Esportes | p. 8
Mais uma morte Torcedor é pisoteado por cavalo da PM
Cultura | p. 7
Editorial | p. 2
Opinião | p. 2
Filmes das gurias
Golpe e baderna
Revolução do Julho das Pretas
Mostra de curtas apresenta produções de mulheres
Cada vez mais agressivo, sem pauta e sem saída, Bolsonaro se isola
Evento ressignificou espaço historicamente racista
Divulgação | Fúria Independente
Ano 5
Edição 268
4 a 10 de agosto de 2022
distribuição gratuita
Nova pandemia? O que é e quais sintomas da “varíola dos macacos”
www.brasildefatopr.com.br
UFMG
PARANÁ
Brasil | p.5
Giorgia Prates
ORGANIZAÇÃO POPULAR CONTRA A FOME Na capital, movimentos criaram 13 cozinhas comunitárias na pandemia Cidades | p.4
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Um mesmo cenário, dois nomes e duas táticas opostas editorial
A
Brasil de Fato PR
Paraná, 4 a 10 de agosto de 2022
s recentes movimentações de Lula, no sentido de ampliar suas chances de vitória no primeiro turno, têm resultados exitosos até aqui. Ao abrir diálogo com o Avante, PROS e União Brasil, Lula se garante com maioria em um eventual segundo turno, com chances inclusive de vitória no primeiro. O atual presidente, por sua vez, dobra a aposta na contestação do sistema eleitoral, contra o fato de que a eficiência das urnas eletrônicas sempre foi uma espé-
cie de “orgulho nacional”. Com a agitação habitual, Bolsonaro tenta levantar o moral de sua combalida tropa. O efeito colateral disto é que os níveis de rejeição à sua figura e ao seu governo seguem elevados (ainda que tenham tido queda) e esta postura pode sepultar suas pretensões. O desembarque de setores da economia brasileira, caso de bancos, empresas e federações industriais, assinando a Carta às Brasileiras e os Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!, é um
SEMANA
sinal forte do isolamento de Bolsonaro. Ele ainda tentará fazer das medidas econômicas recentes um trunfo para reduzir sua rejeição e conquistar votos, em especial das classes populares, que hoje estão em sua maioria com Lula, que sinaliza um programa de pacificação e estabilidade. As novas benesses econômicas só vingariam em quadro político e econômico de previsibilidade. Tudo o que não se vê no espírito desesperado de Bolsonaro.
A revolução será feita pelas mulheres negras opinião
Marcel Malê,
Ator e professor licenciado em Artes Cênicas. Tem atuação no teatro e no cinema, com destaque para o premiado longa metragem “Estômago”. Em 2019, fez a performance [escrevedor de histórias] – edição Quilombolas em seis comunidades quilombolas do Paraná. Em 2020 atuou como embaixador da campanha Juntos pela Transformação, da filósofa e escritora Djamila Ribeiro.
S
obre corpos negros, a cidade de Curitiba apresenta um histórico de apagamento cultural que insiste em negar a presença e a contribuição da negritude, como evidenciam pesquisas sobre o Paranismo, movimento que invisibiliza não apenas a população negra, mas seu fazer artístico e sua presença no Paraná, de forma a manter a população afro-curitibana em subalternidade. Um dos principais líderes desse movimento, que teve em suas bases o cientificismo e ideais eugenistas, foi o historiador e jornalista Romário Martins. Durante o recém findado mês de
julho, as reflexões acerca das intersecções de gênero e raça propostas pelo Julho das Pretas – agenda voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade – teve como um dos palcos o Museu Paranaense, instituição fundada em 1876 (12 anos antes da lei Áurea) e que teve Romário Martins, nomeado diretor em 1902, cargo ocupado por 26 anos. Marcando o retorno ao presencial do Julho das Pretas, o museu – que hoje reúne esforços para se tornar mais plural – recebeu uma programação diversa, com oficinas, performances, palestras e apresentações artísticas protagonizadas por artistas negras locais, que fincaram (simbolicamente) uma bandeira com a imagem que representa Tereza de Benguela, liderança quilombola do séc. 18, no ponto mais alto do edifício onde, com a força do vento e das mulheres negras, lia-se “Julho das Pretas”. Ato simbólico que ilustra o que diz uma das organizadoras do even-
(...) Uma bandeira com a imagem que representa Tereza de Benguela, liderança quilombola do séc. 18, no ponto mais alto do edifício onde, com a força do vento e das mulheres negras, lia-se “Julho das Pretas” to, Telma Mello: “Quem vai fazer a revolução são as mulheres negras, a gente não é só batuque, nós temos saberes, produção de conhecimento”. A presença afro-curitibana comunicando suas narrativas no espaço do museu desconstrói o imaginário construído por seu antigo diretor. Agora é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso
FALA POVO
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 268 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernando Prioste, Marcel Malê ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR Geral 3
Giorgia Prates
Paraná, 4 a 10 de agosto de 2022
FRASE DA SEMANA
QUE DIREITO
“Sua racista nojenta”
Fernando Prioste
É ESSE?
