Brasil de Fato PR - Edição 288

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Esportes | p. 8

Confusão na Baixada

Clássico entre Atlhetico e Coxa deve gerar pesadas punições

Lula, um mês depois

Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos do presidente, fala dos atuais desafios Brasil | p. 5

Cultura | p. 7

Produtoras culturais

Curso capacita mulheres a acessar recursos da cultura

Editorial | p. 2

O BC de Bolsonaro

Presidente saiu, mas deixou bomba armada na economia

Opinião | p. 2

Compromisso com a população negra

O que muda em 2023 com a posse de Lula

Paraná | p. 4

Guarda violenta

Aumentam denúncias de violência da GM de Araucária contra trabalhadores

Ano 5 Edição 288 9 a 15 de fevereiro de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
PARANÁ
credito foto Carlos
Poly
Tânia Rego | Agência Brasil
Divulgação

Paraná, 9 a 15 de fevereiro de 2023

editorial opinião

BCB, Banco Central bolsonarista

OBanco Central do Brasil, BCB, desde 2019 pode ser chamado de Banco Central bolsonarista. Mesmo perdendo a eleição, o ex-presidente deixou uma bomba. Sancionou em 2021 a lei do banco central independente. Como efeito prático, seu presidente do BC, Roberto Campos Neto, ficará pelo menos até a metade do governo Lula.

E isso é importante porque cabe ao BCB, entre outras decisões, a definição da taxa de juros básica, a chamada Selic. No Brasil,

SEMANA

esta taxa é a maior do mundo em países comparáveis. Bom para quem tem muito dinheiro, ruim para 99% da população. Com a taxa nas alturas, o governo paga mais juros e deixa de investir. Quem tem dinheiro aplica e não investe em produção e consumo, e o país pode cair em recessão.

Não à toa, Lula tem criticado tanto o BC bolsonarista. Como comparação, a inflação fechou 2022 em 5,79%, com Selic de 13,75%, ganho real de cerca de 7,5%. Nos Estados Unidos, a in-

flação anual está em 6,5% ao ano, e a taxa de juro é de 4,5%, negativa. Lula reclama, e com razão, porque parece que a tática do BCB é evitar crescimento econômico e distribuição de renda. E com a camisa de força do BC independente, ele nem pode mandar embora o técnico escolhido pelo presidente que perdeu o campeonato.

Agora é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso

FALA POVO

O compromisso do governo Lula com a população negra brasileira

Anatalina Lourenço, Cientista social, professora da rede pública estadual e municipal de São Paulo. Ativista do movimento de mulheres negras

Oano de 2023 iniciou-se com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Um governo que começou pensando e apresentando a maior marca de inclusão: nove mulheres no governo federal.

Nomeou a primeira mulher indígena do país para o Ministério dos Povos Originários, a deputada federal Sonia Guajajara (PSOL). Tivemos a professora Anielle Franco como ministra da Igualdade Racial e o professor Silvio Almeida como ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania. E mais nove ministros (as) negros (as).

Trata-se do maior número de negros (as) à frente do primeiro escalão do governo federal brasileiro desde a redemocratização. É saber que teremos um trabalho dentro do Ministério contra o pacto narcísico da branquitude. É saber que temos a chance de um dos melhores ministérios que esse país já teve.

Fazendo valer os direitos e garantias dadas a todos e todas, considerados essenciais para a vida digna e cidadã de qualquer pessoa. Nesses direitos estão o direito à educação, à erradicação da pobreza, à igualdade de gênero e das

desigualdades sociais. Essas formas que também estão conectadas ao racismo como crime e deve ser combatido enquanto um direito.

E mesmo havendo disparidade, conseguimos o marco de termos profissionais negros em várias áreas do escalão da política brasileira, levando discussão para além do racismo. Uma caminhada está sendo reestabelecida entre Lula e a população negra, que compõe mais de 50% da população negra/parda do Brasil.

Com objetivo e todo potencial de ser um dos governos com a maior diversidade e inclusão, o presidente Lula sancionou, no 11 de janeiro de 2023, a Lei que equipara injúria racial ao crime de racismo, podendo chegar a uma reclusão de 2 a 5 anos, também haverá aumento da pena se o crime for cometido em eventos culturais ou esportivos e se tiver finalidade humorística (injúria racial coletiva).

