Brasil de Fato PR - Edição 290

Cultura | p. 7 e Radar da Luta | p. 3

Mês das mulheres

80 caracteres Tem lutas, programação cultural, debates e ações solidárias

O ônibus mais caro do Brasil

Curitiba tem tarifas maiores que São Paulo e outras capitais

Paraná | p. 5

Editorial | p. 2

Contra trabalho escravo

É preciso responsabilizar toda a cadeia produtiva

Paraná | p. 4

Servidores pagam a conta

Em Araucária, privilégios pra uns e pacotaço pros funcionários

Esportes | p. 8

Fases decisivas

Quartas de final do estadual começam no sábado

Cidades | p. 6

Violência e fome

Denúncias apontam piora na vida de encarcerados na Casa de Custódia

Brasil | p. 6 Opinião | p. 2

Um crime!

Especialista em transporte classifica tarifa de ônibus de antidemocrática

As

editorial opinião

medidas necessárias contra o trabalho escravo

Comida estragada, jornadas de trabalho de 15 horas diárias, compras forçadas em comércio local com preços abusivos descontados do salário, alojamento precário, folgas somente aos sábados. Choques elétricos, agressões e spray de pimenta para quem reclamasse. O cenário é de Bento Gonçalves, em 2023, em que 200 trabalhadores foram submetidos a trabalho escravizado pelas vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi.

Para além da situação degradante em si, ainda houve posições em defesa do indefensável, como as do Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves, que culpabilizou políticas públicas sociais pela situação escravocrata descoberta. A operação de órgãos do estado

SEMANA

indica uma postura mais ativa da fiscalização das relações de trabalho em 2023. Mas o desmonte na legislação trabalhista e o avanço da precarização ocorridas recentemente favoreceram situações inaceitáveis como esta.

É preciso medidas que responsabilizem toda a cadeia produtiva, como a reparação efetiva aos trabalhadores violentados e a destinação das terras com trabalho análogo ao escravo à reforma agrária, como determina a Constituição Federal.

Afinal, as cooperativas de trabalho da agricultura familiar demonstram que é possível e viável a produção de alimentos saudáveis, e que colocam a vida e dignidade no trabalho acima do lucro.

Reajuste tarifário de Greca é uma violência contra trabalhadores

Lafaiete Neves, Economista e autor do livro “Movimento Popular e Transporte em Curitiba”

Oreajuste da tarifa técnica para R$ 7,05, que é paga aos empresários, e a tarifa do usuário de R$ 6,00 tornam o preço da passagem de ônibus de Curitiba o mais caro do Brasil.

O aumento da tarifa pesa hoje na compra de 54 bilhetes, para quatro viagens, representando 30% do salário mínimo do trabalhador, o que significa aumentar a fome e a desnutrição em casa, menos pão, leite e alimentos básicos na mesa do trabalhador e sua família. Isso porque, muitas vezes, eles só têm o ônibus como meio de locomoção para o local de trabalho.

Por que não nos escandalizamos com o roubo na tarifa de ônibus de Curitiba? Afinal, Greca eleva a tarifa em 50 centavos e 10% de aumento, sendo que a inflação anual foi de 5%.

Negociar um reajuste de 5,7% nos salários dos motoristas e cobradores é um escárnio, pois oferece com uma mão e retira com a outra quando aumenta a tarifa em 10%. Tudo isto feito de forma antidemocrática e irregular, pois sequer convocou o Conselho Municipal de Transporte

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 289 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

para apreciar com antecedência o reajuste da tarifa.

O mais grave é conceder mais R$ 268 milhões de subsídio às empresas sem enviar projeto de lei à Câmara Municipal de Curitiba, pedindo autorização de gasto de dinheiro público aos representantes e fiscais do povo perante o Poder Executivo.

Deve ter ocorrido outro almoço em segredo entre os empresários e o prefeito Rafael Greca para acertarem mais esse assalto ao bolso dos trabalhadores.

Esse reajuste tarifário, feito em segredo e anunciado às pressas na véspera da sua aplicação, é uma violência institucional e legal à democracia no trato da coisa pública.

