Brasil de Fato Paraná

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Cine Passeio

Novo colunista O escritor Venâncio de Oliveira estreia na coluna Luzes da Cidade

Divulgação

Alexandre Nero, ator do filme Albatroz, participa de estreia

Contos | p. 7

Cris Cavalcante

Cultura | p. 7

PARANÁ

Ano 4

Edição 117

28 de março a 3 de abril de 2019

distribuição gratuita

www.brasildefato.com.br/parana

A CURITIBA SEM MOTIVO PARA COMEMORAR

Preticia Jerônimo

Moradores do bairro Parolin passam aniversário da cidade abandonados pela prefeitura Cidades | p. 5

Eduardo Matysiak

EM NOME DA CONSTITUIÇÃO Juízes vão à Vigília Lula Livre e pedem que próximos julgamentos no STJ e STF sejam feitos sem pressão e com base nas leis Brasil | p. 4

Opinião | p. 2 e 3

Ditadura nunca mais Bolsonaro pede comemorações no 31 de março. Sociedade diz não

Geral | p. 3

Promotoras populares Curso contribui na luta pelos direitos da mulher


Brasil de Fato PR 2 Opinião

31 de março é dia de memória e resistência EDITORIAL

D

Bolsonaro quer privatizar a previdência seguindo exemplo do Chile OPINIÃO

31 de março de 1964”. Oficializa-se, ia 31 de março, completam-se com o aval presidencial, um am55 anos do golpe militar que, biente de celebração do horror e do em 1964, sequestrou a democraterror. Dias Toffoli, presidente do cia brasileira e colocou o poder na Supremo Tribunal Federal, também mão dos militares. Deu-se início ao já se referiu ao golpe como “movitrágico período da História em que mento”. Ambos devea participação popuriam saber que não há lar no processo polítimotivos para celebrar. co e a liberdade de ex- Oficializa-se, A ditadura foi um pressão, entre outros com o aval regime que não devedireitos democráticos, mos esquecer: além foram duramente re- presidencial, primidos. um ambiente de de torturar e matar centenas de pessoas, Começamos a recelebração do aprofundou problecuperar, a partir de 1985, a possibilida- horror e do terror mas do povo brasileiro, como a miséria, a de de escolher nossos desigualdade, a conrepresentantes pelo centração de renda e de terras e a voto. O presidente Jair Bolsonacorrupção. O apelo à celebração do ro, porém, parece não se importar golpe é um desespero dos govercom o valor dos votos que o elegenantes. Como a nossa história ensiram: determinou que sejam realizana, insistiremos em lembrar e resisdas, nas unidades militares, “as cotir. Para que não se repita. memorações devidas com relação a

SEMANA

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

Mídia Ninja

Manoel Ramires,

jornalista e ex-diretor do Sindijor-PR

À

medida em que a população vai sendo informada sobre os prejuízos que sofrerá com a reforma da previdência, a rejeição à PEC 6/2019 aumenta. Cada vez fica mais nítido que o objetivo desse projeto é privatizar a previdência pública, transferindo para bancos, via capitalização, os recursos recolhidos pelos brasileiros. Modelo este semelhante ao adotado no Chile e que tem sido criticado justamente saem do país, 10% da população por aumentar a desigualdade. A crínão consegue contribuir mais do tica a essa PEC se dá quando a naque um ano durante toda a vida e ção observa que, além disso, manapenas 8% conseguiram contribuir tém e amplia privilégios, como no por 40 anos. Pior. Com aposentadocaso dos militares, que tiveram sua rias tão baixas, o governo está tenproposta separada e apresentada do que complementar a renda dos no dia 20 de março. aposentados com o dinheiro dos A lei é inspirada na previdênimpostos, criando “outro rombo”. cia chilena, que foi adotada no goNo próximo dia 31 verno do ditador Aude março, os chilenos gusto Pinochet (1973 No próximo dia tomam as ruas cona1990). O ministrotra o modelo de cachefe da Casa Civil, 31 de março, os pitalização. Eles reiOnix Lorenzoni, elo- chilenos tomam vindicam melhorar giou o sistema e a foras pensões atuais e ma como foi apro- as ruas contra dos futuros beneficiavado. “No período o modelo de dos, a pensão da clasPinochet, o Chile teve capitalização se média e, principalque dar um banho de mente, das mulheres. sangue. Triste, o sanAcima de tudo, o fim de uma apogue lavou as ruas do Chile, mas as sentadoria que só gera lucro para o bases macroeconômicas foram fimercado financeiro e pobreza para xadas naquele governo.” os chilenos. Uma forma de previPor lá, em um sistema que bedência para a qual os brasileiros neficia apenas seis grupos finanprecisam dizer um sonoro “não”. ceiros, 43% dos recursos recolhidos