Disse a atriz Giovanna Ewbank, num restaurante, a uma portuguesa que fez ataques racistas a seus filhos negros e a uma família angolana que estava presente. O vídeo viralizou nas redes. Depois, em entrevista, a atriz declarou: “Somos conscientes de todos os nossos privilégios e sabemos mesmo que apenas por sermos brancos tivemos tamanha comoção.
Voto: exija e exerça esse direito!
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Contra Bolsonaro Lula vem costurando acordos e formando uma verdadeira frente ampla para tentar vencer as eleições no primeiro turno. Na quarta-feira (3) durante reunião da coordenação da campanha, em São Paulo, foi anunciado que o PROS (Partido Re-
publicano da Ordem Social) vai junto já na rodada inicial da votação. Pra fechar a aliança, o PROS apresentou proposta de auxiliar os brasileiros endividados. A formalização da aliança deve ocorrer na convenção do partido na sexta-feira (5).
Favoritismo ajuda Outra pré-candidatura que deve declarar apoio ainda no primeiro turno a Lula é a de André Janones (Avante). A previsão é que o anúncio aconteça na quinta (4). Na última semana, o presidente nacional do partido, Luis
Tibé, se encontrou com Lula para encaminhar o acordo. Nas negociações, os dois pedidos centrais do Avante são programas de saúde mental e renda mínima. O PT deva aceitar as duas propostas em seu plano de governo.
Gravidade explica Boa parte dos apoios de partidos que não fazem parte do arco de aliança primário de Lula vem da percepção de que dificilmente outra candidatura a presidente interferirá no favoritismo do ex-presidente. As pes-
quisas mostram estabilidade, com o petista com chances, hoje, de ganhar no primeiro turno. A cerca de dois meses da eleição, há um movimento de atrair “aliados” pela força da gravidade do favoritismo.
Divulgação | PT
Termina em 5 de agosto o prazo para o registro das candidaturas. A campanha de rua é liberada a partir do dia 16, após os tribunais regionais e o Superior Tribunal Eleitoral, TSE, homologarem os registros. É aí que as candidaturas vão atrás dos 156,4 milhões votos disponíveis nesta eleição. Esta é a quantidade de cidadãos aptos a votar nas eleições de 2022, segundo o TSE. O primeiro turno ocorre em 2 de outubro. Dos aptos a votar, 118 milhões têm a possibilidade de usar a biometria (75%) e 38,3 milhões votam sem biometria (24,48%). A decisão virá das mulheres. Elas representam 53% do eleitorado. 47% é masculino. A maioria do eleitorado, seja entre homens ou mulheres, está entre 35 a 39 anos e 40 a 44 anos. Nessa faixa etária estão 16,6 milhões de eleitoras. Neste ano, o voto feminino completa 90 anos. Em maio de 1932, a Justiça Eleitoral foi instalada e, com ela, mulheres passaram a poder votar e serem votadas pela primeira vez na história do Brasil. Direito que poderia ter sido conquistado em 1891 se uma emenda ao projeto da Constituição que garantiria o voto não fosse rejeitada.
