Joka Madruga | MST
Cultura I p. 11
Arte e agroecologia
Lava Jato I p. 6 e 7
Quem substitui Rodrigo Janot?
Em Londrina, evento mistura apresentações culturais ao debate da reforma agrária
PARANÁ
Oito candidatos disputam a chefia do Ministério Público no fim do mês
08 a 14 de junho de 2017
distribuição gratuita Lula Marques
Ano 02 | Edição 41
Cidades | p . 5
Marcello Casal Jr.
Região Sul tem maior índice de trabalho infantil do país Uma a cada 12 crianças e adolescentes trabalham. Em todo o Brasil, problema atinge 2,7 milhões de pessoas, que perdem parte da sua infância e juventude para desenvolver ocupações econômicas antes da hora. O Paraná é um dos estados que mais tem colaborado para reverter esse quadro: o número de crianças trabalhando diminuiu 140 mil em dez anos.
Perfil | p. 4
Brasil | p. 2 e 9
Geral | p. 3
Benzedeira de tradição
Fim da linha para Temer?
Catadores mobilizados
“Tia Cida” espalha a cura em comunidade quilombola
Sociedade quer diretas. TSE decide futuro de presidente ilegítimo
Ato marca a luta dos trabalhadores que coletam materiais recicláveis
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 08 a 14 de junho de 2017
A crise política se arrasta. Qual é a saída? O
ção Lava Jato – o que mostra que é preciso acabar com o financiamento privado de campanhas, algo que os movimentos sociais denunciam desde 2013. Com a articulação de Temer para se salvar, tudo aponta para uma votação favorável à defesa. Em outra frente de denúncias, já são nove os pedidos de impeachment. O presidente da Câmara decide se aceita ou não a tramitação desses pedidos. Se Temer faz de tudo para se manter no poder, a
julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é mais um fato que pode resultar na cassação do mandato de Michel Temer (PMDB). Ele é acusado de uso de dinheiro de corrupção da Petrobras na campanha de 2014, à época na condição de vice na chapa de Dilma Rousseff (PT) – presidenta que, em 2016, sofreu um golpe de Estado comandado por Temer. A denúncia é feita pelo PSDB, partido envolvido em várias denúncias da Opera-
89% DOS BRASILEIROS QUEREM ESCOLHER NOVO PRESIDENTE POR MEIO DE ELEIÇÕES DIRETAS
SEGUNDO PESQUISA REALIZADA ENTRE OS DIAS 2 E 4 DE JUNHO PELO VOX POPULI/ CUT
Marcelo Camargo
EXPEDIENTE
sociedade exige o direito de decidir. O Congresso e os mesmos políticos envolvidos com grandes empresas não podem eleger no lugar
do povo. Por isso, a Frente Ampla por Diretas Já organiza atos nos estados, com participação de artistas, grupos reli-
José Cruz
giosos e parlamentares. O povo deve tomar as ruas por novas eleições, em que vença o voto da maioria. O momento é urgente.
OPINIÃO
Há algo de podre no reino do Paraná Por Daniel Giovanaz, jornalista do Brasil de Fato Paraná e mestre em História
R
etratado como símbolo do combate à corrupção, o Paraná está no epicentro da Lava Jato por outro motivo: é daqui que vêm muitos dos investigados na operação. Só na lista da Odebrecht, são sete – a maioria, do PSDB e do DEM. Natural da “República de Curitiba”, Rodrigo Santos da Rocha Loures (PMDB) protagonizou o escândalo mais recente. Mais do que abalar as estruturas do governo Temer (PMDB), o homem da mala de R$ 500 mil demonstrou que a “família tradicional paranaense” está mergulhada até o pescoço em denúncias de corrupção. Rocha Loures é descendente dos fundadores de Curitiba, Carrasco dos
Eleito deputado federal em 2006, Rocha Loures tornou-se assessor especial do gabinete pessoal de Temer no ano passado Reis e Mateus Leme. Pelo lado materno, faz parte da linhagem de Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, duas vezes presidente da Província do Paraná, e de Didio Costa, deputado no Congresso Legislativo Paranaense e prefeito de Paranaguá na década de 1920. O pai do homem da mala é fundador da Nutrimental – aquela, das barrinhas de cereais – e presiden-
te do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma das entidades apoiadoras do golpe de 2016. Ser citado ou investigado por indícios de corrupção não significa que nada – que o diga o governador Beto Richa (PSDB), em quem respingam denúncias das operações Quadro Negro, Lava Jato, Publicano. Todos devem ter amplo direito de defesa, conforme as garantias asseguradas pela Constituição. A investida da mídia comercial contra Rocha Loures tem um propósito evidente e antipopular: derrubar Temer e promover eleições indiretas. De qualquer forma, olhos atentos para os “jovens oligarcas” que se oferecem como novidade, mas trazem consigo ranços dos séculos 19 e 20. A política partidária está repleta deles, e a mídia também: basta olhar os sobrenomes.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 41 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABOROU NESTA EDIÇÃO Flávio Augusto Laginski ARTICULISTAS Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Priscila Murr FOTOGRAFIA Joka Madruga ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br
Brasil de Fato PR
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RADAR
FRASE DA SEMANA
Jefferson Rudy
Gleisi é a nova presidenta do PT A senadora paranaense Gleisi Hoffmann foi eleita, no último sábado (3), como a nova presidenta do Partido dos Trabalhadores. Ela deve liderar o partido por um mandato de dois anos e tem o desafio de conduzir a agenda política da organização. É a primeira vez que o partido elege uma mulher à presidência interna – antes de Gleisi, o cargo era ocupado por Rui Falcão. Divulgação
Não teve graça No Rio Grande do Sul, o colégio Marista incentivou os alunos, em um dia de trote, a ir à escola trajando uniformes que representassem opções profissionais para o caso de “nada dar certo”. Os estudantes se vestiram de garis, empregadas domésticas, motoboys, artistas e atendentes do Mc Donald’s. O caso repercutiu nas redes sociais e gerou polêmica em todo o país – o Marista foi acusado de discriminar profissões honestas.
