Brasil de Fato - Edição 78

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Lá vem história

Esportes p. 8

Shutterstock

Cultura | p. 7

Treinadora, por que não? Nenhum dos 12 times da Superliga Feminina 2018 foram comandados por mulheres

Biblioteca Pública abre inscrições para oficina gratuita de contação de histórias

Ano 3 | Edição 78

Divulgação

PARANÁ

3 a 9 de maio de 2018

distribuição gratuita

CORTE DE R$ 22,4 MI AMEAÇA FUTURO DE UNIVERSIDADES ESTADUAIS Comunidade acadêmica sente na pele o desmonte da educação pública no governo de Beto Richa e Cida Borghetti Paraná | p. 6 Ricardo Stuckert

1º DE MAIO HISTÓRICO Curitiba recebeu as maiores mobilizações do Dia do Trabalhador do Brasil, com marchas, shows com artistas nacionais, ato ecumênico e político. Como pauta central, os participantes elegeram a defesa da liberdade de Lula e a garantia dos direitos da classe trabalhadora. Opinião | p. 2 Paraná | p. 4 e 5


2 | Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 3 a 9 de maio de 2018

EDITORIAL

O Paraná está no foco da política, mas figuras locais não estão à altura O

Paraná sempre foi considerado um estado de pouca influência política nacional e, ao mesmo tempo, de baixa mobilização nas ruas. Mas essa ideia mudou junto com o agravamento da crise econômica do país. Desde 2015, a luta dos trabalhadores do estado passou a figurar na agenda nacional. Isso porque a segunda gestão Richa impôs uma agenda de arrocho que penalizou os servidores. Ao protestar, os trabalhadores sofreram a repressão do dia 29 de abril, conhecida como “Massacre” do Centro Cívico”.

O prédio ocupado em chamas e os escombros no Dia do Trabalhador

OPINIÃO

Kelli Mafort,

Porém, é fato que os políticos locais se apequenaram. Começando pelo prefeito Rafael Greca

integrante da direção Nacional do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST)

A

Hoje, a partir da prisão do ex-presidente Lula e da organização da vigília Lula Livre, o estado voltou a ter a atenção do mundo. Porém, é fato que os políticos locais se apequenaram. Começando pelo prefeito Rafael Greca, que não se manifestou sobre o atentado, no dia 27 de abril, contra os apoiadores do ex-presidente, e o máximo que faz é pedir a transferência de Lula da Polícia Federal. Álvaro Dias, Cida Borghetti, entre outros também ficaram mudos nesses dias. Episódios como esse e os inaceitáveis tiros que a caravana de Lula sofreu anteriormente revelam que as figuras citadas acima têm dificuldade de se posicionar pela defesa da democracia e quando um grupo contrário é atingido.

notícia triste que rasgou a madrugada de 1° de maio de 2018, na capital paulista, anunciou um brutal incêndio num prédio de 24 andares na região central. Ali viviam cerca de 150 pessoas, que ocupavam o local, sendo boa parte delas imigrantes. As chamas consumiram rapidamente o prédio que desabou minutos depois. Desde às 2h20 do Dia do Trabalhador, a cidade mais rica do país convive de forma trágica com as histórias destas pessoas, moradoras do prédio ocupado, a quem elas chamavam legitimamente de casa. Elas certamente não fazem parte de uma história isolada, ao contrá-

rio, integram um contingente que só cresce diante do agravamento da crise estrutural do capital que torna parte dos seres humanos completamente desprezíveis e supérfluos. Pessoas que se deparam com escolhas terríveis entre comer ou pagar o aluguel.