Divulgação
Mulheres de meia idade decidem eleição
Criador e criatura Um dos maiores defensores da Lava Jato e de Sérgio Moro, o senador pelo Paraná Álvaro Dias anda se referindo ao antigo aliado com frases como: “Não tenho mais como ser aliado dessa gente”. Tudo porque depois de não conseguir ser candidato a presidente nem candidato a qualquer coisa pelo estado de São Paulo, Moro veio disputar justamente a vaga ocupada por Álvaro. Foi sugerido que o atual senador saísse candidato a presidente, Álvaro não só recusou como anda cuspindo marimbondos no antigo aliado.
A Constituição Federal estabelece que todo poder pertence ao povo. Ao mesmo tempo, garante a todos e todas as brasileiras e brasileiros o direito de votar para escolher os partidos políticos e as pessoas que irão exercer o poder em nome do povo. Se todo poder pertence ao povo, e os políticos são eleitos pela população para exercer esse poder, por que existem tantos políticos contra o povo? Quais os direitos e as ferramentas que o povo tem para mudar essa situação? O povo tem o direito, e talvez a obrigação, de se organizar. Fundar e participar de associações de bairros, fazer protestos, se filiar a partidos políticos, concorrer a cargos em eleições, entre outras ações. Além de ser um direito, a organização popular é a principal ferramenta de transformação da política. Além da organização, a população brasileira maior de 16 anos tem o direito de votar. O voto, que é secreto, é uma potente ferramenta de transformação, pois é apenas através dele que os políticos chegam ao poder, que pertence esse povo. Assim, se você quer mudanças, se quer uma vida melhor e com mais oportunidades, exija e exerça seus direitos políticos. Não deixe que os políticos contra a população cheguem ao poder! Fernando Prioste Advogado e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares
Brasil de Fato PR 4 Cidades
Paraná, 4 a 10 de agosto de 2022
Brasil de Fato PR
Cozinhas populares: um exercício de luta por direitos e organização popular Treze cozinhas comunitárias hoje recebem apoio e doações do coletivo Marmitas da Terra. Rede de organização popular se fortalece Pedro Carrano
N
o dia 2 de agosto, uma reunião entre 13 cozinhas comunitárias, organizadas por movimentos sociais e entidades, em Curitiba e Região Metropolitana, aconteceu no alojamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e foi um resumo do que os trabalhadores viveram desde o início da crise econômica e da pandemia: na encruzilhada entre a fome e a solidariedade de classe. Desde maio de 2020, o MST criou o coletivo chamado Marmitas da Terra, que é um verdadeiro caldo de misturas de experiências de organização popular, via preparo de marmitas
“A rua tá cansada de ser enganada. Muitos domiciliados estão indo para a rua, já são mais de 12 mil moradores de rua no Paraná” para a classe trabalhadora. O coletivo, semanalmente, produz mais de 1.100 refeições, distribuídas nas ruas e em áreas de ocupação. “Não estamos fazendo caridade, aqui fazemos a solidariedade de classe”, afirmou Marco Antônio, um dos coordenadores da iniciativa. Reprodução
Nesse espírito, o coletivo tornou-se um incentivador, fornecendo para organizações enraizadas nos bairros apoio, doações e insumos, cerca de 13 toneladas de alimentos produzidas apenas no assentamento Contestado (Lapa – PR). Esse ombro amigo fortaleceu e, inclusive, ajudou a criar experiências de cozinhas comunitárias e populares. Na noite de doação de arroz da empresa Raízes da Terra para as comunidades, Juliana de Souza, militante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e da União de Moradores e Trabalhadores (UMT) ressaltou que, até agosto de 2020, recebiam marmitas prontas, porém houve o incentivo para montar uma cozinha semanal, hoje localizada na Vila Maria e Uberlândia, região do bolsão Formosa, na periferia de Curitiba. Agora já são duas cozinhas na região, uma delas noturna, na vila Formosa, voltada para carrinheiros e moradores em situação de rua. “A partir das cozinhas, nos capacitamos, fizemos cursos, de manipulação de alimentos a comunicação popular”, ressalta Juliana. Parcerias ainda são feitas nessa caminhada, como ressaltou o coordenador da cooperativa de carrinheiros Novo Amanhecer, localizada na Cidade Industrial, Antônio de Jesus Cardoso de Lima Filho.