Também foi aprovado o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. Essas são algumas mudanças sancionadas que já fazem mudança, trazem segurança e justiça ao combate contra o racismo e racismo religioso, para que prevaleça a importância da liberdade religiosa no Brasil.

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná . Esta é a edição 288 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Anatalina Lourenço ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires FOTOGRAFIA Giorgia Prates REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin

DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
2 Opinião

O outro lado do Show Rural

A 35ª edição do Show Rural, em Cascavel, tem reunido, por dia, pelo menos 50 mil pessoas. São mais de 600 estandes com expositores que mostram a força do campo paranaense. O evento tem máquinas, tecnologia, inovação, bancos de empréstimo e conhecimento. Muito agronegócio, mas também tem preservação do meio ambiente e responsabilidade social. É o outro lado do Show Rural, que foca na agricultura familiar e na agroecologia.

É neste espaço “alternativo” que engenheiros agrônomos e técnicos se encontram com pequenos agricultores e pessoas preocupadas em produzir alimento ou consumir com respeito à natureza. A engenheira agrônoma Josiane dos Santos esclarece que, embora o agro produza muito, é a agricultura familiar que coloca comida na mesa. “Mais de 80% do que todo brasileiro come vem da agricultura familiar. A gente não come milho ou soja, que são exportados. Por isso o estado foca em projetos para desenvolver o setor”, destaca a pro ssional do IDR-Paraná.

Já o pesquisador da Embrapa Alberto Feiden desmisti ca a visão de que a agroecologia não tem tecnologia. “O grande produtor utiliza tecnologia de insumo. A gente usa tecnologia de processos, a gente exige muito mais conhecimento”, compara.

Disse em entrevista ao BDF-PR a médica ginecologista e vereadora Maria Letícia (PV).

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Matou as carpas por moedas

O site Metrópoles revelou que empregados que trabalhavam com Michelle Bolsonaro denunciaram que ela mandou secar o espelho d´água do Palácio do Alvorada para retirar as moedas que as pessoas jogavam lá e doar para uma “igreja”. Na quarta, 8, a própria Michelle confirmou em seu Instagram ter ordenado a retirada das moedas, mandando R$ 2.213,55 à Vila do Pequenino Jesus. Além de caracterizar-se como apropriação de um dinheiro que não era seu, o ato da ex-primeira-dama pode ter gerado a morte de carpas, peixes raros doados pelo Japão.

Um mês dos atos golpistas

Completou no último dia 8 um mês da invasão das sedes do governo federal, do Congresso e do STF em atos de golpistas. O prejuízo foi milionário. Destruição de obras de valor inestimável, como uma tela de Di Cavalcanti, do acervo do Planalto, orçada em R$ 8 milhões. Um relógio pêndulo do século XVII e que pertencia a D. João VI. Sem contar as mesas, cadeiras, computadores atingidos. O estrago maior foi no plenário do STF, que precisou de reposição de praticamente todos os móveis.

Golpistas presos

Um mês depois, centenas de pessoas ainda estão presas. Mais de 100 mil denúncias foram encaminhadas por e-mail e analisadas. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio dos bens dos presos, num total de R$ 18 milhões. O ex-secretário de segurança do Distrito Federal Anderson Torres está preso e o governador, Ibaneis Rocha, afastado. O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi incluído no inquérito e as investigações continuam.

Dilma presidente

A jornalista Hildegard Angel deu a notícia de que a ex-presidente Dilma Rousseff deve assumir a presidência do Banco do Brics, que reúne Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negocia a renúncia de Marcos Troyjo, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), indicado por Bolsonaro.

Mandata preta bate papo com jornalistas

A vereadora de Curitiba e fotojornalista Giorgia Prates convida jornalistas para uma roda de conversa no dia 9 de fevereiro, às 19h, no Sindicato dos Jornalistas, na Rua José Loureiro, 211, centro de Curitiba. A pauta é aberta, cada um leva a sua para a discussão do mandato, que começou neste mês de fevereiro.

