Esportes | p. 08
Seleção indígena de futebol Time foi criado em 1991 e reúne etnias de todo o Brasil
PARANÁ
Cultura | p. 07
Isabella Lavane/R.U.A Fotocoletivo
28 de julho a 04 de agosto de 2016
Transexualidade com a cara no sol e nos palcos do Brasil distribuição gratuita
Annelize Tozetto Fotografia
Ano 01 | Edição 13
Com o protagonismo de duas cantoras transexuais, a banda “As Bahias e a Cozinha Mineira” apresenta o espetáculo “Mulher” em turnê pelo país
“Nossa luta não é só por democracia, mas por outra civilização”, diz Mujica Leandro Taques
Cidades | p. 05
Geral | p. 03
Sem vacina contra a dengue Ministro da Saúde não vai distribuir vacina contra a doença pelo SUS
Paraná | p. 06
Jornada de Agroecologia Leandro Taques
O senador e ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, esteve em Curitiba nesta quarta-feira (27), em evento sobre democracia na América Latina
É possível comer alimentos sem agrotóxicos?
2 | Editorial
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
EDITORIAL
Desafios para a capital paranaense este período, acontecem as con- 0,9% para 0,6% do orçamento. venções de diversos partidos poAs medidas em favor dos trabalíticos. O objetivo é definir nomes pa- lhadores foram incompletas. Os plara as eleições em Curitiba. Com isso, nos de carreira para os servidores púé momento de fazer avaliação do go- blicos vieram a custo de muitas luverno de Gustavo Fruet (PDT) e, ao tas e ainda existem vários problemas mesmo tempo, apontar as falhas dei- – lembrando que um serviço públixadas na gestão municipal. co de qualidade se faz com trabalhaFruet não enfrentou os grupos dores valorizados. Houve a criação da econômicos, as chamadas “máfias”. Casa de Passagem Indígena e do ConNão fez a revisão do contrato do trans- selho Municipal de Direitos Humaporte coletivo, dos aterros sanitários, nos, ambos importantes, mas apree não mexeu nos sentam limitações. imóveis vazios. Porém, devido ao seu Curitiba hoje tem perfil vacilante, Fruet 60 mil imóveis não teve coragem para abandonados na avançar, distanciou-se região central da O vínculo entre as de movimentos sociais e cidade, que pode- candidaturas e o do Partido dos Trabalhariam servir à mo- poder financeiro só dores (PT), que compuradia popular. E, nha o seu governo. Agoem 2015, o inves- será resolvido com a ra cogita tomar meditimento em ha- Reforma Política das semelhantes ao gobitação caiu de verno estadual de Richa
(PSDB), como mexer na Previdência dos servidores públicos. Muitos das elites, alguns dos trabalhadores É fato que haverá mais candidatos alinhados com grandes grupos econômicos do que ligados ao povo. As opções, do lado das Manolo Ramires
N
elites, além do próprio Gustavo Fruet, são Rafael Greca (PMN), Ney Leprevost (PSD) e outras candidaturas menores. O vínculo entre as candidaturas e o poder financeiro só será resolvido com a Reforma Política. A pulverização de candidaturas compromete o debate de projeto para a cidade. Já os candidatos vinculados à classe trabalhadora são Tadeu Veneri (PT) e Xênia Mello (Psol). No campo democrático, há também a candidatura de Requião Filho (PMDB). Ao menos nos debates, será preciso unidade da esquerda para apontar problemas reais dos curitibanos, chamando-os a se organizar por seus direitos.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
OPINIÃO
Aumento da jornada de trabalho entra na pauta golpista Por Pedro Carrano, jornalista e integrante da Frente Brasil Popular
A
dicionar o debate do aumento da jornada de trabalho era o tempero que faltava na salada golpista. Essa demanda foi ensaiada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), de forma atrapalhada, e também sinalizada pelo governo Temer (PMDB). Depois de preparar um prato que inclui cortes na Previdência Social, na Assistência Social, no Sistema Único de Saúde e nos direitos trabalhistas, a defesa de mudança na jornada de trabalho busca aumentar a margem de lucros das grandes empresas e promover
Cálculo do Dieese aponta que reduzir a jornada de trabalho é gerar mais empregos o corte de despesas às custas do trabalhador. Cada vez mais fica nítido que esse é o papel do presidente interino. A questão é que a jornada de trabalho no Brasil já é intensa e extensa. É, em termos absolutos, maior do que em países como Chile e Espanha. No que se refere à produtividade, a jornada também não dá descanso para o trabalhador