FOME NA RUA Dirigente do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), Leonildo José Monteiro Filho, aponta as dificuldades de uma população que aumenta, depara-se com a ausência de direitos básicos e ainda sofre com o fato de a própria doação muitas vezes não ser saudável e de qualidade. “Na rua, eu não chego a 60 anos. Mas a gente sobrevive até hoje. Não podemos acessar a saúde por falta de comprovante de endereço, não podemos ter um direito básico por falta de comprovante. A rua tá cansada de ser enganada. Muitos domiciliados estão indo para a rua, já são mais de 12 mil moradores de rua no Paraná”, afirma. A cozinha de áreas de ocupação, caso da Nova Esperança, em Campo Magro, do Movimento Popular de Moradia (MPM) e da ocupação recente chamada Povo sem Medo, no Tatuquara, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), são formas de consolidar a comunidade, apoiar as famílias que vivem na ocupação. Um exercício de envolvimento e educação política. Juntando o número de pessoas das duas ocupações, são mais de 1.500 famílias atendidas. “Que o direito à moradia não passa apenas pela casinha, mas pelos direitos básicos”, reflete Valdecir Ferreira, o Val, da coordenação do MPM.
Combate à fome A fome se alastra no Brasil de Bolsonaro. Passou de 19 milhões para 33,1 milhões de pessoas em pouco mais de um ano. O que força a população a buscar ossos, ameaçar romper vidraças de mercados, cada vez com os itens básicos mais caros. Causa desespero nas casas e nos sinaleiros.
Se o atual governo não dá saída para essa situação trágica, por outro lado a classe trabalhadora se organiza em meio à grave crise social. É o caso do Grupo Afro Cultural Ka-naombo, que recentemente retomou suas atividades, que envolvem a produção de uma cozinha, no bairro Sítio Cercado, zona sul de Curitiba.
Vera Paixão, coordenadora do grupo, afirma que ou o povo “se movimentava ou a gente morria”, diz. Outra experiência importante é a da Casa de Passagem Indígena, espaço conquistado há oito meses, a partir de lutas. De acordo com a liderança Silas Ubirajara Donato de Oliveira, a produção alimentar na casa envolve
produção e cultura próprias do modo indígena. A pandemia afetou cada comunidade, explica, “Houve tentativa de impedir o trânsito das pessoas de uma cidade a outra para a venda de produtos”. Hoje, a casa abriga cerca de 60 pessoas, entre adultos, crianças e idosos e em média quatro novas famílias a cada semana.
Brasil de Fato PR
Nova pandemia? Entenda o que é a varíola dos macacos Ana Carolina Caldas
N
um momento em que a pandemia de Covid tem se mostrado menos mortal pelas vacinas, uma nova possível ameaça aparece. A doença que está
sendo chamada de varíola dos macacos é transmitida também por vírus, principalmente pelo contato com lesões de pele de pessoas infectadas. Mas pode ser transmitida também por fluidos corporais, secreções
respiratórias, lesões na pele ou mucosas de infectados. Ou pela utilização de materiais contaminados, como toalhas, roupas de cama e utensílios domésticos, além de animais infectados pelo vírus.
Reprodução
VACINA No último dia 29, o Ministério da Saúde disse que “ativou o Centro de Operação de Emergências (COE) para elaboração do Plano de Contingência do surto de varíola dos macacos no Brasil. E segue em tratativas com a OPAS e OMS para aquisição da vacina contra a doença.” Há uma previsão de 20 mil doses em setembro e 30 mil em outubro. Serão destinadas a profissionais da saúde, não existe plano para vacinação em massa.
PRINCIPAIS SINTOMAS A infecção causa feridas que geralmente se desenvolvem pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo. Os principais sintomas, além das lesões na pele, envolvem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e fadiga. O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas costumam aparecer 10 ou 14 dias. Os primeiros sinais são febre, mal-estar e dor. Cerca de três dias depois, os pacientes passam a apresentar bolhas pelo corpo. A doença termina em um período entre três e quatro semanas.