Incêndio é crime produzido por uma política excludente que gera desemprego, fome e miséria Algumas autoridades vociferantes já saíram na dianteira, afirmando que aquela era uma tragédia anunciada e que isso poderia ser evitado. O leitor de bom senso vai concluir

que tais autoridades devem estar se referindo a políticas públicas de moradia popular. Mas a realidade no estado de São Paulo tem mostrado um caminho totalmente oposto: as reintegrações de posse, urbanas e rurais, com seus despejos violentos por parte das polícias e mais nada. No prédio que desabou sobre vidas e histórias, uma cena chocante causa dor e indignação: no momento em que um homem era socorrido pelos bombeiros, o prédio em chama desaba e aquele corpo preso ao cabo de aço desaparece em meio à fumaça e à desgraça. Aos sobreviventes, toda nossa solidariedade. Aos que observam o desastre, nosso chamado a fazer da indignação, luta! E a construir nossas conquistas bem em cima da desconstrução em ruínas.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Paraná. Esta é a edição nº 78 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Julia Rohden, Daniel Giovanaz e Franciele Petry Schramm COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Júlio Carignano e Kelli Mafort ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach e Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Lia Bianchini e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Clara Lume e Denilson Pasin FOTOGRAFIA Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO redacaopr@brasildefato.com.br IMPRESSÃO Grafinorte (Nei)


Brasil de Fato PR

Paraná, 3 a 9 de maio de 2018

Daniel Giovanaz

FRASE DA SEMANA

disse Johnny Hooker, cantor pernambucano que manifestou apoio ao expresidente Lula durante um show em Curitiba, no dia 28 de abril. Divulgação

Os tiros disparados contra dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula, no dia 27 de março, foram intencionais e planejados. É o que afirmou delegado-responsável pelas investigações, Helder Andrade Lauria, nesta quarta-feira (2). Trinta testemunhas já foram ouvidas, entre moradores, policiais e seguranças. O crime aconteceu em um trecho da PR-473 entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. Fredi Vasconcelos

Marcos Santos | USP Imagens

“Ele [Lula] falou uma coisa que tem reverberado na minha cabeça. Eles podem matar uma ou duas rosas, mas não podem deter a chegada da primavera”,

Ataque planejado

3 | Geral

Desemprego cresce O desemprego cresceu no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE no final de abril. Em 2017, os desempregados eram 12,3 milhões. Agora, de acordo com o levantamento no primeiro trimestre de 2018, os desempregados são 13,7 milhões. Embora haja a retomada do desemprego no país, a taxa ainda é menor que igual período de 2017, quando os desempregados eram 14,2 milhões.

“Escola Sem Partido” pode ir à RADAR Projeto votação na Câmara de Curitiba DA LUTA

Feira reúne produtos da reforma agrária de todo o país Entre os dias 4 e 7 de maio, acontece em São Paulo a 2º Feira Nacional da Reforma Agrária. A primeira edição aconteceu em 2015 e reuniu 800 agricultores de todo país. Este ano serão mais de 250 toneladas de alimentos produzidos nas áreas de assentamentos da reforma agrária, de todas as regiões do país, vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento oferece também programação de shows, intervenções culturais, seminários e uma Praça de Alimentação com comidas típicas de cada região.

Presidentes de centrais são proibidos de visitar Lula Seis presidentes das principais centrais sindicais protocolaram um pedido de visita ao ex-presidente Lula ainda no dia 27 de abril. A solicitação foi endereçada à juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal do ex-presidente. O documento, com base na Lei de Execução Penal, assinado pelo Instituto Declatra, reafirmava os laços de amizade entre os presidentes das centrais sindicais e Lula. No dia 30, receberam negativa da juíza.