Se ainda resta alguma salvaguarda está em buscar o Ministério Público do Paraná com essa denúncia, solicitando que suspenda tal reajuste e refaça o processo, convocando o Conselho Municipal de Transportes, hoje irregular por Greca não ter ainda nomeado os representantes dos usuários, sendo ignorado. Apesar disso, o Conselho tem o dever de dar seu parecer sobre o reajuste da tarifa.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORA NESTA EDIÇÃO Lafaiete Neves ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires FOTOGRAFIA Giorgia Prates REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin

DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

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Giorgia Prates

Uma comitiva do Paraná está em Brasília debatendo os processos de privatização da Copel e a reversão da venda da Eletrobras. Os engenheiros eletricistas se reuniram com o deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR). Além dessa pauta, os pro ssionais abordaram novas políticas para o sistema elétrico nacional, especialmente o que possa envolver o Paraná.

A intenção é contar com apoio federal para que o processo de venda da Copel seja suspenso. Também se discutiu o fomento de políticas de industrialização, incentivo à pesquisa e inovação e a manutenção de empresas estratégicas sob a tutela do poder público.

O agora deputado federal assumiu compromisso de abrir canais de diálogo para reverter a privatização da Eletrobras e impedir a venda da Copel ou de suas usinas. Na avaliação do presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann, não é momento de privatizar as empresas públicas, principalmente quando sua atividade envolve um sistema integrado com o operador nacional.

“Estamos levando nossos esforços para Brasília. No Paraná, trabalhadores da Copel, entidades e instituições não foram consultadas sobre a venda da principal empresa do estado. Não foram apresentados à sociedade os impactos dessa venda nem as consequências como o possível encarecimento da tarifa”, destacou Grassmann.

Disse a jornalista

Flávia Oliveira, na Globo News, sobre o pedido de prisão que a justiça italiana fez ao Brasil para que o exjogador Robinho cumpra aqui a pena a que foi condenado no país europeu.

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Direitos humanos

A vereadora, fotojornalista e colaboradora do Brasil de Fato-PR, Giorgia Prates, será a nova presidente da Comissão dos Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Segurança Pública e Minorias da Câmara Municipal de Curitiba. A eleição aconteceu na quarta (1/3). O principal papel da comissão é dar pareceres sobre matérias relacionadas a direitos humanos, cidadania, segurança pública, direitos do consumidor, minorias, mulheres, crianças, idosos e portadores de necessidades especiais.

Grupos invisibilizados

“Direitos humanos diz respeito a todas as pessoas e têm que estar em todas as ações públicas. Mas sabemos que Curitiba é uma cidade desigual e a criminalização da pobreza contribui para que muitos direitos sejam violados em boa parte da cidade. A nossa atuação será, principalmente, para garantir que grupos invisibilizados entrem na pauta da Câmara de Curitiba”, ressalta Prates.

Racismo expulso

O vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul (RS), que nas redes sociais fez vídeo xenófobo contra nordestinos, foi expulso de seu partido, o Patriota, na quarta (1º). O parlamentar também está sob investigação por racismo na Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar o discurso. Fantinel disse, por exemplo, que: “empresários não devem contratar “baiano”, “aquela gente lá de cima”, porque “a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor”. No lugar, sugeriu a exploração de trabalhadores argentinos.

MP também investiga

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) também está investigando o caso. O procurador-geral de Justiça, Marcelo Lemos Dornelles, disse que as declarações preconceituosas do vereador atingiram não apenas o povo nordestino, haja vista a ampla repercussão do caso em todo o país. A apuração se dará nas esferas criminal e de direitos humanos.

Visita a ocupações

A Comissão de Con itos Fundiários, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/ PR), presidida pelo Desembargador Fernando Antônio Prazeres, visitou em 27 de fevereiro ocupações que são foco das 27 ações de reintegração de posse e despejo em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. Numa das áreas, o Jardim Magnópolis, pessoas estão apreensivas porque, recentemente, duas famílias foram despejadas.

Sem despejos

A comissão já solicitou ao Juízo de Direito da Primeira Vara Cível da Comarca do município que suspendesse provisoriamente todas as ordens de despejo decretadas. A Defensoria Pública do Estado do Paraná também realizou pedido para a reunião de todos aqueles processos em uma só demanda cível coletiva.

Jornada das mulheres

Unidas pela articulação Despejo Zero Paraná, mais de mil mulheres vão marchar pelo centro de Curitiba no dia 7 de março. Virão de todas as regiões do estado, de assentamentos e acampamentos, de comunidades urbanas da capital e da Região Metropolitana e povos indígenas. A concentração será na Praça 19 de Dezembro, às 12h, com saída da marcha às 13h, até a Praça Nossa Senhora de Salette, e audiência com autoridades para entrega da pauta a partir das 14h, no Palácio das Araucárias.

