Esportes | p. 8
Brasil sem craques?
História de pomba giras
Seleção de Tite tem bons jogadores e é eficiente, mas falta brilho
Curta da CIA KÀ será exibido on-line a partir do dia 3
Ano 5 Edição 259 3 a 9 de junho de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
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PARANÁ
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Cultura | p. 7
Por que o combustível está tão caro
Petrobras produz no Brasil, mas cobra em dólar desde o golpe de 2016 Brasil | p. 4
Cidades | p. 6
Despejo compulsório PM expulsa famílias de ocupação sem mandado judicial Giorgia Prates
Giorgia Prates
Giorgia Prates
Cidades | p. 5
Brasil | p. Editorial | p.6 2
Chuva em Curitiba
América Latina em transe
Moradores de áreas mais pobres temem perder tudo novamente
Em eleição, Colômbia pode mudar modelo neoliberal e repressor
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
O rumo dos ventos na América Latina editorial
O
segundo turno na Colômbia, entre a chapa popular de Gustavo Petro e Francia Márquez (Pacto Histórico), com cerca de 40% dos votos, contra o empresário e político de extrema-direita, Rodolfo Hernández, com cerca de 28%, coloca frente a frente dois projetos opostos. A vitória da esquerda será um fato notável em país marcado por décadas de neolibe-
ralismo e um estado repressor, ligado ao tráfico e aos paramilitares, assassinando lideranças populares. Desde 2020, a pandemia ampliou a crise política, social e econômica nos países da nossa América, com desemprego e fome em vários países. A reação nas ruas, contra um modelo desigual e em crise, abriu alas a novos governos populares no Chi-
le, Peru, Bolívia, antes disso no México e Argentina, e esperamos que agora na Colômbia com Petro e com Lula no Brasil. Os desafios para esse novo período: a luta de classes se intensificou, em países como Brasil, Argentina e Chile, candidatos neofascistas se afirmaram com base social. A economia será instável e, como se vê no Peru,
Agora é sua vez! Entre FALA em contato por e-mail POVO ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF
a mídia liberal e a extrema direita buscam travar qualquer reforma. Portanto, a eleição de governos de esquerda envolve o desafio de convocar as massas, o fomento à organização a partir de ferramentas de geração de renda. E as organizações populares devem reforçar sua organização, seu programa e a pressão pelas mudanças necessárias.
SEMANA
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 259 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às sextas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO José Pires ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com /bdfpr @brasildefatopr
opinião
Pesos e medidas Lia Bianchini,
jornalista, editora do site do Brasil de Fato Paraná
“U
ma pena desproporcional para um crime que não houve.” Assim o vereador Eder Borges (PP) definiu a cassação do seu mandato na Câmara de Curitiba. Para Borges, ele foi “cassado por um meme.” Acontece que a Lei Orgânica de Curitiba e o Regimento Interno do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar preveem a perda de mandato a quem “sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.”
Borges estava condenado na Justiça desde outubro de 2021. Em fevereiro de 2022, a Câmara recebeu denúncia e abriu sindicância. No final de maio, o Tribunal de Justiça confirmou o trânsito em julgado da condenação, e a Mesa Diretora cumpriu a lei. Na Câmara não há recursos, Borges diz que irá recorrer na Justiça. “Uma pena desproporcional para um crime que não houve.” Parte da argumentação da defesa do vereador Renato Freitas (PT), no seu processo de cassação, está contida na frase. Ele é acusado por quebra de decoro parlamentar
após participar de ato antirracista. O argumento central da acusação é que Freitas feriu o “decoro parlamentar” ao supostamente invadir a igreja do Rosário, interromper a missa e realizar manifestação política no templo. No parecer do relator Sidnei Toaldo (Patriota), que pede a cassação, fica explícito que o petista não invadiu a igreja e não interrompeu a missa. Resta a acusação de ato político na igreja. Não existe lei específica para tal ato. O decoro parlamentar é uma abstração e sua interpretação é puramente política. No Regimento Interno há penas de “censura públi-
ca, suspensão de prerrogativas regimentais, suspensão temporária do mandato” e, em último caso, “perda do mandato.” Numa Câmara majoritariamente conservadora, decidiu-se na Comissão de Ética pela cassação. Ao contrário de outros casos, como rachadinha, assédio sexual, nepotismo, peculato… que a mesma Câmara, quando puniu, foi com suspensão de mandato. Renato possivelmente será o primeiro vereador cassado por um ato político. É justo? O resultado está à mercê de seus opositores ideológicos.
