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Destaque nos Jogos Olímpicos
Barril a preço de refrigerante
Conheça alguns atletas que fizeram história
PARANÁ
25 de agosto a 01 de setembro de 2016
Opinião| p. 02
Pré-sal sofre o golpe-baixo das privatizações
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Esportes | p. 08
distribuição gratuita
Ano 01 | Edição 13
Votação do impeachment inicia no Senado Federal Testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas a partir desta quinta-feira (25). A votação do processo deve terminar até a madrugada de sábado. Para movimentos populares, ruptura democrática é golpe e provocará Editorial - p.02 | Brasil - p. 06 instabilidade e tensão social. Leandro Taques
Cidades | p. 05
Gestão Fruet é vacilante Balanço da gestão aponta indefinição em relação às máfias do transporte, lixo e especulação imobiliária Geral | p. 04
4ª Festa da Semente Crioula Evento será realizado neste domingo (28), no município de Mandirituba, ao longo de todo o dia
Joka Madruga
Manifestações contrárias ao golpe estão marcadas para ocorrer em diversas capitais. Em Curitiba, o ato está marcado para domingo (28), às 15h, na Praça Santos Andrade. Geral | p. 03
2 | Editorial
Brasil de Fato PR
Paraná, 25 de agosto a 01 de setembro de 2016
EDITORIAL
Dias decisivos para a nação E
sta semana acontece no Senado o julgamento e a votação do processo de impeachment da presidenta legítima Dilma Rousseff. Até agora, o governo Temer está confiante, apesar de contar apenas com 54 dos 61 necessários para afastar Rousseff. Será uma semana de conflitos imprevisíveis. Caso não alcance os votos necessários e for afastada do cargo, a presidenta será mais uma mandatária de perfil nacionalista e desenvolvimentista derrubada pela mídia ao lado de setores conservadores – e com sinal verde do governo dos Estados Unidos. Antes, presidentes como Getúlio Vargas (1945 e 1954), Juscelino Kubitschek (1955) e João Goulart (1964) também foram atacados devido às suas medidas favoráveis ao povo brasileiro, em conjunto com um projeto de industrialização, focados na urbanização e no mercado interno de consumo. Agora, em 2016, a forma do gol-
EXPEDIENTE
É preciso apostar na unidade de todas as forças em torno da defesa dos direitos sociais e de uma reforma política
pe para derrubar Dilma do poder é o impeachment. Para aprová-lo seria preciso comprovar que houve crime de responsabilidade da presidenta. Mas isso não ocorreu. A entrevista de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e advogado de Dilma, foi direta. Os articulistas do programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, no dia 22 de agosto, buscavam razões políticas para justificar o impea-
chment. Cardoso reafirmava a palavra “golpe” baseado na ausência de fatos que comprovem o crime de responsabilidade e na velocidade de condução do processo. Os jornalistas ficaram sem resposta. O que está em jogo com o golpe contra Dilma é a instalação de um programa que não seria eleito nas urnas. Temer representa os endinheirados e quer retirar as classes populares do orçamento. Quer
romper projetos na área de moradia, saúde, educação e assistência social. Frente a isso, os partidos da esquerda e os movimentos populares devem explicar aos trabalhadores o que está em jogo com essas ações golpistas. É preciso apostar na unidade de todas as forças em torno da defesa dos direitos sociais, caso da Previdência, e de uma reforma política. Só o povo nas ruas vai resgatar a Constituição que o golpe quer jogar no lixo.