“Um indivíduo que é capaz de estuprar uma mulher na Itália é capaz de estuprar uma mulher em qualquer lugar do mundo”

Em Brasília, comitiva discute privatizações da Copel e Eletrobras

Prefeitura de Araucária (PR) sinaliza cortes na carreira dos servidores

Há endurecimento contra mobilizações e pressão produtivista sobre o servidor

Pedro Carrano com canais fechados para criticar a gestão, não conseguindo acessar rádios locais ou contratar outdoors.

Descontentes, pressionados e com direitos em risco, servidores municipais de Araucária têm um confronto duro pela frente com o prefeito da cidade, Hissan Hussein Dehaini (Cidadania).

Está prevista para 7 de março, a apresentação, pela gestão municipal, de projeto de lei – também chamado de “pacotaço” –, com alterações no plano de carreira, na previdência e no fundo previdenciário dos trabalhadores. A partir da proposta, servidores devem traçar um plano de mobilizações.

O estudo e a realização do projeto foram terceirizados pela gestão municipal para a empresa Fundação Instituto Administração (FIA), no valor de R$ 10 milhões, pagamento superior à encomenda feita, por exemplo, pela Prefeitura de Goiânia, por R$ 5 milhões, num município com cerca de 1,5 milhão de habitantes, em comparação com os 146 mil da cidade da grande Curitiba.

“A FIA propôs para a carreira uma proposta de projeto de lei para alteração no município de Araucária. Na prática, a ideia é um achatamento da carreira e práticas neoliberais no serviço público”, afirma Bernardo Masson, diretor do Sindicato dos Servidores de Araucária (Sifar), que critica ainda o pouco tempo de debate do projeto com a sociedade e com os servidores.

Nesse contexto, sindicatos de Araucária enfrentam, sobretudo desde o período de pandemia, orientação violenta da Prefeitura de Hissan para a Guarda Municipal, que reprimiu com violência a greve de três dias de 2022. O sindicato se depara também

QUANTO

Tão grave quanto é o arrocho imposto aos servidores no período 2020 – 2022. De acordo com o Dieese, os servidores de Araucária acumulam perda de 7,3% nesse período. A maior na comparação com Curitiba e algumas cidades da Região Me-

tropolitana, caso de Piraquara e São José dos Pinhais.

Lei gera Interpretações dúbias Sandro Silva, economista do Dieese-PR, aponta que, durante o período de pandemia, algumas prefeituras congelaram investimentos e reposições dos servidores municipais, ainda que possam ter feito gra-

Carreira com mudanças neoliberais

O diretor sindical a rma que, no caso do plano de carreira do funcionalismo público, ele apresentava composição de quatro itens, entre os quais avaliações em triênio, quinquênio, ao lado de titulação e certi cação. Entretanto, com a nova proposta, estes itens são submetidos a uma dinâmica com avaliação a cada dois anos, adicionando o alcance de me-

tas e o que o Sifar considera uma forma de “uberização” do trabalho no serviço público: avaliação individual dos servidores, por meio de critérios (ótimo, bom, ruim), a avaliação da chefia e autoavaliação.

“(A mudança) reforça a autopenalização e questão neoliberal, eliminando os quatro critérios anteriores. Na prática, a prática deses-

ti cações especí cas. Essa medida esteve amparada “em interpretação dúbia” da Lei Complementar (LC 173/2020).

Em Curitiba, por exemplo, houve congelamento do reajuste dos servidores entre setembro de 2021 e janeiro de 2022. Já em Araucária houve apenas um reajuste desde 2020, acumulando perdas.

HELICÓPTERO

Enquanto aponta possíveis cortes na carreira dos servidores municipais, a prefeitura sinaliza a compra de helicóptero para a guarda municipal. Durante reunião realizada no dia 9 de fevereiro, com guardas municipais, o presidente da Câmara, Ben Hur Custódio de Oliveira, comprometeu-se a destinar parte dos recursos do Legislativo para a aquisição. Em contato do BDF-PR, a prefeitura informou que ainda não houve a aquisição do helicóptero.

Outro lado

A reportagem do Brasil de Fato Paraná perguntou à Prefeitura de Araucária sobre a crítica dos servidores. A gestão municipal a rma que “O município realiza estudos e está dialogando com servidores sobre possíveis alterações na legislação”.

timula a formação dos servidores”, avalia Masson.