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
FRASE DA SEMANA
“Na cultura africana, os griôs são grandes líderes, aqueles que contam as histórias, narram os acontecimentos de um povo e passam as tradições para as gerações futuras. Hoje um griô se foi.”
Bomba atômica para o Paraná
Disse em seu Twitter a atriz Taís Araujo sobre a morte em 30/5 de seu colega, o ator Milton Gonçalves
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O projeto que limita em 17% a arrecadação de ICMS cobrado dos combustíveis e energia pelos estados é considerado uma verdadeira bomba atômica para os cofres do Paraná. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados e é defendida pelo governo Bolsonaro para diminuir o preço da gasolina e do diesel. Com ele, o Paraná pode perder R$ 6,3 bilhões, e os estados até R$ 100 bilhões. Segundo o secretário de Fazenda, Renê Garcia Júnior, o estado já perdeu mais de R$ 1 bilhão com o congelamento do imposto, e ainda perderá mais tendo impacto negativo na saúde, educação e nos três poderes estaduais. Para o secretário, o problema está na paridade dos preços ao dólar. “A questão é a paridade. A redução será comida pelos aumentos que estão represados pela Petrobras. Baixa de um lado e de outro a Petrobras sobe o diesel em 18% e a gasolina em 11%”, comparou. Dezoito secretários de Fazenda se reuniram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para buscar alternativas à proposta. Segundo o Comsefaz, a medida é devastadora. “Não há sentido lógico em compensar a redução de ICMS com dedução de dívida. Com o avanço do projeto, mais uma vez está-se a ameaçar as camadas mais pobres da sociedade, pessoas que dependem dos serviços financiados pelos estados”.
Frédi Vasconcelos
RADAR DA LUTA Susto no Parolin
Manchetes na TV
Uma operação policial assustou moradores do bairro Parolin, região central de Curitiba. Uma moradora, que o BdF não vai identificar, conta que abriu a porta às 6h55 da manhã da quinta (2/6) e se deparou com a movimentação na rua, eram 12 viaturas no total com cobertura ao vivo da Rede Massa, de propriedade da família do governador, Ratinho Júnior.
Às 6h47 da manhã, reportagem da Rede Massa mostrava imagens de casas e comércios com a chamada “Agora: primeiro impacto junto com a polícia à caça de gangues que estão aterrorizando em tiroteios”. A justificativa para o movimento da polícia seria a busca de suspeitos por tiroteios na região. Mas, segundo os moradores, os tiros ocorreram longe do local onde a polícia esteve. Nos grupos de Whats, moradores contam que foram duas casas revistadas na mesma rua. “Pegaram o documento do morador e olharam os quartos”, diz uma mensagem.
Reprodução
“Tragédias acontecem”
Morador bandido Em grupos de WhatsApp da comunidade, crítica à forma como a cobertura da mídia chega nas favelas. “Passou na TV ao vivo. Tudo errado. Onde realmente é para entrar, não vão”. Outra pessoa concorda. “A chamada que eles fazem é o morador de bandido, entram na casa de trabalhadores e passa na TV. Fica feio, né?”.
