Um livro na forma de carta
Pedro Carrano
Cultura | p. 7
Esportes | p. 8
O difícil Paraguai
Autores integram seleção chamada “As cartas que Lula não recebeu”
Brasil encara adversário com Fernandinho em campo
Divulgação
PARANÁ
Ano 4
Edição 128
27 de junho a 3 de julho de 2019
distribuição gratuita
SEM AUMENTO: GREVE NO PARANÁ Servidores estaduais completam 4 anos sem reajuste de salário
Paraná | p.4
www.brasildefato.com.br/parana
TRÁFICO EM AVIÃO PRESIDENCIAL Militar é detido na Espanha com 39 kg de cocaína Brasil| p. 5
Fotos de Giorgia Prates
Divulgação
Geral | p. 3
Saúde prejudicada Prefeitura passa controle de UPAs para entidades
Brasil | p. 5
#VazaJato Jornalista afirma que áudios serão divulgados
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 27 de junho a 3 de julho de 2019
A greve geral Presidência e o ânimo dos declara guerra trabalhadores contra indígenas EDITORIAL
A
ntes da invasão dos portugue- riando decisão do Congresso, que a ses ao Brasil, há mais de 500 considerou irregular. O STF já susanos, estima-se que de 8 a 40 mi- pendeu a medida no dia 25. Por que Bolsonaro insiste? Só pode lhões de habitantes viviam nesse ser uma amarra com a bancada ruraterritório. Eram mais de mil povos. Além de escravizados, milha- lista (maior interessada nas terras) e nenhum comprometires de índios foram mento com a causa inmassacrados, mesmo acolhendo os Bolsonaro não se dígena. No Paraná, há várias questões penbrancos portugueses. apresenta como dentes, caso da necesInevitável não relaciosidade de uma casa de nar essas chamadas solução, mas passagem indígena na guerras de conquis- como parte do região Oeste para os ta com conflitos gra- conflito indígenas que se desves envolvendo polocam não ficarem em vos indígenas até hoje, situação de rua. motivados por dispuE também o acesso à terra pelos tas de terra. Um dos capítulos desta batalha ocorreu no dia 19 de ju- povos localizados em Guaíra e Terra nho, quando Bolsonaro voltou a Roxa. Por isso, não é nenhum exaeditar uma medida provisória para gero dizer que as guerras continuam devolver a demarcação de terras in- acontecendo. E Bolsonaro não se dígenas, gerida pela Funai, para o apresenta como solução, mas como Ministério da Agricultura, contra- parte do conflito.
SEMANA
OPINIÃO
vação da terceirização (Lei nº 13.429/2017) e também a reforma coordenador do Brasil de Fato Paraná trabalhista (Lei nº 13.429/2017). O greve geral do dia 14 de junho ambiente incerto desde a prisão de aconteceu em um ambiente di- Lula, em 2018, quando era o prinferente para os trabalhadores. Dois cipal candidato à presidência, tamanos antes, no dia 28 de abril de bém pesa para um estado de ânimo 2017, havia sido uma das maiores desfavorável. Mas o fator mais duro greves gerais da História em termos é a situação de desemprego de 13,4 de adesão, contra a reforma da pre- milhões de pessoas, o que dificulta a vidência de Temer, quando os tra- mobilização. É fato que, entre 2002 e 2012, balhadores aderiram em massa. Pelo que apontam os dados no período favorável economicamente, os trabalhadodo Dieese, no dores da iniciativa pricumento “Balanço das Greves em 2018” O fator mais duro vada ultrapassaram os do serviço públinesse ano o núme- é o desemprego co em número de grero de greves caiu de 13,4 milhões ves. Afinal, havia mais para 1453, uma vez de pessoas, o oferta de emprego e que havia sido de os trabalhadores po2114 greves em 2016. que dificulta a diam avançar em meRecentemente, o ser- mobilização lhores itens de suas viço público passou pautas. Essa disposia superar a iniciativa privada. No ano passado, fo- ção parece ter se alterado com a criram 791 greves de servidores públi- se econômica. A mobilização do dia cos e apenas 655 dos trabalhadores 14 de junho de 2019 foi importante e celetistas e/ou precarizados. Com alcançou diversos ramos da econoisso, os dados mostram mudanças mia. Mas revela o desafio para o sinno ânimo dos trabalhadores para a dicalismo de renovação, retomada de trabalho de base, unidade mais mobilização. Muitas perdas de direitos acon- firme das centrais sindicais e resisteceram desde o governo Temer. tência contra as políticas de um goEntre as principais estão a apro- verno contrário aos trabalhadores. Pedro Carrano,
