Infraestrutura, foi justamente a Codesa, no Espírito Santo. Logo depois, estão na mira o porto Organizado de Itajaí (SC); Porto Organizado de Santos (SP); e Porto Organizado de São Sebastião (SP); Canal de Paranaguá (PR), ao lado do arrendamento de 19 terminais portuários. De acordo com o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o Brasil possui 99 portos e terminais marítimos ao longo dos 7.491 km de ex-
tensão de sua costa oceânica, cujas movimentações são responsáveis por mais de 95% das mercadorias exportadas e importadas no país. Bolsonaro mantém o PPI O eufemismo para a “desestatização” é usado nas abordagens sobre o tema. A atual privatização é parte do famigerado Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), criado pela Lei nº 13.334, de 2016, no governo Michel Temer, justificado pelo site do governo brasileiro a partir da finalidade de “fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa privada, por meio da celebração de contratos de parceria e de outras medidas de desestatização”. Como o próprio Temer admitiu
O governo Bolsonaro tem fracionado e desgastado a Petrobras e buscado privatizar Correios e Eletrobras
recentemente, Bolsonaro cumpre fielmente o seu legado passado o golpe de 2016 e, além da manutenção de reformas e privatizações anteriores, seu governo privatiza rodovias, ferrovias e os terminais portuários. No Espírito Santo, o fundo de investimentos Shelf 119 Multiestratégia, da gestora brasileira Quadra Capital, será responsável pelos portos em um contrato de concessão de 35 anos, prorrogáveis por mais cinco. Até vozes que não são contrárias necessariamente à privatização, questionam, porém, o que se ganha com a medida. Em entrevista ao portal Modais em Foco, o engenheiro Frederico Bussinger, que foi presidente da Docas de São Sebastião (SP), afirma: “Em síntese: 1) os benefícios previstos para o porto e região podem vir a ser em escala bem menor que as expectativas geradas; 2) para o concessionário a desestatização tende a ser um excelente negócio; 3) bom negócio também para a União, que até pode vir a ser beneficiada com o processo de desestatização já nesse 2022; consumando-se ele ou não”.
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Resistências Tudo isso não passou sem questionamento do movimento operário. Tenho um amigo estivador com quem fiz um curso de economia política na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e que informou que houve resistências contra esse processo realizado sem qualquer diálogo pelo governo. “Fizemos paralisações. Mobilizações diversas. O governo foi um trator”, afirma o trabalhador da estiva em Vitória (ES), preferindo não se identificar. Resta saber agora como será a reação do movimento operário e sociedade civil contra mais essa privatização, mantendo a ponte de Temer e Bolsonaro com um país sem futuro.
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Hipocrisia foi o norte do processo movido na Câmara, diz vereador Renato Freitas
Giorgia Prates
Paraná, 13 a 19 de maio de 2022
Parlamentar recorrerá a outras instâncias por nulidade de processo de cassação Ana Carolina Caldas
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a terça-feira (10), vereadores que integram o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Curitiba votaram pela cassação do mandato do vereador Renato Freitas (PT). O processo ainda será votado no plenário da Casa e, caso aprovado pela maioria absoluta (20 dos 38 vereadores), resultará na perda do mandato. Agora, a defesa de Freitas tem prazo de cinco dias úteis (a partir do dia 10) para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso a CCJ não altere a decisão do Conselho de Ética, o Legislativo tem prazo de três sessões para marcar a o julgamento do vereador. Renato é alvo de representações por quebra de decoro parlamentar, após participar de ato antirracista que culminou na entrada dos manifestantes na Igreja do Rosário, no Centro de Curitiba, em fevereiro. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, Freitas afirma que irá recorrer dentro da Câmara e também em outras instâncias jurídicas, devido a inúmeras ilegalidades no processo. Confira a entrevista: Brasil de Fato Paraná - Para você, qual o significado dos discursos e votos dos vereadores integrantes do Conselho de Ética que decidiram pela cassação do seu mandato?