Ao sobrevoar áreas da Região Metropolitana do Recife, em que morreram mais de 100 pessoas pelas chuvas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “tragédias acontecem”. E que a “população deveria colaborar evitando morar em áreas de risco”. O não disse é que, em maio do ano passado, seu governo praticamente zerou a verba da União destinada à construção de moradias populares. Além do que, com os recordes de desempregados e a diminuição da renda dos trabalhadores em seu governo, as pessoas não têm acesso a moradias seguras.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA A Cooperativa dos Produtores Familiares do ValePROVALE, CNPJ 26.163.104/0001-00, NIRE 41400222578, na sede social, Rua Gaivotas, 115, Jardim Albarana, Rio Branco do Sul-PR, na forma de seu Estatuto Social, convoca a todos os cooperados em situação regular junto à Cooperativa até a presente data para fazerem-se presentes à Assembleia Geral Extraordinária presencial que se realizará no dia 17 de julho de 2022. Primeira convocação: às 07:00 horas, com a presença de 2/3 (dois terços) dos cooperados em condições de votar; b) Segunda convocação: às 08:00 horas, com a presença de metade mais um (50% + 1) dos cooperados em condições de votar; c) Terceira e última Convocação: às 09:00 horas, com a presença de no mínimo de 10 (dez) cooperados em condições de votar; Ordem do Dia; 1- Apresentação dos novos cooperados e comunicação dos que saíram; 2- Apresentação, discussão e aprovação do Relatório da Diretoria, referente à Prestação de Contas do Exercício Social encerrado em 31 de dezembro de 2021: incluindo: - Relatório da gestão; - Balanço das atividades; - Balanço Geral; - Demonstrativo das sobras e ou perdas. - Parecer do conselho fiscal; - Deliberação sobra as sobras ou perdas do exercício. 3- Eleições e posse do conselho fiscal; 4- Fixação do porcentual da Taxa de Administração/antecipação de rateio de despesas; 5- Alteração e consolidação do estatuto 6Deliberação projeto Coopera PR; - 7- Informes Gerais. OBS: Sócios ativos até a presente data é de 109 (cento e nove). Rio Branco do Sul – PR, 02 de junho de 2021. Alcemir José Portes, presidente.
Brasil de Fato PR 4 Brasil
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
O preço do combustível poderia ser mais barato? País extrai tudo que consome em petróleo cru. Problema é falta de refino e cobrança “em dólar” Divulgação
Pedro Carrano*
M
uitas pessoas imaginam que o preço dos combustíveis e do litro de gasolina e, principalmente, do diesel, é culpa dos governos estaduais, devido à cobrança de impostos, ou então pode ser resultado da guerra da Ucrânia e da queda de oferta de petróleo no mercado mundial. Porém, essas razões são apenas parte do problema. Para entender a crítica ao preço dos combustíveis e às decisões de Bolsonaro, a primeira questão é ver o Brasil como o sétimo produtor mundial de óleo cru, o principal da América Latina, com 3 milhões de barris diários extraídos. Po-
deríamos ser autossuficientes e ter controle sobre o preço do óleo e seus derivados. O Brasil, porém, é dependente sobretudo no refino e na fabricação de combustíveis. E o preço dos combustíveis nas refinarias hoje está vinculado à flutuação do valor no mercado internacional, o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), que foi implantado após o golpe de 2016 de Michel Temer. O país é autossuficiente na extração de óleo, mas não na capacidade de refino. Em 2021, o Brasil importou 23% do diesel e 8% da gasolina. Mas com o PPI, mesmo o que se produz aqui dentro é cobrado em dólar e pela cotação internacional.