Brasil de Fato PR Brasil 5
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Casos no Paraná A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a doença é emergência de saúde pública de interesse internacional. Já são mais de 20 mil casos em cerca de 70 países. O Brasil está entre os sete países com maior número de infectados. Na última sexta, 29/7, o primeiro óbito pela doença foi confirmado em Minas Gerais. O Paraná aparece entre os quatro estados brasilei-
ros com mais casos registrados, com 21 confirmações. Segundo a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), os diagnósticos positivos são de 20 homens e uma mulher com idades entre 22 e 40 anos. Há outros 26 casos em investigação nos municípios de Carlópolis (1), Cascavel (1), Colombo (1), Curitiba (19), Jaguapitã (1), Loanda (1), Maringá (1) e Nova Esperança (1). Fiocruz
Lave as mãos com água e sabão Continue o uso de máscara Higienize bancadas e equipamentos de uso comum Pratique sexo seguro, use proteção Evite contato com animais doentes, mortos, ou que possam estar infectados
Infectologista do Hospital de Clínicas esclarece dúvidas sobre a doença
Contaminação via relação sexual é uma das principais forma de transmissão A doença, que se alastra pelo mundo, trouxe muitas dúvidas para a população. Por isso, o Brasil de Fato Paraná conversou com a médica infectologista Sônia Raboni, que é Chefe da Unidade de Infectologia do Complexo do Hospital de Clínicas do Paraná. Confira: Brasil de Fato Paraná – Qual é a diferença desta doença para a varíola que já conhecíamos? Sônia Raboni – A varíola humana que já conhecíamos, e que já acometeu a população mundial há centenas de anos, é uma doença viral de transmissão pelo contato entre as pessoas, altamente contagiosa e se caracterizava por erupções cutâneas, febre e lesões bastante intensas com uma alta taxa de mortalidade. Essa doença foi erradicada no final da década de 70 por conta da imunização global. Essa forma de varíola animal, não foi erradicada? Essa varíola chamada dos macacos não tem o macaco como o principal transmissor, pois já foram identificados vários roedores na África. Ela já existia na região da África, com características semelhantes à humana, com lesões na pele, febre, etc.. Alguns surtos aconteceram em outros países, mas sempre de alguém que veio do país ou que tiveram contato com animais que vie-
Reprodução
ram da África. O que a gente observou agora é que essa varíola que se espalha pelo mundo é a mesma da África, mas sem vínculo epidemiológico e vem sendo transmitida entre humanos. É possível identificar um público que vem sendo mais contaminado pela doença? Diferente da varíola antiga, essa é menos agressiva e demanda contato mais próximo com a pessoa contaminada, de contato de pele, mas também pode ser via gotículas respiratórias e contato com superfícies contaminadas. Também se identificaram muitos casos de contaminação via relação sexual, de homens contaminados que se relacionam sexualmente com vários parceiros. Mas também de pessoas que tiveram contato com outras na família, que dormem na mesma cama, que compartilham utensílios. Importante destacar que mesmo a doença ainda não ter se apresentado muito agressiva, é possível ir para formas graves e óbitos.
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Paraná, 4 a 10 de agosto de 2022
Brasil de Fato PR
Desqualificar ou valorizar? Serviço público pena com falta de investimentos e desvalorização
Durante a pandemia o serviço público não parou, mas a que custo? Qual a nossa responsabilidade quanto ao serviço público de qualidade? Informe Institucional | SISMUC
M
esmo com alguns setores da sociedade civil e política atuando para desqualificar os servidores e o serviço público, ele é essencial para garantir que a população acesse as políticas públicas básicas. Inclusive, a crise sanitária, provocada pela pandemia da Covid-19, mostrou que foi graças a estes trabalhadores que a população foi acolhida na área da saúde, educação, assistência social e tantos outros setores. Estes servidores não mediram e nem medem esforços para garantir que todas as estruturas públicas continuem em pleno funcionamento. Mas, a que custo? Dados do Departamento de Saúde Ocupacional (DSO), da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal (SMAP) de Curitiba, mostram que durante 2020 a 2021, 74 servidores faleceram devido à contami-