A
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 128 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Antonio Kanova e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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FRASE DA SEMANA
Projeto de lei do Estatuto da Igualdade Racial do Paraná é retirado de pauta na Alep Movimentos negros e organizações integrantes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Paraná (Consepir) criticam a retirada de pauta da proposta que institui o Estatuto da Igualdade Étnico-Racial do Paraná pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Paraná, na tarde do dia 25 (terça). Com a alegação de que a proposta inscrita no Projeto de Lei 724/2015, de iniciativa do deputado Professor Lemos (PT), deve ter como origem o Executivo, e não partir do Legislativo, o colegiado decidiu não apreciar o PL. Integrante da Comissão e vice-líder do governo na casa legislativa, o deputado Tiago Amaral (PSB) argumentou que o governo submeterá uma nova proposta à Assembleia Legislativa. A manifestação do deputado estadual e a retirada de pauta criam um cenário de indefinição para o avanço da aprovação do Estatuto Estadual, na medida em que o governo não sinalizou quando submeterá nova proposta. O Estatuto é compreendido como fundamental para que a perspectiva racial seja incorporada nas políticas públicas do Estado.
“Se fosse do Congresso, Moro estaria cassado ou preso”
Servidoras públicas penalizadas
disse em jantar do site Poder 360, na segunda-feira, 24, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Divulgação
Aumento de combustíveis impacta no prato do brasileiro Elevação no preço dos alimentos e bebidas nos 5 primeiros meses do ano chega a 3,15% Guilherme Weimann,
Rio de Janeiro (RJ)
“Olha, tudo aumentou nos últimos anos, na feira e no mercado. Toda a despesa subiu, mesmo eu tendo tirado ou diminuído algumas coisas das compras”, afirma Magnólia Maria Santos Lima, 56 anos, moradora de Osasco (SP), município da grande São Paulo. Magnólia é cozinheira e responsável pela compra dos alimentos que se tornam o almoço diário de aproximadamente 15 pessoas. “Há dois ou três anos, a gente pagava R$ 1,90 no quilo do tomate, agora você não encontra por menos de R$ 8,00. A batata eu pagava 59 centavos, no máximo R$ 1. Hoje, paguei R$ 9,75 por um quilo e meio”, relata. E a percepção dos aumentos no bolso da popu-
lação, que gasta cerca de 25% da sua renda em alimentação, também pode ser verificada na inflação de 2018, medida pelo IPCA, do IBGE. No ano, houve aumento de 4,04% no preço dos alimentos, com alguns
Alimentos, como o tomate, chegaram a subir 71% em um ano. Aumento nos combustíveis ajuda a explicar alta produtos encabeçando a lista: tomate (71,76%), frutas (14,1%) e leite (8,43%). Em 2019, nos cinco primeiros meses, o aumento acumulado no preço dos ali-
mentos e bebidas chega a 3,15%, no mesmo IPCA. Reajuste dos combustíveis Um dos fatores que puxaram o preço dos alimentos nos últimos anos foi a mudança na política de preços dos derivados de petróleo nas refinarias da Petrobras. A partir de 2016, os preços dos derivados passaram a ser reajustados de acordo com a cotação internacional do barril do petróleo e da variação do dólar. Como o valor do barril de petróleo disparou desde junho de 2017, os combustíveis passaram a sofrer reajustes diários nas refinarias e nas bombas dos postos de gasolina. Nos últimos dois anos, o preço da gasolina subiu 35% nas refinarias e 28% nos postos. Já o diesel apresentou alta de 38% nas refinarias e 22% nos postos.