R$ 3,69 por litro Preço médio da gasolina em outubro de 2016 quando foi adotada a nova política de preços da Petrobras
DIVISÃO DE CUSTOS O valor que as distribuidoras pagam pelo combustível na refinaria para a Petrobras representa 33,4% do produto final. O restante da composição é de tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estadual (ICMS), ao lado do custo de distribuição e revenda. No caso do gás de cozinha, a participação da BR é ainda maior: 47,5%. A participação total dos impostos no preço dos combustíveis é maior no caso da gasolina (39,1%) do que no caso do Diesel (22,8%). Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. Após privatização tem preços maiores que os da Petrobras
Lava Jato e desmonte da indústria do petróleo Gerson Castellano, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), avalia que a produção de petróleo no Brasil aumentou desde a descoberta do Pré-Sal, mas a operação Lava Jato, ao paralisar a empresa desde 2014, que passou a aplicar a política de “desinvestimento”, significou um freio na construção e expansão de refinarias. Além dessa retração, as refinarias brasileiras – entre as quais a de Araucária (PR) -, são ameaçadas de privatização. “O setor privado não se interessou por construiu refinarias no Brasil”, critica Castellano. Nesse
período recente, enquanto crescia o número de empresas importadoras de combustível no Brasil, a Petrobras se desfez de segmentos, como a BR Distribuidora, e refinarias como a de Mataripe (BA), comprada por fundo de investimento internacional. O que fazer? De um lado, em campanha, Bolsonaro oferece o remédio errado para o problema. Quer apenas se livrar da empresa, patrimônio público do país desde 1953 e privatizá-la. Em 30 de maio, o Ministério de Minas e Energia formalizou o pedido de inclusão da Petrobras na
carteira do Programa de Parcerias de Investimentos, o que significa a possibilidade de iniciar a avaliação de uma privatização. Já Lula fala em romper com a paridade. “O custo do nosso petróleo é em real. Nos governos do PT, a gasolina, o gás e o diesel eram em real. Lutar para abrasileirar o preço dos combustíveis é um compromisso do PT”, afirmou recentemente. Retomar a iniciativa e maior controle do Estado, colocando a empresa de acordo com o interesse dos trabalhadores, é uma alternativa necessária. O geólogo Guilherme
Estrella, um dos pais do Pré-Sal, em coletiva de imprensa, criticou a preferência da petroleira ao reparte de lucros a acionistas internacionais. “A empresa hoje é um fundo de investimento. Ela está com 65% do controle com investidores privados, e 35% com o estado brasileiro. Desses privados, mais de 40% são estrangeiros, na Bolsa de Nova York. E esses investidores não são individuais, têm um fundo chamado Black Rock, que é quem manda na Petrobras”, disse o petroleiro. *colaborou Frédi Vasconcelos
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
Enchentes que se repetem em Curitiba
Alagamentos se repetem em áreas de Curitiba, como o Parolin
Chuvas fortes provocam alagamentos recorrentes. Especialista critica planejamento adotado Gabriel Carriconde
S
ão Pedro não deu trégua para Curitiba nos últimos dias. Com diversos alertas de tempestade, a chuva veio forte na capital do estado, provocando alagamentos em diversos bairros, quedas de árvores, falta de luz, e o velho problema que afeta diversos curitibanos, casas sofrendo com as enchentes. De acordo com o Simepar, apesar de desproporcional no Paraná, as chuvas ficaram concentradas na última semana em Curitiba e região, com mais da metade dos 135mm que ocorreram no mês passado caindo nos últimos três dias de maio. O nível de água do Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba está em 89,87%, com três barragens em 100%, segundo a Sanepar. Apesar de ser um problema natural, por conta das alterações e
Giorgia Prates
descontrole do clima, sem planejamento urbano nas regiões que mais sofrem com as chuvas, o drama dos moradores que perdem suas casas e seus pertences nestas cheias continuará, de acordo com especialista ouvida pelo Brasil de Fato Paraná. Este é o caso de Sônia Gonçalves, 35 anos, auxiliar de serviços gerais em um hospital e moradora do bairro Parolin, região central da cidade. Sônia mora em uma casa na região com suas três filhas e volte meia, quando chove, mesmo que não seja em grande quantidade, precisa se preocupar com possíveis alagamentos. Durante uma chuva no mês de fevereiro, sua casa, que não fica localizada aparentemente em local que facilmente alagaria, ficou debaixo d’água, a obrigando a tentar por conta própria fazer uma obra no muro para evitar a enchente. “A chuva tá sendo um problema, agora fiz uma mureta na minha por-
ta e não tá entrando em casa, mas parece que a água está entrando por debaixo do muro. É difícil a situação porque não sabemos se pode romper o asfalto, tenho muito medo disso’’, relata. A auxiliar ainda revela que em outras casas próximas a sua, mesmo quando as chuvas são mais fracas, sempre alagam. “Em princípio tem uma obra que a Prefeitura está fazendo no rio, mas já faz há anos. Mais para baixo da minha casa, todas as casas vivem alagadas com qualquer chuva”. Sônia conta que já perdeu diversos móveis e eletrodomésticos nas cheias. “A minha geladeira queimou o motor, meu sofá chegou a apodrecer, meu guarda-roupa não fazia nem um mês que eu terminei de pagar apodreceu todo. Além de roupas, documentos, foram muitas perdas.” Falta planejamento Mariana Auler, do Instituto Democracia Po-
pular, analisa que enquanto Curitiba não tiver um planejamento para canalização de rios e obras de drenagem, o problema deve persistir. “No cenário atual, o maior problema é de distribuição das obras. No último pacote de obras, foram anunciadas intervenções em bairros como Parolin, mas se você analisar os últimos anos, as obras ficaram mais concentradas em outras regiões centrais. Falta priorização e planejamento onde as populações vulneráveis ficam mais afetadas pelas cheia’’, relata. A Prefeitura de Curitiba anunciou, no final de 2021, diversas obras de drenagem para os bairros Cajuru, Centro, Alto da Glória e Bairro Alto, além da Região da Vilas Oficinas. A respeito do Parolin, a administração municipal foi perguntada a respeito de intervenções na região, mas até o momento não respondeu à reportagem do Brasil de Fato.