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº15 do Brasil de Fato PR, que circulará sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. JORNALISTA RESPONSÁVEL Ednubia Ghisi (MTB-0008997/PR) EDIÇÃO Camilla Hoshino COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Franciele Petry Schramn , Paula Zarth Padilha, Mário Dal Zot, Phil Batiuk e Davi Macedo ARTICULISTAS Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza FOTOGRAFIA Isabella Lanave, Joka Madruga, Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Pedro Carrano TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/ bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato. com.br
OPINIÃO
Promoção do pré-sal: barril a preço de refrigerante Por Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro PR e SC
C
erta vez, Raul Seixas cantou em tom de ironia que a solução era alugar o Brasil. O presidente golpista Michel Temer não entendeu a piada e resolveu colocar o país à venda. As privatizações começaram pela maior riqueza nacional, o pré-sal. A reserva de Carcará, vendida à estatal norueguesa Statoil, no final de julho, tem entre 0,7 e 1,2 bilhão de barris. A Petrobrás, sob a (in)gestão de Temer, comercializou sua participação integral de 66% por 2,5 bilhões de dólares, ou seja, o preço do barril
poderá variar de 3,57 a 1,25 (dólar), o equivalente ao valor de uma lata de refrigerante. O pior é que o crime de lesa-pátria da entrega do pré-sal ainda mal começou: a Câmara dos Deputados pode votar o Projeto de Lei 4567/16, que retira o direito da Petrobrás ser a operadora exclusiva das reservas e passa para as transnacionais o controle do pré-sal. De autoria do então senador José Serra (PSDB/SP), hoje ministro das relações exteriores de Temer, o projeto também põe fim à garantia de participação mínima de 30% que a estatal brasileira tem nessas reservas. Para descobrir o pré-sal, a Petrobrás investiu cerca de R$ 300 milhões
diários, durante anos, em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias. No Campo de Libra, a Shell perfurou até quase quatro mil metros e o devolveu. A Petrobrás acreditou, perfurou até sete mil metros e achou o maior campo de petróleo do mundo. Se o PL 4567/16 for aprovado, o governo Temer vai continuar vendendo barril de petróleo a preço de refrigerante. Será o anúncio da refundação da “República das Bananas de FHC”. Serviço Saiba como defender o pré-sal: www.presalemjogo.com.br
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bem
Através de uma mensagem no Twitter, o papa Francisco recordou o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição e condenou a prática da exploração de pessoas. Desde que assumiu o Pontificado, Jorge Mario Bergoglio condena fortemente o tráfico de pessoas e o trabalho forçado.
FRASE DA SEMANA
“O comunismo merece respeito”,
mandou
mal
Reprodução Faccebook
O candidato a prefeito de Curitiba Rafael Greca (PMN) mandou mal ao propor, no tema “Eixo de Sustentabilidade Metropolitana” de seu Programa de Governo, a criação de um bonde para interligar o Shopping Estação ao Müller e ao Novo Batel, que ficam na região central de Curitiba. Além disso, Greca firmou aliança com Beto Richa, que tem menos de 20% de avaliação positiva entre os curitibanos.
Flexibilização
Disse a cantora Madonna em visita a Cuba, onde comemorou seu aniversário de 58 anos. A artista também visitou o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro.
População vai às ruas neste domingo contra o golpe Em Curitiba, o ato será domingo (28), às 15h, na Praça Santos Andrade Por Ednubia Ghisi, de Curitiba (PR) O Senado inicia a fase final do julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff na quinta-feira (25), e deve concluir o processo até a próxima semana. As previsões indicam que o afastamento será consumado, o que levará Michel Temer a assumir a presidência da república até o final de mandato, em dezembro de 2018. Manifestações contrárias ao golpe e ao governo de Michel Temer estão marcadas para ocorrer em diversas capitais nos próximos dias. Em Curitiba, o ato está marcado para domingo (28), às 15h, na Praça Santos Andrade, no Centro de capital. A ação é mobilizada principalmente
mer, explica que a manifestação tem o objetivo de denunciar e questionar as políticas do governo interino. Ele frisa como principais retroces“A união dos sos o aumento das privatizaexplorados deve ções das empresas públicas, falar mais alto as tentativas de retirada de direitos trabalhistas e os cortes para barrar essa recursos para programas pauta absurda que de sociais e em áreas como saúquerem nos enfiar de e educação. “Agora, mais do que nunca, a união dos exgoela a baixo” plorados deve falar mais alto para barrar essa pauta absurThiago Régis, da que querem nos enfiar goCWB Contra Temer ela a baixo”, defende Régis. via redes sociais, pelo movimento CWB Contra Temer e Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Thiago Régis, um dos organizadores do ato e integrante do CBW Contra Te-
3 | Geral
SINDICAL | Por Paula Zarth Padilha
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mandou
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Maioria desaprova Temer Pesquisa do Ibope realizada entre 19 e 22 de agosto mostrou que 41% dos curitibanos considera péssima a gestão interina de Temer, e outros 33% dos eleitores avaliam como regular.
