Confira a programação de escolas de samba da capital
PARANÁ
Esportes | p. 8
Tem reposição? Athletico perde seis jogadores essenciais Divu lgaç ão
Carnaval é resistência
Miguel Rodrigues Fotografia
Cultura | p. 7
Ano 4
Edição 153
6 a 12 de fevereiro de 2020
distribuição gratuita
Bolsonaro abandona setor de fertilizantes Petroleiros em 12 estados e 30 unidades de trabalho dizem não a 1.000 demissões e fechamento de fábrica Geral | p. 3 Gibran Mendes
www.brasildefato.com.br/parana AFP
SUS SE PREPARA PARA ENFRENTAR CORONAVÍRUS No Paraná, dengue e febre amarela ainda são riscos maiores Brasil | p. 5
Direitos | p. 6 Ato contra demissões na Fábrica de Fertilizantes da Petrobras em Araucária
Suspender despejos Roberto Baggio fala de agressões do governo do estado aos sem-terra Brasil | p. 4
Violência intolerável Casos de feminicídio aumentam. Curitiba tem ato contra violência Brasil | p. 4
Cineasta contra fascistas Indicada ao Oscar é atacada pelo governo por denunciar golpe
EDITORIAL
Por que defender a greve dos petroleiros?
A
disputa pelas riquezas do petróleo estouram no mundo todo. No Brasil, o conflito se dá entre a defesa de uma empresa púbica, que reverta a sua produção para todo o povo brasileiro, ou a concessão para exploração privada dos recursos naturais, gerando lucro apenas a bancos. O fechamento e a privatização de várias refinarias em curso faz parte do desmonte que o governo Bolsonaro e sua política neoliberal defendem. Privatizar a Petrobras faz com que o povo pague caro em gasolina e gás de cozinha e faz o Brasil perder bilhões que deveriam ser investidos em áreas de Saúde e Educação. Milhares de trabalhadores podem ficar sem emprego, impactando também a economia de municípios e estados. A greve dos petroleiros, iniciada no dia 1º de fevereiro, exige a suspensão do fechamento e das cerca de mil demissões na Fábrica de Fertilizantes
SEMANA
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 12 de fevereiro de 2020
Nitrogenados (Fafen-PR), em Araucária, e o cumprimento do acordo coletivo de trabalho.
Privatizar a Petrobras faz com que o povo pague caro em gasolina e gás de cozinha Sem indústria, o desemprego se mantém e todo povo brasileiro é afetado. A sede da Petrobras no Rio está ocupada e a greve já alcançou 30 unidades, em doze estados, com a adesão de cerca de 18 mil funcionários, segundo a Federação Única dos Petroleiros. A mobilização tem apoio dos movimentos populares, em defesa dos trabalhadores e da soberania nacional.
Cinema: o futuro incerto de um futuro promissor
OPINIÃO
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Ulisses Galetto,
pesquisador em políticas públicas de cultura, doutor em História e músico
A
indústria do audiovisual tem mostrado vigor em sua resistência criativa e produtiva, em que pese o Brasil esteja passando pela pior crise econômica de sua história. Em 2019, o impacto dos investimentos para o setor deve chegar a aproximadamente 1,7% do PIB, o equivalente a R$ 32 bilhões. Muita coisa para um único segmento da indústria criativa. A quase totalidade dessa exuberância se deve aos investimentos públicos, a maior parte deles vindo através do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA, criado pela Lei n˚ 11.437/2006 e regulamentado pelo Decreto n˚ 6.299/2007. De lá pra cá, apenas por esse mecanismo foram investidos algo próximo de R$ 7 bilhões de reais nas mais variadas linhas de fomento, abrangendo filmes de longa, curta e média metragens, séries e pilotos de séries televisivas etc., contemplando as demandas dos meios de comunicação audiovisual de massa públicos e privados.
