Brasil de Fato PR - Edição 282

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Ano 5 Edição 282 10 a 16 de novembro de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br Mensagens de racismo e xenofobia atingem escolas da elite após eleições Brasil | p. 5 O ódio de quem não sabe perder Cultura | p. 7 Homenagem a Odelair Rodrigues Peça mostra vida de atriz negra, com 50 anos de carreira Esportes | p. 8 Lista de Tite traz polêmicas E o que você achou dos 26 jogadores convocados? Divulgação | Pumas Divulgação Comissão de Conflitos visita e ouve áreas de ocupação no Paraná Moradia | p. 2 e 4 O nome disso é racismo recreativo Artistas negros sofrem constrangimento em evento musical Opinião | p. 2 e 3 Mediação por nenhum despejo
Prates Reprodução
Giorgia

Moradia digna: pelo direito no campo e na cidade

Em meio à pandemia de Covid-19, surgiu a Campanha Despejo Zero, uma articulação nacional com o lema: “Pela vida no campo e na cidade!”. Para viver bem, é necessário ter uma moradia adequada. Segundo dados levantados pela campanha, no entanto, quase 900 mil pessoas no Brasil correm o risco de perder o teto por remoções forçadas.

Nesse período, os despejos de ocupações coletivas estavam proibidos por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta determinação perdeu sua validade no dia 31 de outubro, mas isso não significa que as remoções forçadas podem voltar a ser realizadas de qualquer maneira.

A novidade agora é que o STF criou um “regime

de transição”. Se, antes, qualquer ação judicial sem sequer garantir a prévia intimação dos ocupantes já poderia resultar em despejos, agora a decisão do STF impõe alguns requisitos, como a obrigatoriedade de inspeção judicial no local ocupado, a realização de audiência de mediação antes da decisão judicial e, caso realizado o despejo, a

previsão de medidas para garantir o direito à moradia da população removida.

O novo “regime” representa um avanço no Poder Judiciário, mas não substitui a necessidade de avanços urgentes em políticas públicas habitacionais e da implementação de fundos municipais, estaduais e federal para moradia e regularização fundiária.

de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 282 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM

Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini

COLABOROU NESTA EDIÇÃO

Marcel Malê ARTICULISTAS

Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires

FOTOGRAFIA Giorgia Prates

REVISÃO Lea Okseanberg

ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin

DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes

CONSELHO OPERATIVO

Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

O nome disso é racismo recreativo

Marcel Malê, Ator e professor licenciado em Artes Cênicas. Tem atuação no teatro e no cinema, com destaque para o premiado longa metragem “Estômago”. Em 2019, fez a performance [escrevedor de histórias] – edição Quilombolas em seis comunidades quilombolas do Paraná. Em 2020 atuou como embaixador da campanha Juntos pela Transformação, da fi lósofa e escritora Djamila Ribeiro

Em um coquetel de confraternização da Feira Internacional da Música do Sul (FIMS) – evento realizado em Curitiba de 2 a 5 de novembro – o rapper, roteirista e diretor de cinema, Mano Cappu, e o cantor e

compositor Wes Ventura, nomes cada vez mais representativos na cena musical preta do sul do país, foram constrangidos por Michelle Gutmann, mulher branca, integrante da equipe de produção do evento, com a pergunta: “vocês estão roubando copos?”.

A frase dita em tom de brincadeira foi motivada pelo gestual dos músicos ao guardar seus óculos no bolso durante o coquetel.

Segundo o doutor em Direito Adilson Moreira, o racismo recreativo abrange os atos caracterizados como brincadeiras entre pessoas adultas que não expressariam

desprezo ou ódio racial, mas que reproduzem uma série de estereótipos raciais, podendo ser classificados como injúrias porque comunicam hostilidade racial por meio do humor:

“Palavras comunicam valores culturais e não deixam de disseminar sentidos negativos devido a uma suposta ausência de motivação psicológica. Elas expressam um consenso social dos membros do grupo majoritário sobre o valor de pessoas que pertencem a minorias raciais. Por esse motivo, o sentido do humor racista deve ser interpretado dentro do contexto social no

qual ele está inserido, e não apenas como uma expressão cultural que objetiva produzir um efeito cômico. Piadas racistas só adquirem sentido dentro de uma situação marcada pela opressão e pela discriminação racial”.