brasileiro. Tanto é que o país enfrenta o aumento exponencial de doenças do trabalho como Ler/Dort e também de acidentes. Ainda sobre a intensidade: o banco de horas, introduzido no país em 1998, no governo neoliberal de FHC, gera uma alta concentração de trabalho em determinado período, para flexibilizar no período seguinte, de acordo com a demanda. O banco de horas foi uma forma de o empresariado comprar trabalho extra sem precisar remunerá-lo, com a jornada a mais compensada apenas com folga. Limite já ultrapassado A jornada de trabalho, em muitos locais, já é levada para um limite bem acima das
44 horas expressas na Constituição. É um círculo vicioso, porque os trabalhadores buscam as horas extras como forma de compensar os baixos salários. A Organização Internacional do Trabalho classifica como insalubre as jornadas que excedam as 48 horas semanais. As redes sociais não perdoaram a sinalização da CNI. As centrais sindicais, por sua vez, reafirmaram o projeto congelado no Congresso, desde 1995, que estipula a jornada de 40 horas semanais. Cálculo do Dieese aponta que reduzir a jornada de trabalho é gerar mais empregos. Mas o governo Temer, com suas medidas contrárias aos trabalhadores, quer levar o país para um outro rumo.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº13 do Brasil de Fato PR, que circulará sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. JORNALISTA RESPONSÁVEL Ednubia Ghisi (MTB-0008997/ PR) EDIÇÃO Camilla Hoshino REPORTAGEM Vinicius Torresan, Luis Lomba COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Isabella Lanave ARTICULISTAS Júlio Carignano, Gibran Mendes, Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas REVISÃO Paula Zarth Padilha, Maurini Souza FOTOGRAFIA Joka Madruga, Leandro Taques, Pedro Henriques, Annelizze Tozetto ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Pedro Carrano TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@ brasildefato.com.br
Brasil de Fato PR
3 | Geral
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
FRASE DA SEMANA
mandou
bem
“Acordo toda manhã em uma casa que foi construída por escravos e hoje vejo minhas filhas, duas inteligentes garotas negras, brincarem em seu gramado”, Di vu lga çã o
Divulgação
O ex-senador e candidato a vereador em São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), mandou bem ao se manifestar contra a violência policial na reintegração de posse de um terreno na Cidade Educandário, na região da Rodovia Raposo Ravares, Zona Oeste de São Paulo. Suplicy foi detido e liberado após três horas.
mandou
mal
Divulgação
O ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), mandou muito mal ao fazer uma piada sem graça durante sua visita ao México, na noite desta segunda-feira (25). Segundo ele, o país da América do Norte é um perigo porque metade das senadoras são mulheres. Todos os ministérios do governo interino Michel Temer são chefiados por homens.
disse a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, durante seu discurso na convenção do Partido Democrata.
Ministro da Saúde não vai distribuir vacina contra a dengue pelo SUS Daniel Guimarães/Fotos Públicas
Da redação, de Curitiba (PR) O ministro interino da Saúde, Ricardo Barros (PP), do Paraná, afirmou que a vacina contra a dengue não será ofertada gratuitamente pelo SUS. Segundo o ministro, cada estado deverá comprar as doses, se achar necessário. Barros foi deputado federal (PP) e é casado com a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti. A declaração frustra a possibilidade de atenuar a epidemia da doença, que já registrou 802.249 casos pro-
Vacina contra a dengue vai custar de R$ 132,76 a R$ 138,53, de acordo com cada estado
váveis até o dia 2 de abril, de acordo com boletim epidemiológico publicado pelo próprio Ministério da Saúde. Em 2015, 1,59 milhão de casos de dengue foram registrados no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, no dia 25 de julho, a liberação da venda da vacina, a primeira contra a dengue disponível no país. Batizada de Dengvaxia, a vacina vai custar de R$ 132,76 a R$ 138,53, de acordo com alíquota de cada estado. A única com registro na Anvisa, a
vacina foi desenvolvida por um laboratório francês e protege contra os quatro tipos de dengue registrados no Brasil. 55 mil casos no Paraná Nesta semana, o governo do Paraná divulgou o boletim da dengue em que noticia a marca de 55.600 casos da doença. Paranaguá é o município com maior incidência: mais de 16.300 casos, quase 30% do total do estado. O governo estadual vai disponibilizar 500 mil doses da vacina para as 30 cidades mais afetadas pela dengue.