nação pela Covid-19, sendo que o maior número de falecimentos se deu na Secretaria Municipal de Educação (SME), foram 29. Além disso, somente neste ano de 2022, 1.383 trabalhadores públicos na capital paranaense estão afastados por CID F, ou seja, profissionais diagnosticados com algum transtorno mental ou de comportamento. Para Roseli Albino Baltazar, auxiliar de enfermagem, de Curitiba, a pandemia obrigou que fosse feita uma reorganização no fluxo do trabalho de todos os profissionais, pois a luta era para garantir que todas as pessoas tivessem o melhor atendimento. Ela lembra que a Covid-19 trouxe medo e perdas inclusive para os trabalhadores públicos que atuaram no auge da crise sanitária. “Tivemos muitas dificuldades com a chegada do vírus, pois precisamos modificar a forma de trabalharmos. Tivemos que nos ambientar à nova realidade, eram jorna-
das intensas, muitos pacientes e não era só os cuidados obrigatórios, também acalentamos, nós víamos o sofrimento nos olhos das pessoas. Nós também tínhamos muito medo, também perdemos pessoas, mas estávamos ali garantindo a continuidade do serviço público e continuamos diariamente”. Os setores que atuam para desqualificar o serviço público, também não medem esforços para limitar e cortar investimentos na área, inclusive estimulam arduamente o preconceito contra as estruturas e os servidores, dizendo ser ineficiente, ultrapassado e até mesmo que os profissionais não trabalham como deveriam. Esses factoides criados propositalmente tem intenções bem planejadas: justificar privatizações, sucateamentos e reformas que retiram os direitos do funcionalismo público e da sociedade, situações que impactam a vida da sociedade.
Cortes em políticas públicas e reforma administrativa
SISMUC
O estudo, “A conta do desmonte - Balanço geral do orçamento da união”, divulgado em abril deste ano pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) constatou que, nos anos de 2019 e 2021, primeiros três anos de governo
Bolsonaro, se consolidaram como o período de definhamento nos investimentos em políticas públicas fundamentais para combater às desigualdades sociais e na preservação dos direitos humanos básicos. No auge da pandemia, em 2021, os dados demonstraram que os recursos que deveriam ser aplicados para combater a Covid-19 foram reduzidos em 79%, quando comparados ao ano anterior.
Mas não para por aí, o governo segue atuando para sucatear, desqualificar e desvalorizar o serviço público, isso porque colocou na mesa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, ou melhor, a “PEC da Rachadinha” e “PEC da Corrupção”, que visa destruir o serviço público, retirar direitos, fragilizar os servidores, enquanto amplia a corrupção e a privatização do Estado.
O projeto, que pode ser votado a qualquer momento pela Câmara dos Deputados, não só ameaça os servidores e o serviço público, mas traz inúmeros prejuízos para os brasileiros. “É um retrocesso que significa a perda dos direitos mínimos que garante que o brasileiro possa sobreviver, trabalhar com dignidade e ter condições de vida e saúde”, afirma a direção do SISMUC.
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Mostra “Cinema das Gurias” exibirá filmes produzidos e dirigidos por mulheres Também serão ofertadas oficinas de roteiro e acontecerão debates
DICAS MASTIGADAS Crédito
Reprodução
Reprodução
Biscoito de arroz
Ana Carolina Caldas
A
1ª Mostra Cinema das Gurias acontece nos dias 16, 17 e 18 de agosto, na Cinemateca de Curitiba, sempre às 19 horas. A Mostra apresentará uma curadoria de filmes de curta-metragem produzidos e/ou dirigidos por mulheres, feitos em Curitiba e em outras regiões do Brasil. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é de 14 anos. Os curtas possuem temáticas relacionadas aos desafios, dificuldades e realizações de mulheres cis e trans. Ao final de cada sessão, acontecerão debates sobre os filmes e das experiências das mulheres na produção audiovisual. Segundo Loana Terra, organizadora do evento, a ideia da mostra surgiu da constatação da baixa participação das mulheres no audiovisual. “Segundo dados da Ancine, em uma amostragem de 2017 a 2019 , as mulheres dirigiram em média 20% dos filmes e assinaram 25% dos roteiros. E, em outras funções, como direção de fotografia, é 10%. Isso demonstra que é preciso incentivar ações e ga-
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br
rantir espaços que aumentem a participação das mulheres no audiovisual brasileiro”, diz. Oficina de Roteiro Além dos filmes, será ofertada nos dias 9 e 10 de agosto, às 19h, uma oficina de roteiro gratuita e exclusiva para mulheres, que acontecerá também na Cinemateca de Curitiba. As instrutoras serão Jani Mendonça, professora e produtora audiovisual, diretora e roteirista no mercado de Publicidade e Propaganda, e Loana Terra, que atua em