ENVIE SUGESTÕES DE PAUTA, COMENTE NOSSAS MATÉRIAS Escreva para redacaopr@brasildefato.com.br
Advogados trabalhistas, economistas e assessores sindicais têm a mesma opinião sobre os riscos da reforma trabalhista proposta pelo governo golpista: que ela não pretende modernizar para melhorar a situação dos trabalhadores. Ao contrário: se a flexibilização for aplicada no país, será acompanhada do aumento da informalidade, da precarização e da redução de salários. Os trabalhadores serão obrigados a reduzir seus direitos para manter seus empregos. Os profissionais debateram o avanço do neo -liberalismo (sistema econômico retomado por Temer sob a justificativa de promover o crescimento econômico e promover o desemprego) durante o IV Congresso Internacional de “Ciências do Trabalho” realizado pela Fundacentro, em São Paulo.
Atenção aos bancos Na próxima segundafeira, 29 de agosto, está prevista uma rodada de negociação decisiva entre os representantes dos trabalhadores bancários de todo o país e os donos de bancos, que prometeram apresentar uma proposta para todas as reivindicações da campanha salarial da categoria. “Os bancários estão mobilizados, aguardando essa proposta que atenda melhores condições de trabalho, o que inclui o atendimento à população, que deve ficar atenta já no início de setembro”, alerta Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba.
4 | Cidades
Mandirituba sedia a 4ª Festa da Semente Crioula A quarta edição do evento será neste domingo (28), ao longo de todo o dia Por Franciele Petry Schramn e Ednubia Ghisi, de Curitiba (PR)
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á imaginou uma variedade de 130 grãos de milhos, de várias cores e tamanhos, para diferentes usos? Essa é a diversidade de sementes de milho crioulo que podia ser encontrada há 10 anos na região Norte do Paraná, segundo levantamento realizado pela Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA). Atualmente, é difícil encontrar mais de 50 variedades. “Se não tomarmos cuidado, cada vez mais vamos perder a biodiversidade”, alerta o assessor técnico da AS-PTA, André Jantara. As ameaças vêm pelas sementes transgênicas e pela lógica do agronegócio, baseado no cul-
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tivo extensivo de poucas variedades. Não por acaso, a maioria dos produtos derivados de milho ofertados nos supermercados são transgênicos. É para preservar e multiplicar a diversidade de grãos crioulos que um grupo de entidades realiza, anualmente, a Festa da Semente Crioula, em Mandirituba, Região Metropolitana de Curitiba. A quarta edição do evento será neste domingo (28), ao longo de todo o dia, na sede da Fundação Vida Para Todos – ABAI, que fica na Estrada Municipal Otávio de Jesus Biscaia, - s/nº. De mãe para filho Como forma de resistência e preservação das sementes, há o importante papel de guardiões, que guardam as variedades de uma safra para outra. Morador do Campestre dos Paula, em Mandirituba, João da Joka Madruga Costa conta que sua mãe também foi guardiã de sementes. Seguindo seus passos, ele diz que é necessário pensar de forma mais ampla como será conservada cada variedade. “Tem que aprender a classificar, separar, saber a época de plantio e colheita de cada variedade”, explica.
Sem concluir obra em colégios, construtora recebeu R$ 54 milhões Empresa está entre as investigadas na Operação Quadro Negro, que apura fraudes em reformas e construções de colégios estaduais Da redação, de Curitiba (PR) A Construtora Valor, investigada na Operação Quadro Negro, recebeu R$ 54 milhões da Secretaria da Educação do Paraná, apesar de não ter concluído parte das reformas em escolas públicas para as quais foi contratada. O valor foi descoberto pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), a partir de dados do Portal da Transparência do governo estadual.
Em documento com a relação de todos os valores pagos à Construtora, o MP-PR mostra que a secretaria repassou R$ 44 milhões à empresa em 2014. No entanto, as obras entregues pela empreiteira somariam cerca de R$ 33 milhões. O MP-PR investiga o destino dos R$ 22,3 milhões de diferença entre o recebido e o executado. O Ministério Público enviou ofício à Secretaria da Educação solicitando a confirmação da quantia repassada à Construtora Valor entre os anos de 2013, 2014 e 2015.
