Brasil de Fato PR - Edição 265

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Ano 5

Edição 265

Cristiano Siqueira

PARANÁ

14 a 20 de julho de 2022

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

O mito mata Editorial | p.2 Guarda municipal e militante do PT é morto a tiros por bolsonarista. Desde o início do governo, presidente ‘passa o pano’ para assassinatos de ativistas, indígenas, negros e negras, população periférica e trabalhadores em geral

Casos de violência política se repetem no Paraná e no Brasil Giorgia Prates

Cristiano Siqueira

Javier Guerrero

Brasil | p.5

Giorgia Prates

Cidades | p. 4

Brasil | p. 68 Esportes | p.

Morar é um direito

Ultrapassado?

Prefeitura de Curitiba terá que apresentar plano para realocar famílias de ocupação no Tatuquara

Felipão coloca Athletico entre os melhores nas principais competições do ano


Brasil de Fato PR 2 Opinião EDITORIAL

Brasil de Fato PR

Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Marcelo Arruda, um herói

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unca será normal um assassinato político. Apesar de não ser o primeiro episódio de violência contra lideranças políticas do campo popular no Brasil, a morte de Marcelo Arruda acende um alerta vermelho. Arruda foi brutalmente alvejado, à queima-roupa, enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos

junto à família, em um clube de Foz do Iguaçu, oeste do Paraná. O motivo: a festa ser temática, tendo Lula como seu principal símbolo. O assassino, Jorge Guaranho, um agente penal, expressa a postura fascista que envenena o país. Gritando “aqui é Bolsonaro”, invade a confraternização para a qual nunca fora convidado. Acaba por disparar

contra Arruda, guarda municipal, que ainda consegue reagir aos tiros que recebe. Ao exercer sua legítima defesa, salva todos os presentes na festa de uma chacina brutal, assegurando, inclusive, sua filha de um mês de vida. Um herói, portanto. Arruda era dirigente do Partido dos Trabalhadores e do sindicato de servidores municipais, em Foz. Sua

morte (junto a outros atos de terror contra a pré-campanha de Lula), a 3 meses das eleições presidenciais, faz relembrar Marielle Franco e a importância de que os 200 anos da independência apontem para a abolição do protofascismo no país. “Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta”!

EXPEDIENTE

SEMANA

Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 265 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Diante da violência patriarcal afirmamos: resistência OPINIÃO

Organização Consulta Popular

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ós, da Consulta Popular, registramos nosso total repúdio e indignação sobre o caso da paciente do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, estuprada pelo anestesista Giovanni Bezerra durante a cirurgia cesariana no último domingo (10). Lembramos que o/a anestesista tem um papel de extrema responsabilidade nesse momento em que a mulher está totalmente vul-

nerável e tem sua vida entregue a quem deveria resguardá-la. A violência patriarcal nos retira até o direito a um parto seguro e o transforma em um momento de dor, tortura e traumas para vida toda. Durante a pandemia, o índice de violência obstétrica no Brasil foi o pior do mundo refletindo a forma que cuidamos de quem gera a vida, sendo um total de 911 parturientes que foram a óbito de 1 de janeiro até 26 de maio de 2021. A Lei 11.108/2005 garan-

te às parturientes o direito de ter um acompanhante no período pré-parto, parto e pós-parto imediato. Entretanto, sua violação é constante. Segundo levantamento realizado pelo Coletivo Feminista Saúde e Sexualidade na cartilha “Direitos das mulheres no parto”, 24,5% das mulheres não tiveram acompanhante algum durante o parto, 18,8% tinham companhia contínua e 56,7% tiveram acompanhamento parcial. Toda nossa solidariedade a essa e tantas outras vítimas

da violência patriarcal! Saudamos a coragem das enfermeiras que denunciaram o agressor! Saber que não estamos sozinhas e que não aceitaremos caladas a nenhum ataque, nos fortalece a cada dia. Nenhum minuto de silêncio! Chega de violência! Defendemos total proteção à vida das mulheres e das crianças, sobretudo em locais públicos onde colocam suas vidas nas mãos dos profissionais responsáveis por isso. (Acompanhe as propostas do texto em @consulta_oficial)