DA LUTA
Um congresso com tantos investigados não tem poder moral ou legitimidade junto ao povo para essa tomada de decisão [eleição indireta]. Então, vamos nos unir? disse a atriz Camila Pitanga,, em vídeo publicado no Twitter, em apoio à campanha pelas ‘Diretas Já’.
Por Pedro Carrano
Frente ampla em todos os estados
Divulgação
Catadores de Curitiba se mobilizam em Dia Nacional de Lutas Franciele Petry Schramm
Da Redação BdF PR “Deus recicla, o diabo incinera”. Uma frase como essa não passa despercebida em meio ao tumultuo de pedestres e carros no centro de Curitiba. E o objetivo foi mesmo o de chamar a atenção. Quem segurava e distribuía os balões eram cerca de 300 catadores de materiais recicláveis, em uma atividade que marcou o Dia Nacional de Luta dos Catadores de Materiais Recicláveis em Curitiba e também o aniversário de 16 anos do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). A ação foi organizada pelo Instituto Lixo e Cidadania (ILIX) e contou com a participação dos trabalhadores integrantes do programa EcoCidadão, realizado em parceria com a prefeitura de Curitiba. A concentração começou perto das 11h na Praça Santos Andrade, e seguiu em marcha até a Boca Maldita. O fim da incineração dos
3 | Geral
Mais de 50 entidades lançaram em Brasília a Frente Ampla pelas Diretas já. O evento contou com a presença de representante da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Essa experiência vai se repetir nos estados, com atos da Frente organizados pela sociedade, criação de comitês para debater o tema, e atos públicos, com a presença de artistas. Em São Paulo, o rapper Mano Brown participou de ato no dia 4 e declarou apoio à pauta das Diretas. Além disso, deputados estaduais também devem formar comissões nas casas legislativas.
Greve geral definida: dia 30 de junho
O fim da incineração dos resíduos sólidos está entre as pautas do movimento
resíduos sólidos está entre as pautas do movimento. O método é considerado ultrapassado por resultar em poluição do ar e no gasto excessivo de energia - além de significar redução no trabalho para os catadores. Nestes 16 anos de lutas do MNCR, Roselaine Mendes Ferreira vê conquistas, mas está preocupada com o cenário atual de crise política e econômica: “A gente está com medo que possa ter um retrocesso, por que esse quadro político não está muito favorável”.
Entre os avanços está a criação da Política de Resíduos Sólidos, que prevê a contratação de cooperativas e associações de catadores para a separação do material. Desde abril de 2015, catadores já são contratados pela prefeitura de Curitiba, mas o valor repassado é questionado. “Hoje nós não consideramos a remuneração paga pela prefeitura como justa, porque eu ela não consegue manter todos os outros custeios e remunerar eles justamente”, aponta Rejane Parede, da equipe técnica do ILIX.
Contra o corte de direitos sociais, a segunda greve geral de 2017 está marcada para o dia 30 de junho (sexta). A preparação começa com a necessidade de a greve ser aprovada nas assembleias de cada categoria de trabalhadores, desde o dia 6 de junho. Mais tarde, o dia 20 de junho será um dia para panfletagem e diálogo com a população. Procure o seu sindicato e cobre participação!
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4 | Cidades
Brasil de Fato PR
Paraná, 08 a 14 de junho de 2017
Perfil
Incêndio atinge Rua da Cidadania Matriz e prejudica lojistas Carolina Goetten
Quilombola e benzedeira, Tia Cida traz a cura pelo axé Ana Aparecida Tobias dos Santos mantém vivas as técnicas que aprendeu com a mãe de criação rente; sempre que pode, Cida vai até uma cachoeira próxima e atira o pano pela correnteza. – Mãe... – murmurou a Silvaninha, já livre da dor. – A senhora é lém de sonhadora e trabalhamágica! dora, Ana Aparecida Tobias Quanto mais combalido está o dos Santos é mágica. Todos os dias visitante, mais o copo suga a água alguém da Comunidade Quilompara dentro. Quando suga quase bola Paiol de Telha, no município tudo é porque a situação está mais de Guarapuava (PR), procura por grave, mas ela garante que não há ela e lhe pede a cura, pois é conhedoença que lhe passe imune: “Só cida como a melhor benzedeira do de benzer, o doente já melhora”. território. Rosa da Cruz, vizinha no AsEla aprendeu a metodologia sentamento, conta que Cida não com a mãe de criação. Em casa, cobra nada de ninguém, mas semCida a escutava recitando os versos pre ganha uma lembrancinha pela e cumprindo os passos que fariam gratidão de a técnica funcioquem se recunar, mas sem japera. “Ela não mais se atrever gosta quanna tentativa – até do dizem que o dia em que a fiNada é mais forte do é benzedeira, lha Silvaninha mas bem sabe muda o guarda que aquilo em que a que é”, delata -roupa de lugar gente acredita, não a amiga. “Eu e reclama de dor tem gente que diz falo por mim. nas costas. Foi a Quando ela primeira vez que isso? É o poder do me benze, pabenzeu alguém. axé dela. E é o nosso, rece que a coiPrepara agulha, de receber sa sai de denfio, pedaço de tro de mim. pano, bacia com Isabela da Cruz Uma vez senágua, copo. “Siltei num banco vaninha, põe a da igreja pra mão aqui”. ela me curar, porque não aguenta- O que eu coso? va nem chegar aqui. Quando a tia - Rendidura. Cida começou me deu um alívio, - Eu costuro carne rendida, ossos parece que a dor saía com a mão. quebrados e carne esmagada. Depois eu agradeci com uma erva Enquanto declama a oração, -mate”. costura com agulha e fio um peIsabela, filha de Rosa, garanqueno pedaço de pano. O enferte que o poder de Aparecida é tão mo deve permanecer sentado, forte que ela cura à distância: “Eu com as mãos ou os pés mergulhaligo para a minha mãe e digo: mãe, dos numa bacia cheia de água e, fala pra tia Cida que tá foda. Nada dentro desta, um copo virado de é mais forte do que aquilo em que ponta-cabeça. Recita os versos vez a gente acredita, não tem gente após vez e reza e costura até cerrar que diz isso? É o poder do axé dela. o pedaço de pano. Depois, o teciE é o nosso, de receber”. do deve ser lançado em água corPor Carolina Goetten, de Guarapuava (PR)
A Por Carolina Goetten, de Curitiba (PR) Um incêndio ocorrido na Rua da Cidadania Matriz, na praça Rui Barbosa, danificou pelo menos 15 quiosques de lojistas. Ninguém ficou ferido e o laudo que informará a causa das chamas ainda não foi divulgado, mas os lojistas afetados pelo acidente tiveram que arcar com os prejuízos. Um comerciante que preferiu não se identificar mantinha, há mais de 20 anos, um box de artigos de revenda num ponto já conhecido pelos fregueses. Todo o seu estoque de materiais foi danificado pelo incêndio, que ocorreu na madrugada do dia 31 de maio. Agora, temporariamente, conseguiu repor alguns itens de última hora e tenta colocar as finanças em dia. “Tive que compartilhar o box da minha esposa, que também é lojista, para repor as nossas perdas”, lamenta.