Na cidade que possui um histórico de apagamento da população negra, a contratação de profissionais que representem essa população nos quadros de funcionários é essencial, inclusive para prevenir constrangimentos como o ocorrido com os músicos: não são brincadeiras inofensivas, o nome disso é racismo recreativo.

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2 Opinião SEMANA editorial opinião

eleição acabou...

Inflação em baixa possibilita ganho real

O segundo semestre de 2022 tem sido positivo para as negociações dos trabalhadores. A queda do preço dos combustíveis, provocando de ação em setembro e outubro, puxou a in ação para baixo. Essa redução possibilitou que negociações nesses períodos garantissem ganho real. A avaliação é do Dieese, em seu “Boletim das Negociações”.

De acordo com a entidade, na data-base de setembro, 39,6% das 450 negociações analisadas até 20 de outubro tiveram reajustes acima da in ação acumulada de 12 meses, medida pelo INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do IBGE). Resultados iguais ao INPC ocorreram em cerca de 38% dos casos e, abaixo, em 22,4%.

Metalúrgicos e o setor de alimentação tiveram índices favoráveis, por exemplo. Dos 444 acordos, 32,2% foram acima da inação para os metalúrgicos. Para o setor de alimentação, quase um terço dos acordos teve ganho real. No período foram registrados 1.269 acordos.

Quanto aos pisos salariais, os maiores valores médios são os recebidos pelos trabalhadores em transportes, urbanitários, alimentação e metalúrgicos; e os menores, pelos trabalhadores nas comunicações e saúde privada.

Vitória da política

A quarta-feira, 9, foi marcada pela presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília e por muitas conversas. Uma das principais foi com ministros do Supremo Tribunal Federal, na sede do STF. Recebido pela presidente Rosa Weber e mais nove ministros, Lula teria falado em “reconstrução do País”. Pelo Supremo, nota oficial afirma que os ministros apontaram “preocupações” com o país e a necessidade de investimentos em áreas consideradas prioritárias, como educação e meio ambiente.

Até com o Centrão

Outro encontro foi com o presidente da Câmara, Arthur Lira, em que se acertou a apresentação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para ser aprovada até 15 de dezembro. A ideia é incluir no orçamento de 2023 recursos para auxílio aos mais pobres, aumento real do salário mínimo, entre outras promessas das eleições. De outro lado, Lira e outros integrantes do Centrão querem que Lula não se meta na eleição da Presidência da Câmara.

Diferenças

Enquanto Lula se movimenta por Brasília conversando com chefes de outros poderes e tentando estabelecer diálogo, o atual presidente continua fechado, sem falar com ninguém e sem fazer aparições públicas. A especulação da semana é que esperaria um possível relatório das Forças Armadas que apontariam irregularidades nas eleições para se pronunciar. Até o fechamento desta edição, o tal relatório não apareceu.

Protesto financiado

Segundo o site UOL, o Ministério Público de Santa Catarina identificou ao menos doze empresários e agentes políticos que financiaram e organizaram manifestações e bloqueios antidemocráticos no estado. Para o procurador-geral de Justiça catarinense, Fernando da Silva Comin: “Existe uma organização atuando por trás nos bastidores, incentivando lideranças comunitárias, do movimento dos caminhoneiros e pessoas comuns a irem à frente, incitarem a prática desses atos.”