Em uma escala ascendente de investimentos desde 2007 e com o auge atingido em 2014 (R$ 1,035 bilhão de reais), a partir de 2015 (ano emblemático, a meu ver) o FSA vem sofrendo cortes constantes e gradativos, ano a ano: 2015, R$ 992 milhões; 2016, R$ 838 milhões; 2017, R$ 748 milhões; 2018, R$ 724 milhões; 2019, R$ 400 milhões; 2020, previsão de R$ 724 milhões em investimentos, como em 2019, mas nenhuma garantia real de execução orçamentária. Se levarmos em consideração os dados históricos apenas do FSA, não temos motivos para acreditar em incremento nos investimentos. Ao contrário, o fundo vem sendo severamente atacado, tanto do ponto de vista dos recursos alocados quanto em relação à forma de seu gerenciamento. Aspectos como diversidade cultural, democratização de recursos, acesso de categorias iniciantes, prevalência de segmentos públicos na distribuição e veiculação de conteúdos etc., têm sido questionados, quando não atacados frontalmente. É o que veremos no próximo artigo.
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 153 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Venâncio de Oliveira, Ulisses Galetto, Lucas Botelho e Valter de Jesus Leite ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 10 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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Paraná, 6 a 12 de fevereiro de 2020
FRASE DA SEMANA
“Eu nunca achei que na minha vida veria tanto retrocesso...”
Bolsonaro culpa governadores pelo preço da gasolina e eles reagem O presidente Jair Bolsonaro responsabilizou os governadores pelo preço alto da gasolina nos postos de combustíveis. Ele usou sua conta no Twitter para dizer que o governo promoveu três descontos seguidos, mas que a redução do custo não chega às bombas. Bolsonaro culpa o valor do ICMS cobrado pelos estados. Contudo, em janeiro, o preço da gasolina subiu nas distribuidoras, desmentindo o presidente. A redução de preços não se reproduz nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em levantamento feito pelo DIEESE-PR. Saltou de R$ 4,78, em janeiro, para R$ 4,89 em fevereiro. No Paraná, cidade com a gasolina mais cara nos postos foi Londrina: R$ 4,89. 23 governadores, entre eles Ratinho Júnior, criticaram o presidente por responsabilizá-los pelo custo da gasolina para os consumidores. Em nota, dizem que Bolsonaro lida de forma irresponsável com os números e dados e visa apenas a agradar seu eleitorado. “Nos últimos anos, a União vem ampliando sua participação frente aos estados no total da arrecadação nacional de impostos e impondo novas despesas, comprimindo qualquer margem fiscal nos entes federativos”.
Caetano Veloso, pelo Twitter, ao defender o documentário de Petra Costa, “Democracia em Vertigem”, dos ataques do governo Bolsonaro. O cantor e compositor também afirmou que o atual governo está travando uma verdadeira guerra contra artes e seus criadores, a Amazônia e os direitos humanos em geral. Divulgação
Luta pela manutenção da Fafen é pauta fundamental da greve dos petroleiros Governo anunciou em 14 de janeiro o fechamento da subsidiária da Petrobras, o que vai gerar desemprego em massa Ana Carolina Caldas Desde o dia 1º. de fevereiro de 2020, mais de 8 mil petroleiros filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) estão em greve nacional, por tempo indeterminado. Uma das principais pautas é contra as demissões dos trabalhadores petroleiros no geral e sobretudo na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), localizada em Araucária. O balanço parcial da FUP é que trabalhadores de 30 bases da Petrobras, em 12 estados, aderiram ao movimento. Segundo comunicado da empresa, as demissões acontecerão a partir do
dia 12 de fevereiro. Em matéria anterior, o Brasil de Fato Paraná já trazia a informação que o processo de demissão é ilegal. Já o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR) afirma que “A postura da Petrobras não só fere todo e qualquer princípio ético na relação negocial entre entidade de classe e empresa, como também descumpre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2019”. No Paraná, desde o anúncio do fechamento da empresa, atividades politicas, culturais e de organização têm acontecido na frente da empresa. O fechamento da Fafen ainda não