Já a lojista Ângela Gaspar não pôde contar com essa coincidência: seu box está fechado há uma semana enquanto ela se desloca pela cidade para repor o estoque, que foi inteiramente destruído. “Eu produzo meu próprio material e agora preciso trabalhar para refazer todos os itens que queimaram”, diz. Segundo os comerciantes, nenhum quiosque tem seguro proteção para incêndios; além desse problema, o Corpo de Bombeiros informou que o último certificado de vistoria venceu em 18 de janeiro de 2016. Em 15 de maio, a rua da Cidadania Matriz completou 20 anos de atividades. Hoje, disponibiliza 24 serviços municipais, 54 lojas, 350 boxes de comércio de uma feira permanente, caixas automáticos e bancos. A prefeitura foi consultada pela redação a respeito das causas do incêndio e das condições dos extintores e hidrantes, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.
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5 | Cidades
Sul do Brasil tem maior índice de trabalho infantil Cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes desenvolvem alguma ocupação econômica no Brasil Cícero R. C. Omena
Por Franciele Petry Schramm, de Curitiba (PR)
A
data que celebra o dia dos namorados no Brasil muitas vezes ofusca outra importante mobilização: 12 de junho é também o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. E apesar da aparente melhora dos últimos anos, o país ainda tem muito a avançar nesse quesito. Cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, desenvolvem alguma ocupação econômica, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2015. Em 2004, eram 5,3 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. Em acordo com tratados internacionais – como a Convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) –, a legislação brasileira não permite que adolescentes com idade inferior a 16 anos desenvolvam atividades econômicas. A exceção é para adolescentes a partir dos 14 anos que estejam na condição de aprendiz, com contrato de trabalho que estabelece condições específicas para a idade. Integrante da coordenação colegiada do Fórum Estadual de Erradi-
cação do Trabalho Infantil, Margaret Matos de Carvalho, procuradora do Ministério Público do Trabalho no Paraná, aponta que, na maior parte dos registros, o trabalho infantil está associado à situação de vulnerabilidade econômica da família. “Nenhuma família que tenha condições de manter o filho em atividades adequadas para a idade vai colocar o filho para trabalhar”, explica. Segundo ela, as políticas públicas de transferência de renda são fundamentais no combate à exploração
do trabalho de crianças e adolescentes. O Bolsa Família, por exemplo, é um dos programas que permitem combater a miséria e que garantem a permanência das crianças na escola. Trabalho infantil na região Sul O Sul do Brasil é a região onde há maior concentração de trabalho infantil, com 8,3% das crianças e adolescentes ocupados, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios. Muitos desses casos estão concentrados no Rio Grande do Sul. Apesar dos índices ainda altos, o Paraná tem se destacado na redução desses números, passando de mais de 330 mil crianças trabalhando, em 2004, para 189 mil, em 2014. O levantamento do PNAD também mostra que a maior parte dos casos de trabalho infantil registrada no país está associada às atividades agrícolas. Margaret Matos aponta para a necessidade de ampliar a reflexão sobre esses casos, já que resultam dos aspectos ligados ao modo de produção e a exploração do trabalho na agricultura familiar. Segundo ela, muitas famílias assinam contratos com indústrias agrárias que estabelecem uma produtividade mínima. No entanto, na maior parte das vezes, um casal de trabalhadores rurais não consegue atingir a meta sem a ajuda do trabalho dos filhos, nem recebe um valor suficiente para pagar por mais mão de obra adulta. “É um sistema extremamente perverso, porque é de extrema exploração não só de crianças e adolescentes, como também de adultos”, avalia.
ADOLESCENTES E TRABALHO
E ajudar em casa, será que pode? A proteção integral da infância e a proibição do trabalho infantil estão previstas em diversos pontos da legislação brasileira. A Constituição Federal de 1998 determina, por exemplo, que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir às crianças e adolescentes o direito à saúde, educação, lazer, cultura, dignidade e convivência familiar e comunitária, entre outros. O Estatuto da Criança e do Adolescente também especifica as condições do desenvolvimento de trabalho.