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 117 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Gabriel Carriconde, Manoel Ramires e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Eduardo Matysiak, Gibran Mendes e Preticia Jerônimo DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


Brasil de Fato PR

Brasil de Geral Fato PR |3

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

FRASE DA SEMANA

“Hoje sou totalmente ‘Lula livre’, de esquerda e feminista”

Ditadura nunca mais

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O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União emitiram nota condenando o presidente Bolsonaro por incentivar os militares a comemorar os 55 anos Golpe Militar de 1964 no próximo dia 31 de março. A ditadura durou 21 anos. O MPF destacou que “os órgãos de repressão da ditadura assassinaram ou desapareceram com 434 suspeitos de dissidência política e com mais de 8 mil indígenas. Estima-se que entre 30 e 50 mil pessoas foram presas ilicitamente e torturadas”. Já a Defensoria entrou com ação civil pública para impedir a comemoração da implantação da ditadura militar. De cara, o regime cassou direitos políticos de 4.841 pessoas, 35 dirigentes sindicais perderam seus direitos políticos e 3.783 funcionários públicos, entre eles 72 professores e 61 pesquisadores científicos foram aposentados ou demitidos. No próximo dia 31 de março, às 10h, na Feirinha do Largo da Ordem, centro de Curitiba, uma manifestação lembrará dos horrores da ditadura militar. Outro protesto, às 14h, ocorre na Praça 19 de dezembro.

Vão até 30 de março as inscrições das Promotoras Legais Populares. O curso surgiu da necessidade de enfrentar as situações de violência, exploração, discriminação e desigualdade sofridas pelas mulheres e tem como objetivo central promover formação sobre feminismo e os direitos das mulheres, fortalecendo as lutas nos diversos espaços de atuação. “No curso, nos formamos para sermos multiplicadoras do feminismo. Para sabermos apoiar e orientar outras mulheres nas necessidades do cotidiano. É um curso feito por mulheres trabalhadoras, sobre mulheres trabalhadoras, para mulheres trabalhadoras”, explica Nicolle Taner de Lima, uma das organizadoras do evento. O projeto existe em ou-

Fernando Prioste

Ditadura não é direito

Quando e onde Todas às segundas, a partir do dia 22 de abril de 2019, das 19h às 21h. No Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade.

popular, trabalhadoras, de movimentos e organizações sociais e sindicais e de comunidades tradicionais, de qualquer idade. Não há qualquer tipo de custo.

Quem pode participar? O curso é organizado apenas por mulheres e para mulheres do meio

Como se inscrever? Por meio do formulário: https://goo.gl/ forms/6YjsyXJbG954XUi13

Fernando G. V. Prioste é advogado popular e mestre em direito socioambiental

Inscrições abertas para curso de formação para mulheres trabalhadoras Lais Melo

É ESSE?

Na semana em que se completam 55 anos do golpe civil e militar de 1964, Bolsonaro determinou que o Estado faça as ‘devidas comemorações’ desse fato. Mas nem mesmo o presidente pode determinar que as Forças Armadas realizem essa comemoração. Ele não tem poder para impor ou autorizar a comemoração de algo que violou a democracia, a liberdade, a dignidade e a vida de tantas pessoas. Não há dúvidas que em 1964 o presidente João Goulart, eleito pelo povo, foi ilegalmente retirado do poder pelos militares. Nem que, durante os mais de 20 anos, muitas pessoas foram, barbaramente, presas assassinadas, torturadas, estupradas e expulsas do país apenas por serem oposição à ditadura. Ao determinar a comemoração do golpe de 1964, Bolsonaro tenta ordenar que se gastem recursos públicos para enaltecer essa história autoritária de violência e de dor do Estado contra o povo. Com base na Constituição de 1988, todo o povo brasileiro tem direito de resistir a essa ordem ilegal, e de exigir que o Judiciário proíba que se festeje a violação do direito que ocorreu no passado e que pode voltar a ocorrer no futuro. Ditadura não é direito nem opinião. É uma forma autoritária de retirar da população o direito de escolher quem pode exercer o poder.