Curitiba registra 100% de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 Redação
D
ados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba mostram que a capital está com 100% dos leitos ocupados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) para Covid-19. Atualmente, são 15 leitos preferenciais para Covid-19
no município. Na quarta (1), todos estavam ocupados. Segundo a SMS, nove desses leitos estão com pacientes com Covid-19 e os demais são pacientes com outras doenças respiratórias. A taxa de ocupação dos 25 leitos de enfermarias SUS preferenciais para Covid-19 está em 60%. Há somente dez leitos vagos.
No começo de junho, Curitiba registrou 1.607 novos casos de covid-19 e um óbito. Com os novos casos confirmados, 462.545 moradores de Curitiba testaram positivo desde o início da pandemia. São 11.627 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.
Giorgia Prates
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
PM despeja famílias que ocupavam terreno no Umbará, em Curitiba Pedro Carrano
Área estava sem uso, ação foi feita sem apresentação de decisão da Justiça José Pires
N
o sábado (28/5), centenas de pessoas que ocupavam um terreno de 6 mil metros quadrados no bairro Umbará, Região Sul de Curitiba, foram despejadas pela Polícia Militar. O local foi ocupado na sexta-feira (27) por cerca de 40 famílias. Na ação, segundo ocupantes, a PM não apresentou nenhum documento que comprovasse ordem de despejo decretada pela Justiça. Ao Brasil de Fato Paraná, uma fonte que pediu para não ser identificada contou que cerca de dez viaturas da PM chegaram ao local no sábado pela manhã, e os policiais deram a ordem de retirada. “Eles chegaram e simplesmente mandaram a gente sair. Não mostraram ordem de despejo, apenas disseram que deveríamos desmanchar os
barracos e desocupar o terreno por bem ou por mal”, revelou. O terreno estaria sem uso há anos. “Sabemos que o dono não tem escritura. E o terreno está lá, sem uso
Aumento em despejos O ação em Curitiba faz parte de um cenário que se agravou em todo o Brasil nos últimos dois anos. Dados da Campanha Despejo Zero revelam que desde o início da pandemia de Covid-19 houve aumento de 333% no número de famílias despejadas e de 602% no número de famílias ameaçadas de perder sua moradia desde março de 2020 em todo o país. No Paraná, 1.706 famílias foram despejadas no período. Por meio da Lei de Acesso à Informação, o Brasil de Fato Paraná
apurou que, em 2019, 2020 e 2021, em todo o Paraná, foram feitos 3.317 pedidos de reintegração de posse. Alta de 487% no número de pedidos em 2020 na comparação com 2019, e de 200% na comparação entre 2019 e 2021. O BDF-PR entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar pedindo esclarecimentos sobre a ação de despejo, sobre a alegação dos ocupantes de que não apresentou ordem de despejo. Até a publicação deste texto, a assessoria não havia respondido.