produção Cênica e audiovisual como atriz, diretora e produtora, é bacharel em Teatro e pós graduada em Ensino da Arte. As inscrições para a Oficina vão até 8 de agosto no link: https:// forms.gle/znfS38mPdcPPtMUt8 Programação completa Aponte o leitor de código QR para a imagem
Ingredientes 2 xícaras de polvilho azedo ou doce; 1 xícara de arroz branco Terra Livre bem cozido; 100 g de queijo parmesão ralado fino; 50 ml de azeite; 2 ovos orgânicos. Modo de preparo Em uma tigela, misture todos os ingredientes. Amasse até obter uma massa homogênea. Faça bolinhas do tamanho de bolinha de gude. Depois aperte entre as palmas das mãos e deixe no formato de uma bolacha achatada. Depois de modelados, leve os biscoitos ao forno preaquecido a 180° e asse por cerca de 20 minutos. Na metade do tempo vire para dourar do outro lado.
Cursos e profissões
Escolas agendadas
Edital para professores
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) voltará a receber estudantes e familiares para a tradicional Feira de Cursos e Profissões. O evento será entre os dias 18 e 21 de agosto, no Complexo da UFPR em Piraquara. O evento foi realizado dois anos na modalidade virtual em razão da pandemia e retorna com atividades presenciais em 2022.
Os dois primeiros dias, quinta e sexta, são exclusivos para escolas agendadas. No sábado e no domingo, a feira é aberta ao público geral e escolas que não conseguiram marcar horário. No evento, é possível conhecer mais sobre as graduações ofertadas antes da escolha da profissão. A feira acontece durante o período de inscrições para o vestibular 2022/2023, que termina em 31 de agosto.
A Fundação Cultural abriu edital para credenciar professores interessados em ministrar cursos de arte nas Ruas da Cidadania e espaços culturais da cidade. Mais informações no site da Fundação Cultural de Curitiba. As inscrições devem ser feitas no sistema Sisprofice. Com o credenciamento, novos cursos serão oferecidos, como ilustração digital, design, moda, prática circense e marchetaria.
Brasil de Fato PR 8 Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 4 a 10 de agosto de 2022
Sobre a vida, a polícia que não defende a paz e a morte do presidente da Fúria
Divulgação | Fúria Independente
ELAS POR ELA Fernanda Haag
As campeãs
Se um policial tivesse agido com prudência, a cabeça de Maurinho não teria sido atingida por um cavalo Marcio Mittelbach
Q
uem sabe o que teria ocorrido se o meio-campista do Cascavel tivesse batido o quinto pênalti do jogo do dia 30/7 no outro canto do gol? Talvez Felipe não tivesse encostado a ponta dos dedos na bola e o tricolor estaria agora fadado a ficar dois anos sem disputar uma competição nacional. Da mesma forma, no mesmo dia, se um policial tivesse agido com maior prudência, a cabeça de Mauro Machado Urbim, o Maurinho, presidente da Fúria Independente, não teria sido atingida pelas patas de um cavalo com cerca de 300 quilos. Ele estaria agora radiante com a vitória tricolor. A vida é assim, por detalhes, alguns metros, às vezes, milésimos de segundos, somos levados a sensações
de euforia ou desespero. No futebol tudo bem, alegria ou tristeza são “riscos” que corremos e é vida que segue. Agora, na segurança pública, não. Quando o assunto é a vida das pessoas, cada detalhe precisa ser pensado. A forma como a cavalaria avançou para cima dos torcedores do Paraná foi irresponsável. Não havia tumulto. Como se a vida de um integrante de uma torcida organizada não valesse nada, o policial galopou rente ao corpo do presidente da Fúria caído. A displicência da polícia tem ficado evidente a cada jogo. Foi assim quando negaram escolta à Fúria no clássico diante do Athletico no estadual, em janeiro. Foi assim quando deixaram um contingente mínimo na divisa entre as torcidas no Atletiba de fevereiro, foi assim quando não evitaram o confronto entre as torcidas do
Coritiba e do Palmeiras em junho. Há tempos a Polícia Militar dá sinais de que não está a fim de cuidar da vida dos fãs de futebol. Depois que ocorrem as tragédias, soltam notas oficiais mentirosas tentando responsabilizar as vítimas pelo ocorrido, como se todo torcedor organizado fosse um contraventor. Se a ideia da Polícia Militar do Paraná é convencer a sociedade para acabar com as torcidas organizadas ou instalar a torcida única, não sabemos. O que está posto é a falta de comprometimento e responsabilidade com a vida do torcedor. Isso não está certo, é grave e já passou da hora da sociedade se unir para colocar um ponto final. Pela vida do Maurinho, exigimos apuração das condutas irresponsáveis da Polícia Militar do Paraná nos eventos relacionados ao futebol.