Duas comissões rejeitaram o projeto, mas as regras da Casa autorizam a votação Júlio Carignano,

Porém.net, Curitiba (PR)

Em reunião nesta quartafeira (2), a Comissão de Serviço Público da Câmara Municipal de Curitiba aprovou parecer contrário ao projeto ‘Escola Sem Partido’, que propõe combater uma suposta “doutrinação política e ideológica” nas escolas. Como cabe somente a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) barrar a tramitação do projeto, o parecer contrário não impede sua tramitação. Portanto a apreciação em plenário do projeto está autorizada em data a ser definida pela Mesa Diretora. Os vereadores Oscalino do Povo (Podemos) e Paulo Rink (PR) não compareceram à reunião da Comissão de Serviço Público, mesmo assim

houve quórum para apreciação do parecer proposto pela Professora Josete (PT). Professor Euler (PSD) e Josete reafirmaram contrariedade ao projeto, rebatizado por professores como “lei da mordaça”

O ‘Escola Sem Partido’ é “punitivo e antidemocrático” Professa Josete Tico Kuzma (PROS), o terceiro parlamentar presente, apesar de afirmar “que ainda não tem uma posição formada sobre o projeto”, votou pelo parecer contrário da petista. A contrariedade da Comissão de Serviço Público se soma ao parecer contrá-

rio emitido pela Comissão de Educação, presidida por Euler. Manifestações contrárias também já foram emitidas por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Secretaria Municipal de Educação e o Conselho Estadual de Educação. Em seu parecer, Professora Josete reafirmou que o projeto Escola Sem Partido visa a criminalização da docência ao ferir a liberdade pedagógica dos profissionais da educação. A petista esclarece que já existem mecanismos para coibir práticas de educadores e educadoras que cometam infrações, como medidas administrativas e até mesmo exonerações. Para a vereadora, o Escola Sem Partido é “punitivo e antidemocrático” e contribui para o acirramento do cenário de intolerância.


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Paraná, 3 a 9 de maio de 2018

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Paraná, 3 a 9 de maio de 2018

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CURITIBA RECEBE 1º DE MAIO HISTÓRICO A capital do Paraná recebeu as maiores mobilizações do Dia do Trabalhador do Brasil, com marchas, shows com artistas nacionais, ato ecumênico e político

s ruas de Curitiba (PR) amanheceram coloridas de vermelho nesta terça-feira, 1º de maio, data em que marca o Dia do Trabalhador. A partir das 8h, mais de 3 mil pessoas saíram em marcha desde o Terminal de ônibus do Boa Vista até a Superintendência da Polícia Federal, no santa Cândida onde o ex-presidente Lula (PT) está preso desde 7 de abril. A caminhada de aproximadamente 2,5 quilômetros abriu as atividades de uma intensa programação que se estendeu até o final do dia na capital paranaense, palco do maior ato do Dia do Trabalhador este ano. Pela primeira vez, uniu sete centrais sindicais e diversos movimentos populares. Como pauta central, os participantes elegeram a defesa da liberdade de Lula e a garantia dos direitos

Em todas as regiões do Brasil foram realizados atos unificados das centrais sindicais Um ato ecumênico também marcou a programação desta primeira parte do dia. Católicos, evangélicos e anglicanos se aglomeraram numa cerimônia religiosa marcada pelo combate à cultura do ódio e em defesa de

NO AR! A Rádio Brasil de Fato estreou oficialmente às 7h30 deste 1º de maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. É mais um instrumento de comunicação popular no país, contribuindo para a difusão das informações das lutas populares. Nossa grade conta com notícias sobre política, economia e das análises sobre a conjuntura nacional, a programação será feita com quadros que envolvem cultura, saúde, educação, acesso à terra, alimentação e comportamento. A programação musical também estará presente, com MPB, rock, samba, forró, sertanejo e a valorização das canções latino-americanas.

morava na favela. Hoje tenho minha casa e uma profissão. Minha esposa está terminando a segunda faculdade dela. Isso é a luta por um país melhor pra todos, por isso que eu estou aqui e vou lutar até o fim”, completou. Ele considera que a articulação do campo popular segue nos rumos da construção democrática. Praça lotada Uma nova marcha levou os manifestantes pró-Lula do bairro Santa Cândida até a Praça Santos Andrade, no Cetro da capital, local que recebeu o maior protesto do 1º de Maio deste ano. Foram 7,7 quilômetros de caminhada, no início da tarde desta quarta-feira. O ato reforçou as diferentes bandeiras relacionadas ao Dia do Trabalhador, em especial a defesa de direitos retirados pela Reforma Trabalhista. De acordo com a organização do ato, mais de 40