Além disso, os servidores do município podem sofrer mudanças na Previdência, com aumento do tempo de contribuição de 7 anos para mulheres e 5 para os homens. O sindicato critica ainda a mudança na gestão do fundo de previdência municipal (FPMA).

Divulgação

O ônibus mais caro do Brasil

Subsídio

Além do ônibus mais caro do Brasil, a prefeitura ainda paga R$ 268 milhões de subsídio às empresas. Em artigo nesta edição (veja à p. 2), o professor aposentado da Universidade Federal Lafaiete Neves questiona se houve: “Outro almoço em segredo entre os empresários e o Prefeito Rafael Greca para acertarem mais esse assalto ao bolso dos trabalhadores.”

O QUE DIZ A URBS

Redação São Paulo, a maior cidade do País, sai por R$ 4,40.

Desde quarta, 1º de março, Curitiba tem uma das tarifas de ônibus mais caras do Brasil, com R$ 6 por bilhete. Levantamento do site Plural mostra que apenas Florianópolis e Porto Velho cobram preços parecidos, mas dão desconto para pagamentos em cartão, em que a tarifa fica abaixo de R$ 5. Como comparação, uma viagem de ônibus em

Oposição tenta barrar aumento Vereadores de oposição ao prefeito Rafael Greca entraram na Justiça contra o aumento da tarifa. Para os parlamentares, a elevação não veio acompanhada de estudos técnicos.

Para a líder da oposição, vereadora Giorgia Prates, o aumento é injusto e vai prejudicar, principalmente, as

pessoas mais vulneráveis, que dependem do transporte público para o deslocamento diário. Em nota, ela destaca que o preço da passagem de ônibus em Curitiba já é alto em relação à qualidade do serviço oferecido. A ação popular tem o objetivo de derrubar o aumento e requer que a Prefeitura apresente plano de melhorias, com serviço de qualidade para toda a população. Assinam o documento

os vereadores Professora Josete (PT), Maria Letícia (PV), Angelo Vanhoni (PT) e o deputado estadual Goura (PDT).

Protesto Na quinta-feira, 2/3, a partir das 18h, na Praça Santos Andrade, será realizado ato de protesto contra o aumento da tarifa. A atividade está sendo organizada por movimentos da juventude, movimentos populares e organizações.

Responsável pelos estudos que determinam a tarifa em Curitiba, o presidente da Urbanização de Curitiba (URBS), Ogeny Pedro Maia Neto, a rma que o reajuste equivale a 9% e cou abaixo do aumento dos custos do transporte coletivo na capital no último ano, alta de 13,3%, segundo ele. “O valor do reajuste de 2023 é o mínimo possível para manter a sustentabilidade do sistema frente ao aumento dos custos relacionados ao transporte, que subiram acima da média da in ação”, disse.

Estudantes e professores pedem revogação do novo ensino médio

Aprovado em 2017, no governo Temer e implementado nos últimos anos, o Novo Ensino Médio tem provocado intenso debate entre estudantes e professores. No papel, o sistema aumenta a carga horária de ensino e apresenta nova grade curricular voltada para formação pro ssional. A implementação vem ocorrendo de forma gradual, iniciando no 1º ano, e com os estudantes do terceiro podendo optar por espécie de itinerário formativo que desejam es-

tudar, dividindo-se em Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Humanas e Sociais e Formação Técnica e profissional. Estudantes que, por exemplo, optarem por Matemática, não terão no currículo aulas de Arte, Sociologia e Filosofia. Outras matérias como “projeto de vida” ou “empreendedorismo” têm sido acrescentadas na base curricular. Especialistas em educação, professores e parte do movimento estudantil vêm criticando as alterações propostas e pressionando o governo Lula para que revogue a medida.

Para a pedagoga e diretora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, Andrea Caldas, a revogação é urgente e interromperia o que ela chama de “extermínio do conhecimento” na educação dos jovens e defende a retomada da discussão de um outro modelo. “É importante dizer que é preciso revogar o Novo Ensino Médio, a gente não pode ficar esperando a construção democrática de um novo modelo, enquanto os estudantes que estão matriculados estão perdendo conteúdo e conhecimento, isso vai in-

clusive impactar na entrada deles no ensino superior”, reflete.