social, criando mato, abandonado”, disse a fonte, que estranha uma ação de despejo tão rápida. Ana Paula Hupp, advogada que faz parte do núcleo da Campanha Despejo Zero
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no Paraná, ressalta que, no geral, para promover uma reintegração de posse, a PM deve possuir decisão judicial. “Além disso, as famílias devem ter conhecimento prévio da ordem e, caso
contrário, no momento da reintegração, deve ser solicitada à PM a decisão. E no momento do despejo medidas precisam ser adotadas, como a realocação adequada das famílias, presença da Fundação de Assistência Social, atentando-se para os grupos legalmente protegidos, como crianças, idosos, portadores de deficiência e gestantes, além da garantia de que as famílias consigam tirar seus pertences pessoais”, ressalta. A advogada esclarece, no entanto que, em casos excepcionais, como de flagrante, ou seja, no exato momento da ocupação, a PM pode atuar sem uma ordem de despejo, desde que o proprietário privado tenha feito boletim de ocorrência. “A lei não determina um lapso temporal para configurar flagrante, mas elenca um conjunto de circunstâncias”, explicou.
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Curta “Marias: História de Pomba Giras” estreia na rede Obra da CIA KÀ será exibida on-line e traz “a contemporaneidade brutal do século 21” Redação
E
e muito estudo. “Contamos ainda com uma palestra dos babalorixás Adriano e Luiz, que contribuíram de forma positiva para o processo, além de cederem o seu barracão de axé para as gravações.” O curta foi patrocinado pela empresa Orixá Bazar Pingo de Ouro, de Curitiba, que explica
a decisão de apoiar o projeto: “Porque somos a favor da multiplicação do conhecimento, da cultura e de propagar nossa religião de forma ampla e clara. Isso porque acreditamos que é o conhecimento que acaba com o preconceito.”
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br 2 colheres (sopa) de manteiga 2 colheres (chá) de açúcar 1,5 l de caldo de carne ou legumes caldo de ½ limão sal e pimenta a gosto
Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 °C. Descasque e corte as beterrabas em quartos. Cubra o fundo de uma assadeira com papel alumínio e disponha as beterrabas no centro. Regue com azeite. Faça uma trouxinha com o papel alumínio e leve ao forno para assar por 50 minutos. Descasque e pique fino a cebola. Descasque e rale a cenoura. Pique fino o talo de salsão. Assim que estiverem macias, retire as beterrabas do forno e reserve. Leve uma panela grande ao fogo médio com a manteiga para derreter. Refogue cebola, cenoura e salsão, tempere com uma pitada de sal. Junte as beterrabas, o açúcar e o caldo de carne. Misture, aumente o fogo e deixe cozinhar até ferver. Abaixe o fogo, tempere com sal e pimenta e deixe cozinhar por mais 30 minutos. Transfira para o liquidificador, junte o caldo de limão e bata até a sopa ficar lisa. Reprodução
Saiba mais www.ciakadeteatro.com.br
Para ficar por dentro O quê: curta metragem “Marias Histórias de Pomba Giras” Onde: exibição em sessão virtual Quanto: R$ 12,50 Onde: link https://www.even3.com.br/marias/ Quando: finais de semana de junho e julho
Olhar de Cinema Até o dia 9 de junho acontece em Curitiba a 11ª edição do “O Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba”. São centenas de longas e curtas metragens de todo o mundo exibidos de maneira presencial em cinemas e espaços culturais e também de maneira virtual.