aconteceu porque a gestão da Petrobras encarregou os trabalhadores que serão demitidos de fazer o processo de drenagem e registro de produtos ali guardados, como amônia, etanol e elementos radioativos. No fim de semana, enquanto a manifestação de greve acontecia, um vazamento de amônia ocorreu, levando um trabalhador para o hospital. Com a chegada no local da Procuradora Cristiane Sbalqueiro, do Ministério Público do Trabalho, os trabalhadores foram liberados. Segundo Gerson Castelhano, diretor do Sindiquímica, “mesmo com essa ocorrência no trabalho dos funcionários que já serão
Prática antissindical No começo dos trabalhos da Assembleia Legislativa do Paraná, Alep, representantes de entidades sindicais fizeram manifestação contra o ataque de Ratinho Junior às entidades sindicais. Convocada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES), o ato denunciou o Decreto 3808/2020, medida que exige recadastramento dos servidores no sistema do governo para que haja contribuição a sindicatos e associações. Na prática, o recadastramento promove a suspensão do desconto já autorizado pelo funcionalismo, o que impactará diretamente no enfraquecimento das entidades dos trabalhadores. Além de limitar os serviços prestados por estas entidades, como atendimento jurídico, o uso de espaços de lazer e recreação e o acesso a convênios de saúde, bem como o direito a voto em assembleias.
CarnaCut Na quinta-feira, 20 de fevereiro, o bloco carnavalesco e revolucionário “Balança Povo que o de Cima Cai” estará no Gilda Bar (Rua Cândido Lopes, 323), a partir das 16h30. Na letra da marchinha, uma visão bem-humorada sobre a realidade do país: “Chega de tanta mentira/ Privataria e trairagem/ Nossa folia faz trolagem pra otário:/ Chega de Mouro, Mourão e Bolsonário!
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Ser mulher ainda é um perigo no Brasil Números de feminicídio aumentam a cada ano. Advogada aponta cultura machista como principal fator Giorgia Prates
Ataque do governo a cineasta fere a Constituição Conta de secretaria de comunicação foi usada para chamar diretora indicada ao Oscar de militante anti-Brasil Redação, Brasília (DF)
O
Lia Bianchini
“M
enos um lugar na mesa, mais um nome na oração”. Assim, com um poema de Mario Quintana, foi lembrada a morte da bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, no ato em repúdio ao feminicídio realizado em Curitiba, no sábado (1). Magó, como era conhecida a bailarina, foi brutalmente assassinada no último dia 26, em Mandaguari, na região de Maringá (PR). O número de mulheres com lugares retirados à mesa e nomes lembrados em orações só cresce, tanto no Brasil quanto no Paraná. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2017, 1.151 mulheres foram vítimas de feminicídio em todo o Brasil. Em 2018, aumentou para 1.206. Já no Paraná, foram registrados 41 feminicídios em 2017, 61 em 2018 e 73 de janeiro a outubro de 2019, segundo infor-
mações da Secretaria de Segurança Pública do estado. A tipificação “feminicídio” é recente no Brasil. A lei entrou em vigor apenas em 2015. Enquadram-se nela os crimes contra mulheres “por razões da condição do sexo feminino”, que, segundo a lei, são aqueles em que há “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. Para a advogada Sandra Lia Barwinski, integrante do Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), um fator determinante para a prática de feminicídio é a cultura machista na qual o país está inserido. “A cultura de você achar que há uma superioridade masculina e de que a mulher precisa se adequar às normas sociais que a colocam em determinado papel social. Quando a mulher não cumpre esse papel social, aí vem toda a violência que culmina no feminicídio”, explica.