Os deputados federais estão discutindo relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB/SP) sobre a reforma da previdência. A proposta recebeu 277 emendas e está sendo analisada em uma comissão especial. Dentre os pontos, o relatório manteve o tempo mínimo para os trabalhadores se aposentarem. De acordo com o Dieese, o relator elevou a idade de aposentadoria das mulheres, dos atuais 60 para 62 anos, permanecendo inalterada a idade de 65 anos para homens. Contudo, em sentido contrário à proposta do governo, foi preservada a idade de aposentadoria dos trabalhadores rurais de 55 anos, mulher, e 60 anos, homem. Por outro lado, as mais penalizadas pelas regras propostas são as servidoras públicas federais. O aumento do tempo de aposentadoria mínima para elas é de sete anos. “O relator manteve, nas disposições transitórias da emenda, a elevação de 55 anos para 62 anos, se mulher, e de 60 para 65 anos, se homem. Tais parâmetros deixam de constar das regras permanentes da Constituição e podem ser alterados por legislação infraconstitucional, a ser aprovada no futuro”, aponta nota técnica do Dieese.
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Mais de 30 categorias do funcionalismo estadual anunciam adesão à greve Servidores públicos pedem reposição da inflação e relatam falta de condições de trabalho Giorgia Prates
Ana Carolina Caldas,
com informações do FES
Ao lado acima, professora Rosana Silva, abaixo, a perita criminal Gisele Floriani
P
rofessores, funcionários da educação, da agricultura, da polícia, entre outras categorias do funcionalismo público paranaense, iniciaram greve geral por tempo indeterminado na terça, 25 de junho. A principal reivindicação das mais de 30 entidades é o pagamento de 4,94% de reajuste, correspondente à inflação dos últimos 12 meses, e a negociação dos atrasados. As perdas acumuladas passam de 17% nos anos de congelamento. De acordo com o economista Cid Cordeiro, os servidores estão deixando de receber o equivalente a dois meses de salário por ano. Os servidores ainda relatam o sucateamento de seus setores e a falta de condições de trabalho. Há 24
Giorgia Prates
Giorgia Prates
anos como perita criminal no Estado, Gisele Floriani diz que a falta de recursos humanos tem dificultado um atendimento com qualidade. “Temos um concurso que já foi concluído, esperando apenas a nomeação, que nunca acontece. E os peritos que entrarem com o concurso não vão su-
prir a falta que já temos.” E também há carência de recursos materiais. “Não é raro ter laboratório fechando por falta de insumos, dificuldade de fazer atendimento em local externo porque as viaturas estão sucateadas etc.” Já na área da educação, cerca de 80% das escolas
pararam no primeiro dia de greve. Assim como outros servidores públicos, os professores e funcionários da educação também têm pauta extensa de demandas. Para a professora Rosana Silva, a perda salarial vem pauperizando o servidor e acarretando problemas. “O fato de não termos reajusPUBLICIDADE
SEM DIÁLOGO De acordo com o Fórum das Entidades Sindicais (FES), o governo do estado tem condições de pagar a reposição sem oferecer qualquer risco para as contas públicas, pois em 2018 o Paraná arrecadou R$ 2,2 bilhões a mais do que o previsto. O diálogo com o governador é uma reivindicação do movimento de greve, porém até agora não atendida. A coordenação do Fórum das Entidades Sindicais (FES) recebeu no início da noite de terça-feira (25) a informação de que o governador Ratinho Junior (PSD) determinou o cancelamento de uma reunião que estava marcada para o dia seguinte.
O QUE REIVINDICAM OS SERVIDORES Pagamento da data-base Retirada do Projeto de Lei Complementar 4/2019 da ALEP Abertura de concurso público Defesa da Previdência Pública Humanização da perícia médica no Estado Melhores condições de atendimento para a saúde dos(as) servidores(as) Garantia do direito de greve e retirada das faltas atribuídas ilegalmente Concessão de licenças especiais
te há tanto tempo traz uma condição precária de vida. O que temos visto é adoecimento por causa disso.” Hermes Leão, presidente da APP Sindicato, diz que entre as pautas da educação existem muitas para dar melhores condições de trabalho. “Estamos em greve também para resolver problemas como a realização de concurso público e manutenção do processo de seleção de professores PSS, pagamento do piso mínimo regional e reajuste do auxílio-transporte e alimentação para os funcionários.”