Renato Freitas – Eles mostraram o que eu sempre soube, mas me espantou o caráter farsesco e teatral daquilo tudo. Os maiores algozes, os inimigos, os que estavam armando por trás, como bem revelaram os áudios vazados do vereador Márcio Barros, que instigava pressão para cima de vereadoras, eram os que davam os mais largos sorrisos para mim. E chamam isso do “modo político” de ser. Ou seja, uma deturpação radical do que podemos chamar de sinceridade. Todo o processo movido ali teve a hipocrisia como condutora. Hipocrisia foi o norte de todo o processo movido na Câmara Municipal. Hipócritas são covardes e não têm coragem de enfrentar a verdade. Por isso, armam por trás, fazem conluios, e na tua frente sorriem. E, portanto, a política ali feita por estes que defenderam minha cassação não tem compromisso com a verdade. Se o resultado se mantiver na votação no plenário, seu mandato recorrerá a outras instâncias? Esse processo tem problemas graves e iremos recorrer, sim, ao Judiciário para pedir a nulidade. O Brasil de Fato noticiou que um e-mail com ofensas racistas foi enviado do gabinete do vereador Sidnei Toaldo (Patriota), que é relator do seu Processo Ético
Disciplinar. Ele entrou em contato com você para explicar o ocorrido? Não houve nenhum tipo de contato por parte dele. O que revela total descaso com o assunto por parte dele e também da Câmara, que deveria ter interrompido imediatamente o julgamento. Eu gostaria que ele viesse a público explicar. Mas isso não ocorreu. Passaram por cima disso. Politicamente, o que há de ser feito em relação ao seu processo? Existe um conluio de muitos vereadores com a Prefeitura, no lugar de fiscalizar o Poder Executivo. Vereadores com parentes em cargos da Prefeitura. Então, esse é o sistema. O que tenho feito, neste momento, é mapear dentro da minha cabeça de onde vieram e podem continuar vindo os ataques contra o que eu represento.
Desde empresários, militância bolsonarista, que migra para o ódio e o fascismo, e políticos de extrema direita. Você teve medo ou pensou em desistir de fazer política? Eu perdi meu pai e meu irmão muito cedo. Convivo com a morte na periferia. Pra gente, morrer é fácil, viver que é difícil. Então, sim, o sistema vai fazendo a gente perder a vitalidade. A vontade de viver. Eu percebi isso em mim. Mas o que eu tenho é fé em Deus e a luta para prosseguir. Quais são seus projetos futuros? Eu vou continuar me dedicando aos meus projetos voltados para a periferia e também um novo que será para os egressos do sistema penitenciário. Tenho, pelo Núcleo Cultural Periférico, um projeto, o “Narrati-
vas Marginais”, que leva arte para os jovens das comunidades do CIC [bairro Cidade Industrial de Curitiba]. Eles têm uma bolsa, pois ajuda também a inibir a evasão escolar. Temos mais de 50 alunos. Outro projeto que vou iniciar e já foi aprovado chama-se “Homem na Estrada”, em alusão à música dos Racionais. É para egressos do sistema penitenciário e vai levar cursos de arte e cultura, profissionalizantes, e também aulas de criminologia, sociologia. Então, é isso, é o recomeço. Essa música fala assim: “Um homem na estrada recomeça sua vida, sua finalidade a sua liberdade que foi perdida, subtraída e quer provar a si mesmo que realmente mudou, que se recuperou e quer viver em paz e não olhar para trás...”
CORREGEDORIA ABRE SINDICÂNCIA PARA INVESTIGAR E-MAIL RACISTA Lia Bianchini A Corregedoria da Câmara de Curitiba abriu sindicância para investigar denúncia de e-mail com ofensas racistas enviado pelo endereço oficial do vereador Sidnei Toaldo (Patriota) ao vereador Renato Freitas (PT). A sindicância foi aberta após solicitação encaminhada à Corregedoria por Renato Freitas e Boletim de Ocorrência registrado por Sidnei Toaldo no Núcleo de Combate aos Cibercrimes de Curitiba, negando a autoria da mensagem. No documento que pede a investigação, a corregedora Amália Tortato (Novo) afir-
ma que os fatos noticiados sobre o e-mail são “graves e podem significar cometimento de infração ético-disciplinar ou de procedimento incompatível com o decoro parlamentar [...]”. “Volta para a senzala” Noticiado em primeira mão pelo Brasil de Fato Paraná, o e-mail foi enviado a Renato Freitas na segunda (9). A mensagem, com a assinatura de Toaldo, trazia ofensas racistas, como: “A câmara de vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato. Volta para a senzala.” O e-mail é finalizado com as frases: “Vamos branquear Curitiba e a região Sul, queira você ou não. Seu negrinho.”