Maioria dos paranaenses desaprova governo Beto Richa Da redação, de Curitiba (PR) Pesquisa da Federação das Indústrias do Paraná aponta que 66,2% dos paranaenses desaprovam o governo de Beto Richa (PSDB). A administração do tucano foi bem avaliada por apenas 25,8% dos pesquisados. As áreas da saúde (30,6%), segurança pública (16,4%) e educação (14,4%) estão no topo da listas dos
serviços mal avaliados. Na amostragem, os entrevistados atribuíram notas de 0 a 10 para a atuação do governo em 11 diferentes áreas. Com a soma das avaliações, a nota média final ficou em 4,5. Apesar de baixa, a média é superior à nota 4 divulgada em pesquisa de março deste ano. A pesquisa foi realizada com base em 2.538 entrevistados de todo o estado e tem grau de confiança de 95%, com margem de erro de 2% para mais ou para menos.
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5 | Cidades
Nem prá lá, nem pra cá: gestão de Fruet é vacilante Balanço da gestão aponta indefinição frente às máfias do transporte, lixo e especulação imobiliária Manolo Ramires
Por Pedro Carrano, com colaboração de Manoel Ramires e Phil Batiuk, de Curitiba (PR)
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ecentemente, em frente à Prefeitura de Curitiba, o movimento de moradia cortou um bolo, dedicado ao prefeito Gustavo Fruet (PDT). Gente de três áreas de ocupação surgidas em menos de quatro anos torciam para que a pauta do aluguel social fosse implantada, um ano depois da sua aprovação na Câmara Municipal. Na lista que marca as promessas do programa de campanha, muita coisa foi apontada em 2012. Pouca coisa feita. A gestão agora apresenta números, entre os quais o aumento dos equipamentos públicos: 410, entre 2011 e 2016. Fala também no número de 10 mil regularizações e 10580 novas casas. A promessa de campanha era fazer 15 mil novas habitações. “Nossa impressão é que a maioria destas 10 mil casas foi iniciada no governo Ducci (PSB). Além disso, a grande maioria é de faixa 2, para o pessoal que tem mais condições. Mas como paralisou o programa Minha Casa, Minha Vida, a Prefeitura ficou a ver navios também. Até diminuiu o orçamento de 0,9% em 2015 para 0,6% em 2016”, afirma Fernando Marcelino, da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST, que realizou o ato de crítica ao prefeito. Poucas mudanças André Machado, militante sindical e blogueiro, analisa que a gestão Fruet herdou das anteriores (Beto Richa e Luciano Ducci) “uma terra arrasada em quase todas as políticas públicas”. Ele aponta também a ajuda de recursos do governo federal para programas realizados. Na sua avaliação, abriram-se canais de diálogo com o povo, sobretudo no primeiro ano de mandato.
moradia. Greves, atos, paralisações e mobilizações se mantiveram. A frágil aliança que manteve com o PT e com movimentos sociais em 2012 passava então a se romper. Em 2016, Fruet dá um giro em torno de si mesmo: buscou reaproximação com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Aproximouse de quem havia se distanciado no episódio dramático do dia 29 de abril de 2015, quando mais de 200 trabalhadores são reprimidos. A Prefeitura, naquele episódio, acolhe os feridos. Enquanto Richa havia se limitado a declarações na imprensa. Agora, apesar do esforço, Richa prestou apoio à candidatura de Rafael Greca (PMN) e não à tentativa de reeleição de Fruet.
Promessa de campanha de destinar 1% do orçamento municipal para a cultura não foi cumprida
Porém ele traz a percepção de que as mudanças não tocaram nas questões de fundo da cidade, apesar das expectativas. Neste caso, as principais lacunas são a tarifa do transporte, a regularização das áreas de ocupação e vazios urbanos e a revisão dos contratos dos aterros sanitários. “Não tem nenhum tipo de iniciativa para questionar o poder econômico na cidade, para segurar o preço da passagem de ônibus. Não há disposição de fazer grandes mu-
danças na cidade”, comenta, ressaltando que a dificuldade se amplia no momento de crise nacional e falta de repasses de recursos do governo federal. Perfil Gustavo Fruet migrou do PSDB para o PDT, para uma aliança com o PT na campanha de 2012. Vencia numa cidade dominada pelo PSDB. Talvez o prefeito não esperasse uma reação forte dos servidores públicos e do movimento de
Prefeitura divulga 10 mil regularizações e 10.580 novas casas. A promessa de campanha era fazer 15 mil novas habitações
CHECK LIST Cultura A promessa de campanha feita por Fruet de destinar 1% do orçamento para investimento direto em cultura não aconteceu.