Data-base

O Fórum das Entidades Sindicais (FES) protocolou ofício pedindo reunião com o governador Ratinho Jr para apresentar as reivindicações dos servidores. São quatro temas centrais: data-base, contribuição previdenciária, assistência à saúde e concurso público. Além da reunião com o governador, os representantes pedem também a composição de mesa de negociação das pautas apresentadas.

Defasagem de mais de 40%

A principal reivindicação nas negociações é o pagamento do reajuste salarial na data-base, em maio. O documento protocolado destaca que a defasagem salarial de servidores pode chegar a 41,95% em maio. Já são quase sete anos sem zerar as perdas da inflação. Outra pauta é acabar com o pagamento da contribuição previdenciária de aposentados até o teto do INSS, de cerca de R$ 7,5 mil. A proposta é que o desconto só incida sobre a parte do salário acima desse valor.

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“A saúde está falida na cidade de Curitiba. O Rafael Greca (DEM) vai ficar conhecido como o prefeito que mais desconstruiu a saúde pública.”
FRASE DA SEMANA Geral 3
Reprodução | CMC
Reprodução | MST E
d u Andrade|

Guarda Municipal de Araucária: por que tanta violência?

Investimentos maciços no período

2019-2022 mostram predisposição a coibir manifestações e lutas por moradia

Pedro Carrano de Araucária (Sifar), a gestão municipal teria acionado a guarda para impedir a comemoração.

No início de 2023, duas famílias foram despejadas da área Jardim Magnópolis, a partir de solicitação da Companhia Paranaense de Energia (Copel). A desocupação forçada foi executada pela Guarda Municipal de Araucária (GMA), cidade na Região Metropolitana de Curitiba, e ainda pode alcançar mais 28 famílias.

Nesse episódio, chamou a atenção o período de mais de três décadas em que as famílias habitavam o local, e não esperavam mais esse tipo de ação. Ao mesmo tempo, impressionou a violência com que foram retiradas do espaço, com golpes de imobilização.

Essa situação não foi específica. Uma série de fatos atesta que a Guarda Municipal de Araucária tem orientação ao confronto contra trabalhadores em áreas de ocupação irregular e também contra servidores municipais.

A atual Prefeitura de Hissam Hussein Dehaini (Cidadania), entre 2019 e 2022, fez investimentos pesados na contratação de servidores, na compra de armamentos, carros e preparo para uso do arsenal adquirido.

Violência contra servidores Em 25 de setembro de 2020, os servidores comemoravam a reprovação do pacote de ajustes da Prefeitura em relação ao funcionalismo. De acordo com relato do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária (Sismmar) e do Sindicato dos Servidores

Já em setembro de 2021, servidores protestavam contra o aumento da alíquota de contribuição previdenciária, em frente à Câmara local, quando foram surpreendidos pelos guardas que, segundo os sindicatos, agiram com truculência, deixando vinte servidores feridos. Em protestos recentes, o relato é de forte aparato da GMA como forma de intimidação dos manifestantes.

Violência contra ocupações O expediente de usar balas de borracha e ter ação truculenta é comum quando acontece uma ocupação por moradia. Num domingo, 16 de maio de 2021, a Prefeitura acionou a guarda municipal, ao lado da polícia militar, para retirar trabalhadores que ocupavam terreno na cidade. Mesmo em período de pandemia, balas e o gás lacrimogênio atingiram quem estava no local. Havia crianças, idosos e até vizinhos da área ocupada.

ARSENAL AMPLIADO

A Prefeitura de Hissam Dehaini divulga, em diferentes espaços, o investimento maciço em armamento, efetivo e treinamento da GMA. Em 2022, o orçamento para segurança pública atingiu cerca de R$ 35 milhões, divulgado como o maior da história da cidade.

Entre várias aquisições, para dar um exemplo, estão novas carabinas CTT semiautomática, calibre .40. Até então, os guardas conta-

vam com arsenal de menor potência. Além da aquisição de 50 pistolas de choque, entre outros equipamentos. O investimento está focado em armamento, mas também numa espécie de tratamento diferenciado entre segmentos do serviço público municipal. Entre 2018 e 2021 a cidade concedeu aumento financeiro de 30% no adicional de risco à vida aos guardas municipais.

