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Falta de pediatras em Curitiba afeta atendimento a recém-nascidos

Denúncia do Sindicato dos Médicos do Paraná é contestada pela Prefeitura

Ana Carolina Caldas

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OSindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) vem denunciando que a Prefeitura de Curitiba está repassando consultas de recém-nascidos, que deveriam ser feitas por pediatras, para médicos generalistas. Contrariando o Protocolo de Saúde da Criança, publicado no começo de abril deste ano, que está disponível no Portal da Prefeitura. Por esse documento, a primeira consulta de todos os recém-nascidos na atenção primária deveria ser feita por um pediatra. Só a partir da segunda consulta, se não houver fatores de riscos para a criança, os atendimentos poderiam ser feitos por clínicos gerais.

Porém, no final do mês de abril, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) publicou novo protocolo com uma tabela para agendamento das consultas de puericultura que desobriga que algumas consultas sejam feitas por pediatras e também autoriza que sejam feitas por profissionais de enfermagem. Na tabela para as crianças “NÃO RISCO”, em nenhum momento da puericultura há exigência de consultas com médicos, muito menos pediatras. Em todos as fases da consulta, segundo esse novo protocolo, pode ser feita por qualquer profissional da saúde. Para as crianças classificadas como “RISCO”, segundo a tabela, há exigência de consultas com pediatras aos 3, 6, 12 e 24 meses. As demais consultas podem ser com médico ou profissional da enfermagem.

Falta De Pediatras

Segundo o Simepar, por falta de especialistas muitas consultas vêm sendo realizadas sem os pediatras. Para a secretária-geral do sindicato, a médica Claudia Paola Carrasco, a Prefeitura vem demonstrando total desinteresse com a falta desses pro ssionais. “Nossa preocupação é que as crianças acabem nunca passando pelo pediatra. Curitiba não é um município pobre, já teve um atendimento de pediatria de qualidade, e a gente se preocupa com esse novo protocolo em que as crianças fora de grupos de risco não terão atendimento pediátrico”, diz.

“A gente tem percebido aumento de mortalidade infantil, e a Prefeitura não demonstra interesse em colocar pediatras nas unidades. E estes profissionais têm saído da rede pública porque estão sobrecarregados e as vagas não estão sendo repostas. Além do reforço na contratação, é necessário que os profissionais recebam salário compatível e tenham bom ambiente de trabalho para evitar a rotatividade, afirma Claudia. Na opinião do pediatra Ademir da Silva Jr, a situação atual é muito grave. “Com todo o respeito que temos aos enfermeiros, as consultas não podem ser feitas por eles. A população, inclusive, vem sendo enganada, pensando que

O Que Diz A Prefeitura

Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde informou que “segue o que preconiza a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) do Ministério da Saúde, que de ne as diretrizes e normas do funcionamento da atenção nas unidades de saúde. Assim, na chamada Atenção Básica, o atendimento médico é feito prioritariamente por generalista ou médico da família, sendo o especialista acionado quando constatada a necessidade especí ca de acompanhamento. Ainda que a PNAB não determine a lotação de médico especialista pediatra na unidade de saúde, Curitiba conta com estes profissionais na Atenção Básica. Nas unidades de saúde da cidade, as crianças recebem atendimento multiprofissional, com profissionais de enfermagem, médicos da família, clínicos e pediatras. A partir das avaliações de risco e vulnerabilidade das crianças, a equipe multiprofissional faz um plano de cuidado personalizado para cada criança, que inclui as agendas de atendimentos e consultas com cada profissional. Este plano é dinâmico e, caso a criança apresente variações da condição de saúde, o planejamento é atualizado...”

Leia na íntegra em brasildefatopr.com.br os enfermeiros são médicos. O atendimento é bem distinto. Isso é muito grave”, diz. “A falta de médicos tem a ver também com alta rotatividade. Somos uma localidade quem tem muitos médicos, mas há grande número de pedidos de demissão porque a gestão transforma o trabalho num ambiente doente e sobrecarregado”, afirma.

O Simepar encaminhou ofício para a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba pedindo esclarecimentos e reforçando que médicos não são obrigados a realizarem essas consultas, salvo em caso de urgência e emergência, em que não houver pediatra no local.

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