EDIÇÃO Lia Bianchini e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Bruno Soares COLABORAROU NESTA EDIÇÃO Fernan Dias ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

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Brasil de Fato PR

COLUNA DA JUVENTUDE Agora é botar o bloco na rua

Brasil de Fato PR Geral 3

Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Ana Keil

FRASE DA SEMANA

“Não sou petista e nunca fui. Mas este ano estou com Lula”,

Milho sem veneno

tuitou Anitta. A cantora ainda disse que irá ajudar a fazer Lula “bombar na internet”. Sabe aquele trecho da música “Como nossos Pais”, interpretada por Elis Regina: “[...] Há perigo na esquina/Eles venceram, E o sinal está fechado pra nós/Que somos jovens[...]”. Esse trecho nos remete a uma quadra da história muito sombria, a ditadura cívico-militar que durou 20 anos no Brasil. Ao mesmo tempo, parece ser uma premonição de nossa realidade. Por isso, convocamos a juventude a construir os Comitês Populares de Luta, experiências de base com potencial gigantesco no convencimento de que uma sociedade democrática e popular é possível. Pode ser com amigos de infância ou com os colegas de trabalho, com ações nas ruas e nas redes, conquistando o povo através de iniciativas simples. Ontem foi Marighella, hoje seremos nós convocando nosso povo a ousar lutar e ousar vencer. Fernan Silva, militante do Levante Popular da Juventude (Londrina)

Divulgação

NOTAS BDF Por Redação

Crise para quem? Nesta terça (12), foi aprovado o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O texto manteve a previsão de pagamento das emendas de relator, que compõem o “orçamento secreto”, com destinação de cerca de R$ 19 bilhões. Nos pagamentos das emendas de relator, os parlamentares beneficiados com a liberação dos recursos públicos não são identificados. Parlamentares de oposição ao governo criticaram a aprovação de verba para essas emendas. Há avaliação de que falta transparência na distribuição desses recursos e denúncias de que essas emendas seriam utilizadas para influenciar as votações do Congresso ou teriam vínculos com esquemas de corrupção.

Agência Senado

Quase R$ 5 bilhões em apenas 1 mês Esse tipo de emenda ganhou relevância a partir de 2020, principalmente após o alinhamento político do presidente Jair Bolsonaro (PL) e os partidos do chamado Centrão. Levantamento da ONG Contas Abertas, que mostra o gasto público com essas emendas mês a mês, apontou que apenas em julho deste ano foram destinados cerca de R$ 4,9 bilhões para emendas de relator. “As emendas são distribuídas sem um

critério, sem parâmetros socioeconômicos, para beneficiar muito preferencialmente aqueles parlamentares que estão próximos do governo”, explicou Gil Castello Branco, economista e diretor executivo da Contas Abertas. “O ‘custo do apoio político’ para um presidente que, segundo as pesquisas, daqui a três meses perderá as eleições, é cada vez maior”, afirmou ele.

Na sexta-feira (15), será inaugurada a agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, no distrito de Lerroville, em Londrina (PR). A agroindústria terá capacidade de beneficiamento de 24 toneladas por dia. A expectativa é produzir 1 milhão de toneladas de derivados de milho não transgênicos e agroecológicos por ano. A estrutura atual já garante a comercialização de fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém. Os resíduos do milho beneficiado serão transformados em ração para bovinos e suínos. Segundo Fábio Herdt, presidente da Copacon, o objetivo é ampliar a diversidade de produtos nos próximos cinco anos, também com a produção de quirerinha, canjica branca e flocão. “A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, que sejam agroecológicos, com capacidade de venda e com preço justo e de fácil acesso para toda população”, garante Herdt, que é assentado na comunidade. Divulgação | MST