ataque direcionado à cineasta Petra Costa, diretora do filme “Democracia em Vertigem”, por meio de uma conta institucional da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) provocou reações em Brasília. Na segunda-feira (3), ao exibir um vídeo em que a cineasta critica o governo, o perfil oficial da Secom no Twitter afirmou que Petra assumiu o “papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do país no exterior”. Na terça-feira (4), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que Petra foi vítima de “intolerável agressão do governo Bolsonaro”. “A Secom usa a máquina pública para incitar ódio contra uma artista. Mas Petra nos enche de orgulho. Por ser mulher, talentosa, representar o país no Oscar
e ter feito um filme que desmascara o golpe do impeachment ilegal de 2016 que levou o Brasil ao desastre chamado Bolsonaro”, disse a ex-presidente. Segundo Marina Pita, coordenadora do coletivo de comunicação Intervozes, o episódio traz à luz uma falha grave na lei brasileira: não há regras de transparência na comunicação institucional do governo. É mais um caso para a gente levar para órgãos internacionais que estão observando o direito à liberdade de expressão no Brasil. Marina reforça que o papel de um meio institucional de comunicação é o de disseminar informações de interesse público, e não ataques pessoais, como foi o caso. “Do jeito que está colocado, com vídeo, com a imagem da Petra, é um ataque bastante direto a uma pessoa que está produzindo comunicação”, opina a coordenadora do Intervozes. Ricardo Stuckert
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Médica destaca agilidade do SUS para enfrentar coronavírus Sistema público de saúde está formando rede para conter possibilidade de epidemia Ana Carolina Caldas
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o final de 2019, foi anunciada a descoberta de um novo coronavírus na China. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) já são mais de 24 mil pessoas infectadas lá e há casos em outros países também, com centenas de mortes. No Brasil, por enquanto, são 11 casos em investigação, mas nenhum confirmado. Porém, desde as primeiras notícias, há uma rede sendo formada a partir do Sistema Único de Saúde (SUS) para prevenção e enfrentamento se a epidemia chegar. A coordenadora do Núcleo de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital do Trabalhador do Paraná, Dra. Maria Esther Graf, destaca a
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agilidade na formação dessa rede que é, para ela, uma noticia para diminuir o pânico na população. “Há uma rede já estabelecida rapidamente no Brasil inteiro para identificar casos suspeitos. E estados e municípios estão organizados, olhando suas particularidades.” Como está o Paraná No Paraná, em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que no dia 3 de fevereiro foi ativado oficialmente o Centro de Operações em Emergências (COE) com o objetivo de definir as estratégias e procedimentos para o enfrentamento da situação epidemiológica relacionada ao novo coronavírus. Segundo Esther, “já existe a escolha dos hospitais que serão referência para atendimento dos casos que vierem aparecer. Um de-
China construiu hospital em 10 dias para tentar conter vírus em área mais afetada
les é o Hospital do Trabalhador, e já vem sendo feito treinamento, tanto do ponto de vista teórico como prático dos funcionários. Já existem protocolos de atendimentos, de recepção dos
pacientes infectados, coleta de exames, instrumentos necessários, entre outros.” Como todas as notícias sobre epidemias que levam a óbito, existe a possibilidade de gerar pânico na popu-
lação. “O que temos que nos preocupar, no momento, aqui no Paraná, é com dengue, febre amarela. Não há coronavírus no Brasil. Não há razão para pânico,” afirma Esther.
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VOLTA
Após pressão, governo diz que vai trazer brasileiros que estão na China Redação, São Paulo Depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarar que não seria “oportuno” a repatriação de brasileiros que se encontram na China, o governo afirmou no domingo (2) que “adota todas as medidas necessárias” para trazer os cidadãos de volta ao Brasil. A decisão ocorre após o apelo de brasileiros para que fossem retirados da cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Até então, a postura do governo diante da situação era de que estratégias estavam em estudo, mas que havia en-
traves diplomáticos, jurídicos e orçamentários. A informação sobre o retorno dos brasileiros foi confirmada por meio de nota conjunta assinada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Segundo o comunicado, a operação ainda está sendo planejada pelo Ministério da Defesa, por meio da Força Aérea Brasileira (FAB). O que já está definido é que, assim que chegarem ao Brasil, as pessoas repatriadas deverão ser submetidas à quarentena, de acordo com procedimentos internacionais, sob a orientação do Ministério da Saúde.