Racismo na

música

Durante a Feira Internacional da Música do Sul, o rapper e cineasta Mano Cappu e o músico Wes Ventura sofreram comentário racista, no Coquetel e Mostra de Videoclipes da FIMS. A produtora do evento, Michelle Hesketh, teria sugerido que os artistas poderiam “roubar os copos”. A denúncia repercutiu nas redes sociais, gerando apoio e solidariedade.

Outro lado

O rapper falou sobre o impacto psicológico que atitudes como essa geram. “Isso me fere demais. As pessoas gostam de se justificar e decidir quando nos ofendem”, denuncia. Em duas notas, a FIMS afirmou condenar a atitude e ter afastado a produtora Michelle Hesketh. Nas redes sociais de Cappu, Hesketh teria afirmado que seu comentário teria sido feito a todas as pessoas do evento – o que os músicos não confirmaram.

Feira de Saúde e Cultura

Dona Ivone Lara será o símbolo da I Feira de Saúde e Cultura, ação que visa a propagar a noção de saúde ampla e irrestrita. Fomentada pela Agenda Jovem, o projeto da Fiocruz envolve o Levante Popular da Juventude, o MTD, a UMT, em parceria com a Associação de Moradores da Vila Formosa. Será no domingo (13/11), das 14 às 20 horas, na sede da associação, Rua Julião Guião Queirolo, 105, no Novo Mundo, Curitiba.

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“A
Aqueles que criminosamente não estão aceitando, estão praticando atos antidemocráticos, serão tratados como criminosos”
Geral 3
Disse
em pronunciamento esta semana o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, ministro Alexandre de Moraes
FRASE DA SEMANA
NOTAS BDF Por Frédi Vasconcelos Ricardo Stuckert Divulgação
Getty Images

Estado e movimentos populares buscam mediação contra despejos no Paraná

Pedro Carrano para matéria fundiária (Cejusc Fundiário), da CCF, da Defensoria Pública do Paraná, Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, entre outros órgãos.

No período da pandemia, que aprofundou a crise econômica e social no País, medidas judiciais impediram a realização de despejos forçados no campo e na cidade. Mas, no dia 31 de outubro, havia grande expectativa, no Paraná e no Brasil, sobre decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro determinou então que os tribunais estaduais que tratam de casos de reintegração de posse instalem comissões para mediar despejos forçados, o que foi confirmado pelo plenário do STF.

O Paraná, em especial, foi citado pelo ministro como exemplo de diálogo entre órgãos do poder público e a articulação Despejo Zero, que envolve as áreas de ocupação. A Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná (CCF/ TJPR) tem feito visitas constantes às comunidades, emitindo pareceres e criando mesas de negociação com os movimentos populares. Em 2022, foram organizados três atos públicos que levaram a mesa de negociação com os órgãos do estado.

A negociação tem contado com a presença do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania

Nota técnica Os integrantes da CCF desenvolveram a Nota Técnica 01/2022. Entre outras questões, de maneira geral, o documento reconhece a função social da propriedade, a necessidade de não deixar famílias em situação de vulnerabilidade, buscando alternativas à reintegração de posse (veja box)

“Estamos com perspectiva de estabelecer regime humanitário e de transição para desocupações no

Brasil inteiro. Caminhar para pacificação”, afirmou Fabiane Peruccini, juíza auxiliar da presidência do Conselho Estadual de Justiça, em reunião com a articulação Despejo Zero, em 4 de novembro.

Os movimentos por moradia avaliam também uma nova conjuntura no próximo período com a mudança de direção nos órgãos responsáveis pela regularização fundiária – caso do ministério das Cidades, Incra, Funai e Fundação Palmares.

Além disso, a presença do dirigente do MTST Guilherme Boulos na equipe de transição do próximo governo pode ser um sinal de reativação de alguma política para o segmento.

Medidas e garantias

Em estudo sobre a Nota Técnica e sua relação com a determinação do ministro Barroso, os movimentos populares visualizam que a reintegração de posse só pode ocorrer se forem esgotadas as formas de negociação e mediação do poder público.