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Empresas de transporte coletivo pedem mais dinheiro. Nova “ajuda” deve ser votada Trabalhadores ameaçaram entrar em greve por atraso de salários Giorgia Prates
Gabriel Carriconde
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uritiba vem vivendo cenário de quase “normalidade” no pós-pandemia, contudo empresas de transporte coletivo continuam recebendo da Prefeitura pacotes de auxílio emergencial, que começaram em 2020, com o aporte de 200 milhões de dinheiro dos cofres públicos para as empresas. Com a justificativa da necessidade da ajuda para evitar um colapso do serviço, a Prefeitura agora pede a aprovação na Câmara de Vereadores de mais
um auxílio, na casa de R$ 174 milhões, mesmo com o aumento da tarifa para R$ 5,50. As empresas de ônibus chegaram até a atrasar o pagamento dos salários dos trabalhadores, que ameaçaram paralisar o transporte da capital na quinta-feira, 12. A Setransp (Sindicato das Empresas de Transporte Público) anunciou, na quarta, que o pagamento foi feito, evitando a greve. Na Câmara, parlamentares criticam o auxílio, e para estudioso na área de transporte, trata-se de “sangria” de dinheiro público.
Urbs pede mais O Sindicato dos Motoristas do Transporte (Sindimoc) reivindicava o pagamento dos salários de maio para os trabalhadores da empresa CDD, e o restante dos vencimentos das empresas Tamandaré e Glória. Para seu presidente, Anderson Teixeira, “Não importa se a URBS tem uma dívida com as empresas do transporte coletivo, os motoristas e cobradores não podem pagar por isso’’, criticou. Com a iminência de uma greve por conta do atraso de salários e vales, a URBS, em nota a veículos de comunicação, defendeu a aprovação de um pacote de suplementação orçamentária de 174 milhões de reais. “A Urbanização de Curitiba (Urbs) aguarda a aprovação, pela Câmara Municipal de Curitiba (CMC), do projeto de suplementação orçamentária de R$ 174 milhões, que será usado, em sua maior parte, para fazer frente ao déficit do sistema em 2022.” A nota ainda acrescenta que “transporte coletivo prevê um déficit de R$ 154 milhões em 2022, gerado pela diferença entre a tarifa técnica – que é a efetivamente paga às empresas – e a social, paga pelo usuário, de R$ 5,50. A diferença é coberta por subsídio do poder público”.
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“FALTA TRANSPARÊNCIA” O vereador Dalton Borba (PDT) solicitou à Prefeitura de Curitiba mais informações a respeito do repasse para as empresas, que tramita na casa. Segundo o parlamentar, falta transparência. “O que vemos aqui em Curitiba é uma torneira aberta vazando dinheiro público para o transporte. E o que nos preocupa é que os pedidos vêm sem um estudo aprofundado, um processo administrativo, só vêm com a documentação formal, não há mais informações, não há
prestação de contas”, argumenta. Dalton ainda justifica o pedido de esclarecimentos, já que os auxílios vêm sendo autorizados, mas os trabalhadores estariam tendo problemas. “Encaminhei ao Executivo um pedido de informações, para esclarecerem inclusive o porquê do atraso do repasse dos salários. A responsabilidade de fiscalização é da Prefeitura!”, alerta. Apesar dessas dúvidas, a Comissão de Economia aprovou o pedido da Prefeitura, e o texto,
agora, aguarda para ir a plenário. Para o professor Lafaiete Santos Neves, especialista em urbanismo e transporte coletivo, a verba para o transporte é desnecessária. “Primeiro que não se tem, até hoje, confirmação exata de qual é o custo operacional do sistema. Segundo, termina a pandemia, praticamente o sistema volta à normalidade, então o que deveria ter ocorrido? Não uma nova suplementação, mas uma queda da tarifa’’, diz.
Mulheres na política
Cia Ilimitada apresenta espetáculo “Contos” no Teatro da Vila Atores e público contam e ouvem histórias, com música da Orquestra à Base de Sopro
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O Grupo de Pesquisa Comunicação Eleitoral (CEL-UFPR) lançou o e-book “Eleições 2020: As Mulheres nas Disputas Municipais”, disponível para download gratuito. Com 33 participantes, o livro apresenta 21 artigos e relatos de pesquisa cientifica em que é mostrada a presença das mulheres na competição eleitoral.
De Norte a Sul Autores enviaram suas contribuições de diferentes regiões brasileiras, contemplando estudos de Norte a Sul do país, num esforço em rede de pesquisadores e profissionais de comunicação política. O livro pode ser acessado gratuitamente no site Comunicação Eleitoral http://www.comunicacaoeleitoral.ufpr.br/
Campanha do cobertor Devido ao aumento do frio em Curitiba, a ONG Um Lugar ao Sol, da comunidade Bela Vista, no Tatuquara, começou a Campanha do Cobertor. A entidade atende a mais de 50 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O foco é atender famílias da comunidade. Além de cobertores, também são bem-vindos agasalhos infantis e juvenis. Para doações e informações (41) 999259660, (41) 98402-4464 ou (41) 98402-4464.