Tribunal de Justiça pela revisão do contrato, considerado ilegal, após CPI na Câmara, e decisão colegiada do Tribunal de Contas no mesmo sentido.
Transporte público Fruet não enfrentou a máfia das famílias donas das concessões do transporte, mesmo com decisão do
Aterro sanitário Em tempos de crise financeira, a Prefeitura firmou contrato com o International Finance Corporation
(IFC), braço do Banco Mundial, contratado sem licitação. Informações oficiais apontam que o estudo deveria ficar pronto em agosto de 2016, ao custo de R$ 5,2 milhões. Deste valor, R$ 1,3 milhão seriam pagos pela Prefeitura. Até o momento, a cidade segue sem alternativa para os lixões.
6 | Brasil
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Julgamento de Dilma entra na reta final Seja qual for o resultado, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca Por Rafael Tatemoto, de São Paulo (SP)
O
pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff se aproxima da etapa final. O processo que se encerra é fruto de uma complexa crise política com poucos paralelos na história nacional. Testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas a partir de quinta-feira (25). No total, oito testemunhas serão ouvidas. O presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, é o primeiro a inquirir as testemunhas. Em seguida, os senadores têm seis minutos cada para fazer perguntas. De acordo com o rito estabelecido, essa fase deve terminar até a madrugada de sábado. Seja qual for o resultado da decisão do Senado Federal, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca. Não só pelas me-
didas que tomou, mas também pelas discussões e propostas que levantou em poucos meses: cortes em políticas públicas, debates sobre “reformas” com perdas para os trabalhadores e anúncio de medidas consideradas drásticas. Por outro lado, a gestão provisória também demonstra contradições no combate à corrupção e na capacidade de implementar as propostas econômicas. Ato contra o golpe Às vésperas da votação final do impeachment, Dilma participou do “Ato Contra o Golpe”, realizado na noite do dia 23, na Casa de Portugal, na capital paulista. Durante o evento, ela afirmou que, ao contrário do que parte de sua geração imaginou no fim da Ditadura Militar, a defesa da democracia brasileira ainda não se finalizou. “Exige luta diária”, declarou. O evento, promovido pelas fren-
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tes Brasil Popular e Povo sem Medo – articulações nascidas em 2015, cada uma delas reunindo diversas entidades – contou com a presença de representantes de mais de 40 organizações sindicais, estudantis, feministas, de negritude e do campo. A petista ainda lembrou seu histórico de resistência à Ditadura Militar: “Eu lutei toda minha vida. Contra a tortura, contra o câncer, e, agora, continuarei lutando pela democracia”. Para ela, o que está em jogo neste momento no Brasil é a definição de quais setores sociais pagarão pela crise. “Há um conflito distribu-
tivo. Nesse contexto, minha presença é incômoda”.
Eu lutei toda minha vida. Contra a tortura, contra o câncer, e, agora, continuarei lutando pela democracia
Dilma Rousseff, presidenta afastada
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7 | 7Cultura | Cultura
CULTURA CIRCENSE | Por Camilla Hoshino
mora a alegria, segundo Silvio, também moram os obstáculos. O maior deles é o preconceito, que chega como discriminação e represálias judiciais que dificultam a continuida-
de da cultura do povo de circo. Apesar disso, Anaíse Zanchettini, sua companheira e parceira de palco no papel da Palhaça Magali Gasolina, não hesita: “É uma vida difícil. Mas eu sou palhaça de profissão. Com muito orgulho! É uma das profissões mais lindas e dignas, fazer as pessoas rirem”. Ela, que conta sua história como “a moça da cidade que se apaixonou pelo trapezista e fugiu com o circo”, tem hoje a sorte de atuar também ao lado de sua filha Andressa Zanchettini, que, aos 6 anos, é bailarina e que ama voar nos ombros de seus primos montados em monociclos. Décadas atrás, a vida itinerante era muito mais difícil, a ponto de uma chuva fazer o trailer da família ficar parado por mais de 40 dias na estrada. Ao mesmo tempo, permanece a sensação de que as emoções e os sobressaltos eram mais Isabella Lanave/R.U.A. Fotocoletivo