Tornar a cidade “atrativa”

Uma das análises sobre a política atual de segurança pública em Araucária, com polo industrial, é a tentativa de conter as lutas sociais e tornar a cidade “apresentável” para investidores. No período que coincide com o governo de Bolsonaro, essa política de contenção às lutas populares seria aceita pela população.

OUTRO LADO

A reportagem do BdF entrou em contato com a assessoria de imprensa da Pre-

feitura Municipal de Araucária, que cou de responder um questionário envia-

do. Até o fechamento desta edição, não recebemos a resposta.

“Desde antes da pandemia, o governo Hissan tem buscado um funcionamento mais estruturado do capital na cidade. Alteraram várias questões estruturais, o Plano Diretor, novo código tributário, para atração de empresas. Ao mesmo tempo, tenta coibir manifestações”, afirma a direção do Sindicato dos Servidores de Araucária (Sifar), após pergunta enviada pelo Brasil de Fato Paraná.

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4 Brasil
Carlos Poly Muitas das ações da Guarda Municipal de Araucária são feitas em conjunto com a PM

Lula quer participação popular, combate à fome, mais direitos e melhora na renda do trabalhador...

Num evento da Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo, Cefuria, em Curitiba, o Brasil de Fato Paraná entrevistou o secretário de Economia Solidária do governo Lula, Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos do petista. Ele falou da importância da participação popular no governo, da necessidade de aproximação com as “periferias” e a base dos evangélicos, das iniciativas da economia solidária além de uma alegada “radicalização” de Lula no atual mandato. Veja os principais trechos abaixo.

Economia solidária

Apesar das di culdades, as sementes foram lançadas e fruti caram. Em qualquer canto do país, você vê pulverizadas as iniciativas da economia solidária, as mais diversas formas de cooperativa, enm. Essa retomada pretende dar um salto no sentido de tirar a economia solidária de ser um nicho dentro do governo para se tornar uma política pública efetiva. Para isso, o governo precisa investir, se ocupar com o nanciamento da economia solidária, com a disponibilidade de recursos e gente para fazer um trabalho de assistência, organização e formação. Criar e ampliar as redes das diversas iniciativas.

Participação popular

No governo Lula há uma concepção de que a sociedade precisa estar dentro do governo, construindo o projeto com os que estão ocupando os cargos. Tenho convicção de que novas formas vão avançar, retomar plebiscitos, referendos, conferências, conselhos.

Investimento em comunicação e nas redes

Esse é um dos grandes desa os que nós temos: romper uma cultura de acreditar que bastava praticar políticas públicas adequadas que, com isso, você teria um resultado de inclusão material, econômica e que também haveria a inclusão cultural e cidadã. Já quebramos a cara, e a realidade nos mostrou que não é assim.

Em geral, é o contrário. A captação de quem tem algum acesso econômico por parte de uma cultura de classe média, no pior sentido do termo, do individualismo, da violência. Não temos o direito de repetir esse erro. O governo vai ter de tomar, e espero que isso comece a acontecer muito brevemente, esse cuidado de a cada ação governamental haver uma leitura, uma disputa da leitura daquele acontecimento ... O trabalho de inclusão digital, de comunicação através das redes, também se tornou dramaticamente importante. Esses veículos são essenciais para a leitura e interpretação da realidade que as pessoas fazem.

Presença física

Além da comunicação, não podemos esquecer a presença física da esquerda, da militância progressista, no meio da população, é essencial para a gente. Sem isso, vamos “mancar” de novo, vamos cometer o erro e nos fragilizar. Porque é também através dessa comunicação, da informação, e ter essa conscientização, que você vai estimular a organização do poder popular. Por meio dos comitês populares, das formas múltiplas que temos hoje de organização do povo.

Evangélicos

Defendo que se busque uma nova aliança com os evangélicos. Uma coisa são os grandes dirigentes das igrejas massivas-televisivas, outra coisa é lá na base. Dos 20.000 candidatos a vereador que o PT teve em 2020, mais de 2 mil eram evangélicos, muitos pastores. Há um campo de negociação, de conversa, de identi cação, que é possível construir. Eu acho necessário que se busque construir essa aliança. Não adianta criar guerra contra as grandes igrejas, você acaba vitimizando e dá a eles o mote para que façam suas campanhas falsas e cheias de fake news. O que nos interessa é o diálogo com aqueles que estão lá na base, fazendo o trabalho deles que, eu insisto, é de muita generosidade, de muita atenção ao povo, e nos interessa nos somarmos a eles, buscando pontos de convergência e aliança.