mil pessoas participaram da mobilização, que teve início às 14h e terminou por volta das 20h. A sambista Beth Carvalho, o rapper Flávio Renegado e cantora Ana Cañas fizeram show ao longo do evento. Entre uma canção e outra, a plateia acompanhava com os coros “Lula Livre” e “Fora, Temer”. Em todas as regiões do Brasil, foram realizados atos unificados das centrais sindicais. Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, entre outras cidades, protestaram contra a reforma trabalhista do governo golpista do Michel Temer e pela liberdade do ex-presidente Lula. Atos pró-Lula aconteceram também na Argentina, no Chile, na Venezuela, em El Salvador e na Colômbia. Durante o ato político em Curitiba, do qual deze-

nas de lideranças de todo o Brasil participaram, o líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), lembrou que Lula completa, em

2018, 50 anos de filiação ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Segundo o deputado, este é o primeiro Dia do Trabalhador do qual

o ex-presidente não participa. “Isso não é uma coisa qualquer. De certa maneira, cada um aqui está fazendo um esforço para atender ao que Lula pediu: representar a voz dele. O fato de este ato unificado ocorrer em Curitiba é uma enorme demonstração de apoio do movimento popular e sindical a ele”, disse Pimenta. O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, destacou a união do campo popular na atualidade contra a deterioração dos direitos trabalhistas. Ele também afirmou que a participação de Lula nas eleições presidenciais deste ano seria uma questão democrática e associou o caso à recuperação política e econômica do país. “Se quisermos a possibilidade de desenvolvimento, de retomada do crescimento da economia, de fortale-

cimento de direitos, a única via é a democrática. Sem ele nas eleições, o caminho será o fascismo, a intolerância e o agravamento da situação do país”, argumentou.

“Falar de um operário na Presidência é falar do maior símbolo da luta popular no Brasil, e nós queremos isso de novo”

professor Rui Barbosa

Para o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSOL, a unificação de diferentes forças políticas e populares neste 1º

de Maio é uma vacina contra o avanço da cultura do ódio. “Vivemos um surto de violência fascista, a mesma escalada que matou Marielle, que atacou o acampamento de defesa do Lula, que promoveu a prisão arbitrária dele. Neste momento, temos que estar juntos”, defendeu. Um dos milhares de trabalhadores que compareceram ao ato, o professor Rui Barbosa disse acreditar numa possível nova eleição do petista. Ele levou consigo para a praça a edição de um jornal impresso do dia 22 de outubro de 2002, quando foi noticiada a primeira eleição presidencial de Lula. “É uma forma de lembrar a ideia que ele mesmo destacou que representa. Estão querendo acabar com essa ideia. Falar de um operário na Presidência é falar do maior símbolo da luta popular no Brasil, e nós queremos isso de novo”, disse.

Mídia Ninja

A

Mídia Ninja

Abridor de Latas

Curitiba (PR)

Lula. A pastora evangélica Cleusa Caldeira lembrou o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e a luta da população das periferias por direitos e melhores condições de vida. A líder destacou ainda a importância do engajamento político das igrejas. “Não tem sentido a gente pregar e falar de um Deus que esteja longe do contexto do povo brasileiro, do sofrimento. Precisamos aprender a sair do templo e acampar e a resistir com o povo”, defendeu. Sintonizado com as bandeiras principais do evento, o corretor de imóveis Jeferson Jerep saiu de São Paulo para participar da programação em Curitiba. Jerep faz um balanço do governo Lula (20022010) e avalia a prisão do petista como uma “perseguição política” relacionada à atuação do líder. “Antes do governo Lula eu

Bia Bianchini

Cristiane Sampaio,

da classe trabalhadora. No encerramento, os participantes da marcha foram acolhidos por cerca de 25 mil pessoas que se concentravam nas proximidades da Polícia Federal, onde ocorre diariamente a Vigília Lula Livre, montada desde o primeiro dia da prisão do ex-presidente.