Silvio Zanchettini nasceu num “palácio de lonas coloridas”, como ele mesmo descreve seu lar. É uma casa muito engraçada: não tem telhado, não tem paredes, não tem endereço. Mais conhecido como Palhaço Ligeirinho, ele vive sob as luzes do picadeiro. Acrobacias, equilíbrio, contorcionismos, risadas, fogo, motos voadoras e adrenalina fazem parte de seu cotidiano. As habilidades circenses foram todas compartilhadas pelos familiares e herdadas de geração em geração. É assim que os Zanchettini mantêm viva, há 80 anos, uma tradição milenar. Eles foram os responsáveis por erguer, peça por peça, a estrutura que abrigou o Circo da Democracia durante dez dias, na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba. O evento, que reuniu espetáculos e debates contra o golpe no país, promoveu cerca de dez horas de atividades diárias. Enquanto isso, por trás da lona azul e amarela, uma confissão: onde
Isabella Lanave/R.U.A. Fotocoletivo
Magia e resistência no palácio de lonas coloridas
“É uma das profissões mais lindas e dignas, fazer as pessoas rirem” Anaíse Zanchettini valorizados. Hoje, tendo cruzado os interiores do país e além das fronteiras, o palhaço sabe que viver o sonho de carregar o sorriso dos outros na mala é mais que uma profissão, mas um ato de resistência. E dispara: “Não queremos ser um Soleil, queremos apenas sobreviver e levar nossa cultura adiante”.
AGENDA 0800
22º Grito dos Excluídos
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O quê: Dia 7 de setembro não é um feriado qualquer. É neste dia que acontece, desde 1995, Grito dos Excluídos. A atividade convida a refletir a real independência do Brasil e as questões sociais que dizem respeito a toda população. Pastorais sociais e movimentos populares são os organizadores e buscam dar eco às vozes de excluídos, marginalizados e oprimidos da sociedade. Nesta 22ª edição, o tema será “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata!”, e terá rodas de conversa e caminhada pela comunidade Quando: dia 7 de setembro, a partir das 8h30 Onde: Paróquia São Benedito, rua Fraderico Stadler Júnior, 441, bairro Capão da Imbuia (próximo ao terminal). Quanto: 0800
O Menino e o Mundo + bate-papo com diretor O quê: O Projeto “Mostra Cinematográfica” do Sesc Paço da Liberdade traz a Curitiba o cineasta o premiado Ale Abreu, diretor do longa-metragem “O Menino e o Mundo”, indicado ao Oscar de Melhor Animação de 2016. Após a exibição do fi lme, vai rolar o bate-papo com o diretor Quando: Dia 2 de setembro, sexta-feira, às 18h, e 3 de setembro, sábado, às 15h Onde: Sala CinePensamento do Paço da Liberdade, Praça Generoso Marques, 189, Centro Quanto: 0800 (mediante retirada de bilhete de acesso no SAC) Divulgação
Litercultura O quê: É um festival de literatura com ênfase na leitura, com festa, feira de livros, encontro de autores que falam sobre sua experiência de escrita, shows, cinema, rodas de leitura, saraus, oficinas e muito mais. Quando: De 26 a 28 de agosto Onde: Confira a programação completa e os locais no site www.litercultura.com.br ou pelo telefone: 41 3527 5400 Quanto: 0800 Divulgação
8 | Esportes
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Atletas que fizeram história nos Jogos Olímpicos O mundo parou para acompanhar histórias, dentro ou fora do âmbito esportivo dos Jogos
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ntre os dias 5 e 21 de agosto, a vida do carioca foi impactada pela presença dos Jogos Olímpicos na cidade. O grande fluxo de pessoas por diversos bairros, muitas delas estrangeiras, colocou toda a receptividade do povo à disposição das delegações.
Uma vez heroína, sempre heroína A refugiada síria Yusra Mardini disputou duas provas de natação nos Jogos do Rio. Ficou em 41º lugar nos 100m borboleta e 45º nos 100m livre. Mesmo assim, deixa a Olimpíada com o mesmo status de quando começou: o de heroína. Há um ano, ela foi notícia no mundo todo quando ajudou a salvar 18 refugiados que tentavam cruzar o Mar Egeu, entre a Grécia e a Turquia, em um bote.