Mas, além disso, a própria elaboração das políticas terá novo grau de participação. Isso corresponde a um avanço que própria sociedade fez. 2023 não é 2003, há problemas novos, econômicos e tal, mas há também vantagens novas. Uma delas é isso, a sociedade amadureceu e participa de forma muito mais concreta.

Acho divertidas essas quali cações porque o Lula está onde sempre esteve. O que o Lula não quer fazer é faltar com os compromissos essenciais que ele fez: a questão da fome, devolver direito aos trabalhadores, retomar o crescimento do país com distribuição de renda. Quero

insistir nisso, o Lula não está mais à esquerda, está onde sempre esteve, que é a defesa dos interesses do povo, e ele foi eleito para isso. Ele sabe que não pode falsear, que não pode faltar com aqueles que depositaram nele a con ança, que é a maioria do povo brasileiro.

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Em entrevista, Gilberto Carvalho, um dos assessores mais próximos do presidente, fala do atual governo
Lula mais à esquerda?
Brasil 5
Lucas Botelho

Um novo Governo Federal, o que podemos esperar?

Opresidente Luíz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2022 e, durante sua campanha, firmou o compromisso com a classe trabalhadora — com projetos de valorização do salário mínimo e que alterem a Reforma Trabalhista aprovada na gestão Temer. Um dos primeiros passos que vão ao encontro desse compromisso

foi a reconstrução do Ministério do Trabalho, extinto desde 2018 e incorporado ao Ministério da Economia.

Os próximos 4 anos nos apontam para uma reabertura de diálogo para a luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Mas sabemos que os desafios são grandes para fortalecer as legislações trabalhistas, pois ainda temos um Congresso Nacional polarizado.

O

que já mudou neste 1º mês de mandato?

1

Na Segurança pública, Lula assinou um decreto que reduz o acesso às armas e munições.

2 Compromisso com a agenda climática, revogando medidas que incentivam o garimpo ilegal na Amazônia, em terras indígenas e em áreas de proteção ambiental.

políticas públicas voltadas para a dignidade da população negra, como o fortalecimento da Lei de Cotas.

6 Criação da Secretaria Nacional LGBTQIA+

3

Na saúde, há a retomada de uma ampla campanha de vacinação e do Programa Farmácia Popular.

4 Novas alianças internacionais foram feitas para promover a equidade de gênero e voltamos a ter um Ministério das Mulheres dedicado ao enfrentamento à violência de gênero.

5

O Ministério da Igualdade Racial, criado neste novo governo, tem

7 A alimentação volta a ser uma preocupação com a reativação do Conselho de Segurança Alimentar, órgão responsável pelo combate à fome e por políticas de incentivo à agricultura familiar e de alimento saudável em equipamentos públicos.

8 Revogada a política de segregação de crianças com deficiência em salas de aula.

9 Na cultura, novos editais abertos, com o intuito de serem mais democráticos e atingirem todas as regiões do Brasil.

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“Mulheres nas Artes” promove a formação de produtoras culturais

Curso gratuito tem início no Mês da Mulher e busca incentivar a atuação de trabalhadoras

Para potencializar ainda mais a atuação das trabalhadoras da cultura, o LAB Criação promove gratuitamente, entre março e abril, a segunda edição do Ciclo Mulheres nas Artes. O curso, virtual, tem como enfoque a formação para a gestão de projetos socioculturais. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no site www.labcriacao.com até o final de fevereiro.

O público-alvo vai de iniciantes a profissionais com experiência no desenvolvimento de iniciativas culturais. Nos formatos de videoaulas e webinários, todas as ações contam com recursos de acessibilidade, como intérprete de libras e técnicas de audiodescrição.