O Ministério da Educação ainda não se pronunciou publicamente a respeito da revogação, mas fontes ouvidas pelo Brasil de Fato Paraná afirmam que a princípio o governo Lula não pretende revogar o Novo Ensino Médio, mas propor melhorias na lei que o regulamentou. No Paraná, foi lançado o Comitê Revoga Ensino Médio Paraná e promete desenvolver uma agenda de atividades e mobilizações nas escolas para levar a discussão à frente.

Gabriel Carriconde

Transporte de Curitiba é recordista em capitais. Como comparação, São Paulo cobra R$ 4,40

Giorgia Prates

Denúncias apontam violações de direitos em Casa de Custódia na Região Metropolitana de Curitiba

Mudança de gestão teria sido fator central para aumento de violências em penitenciária

Violência física, negligência médica, fome. Essas são algumas das violações de direitos que teriam acontecido na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, segundo denúncias da Frente Estadual pelo Desencarceramento. Para a organização, a nova gestão da casa tem papel central nas violações.

Lia Bianchini morou 10 dias para ser comunicado aos seus familiares”, cita o documento. Há relato ainda de que, por ordem da direção, o Setor de Operações Especiais (SOE) tem feito ações truculentas nos cubículos dos detentos, com uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo, inclusive no período noturno. “[...] os internos são obrigados a viver em constante estado de alerta, preparados para o terror das operações”, aponta a Frente.

Em documento enviado a autoridades estaduais e nacionais, em janeiro de 2023, a frente cita nominalmente o diretor Olival Monteiro, que comanda a penitenciária desde outubro de 2022.

“[...] após a assunção do atual Diretor, houve mais de cinco óbitos na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, ocorridos já em dezembro de 2022, entre eles, um decorrente de suicídio. Outro óbito [...] de-

O fornecimento de água e luz, de acordo com as denúncias, são cortados de maneira aleatória ao longo do dia e todos os dias após as 22h. A fome também tem sido constante. A alimentação fornecida seria de apenas 200 gramas duas vezes ao dia. Muitas vezes, o alimento vem estragado e “já em estado de putrefação”. A unidade, atualmente, tem 1.016 detentos, quando deveria abrigar, no máximo, 876.

200 denúncias Além do documento da frente, cerca de 200 outras denúncias foram feitas pelo Disque 100, telefone e e-mail do Núcleo da Política Criminal e da Execução Penal (NUPEP) da Defensoria Pública do Paraná (DPE). Fonte ouvida pelo BdF Paraná relatou que as denúncias são desacreditadas por supostamente não estarem vindo de familiares. “Ele [diretor Olival Monteiro] alega que as famílias estão em ‘choque com a nova gestão’ e a realidade não é essa”, disse a fonte, complementando: “ele tem prazer em torturar.”

A DPE informou que protocolou pedido de providências ao Juízo da Vara de Execuções Penais e controle permanente da gestão das vagas na unidade e a designação de inspeção judicial no estabelecimento. O NUPEP também solicitou inspeção judicial na empresa que fornece a alimentação, tudo ainda sem resposta.

“CHOQUE DE GESTÃO”

Em documento assinado por Olival Monteiro em 13 de fevereiro, o diretor nega o teor das denúncias e aponta resistência às mudanças de sua gestão. Descreve o que seriam procedimentos operacionais padrões, como a atuação do Grupo de Segurança Interna (GSI) nas movimentações internas de detentos, intensificação nas “revistas minuciosas”, com apoio do SOE, controle rigoroso para o ingresso de visitantes no estabelecimento, controle na entrada de materiais de higiene e itens alimentícios.

Chamando de “choque de gestão”, o diretor diz que as medidas “se mostram estritamente necessárias” para o controle do estado sobre a custódia dos detentos, para a “manutenção da ordem e da disciplina e para a preservação das vidas custodiadas”.

Em contato com a reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná solicitou que a demanda fosse encaminhada ao Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) que, por sua vez, informou que “após a assunção da atual equipe gestora da CCSJP e, consequentemente, do diagnóstico inicial do local, verificou-se a necessidade da intensificação da padronização de procedimentos de segurança, bem como as regalias não previstas nos regramentos do DEPPEN... Tais processos vêm sendo gradativamente regularizados no interior da unidade...”