Brasil de Fato PR 4 Cidades

Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Juíza determina que Prefeitura apresente plano de realocação das famílias em ocupação no Tatuquara

Brasil de Fato PR Giorgia Prates

Após o cadastramento e relatório apresentado, a liminar para desocupação deverá ser cumprida

Ana Carolina Caldas

N

esta terça (12), uma audiência discutiu a situação da ocupação Povo Sem Medo, localizada no bairro Tatuquara, em Curitiba. O terreno ocupado pertence à construtora Piemonte, mas está abandonado há mais de 30 anos. De acordo com o plano diretor de Curitiba, a área é Zona Residencial de Ocupação Integrada. Já existe, no entanto, liminar autorizando o despejo das mais de 300 famílias ocupantes. Para a advogada das famílias, Marcele Mendes Valentim, o relatório feito pelos órgãos públicos sobre a situação da ocupação é falho. “O relatório da Fundação de Assistência Social (FAS) está incompleto e não foi feito de forma adequada. Não incluíram dados como desemprego, renda e sequer apresentaram um plano de realocação dessas pessoas,” criticou. Elisiane Roberta, moradora da ocupação, concordou com a avaliação da advogada. “A FAS foi lá, fez meia dúzia de cadastros e disse que das 300 famílias, só duas precisam mesmo de moradia”, relatou. “Eu não tenho pra onde ir e a FAS não me entrevistou. Se tiver a desocupação, vou pra rua. A gente não está lá porque é vagabundo, a gente traba-

lha, mas não tem mais condições de pagar aluguel”, complementou. Cadastro pela internet A juíza Lilian Rezende, da 24ª Vara Civil, inquiriu os órgãos públicos responsáveis pela assistência social, regularização fundiária e políticas de moradia sobre o cadastramento das famílias e um plano de realocação. Representantes da Cohab afirmaram que não há condições para um plano de realocação de todas as famílias. “Hoje temos uma condição em cima de um levantamento inicial de 361 famílias e podemos orientar que as famílias se inscrevam pela internet na fila da Cohab”, informaram. O promotor do Ministério Público do Paraná, Leandro Farias, discordou da resposta da Cohab. “Sabemos que há uma enorme fila de famílias esperando por moradia. Não podemos deixar a esmo mais de 300 famílias a esperar pela fila. Temos que sair daqui com a ga-

300 FAMÍLIAS estão ameaçadas de despejo no Tatuquara

rantia de condições dignas para as famílias. É de responsabilidade do Estado apresentar um plano de realocação”, afirmou. Plano de realocação Ao final da audiência, a juíza emitiu um despacho solicitando que os órgãos do estado, junto às lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), façam o cadastramento com dados completos das famílias e plano para destinação de cada uma delas. O prazo é de 5 dias para apresentação de um relatório. A ordem de despejo só deverá ser cumprida após a apresentação,

especialmente, de um plano que demonstre a destinação das famílias. A advogada Thaís Diniz, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná, reafirmou a preocupação com a situação das famílias que estão, em grande maioria, em situação de vulnerabilidade social. “As pessoas precisam ocupar porque não há respeito ao direito de moradia, não existem políticas públicas. Sendo assim, que a gente condicione o cumprimento da liminar à garantia de condições de moradia para essas famílias que estão em estado de necessidade”, disse. Giorgia Prates


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Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Reduto bolsonarista, Foz do Iguaçu tem histórico de violência política Guarda municipal Marcelo Arruda foi o caso mais recente; outros aconteceram em 2016 e 2018 Bruno Soares