Na área da educação, cerca de 80% das escolas pararam no primeiro dia de greve
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Paraná, 27 de junho a 3 de julho de 2019
Glenn Greenwald diz que, apesar de ameaças, nada deterá a Vaza Jato Na Câmara, jornalista atestou autenticidade dos vazamentos: “Vamos soltar áudios” Emilly Dulce, São Paulo
O
jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, responsável pela divulgação da série de reportagens “As mensagens secretas da Lava Jato”, participou na terça-feira, 25, de audiência pública na Câmara dos Deputados, onde respondeu a questionamentos de parlamentares. Greenwald criticou a conduta do ex-juiz Sérgio Moro, do procurador da República Deltan Dallagnol e da força-tarefa da operação Lava Jato, na qual, segundo ele, o limite entre Justiça e procuradoria foi ultrapassado. “O material mostrou, e vai continuar mostrando, que Sérgio Moro quebrou o Código de Ética diversas vezes. Ele era o chefe da força-tarefa da Lava Jato, o chefe dos procuradores, e fingia que era um juiz neutro. Isso é um processo totalmente corrupto”, afirmou.
acho que a ameaça mais grave é a que está vindo do próprio ministro, que nos chama de aliados de hackers. Ele está mentindo. A única coisa que nós fizemos foi receber os documentos”, informou. Áudios serão divulgados Ao ser desafiado pela parlamentar
Carla Zambelli (PSL-SP) a mostrar provas sobre a autenticidade das mensagens publicadas, Greenwald respondeu à deputada que divulgará áudios em momento oportuno. “Vamos soltar áudio quando o material estiver publicado e vai se arrepender muito de pedir”. Vinicius Loures | Câmara dos Deputado
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Sargento é preso por transportar cocaína em avião presidencial Militar estava na delegação que acompanhava Jair Bolsonaro em viagem ao Japão Redação A Guarda Civil deteve, na terça, 25, em Sevilha, Espanha, um sargento da aeronáutica que estava com 39 quilos de cocaína em avião da presidência, que transportava parte da comitiva de Jair Bolsonaro, que faz viagem para a reunião do G-20, no Japão. O nome do militar não foi divulgado ainda, mas jornais espanhóis dizem se tratar de um militar de 38 anos de idade e que faz parte da segurança da presidência. Ele foi preso, acusado de tráfico de drogas, quando a polícia encontrou na sua mala 37 pacotes de cocaína. Lei para alguns Em mensagem em sua conta na rede social Twitter, Bolsonaro afirmou que “Hoje pela manhã fui informado pelo ministro da Defesa da apreensão, em Sevilha, de um militar da Aeronáutica portando entorpecentes... Caso seja comprovado o envolvimento do militar nesse crime, o mesmo será julgado e condenado na forma da lei.”
Ameaças “Eu e minha família estamos recebendo muitas ameaças graves, inclusive de morte. Mas, eu
Por 3 a 2, turma do STF nega liberdade a Lula Julgamento do mérito de medida que poderia soltá-lo fica para agosto Redação
A
segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na terça-feira (25), adiar o julgamento do habeas corpus (HC) que pede a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado. Um pedido de liminar para que fosse concedida liberdade provisória a Lula enquanto a corte não julga o HC foi rejeitado por 3 votos a 2. Votaram a favor da liminar os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
Contra, os ministros Edson Fachin, Celso de Mello e Cármen Lúcia. Para Gilmar Mendes, que defendeu a soltura de Lula, a ação tem relação com fatos “cujos desdobramentos ainda estão em aberto”, fazendo referência às mensagens reveladas pelo site The Intercept. Celso de Mello, que votou contra a liberdade provisória, disse que: “Meu pronunciamento não é antecipação de meu voto no mérito”, mas ele não viu a necessidade de concessão de liberdade por liminar. O julgamento definitivo do habeas corpus foi adiado para o segundo semestre.