Disse em entrevista ao Brasil de Fato a apresentadora e chef de cozinha Bela Gil. Que complementa: “as pessoas às vezes falam: ‘Adoro sua comida, mas fiquei muito triste em saber da sua posição política’. Mas, no caso, uma coisa está totalmente relacionada à outra”.

Divulgação

QUE DIREITO

tros países da América Latina e em diversos estados e cidades do Brasil; e, em Curitiba, está em sua oitava edição. Os temas dos encontros passam por educação popular feminista; construção dos papéis sociais impostos à mulher e ao homem; diversidade sexual; sistema capitalista e a divisão sexual do trabalho; movimentos feministas na América Latina; mu-

lher, mídia e representação cultural; mito da democracia racial; mulheres Negras; mulheres com deficiência; mulheres e o espaço urbano; e mulheres no campo e agroecologia. O curso oferta o custeio do transporte de ida e volta para Curitiba e Região para mulheres que precisarem e conta também com um espaço de ciranda, onde há atividades para crianças.

Para ficar por dentro


Brasil de Fato PR 4 Brasil

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

Juízes mostram preocupação com pressão sobre o Judiciário no caso Lula Às vésperas de julgamento no STF de prisão em segunda instância, juízes defendem que Constituição seja respeitada Eduardo Matysiak

Redação

Diz a Constituição

O

nze juízes visitaram a Vigília Lula Livre e mostraram-se preocupados com a continuidade da prisão de Lula e com a pressão política exercida sobre cortes que devem julgar matérias de interesse do ex-presidente. No dia 2 de abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve julgar recurso da defesa de Lula, ao passo que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem decisão marcada para dia 10 de abril sobre a validade de prisões após julgamento em segunda instância. De acordo com a Constituição, ninguém pode ser preso até que o processo seja concluído (trânsito em julgado). Se esse for o teor da decisão do dia 10, o ex-presidente tem direito a ser solto. Edevaldo de Medeiros, juiz federal titular da 1ª Vara Federal de Itapeva

Artigo 5 LXVII Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória

DEBATE

Jornada Mundial Lula Livre – 7 a 10 de abril (SP), defendeu a função do Supremo Tribunal Federal (STF), diante das pressões que vem sofrendo, como “guardião da Constituição”. Já o juiz Rui Portanova, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, entende que há uma preocupação políti-

ca com o julgamento do dia 10 de abril, devido à figura de Lula, mas aposta que o STF deveria julgar o tema da segunda instância à luz da Constituição. Nesse sentido, a juíza do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro,

Raquel Braga, também reivindica independência dos poderes e o cumprimento da Constituição. “É exatamente o que tentamos resgatar: o respeito à Constituição, as regras do jogo, é só isso o que queremos”, defende.

De 7 a 10 de abril, na Vigília Lula Livre, em Curtiba, e nas capitais, acontecem atos exigindo a liberdade de Lula. Dia 8, em Curitiba, está marcado debate da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) no teatro da Reitoria da UFPR.

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Por um tribunal imparcial Redação

Eduardo Matysiak

O

juiz Edevaldo de Medeiros visitou o ex-presidente Lula e a vigília Lula Livre, no dia 21 de março. Confira um trecho da conversa, publicada na íntegra em https://www. brasildefato.com.br/parana/ Brasil de Fato. Neste momento de descrédito das instituições, por que o senhor defende instituições como o STF e STJ, atacadas ultimamente? Edevaldo Medeiros. Eu pertenço ao Poder Judiciário e eu tenho a obrigação de defendê-lo. A instituição pode, eventualmente, fazer coisas com as