A procuradora do MPT-PR, Margaret Matos, explica que a criança não pode substituir o papel de um adulto nas atividades, nem pode ser exposta a qualquer tipo de risco ou tarefa que possa prejudicar a saúde, o desenvolvimento ou a escolaridade. E frisa: trabalho é diferente de tarefa doméstica. A criança pode contribuir na arrumação da cama, guardar seus próprios brinquedos e desenvolver outras atividades, que estejam de acordo com sua faixa etária.
16
anos
é a idade mínima para ingressar no mercado de trabalho
14
anos
a partir de 14 anos, adolescentes podem trabalhar na condição de aprendiz, com contrato de trabalho e condições específicas
Pessoas entre 16 e 18 anos não podem fazer trabalho: →→ Noturno; →→ Perigoso; →→ Prejudicial para a formação e para o desenvolvimento físico, psicológico, moral e social; →→ Insalubre (que prejudique a saúde); →→ Em locais e horários que prejudiquem a frequência na escola.
6 | Lava Jato
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Paraná, 08 a 14 de junho de 2017
Paraná, 08 a 14 de junho de 2017
7 | Lava Jato
Quem vai suceder Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República? Entre os candidatos, há pouco questionamento aos métodos usados pela Lava Jato: prioridade é blindar a operação. Apesar do pleito interno, é Michel Temer quem escolhe o próximo chefe do MP Por Daniel Giovanaz, de Curitiba (PR)
N
a última semana de junho, cerca de 1,2 mil membros do Ministério Público Federal (MPF) serão chamados a votar no novo procurador-geral da República e chefe do Ministério Público da União. São oito candidatos inscritos, mais que o dobro do último pleito interno – um recorde na história do MPF. Os três mais votados formarão
a chamada “Lista Tríplice”, que será enviada ao presidente da República para orientar a escolha do próximo comandante da Procuradoria-Geral da República (PGR). Conforme tradição inaugurada pelo governo Lula (PT) e mantida por Dilma Rousseff (PT), para garantir a autonomia da PGR, o presidente indica o nome mais votado entre os colegas do Ministério Público. Segundo informações publicadas pelo jornal Fo-
CARLOS FREDERICO SANTOS
Divulgação ANPR
Atua no MPF desde 1991 e foi presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) por dois mandatos, entre 1999 e 2003. No último pleito, chegou a figurar na Lista Tríplice, mas foi superado por Janot em número de votos. Em entrevista ao portal UOL, em agosto de 2015, criticou o uso de “efeitos midiáticos” pelo MP na condução da Lava Jato. Em todos os debates e pronunciamentos recentes, porém, elogiou a operação e não fez ressalvas ao trabalho da força-tarefa.
lha de S. Paulo em abril, Michel Temer (PMDB) estuda romper com essa tradição e nomear o novo comandante da PGR segundo sua própria vontade, para se proteger de denúncias de corrupção. Mais ou menos como acontecia há 20 anos. Autonomia em jogo Antes dos governos PT “despolitizarem” a escolha do comandante da PGR, os presidentes da República baseavam a escolha em critérios não-técnicos,
como a amizade e a confiança. O caso mais emblemático foi o de Geraldo Brindeiro: nomeado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1995, ele recebeu o apelido de “engavetador-geral da República” por não levar adiante investigações que pudessem atingir o então presidente tucano. Dos 626 inquéritos criminais que chegaram até Brindeiro, apenas 60 denúncias foram aceitas – me-
FRANKLIN RODRIGUES DA COSTA Primeiro roraimense a ocupar o cargo de procurador da República, há 25 anos, foi promovido a subprocuradorgeral em 2014. No primeiro debate entre os candidatos, foi taxativo ao elogiar a operação: “Da Lava Jato, a gente nem fala, porque já se sabe que vai prosseguir. Os colegas que estão auxiliando [Rodrigo Janot] vão permanecer, porque já conhecem esse tema. (...) Há 15 anos, Franklin Costa ficou conhecido por denunciar irregularidades na campanha reeleição do então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz. Divulgação
Critérios de nomeação mudaram no governo Lula, para dar mais autonomia à PGR nos de 10%. Uma das denúncias engavetadas por ele, por exemplo, dizia res-
peito à compra de votos para aprovação da emenda que permitiu a reeleição de FHC. Geraldo Brindeiro tem 68 anos e é primo de Marco Maciel, vice-presidente no governo Fernando Henrique Cardoso. Nomeado pela ex -presidenta Dilma, Rodrigo Janot ocupou o cargo entre 2013 e 2015 e foi indicado para mais dois anos de mandato. A fama que o persegue é oposta à de Brindeiro: em
ELA WIECKO VOLKMER DE CASTILHO Entrou no MPF em 1975 e tornou-se subprocuradorageral da República em 1992. Desde 2001, o nome dela tem aparecido na Lista Tríplice. No ano passado, foi exonerada do cargo na PGR por ter participado de protestos contra Michel Temer (PMDB). Em outras oportunidades, chamou o impeachment de “golpe” e disse que o MP “é muito mais que a Lava Jato”. Ela não participou do primeiro debate no dia 29 de maio, mas disse que “o compromisso (...) não pode ser outro senão cumprir a Constituição e proceder de acordo com o devido processo legal”.
Divulgação UFSC
EITEL SANTIAGO DE BRITO PEREIRA Divulgação
Ingressou no MPF em 1984 e foi promovido ao cargo de subprocurador-geral da República em 1996. Conselheiro titular do Conselho Superior do MPF desde 2015, é próximo da ala do também paraibano Geraldo Brindeiro, apelidado “engavetador geral da República” [ver box]. Eitel Pereira foi candidato a deputado federal pelo Partido da Frente Liberal (PFL) em 1994 e, no debate do dia 29, disse de maneira genérica que pretende combater a corrupção “dentro do meu estilo, firme, sereno e preocupado”.