Porém, não foi só o carioca que viu a história sendo feita nos arredores de suas casas. O mundo parou para acompanhar momentos contadas pelos Jogos, dentro ou fora do âmbito esportivo. Afinal de contas, o maior legado dos Jogos está naquilo que não está sob a tutela do Comitê Olímpico Internacional. Protesto pelo povo Oromo O maratonista etíope Feyisa Lilesa passou pela linha de chegada, no Sambódromo, cruzando os braços acima da cabeça ao conquistar a medalha de prata na prova. Ele protestava contra o massacre do povo Oromo, que vive nas cercanias da capital Adis-Abeba e, desde dezembro do ano passado, luta contra a ampliação da capital que destruirá suas terras. Desde o início das manifestações, o governo etíope já matou cerca de 400 pessoas, entre elas crianças.
Prata que vale ouro contra o câncer O polonês Piotr Malachowsk, que disputou no arremesso de peso, está leiloando sua medalha de prata para ajudar o garoto Olek, de dois anos de idade, que possui um retinoblastoma no olho esquerdo. O retinoblastoma é um tumor maligno que só ocorre com crianças de até cinco anos. Após ganhar a medalha, a mãe de Olek escreveu para Piotr, que se sensibilizou com o caso.
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Por Bruno Porpetta, do Rio de Janeiro (RJ)
A refugiada síria Yusra Mardini disputou duas provas de natação nos Jogos do Rio
CORITIBA | Por Cesar Caldas
ATLÉTICO | Por Roger Pereira
PARANÁ | Por Manolo Ramires
Noches em Latinoamérica
Ouro no peito
Depois de derrotar por 2x1 o Santos no Alto da Glória, o Coritiba concentra-se em sua estréia na Copa Sul-Americana, na noite do dia 24 de agosto, em Salvador, diante do Vitória. O vencedor do confronto terá por adversário Estudiantes de La Plata ou Belgrano de Córdoba, em setembro. Na sequência, há quatro possíveis rivais: Sol de América (Paraguai), Huancayo (Peru), Bolívar e o colombiano Atlético Nacional. Anima os coritibanos não só a projeção internacional que um título na competição proporciona, mas também a premiação, de U$3,675 milhões. A classificação automática do campeão à Libertadores e às finais da Recopa Sul-Americana, da Supercopa Euro-Americana e da Copa Suruga no Japão são outros fatores que impulsionam a ambição alviverde. Vêm aí noites de sonho para a torcida coxa-branca. Como diz a canção de Caetano Veloso, “que noite se espalhe em Latinoamérica”.
Joga no Atlético Paranaense o primeiro jogador de futebol brasileiro a receber uma medalha de ouro olímpica. Liderando a fila da seleção no pódio, Weverton foi o primeiro a receber o tão sonhado prêmio. Minutos antes, foi responsável direto pela conquista do único título que faltava ao futebol brasileiro, defendendo a última cobrança de pênalti dos alemães. Começou nervoso sua jornada olímpica, ainda assustado com a surpresa de ser chamado às pressas e já assumir a titularidade da equipe, devido à lesão de Fernando Prass. Três dias depois da notícia de sua convocação, faz seu primeiro jogo com a camisa da seleção já em uma partida do torneio olímpico. Weverton foi se consolidando como uma liderança em campo e uma fonte de segurança para a jovem equipe, chegando à decisão sem tomar nenhum gol. Tornou-se o herói da conquista, mostrando ao mundo uma de suas maiores qualidades, a de pegador de pênaltis. Valeu, capitão!!!
Paranista, apesar do Paraná Sim, a expectativa de acesso a Série A do Brasileirão despencou junto com o time na virada de turno. A baixa estima cresce na medida em que paranistas veem atleticanos comemorando goleiro na Seleção Brasileira e o Coritiba se recuperando na tabela. Enquanto isso, o Paraná fica estagnado. Agora a luta é mais para fugir do rebaixamento. É resistir para amargar mais um ano sem glórias. Está difícil torcer pelo time que tem menos gols do que jogos e menos de 50% de aproveitamento no campeonato. Mesmo assim, os paranistas seguem amantes do tricolor, apesar do Paraná, apesar da diretoria, da troca constante de jogadores e comissão técnica. A torcida tem que ir ao estádio, acompanhar o time, seja para não descer, seja para sonhar com uma arrancada, seja apenas para declarar seu amor à camisa 12.