A sambista Beth Carvalho, o rapper Flávio Renegado e cantora Ana Cañas fizeram show ao longo do ato na Praça Santos Andrade, Centro de Curitiba


Paraná, 3 a 9 de maio de 2018

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Corte de R$ 22,4 milhões compromete futuro da Unespar e da Unicentro Comunidade acadêmica sente na pele o desmonte da educação pública no governo Richa Agência Estadual de Notícias

Cida Borghetti (dir.) herdou de Beto Richa (esq.) um legado de desinvestimento em educação

Daniel Giovanaz , Curitiba (PR)

A

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) foram as instituições de ensino superior mais afetadas pelo desinvestimento do governo Beto Richa (PSDB) na educação pública nos últimos dois anos. A Unicentro recebeu 9,81% a menos do Estado em 2017 (R$ 187,5 milhões), enquanto a Unespar teve uma redução de 1,16% em relação a 2016 (R$ 158,7 milhões). O total dos cortes nas duas universidades chegou a R$ 22,4 milhões de um ano para o outro. Para 2018, o governo deve aprofundar o desinvestimento. Conforme a estimativa de des-

Redução dos investimentos na Unicentro 207,9 milhões 200

187,5 milhões

100

2016

2017 Fonte: Lei de Acesso à Informação

pesas indicada na Lei Orçamentária Anual, o tesouro estadual deverá repassar 12,9% a menos para a Unespar e 2,5% a menos para a Unicentro.

demoravam de duas a três semanas, agora demoram de três a quatro meses. Os alunos ficam muito tempo sem aula, e depois os professores têm que ficar repondo”, acrescenta. “Por mais que os professores se esforcem, essa reposição é muito acelerada, e tem toda uma dificuldade de leitura dos alunos também. Não é uma questão de achismo. É percepção mesmo: atrapalha a formação”. Em março, o calendário acadêmico chegou a ser suspenso na Unicentro, em protesto contra a falta de professores temporários. Conforme o reitor Aldo Nelson Bona, 104 aguardavam autorização do Estado para iniciar as atividades. No dia seguinte, o governador cedeu e as aulas foram retomadas.

Carências Presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus Paranaguá da Unespar na gestão 2017, Emmanuel Lobo afirma que os índices Outro lado Beto de evasão refleRicha deixou o tem o desmonte da educação su- Aulas chegaram governo dia 6 de abril. A substituperior do Para- a ser suspensas ta Cida Borghetti ná. “Em 2014, ha- na Unicentro (PP) fez mudanvia mais de 2,2 ças na equipe de mil estudantes por falta de trabalho, e a reno campus Pa- professores portagem não ranaguá. No fim conseguiu entrar do ano passaem contato com do, havia 1,3 mil os integrantes da antiga gestão cursando regularmente”, compara explicar a redução dos inpara. Entre as razões para a devestimentos nas universidades sistência, Lobo cita a falta de moestaduais. radia estudantil e de restaurante O então secretário da Ciência, universitário para estudantes de Tecnologia e Ensino Superior, baixa renda. João Carlos Gomes, falou sobre Na Unicentro, os impactos o tema à época do impasse para também são evidentes. “Os incontratação de professores e disvestimentos pararam. Tem alguse que “o governador Beto Richa, mas partes do nosso prédio que sistematicamente, dá as condijá deveriam estar terminadas”, ções necessárias para fortalecer questiona Odinei Fabiano Raas sete universidades. Todas pomos, professor do Departamendem atuar com tranquilidade e to de História no campus Santa continuar desenvolvendo o traCruz. “Isso faz com que qualquer balho que garante inovação e o proposta de ampliação da instidesenvolvimento para o Estado tuição seja impossível. As condo Paraná”. tratações [de professores], que