Membro do MPF desde 1991 e ex-integrante do Conselho Superior do Ministério Público, foi selecionado para a Lista Tríplice em 2015. Defende a proposta de limitar em 10% o número de procuradores cedidos em cada área de atuação, mas considera que a norma não deve ser aplica-
da à Lava Jato. Segundo Bonsaglia, cada vez mais procuradores devem se juntar às investigações da Lava Jato, dada a importância excepcional da operação.
tendido até 2021, caso o futuro presidente da República concorde com a renovação. Pista livre No último dia 29 de maio, sete dos oito candidatos à PGR se reuniram em São Paulo para o primeiro debate da campanha, organizado pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR). Perguntados sobre a operação Lava Jato, todos assumiram uma postura elogiosa e expressaram
NICOLAO DINO Divulgação ANPR
Membro do MPF desde 1991 e vice-procurador geral eleitoral. Foi favorável à cassação da chapa Dilma-Temer, e em março pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que declare a ex-presidenta inelegível pelos próximos oito anos. É irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), suspeito de receber dinheiro da Odebrecht via caixa 2, segundo informações fornecidas no acordo de delação da empreiteira. Entusiasta da Lava Jato, pondera que é necessário “rever, refletir e eventualmente corrigir os rumos”.
RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE Divulgação ANPR Divulgação CNMP
MARIO LUIZ BONSAGLIA
um mesmo dia, 14 de março de 2017, Janot encaminhou 83 inquéritos ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra parlamentares e ministros do governo Temer. Ele também é conhecido por responder com veemência qualquer crítica aos abusos cometidos no âmbito da operação Lava Jato. Além de comandar a PGR, o sucessor de Rodrigo Janot será presidente do Conselho Nacional do Ministério Público até 2019. O mandato pode ser es-
Mestre em Direito pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ingressou no MPF em 1987 e atuou por mais de uma década em defesa da reforma agrária e dos povos indígenas. Foi criticada por Rodrigo Janot em abril deste ano por tentar afetar a Lava Jato ao propor a limitação do número de procuradores por área no Ministério Público. No debate do dia 29, ela se posicionou a favor da ampliação e da intensificação da Lava Jato.
preocupação com qualquer tentativa de regular ou limitar as investigações. A curitibana Ela Wiecko Volkmer de Castilho foi a única que não compareceu ao debate, e é uma das poucas vozes destoantes. Embora evite críticas explícitas à Lava Jato, ela costuma ressaltar a necessidade de se respeitar a Constituição Federal na condução das investigações. Conheça o perfil dos oito subprocuradores-gerais que concorrem à vaga de Janot:
SANDRA VERÔNICA CUREAU Integrante do MPF desde 1982 e especialista em Direito Ambiental, foi promovida ao cargo de subprocuradora-geral em 1987. Entre os oito postulantes ao cargo máximo da PGR, foi quem defendeu com mais entusiasmo a Lava Jato no primeiro debate, sem apontar ressalvas à atuação da força-tarefa: “Nunca deixei, nem vou me deixar intimidar, e me comprometo com vocês a continuar e a aprimorar a Operação Lava Jato e todas as que se sucederem”. Divulgação
NOMEAÇÃO PODE MUDAR RUMOS DA LAVA JATO A função do procurador-geral da República, segundo a Constituição Federal de 1988, é promover ações para denunciar ilegalidades cometidas por deputados federais, senadores, ministros, presidente e vice-presidente da República. O chefe da PGR também pode propor ao STF intervenção em processos que tramitam em âmbito estadual, além de sugerir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a federalização de crimes contra os direitos humanos. O sucessor de Rodrigo Janot deverá ser consultado em todas as ações de inconstitucionalidade e em todos os processos que correm no âmbito do STF. Ou seja, ele entra em cena na maior parte dos processos da Lava Jato, quando a defesa dos condenados nas duas primeiras instâncias entra com recurso ou quando os réus têm foro privilegiado. Entre as medidas mais polêmicas de Rodrigo Janot está o perdão judicial concedido a Joesley Batista, um dos donos da JBS, investigado na Lava Jato. O futuro procuradorgeral da República poderá, por exemplo, questionar os termos do acordo de delação premiada e apresentar nova ação contra o empresário, sugerindo ao STF a retirada dos benefícios concedidos por Janot.
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Brasil de 8 Fato PR
Paraná, 01 a 07 de junho de 2017
Cerca de 320 mil jovens foram assassinados em 10 anos no Brasil Segundo o Atlas da Segurança Pública, em 2016, os jovens foram mais da metade das vítimas registradas Fernando Frazão | Agência Brasil
Por Franciele Petry Schramm, de Curitiba (PR)
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m 10 anos, quase 320 mil jovens brasileiros tiveram a vida interrompida precocemente em casos de homicídio. Em 2015, após um aumento de mais de 17% com relação a 2005, eles foram mais da metade das vítimas registradas no país, de acordo com o Atlas da Segurança Pública, divulgado no dia 4. O número fez com que a taxa de homicídios na faixa etária dos 15 aos 29 anos se consolidasse como o dobro da taxa brasileira, e considerando-se apenas os jovens homens, chegou a quase 114 vítimas para cada 100 mil habitantes. A publicação afirma que o índice alarmante está relacionado com a falta de oportunidades para os jovens de
tratégia nacional de prevenção de homicídios, que combine o reforço de ações de cidadania com mudanças na atuação policial. “Em vez de ser a polícia truculenta, que ofende direitos, que eventualmente mata e morre muito, e que funciona simplesmente na base Taxa de homicídio entre jovens de do policiamento os15 a 29 anos é o dobro da nacional tensivo, deve ser baseada na inteligência e na informação. E o segundo pilar regiões periféricas que acabam emé fazer prevenção focalizada: aquepurrados para a criminalidade. la criança, aquele garoto desamparaO pesquisador do Instituto de do que, sem oportunidade laborais e Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) educacionais vai se envolver em uma Daniel Cerqueira defende que o gotrajetória na direção do crime. Então a verno brasileiro implemente uma es-
gente tem que agir preventivamente”. O Atlas da Segurança Pública também apontou aumento de 25% nas mortes provocadas por arma de fogo, que representaram em 2015 mais de 70% de todos os homicídios. Em 11 estados do Brasil, esse aumento foi superior a 100%, passando de 300% no Rio Grande do Norte.