Entre os requisitos para isso está a inspeção da área pela Comissão de Conflitos Fundiários, a interlocução prévia entre órgãos do estado e a Comissão, além de apresentação por parte do poder público de um plano de realocação, mediante cadastramento prévio e apresentação de local.

Esse ponto do local da realocação, na visão das organizações populares, de forma geral, é o mais incerto, uma vez que fica a dúvida sobre qual destino o poder público daria às famílias. Além disso, os movimentos populares são críticos à ausência de participação da Prefeitura de Curitiba nas mesas de negociação entre Comissão e articulação Despejo Zero.

Unidade na luta Valdecir Ferreira, liderança do Movimento Popular de Moradia (MPM), que organiza cerca de cinco áreas em Curitiba e região, a rma que a não realização do despejo é uma medida humanitária e as organizações estão unidas em torno disso. “Entendemos que, se houve auxílio no período de pandemia, importante também não ter despejo. Vamos nos unir em bloco para que nenhuma comunidade seja despejada”, a rmou na reunião do dia 4.

A fala de Ferreira representa uma articulação que envolveu o MST, áreas de ocupação do movimento indígena e, ao menos, dez áreas de ocupação, em Curitiba e Região Metropolitana, que foram organizadas em período de pandemia.

Darci Frigo, da Comissão Nacional de Direitos humanos (CNDH), avalia que é necessário, no marco da realocação e da regularização fundiária, fundos públicos para garantir o direito das famílias. “Precisamos pensar de fato em fundos públicos de investimento para que as pessoas possam ter moradia digna”, a rma.

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Giorgia Prates
Nota técnica e mesa de negociação apontam necessidade de esgotamento de alternativas antes de remoção
Giorgia Prates

Casos de violência política explodem no Paraná após derrota de Bolsonaro

Reportagem teve acesso a mensagens de estudantes e relato de agressão a jornalista

Após as eleições, muitos apoiadores de Bolsonaro resolveram pedir golpe militar com intervenção das Forças Armadas. Rodovias foram fechadas e, em frente a quartéis, houve pedidos de intervenção do Exército. Mas a intolerância chegou também a escolas. Positivo e Rede Marista, entre outras escolas da elite econômica, tiveram gritos contra Lula e ameaças a colegas “petistas”.

De acordo com nota do sindicato de professores Sinpes, que acompanha instituições de ensino privadas, no Colégio Santa Maria: “integrantes da rede Marista de Colégios, reunidos no pátio da instituição no último dia 31/11, vestidos nas cores da bandeira nacional, eles cantaram o hino e gritaram palavras de apoio ao presi-

dente Jair Bolsonaro (PL). Ao mesmo tempo, hostilizaram com palavras de baixo calão grupo de alunos que se manifestava a favor do presidente eleito, Lula (PT). Pais revelaram que seus filhos foram agredidos com chutes e cuspes”, cita a nota.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná teve acesso também a troca de mensagens num grupo denominado “BOLSONARO

POSITIVO AMB”, em que estudantes bolsonaristas da unidade do Positivo Ambiental destilaram ameaças e frases de cunho xenófobo e até ameaças de estupro contra alunas eleitoras do PT. Em mensagem uma estudante diz: “lógico que os ‘pobretas nordestinos’ iam votar no Lula”. Em outra, dois membros do grupo dizem: “no Sul só tem gente inteligente” e no “Nordeste

só gente pobre”. Professores identificados como de esquerda também não foram poupados. Frases como: “Se o Jeff abrir a boca amanhã, eu mato aquele maconheiro ex-presidiário” ou “amanhã vou assim combater professores petistas” numa mensagem com foto de tanques de guerra.

Mensagens de áudio contendo ameaças de cunho sexual contra alunas foram enviados com promessas de conversão ao bolsonarismo. “Até você virar Bolsonaro, sua fdp”. Outras mensagens com cunho neonazista também foram enviadas com figurinhas remetendo ao grupo supremacista Ku Klux Klan e a suásticas.