E

ra 16 de maio de 2016 e o antagonismo político no Brasil já ganhava o contorno extremista no qual estamos submersos até hoje. Em meio ao processo de impeachment contra a então presidenta Dilma Rousseff (PT), o estudante haitiano Getho Mondesi foi espancado por um grupo de pessoas no centro de Foz do Iguaçu (PR). Matriculado na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA), Mondesi apanhou enquanto era hostilizado com insultos racistas, xenófobos e de cunho político. “Vai embora pro seu país, seu preto. Quando a Dilma cair e o PT for eliminado, você vai ser chutado daqui”, gritaram os agressores. As ofensas foram presenciadas por comerciantes e um taxista, que socorreu a vítima. Os autores não foram iden-

tificados e o caso terminou esquecido na cidade. Pouco menos de dois anos depois, no dia 26 março de 2018, já após a queda de Dilma Rousseff e diante

da ascensão da extrema direita no país, Foz do Iguaçu voltou a ser palco de extremismo político. À época, a Polícia Militar do Paraná usou bombas

de gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes contrários ao ex-presidente Lula, que visitava a cidade. Os bolsonaristas furaram um bloqueio da Carl de Souza | AFP

PM de cerca de 300 metros de distância e se aproximaram da área onde estavam apoiadores do petista para arremessar ovos e pedras. O evento foi realizado no Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu e integrava a caravana de Lula pelo Sul do país. O conflito direto entre bolsonaristas e petistas só foi evitado porque lideranças do PT fecharam os portões de acesso ao sindicato. Os apoiadores de Bolsonaro passaram, então, a lançar pedras contra a sede do sindicato. O grupo só foi disperso após intervenção do batalhão de choque da PM-PR. Ninguém foi preso. No dia seguinte, 27 de março, o ônibus da Caravana Lula foi atingido por tiros em Laranjeiras do Sul. Passados quatro anos da ocorrência, os responsáveis não foram identificados e a investigação sobre o atentado não foi concluída.

Eleição não é campo de guerra Diante do assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz, Marcelo Arruda, no sábado (9), as luzes vermelhas foram acesas dentro do partido. Na segunda (11), a cúpula petista encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral requerimento cobrando dispositivos institucionais que evitem a escalada da violência nas eleições de 2022. “O TSE precisa fazer uma campanha alertando para a violência política. Eleição não é um campo de guerra, onde você elimina o

adversário, eleição você debate propostas”, pontuou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Ela destaca que é preciso criar “contrapontos”, em especial, às falas de Jair Bolsonaro (PL). “Isso tem nome e tem endereço: é o movimento deflagrado por Jair Bolsonaro. É o movimento do ódio, da eliminação. Ele dá as mensagens nas suas lives, pelos seus atos, ele invoca essas pessoas que o apoiam e acabam praticando atos como este”, finalizou.

ESCALADA DA VIOLÊCIA 2019

pelo menos um episódio de violência política foi registrado a cada três dias no Brasil

2016 a 2020

125 ocorrências. Média de 27 casos de ataque à vida de mandatários eleitos e pré-candidatos por ano 83% dos atentados e assassinatos no interior do país

Fonte: Violência Política e Eleitoral no Brasil. Terra de Direitos e Justiça Global


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Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Terceirização avança em Curitiba e precariza os serviços públicos ofertados à população

Falta de transparência orçamentária e na contratação de pessoal, rotatividade e sobrecarga de profissionais são resultados das terceirizações. Situações que não garantem o serviço público de qualidade SISMUC