ENVIE SUGESTÕES DE PAUTA, COMENTE NOSSAS MATÉRIAS Escreva para redacaopr@brasildefato.com.br
SINDICAL | Por Paula Zarth Padilha
Jornada O Sindicato dos Psicólogos do Paraná (Sindypsi) homologou acordo de redução de jornada para profissionais da categoria que trabalham em hospitais e unidades de saúde de 53 municípios do Paraná. A jornada foi reduzida de 44 para 36 horas semanais, sem redução de salário. O acordo com o sindicato patronal foi decidido durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho.
Municipais O Sismuc, sindicato dos trabalhadores da Prefeitura de Curitiba, realiza seu 11º Congresso entre os dias 12 e 14 de agosto, para definir os rumos político e jurídico da entidade. Serão 600 servidores municipais eleitos pela categoria para participar das decisões. O Congresso, realizado em Praia de Leste, terá análise de conjuntura, atividades culturais e oficinas temáticas.
Bancários Os trabalhadores bancários do Paraná seguem rumo a São Paulo neste fim de semana, onde participam da Conferência Nacional da categoria, entre os dias 29 e 31 de agosto. A Conferência irá definir as pautas da campanha salarial da categoria para negociação com os bancos, que devem ser iniciadas no mês de setembro.
4 | Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
Circo Zanchettini será palco de evento gratuito O ‘Circo da Democracia’ será montado no centro de Curitiba entre os dias 5 e 15 de agosto
E
ntidades e movimentos sociais estão nos últimos preparativos do ‘Circo da Democracia’, previsto para ocorrer de 5 a 15 de agosto. O principal objetivo é aproximar e mobilizar a sociedade em defesa da democra-
Apresentações gratuitas Os artistas do Zanchettini estão entre as atrações confirmadas, junto com nomes locais e nacionais da música e do teatro. Todos os artistas abriram mão da cobrança do cachê, por is-
Tuane Fernandes
DIA DA MULHER NEGRA
APOIADORES
Cerca de 2 mil mulheres marcharam nesta segunda-feira (25), em São Paulo (SP), em celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. O ato teve recorte racial e lembrou que são as cerca de 49 milhões de mulheres negras brasileiras as que mais sofrem com feminicídio, estupros e desigualdade econômicas e sociais.
so as apresentações serão gratuitas e abertas à população.“Nada é mais simbólico do que um circo para representar a cultura popular, que se expressa como arte, consciência e transformação”, explica Carlos Frederico Marés de Souza Filho, professor de Direito na PUC/PR e membro da articulação Advogados pela Democracia, grupo idealizador do evento. Mais de 100 entidades e movimentos fazem parte da organiza-
ção da atividade. Para as mesas de debate, estão confirmadas lideranças políticas e intelectuais paranaenses e de outros estados, entre eles, Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Ciro Gomes, vice-presidente nacional do PDT, e Roberto Requião, senador pelo PMDB do Paraná.
Obra da Unidade de Saúde Campo Alegre é retomada Por Pedro Carrano, de Curitiba (PR) Há menos de três meses das eleições municipais, devido à pressão da comunidade, foi retomada a obra da Unidade de Saúde (US) Campo Alegre, na Avenida das Indústrias (Cidade Industrial - CIC), abandonada desde outubro de 2014. A construção no Jardim Aliança (Santa Cândida – região norte) segue abandonada. A US Campo Alegre tinha a entrega das obras previstas para março de 2014, ao passo que a unidade Jardim Aliança estava prevista para setembro de 2013. A prefeituPedro Carrano
Abridor de Latas
cia brasileira e contra o governo interino de Michel Temer. O Corpo de Bombeiros autorizou a instalação do circo na Praça Santos Andrade, Centro de Curitiba, local que servirá de abrigo para os 10 dias de atividades. Corpo de Bombeiros autorizou a instalação do circo na A lona será da famíPraça Santos Andrade, centro de Curitiba lia circense Zanchettini, que está na estrada há mais de 80 Por Ednubia Ghisi, anos e coloca a quinta geração no palde Curitiba (PR) co e na organização dos espetáculos.