Positivo Procurada pela reportagem, a direção do Positivo disse em nota que: “Reforçamos a indignação e re-

Paraná é recordista de violência

Casos de intolerância e violência política por parte de eleitores de Jair Bolsonaro aumentaram muito, sobretudo no Paraná, de acordo com levantamento da ONG Terra de Direitos em parceria com a organização de direitos humanos Justiça Global. Na terça-feira (8), elas apresentaram a pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, que analisou casos no segundo turno das eleições.

De acordo com o levantamento, o Paraná foi o estado com maior registro,

com 13 notificações no segundo turno. Para Glaucia Marinho, do Justiça Global, o discurso de ódio e a contestação da eficácia do sistema eleitoral brasileiro, por parte do bolsonarismo, incentivou o aumento da violência. “Apenas após o resultado das eleições, registramos quatro assassinatos. São resultado do discurso de ódio contra a oposição disseminado pelo chefe do poder executivo, bem como a tentativa de desacreditar o processo eleitoral brasileiro”, destacou.

púdio ao conteúdo violador de direitos humanos imputado a alguns alunos. Tão logo tomamos conhecimento do conteúdo compartilhado por alguns dos nossos alunos, em grupo fechado de rede social, em observância ao devido processo legal e ampla defesa, iniciamos um processo administrativo interno para regular a apuração dos fatos. Acompanhados de seus responsáveis legais, os alunos foram atendidos pela direção do colégio, ocasião em que demonstraram arrependimento e constrangimento pelos seus atos, sendo repreendidos pelos pais e pela instituição. Em prosseguimento, os alunos serão suspensos, com encaminhamento dos fatos ao Conselho Tutelar para providências legais cabíveis...”

Leia a íntegra no www. brasildefatoparaná.com.br

Violência contra jornalista da CNN

Outro caso que marcou o nal das eleições foi a agressão contra a jornalista Magalea Mazzioti, produtora do canal de notícias CNN Brasil. Na quinta-feira, 27, dias antes do segundo turno, a jornalista saía de um bar no centro de Curitiba e foi agredida. “Fui atacada, não sei se porque estou com adesivos do Lula. Tive o rosto cortado. Em princípio não levaram nada, e eu acho que foi porque estou com adesivos do Lula, expondo em quem vou votar no domingo”, relatou a jornalista em vídeo divulgado nas redes sociais.

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Gabriel Carriconde Reprodução Reprodução
Brasil 5

Professores repudiam projeto do governo do Paraná de privatizar escolas

Sindicato calcula que cerca de R$ 200 milhões serão repassados para a iniciativa privada

Chamado de Parceiro da Escola, o projeto prevê contratar empresas para fazer “o gerenciamento da área administrativa, financeira e estrutural, além da supervisão e apoio na gestão pedagógica das instituições de ensino”. Porque, segundo o governo, a Secretaria de Educação não vai dar conta de cuidar das mais de 2 mil escolas no estado.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná – APP-Sindicato – em nota afirma que é “um projeto-piloto para o que está por vir: o fim da escola pública”.

Audiência denuncia repasse

Ogoverno do Paraná pretende iniciar um projeto-piloto de privatização das escolas a toque de caixa. A comunidade escolar foi surpreendida com a inciativa já sendo colocada em prática sem nenhum diálogo com professores, alunos e pais. Um edital, lançado logo após

em que Ratinho se reelegeu, foi destinado à inscrição de empresas para se responsabilizarem pela gestão de, inicialmente, 27 escolas públicas.

O governo justifica que é um “projeto-piloto”, para escolas que tiveram nota inferior no Ideb - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.

“Nós avisamos. As urnas eletrônicas mal esfriaram e Ratinho Júnior já confirmou as previsões da APP durante o processo eleitoral: pé na porta da escola pública, assalto por grandes empresas ao dinheiro do Estado, fim da gestão democrática e ampla terceirização do serviço público e de seus(suas) trabalhadores(as)”, diz trecho do documento.