Na coluna da semana passada falamos das finalistas dos torneios continentais da Europa e América (do Sul). Na coluna de hoje vamos falar das campeãs! Começando por aqui, o Brasil venceu pela oitava vez a Copa América, a hegemonia na região é incontestável. A frase “procura-se rival” aplica-se perfeitamente. Contudo, o jogo contra a Colômbia foi bem mais equilibrado do que o esperado. Foi a partida que o Brasil mais sofreu e encontrou dificuldade em manter a posse de bola. As colombianas contavam com apoio da torcida, mas acabaram perdendo de 1x0, com gol de pênalti convertido por Debinha. Fomos campeãs invictas, com seis vitórias em seis jogos e sem levar gol. Do outro lado do Atlântico, deu Inglaterra. Foi pelos pés das mulheres que os ingleses conseguiram finalmente levar “o futebol para a casa”. O tradicional estádio de Wembley contou com um público de 87.192 pessoas, o maior da história da Eurocopa (feminina e masculina) e mais um recorde para o futebol de mulheres. Em jogo disputado contra a Alemanha, as anfitriãs venceram por 2x1 na prorrogação. Os gols do tempo regulamentar foram marcados por Ella Toone e Lina Magull. E Chloe Kelly guardou o gol do título aos 10 minutos do segundo tempo da prorrogação. Histórico!
O estilo não vai mudar
Milésimo “caso isolado”
Por Cesar Caldas
Por Douglas Gasparin Arruda
Corrigível: eis o caráter do otimismo deste colunista. A expectativa de que Renê Simões, na condição de head de futebol, impusesse ao técnico Morínigo postura tática, estilo de jogo (marcação distante da própria área) e distribuição dos atletas em campo diferentes das adotadas até aqui, em especial fora de casa, esvaiu-se. Renê, quando foi treinador, seguia os mesmos princípios defensivistas que vigoram hoje no Coritiba e seus conceitos não mudaram. Certa vez, tendo 11 em campo contra 9 adversários, em lugar de determinar marcação homem-a-homem, deixando os dois atletas de mais técnica “flutuarem”, insistiu no posicionamento “por zona” e conseguiu... tomar o gol de empate. Contra o espectro do rebaixamento, que deve rondar até os últimos rounds, a esperança alviverde está em sua torcida: que empurre o time para a frente, contrariando ordens do banco.
O jogo de domingo, contra o São Paulo, foi positivo apenas dentro de campo. Com a vitória por um a zero, o Furacão entrou no G4 e se mantém fi rme na disputa pela ponta da tabela. Ao fi nal do jogo, o elenco foi comemorar a vitória com a torcida. Mas, infelizmente, a festa foi manchada por mais um ato racista de uma torcedora, que fez gestos imitando macaco para a torcida do São Paulo. Além disso, em toda parte do estádio, não foram poucos os que gritaram ofensas homofóbicas. Não há mais espaço para a desculpa esfarrapada de que o futebol é assim mesmo, e de que as provocações fazem parte da disputa. Racismo é crime. Homofobia também. Que haja seriedade na investigação desses casos recorrentes. Não quero aqui defender o punitivismo, mas, nesses casos, faço coro com Djonga: FOGO NOS RACISTAS!