ra de Fruet (PDT) realizou novas licitações das obras, uma vez que justificou a falta de repasses do governo Richa (PSDB) e a empreiteira abandonou o empreendimento. O governo do Paraná apontava que, enquanto a obra não avançasse em 70% de conclusão, não poderia fazer o repasse. E o tempo passou, enquanto a obra estava 69% concluída, de acordo com a gestão municipal.
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
5 | Cidades
“Nossa luta não é só por Democracia, mas por outra civilização”, diz Mujica Para o senador e ex-presidente do Uruguai, a mudança cultural deve ser o motor das novas gerações licidade humana. “Fomos transformados em uma máquina de consumismo. A acumulação capitalista necessita que compremos, compremos e gastemos e gastemos. Vendem mentiras até que te tiram o último dinheiro. Essa é a nossa cultura e a única saída é a contracultura”, afirmou.
campanhas e propaganda para satisfação do mercado. Aquela que vende um candidato político como se fosse pasta de dente. Se a política é isso estamos fritos”, criticou. “A democracia é uma luta permanente, não é o conformismo. E o nosso papel é lutar por um mundo melhor. O que vale é a vida”, finalizou.
Democracia em foco Organizado pelo laboratório de Culturas Digitais, projeto do Setor de Educação da UFPR, o evenDurante as palestras, a plateia gritou por “fora Temer” e to ocorreu com o objeti“Fora Beto Richa” diversas vezes vo de fomentar o debatécnicos para erradicar a fo- ra não muda nada”, senten- te sobre a ameaça aos regime e a miséria dos povos˜, ciou. Como cultura, enten- mes democráticos na Amédisse o ex-presidente, enfa- de-se, a mentalidade de vi- rica Latina, a partir do atutizando que o grande pro- da. Deixar o consumismo al contexto de golpe institublema não é ecológico, mas de lado, promovendo prin- cional no Brasil. Sobre esse assunto, na político. “Temos 80 senho- cipalmente a vida e a felicires que possuem o mesmo dade humana como centro opinião de Pepe Mujica, é necessário pensar um ouque outros 3 bilhões de ha- da sociedade. Mujica opinou ainda que tro modelo de democrabitantes”. O ex-presidente desta- o crescimento econômico cia. “A democracia do futucou que, antes de mais na- só se justifica se ocorrer pa- ro não pode ser a democrada, é preciso mudar a cul- ra o desenvolvimento da fe- cia de gente sob medida, de tura. “Sem mudar a cultu-
“A democracia é uma luta permanente, não é o conformismo. E o nosso papel é lutar por um mundo melhor. O que vale é a vida”,
Leandro Taques
Camilla Hoshino, Carolina Goetten e Gibran Mendes, de Curitiba (PR)
P
ara o senador e ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o atual contexto político do Brasil e da América Latina, com o avanço das forças de direita, não pode ser visto com desânimo. “Nós aprendemos muito mais com as derrotas do que com as vitórias. É preciso levantar e começar de novo”, declarou Mujica durante o Seminário Democracia na América Latina, que reuniu milhares de pessoas nesta quarta-feira (27) em Curitiba. Segundo o senador, a democracia está em risco no mundo inteiro devido a duas questões centrais: a concentração da massa financeira nas mãos dos ricos e a crescente desigualdade na Terra. “Nunca o homem teve tantos recursos e meios científicos e
Henry Milleo
Pepe Mujica
PONTOS DE VISTA Professores e militantes também participaram da seminário. Gilberto Maringoni criticou incisivamente a política de Estado mínimo proposta pelo governo interino de Michel Temer. De acordo com ele, as propostas de cortes orçamentários nos programas sociais representam uma opção política. “É o livre mercado e ele só tem uma alternativa: o ajuste fiscal e reduzir direitos sociais. Não tem saída porque estamos sem di-
nheiro”, disse ele, reproduzindo o discurso majoritário do atual Governo Federal. Heliana Hemeterio dos Santos, da Rede de Mulheres Negras do Paraná, questionou a efetividade da construção democrática em um país no qual, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto. “A democracia latino-americana não inclui o povo negro. Não podemos falar de democracia a partir do nosso umbigo, sem incluir as mulheres negras, as
mulheres lésbicas, as mulheres pobres”, avaliou. A professora Livia Morales, da UNILA, destacou a necessidade de respeitarmos e valorizarmos as diversidades. “A política é o lugar da diferença. Quem gosta de tudo igual ao mesmo tempo é fascista. Precisamos aprender a lidar com as diferenças, conversar com as pessoas”, afirmou. As falas foram recheadas de palmas e gritos por “fora Temer” e “Fora Beto Richa”.