A polícia deve ser baseada na inteligência e na informação, e não na truculência
MST produz mais de 30 variedades de feijão sem veneno no Rio Grande do Sul No Paraná, a Copavi, uma das cooperativas do MST, vai receber um selo orgânico da produção do leite MST
Por Camila Maciel, de São Paulo (SP) A região que é a maior produtora de arroz orgânico da América Latina quer agora o prato completo: o nosso conhecido e delicioso arroz com feijão. Cooperativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) produzem mais de 30 variedades de feijão sem veneno no Rio Grande do Sul. José Gabriel Venâncio é presidente da Associação de Produtores Ecológicos Conquista da Liberdade (Apecol) e fala sobre os planos de expansão. “Nosso objeti-
vo é empacotar o feijão orgânico e agroecológico. Buscar junto às nossas cooperativas. Fazer páreo com o arroz. Nós vamos encostar o feijão do lado”, disse o agricultor. Em maio, as 16 famílias
que atuam coletivamente na cooperativa participaram da terceira edição da Feira do Feijão Orgânico de Piratini. A agricultora Dauraci da Rosa Tavares mora no Assentamento Conquista da Luta,
em Piratini, e levou 30 quilos do grão que foram selecionados manualmente. “A gente sempre usou sem veneno só na base do orgânico. Foi quando começamos a ter mais conhecimentos, aprendendo com outros produtores sobre a importância do orgânico. Mas eu não uso veneno, não boto porcaria”, relatou. Paraná Em Paranacity, norte do Paraná, 22 famílias da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), também integrantes do MST, preparam-se para uma nova conquista: a cooperativa vai receber um selo
orgânico da produção do leite no assentamento. Para Solange Parcianellu, vice-presidente da Copavi, o selo reconhece a escolha por um modelo de desenvolvimento agroecológico: “No início, um dos nossos objetivos era produzir o orgânico mais para as famílias. Mas no decorrer do tempo, passamos a ter o objetivo de produzir de forma totalmente orgânica e agroecológica”. Além da produção de leite, o assentamento em Paranacity produz alimentos derivados da cana, como o açúcar mascavo, o melado e a cachaça. E é tudo sem veneno.
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Coalizão Seis partidos se unem e internacional de 145 criam Frente por “Diretas Já” igrejas pede fim dos Articulação aposta na participação popular para superar a crise política Lula Marques
Por Daniel Giovanaz, de Curitiba (PR)
P
arlamentares do PT, PCdoB, Psol, PDT, Rede e PSB se uniram na quartafeira (7) para lançar a Frente Suprapartidária por Eleições “Diretas Já”. O objetivo é ampliar a mobilização de movimentos sociais e da sociedade civil para garantir que a pressão das ruas leve o Congresso Nacional a aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que garanta a votação popular caso o presidente da República saia do cargo. Para o coordenador da Frente, senador João Capiberibe (PSB-AP), só o desejo popular pode garantir as eleições diretas. “O governo Michel Temer está esgotado, não existe mais, ele passa os dias tratando de estratégia para se defender na Justiça, responde a vários inquéritos, está sendo investigado, é o suspeito número um da República”. Em seu discurso, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu também a
que devem concluir o mandato em curso. Essa determinação está prevista no Artigo 81 da Constituição, que não foi regulamentado e está em disputa. A PEC 67/2016 do Senado foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Relatada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a proposta determina a realização de eleição direta para Que a pressão presidente e vice-presidente da República das ruas leve o em caso de substituiCongresso Nacional ção nos três primeiros a aprovar uma anos do mandato presidencial. Proposta de Emenda Existe outra proConstitucional (PEC) posta na Câmara, a que garanta a votação PEC 227/2016, do deputado Miro Teixeira popular (Rede-RJ), que está parada na CCJ após duas tentativas de votação. Para ser aprovada pelo Entenda a PEC A Constituição Federal determina Congresso, uma emenda a realização de eleições in- constitucional precisa ser diretas quando os cargos de votada em dois turnos, com presidente e vice ficam va- intervalo de cinco sessões gos nos dois últimos anos entre uma e outra votação, do mandato presidencial. e por três quintos dos parlaAssim, o Congresso Nacio- mentares, após dois turnos nal escolhe os novos nomes de discussão. realização de um referendo popular para revogar as reformas trabalhista e da Previdência. No dia 30 de junho, está prevista uma nova Greve Geral em defesa dos direitos dos trabalhadores e em favor da PEC das Diretas Já.
retrocessos no Brasil Da Redação, de Curitiba (PR) A Aliança ACT, coalizão internacional formada por 145 igrejas, lançou uma carta em repúdio aos retrocessos no Brasil, pedindo a saída do presidente golpista Michel Temer (PMDB) e a convocação de eleições diretas. O Conselho Diretivo da Aliança ACT Global se reuniu nos dias 1 e 2 de junho, em Genebra, e expressou “profunda preocupação com a crise política brasileira”. Para os religiosos, “a situação no Brasil exige cuidadosa atenção, compromisso e solidariedade permanentes”. No texto da carta, eles ressaltam que “com a escalada da violência, diminuem os espaços de participação democrática, sendo que as populações de baixa renda e marginalizadas são as mais afetadas”. Entre as reivindicações dos religiosos, está a revogação das reformas
Entre as reivindicações está a revogação das reformas do Governo Temer constitucionais, como o congelamento de investimentos sociais por 20 anos, a terceirização total da mão-de-obra, a reforma trabalhista, que extingue a mediação dos sindicatos e vulnerabiliza os trabalhadores, e a reforma da Previdência. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), que compõe a coalizão, manifestou o compromisso de se empenhar “contra todos e todas as parlamentares eleitos em nome da fé, que compuseram a base do governo ilegítimo de Temer e que cometeram tantas atrocidades contra o povo”.