Vocação cultural Curitiba é uma das cidades escolhidas pela organização para acolher ações de divulgação local, visando ao engajamento ao Ciclo Mulheres nas Artes. Casa de grandes eventos, como a Oficina de Música e o Festival de Teatro,

Memorial Paranista

Até 25/2, há visitas guiadas ao Memorial Paranista, permitindo articulação entre arte, natureza e história: É possível conhecer o centro cultural e descobrir curiosidades por trás das obras de arte e dos elementos arquitetônicos e paisagísticos do Jardim de Esculturas. E o funcionamento de uma fundição artística e aprender sobre técnicas usadas para criar monumentos em bronze. É gratuito, o museu fica na Rua Mateus Leme, 4.700 - Bairro São Lourenço.

Roda de Leitura

a capital paranaense é uma das referências nacionais quando se pensa em artes e espetáculos.

No entanto, para Chimeni Maia, uma das idealizadoras do LAB Criação, mesmo cidades com cena cultural desenvolvida possuem lacunas na formação de produtoras. “Facilitar o acesso à capacitação de novas profissionais no mercado é abrir caminho para que mulheres possam atuar cada vez mais em produções artísticas em sua cidade”, afirma. Além de Curitiba, também contam

com articulação local a vizinha São José dos Pinhais (PR) e os municípios de Registro (SP) e Serra (ES).

Leis de incentivo Entre os principais tópicos abordados estão as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, cujos editais têm previsão de lançamento ainda no primeiro semestre. O objetivo é tornar as mulheres aptas a concorrerem para utilizar esses recursos, contribuindo para a emancipação profissional e sustentabilidade econômica.

DICAS MASTIGADAS | Pamonha

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

5 espigas de milho orgânico com palha

¼ de xícara (chá) de coco fresco ralado

1 xícara (chá) de açúcar

1 pitada de sal

Modo de Preparo

Retire as espigas da palha, com cuidado. A palha será usada como recipiente para a pamonha. Leve uma panela grande com bastante água ao fogo alto e deixe ferver. Mergulhe as palhas por

1 minuto e transfira para uma tigela. Rale as espigas de milho. Peneire o milho ralado, até tirar todo o líquido. Junte ao líquido coco, açúcar e sal e misture bem. Faça um tubo com as palhas da pamonha, fechando o fundo com um barbante. Coloque o creme dentro da palha e amarre bem com um barbante, de forma que não seja possível vazar. Coloque as pamonhas em uma panela com água fervente e deixe cozinhar por 30 minutos.

Acontece em 11 de fevereiro, às 16h, no Portão Cultural, roda de conversa sobre o mais recente livro de Ailton Krenak. Em “Futuro Ancestral”, Krenak fala da linguagem dos rios, questiona “se há futuro a ser cogitado esse futuro é ancestral, porque já estava aqui”. O encontro promoverá a leitura e o compartilhamento de percepções sobre poéticas de artistas e intelectuais indígenas contemporâneos.

Mostra de fotografia

Até 12 de março, de terça a domingo, é possível visitar gratuitamente a exposição “Fotógrafas Brasileiras: um recorte no acervo fotográco”. A mostra reúne trabalhos sobre o importante papel da mulher na fotogra a, a partir da coleção do Museu da Fotogra a Cidade de Curitiba. O ingresso é gratuito. Informações pelo tel. (41) 3321-3260.

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Cultura 7
Reprodução | MST
R e p r o d u ãç o
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Primeiro AthleTiba do ano termina em empate e pancadaria

Athletico e Coritiba protagonizaram cenas lamentáveis na Arena, atletas podem ser suspensos

Oclássico AthleTiba de número 391 poderia ser marcado por um jogo bastante disputado nas duas etapas, com justo empate em 1 a 1, com gols de Kaio César (Coritiba) e Pablo (Athletico).

Um Coritiba apostando no talento de seus homens de frente, sobretudo na primeira etapa, e um Athletico massacrante no segundo tempo. Seria essa a memória, mas o clássico de torcida única, realizado no final da tarde do domingo, 5, acabou marcado pelas cenas de violência no final do jogo.

Reincidentes por conta de punição recebida pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná, Athletico e Coritiba jogaram seus primeiros jogos do Paranaense apenas com mulheres e crianças. A punição seria dois jogos com portões fechados para o Athletico e um para o Coritiba, devido a uma

briga ocorrida nas arquibancadas do Couto Pereira entre as duas torcidas no ano passado. A punição acabou virando uma bonita festa com a Arena da Baixada e o Couto sendo tomado por mulheres e crianças, mas, apesar desse bom exemplo de civilidade, as duas equipes protagonizaram uma briga feia no final do jogo.