6 | Paraná
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
Paraná recebe 3 mil pessoas na Jornada de Agroecologia Conhecido como estado forte no agronegócio, o Paraná é o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do Brasil Por Ednubia Ghisi , de Curitiba (PR)
O
70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos ção prevê palestras, feira de produtos agroecológicos e da reforma agrária, cerca de 40 oficinas práticas, trocas de experiências e de sementes, além de atividades culturais. A Jornada é organizada anualmente, desde 2002, por mais de 40 movimentos e entidades do Paraná - a maioria ligada ao cam-
Jornada de Agroecologia
Parque de Exposições e Eventos da Lapa, município da Região Metropolitana de Curitiba, recebe, de 27 a 30 de julho, a 15ª Jornada de Agroecologia do Paraná. O evento reúne 3 mil participantes, vindos de 200 municípios do estado e das cinco regiões no Brasil. A maior parte do público é composta por pequenos agricultores. Cerca de 30 cozinhas comunitárias, cinco toneladas de alimentos e muito trabalho conjunto garantem as refeições gratuitas para os participantes. A programa-
po. Ceres Hadich, integrante da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, explica que os encontros são “grandes escolas populares” para os camponeses, com o objetivo de multiplicar a agroecologia como modelo alternativo à monocultura e ao uso de agrotóxicos. Segundo a integrante do MST, diferente do latifúndio e da monocultura, a agroecologia tem como princípio a humanização e o caráter popular, por ser mais acessível e respeitar o conhecimento tradicional. A produção agroecológica é feita por pequenos agricultores, sem o uso de venenos e de sementes transgênicas.
APOIADORES
Agrotóxicos na alimentação Segundo a pesquisa da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), divulgada em 2015, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos, e 28% desses alimentos contém
substâncias não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano. O Paraná é conhecido como estado forte no agro-
negócio, fato que o coloca na posição de terceiro maior consumidor de agrotóxicos do país. A cada ano, cerca de 96,1 milhões de quilos de agrotóxicos são utilizados no estado, de acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), de 2013.
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
7 | 7Cultura | Cultura
CULTURA E DIVERSIDADE
Transexualidade com a cara no sol Annelize Tozetto
Por Camilla Hoshino e Vinicius Torresan, de Curitiba (PR) Com o protagonismo de duas cantoras transexuais, o grupo “As Bahias e a Cozinha Mineira” tem conquistado o cenário musical brasileiro com uma mistura de performance e diferentes arranjos musicais. “As travestis e transexuais eram vistas ou de forma jocosa ou hipersexualizada, mas aparecemos em um momento de empoderamento das mulheres e de todo o movimento feminista no Brasil”, explica a vocalista Assucena Assucena. Para ela, a população transexual começa a “botar a cara no sol”. “Isso significa sair da escuridão das madrugadas, dos quartos escuros, trancafiadas para que ninguém nos
Suas letras invadem o universo feminino e falam sobre putas, virgens, mães, retirantes nordestinas, indígenas e negras. Além das faixas próprias, o grupo faz uma releitura de clássicos de Caetano Veloso, Gal Costa e Milton Nascimento. Apesar do sucesso, as cantoras sabem o que é sofrer o preconceito na pele. Raquel Virgínia (voz), AssuGrupo se apresentou no Teatro Paiol e encantou público cena Assucena (voz) e Rafael Acerbi (guitarra), criadores do disco “Mulher”, veja”, conta. se conheceram no curso de HistóAs canções do primeiro disco, ria da USP, em 2011. No início, o gru“Mulher”, que dá nome à turnê da po, que se apresentava para o públibanda, questionam a imagem e a co universitário, obteve destaque no posição das mulheres na sociedade.