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CINEMA | Por Carolina Goetten
Luzes, câmeras e ação: começa o festival Olhar de Cinema Evento traz a Curitiba uma semana de programação audiovisual, com filmes nacionais e internacionais Divulgação
Filme #nósmanteremosfirmes documentou as escolas ocupadas por secundaristas doParaná contra o governo Temer
Curitiba não é só espectadora no cinema. Longe disso. A cidade tem cultura audiovisual e também enxerga o mundo por detrás das câmeras. Em junho, entre os dias 7 e 15, a cidade sedia o festival Olhar de Cinema, que fortalece as produções locais e traz uma ampla mostra de longas e curtas-metragens gravados em todo o Brasil e no exterior. São 125 filmes que vão além das fronteiras nacionais, a partir de processos artísticos construídos em países da Ásia, da Europa, das Américas e do Oriente Médio. Esta é a sexta edição do evento, que separa os olhares em nove categorias. Qualquer sessão tem o custo fixo de R$ 10 ou R$ 5 (meia entrada), na tentativa de torná-lo mais acessível ao público de baixa renda – sobretudo quando o preço é comparado ao valor padrão dos ingressos em cinemas dos grandes shop -ping centers. As mostras
Festival fortalece as produções locais e exibe uma ampla mostra de filmes brasileiros e estrangeiros são divididas em Olhar Retrospectivo, Olhares Clássicos, Foco, Exibições Especiais, Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Pequenos Olhares e a Mirada Paranaense – esta busca apresentar ao público um panorama da produção audiovisual no estado do Paraná.
Das ocupações para a telona Um dos filmes que serão exibidos na mostra Miradas Paranaenses é o #nósmanteremosfirmes – bem assim, com a “hashtag”. O curtametragem, dirigido por Diego Fiorentino, acompanha a visita da atriz e ativista política Letícia Sabatella em uma escola ocupada por estudantes no Paraná. “O protagonismo dos secundaristas foi algo surpreendente e pulsante, e resolvemos documentar o que nos foi possível naquele momento”, explica Diego. “Achei muito simbólica a figura ativista dela junto daqueles jovens”. Durante a conversa, estudantes falam sobre o cotidiano da ocupação organizada de modo horizontal, contra as reformas do ensino médio propostas pelo impopular e autoritário governo de Michel Temer. “Essa foi uma das ações mais, se não a mais, significativas de protesto contra o governo. Esses jovens se organizaram de modo fantástico, horizontal, colaborativo, inclusive consertando e reparando escolas, continuando a ter aulas e distribuindo alimentação pras outras escolas ocupadas”, pondera o diretor.
Para ficar por dentro Data: 7 a 15 de junho Local: Shopping Crystal e Shopping Novo Batel Informações sobre a programação: http:// olhardecinema.com.br
CRUZADAS DIRETAS
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Agroecologia e arte juntas nas ruas de Londrina
11 | Cultura Riquieli Capitani | MST
Mostra de Cultura e Feira Agroecológica ocorre entre os dias 9 e 11 de junho, organizada por artistas e trabalhadores sem terra Da Redação Curitiba (PR)
C
ultura e agroecologia se misturam nos próximos dias nas ruas de Londrina. De 9 a 11 acontece a 3ª Mostra Cultural do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL), com de teatro, performances,
oficinas das mais diversas e para todas as idades. Para além da programação cultural, a Mostra se junta ao primeiro Feirão da Resistência e da Reforma Agrária, marcado para dia 10. Compotas, cachaça orgânica, legumes, verduras, frutas da época, mudas de plantas diversas estão em exposição a preços popu-
lares. A ação é fruto da articulação entre artistas integrantes do MARL com agricultores assentados na região, membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A Feira vai reunir a produção agroecológica dos assentamentos e acampamentos da região norte do estado.
Para ficar por dentro I Feirão da Resistência e da Reforma Agrária Quando: 10 de junho, sábado, das 10hs às 22hs. Onde: Canto do Marl (Av. Duque de Caxias, 3241). Entrada: Gratuita, com feira de venda de produtos orgânicos.
III Mostra MARL Quando: 9, 10 e 11 (sexta sábado e domingo), em diversos horários. Onde: Canto do Marl (Av. Duque de Caxias, 3241). Entrada: Gratuita, com contribuição espontânea no chapéu.
Agroecologia? É a produção de alimentos baseada na agricultura familiar, no cuidado com a natureza e sem o uso de venenos.
Acesse a página do MARL no Facebook: movimentodosartistasderua.londrina
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O quê: Antonina vai ser tomada bandas e artistas de vários estilos de blues, misturas com rock e música brasileira dos blueseiros de hoje. A atração principal desta terceira edição é o norte-americano Lorenzo Thompson, que traz no currículo apresentações ao lado de grandes astros do blues. Quando: De 15 a 18 de junho, durante o feriado Corpus Christi. Onde: No município de Antonina, litoral do Paraná, em diversos locais. Quanto: Gratuito.
À Margem da Imagem O quê: O filme apresenta a rotinas de sobrevivência, estilo de vida e cultura dos moradores de rua do município de São Paulo. O longa-metragem será apresentado pelo projeto ‘Conversas sobre o cinema brasileiro’. O diretor, de Evaldo Mocarzel, participa do batepapo depois da sessão. Quando: Dia 9 de junho, sexta-feira, às 19h. Onde: Cine Guarani, Portão Cultural (ao lado do Terminal Portão). Quanto: Gratuito.