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Esperamos que suspendam todos os despejos em 2020
ECOLOGIA
ENTREVISTA
Mil árvores são plantadas em acampamento do MST Valter de Jesus Leite, Ortigueira (PR)
Mil mudas de árvores foram plantadas no acampamento Maila Sabrina, em Ortigueira, durante o encerramento do Curso de Formação dos Coletivos Pedagógicos das Escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná. A ação ocorreu no dia 31 de janeiro e faz parte do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, lançado pelo MST no final de 2019, com a meta de plantar 100 milhões de árvores em todo o Brasil, ao longo de 10 anos.
Da coordenação nacional do MST, Roberto Baggio fala da repressão do governo do Paraná à reforma agrária Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano
C
omo reação a nove despejos de sem-terra que ocorreram no Paraná em 2019 e à ameaça de novas ações violentas, o Brasil de Fato Paraná entrevistou, com exclusividade, Roberto Baggio, membro da coordenação nacional do MST. Leia aqui trechos em que ele fala da ação do governador Ratinho Júnior e da violência que vem ocorrendo no estado. Para assistir à entrevista completa acesse facebook.com/ BDFPR Brasil de Fato Paraná – A reforma agrária não está paralisada apenas pelo governo Bolsonaro. No Paraná, com Ratinho Jr., nove áreas sofreram despejo, com 500 famílias que ficaram sem ter onde morar ou produzir. Roberto Baggio – Aqui no Paraná, desde 1982, com o velho Richa, o governador sempre complementou as políticas agrárias do governo federal. Os governadores sempre ajudaram, independente da filiação partidária, a buscar resolver o conflito. O estado e os municípios é que se beneficiam da reforma agrária porque gera aquecimento da economia, emprego, imposto, saúde, educação, fomenta a economia como um todo. E o estado não pode ficar só na repressão, no despejo. Estamos insistindo com o governador e sua equipe que o governo do Paraná tem de ajudar a resolver parte dos problemas agrários. E ajudar não é tratar a questão com polícia, que chega e, de uma ho-
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ra para outra, destrói comunidades que estavam lá há 15, 20 anos, trabalhando, produzindo, tinham casa, escola, e perdem tudo. BDF – A gente viu prefeitos tentando interferir junto ao governador e à PM para que os despejos não fossem feitos porque em alguns municípios os acampamentos de sem terra são a principal economia local. Baggio – Os prefeitos, os vereadores, as associações comerciais locais, todos nos apoiam porque a presença desses trabalhadores lá na cidade fomenta a economia. O comércio local dos municípios respira a agricultura. Eles entraram em campo, se articularam e não deu resultado. Tem muitos de-
putados estaduais envolvidos, e a ação deles também não deu resultado. Temos também um conjunto de bispos nas dioceses que conhecem as realidades das famílias, eles se reuniram duas vezes com o governador, que se comprometeu a buscar uma solução e nada aconteceu. Tem um conjunto de iniciativas também no Ministério Público, na Defensoria Pública, mesmo no Tribunal de Justiça, no sentido de resolver sem fazer os despejos. E mesmo assim a gente não está entendendo porque o governador insiste nesses despejos. Esperamos que a partir de 2020 se suspendam todos os despejos. Temos de convencer o governador, e outros setores já estão convencidos, de que despejar é um péssimo negócio.
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Paraná, 6 a 12 de fevereiro de 2020
Leões da Mocidade traz para avenida festas populares do Paraná Pré-Carnaval das escolas de Curitiba Embaixadores da Alegria Ensaio de Rua / Aquecimento para Ensaio Técnico Onde: Santa Quitéria, nas últimas duas quadras da Rua Ulysses Vieira Quando: domingo 14h às 17h Quanto: gratuito Enamorados do Samba Grito de Carnaval - Roda de samba e ensaio técnico Onde: Paraná Clube - Ginásio, Rua São Paulo, nº 1500. Quando: Sábado das 15h às 22h Entrada: R$ 5
Imperatriz da Liberdade Ensaio Aberto Onde: Chácara Amaral, Estrada do Ganchinho, nº 6131, Umbará.