ABANDONO “Os pesquisadores Mônica Herek e Edmar Oliveira, da Unespar, observam que a proporção da receita tributária líquida destinada à educação encolheu no governo Richa, em comparação com o antecessor Roberto Requião (PMDB), que governou o Paraná de 2007 a 2010. Em 2012, segundo ano do mandato de Richa, houve um corte de R$ 735 milhões para a pasta. Dois anos depois, “foram repassados à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) pouco mais de 23 milhões de reais (valores atualizados), significando um corte de 40% dos valores repassado em 2010”, segundo artigo publicado por Herek e Oliveira em 2016. ANÚNCIO PUBLICITÁRIO

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Biblioteca Pública abre inscrições para oficina gratuita de contação de histórias Formação é voltada para contadores de histórias, professores e demais interessados Reprodução

Curitiba (PR)

A Biblioteca Pública do Paraná está com inscrições abertas para a oficina “A arte de contar e compartilhar histórias”, ministrada pelo dramaturgo Thiago Dominoni. Os encontros acontecem nos dias 5 de maio, 4 de agosto e 3 de novembro, das 13h às 18h. São oferecidas 20 vagas gratuitas. A oficina é voltada para

contadores de histórias, professores e demais interessados, que tenham mais de 18 anos. Ao longo do encontro, serão abordadas questões como escolha de repertório e técnicas de expressão corporal e vocal, além de uma análise sobre a literatura infantojuvenil. Thiago Dominoni é bacharel em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e escreve peças para a companhia teatral independente Contágio.

DICAS MASTIGADAS PÃO DE CASCA DE BANANA Ingredientes 6 bananas com casca; 1 xícara de água; 1 xícara de leite; 30g de fermento fresco;

1/2 xícara de óleo; 1 ovo; 1/2 pitada de sal; 1/2 kg de farinha de trigo.

Modo de Preparo 1. Bater as cascas de bananas e a água no liquidificador; 2. Juntar o óleo, os ovos e o fermento e bater mais um pouco; 3. Acrescentar a farinha, o sal e o açúcar e misture; 4. Por último, colocar na massa as bananas em rodelas; 5. Colocar a massa em uma forma untada com margarina e farinha de trigo; 6. Deixar crescer até dobrar de volume e levar para assar em forno pré-aquecido. Essa e outras receitas você encontra no Mapa de Feiras Orgânicas do IDEC: http:// feirasorganicas.org.br/receitas

Para ficar por dentro Onde: Seção Infantil da Biblioteca Pública do Paraná, Rua Cândido Lopes, 133, Curitiba. Quando: Dias 5 de maio, 4 de agosto e 3 de novembro, das 13h às 18h. Inscrições: envie e-mail para thiagod@bpp.pr.gov. br, com nome completo e telefone do interessado. Mais informações: (41) 3221-4980

SODUKU

Redação,

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Profissão treinadora: por que não?

CURTA E GROSSA

Nenhum dos 12 times participantes da Superliga Feminina 2018 foi comandado por mulheres Alexandre Loureiro | Inovafoto CBV

Fabi avalia uma possibilidade futura: ser treinadora em algum clube

Força, meninos! Por Cesar Caldas Em razão de contingências de ordem física, o treinador Eduardo Batista talvez coloque em campo seis pratas da casa na noite desta sexta-feira (4), em Barueri (SP). O desafio será diante do Oeste, pela quarta rodada da Série B. Sem lateral direito de ofício, o técnico poderá designar para a função o jovem zagueiro Geovane – uma improvisação, enquanto não estreia Leandro Silva (recém-chegado do Ceará). Para o lado oposto da defesa, há a tendência da escalação de Henrique Gelain, outro garoto oriundo das categorias de base. Somados ao zagueiro Thalisson Kelven, à dupla de volantes Vitor Carvalho e Julio Rusch e ao meia Kady, completarão assim um sexteto formado no CT da Graciosa. Em parte pela ausência de reforços necessários e buscados no mercado, cumpre-se no início da competição a política de valorização de novatos do próprio clube, prometida pela nova diretoria.