Leia o artigo na íntegra no site www.brasildefatopr.com.br

Bancários têm programação cultural em homenagem às mulheres em março

Primeiro show acontece no sábado, 4, com Baque Mulher e terá Acarajé da Fuá

Redação

No Mês da Mulher, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região terá programação cultural, debates e visitas no festival #8MdasMulheresProtagonistas. O primeiro show será no sábado, 4, às 11h, com apresentação do grupo de Maracatu Baque Mulher Curitiba, com fundamentos imateriais e dos instrumentos da manifestação cultural e religiosa pernambucana, bem como da importância das mulheres no Maracatu. No mesmo

dia, a partir das 12h30, Aline Castro (@fuaacessorios) irá servir o Acarajé da Fuá, por R$ 25 a unidade e R$ 20 associados ao Sindicato. Será no Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários (Rua Piquiri, 380, Rebouças, Curitiba).

Dia de Rainha No evento, também serão recolhidas as doações para o Dia de Rainha, que em 2023 será em 27 de março. Nesse dia, mulheres disponibilizam seu tempo e sua atenção para cuidar de outras mulheres que estão em situação de rua e outras vulnerabili-

Atividades em março

10 - 20h Teatro “Do dia que me olhei no espelho e não me encontrei”, com Pagu Leal

11 - 12h Roda de Samba das Mulheres

Protagonistas e Feijoada

16- 19h Roda de Conversa sobre mulheres na Ditadura Militar

18 - 10h Feira de Economia Criativa e Debate político

22- 19h Roda de Conversa sobre saúde e sexualidade da mulher

24 - 18h Bate-papo com Mulheres Protagonistas escritoras

25 - 08h Visita ao Assentamento Contestado, Lapa-PR

dades, oferecendo cuidados básicos. As doações devem ser de produtos para montagem de kits de higiene, como toalha, desodorante, absorvente íntimo, calcinha nova, xampu, condicionador, creme dental, escova de dentes, lenço umedecido, álcool em gel, sabonete e bolsa.

Baque Mulher O Baque

Mulher é um movimento de fortalecimento de mulheres pelo Maracatu, que foi fundado em 2008 pela Mestra Joana Cavalcante, a primeira e única mulher à frente de

uma Nação de Maracatu de Baque Virado: a Nação do Maracatu Encanto do Pina, na Favela do Bode, no bairro do Pina, em Recife (PE).

Já o Baque Mulher Curitiba nasceu em 2016 e, desde 2018, atua de forma ativa e política, articulando espaços diversos, como rodas de conversas, acolhimento para mulheres e cine debates, entre outros. O grupo também teve uma atuação significativa na comunidade do Parolin, entre 2019 e 2022, junto à missão de manter viva a cultura do Maracatu.

Sopa de abóbora

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

1 kg de abóbora orgânica já descascada

1 ½ cebola orgânica branca ½ maço de salsinha

2 galhos de erva cidreira / capim santo

1 colher (sopa) sumo de gengibre Sal a gosto

Modo de preparo Coloque todos os ingredientes em uma panela, acrescente água suficiente para cobrir toda a abóbora e leve ao fogo, com a panela tampada. Quando estiver bem cozida, com a abóbora bem macia e a cebola transparente, tire o galho da erva cidreira/ capim santo, descarte, e bata todo o conteúdo no liquidificador até ficar um creme homogêneo.

Coloque de volta na panela e deixe apurar um pouco, depois é só servir com um fio de azeite de oliva ou azeite de licuri.

Divulgação

Muito a melhorar

Por Cesar Caldas

O primeiro bimestre do futebol alviverde não foi nada animador, em termos técnicos, táticos e de resultados. Sobretudo tendo em conta que o Conselho Administrativo do clube, em suas poucas manifestações públicas, deu a entender que os principais reforços para a temporada já seriam experimentados nas primeiras fases do Campeonato Estadual e da Copa do Brasil. A terceira colocação na etapa de pontos corridos do Paranaense dá mostras disso. O que mais desalenta é que o time vem caindo de produção no decorrer das semanas, em vez de aumentar sua competitividade. Sintoma disso: a derrota de 0x3 para o Operário, time da Série C do Campeonato Brasileiro. Não se nota um modelo de jogo, nem esquema tático de nido para esta ou aquela circunstância. As substituições durante jogos causam estranheza à crônica especializada e à torcida. Há que se evoluir muito.