Quando: Toda sexta-feira, às 20h Entrada: Gratuita Leões da Mocidade Grito de Carnaval - Shows dos grupos Curte Samba, Grupo Canjão, Bateria Renegados e da Bateria Bafo dos Leões. Feijoada completa. Onde: Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército, rua Maria Luiza Curial dos Santos, nº714, bairro Boqueirão. Quando: Sábado, 12h às 20h Entrada: R$ 25 Divulgação
As aves voam. Façanhas se rabiscam no céu. Há dias eu as queria libertar. O pio doloroso. Apenas eu as alimentava. No primeiro dia morri de medo, mas depois me senti corajosa. A casa proibida do assassino da vendinha. Ele havia fugido. Era um tipo sem ninguém na vida. Dizem que matara o velho por uma brincadeira boba, num dia de cachaça. Eu me sentia constrangida a libertá-las, mas isso já seria demais. Imagina se o assassino voltasse. Nenhum pássaro… A única coisa que o ligava à humanidade... Tal-
vez estivesse perdido para sempre. Chamara amigos. Ninguém. Aumentava meu ódio à covardia. Um dia vadiava pela rua. E o Boca mole me grita. - Ei! (...) – Não sei a razão de odiá-lo tanto. Aquele jeito entediante. A voz meio amarelichatinha. Ele causava uma mistura de repúdios complexos em mim. Ninguém gostava dele. Já era gata. E ele, quem era ele? Mas naquele dia eu e o Boca mole iríamos romper os céus. Sua boca mole e cheia de tédio se converteria em algo alucinante.
DICAS MASTIGADAS
Bolinho de arroz frito Ingredientes 2 xícaras de arroz cozido, 1 ovo, 1/2 xícara de leite, 4 colheres, (sopa) de queijo parmesão ralado, farinha de trigo até o ponto, cebola, sal, cebolinha, coentro Recheio: uma azeitona, um pedaço de queijo ou o que desejar.
Diva Braga
Conhecida por ser uma das escolas de samba mais inclusivas de Curitiba, a Leões da Mocidade trará na sua comissão de frente integrantes portadores de necessidades auditivas. Integram a escola também moradores das Ocupações do CIC e do Movimento Sem Terra, integrantes do movimento sindical, professores universitários etc. Fundada em 2007, a escola sempre privilegia homenagear temas referentes do Paraná. A poetisa Helena Kolody e o maestro e compositor Waltel Branco já foram temas escolhidos. Para 2020, conta o presidente da escola, Mario Cândido de Oliveira, “o enredo trata das Festas Populares do Paraná, sejam religiosas ou gastronômicas, como a Festa da Tainha, Festa da Uva e ainda a Festa do Divino e até a tradicional lavagem da escadaria da Igreja Nossa Senhora do Rosário.”
Por Venâncio de Oliveira
As aves voam
Escola terá comissão de frente com portadores de necessidades auditivas Ana Carolina Caldas e Lucas Botelho
Gibran Mendes
Modo de preparo Em uma tigela, junte o arroz, os temperos, o queijo e o leite e amasse tudo com um amassador (pode usar o fundo de um copo para amassar). Acrescente farinha de trigo até dar liga. Em uma tigela, misture todos os ingredientes. Faça uma bolinha, abra um furo no meio, coloque o recheio e feche o bolinho. Pode fritar sem recheio também. Frite em óleo quente.