Sobre o “custo do acesso” Por Marcio Mittelbach

Jordânia Souza,

Rio de Janeiro (RJ)

A

ex-líbero da seleção brasileira e bicampeã olímpica Fabi anunciou sua aposentadoria. Emocionada, a jogadora, considerada uma das melhores líberos do vôlei feminino mundial, encerra uma carreira admirável. São duas medalhas de ouro com o Brasil, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e nos jogos de Londres, em 2012. Agora, ela inicia uma nova jornada como comentarista de vôlei e avalia uma possibilidade futura: ser treinadora em algum clube. Fabi, que demonstrou ser guerreira das quadras, certamente seria uma presença interessante do outro lado, como técnica. Além disso, ela também abriria espaço em uma fun-

ção na qual as mulheres pouco atuam, mesmo em competições das ligas femininas. Sim, não vemos mulheres treinadoras.

É importante que, cada vez mais, as mulheres busquem esses espaços e não se intimidem Para se ter uma ideia, nenhum dos 12 times participantes da Superliga Feminina 2018 foram comandados por mulheres. Essa é uma situação mundial. No último Grand-Pix, por exemplo, entre as 32 seleções que participaram da disputa, apenas as equipes do Japão e Austrália foram treinadas por mulheres. A questão não se res-

tringe ao vôlei. No futebol, tivemos recentemente a passagem de Emily Lima, que comandou a seleção brasileira feminina por nove meses e foi a primeira mulher a chegar ao posto. Porém, teve uma demissão conturbada, na qual ela e as jogadoras denunciaram o abismo de diferença de investimentos na modalidade para homens e mulheres. Ocupar uma posição de liderança é um desafio para nós mulheres em qualquer mercado. Enfrentamos desconfiança, somos subestimadas e sempre é necessário provar mais vezes porque chegamos lá. Entretanto, é importante que cada vez mais as mulheres busquem esses espaços e não se intimidem. Afinal, líder é uma palavra sem gênero.

Essa semana o Paraná Clube serviu mais uma vez de pano de fundo para a discussão sobre a atuação da grande mídia no país. Diante da divulgação do balanço financeiro do tricolor em 2017, uma matéria da Gazeta do Povo disse ter encontrado o que chamou de “custo do acesso”. É que em 2017 saíram do caixa do Paraná R$ 45 milhões a mais do que entrou. Mas não é correto chamar isso de déficit. Essa diferença não foi por conta do salário dos jogadores, má administração ou falta de torcida. Aliás, o Clube arrecadou quase a mesma quantidade com receitas de TV (R$ 7,8 mi) e bilheteria (R$7mi). O que fez a balança ficar assim foi o pagamento de dívidas, foi justamente a busca pelo equilíbrio financeiro. Mas a notícia em nenhum momento contextualiza a informação. Afinal, notícia ruim “vende” mais.

Ah, o calendário Por Roger Pereira Numa daquelas aberrações que só acontecem no futebol brasileiro e seu apertado calendário gerido pela CBF, o confronto entre Atlético-PR e Cruzeiro, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, ficará em aberto por dois meses. Esse será o tempo da partida de ida, 16 de maio, na Arena da Baixada, e a de volta, 16 de julho, no Mineirão. Entre um jogo e outro, 60 dias, uma Copa do Mundo, sete rodadas do Campeonato Brasileiro e a janela de transferências internacionais do meio do ano. Num chamado confronto de 180 minutos, será impossível planejar alguma estratégia com um intervalo tão grande entre uma partida e outra. Os momentos das equipes serão outros, os elencos dos clubes poderão ser outros, os jogadores titulares deverão ser outros. Atlético e Cruzeiro se enfrentarão no primeiro jogo das oitavas, sem saber que adversário encontrarão no jogo de volta.


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