Devido à falta de diálogo com a comunidade escolar, uma audiência foi realizada na Assembleia Legislativa, organizada pelo mandato do deputado professor Lemos (PT). Entidades da sociedade civil, Ministério Público, Defensoria Pública, profissionais da educação e sindicatos compareceram e lamentaram a ausência do governo, que também foi convidado.

Na audiência, a APP apresentou dados que demonstram que recursos públicos da educação migrarão para iniciativa privada. Estima-se que, dos R$ 800 por aluno a serem repassados à iniciativa privada, R$ 200 serão apenas lucro no bolso dos empresários. Ao todo, segundo o sindicato, serão R$ 200 milhões em um ano, considerando apenas as 27 escolas incluídas no edital.

“Fazer educação de qualidade custa caro. Para ter lucro, vão ter que cortar o que custa mais. Por que estas empresas aceitarão, por exemplo, estudantes com deficiência se é preciso ter um profissional a mais para cuidar deles?”, questiona

Walkiria Olegário, presidente da APP.

Lucro A professora de História Ângela Machado está bastante preocupada com a possibilidade de privatização de duas das escolas em que trabalha. “Ter uma empresa à frente da gestão da escola pública é colocar o interesse em lucro que essa empresa terá e mais cerceamento de direitos dentro do ambiente escolar, principalmente do pouco de democracia que ainda existe nas escolas do Paraná”, afirma.

“Esse edital é a comprovação mais cabal das intenções privatistas da Seed, como já estão fazendo de várias formas. Com a tentativa de fechamento de várias escolas, da militarização das escolas, com a imposição da EAD e, mais recentemente, nos acordos criminosos com a Unicesumar”, conclui.

Após as denúncias feitas pela APP Sindicato, o governo resolveu fazer consulta às comunidades escolares envolvidas até o dia 29 de novembro. Já os deputados da oposição a Ratinho Jr enviaram requerimento exigindo a imediata suspensão do edital.

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Ana Carolina Caldas o primeiro turno das eleições, PUBLICIDADE
Reprodução 6 Cidades
Reprodução

Peça faz homenagem à atriz paranaense Odelair Rodrigues

Em formato de metateatro, a montagem “Odelair - uma Peça Teatral” conta a história desta que ficou conhecida como a primeira atriz negra a fazer sucesso no Paraná. Tendo mais de 50 anos de carreira, Odelair Rodrigues, que faleceu aos 67 anos, em 2003, marcou sua trajetória no rádio, televisão, teatro e cinema. Vale destacar seus trabalhos na TV Paraná, TV Tupy e Rede Globo, onde contracenou com vários artistas famosos, como seu amigo Ary Fontoura. A peça, que tem direção de Kelvin Millarch, conta com momentos marcantes e inéditos sobre a vida de Odelair.

Começo no colégio A história

trou em cena no espetáculo “O Filho Pródigo”. Formou-se em Contabilidade, e por não conseguir se profissionalizar na área, foi trabalhar como doméstica.

DICAS MASTIGADAS | Sopa de abóbora

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes 1 kg de abóbora orgânica já descascada 1 ½ cebola orgânica branca

½ maço de salsinha 2 galhos de erva cidreira/ capim santo 1 colher (sopa) sumo de gengibre Sal a gosto

Modo de preparo Coloque todos os ingredientes em uma panela, acrescente água suficiente para cobrir toda a abóbora e leve ao fogo com a panela tampada. Quando estiver bem cozida, com a abóbora bem macia e a cebola transparente, tire o galho da erva cidreira/capim santo, descarte, e bata todo o conteúdo no liquidificador até ficar um creme homogêneo. Coloque de volta na panela e deixe apurar um pouco, depois é só servir com um fio de azeite de oliva ou azeite de licuri.