“Isso (botar a cara no sol) significa sair da escuridão das madrugadas, dos quartos escuros, trancafiadas para que ninguém nos veja”, diz a vocalista Assucena repertório e na encenação artística. Mas Raquel e Assucena ressaltam que o ambiente da universidade é machista e racista. “O disco é fruto de muita alegria, dor e resistência. E de muita inspiração”, explica Assucena, sobre o processo criativo que se iniciou naquela época. Após a turnê, o grupo inicia a produção de seu segundo álbum, “Bixa”.
AGENDA 0800
West Coast Swing Day
Cinema Infantil
A Minha Metrópole
Araújo e Ofélia
O quê: 6ª edição do West Coast Swing Day, festival dedicado à divulgação do estilo de dança com palestras/ vídeos, workshops gratuitos e prática dançante. Mais de dez professores curitibanos colaboram nessa edição ministrando aulas para todos os níveis. Quando: dia 31 de julho, domingo, na Cinemateca de Curitiba, das 10h às 12h - Palestra e exibição de vídeos; e na Casa Hoffmann, aulas das 14h às 17h e prática dançante das 17h às 20h. Informações: Casa Hoffmann (41) 3321-3228 e Cinemateca de Curitiba (41) 3321-3310. Quanto: 0800
O quê: Mostra de filmes infantis do Cine Guarani, especial para o período de férias da garotada. Quando: ’O Grilo Feliz’ (SP, 2001, 80’) - dia 30 de julho, sábado; e ‘Uma Aventura no Tempo’ (80’) - animação com a Turma da Mônica, 31 de julho, domingo. Sempre às 16h. Onde: Cine Guarani – Portão Cultural, Av. República Argentina, 3430, Portão. Quanto: 0800
O quê: Exposição do artista visual Milton Boeira. Apresenta pesquisa que envolve fotografia, artes plásticas e instalação. Faz um mix de registros fotográficos do cotidiano de Curitiba, colados, pintados e moldados sobre um grande painel suspenso Quando: até 25/09. Das 9h às 12h e das 14h às 18h (terça a sexta-feira). Das 12h às 18h (sábado e domingo) Onde: Museu da Fotografia, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro Quanto: 0800
O quê: Espetáculo de animação destinado ao público de todas as idades. Conta a história dos personagens em três fases das suas vidas e fala de amizade, amor e preservação da natureza. Quando: 31/07, domingo, às 11h Onde: Teatro do Piá, Praça Garibaldi, 7, Palacete Wolf, São Francisco Quanto: 0800
Divulgação
Divulgação
Divulgação
Divulgação
Filmes paranaenses O quê: O CineSesc de agosto será dedicado a filmes paranaenses. Apresentamos aqui os dois primeiros, e a próxima edição contará o que vem pela frente Quando: 2/08 - ‘Geada Negra’ narra a geada de 1975; 9/08 - ‘O Preço da Paz’, sobre a Revolução Federalista. Sempre às terças-feiras, às 19h Onde: Praça Generoso Marques, 189, Centro Quanto: 0800 Divulgação
8 | Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 28 de julho a 04 de agosto de 2016
ATLÉTICO | Por Roger Pereira
De igual para igual A campanha do Atlético nas 16 primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro mostra o Furacão competitivo. Que joga de igual para igual com todo mundo. Partidas brilhantes contra times grandes, como o 2 a 0 sobre o Grêmio e o 2 a 1 contra o São Paulo no Morumbi, são alternadas com partidas fraquíssimas contra adversários da parte de baixo da tabela, como as derrotas para Coritiba e Botafogo ou o empate com o Vitória. Paulo Autori parece ter encontrado a fórmula para encarar as potências. Uma defesa sólida (a segunda menos vazada), um time fechado, explorando os contra-ataques. Mas o time ainda tem dificuldades contra os adversários que vêm com essa mesma proposta. O salto entre estar na porta do G4 e realmente entrar na briga pelas primeiras posições está justamente em achar a forma de não perder pontos preciosos para os adversários mais fracos.