Aos 48 do segundo tempo, após

uma falta cometida pelo zagueiro coxa-branca Márcio Silva no meia rubro-negro David Terans, a confusão se inicia após o meia puxar a camisa do zagueiro, e o atacante do Coritiba Alef Manga dar uma trombada em Terans, pelas costas. Em seguida o capitão athleticano, Thiago Heleno, desfere socos em Manga, iniciando uma correria entre chutes e pontapés.

Até mesmo o técnico António Oliveira, do Coritiba, chegou a se estranhar com o comandante athleticano, Paulo Turra. Alguns torcedores chegaram a invadir o gramado, com um deles chegando a agredir o goleiro alviverde, Marcão. Com a confusão, o árbitro da partida, José Mendonça da Silva Júnior, teve de terminar a partida faltando poucos minutos para o final e chamar reforço de policiamento. O trio de arbitragem confirmou as expulsões na súmula do jogo dos atletas Pedro Henrique, Thiago Heleno, o lateral Pedrinho, o volante Christian e o meia-atacante David Terans, pelo lado do Athletico. Pelo Coritiba, o técnico António Oliveira, o zagueiro Marcio Silva e os atacantes Alef Manga e Fabrício Daniel. Os atletas, assim como o Athletico, por conta da invasão dos torcedores, poderão ser punidos com suspensão, e no caso do clube poderá haver perda do mando de campo por ser reincidente.

Tourada na (ex-) República do Acre

Esta coluna adiantava, em 8/12, os dez possíveis adversários do time coxa-branca na Copa do Brasil, cuja principal diferença consiste nas distâncias a percorrer – fonte de cansaço físico. O oponente sorteado será o Humaitá, de Porto Acre, cidade que por quatro anos foi capital... de um país! Com efeito, em 1889 o libertador Luis de Arias expulsou de lá os bolivianos e proclamou a República do Acre, que chegou ter constituição, moeda e até exército próprio. Abria-se, assim, o caminho para sua incorporação ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis. Com sete anos de história no futebol pro ssional, o “Touro”, como é conhecido, tornou-se campeão estadual pela primeira vez no ano passado. O jogo será em Rio Branco, no próximo dia 22 ou em 1º de março. A rota exigirá duas escalas (uma delas com troca de aeronave). Um empate classi ca o Coritiba.

Prata preciosa

Uma coisa é certa: precisamos tratar a Série Prata do Paranaense 2023 como se fosse o campeonato das nossas vidas. Diferentemente de quando disputamos o acesso, em 2012, quando subir ou permanecer era apenas uma questão de honra, neste ano conquistar o acesso é uma questão de sobrevivência. Só vamos voltar a disputar uma competição nacional se formos bem na primeira divisão do estadual do ano que vem. Voltando a 2023, dos cinco jogos em casa que vamos disputar na primeira fase, todos serão sem torcida ou com presença exclusiva de mulheres e crianças. O arbitral, que vai de nir a tabela, será na próxima terça (14), e a primeira rodada está prevista só para 30 de abril. Força, torcida paranista. Dos oito meses de reclusão a que fomos condenados, cinco já se passaram. Restam três. Desistir não faz parte do nosso vocabulário.

Athletiba equilibrado, mas lamentável

Por Douglas Gasparin Arruda

O Athletiba do último domingo apresentou todos os ingredientes de um clássico - inclusive os que já deveriam estar superados. Em campo, o Coritiba começou o jogo organizado e criando as melhores possibilidades. Abriram o placar com Kaio César e quase ampliaram o marcador logo em seguida. Quando o Furacão voltou para o jogo, Pablo fez grande jogada e conseguiu o empate. O segundo tempo foi de superioridade rubro-negra. Duas bolas na trave, chances criadas e muita sorte pelo lado alviverde. Foi uma partida de boa qualidade técnica, mas que encerrou de maneira lamentável. Não só pela briga entre os jogadores, mas também pela reação das torcidas nas redes sociais, em geral comemorando agressões e reverberando uma violência que nada tem de exemplar num esporte tão relacionado com as crianças.

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D i v u l g a ãç o

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