DICAS MASTIGADAS
Borscht (sopa de beterraba)
Ingredientes 6 beterrabas orgânicas 1 cebola orgânica 1 cenoura orgânica 1 talo de salsão 2 colheres (sopa) de azeite
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streia na sexta, 3 de junho, e será exibido em sessões virtuais até o final de julho, o curta metragem “Marias: História de Pomba Giras”. Em sua sinopse, o filme é descrito como “Três histórias, um só cerne, Marias traz a representação de Maria Quitéria, Maria Padilha e Maria Mulambo, que se fazem livres num misto entre a realidade e a fantasia, saindo dos estereótipos e se entregando à contemporaneidade brutal do século 21.” No elenco, a obra conta com os atores, Caio Frankiu, Danielle Chrispim, Sol do Rosário e Paula Moreira. A autora do texto, Beatriz Marçal, diz que a ideia é que se apresentasse a essência e o orgulho de cada uma das pombas giras presentes na produção. “Pinçando os elementos chaves de uma pesquisa rigorosa fui estruturando as falas e os pontos como uma música, buscando ritmo e melodia nas pronúncias, meu intuito não era montar algo didático, era apresentá-las por elas mesmas...” O diretor do projeto Kelvin Kelvin Milarch, explica que a gravação ocorreu em janeiro num terreiro, com preparação
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
Onde assistir As sessões presenciais acontecem no Cine Passeio (Centro); no Teatro da Vila (Cidade Industrial), Cinemark Mueller (Centro Cívico), na Cinemateca (São Francisco) e no Museu Oscar Niemeyer (Centro Cívico). No MON e no Teatro da Vila, as entradas são gra-
Amizades e bicicletas tuitas, respeitando a lotação das salas. Nos demais espaços custam R$ 7 (meia) e R$ 14 (inteira). Veja a programação completa em https://www.olharde cinema.com.br/wpcontent/uploads/2022/05/ programacao-web-2.pdf
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Para as crianças, umas das opções é o curta “Sobre Amizade e Bicicletas”, da diretora e roteirista curitibana Julia Vidal. No filme, Thiago nunca pensou em
participar da corrida de bicicletas devido a sua condição física. Tudo muda quando conhece Cecília, uma corajosa menina com deficiência visual. No sábado, 4/6, no MON e no Teatro da Vila. De terça 7/6 a quinta 9/6 no site www.olhardecinema.com. br/filmes-on-line/
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ELAS POR ELA Fernanda Haag
Competições Antes tarde do que mais tarde, a CBF divulgou as tabelas e regulamentos do Brasileirão Feminino das séries A2 e A3. É a primeira vez que o futebol brasileiro tem três divisões para o futebol feminino. As duas competições começarão já no próximo dia 11 de junho e, no total, agregam 48 equipes. A série A2 conta com 16 times divididos em 4 grupos de 4. Os times se enfrentam em turno e returno e os dois primeiros de cada grupo se classificam para o mata-mata da próxima fase. Quem chegar na semifinal sobe para a A1, e os quatro piores colocados são rebaixados. 32 times participam da série A3 e se enfrentam em confrontos eliminatórios de ida e volta. Segundo a CBF, a definição dos jogos foi feita com critérios geográficos. Os paranaenses estão representados nas duas divisões. O Athletico está no grupo A da série A2 junto com Aliança/ Goiás, América-MG e Minas Brasília. Coritiba e Toledo são os representantes na série A3 e se enfrentam logo de cara. Além disso, o Campeonato Paranaense também foi anunciado pela FPF e iniciará em 3 de julho com duração de um mês e participação de 6 equipes: Athletico PR, Coritiba, Foz do Iguaçu, Rio Branco, SOBI São Braz e Toledo.