Informe Institucional | SISMUC

J

á imaginou se todas as políticas sociais e serviços públicos referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, cultura, segurança e proteção à infância, não pudessem ser acessados e fiscalizados pela população, ficando tudo nas mãos e a critério da iniciativa privada? Você acha que assim seria possível garantir a melhoria nas condições de vida dos brasileiros, garantindo a igualdade social? Infelizmente essa situação tem se tornado realidade pouco a pouco nos serviços públicos da saúde, educação, cultura, limpeza e manutenção de estruturas públicas ofertados à população de Curitiba, já que desde o início dos anos 2000 a iniciativa privada tem, com o aval da Prefeitura Municipal, ganhado o direito de administrar os bens e serviços públicos. Ou seja, o orçamento e a estrutura pública, a contratação e demissão de profissionais que atendem a população, está sendo repassado e gerenciado pelo setor privado. Seguindo nesta estratégia de privatização, usando como justificativa o corte de gastos e a qualificação do atendimento à população, a Prefeitura de Curitiba buscou alinhar a legislação do município à federal, e, em 2017 enviou a Câmara Municipal um projeto de lei que possibilitou ainda mais o aprofundamento da terceirização de serviços das áreas de saúde e educação na capital. Veja como isso afeta você: Precariza o serviço e au-

menta a rotatividade de profissionais Grande parte das entidades privadas precarizam e aumentam a sobrecarga de trabalho dos profissionais e muitas vezes quarteiriza a contratação dos mesmos. Estes, por via de regra, não têm compromisso com o serviço público e, na primeira oportunidade, acabam trocando de emprego, deixando a população desassistida. No serviço público, o servidor de carreira vai construindo experiência, expertise e criando vínculo com a população. Dentro da terceirização não tem isso, normalmente os serviços são feitos por profissionais recém-formados, com pouca experiência. Piora a qualidade do atendimento para a população Com a piora nas condições de trabalho e a sobrecarga dos profissionais, a qualidade do atendimento cai de forma desastrosa. Além disso, a preocupação da iniciativa

privada é economizar às custas da população, aumenta o número de atendimentos e reduz o número de profissionais. Ou seja, enquanto a população sofre à espera de atendimento e os trabalhadores se desdobram, tem gente lucrando e muito. Sem controle social, falta de transparência O controle social — conselhos de pais, associação de pais e professores (appfs), de saúde, entre outros — é uma conquista dos brasileiros, porque é a sociedade acompanhando quanto custa cada serviço e como eles são executados. Com a terceirização há menos mecanismos de fiscalização e controle das informações, isso aumenta a falta de transparência, fazendo com que o dinheiro público, que poderia estar ampliando e melhorando os atendimentos da população, acabe nos bolsos de pessoas que lucram em cima dos direitos da sociedade.

Serviço público eficiente “O melhor exemplo de que o serviço público pode ser 100% eficiente é a das pesquisadoras do serviço público brasileiro na área da ciência, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foram elas que conseguiram sequenciar diretamente o RNA do SARS-CoV-2, o vírus da COVID-19, em tempo recorde. Isso demonstra que quando há condições e investimentos, o serviço público é eficiente e funciona muito bem”, afirma Irene Rodrigues, coordenadora da Pasta de Políticas Sociais e Direitos Humanos do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Curitiba (SISMUC).


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Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Pedalada da Emergência Climática acontece neste domingo, em Curitiba

Divulgação

Evento integra a Campanha Amazônia Passa Aqui, que será realizado em várias cidades do país Redação

U

nindo o lançamento nacional da campanha Amazônia Passa Aqui e o pedal para trazer consciência ambiental, no próximo domingo, 17, em Curitiba, acontece a Pedalada da Emergência Climática. A concentração começa às 9h, na Praça do Ciclista, na Rua São Francisco, no

Centro. A pedalada vai até a Praça São Francisco, no bairro Juvevê, onde será realizado um bate-papo com ambientalistas sobre a campanha e urgências climáticas. Os organizadores pedem que, além da bicicleta, os participantes tragam canecas e alimentos para fazer um grande piquenique. A campanha Amazônia

Livros a R$ 10 A Livraria da Editora UFPR preparou nova seleção de títulos pelo preço de R$10. O desconto vale para os seguintes títulos: “Foucault: verdade e loucura no nascimento da arqueologia”, “Cidades Educadoras”, “Modelo da estratégia argumentativa”, “O que é educação democrática?”, “Nanoelementos da mesoeconomia”, “Democratização da educação superior: o caso de Cuba”, “Bifurcação” e “Manual de Normalização de Documentos Científicos”. A promoção termina no dia 22 de julho, ou enquanto durarem os estoques. As formas de pagamento são dinheiro e cartões de crédito ou débito. A Livraria da Editora UFPR fica no térreo do Edifício Dom Pedro I (Complexo da Reitoria), na Rua General Carneiro, 460, Centro de Curitiba – Paraná.