Nelson Jr. | STF
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Giorgia Prates
Terceirização de UPAs em Curitiba retira pediatria e outros serviços Especialista afirma que experiências em outras cidades trouxeram mais gastos e casos de corrupção Giorgia Prates
Ana Carolina Caldas
A
pesar das manifestações contrárias feitas por profissionais da saúde e servidores, na última quarta-feira (19), o Conselho Municipal da Saúde de Curitiba aprovou por 19 votos a 9 ampliar a terceirização na administração das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) proposta pela prefeitura de PUBLICIDADE
Rafael Greca. Com esta votação, as unidades do Boa Vista, Cajuru e Sitio Cercado serão administradas por uma OS, organizações sociais que prestam serviço a prefeituras. Isso já acontece na UPA do CIC e, por esse modelo, a unidade não tem mais pediatria, não oferece exames de sangue, raio-x e não reduz custo para a prefeitura. “É preciso pensar no imPUBLICIDADE
pacto que isso vai trazer para a gestão pública, ou seja, nos estados que transferiram parcela do seu sistema de saúde para organizações sociais, há pesquisas de instituições com bastante credibilidade que demonstram que se mostrou mais caro que a administração direta, explica Manoela Lorenzi, especialista em saúde do trabalhador. Segundo a especialista, “a justificativa para terceirizar vem de uma estratégia com subfinanciamento, ou seja, recursos insuficientes para saúde e por consequência ineficiência da gestão.“ Manoela também cita que foi observado em experiências em outras cidades que a terceirização traz mais facilidade para corrupção. “Não dá para deixar de falar que são inúmeras as notícias de desvios de recursos detectados onde esses modelos foram implantados.”
Assentamento Contestado comemora 20 anos Antonio Kanova No sábado, 22, o assentamento Contestado, localizado na cidade da Lapa, comemorou seus 20 anos. A festa, aberta para visitantes e apoiadores, contou com aproximadamente mil pessoas, que puderam comemorar e assistir a apresentações culturais. “Aqui era uma terra arrendada. Quando ocupamos a área só tinha milho, soja e madeira”, afirmou Nei Orzekovski, um dos assentados. Naquele período, o Paraná era governado pelo Jaime Lerner, tempos de repressão contra o MST. No entanto, as famílias não viam a repressão como uma forma de desistir do sonho de ter um pedaço de terra para sobreviver. Passados 20 anos, muita coisa mudou. “Morávamos em barraco de madeira. Hoje temos dignidade, trabalho, casa, renda,”, afirma Orzekovski.
Centro cultural No assentamento, as famílias contam com posto de saúde com atendimento médico e dentário, escola do ensino fundamental ao superior, além de área de lazer e campo de futebol e o recém-inaugurado Centro Cultural Casarão. “Este é o momento que conseguimos mostrar o que construímos durante 20 anos, expondo nossa produção, as conquistas, nossas crianças fazendo apresentação, a inauguração de um centro cultural. Tudo isso é o assentamento”, enfatiza Amandha Felix, também assentada. Em 2.259,6 hectares de terra agricultável, o assentamento produz cerca de 4 toneladas de alimentos, são 50 famílias com certificação agroecológica, organizadas na cooperativa Terra Livre. A produção é comercializada através de feiras, sacolão, PAA (programa de Aquisição de Alimentos) PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) etc.
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Cem autores publicam livro “As cartas que Lula não recebeu”
DICAS MASTIGADAS
Curau de milho
Trabalho se soma a outros livros de organização coletiva de autores sobre os temas do golpe e da prisão de Lula Pedro Carrano
Pedro Carrano
Ingredientes 4 espigas de milho 2 xícaras (chá) de leite Meia caixa de leite condensado ¾ de xícara (chá) de açúcar canela em pó a gosto para polvilhar Modo de Preparo Descarte a palha e o cabelo e lave bem as espigas de milho sob água corrente. Retire os grãos do milho com um faca e bata no liquidificador com o leite até triturar bem. Sobre uma panela, passe o leite batido por uma peneira, extraindo todo o líquido – O bagaço pode ser usado depois na receita de um bolo. Misture o açúcar, leve ao fogo médio e mexa com um batedor de arame até começar a ferver. Abaixe o fogo e continue mexendo por mais 5 minutos, até formar um creme grosso – o curau engrossa de repente, se começar a empelotar ou grudar no fundo da panela, retire do fogo e mexa vigorosamente com o batedor. Com uma concha, distribua o creme em seis tigelas individuais e leve para a geladeira. Deixe esfriar por pelo menos 1 hora. Sirva polvilhado com canela em pó.