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Paraná, 3 a 9 de junho de 2022
A seleção (quase) sem craques vai à Copa
Reprodução
Brasil ganha da Coréia do Sul de goleada e sem candidato a melhor do mundo Reprodução
Frédi Vasconcelos
O
Brasil entrou em campo contra a Coréia do Sul, na quinta, dia 2, com 11 excelentes jogadores, que ganharam do time asiático de goleada, por 5 a 1. Nos onze iniciais estavam Weverton, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva, Alex Sandro, Casemiro, Fred, Paquetá, Raphinha, Richarlison e Neymar. Quase todos jogando em times europeus em ligas de primeira linha, com exceção do goleiro palmeirense. Nesse time que deve ser a base da Copa do Mundo do Catar, em novembro e dezembro deste ano, o problema é que não existe, ainda, um craque daqueles capazes de ganhar como melhor do mundo e que seja o destaque principal de seu time. Os que chegam mais
perto disso são Neymar, que já esteve entre os três indicados, mas nunca ganhou o prêmio. E Vinicius Júnior, jovem ainda, mas um dos principais destaques do time que ganhou a Champions League, aliás fazendo o gol decisivo da final. O problema é que Neymar aparentemente não traz mais a esperança que já foi depositada nele. Vem de temporadas ruins no Paris Saint Germain e, na seleção, foi a duas copas, Brasil e Rússia, sem trazer títulos ou se destacar tanto quanto se esperava. Tem no currículo o primeiro ouro olímpico brasileiro, o que ainda é pouco pelo que se espera (ou se esperava) dele. Vinicius Junior pode ainda se tornar um dos melhores ou o mellhor, é titular e destaque
do talvez maior clube do mundo, o Real Madri, porém ainda não dá para jogar em suas costas a busca pelo caneco no Catar. Nos últimos títulos mundiais que conquistou, a seleção tinha craques incontestes. Em 1994, pelo menos Romário e Bebeto estavam entre os melhores do mundo. Em 2002, Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo eram estrelas. Aliás, entre 1999 e 2007, das nove temporadas, o Brasil teve o melhor jogador do mundo em 4, com Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho e Kaká, o que não se repete há quinze anos. E dificilmente vai acontecer num período próximo, a não ser que os ótimos jogadores de Tite tirem um verdadeiro título da cartola no Catar ou alguém faça a melhor temporada de sua vida.
Urgência de vitórias fora de casa
De volta a 2017
Festas juninas, clássico e decisões: que mês!
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
A expectativa da Nação Alviverde, de obter classificação a uma competição internacional, depende precipuamente da melhora de seu desempenho nos jogos fora de casa. Há que se aproveitar a oportunidade oferecida contra o Ceará, às 19h do próximo sábado (4/6), no Castelão. O aproveitamento longe do Alto da Glória foi muito pequeno nas nove temporadas mais recentes na Série A: 24,1% dos pontos disputados, com apenas 24 vitórias e 40 empates, ante 91 derrotas. Isso explica, em grande medida, os rebaixamentos que sofreu (2017 e 2020). Nas últimas oito partidas disputadas em campo adversário, o índice é ainda pior (8,3%). O ótimo 4º lugar deste ano se deve aos 100% de eficiência no Couto. Será necessário, contudo, melhorar como visitante para se manter nesse status privilegiado, até porque em seguida haverá duros confrontos com São Paulo e Palmeiras.
A vitória do tricolor pra cima do Santo André no último final de semana colocou um ponto final na desconfiança. O tricolor tem totais condições de evitar um 2023 ainda mais sofrível que 2022. Pra isso, é preciso ficar entre os quatro primeiros e se garantir na série C. Somando todas as equipes dos 8 grupos, o tricolor tem a sexta melhor campanha, apenas dois pontos a menos que o Retrô-PE, primeiro colocado. Se formos olhar pra dentro do grupo, são sete pontos de vantagem pra cima do quarto, o Oeste. A expectativa é de que com mais duas vitórias o tricolor se garanta na próxima fase. Já são sete jogos de invencibilidade e quatro triunfos seguidos. Caso vença a próxima partida, também diante do Santo André, mas dessa vez em São Paulo, o tricolor chegaria a cinco vitórias seguidas, se igualando ao feito de 2017, a campanha do acesso à primeira divisão.
O mês de junho promete aos torcedores do Furacão emoções fortes. No próximo sábado, pega a equipe do Santos na Arena da Baixada, com chances boas de entrar no G4 do Brasileirão. Pela Copa do Brasil, o Rubro-Negro pega entre os dias 21 e 23 uma das 15 equipes que estão no pote do sorteio, que ocorre na próxima terça-feira, dia 7. No dia 28, o jogo mais importante do ano até aqui: confronto de ida, em casa, contra o Libertad (PAR), pela Libertadores. Mas para parte considerável da torcida (onde me encaixo), a grande emoção do mês vem do confronto contra o Coritiba, agendado para o dia 19 de junho no Couto. Os dois clubes passam por boas fases que, se continuarem, podem indicar uma disputa importante para o G4 da competição. Tem tudo para ser um grande clássico como há tempos não se via.