Cultura, tradição e habilidade no pé Seleção Indígena Brasileira de Futebol busca visibilidade e apoio financeiro Pedro Henriques
PARANÁ | Por Manolo Ramires
Seleção Indígena Brasileira de Futebol durante partida em Alto Paraíso, em Goiás
De olho no copo paranista A torcida não pode se empolgar um pouco que lá vai o time e decepciona. É vitória fora de casa. São tropeços em seus domínios. É partida boa longe que de repente vira derrota. Perto do fi m do primeiro turno, tá faltando muita coisa: organização, artilheiro, craque, criatividade, sangue frio e bola, principalmente. Entra ano, sai ano, o time parece estar em eterna formação. O alerta para a diretoria, comissão técnica e jogadores é agora. Tem que dar algo a mais. Tem que empolgar. Tem que voltar a vencer. São duas rodadas para fechar o turno, ultrapassar o Londrina e se aproximar do G4. São dois jogos, seis pontos e um mês agosto para enfi m embalar.
CORITIBA | Por Cesar Caldas
Reforços que chegam As apresentações recentes do meio-campista Bernardo e do atacante Neto Berola parecem encerrar um ciclo de contratações no Coritiba. Eles se somam a Felipe Amorim, Iago Dias e Kazim como últimos reforços para o restante da temporada. O aproveitamento do jovem Raphael Veiga completa o elenco com o qual o técnico Pachequinho trabalhará as variações táticas possíveis para os próximos jogos. Algumas experimentações recentes (três volantes ou três zagueiros, com Juninho improvisado na lateral esquerda) não esgotaram as possibilidades de distribuição dos setores do time, dadas as características distintas dos recém-chegados. A expectativa dos torcedores para os jogos contra Flamengo, Vitória e Ponte Preta é de defi nição de um time-base, que ganhe entrosamento até o fi nal do primeiro turno, em 7 de agosto.
Por Isabella Lanave, de Alto paraíso (GO)
D
No início, a equipe jogava apenas em comemorações oficiais, como no Dia do Índio, mas hoje o técnico tem grandes ambições e pretende encontrar mais oportunidades. Uma delas prevê a realização da primeira Copa Sul-americana de Futebol Indígena para julho de 2017, além do sonho de uma Copa do Mundo, em 2020.
esde o dia 15 de julho, o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que acontece na Vila de São Jorge, em Goiás, reúne pessoas de diversas partes do mundo num intercâmbio cultural com povos Dificuldades O técnico conta que, a indígenas, remanescentes quilombopartir da seleção, surgiram oportunilas, pequenos produtores, artesãos, dades para os jovens em rezadeiras e artisoutros times. É o caso tas populares. São do capitão do Tiago Kaduas semanas de rajá, da região do Xingu, muita festa, trocas ao norte do Mato Grose aprendizado, em Jogadores sonham so, que hoje joga profisque é possível cosionalmente em Maranhecer inúmeras realizar Copa bá, no Pará. Ao todo, oitradições e iniciatiSul-americana de to atletas da SIBF atuvas protagonizadas Futebol Indígena am em times de pequepor essas populanos municípios. Mesmo ções. Entre elas ese Copa do Mundo com mais visibilidade, a tá a Seleção IndígeIndígena seleção indígena tem a na Brasileira de Fufalta de verba como printebol (SIBF). cipal barreira. “Desde o início, a seleção A SIBF, criada em 1991 por iniciavive com dificuldades de se fortalecer tiva do técnico e funcionário da FUpor conta do dinheiro”, explica Karajá. NAI há 36 anos, Carlos Alberto Dias, Auakamu Kamaiurá, que joga desde é composta por várias etnias espa2008, confessa que, muitas vezes, não lhadas pelo Brasil, como Kariri-Xopode estar presente por não ter dinheiro có, Kamaiurá, Karajá, Terena, Fulni para ir aos jogos marcados. Conhecido -ô, entre outras. Ela atua como assocomo “Kaka”, por lembrar fisicamente ciação sem fins lucrativos, que busca o jogador brasileiro, Kamaiurá mostra profissionalizar os jovens indígenas, que além da cultura e tradição, os inpromovendo um diálogo com as codígenas têm muita habilidade no pé. munidades.