quais eu não concordo, mas é minha obrigação lutar pelo direito, lutar pela instituição e protegê-la. O STF é um fundamento da República, é o guardião da nossa Constituição. Não existe sociedade civilizada no mundo, não existe estado democrático de direito sem uma corte constitucio-

nal, sem um Supremo Tribunal Federal. Podemos sempre criticar as instituições. Aliás, devemos criticar, porque é próprio da democracia. Mas não se pode falar de fechar o STF, falar de “cabo e soldado” (frase de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente) para fechar o STF… o que é isso? (…) Essa gente está achincalhando para poder obrigar o Poder Judiciário a fazer o que eles querem, que é interferir politicamente dentro do Judiciário, e isso é inaceitável. (…) Não existe possibilidade de um julgamento livre de vício se você tem juízes amedrontados ou juízes ofendidos, escrachados pela mídia.


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Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

Moradores do Parolin relatam condições indignas de vida No aniversário da cidade, pessoas que moram a poucos metros do centro aguardam soluções para inúmeros problemas e não têm respostas da prefeitura Preticia Jerônimo

Ana Carolina Caldas

N

o aniversário de Curitiba, conhecida como cidade modelo, a reportagem do Brasil de Fato Paraná foi até o Parolin, bairro bem próximo do centro da cida-

de, mas que vive uma realidade cruel: falta de asfalto, de saneamento básico, lixo por todas as ruas, falta de casas, pessoas vivendo à beira do rio, em área de risco e uma enorme valeta a céu aberto. Preticia Jerônimo

“Valetão” aguarda obra há 3 anos Seu Ronaldo Santos mora há 55 anos no Parolin e conta que sempre sofreu com alagamentos. Porém o maior de todos da sua vida foi no último dia 21 de fevereiro, quando transbordou o Rio Guaíra, que passa ao lado de várias casas. O rio passa no “valetão”, que aguarda obras de escoamento há mais de 3 anos. “No dia da enchente eu estava com a minha mãe, tirei ela a tempo. Perdi tudo, foi 1,20 metro de água”, relata Ronaldo, que disse ter ganhado apenas um colchão da prefeitura.

Projeto da Cohab não cumprido As casas ao redor do rio estão em área de risco. Segundo relato dos moradores, a Cohab sabe, porém mesmo que no projeto de habitação esteja prevista a retirada das famílias para um novo terreno, isso não aconteceu. “Este é um projeto que aguardamos há mais de 3 anos. Eu moro aqui desde que nasci. E até agora a Cohab não cumpriu a construção das moradias, e os moradores que tiveram que acabar as construções”, conta Jessica Luana. Cristiane Ribeiro, que mora há 27 anos no Parolin e chegou a perder sua casa devido a um desmoronamento de terra relata o que sofreu. “A 1h da manhã tive que sair correndo, tirar meus filhos. Eu avisava para Prefeitura que a terra ia desabar em cima da casa. Caiu e foi perda total. Fui ao Ministério Público e consegui novo terreno. Se fosse pela Prefeitura, eu estaria morando embaixo da terra.” Preticia Jerônimo

Em Curitiba, centenas de manifestantes dizem não à reforma da previdência Frédi Vasconcellos e Franciele Petry Schramm

D

esde às 9 horas da manhã, na sexta, dia 22, militantes, sindicatos e centrais sindicais do Paraná fizeram panfletagem e dialogaram com a população que passava pela Boca Maldita, no centro da capital paranaense. Depois fizeram passeata e abraçaram o prédio do INSS, também no centro da cidade. Bancária e diretora da Central Única dos Trabalhadores, CUT, Marisa Stédile destacou a necessidade de a

população estar na rua para barrar essa proposta. “Essa manifestação é essencial, porque ainda restam muitas dúvidas em relação ao projeto de emenda constitucional da reforma da previdência. A gente já fez uma análise e isso vai impactar negativamente a vida das pessoas, principalmente as mulheres, porque esse projeto amplia a idade mínima para a aposentadoria”, conta. Diretor do sindicato dos metalúrgicos, Jurandir Ferreira, explica por que decidiu vir para a rua neste momento. “A nossa revolta com essa

reforma é que ela é a ‘deforma da previdência’. Uma reforma é até necessária, mas não da maneira como ela está sendo colocada. Achamos que a reforma deveria começar de cima para baixo, não debaixo pra cima”.