Passa Aqui envolve 7 capitais do sul e sudeste, com atividades voltadas à consciência ambiental. Além dos circuitos urbanos, estão previstos distribuição de materiais, oficinas temáticas, eventos artísticos e culturais, entre outros. A iniciativa é da Coalizão Clima e Mobilidade Ativa, em parceria com o Coletivo Cicli-Pedalando pelo Cli-

Exposição no Museu de Arte de Cascavel Acervo IFO

As 26 obras da artista Fayga Ostrower, doadas ao Museu Digital da UNILA (MUD), estarão em exposição no Museu de Arte de Cascavel (MAC) até setembro. Gravadora, pintora e crítica de arte, Fayga Ostrower, de origem judaica, nascida em 1920, na Polônia, chegou ao Brasil com a família em 1934, fugindo das perseguições aos judeus na Europa. Ela faleceu no Rio de Janeiro em 2001.

ma. O evento, segundo os organizadores, tem como objetivo provocar as pessoas sobre a necessidade de ampliar a visão e conexão com a natureza e nossa cultura, além de exigir dos governantes políticas urgentes de proteção da Amazônia. “A campanha promove o incentivo, por exemplo, do pedalar, do exercício físico, da saúde com a interação

com o meio ambiente, que pode passar despercebido no cotidiano da gente”, destaca Tissa Valverde, da Bicicletaria Cultural e uma das organizadoras da pedalada em Curitiba. Ela informa que aqueles que não tiverem bicicleta para participar podem entrar em contato com a Bicicletaria para alugar por um dia.

DICAS MASTIGADAS | Sopa de tomate A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 5 tomates orgânicos maduros ½ pimentão vermelho orgânico 1 cebola orgânica 2 dentes de alho orgânico 1 xícara (chá) de água fervente azeite a gosto 1 pitada de pimenta calabresa seca sal e pimenta-do-reino moída folhas de manjericão Cybercook

Modo de preparo Preaqueça o forno a 240 ºC. Corte os tomates ao meio. Corte a cebola, sem casca, em duas metades e cada metade e em três gomos. Corte o pimentão ao meio, descarte as sementes e corte uma das metades em tiras de 1 cm. Descasque e corte os dentes de alho ao meio. Unte com azeite uma assadeira grande. Disponha as metades de tomate com a casca para baixo e o lado da polpa para cima. Distribua o restante dos legumes na assadeira, regue com azeite e tempere com sal e pimenta a gosto. Asse por cerca de 20 minutos ou até que os legumes estejam macios e levemente tostados. Transfira os legumes assados para o liquidificador, tempere com pimenta calabresa e regue com a água fervente. Tampe e bata até a sopa ficar lisa e cremosa. Sirva com folhas de manjericão a gosto.


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Brasil de Fato PR

Paraná, 14 a 20 de julho de 2022

Felipão bota Athletico em duas quartas-de-final e entre os melhores do Brasileirão Aproveitamento de Scolari no comando do Athletico Paranaense é de 75% em 19 jogos José Tramontin | Athletico

Gabriel Corriconde

L

uis Felipe Scolari chegou ao Athletico após a demissão rápida de Fábio Carille, em maio deste ano. De lá para cá, foram dois meses, 19 jogos, duas derrotas, 13 vitórias e quatro empates. Felipão ainda conseguiu classificar o Rubro-Negro da Baixada para as quartas-de-fi nal da Libertadores, depois de 17 anos, além de botar o clube entre os seis melhores do Brasileirão. Na Copa do Brasil, o Furacão também se classificou pelo terceiro ano seguido para as quartas. Nos últimos 30 anos, o futebol brasileiro não pode ser analisado sem notar o trabalho do gaúcho. Desde 1991, foram dois campeonatos brasileiros, uma Libertadores, quatro Copas do Brasil, uma Copa das Confederações, além da Copa do Mundo de 2002, sem contar a invejável passagem pela Seleção de Portugal, com uma semifi nal de Copa em 2006 e uma final inédita da Eurocopa em 2004.