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Maringas Maciel
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Ana Carolina Caldas
O
espetáculo “Contos”, remontagem da Cia Ilimitada, com direção e dramaturgia de Marcio Juliano e direção musical de Sérgio Albach, terá apresentações no Teatro da Vila, na Cidade Industrial, CIC, nos dias 28 e 29 de maio. No palco, atores e músicos da Orquestra à Base de Sopro narram histórias construídas a partir de contos da tradição oral, com música executada ao vivo. No elenco: Glaucia Domingos, Marcel Malê, Marcio Juliano e os músicos: Sérgio Albach, Luís Rolim e Davi Sartori, integrantes da OABS.
“Busco sempre, nos meus trabalhos, este encontro das artes cênicas com a música, a mistura dessas linguagens na criação de um trabalho me instiga. A música não acompanha e nem sublinha o texto, ela também narra”, afirma o diretor Marcio Juliano. “Essas histórias não são contadas somente pelas palavras, pelo texto, por atores, mas também pela música, sons, silêncio e, principalmente, pelas imagens que se constroem no imaginário da plateia. “Contos” exige a participação ativa do público. Nós apenas preparamos o ambiente e oferecemos tempo e espaço, é um trabalho que
carrega simplicidade, por isso exige uma entrega verdadeira e sincera dos artistas”, complementa. “A Pele da Alma” é um dos contos e se passa em uma terra gelada à beiramar e narra o encontro e desencontro de um solitário homem com a mulher foca, abrindo espaço para a discussão sobre a essência feminina e a busca pelo resgate da natureza instintiva. “O Comprador de Sonhos”, o outro conto, nos apresenta Kanhru, indígena brasileiro, trabalhador braçal, sem-terra, que ao comprar um sonho planta uma semente que transforma a realidade da sua comunidade.
A indicação é livre, pode ser visto por toda a família. A plateia, disposta em semicírculo, ocupa o palco do teatro e se acomoda bem próxima aos atores para ouvir as histórias, remontando a tempos antigos.
Para ficar por dentro o quê: Espetáculo “Contos” onde: Teatro da Vila/CIC quando: dias 28 e 29 de maio, às 17h quanto: gratuito, capacidade de 70 lugares classificação: livre
DICAS MASTIGADAS | Bolo de cenoura A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 3 cenouras orgânicas. 4 ovos orgânicos. 1 xícara (chá) de óleo. 1 ½ xícara (chá) de açúcar. 2 xícaras (chá) de farinha de trigo. 1 colher (sopa) de fermento em pó. 1 pitada de sal. Manteiga e farinha de trigo para untar
Reprodução
Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 ºC. Numa tigela, coloque a farinha, o sal e o fermento, passando pela peneira. Misture e reserve. Corte as cenouras em rodelas e transfira para o liquidificador. Junte também óleo, ovos e açúcar e bata bem até ficar liso, por cerca de 5 minutos. Transfira a mistura líquida para uma tigela grande e adicione aos poucos os ingredientes secos. Com cuidado, transfira a massa para a forma previamente untada e enfarinhada e leve ao forno para assar por cerca de 45 minutos. Para saber se o bolo está pronto, espete um palito na massa: se sair limpo, pode retirar do forno. Deixe esfriar por 15 minutos e acrescente a cobertura de sua preferência.
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ELAS POR ELA Fernanda Haag
Final da Champions League No próximo dia 21 de maio, sábado, às 14 horas, será disputada a final da Champions League. Um jogo de peso que promete balançar o coração dos torcedores e fãs do esporte, nada mais, nada menos, que Barcelona e Lyon farão a finalíssima. O Barça passou do Wolsfburg nas semis, venceu o primeiro jogo por 5x1 e na volta perdeu por 2x0, contudo, o placar agregado deu 5x3. O time catalão chega a sua terceira final e é o atual campeão. Inclusive, busca uma revanche, pois foi vice do Lyon em 2019. Já o time
francês possui sete títulos e fará a sua décima final, a segunda contra o Barcelona. A semifinal, aliás, foi um clássico: o Lyon enfrentou o PSG. No jogo de ida, as finalistas venceram por 3x2 as parisienses, e a vitória da volta foi pelo placar de 2x1 – 5x3 no agregado para o Lyon. A grande decisão será realizada em Turim, no Allianz Stadium, e mais de 30 mil ingressos já foram vendidos. A capacidade é para 41.507 torcedores. Esperamos bater mais um recorde do futebol feminino e assistir à partida gigante!