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a manifestação da sexta foi um “esquenta” para a greve geral que os trabalhadores vão fazer caso Bolsonaro insista em aprovar a reforma da previdência. Vanda Moraes

REVOLTA O ex-senador e governador do estado Roberto Requião compareceu em solidariedade ao ato. “Esse movimento é importantíssimo, um dos primeiros passos da rebelião e revolta da população brasileira. Não é reforma da previdência, mas um assassinato da previdência pública. Eles querem livrar a participação do patrão e entregar a massa dos recursos para os bancos privados”, denuncia.


Brasil de Fato PR 6 Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

Audiência debate a democratização do transporte público em Curitiba

USUÁRIOS CONTRA O AUMENTO

Aumento das passagens ocorre depois de jantar do prefeito com empresários, denuncia professor Vanda Moraes

Ana Carolina Caldas

E

m audiência pública que aconteceu na Câmara Municipal de Curitiba, organizada pela Professora Josete (PT), na última semana, especialistas voltaram a apontar problemas no transporte público de Curitiba, como a falta de transparência nas planilhas da URBS, dos contratos firmados pela prefeitura e empresas e o não funcionamento do Conselho Municipal do Transporte. PUBLICIDADE

Sobre o último reajuste da tarifa, a vereadora Josete apontou que prefeitura e Urbs não apresentaram de forma detalhada como foram feitos os cálculos do aumento. “Não há informações sobre quanto subiram os itens da planilha de custos, dos elementos que tiveram reajuste no período e quanto isso impactou”, afirmou. Membro da Plenária Popular do Transporte, o professor Lafaiete Neves, da UniversiPUBLICIDADE

dade Federal do Paraná, disse que a tarifa nunca foi técnica e sim política. “Uma família detém parte principal de toda a frota. O prefeito janta com o empresário e depois vem este aumento”, disse. Para Lafaiete, há indícios de irregularidades apontados pela CPI do Transporte Coletivo da CMC, em 2013, e por levantamentos de outros órgãos, como pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Projeto para subsídio O deputado estadual Goura (PDT), na audiência, criticou a falta de transparência no repasse de recursos para o transporte coletivo em Curitiba e destacou a importância do subsídio, desde que tratado de forma isonômica para todos os municípios. “Vamos apresentar na Assembleia Legislativa um projeto de lei para regulamentar o subsídio do governo estadual”, informou.

Ana Carolina Caldas

“Se não fosse a ajuda dos meus pais e do meu irmão, eu não teria como ir até a faculdade todos os dias. O aumento é um roubo porque 4,25 já era muito caro para a gente. E não há melhoria no transporte”, diz Beatriz Silvério, estudante da UFPR. Ana Carolina Caldas

“Eu acho um absurdo porqu, para mim, o ônibus nunca tem diferença nenhuma. Esse mês eu peguei dois ônibus que quebraram no meio do caminho”, diz a teleatendente Leticia Costa. Diariamente, ela pega quatro ônibus para trabalhar e cursar faculdade. “Mensalmente dá uns 350 reais. É uma grande diferença, porque mesmo ganhando a passagem do trabalho, é descontado um percentual. É difícil”. Arquivo Pessoal

“Sou geógrafo, servidor público e não tenho reposição salarial desde 2015. Então é uma despesa a mais que impacta no meu salário... É um momento descabido (para o aumento), um momento de crise, onde as famílias estão com muitas dificuldades”, afirma Claudio de Jesus Oliveira, servidor público.


Brasil de Fato PR

Divulgação

BrasilCultura de Fato| PR 7

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

A volta do cinema de rua

Cine Passeio será inaugurado no aniversário de Curitiba com programação de filmes inéditos Redação A volta do cinema nas ruas do centro é que o promete a inauguração do Cine Passeio, em Curitiba, no dia 28. Localizado na esquina das ruas Riachuelo e Carlos Cavalcanti, abre as portas com a estreia do fi lme “Albatroz”, produção de suspense brasileira e israelense de 2017. O lançamento, segundo a Fundação Cultural, responsável pelo espaço, terá a presença do diretor Daniel