Ajudou a fundar o Teatro de Bolso e foi integrante do Teatro de Comédia do Paraná. Ganhou diversas premiações ao longo de sua vida profissional.

Viveu preconceitos desde adolescente. E esta narrativa também está presente na homenagem, concebida por Kelvin. “É um projeto que busca preservar a memória da atriz paranaense de forma a valorizar sua trajetória no teatro, rádio e TV. Pretendemos trazer à cena uma narrativa completa, forte e presente da vida e obra de uma atriz que será representada por também atrizes negras, paranaenses e que trazem na construção esta persona cênica”, con-

Orgulho crespo

O Movimento Orgulho Crespo é nacional, iniciado em São Paulo. Em Curitiba, a Marcha do Orgulho Crespo – MOC – acontece desde 2016, uma das pioneiras no movimen-

ta Kelvin. “A proposta inicial vem com uma reflexão sobre por que motivo não ouvimos muito falar sobre Odelair. A motivação principal é a vontade de levar o nome da atriz ao público da nossa geração”, diz.

Para ficar por dentro

O quê: “Odelair - uma peça teatral”

Quando: 13/11 às 20h. 20/11 e 3/12 às 16h e às 20h

Onde: Espaço Excêntrico Mauro Zanatta (Rua Lamenha Lins, 1.429) Quanto: R$ 20 (mais taxa no site www. ciakadeteatro.com.br)

to. E conta com o apoio da Universidade Federal do Paraná, a partir do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros NEAB-UFPR desde a sua primeira edição.

Racismo estético

O objetivo do evento é proporcionar a re exão sobre o racismo estético que afeta a construção de subjetividades, empregabilidade. A marcha tem o objetivo de denunciar o racismo e também de conscientizar a população em geral e oferecer momentos de troca de informações, técnicas e cuidados para a população negra de Curitiba e região.

Programação

12 de novembro (sábado)

9h às 12h atividade para crianças e responsáveis sobre cuidado com crespos; atividades práticas com tecidos, pintura facial, desenhos com temática negra, teatro, contação de histórias, desfile de penteados Afro; encontro de Trancistas no Espaço do Penteado Afro, com inscrição prévia e certificado; oficina de dança para todas as idades.

13h30 às 19h concentração para a caminhada na Boca Maldita, que termina com show na Praça Santos Andrade com artistas negros e negras de Curitiba.

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Ana Carolina Caldas da artista começou em 1952, quando passou a integrar o grupo de Teatro Experimental do Colégio Estadual do Paraná. En- Atriz negra teve 50 anos de carreira dedicados ao teatro, TV e rádio
Cultura 7
Giorgia Prates Reprodução Divulgação

“Se faltasse o Flamengo no mundo”

Quem nunca cantou “Adeus Ano Velho” no Réveillon? Quem não conhece o clássico dos clássicos da moda de viola (“Rancho Fundo”) ou a imortal marchinha de Carnaval “Linda Morena”? São apenas três exemplos da obra de Lamartine Babo, Top 10 dos compositores brasileiros e, seguramente, o mais versátil deles. Saiu da alma desse gênio o hino do clube de maior torcida do país: o Flamengo, que eliminou o Athletico-PR da Copa do Brasil. Dois de seus versos ecoam na torcida do Coritiba desde domingo passado (6/12): “Eu teria um desgosto profundo / se faltasse o Flamengo no mundo”. Nove dias depois de derrotar o time da Baixada em Guayquil, em torneio internacional, teve compromisso em Curitiba... e não faltou à costumeira derrota para o Coxa. Não por goleadas como 5x0 de outras duas vezes, ou 3x0 de outras, mas o placar mínimo deixou a massa alviverde feliz.