No entanto, desde o fatídico 7x1, no Mundial de 2014, Scolari vinha sendo chamado de “ultrapassado” por parte da crônica esportiva brasileira. De oito anos para cá, conquistou um brasileiro pelo Palmeiras em 2018 e teve uma boa passagem pelo futebol chinês. Com demissões acumuladas no Cruzeiro e Grêmio, o Athletico Paranaense acabou virando uma chance de redenção. Com fama de ser um treinador com características mais defensivas, Scolari vem surpreendendo

Com fama de ser um treinador com características mais defensivas, Scolari vem surpreendendo fazendo o Athletico ser decisivo no ataque

fazendo o Athletico ser decisivo no ataque. Jogadores antes contestados pela torcida, como o caso do atacante Pablo, vêm fazendo as pazes com o gol. No geral, o Furacão fez 36 gols, tendo uma média de 2 por partida. O otimismo com a boa fase do clube também vem mudando um tipo de mentalidade que era muito característica no CT do Caju, sobretudo após as passagens de Paulo Autuori, e reafi rmado com a rápida passagem de Fábio Carille: a de saber sofrer. Durante a coletiva de imprensa, após vencer o Bahia pela Copa do Brasil, Felipão destacou a mudança de mentalidade que vem implementando desde sua chegada. “O gol acontece pelo trabalho diário que eles fazem. Pelas repetições. Não tem acontecido mais porque ainda falta alguma conexãozinha nessa hora. São números que o Athletico vem alcançando graças a estes jogadores. Vamos ver se continuamos assim”, disse.

Transfer bom Por Cesar Caldas

Está encerrado o “caso Cerutti” (atacante pouco utilizado pelo alviverde), que levou a FIFA a privar temporariamente o Coritiba de receber transferências de direitos federativos de atletas. Livre para reforçar o elenco, espera-se um segundo turno do Brasileiro melhor do que o primeiro. O curto lapso temporal denominado “janela de contratações” tem início na próxima segunda-feira, 18/7, antevéspera do difícil compromisso diante do Corinthians, a ser transmitido pela TV aberta. Percebe-se a inquietude dos torcedores com a proximidade de divulgação e chegada dos novos jogadores que vão se somar a Gabriel Vasconcelos. Revelado na base do Cruzeiro, o goleiro nunca jogou profissionalmente no Brasil (vem de 10 anos em times italianos), mas carrega na carreira a rara circunstância de uma convocação à Seleção Brasileira principal quando tinha apenas 17 anos.

Classificação sofrida Por Douglas Gasparin Arruda

A classificação do Athletico para as quartas da Copa do Brasil foi na base da emoção. Em cinco minutos de jogo, o Bahia abriu o placar com um golaço de bicicleta de Davó. E quem assistiu ao primeiro tempo sabe que o resultado poderia ter sido muito pior para o Furacão. Por sorte, o Bahia não soube aproveitar as várias oportunidades, desperdiçando todas as chances claras de gol e investindo pesado apenas na velha (e sempre ruim) estratégia de fazer cera em todos os lances possíveis. A bola puniu, e no segundo tempo o Furacão passou por cima. Com gols de Erick e Rômulo, aos 32 e 48 minutos, o Athletico garantiu a classificação e está entre os 8 melhores nas três competições principais do ano. Só com a Libertadores e Copa do Brasil a premiação para o Athletico já passa dos R$38 milhões.


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