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O ano da consolidação? Seis jogadores fundamentais e o técnico saíram e não houve reposição
“O
Athletico mudou de patamar”. Depois de dois anos de conquistas, isso foi o que mais se falou sobre o clube paranaense. E 2020 será o ano de confirmar essa afirmação. Mas como fazer sem os principais nomes que levaram o clube a essas conquistas? Renan Lodi, Bruno Guimarães, Marco Ruben, Madson, Marcelo Cirino e Léo Pereira. Seis jogadores fundamentais, além do técnico, não estão mais no elenco para 2020. Rony ainda é uma incógnita. Em litígio, forçando uma transferência, negocia a permanência, mas com que motivação? De reforços, até agora, ninguém que empolgue: Fernando Canesin, Marquinhos Gabriel, Carlos Eduardo. O cofre está cheio, mas a carteira, parece, não será aberta. O clube mantém sua política de não fazer grandes contratações nem estourar seu
teto salarial e, enquanto vê seus adversários se reforçarem, volta a apostar na base, rezando para que do time sub23, que disputa o Campeonato Paranaense, saiam nomes que substituirão todos esses jogadores importantes. Mas, mesmo que consiga (não surgem um Lodi e um Bruno Guimarães por ano), esse processo é demorado, as revelações precisam ser lançadas no seu tempo, é preciso paciência, não se pode queimar etapa. E é ano de Libertadores, competição que não perdoa. Uma derrota em casa já pode representar a eliminação na primeira fase. Se, nos anos anteriores, o Furacão jogou o Paranaense com os aspirantes para preparar o time principal, neste ano o faz para montar um time principal. E só perceberemos se a montagem foi bem feita em 3 de março, na estreia da Libertadores, em casa, diante do Peñarol, num primeiro jogo que já será decisivo.
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Ranking da CBF para o futebol de mulheres No dia 4, a CBF divulgou o ranking nacional de clubes. A Ferroviária, atual campeã brasileira, lidera a lista com 9.936 pontos. A equipe de Araraquara após o título nacional subiu três posições no ranking e desbancou o São José, líder em 2019, que caiu da primeira para a quinta colocação. Em seguida temos o Flamengo, com 9.800 pontos, e a terceira posição ficou com a equipe do Corinthians, com 9.424 pontos. A primeira equipe paranaense do ranking é o Foz Cataratas, em sexto lugar, depois vem o Toledo, em 39º. As duas equipes disputarão o campeonato brasileiro séria A2 em 2020, com início em 15 de março. Lembrando ainda que o Athletico também disputará no torneio e caiu no mesmo grupo que o Toledo. A CBF ainda informou que o ranking é estabelecido a partir de um cálculo sobre o desempenho dos clubes nos campeonatos recentes.
Divulgação
Roger Pereira
Torcer por Barroca
15 reforços?
Por Cesar Caldas
Redação
Os dois primeiros anos da gestão do presidente Namur deixaram claro que, a depender dele, do G-5 e do superintendente plantonista de futebol, o be-a-bá do planejamento será ignorado de novo em 2020. A ordem cronológica obrigatória (planejar – fi xar metas – estabelecer micro e macro estratégias – executá-las com eficácia) só funcionará se for fi xada secretamente pela própria comissão técnica, ignorando em parte os “palpites de cima” que só têm atrapalhado. Os degraus hierárquicos mais altos já se mostraram sobejamente indecisos, claudicantes e ineptos. Foram duas desclassificações vergonhosas para times medíocres na Copa do Brasil e dois fracassos inaceitáveis no Estadual. Na Série B, um 10º lugar em 2018 e o acesso apenas na última rodada no ano passado. A felicidade da torcida passa pela autonomia do técnico Eduardo Barroca.
Com a chegada de Renan Bressan, ex-Cuiabá, o Paraná Clube completou mais de um time de novos jogadores. O goleiro Marcos, os laterais-direito Paulo Henrique e Rafael França, os zagueiros Facundo Falcón e Thales, o lateral-esquerdo Hulk, os volantes Gabriel Kazu e Kaio, os meias Dudu e Michel e os atacantes Gustavo Mosquito, Marcelo, Robson e Rodrigo Rodrigues, completam a lista de 15 jogadores que chegaram para “reforçar” o time. Dará certo? Terá investidor estrangeiro? Não dá para saber ainda, mas contratações de “baciada”, de jogadores desconhecidos, de graça ou por baixos valores, é uma prática que não costuma dar certo. Mas uma prévia do que será este ano poderá ser vista nesta quarta, na estreia da Copa do Brasil, contra o Palmas. Em disputa, os R$ 650 mil de quem chega à segunda fase, essenciais num ano de verbas curtas.