Temos notícias

Por Marcio Mittelbach

A maioria não é tão boa, mas temos novidades. Comecemos pela pior: o Paraná não tem mais chances de disputar a Série D em 2023. A hipótese surgiu depois que dois times mineiros desistiram da disputa. Como o Paraná é hoje o time sem divisão mais bem posicionado no Ranking da CBF, cogitou-se a vaga, mas ela acabou indo para outro time mineiro. Passando a falar da Série Prata do estadual, foi divulgada a tabela. Como o tricolor foi punido com cinco jogos de portões fechados, a expectativa era enfrentar os três clubes que vão mandar os jogos na Vila Capanema - Andraus, Patriotas e Araucária –atuando como “visitante”. O sorteio não foi tão bom. Apenas o jogo contra o Andraus será na Vila, dia 7 de maio. Fora esse confronto, quem quiser ver o tricolor ao vivo terá que encarar viagens até Alvorada do Sul (14/5, 454 km), Arapongas (4/6, 369 km) e União da Vitória (11/6, 243km).

Começo de ano promissor

Por Douglas Gasparin Arruda

No próximo sábado, o Furacão enfrenta a equipe do São Joseense, no Estádio do Pinhão. Até aqui o aproveitamento da equipe titular athleticana é impressionante: são 10 vitórias e apenas 1 empate nos 11 jogos disputados no ano, com 25 gols marcados contra 11 sofridos. A fase de Pablo, artilheiro com 8 gols, de Terans, com 6 assistências, e de Fernandinho, que vem mostrando que o peso da idade não chegou, é de encher o torcedor de esperanças. Pelo feminino, a estreia com derrota fora de casa para a equipe do Inter pode parecer negativa, mas há que se ressaltar que as gurias jogaram um primeiro tempo excelente e conseguiram manter o 1 a 0 até a expulsão da volante Camila, no começo do 2° tempo. Com uma jogadora a menos, foi difícil segurar o placar, e a equipe gaúcha conseguiu a virada: 2x1.

Os estaduais não valem nada, mas ai de quem perder...

No paranaense, a partir de sábado começam as quartas de final com Athletico e Coxa jogando fora

Confusão no clássico pode gerar pesadas penas aos atletas e aos times

Todo começo de ano é a mesma coisa para os maiores times. Se ganharem, campeonato estadual não vale nada. Se perderem, começam as crises e as pressões para mudar tudo. No Paraná, os dois grandes da capital na primeira divisão já começam 2023 com realidades bem distintas.

A Athletico conquistou o primeiro lugar na classificação na primeira fase do paranaense, com 10 vitórias e um empate. Agora, tem pela frente, nas quartas de final, o oitavo colocado, o São Joseense, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, no próximo sábado.

Já o Coxa chega às fases decisivas com uma campanha bem mais modesta, ficou em terceiro, com 6 vitórias, 4 empates e 1 derrota. Esta última bem doída, de 3 a 0, para o Operário. Aliás, uma curiosidade, faz 12 anos que o Coxa não ganha do time de Ponta Grossa na casa dele. E início do ano dos alviverdes já traz dúvidas para a performance durante o ano (leia coluna ao lado).

Mas tem de se destacar também a campanha do time do interior. O Operário vai à próxima fase tendo chegado em segundo lugar, com 25 pontos em 11 jogos, 8 vitórias e apenas 2 derrotas. Com 20 gols marcados e 10 sofridos, saldo que só fica atrás do líder CAP.

Penas pesadas Além dos adversários, Coxa e Athletico e seus jogadores estão preocupados com o julgamento no tribunal desportivo da pancadaria que aconte-

ceu no último clássico. Até o fechamento, desta edição estavam depondo jogadores como Alef Manga e iago Heleno. As penas podem ir de suspensão dos jogadores no paranaense, multas e perdas de mando de campo. Caso nada mude, con ra abaixo a sequência dos jogos das quartas de nal.

IDA (4 E 5 DE MARÇO)

São Joseense

Athletico

FC Cascavel

Coritiba

Aruko

Operário-PR

Cianorte

Maringá

sábado, 16h, Pinhão domingo, 16h, Olímpico Regional domingo, 17h, Willie Davids domingo, 19h, Albino Turbay

VOLTA (11 E 12 DE MARÇO)

Athletico

São Joseense

Coritiba

FC Cascavel

Operário-PR

Aruko

X X X

Maringá

Cianorte

X X X X X

sábado, 17h, Arena da Baixada domingo, 19h30, Couto Pereira domingo, 17h, Germano Krüger sábado, 19h30, Willie Davids

Frédi Vasconcelos