A
manhã da terça-feira (25) foi marcada na Vigília Lula Livre pela presença de 400 militantes do MST e pelo lançamento do livro “As cartas que Lula não recebeu”. Organizado por Cleusa Slaviero, da editora curitibana Compactos, a coletânea envolve textos, crônicas e artigos de sindicalistas, escritores, educadores do MST, entre outros. São textos de cem autores dialogando com Lula, protestando contra sua prisão ou apontando as contribuições que o ex-presidente trouxe ao país durante seus dois mandatos (2003-2010). O trabalho se soma a outros livros de organização coletiva de autores sobre os temas do golpe e da prisão
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Paraná, 27 de junho a 3 de julho de 2019
O artista popular João Bello é um dos integrantes do livro
de Lula, caso da coletânea chamada “Crônicas da Resistência”, em 2016, à época com a participação de 85 autores. O livro conta com prefácio do candidato à presidência em 2018, Fernando Haddad (PT), que escreveu:
“Aquele operário, que tinha apenas um curso de torneiro mecânico do Senai, trocou o macacão pela toga das mais respeitadas universidades em todo o mundo, as quais o homenagearam com os mais diversos títulos”, descreve.
LUZES DA CIDADE
O chá também é uma prisão Eu e Z havíamos sido convidados a tomar chá com ele, o cara de cachorro. Ele, o sequestrador. Ali estávamos pegando a xícara com a afetação mais imbecil, como se fôramos todos amigos eternos. Mas nunca havíamos sido convidados, de alguma forma fomos obrigados. Nossas almas foram sequestradas. O cara de cachorro era um solitário que nos engoliu para dentro do buraco negro que formava dentro de seus olhos. Aqui a metáfora é um tipo de realidade dolorida. E o veneno ministrado no chá era um tipo de antídoto. Ele também não era um verdadeiro sequestrador. E desde quando importa a verdade sobre a natureza de nossas ações? Nós nos sequestramos? Fomos obrigados pelo segredo que ele sabia de nós. Isso desmascarava nossa verdadeira solidão, engolidos pelo...
Gibran Mendes
Venâncio de Oliveira
Diva Braga
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Paraná, 27 de junho a 3 de julho de 2019
Seleção encara partida difícil contra o Paraguai No começo do mata-mata, Brasil tenta passar por adversário que o desclassificou em duas copas América recentes Frédi Vasconcelos
L
onge de ser uma Alemanha da vida, o Paraguai é um adversário complicado para a seleção brasileira masculina de futebol. Nas últimas cinco partidas disputadas, a seleção só ganhou uma, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, em casa, já sob o comando de Tite. Antes foram quatro empates, sendo que em dois deles, nas copas América de
2011 e 2015, o Brasil acabou sendo desclassificado na disputa por pênaltis. E a seleção entra em campo sem Casemiro, seu volante titular, que dever ser substituído por Fernandinho, jogador com atuações criticadas na última Copa do Mundo. Para “ajudar” mais ainda, o jogo acontece na Arena do Grêmio, que teve o gramado criticado por Messi, Suárez e os técnicos da Argentina e Catar. O gra-
mado ruim prejudica os dois times, mas pode causar mais problemas para o Brasil, que tem jogadores mais técnicos. O lado bom é que o Brasil vem melhorando na Copa América e na goleada contra o Peru fez sua melhor partida em muito tempo sob o comando de Tite. Além de que o melhor jogador desse jogo, o atacante Éverton, conhece cada centímetro de grama do estádio de seu time.
PROVÁVEIS ESCALAÇÕES Brasil Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e Filipe Luís; Fernandinho, Arthur e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Everton.
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Paraguai Gatito Fernández; Piris (Escobar), Gómez, Balbuena (Alonso) e Arzamendia; Rodrigo Rojas, Richard Sánchez; Oscar Romero (Matias Rojas) e Derlis Gonzalez; Almirón e Óscar Carozo (Santander).