Processo de Conscerto do Desejo
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3º Antonina BLUES Festival
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AGENDA 0800
O quê: A peça é protagonizada pelo ator Matheus Nachtergaele, que expressa a essência de sua mãe, Maria Cecília Nachtergaele. No palco, o ator lê poemas de Maria Cecília intercalados pela interpretação de canções que fizeram parte da vida dela. Quando: Dias 10, sábado, 20h, e 11, domingo, às 19h. Onde: Teatro SESI Portão, rua Padre Leonardo Nunes, 180, Portão, em Curitiba. Quanto: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).
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Só faltam os resultados Por Roger Pereira Em quatro jogos sob o comando de Eduardo Baptista, o Atlético só conseguiu uma vitória. E foi sobre o Santa Cruz, da série B. Mesmo assim, é nítida a evolução da equipe. Na estreia do novo técnico, contra o Flamengo, o Furacão fez sua melhor exibição do ano, mas pecou nas finalizações e ficou no 1 a 1. No clássico, houve dois impedimentos esdrúxulos marcados pela arbitragem. Terça-feira, diante do Fluminense, no Maracanã, mais uma boa atuação. E, mais uma vez, o azar impediu um resultado melhor. Depois das três substituições, o zagueiro Wanderson foi atingido com um chute no rosto pelo lateral Renato, do Fluminense (que não foi expulso), e o Atlético jogou por 20 minutos com um jogador a menos, segurando bravamente o empate. Está na hora da sorte voltar a sorrir para o Furacão e a melhora técnica ser convertida em vitórias. Que seja domingo.
Estacionou Por Manolo Ramires O Paraná está devagar quase paranando. Depois da espetacular partida de ida contra o galo, o time não se encontra mais. Patinou no jogo de volta. Não superou o Londrina no clássico estadual. O meio da tabela não é nada injusto. Para piorar, o time já começa a rodar o elenco. Quatro dispensas e duas contratações. Dessa forma, dificilmente o time se entrosa. E mais uma vez o Paraná não sabe o que quer, nem como atingir seus objetivos na Série B. É cedo para desconfiar. Mas também não é. Se o time e a torcida não ligarem o sinal de alerta já, vai ficar para trás. E toda vez que o time estaciona não consegue, depois, embalar de maneira que conquiste o acesso.
Em busca de mais sócios
Estudante de Colombo é convocado para o Mundial de Atletismo Escolar na França Disputa será realizada entre 23 e 27 de julho, na cidade de Nancy Arquivo/COB
Da Redação, Curitiba (PR)
M
orador de Colombo (PR), cidade da região metropolitana de Curitiba, o atleta Vitor Gabriel Motin foi convocado e deve participar da disputa do Campeonato Mundial de Atletismo Escolar, que será realizado entre os dias 23 e 27 de julho, na cidade de Nancy, na França. O estudante do Colégio Estadual Presidente Abraham Lincoln, em Colombo, deve participar da competição no lançamento de disco. Aos 16 anos, Vitor já vem registrando importes conquistas na categoria, acumulando recordes estaduais e nacionais. O jovem
é atual bicampeão sul-americano no lançamento de disco, e é recordista brasileiro escolar e sub-16 da prova. Em fevereiro, atleta também alcançou o índice no lançamento de disco para a disputa do Campeonato
Mundial de Atletismo Sub18, que será disputado em julho, no Quênia. Durante o Torneio da Federação de Atletismo do Paraná, o jovem fez a marca de 57,25m e superou a marca mínima de 56,19m, exigida pela Confederação Brasileira.
Atleta de Pato Branco participa de Mundial de Triathlon Da Redação, Curitiba (PR)
Por Flávio Augusto Laginski A diretoria do Coritiba já deu a letra. Para renovar os contratos do volante Matheus Galdezani, um dos destaques do time nesta temporada, e do zagueiro Marcio, é preciso que o torcedor abra a carteira. Isto é, torne-se sócio do alviverde. Perto de completar 20 mil sócios, a meta do Coritiba é de que este número alcance a marca de 25 mil, o que segundo o comando alviverde, ajudaria a manter estas peças importantes. Mas será fácil atingir este número? Pelo início do time neste campeonato brasileiro, não. Diferentemente dos anos anteriores, a campanha do Coxa nas quatro primeiras rodadas do Brasileiro é empolgante. Foram três vitórias e uma derrota, com presença garantida no G4. A torcida está empolgada. Se o time continuar a fazer boas apresentações e, principalmente, vencer os jogos, o Coxa poderá ter não 25 mil sócios, mas 30 mil, 35 mil, 40 mil...
Aos 16 anos, Vitor Motin já carrega importantes marcas no lançamento de disco
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triatleta Renata Barduco é uma das paranaenses convocadas para representar a Confederação Brasileira (CBTri) no Mundial de Triathlon, que vai ser realizado em setembro, na Holanda. A esportista de Pato Branco, sudoeste do Paraná, vai participar da modalidade de prova Sprint. Essa é a primeira vez que a cidade terá uma representante na competição mundial. O roteiro da prova pre-
Essa é a primeira vez que a cidade envia uma participante para a competição mundial vê 750 metros de natação, 20km percorridos de bicicleta, e 5 km de corrida. Renata é uma das pessoas en-
tre 35 e 39 anos convocadas pela CBTri. Outros paranaenses, de diferentes idades, também receberam convocação. Além do triathlon, a esportista da equipe Próumb já participou de competições de corridas de rua e de Duathlon. A atleta também foi classificada para o Campeonato Mundial de Duathlon, entre os dias19 e 21 de agosto, no Canadá. O Itu World Triathlon Grand Final vai ser realizado entre os dias 14 e 17 de setembro, na cidade de Rotterdam, na Holanda.