De volta a 1992

Diante da falta de calendário - o time pro ssional entra em campo só em abril pela segundona do estadual -, o coração tricolor ganhou um alento e tanto. Depois de car de fora da edição da Copa São Paulo de Juniores em 2022, o tricolor recebeu o convite para participar da edição do ano que vem. Estamos no grupo 23 da Copinha, que terá sede em Santana do Parnaíba, que ca na Região Metropolitana da Capital.

Além do tricolor, estão no grupo SKA Brasil, de São Paulo, o Aster Brasil, do Espírito Santo, e o Vitória da Bahia. Sim, o tricolor paranaense vai reencontrar o rubro-negro baiano numa reedição da final da Série B de 1992, quando o Paraná conquistou seu primeiro título nacional. No profissional, o Vitória caiu para a série C em 2021, mas vai retornar à Série B em 2023 junto com Mirassol, Botafogo-SP e ABC-RN.

O que pensar sobre convocação da Seleção Brasileira?

Lista de convocados foi divulgada na sede da CBF. Brasil parte para a Copa

Pela vaga no G6

Faltando dois jogos para o m do Brasileirão e a missão de terminar entre os seis classi cados para a fase de grupos Libertadores está cada vez mais próxima. O jogo decisivo será em casa contra a equipe do Botafogo, que nos últimos jogos mostrou qualidade su ciente para brigar pelas últimas vagas do G8. Vai ser um jogo difícil e também indicativo para a próxima temporada. Estamos com uma equipe forte, competitiva, mas alguns setores do campo precisam urgentemente de contratações. A zaga vai precisar de uma renovação. A saída de Terans já é especulada, e outros jogadores, como a revelação Vitor Roque, podem acabar saindo. Espero que o clube consiga manter parte da base que funcionou este ano e decida, com inteligência, quem vai comandar o time no ano que vem, já que o foco são títulos.

Toda convocação de Seleção Brasileira gera protestos, e os 26 nomes escolhidos por Tite para a Copa do Mundo do Catar geraram todo tipo de controvérsia. Por hora, quem com a certeza de que a lista divulgada na sede da CBF na segunda (7) é boa sim e que o Brasil tem plenas condições de fazer um bom Mundial no Catar. Quem sabe até brigar pelo tão sonhado hexacampeonato.

As maiores controvérsias estão na convocação de Daniel Alves e na ausência de Gabigol. Há quem veja nas escolhas de Tite uma espécie de consolidação de uma “panela” formada pelos nomes mais convocados nos últimos anos. Tese difícil de ser defendida quando se observa o número de jogadores chamados durante as Eliminatórias da Copa do Mundo e amistosos da Seleção Brasileira. Está claro que Tite convoca com coerência e baseado em uma série de observações. Há critério.

A convocação de Daniel Alves pode ser observada por vários ângulos. Eu fui um dos que torceu o nariz quando Tite anunciou seu nome, mas quem seria seu substituto? Quem é o jogador que reúne

experiência e compreensão plena do modelo de jogo de nido pelo treinador que poderia estar na Copa do Mundo no seu lugar? Eu não consegui pensar em nenhuma alternativa. E vocês?

E também temos a ausência de Gabigol. Mesmo com os inúmeros gols marcados nas últimas temporadas, precisamos entender que o camisa 9 do Flamengo mudou de posição nos últimos meses. Já não é o homem mais avançado do time e passou a jogar mais recuado, quase como um “camisa 10” de fato. Curiosamente, esse é o pedaço do campo onde ele encontra a maior concorrência na Seleção Brasileira. É ali que jogam Lucas Paquetá e Neymar.

Agora, precisamos falar dos “refrescos”. Gostei muito da convocação de Gabriel Martinelli. O atacante do Arsenal está comendo a bola na Premier League e possui características que podem ser muito úteis na Seleção Brasileira. Assim como Everton Ribeiro. O camisa 7 do Flamengo foi fundamental na conquista da Libertadores e da Copa do Brasil e pinta como ótima opção para o meio-campo.

Leia a íntegra no www.brasildefatoparaná.com.br

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Luiz
Divulgação

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