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Elas por ela Fernanda Haag
Uma jornada e tanto e o que está por vir A seleção brasileira fez seu último jogo na Copa do Mundo da França no domingo, 23. A França levou a melhor e eliminou o Brasil por 2x1 com um gol já no segundo tempo da prorrogação. O placar apertado corresponde ao jogo, equilibrado. Para quem achava que a França daria um passeio a situação foi bem diferente. Nossas jogadoras mostraram talento e, acima de tudo, raça. Foram melhores em vários momentos da partida e jogaram a pressão para as francesas. Ficou aquele gosto amargo e vários “E se” passando na cabeça, porém, caíram de pé. Talvez a principal mudança desta copa tenha sido o reconhecimento pelo qual elas lutam há muito tempo e os brasileiros terem “descoberto” a seleção feminina. Uma prova disso é que, de acordo com o Ibope, mais de 30 milhões de pessoas assistiram ao jogo com a França. É uma conquista. Porém, sabemos que há muito a ser feito. O Brasil volta para casa, mas os torneios daqui continuam. Temos estaduais, Brasileirão (A1 e A2) e Libertadores. Para a modalidade decolar é fundamental acompanharmos esses campeonatos e continuar apoiando.
Subir com a torcida
Somos valentes
Força, Rodolfo
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
O reencontro do Coritiba com seu torcedor pode parecer distante – será em uma manhã de sábado, 20/7, dia de feirinha no Alto da Glória. Ideal para o coxa-branca comer pinhão ou pastel, beber cerveja ou quentão, pouco antes ou depois do jogo contra o São Bento agendado para as 11 horas. Os primeiros confrontos no Couto Pereira na Série B deste ano constituíram a primeira sequência de quatro públicos superiores a 30 mil pagantes de um só clube na história do futebol paranaense: em média, 34.361 torcedores compareceram ao estádio para os jogos diante de Ponte Preta (31.167), Londrina (33.471), Cuiabá (35.586) e Paraná Clube (37.220). Com 12 pontos nas primeiras oito rodadas, o alviverde terá de contar com a torcida para fazer valer o mando de campo nas 15 partidas que restam em casa, tal como ocorreu nas vitoriosas campanhas de 2007 e 2010, quando ascendeu à Série A como campeão.
Esse é o nome da nova fornecedora de material esportivo do Paraná Clube. Marca própria, criada pelo clube para colocar fim ao descontentamento frente às fornecedoras tradicionais. A iniciativa não é novidade no país. Clubes como Fortaleza, Bahia, CSA e Coritiba também fizeram as contas e viram que os contratos com as empresas de material esportivo não valiam a pena. O dinheiro recebido era pouco e a eficiência na produção deixava a desejar. Para ter uma ideia, de acordo com o próprio Coritiba, em menos de um ano, o lucro com a marca própria já teria alcançado a casa dos R$ 2 milhões. O marketing do tricolor prepara evento para lançar o novo manto no dia 10/7, na sede social da Kennedy. Também tem promoção para quem reservar a compra da nova camisa, que sairá por R$ 200. Os 300 primeiros compradores realizarão o sonho de disputar uma partida no gramado da Vila Capanema.
Dependência química é doença, não é trapaça. O goleiro Rodolfo, ex-Athletico e hoje no Fluminense, foi, mais uma vez, pego no antidoping por uso de cocaína. Já enfrentou problema idêntico em 2012, quando atuava pelo Furacão. Na época, teve todo o apoio do clube, cumpriu quase dois anos de suspensão e voltou a jogar em alto nível. No Fluminense, a doença voltou a atrapalhar. Reincidente, o goleiro, que até abriu mão da contraprova, admitindo o uso da droga, pode pegar suspensão ainda mais dura. E vale a pergunta: qual o efeito de uma punição severa a um dependente químico? Rodolfo não utilizou cocaína para melhorar seu desempenho. Seu caso não é de trapaça, é de saúde. Proibi-lo de exercer a profissão só vai piorar o quadro. O Athletico se dispôs a ajudar o atleta, bela atitude. O Fluminense também prometeu prestar todo apoio ao jogador. Força, Rodolfo!