Augusto e dos atores Alexandre Nero e Maria Flor. A partir de sexta-feira (29/3) entra em cartaz a programação normal, com lançamentos e filmes inéditos, nacionais e estrangeiros. Outra novidade da programação é sessão que acontecerá à meia-noite da próxima sexta-feira, que terá a estreia nacional do filme de terror “Morto não Fala”, que chegará ao circuito comercial em meados deste ano. Essa sessão especial acontecerá regularmente uma vez por mês. Ha-

Ingredientes 500 g. de carne moída. 1 cebola em cubos bem pequenos. 1 xícara (de chá) de cebolinha e salsinha picadas bem fino. 1 pitada generosa de páprica doce. 1/4 de xícara (de chá) de flocos de aveia. 1 dente de alho amassado. Sal, pimenta e azeite a gosto.

tômago”, de Marcos Jorge, dentro do projeto Cinco Sentidos. A atriz Fabíula Nascimento, que faz parte do elenco, estará presente.

Para ficar por dentro Ingressos: R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada). Programação: disponível no site da Fundação Cultural de Curitiba

LUZES DA CIDADE

DICAS MASTIGADAS

Rocambole de carne com queijo

verá também a sessão matinê, aos domingos, às 10h30, duas vezes por mês. Neste primeiro domingo, a atração é o filme infantil “Tito e os Pássaros”. Na programação há ainda uma mostra com filmes de Glauber Rocha, um dos maiores cineastas brasileiros, no Estúdio Valêncio Xavier (sala multiuso). Será aberta sábado (30/3), às 15h, com uma palestra do crítico de cinema Fernando Brito sobre a vida e a obra de Glauber Rocha (1939-1981). Também no sábado, às 19h30, o cinema a céu aberto exibirá o filme “Es-

Venâncio de Oliveira Reprodução

Para rechear 200 g. de muçarela ralada ou em cubos bem pequenos. 1 colher de sobremesa de orégano seco. Como fazer Em uma tigela grande misture todos os ingredientes exceto os do recheio. Amasse e misture com as mãos até que a carne esteja ligada. Abra um grande pedaço de papel filme, distribua a carne sobre ele deixando um bom espaço nas bordas e no final. Distribua o recheio sobre a carne deixando também um espaço nas bordas e o final para não sair todo o queijo pelas extremidades na hora de assar. Enrole como um rocambole.

Fonte cruel de juventude O menino quer mostrar um ano a mais neste mundo violento. Sete anos neste dia de fevereiro. Ele sabia o que era a morte e a vida. Enfrenta os Homens-Ferro, pois corre entre os carros. Cruza a rua. Para no meio. Ri diabolicamente. Volta. Zumbidolouco-de-lataria-assassina. Flutua. Bambolê-duende. Fala com a adulta assustada: - Por que você teme?! - Cuidado! Ela mesma não tem esta ousadia. Ele sente-se dono do mundo, audaz, controlador da vida. Aquelas máquinas nunca sequer o tocarão. Ele tem ginga e poderes. Despreza aquela pessoa fraca que teme tudo. Ela grita: - Vem! Ele volta a correr. Ela parece uma miragem no dis-

tante. Mordendo os lábios, chorava e esperneava como uma criança. Volta a pisar nas máquinas. Faria isso a vida toda se fora possível. Sabia quem era, não tinha medo de nada, e aquela pessoa não tinha o direito de arrancar-lhe a juventude. Não seria sua audácia que o mantinha forte frente àquela velhacaria medrosa? Gibran Mendes


Brasil de Fato PR 8 Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de março a 3 de abril de 2019

Superando os bloqueios e as cortadas Projeto de vôlei sentado em Curitiba promove acesso ao esporte para pessoas com deficiência física. Time conta com atletas de seleção brasileira da categoria Gabriel Carriconde

S

uperação é uma palavra recorrente na prática do esporte. Mas para uma turma que pratica o chamado “vôlei sentado”, superação é mais que uma palavra. Em Curitiba, um projeto do Instituto de Promoção do Paradesporto incentiva a prática desse esporte paralímpico em aulas e treinos para pessoas que tiveram pernas amputadas. Apesar do projeto e o incentivo, a prática de esportes paralímpicos ainda é um desafio devido à falta de apoio governamental e com o fim do status de ministério para a pasta do Esporte, a atual ausência de políticas públicas para o setor.