Tite mantém a base em nova convocação da Seleção Brasileira A análise das escolhas precisa ser mais fria, contextualizada e menos apaixonada
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O técnico Tite fez uma das últimas convocações antes da Copa do Mundo do Catar
Evitar a luz amarela Por Cesar Caldas
O uso do amarelo nos semáforos, como intermediário entre o verde e o vermelho, deriva dos enunciados da teoria das cores, por ter um grande comprimento de onda no espectro eletromagnético (565 a 590 nanômetros). O sinal de perigo e do interdito (vermelho) tem no seu oposto o verde (positivo e a salvo) porque, no disco da policromia de matizes tonais, ambos ocupam lugares diametralmente contrários. O Coritiba não pode permitir que, passada a recente derrota (1x2) para o Avaí em Florianópolis, a luz amarela do Campeonato Brasileiro seja acesa no jogo contra o América, no próximo domingo (14/5), às 17h30, no Alto da Glória. A expectativa da torcida do Verdão é a de reaproximação das primeiras posições. O momento impõe ao time coxa-branca uma vitória que o eleve do 10º lugar ora ocupado na tábua de classificação. Para isso, é preciso atacar desde o começo.
Alea jacta est Por Douglas Gasparin Arruda
A sorte sempre foi um fator importante no futebol. E Felipão, em sua estreia contra o Tocantinópolis, conseguiu aproveitá-la. Atletas que estavam em baixa, especialmente Pablo, conseguiram utilizar o jogo para amenizar suas crises em campo. Outro ponto positivo foram as estreias de Matheus Babi e Dedé na temporada. A goleada e as boas atuações acalmaram parte do elenco, mas a tabela agora é cruel: no sábado o Rubro-Negro enfrenta o Fluminense fora de casa e, em seguida, pega no meio da semana o Libertad, do Paraguai, líder do grupo na Libertadores. Este jogo defi ne o destino do Furacão na competição, e só a vitória interessa. Ou seja: o fator “sorte” pode rapidamente virar, já que não há tempo para absorver a crise atual. Resta torcer para a sorte ocupar o lugar da competência esse ano.
Luiz Ferrreira, redação Brasil de Fato | RJ
D
izem por aí que ninguém mais liga pra Seleção Brasileira, mas sempre que uma nova lista de convocados é divulgada, parece que aconteceu uma hecatombe nuclear nas redes sociais. A grande verdade é que ela ainda mexe muito com a nossa paixão. Esse cenário se repetiu na última quarta (11), quando Tite anunciou a lista de jogadores convocados para os três amistosos de preparação para a Copa do Mundo a serem realizados no mês de junho. De novidade, apenas a presença do jovem Danilo, volante do Palmeiras. Precisamos reconhecer que os nomes convocados são sim excelentes. Tite aposta na base que disputou as Eliminatórias para dar mais entrosamento e consolidar ainda mais seu conhecido estilo de jogo. E não há absolutamente nada de errado com isso. Este colunista não ignora o clamor popular pela convocação de Raphael Veiga, Hulk e Gabigol, os três jogadores que mais se destacaram no futebol brasileiro nas últimas três temporadas. Só que a análise aqui precisa ser menos apaixonada.
Não é novidade que o futebol jogado aqui está alguns degraus abaixo do praticado na Europa. Às vezes, dá a impressão de que estamos vendo outro esporte. O nível de intensidade é muito mais alto. Fora a técnica, a estrutura, a organização das competições e o calendário. Não que Hulk e Raphael Veiga sejam jogadores ruins. São excelentes, apenas estão num contexto que não os favorece tanto. E isso conta demais numa Copa do Mundo. A tal paixão cega os olhos de quem admira o futebol brasileiro. Ninguém pode dizer que o escrete canarinho é um time fraco. E aqui vai outro questionamento importante: qual seleção que está jogando um grande futebol atualmente? A Itália, que foi eliminada pela Macedônia do Norte depois de empatar contra a Suíça? Ou Portugal, que precisou encarar a repescagem depois de derrota para a Sérvia dentro de casa? Imaginem só o Brasil passando por situações semelhantes. A CBF seria invadida e transformada em pó. Manter a base pode ter sido o grande acerto de Tite nessa reta final de preparação para a Copa do Mundo do Catar. Leia na íntegra em www.brasildefatorj.com.br