gador da equipe e da seleção brasileira da categoria. Daniel começou a praticar modalidades paraesportivas após perder uma perna em assalto com arma de fogo. E o que era no começo apenas uma paixão

à primeira vista virou coisa séria. Teve sua primeira convocação para a seleção em 2007. Ele conta ainda que, apesar do sucesso na modalidade, são poucos os atletas que conseguem viver Henry Xavier

Tragédias, conquistas e desafios Atualmente, a equipe de vôlei sentado do IPP conta com 12 atletas, um deles é Daniel Silva, jo-

apenas da prática. “É um problema do paradesporto como um todo. Apenas algumas categorias têm atletas profissionalizados”, conta. Daniel ainda lamenta o “corte nas bolsas-atleta e no orçamento do paradesporto”. No último dia útil de 2017, o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) decidiu cortar o orçamento do programa bolsa-atleta praticamente pela metade em relação a anos anteriores. As dificuldades também são relatadas pelo presidente do IPP e membro da Universidade Livre para Eficiência Humana, Flávio Toledo. Para o empresário, falta um olhar com carinho dos governantes e também da iniciativa privada. “Como vamos cobrar alta performance dos atletas se não conseguimos ter os recursos suficientes para mantermos a equipe?”, questiona. Atualmente o Brasil é o segundo no ranking mundial do paravôlei.

Penúria e desânimo

Extra campo

Dono do estado

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

Caminha a passos lentos a reviravolta sonhada pelo torcedor coxa-branca, para a temporada, que resulte na volta à primeira divisão do futebol brasileiro. Sob o aspecto fi nanceiro, o clube padece de patrocinador máster para a camisa desde que o governo Bolsonaro determinou a suspensão do incentivo da Caixa Econômica Federal aos clubes. A frustração de receita quanto aos direitos de TV de seus jogos, decorrente do vexame ocorrido na Série B em 2018, coloca o Coritiba em situação de penúria. Nesta semana, aceitou meros R$ 7 milhões da Rede Globo, SporTV e Premiere (somados) para a Série B – 10% dos R$ 70 milhões ajustados pelo rival Athletico na Série A. A formação do elenco caminha a passos lentos. Cogita-se a contratação do jovem meia armador Arancibia, da Universidade do Chile, como reforço. O estádio, a cada semana, fica mais vazio.

Está difícil falar sobre futebol no Paraná Clube. E não é só por conta do fraco futebol apresentado pela equipe comandada por Dado Cavalcanti. Depois de sofrer uma pressão fora do comum, algumas vezes justas e outras nem tanto, o atual presidente, Leonardo Oliveira, pode entregar o cargo “a qualquer momento,” segundo a Tribuna do Paraná. Outro que sofre com o descrédito de parte dos torcedores é o Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, hoje presidente do Conselho Deliberativo. Na reunião do Conselho realizada terça-feira, 26, o conselheiro e presidente da Fúria, Márcio Silvestre, apresentou um abaixo-assinado pedindo a saída de toda mesa diretora. É com esse clima de incertezas fora de campo que o Paraná Clube encara o Coritiba no domingo, 27. Dessa vez não tem bom resultado que possa apaziguar as coisas no ambiente político do tricolor.

Coritiba e Paraná Clube preparam-se para um “clássico” decisivo, no domingo. Quem perder, está eliminado do Campeonato Paranaense. Um empate pode eliminar as duas equipes. Enquanto isso, o Athletico resguarda seu time principal para um dos jogos mais interessantes da história da Arena da Baixada, diante do Boca Juniors, pela Libertadores. Mesmo assim, no próprio Campeonato Paranaense, o Furacão, com seu time de aspirantes, mostra toda sua superioridade. Enquanto os rivais têm um confronto de vida ou morte, o time B do Athletico está com 100% de aproveitamento no segundo turno, já classificado para a semifinal e com o primeiro lugar do grupo garantido com uma rodada de antecedência. Há um abismo técnico entre o Athletico e seus antigos rivais, que não é bom nem para o futebol paranaense, nem para o próprio rubronegro.


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