Brasil de Fato - Edição 127

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Arte que nos salva

Divulgação

Cultura | p. 7

Esportes | p. 8

Brasil de Marta avança

Entrevista exclusiva com a cantora Tulipa Ruiz

E pegará França ou Alemanha nas oitavas

Divulgação

PARANÁ

Ano 4

Edição 127

19 a 26 de junho de 2019

distribuição gratuita

www.brasildefato.com.br/parana

MAIS UMA BOMBA DA #VAZAJATO Moro agiu para favorecer Fernando Henrique Cardoso e prejudicar defesa de Lula Brasil | p. 4 Fotos: Agência Brasil | Montagem: Vanda Moraes

Giorgia Prates

MUDANÇAS NA PREVIDÊNCIA Após pressão e greve, texto é alterado, mas reforma prejudica trabalhadores Brasil | p. 5

Brasil | p. 6 Cidades

Especial Sercomtel Trabalhadores oferecem alternativas para empresa não ser privatizada

Geral | p. 3

Ajude a manter o BDF-PR nas ruas Campanha de arrecadação é lançada na plataforma Benfeitoria


Brasil de Fato PR 2 Opinião EDITORIAL

O

Brasil de Fato PR

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

Lula deve ser solto

OPINIÃO

centuais contra 8 de Bolsonaro. Um que muda no Brasil com as reano depois, foi preso e ficou de fora velações das mensagens secreda disputa das eleições. A Lava Jato tas da Lava Jato? O The Intercept abria caminho para outro candidavem publicando, desde o início do to, e o Ministério da mês, série de reportagens que escancaram A Lava Jato abriu Justiça e da Segurança Pública foi o prêos desvios na condemio do ex-juiz Moro. nação de Lula pela caminho para No próximo dia 25, Justiça Federal. As ex- outro candidato, a validade dessa conpectativas sobre o que e o Ministério denação de Lula deve ainda há por vir e soser julgada pelo Subre os desdobramen- da Justiça e premo Tribunal Fedetos disso tudo são da Segurança ral. Sabemos que, no grandes. Pública foi o aspecto jurídico, as No mês de março leis processuais brade 2017, Moro enca- prêmio do ex-juiz sileiras proíbem esse minhou dicas de in- Moro tipo de relação envestigação para o Mitre o juiz e as partes. nistério Público. Esse É algo bastante evidente: o juiz não fato, por si só, revela a parcialidade pode combinar a tática do jogo com do juiz na condução e no julgamenum dos times no vestiário e, depois, to dos processos da Lava Jato. É bom subir pro campo com o cartão verlembrar que, nessa época, Lula lidemelho já na mão. A partida deve ser rava todos os cenários nas pesquisas anulada. E Lula deve ser solto. eleitorais. Alcançava 26 pontos per-

SEMANA

Quem causa prejuízo ao Brasil? Divulgação

Claudir Nespolo,

metalúrgico e presidente da CUT-RS

D

esde 2016, os grandes empresários brasileiros impõem uma agenda de prejuízos para o país e insuportáveis sofrimentos ao povo. Patrocinaram uma reforma trabalhista com a promessa de gerar empregos. Porém, o número de desempregados se aproxima dos 14 milhões, e mais de 28 milhões de trabalhadores estão abandonados na informalidade, subcontratação e em ocupações precárias. Além disso, o IBGE noticiou algo emblemático dessa macha à ré: 14 milhões de famílias estão utilizando carvão e lenha para cozinhar alimentos. As projeções do PIB despencam mês a mês. A mais recente prevê crescimento de apenas 1,13% em 2019. Tecnicamente, a economia está estagnada e já se comenta que as metas para 2020 não se realizarão. A pesquisa de Sondagem Industrial, realizada pela CNI, detectou preocupante nível de ociosidade (66%), produção em baixa

e estoques indesejados (empacados). O comércio varejista vegeta com um decréscimo de -0,6%. Itens do consumo básico, como roupas, alimentos, artigos farmacêuticos e bebidas, são os mais afetados. O que mais se vê no comércio são anúncios de “aluga-se”. Até mesmo os centros comerciais populares estão desertificados. Na verdade, amplos setores do empresariado, liderados pelo mercado financeiro, forjam uma crise econômica para aprovar sob ameaça de caos um conjunto de “reformas”, como o engodo da “nova aposentadoria”, quando os reais problemas são as altas taxas de juros, a sonegação e as renúncias fiscais, dentre outros. Cessem os cortes na educação! A juventude precisa de futuro. Basta de desemprego e de retirada dos nossos direitos que, apesar de poucos, são sagrados! Os trabalhadores, quando entram em cena com greves, protestos e manifestações mudam o rumo da história. Amanhã não seremos omissos.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 127 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Mariana Sanchez , Wagner de Alcântara Aragão e Claudir Nespolo ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


Brasil de Fato PR

Brasil de Fato|PR Geral 3

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

QUE DIREITO

FRASE DA SEMANA

Conta de luz mais cara A Copel vai subir a conta de luz dos paranaenses a partir da semana que vem (24/6). O aumento de 3,41% foi autorizado pela ANEEL, agência do governo federal que decide sobre os preços cobrados pelas companhias. Para justificar o aumento, a ANEEL alega que, ao calcular o reajuste, conforme estabelecido no contrato de concessão, foi considerada a variação de custos associados à prestação do serviço. O índice de reajuste da empresa foi positivo, principalmente, pelos impactos dos componentes financeiros. A alta autorizada poderia ser bem maior. Em comunicado ao mercado logo após o anúncio da ANEEL, a Copel informou que a “Inclusão dos componentes financeiros” equivalia a um reajuste de R$ 10,54. “A inclusão dos componentes financeiros no processo atual se deve, em especial, ao repasse dos custos com compra de energia acima da cobertura tarifária no período anterior”, observa Adriano Rudek de Moura, diretor de Finanças e de Relações com Investidores. O anúncio do reajuste fez as ações da Copel operarem em alta de 0,76% hoje. Elas estão R$ 47,69 após um período de quedas. Divulgação

É ESSE?

“Agora (ainda que tardiamente) me junto ao coro de #lulalivre”

Rubens Bordinhão Neto

Processo fraudulento

Postou em seu Instagram o ator Thiago Lacerda, que apoiava a Lava Jato, mas mudou de opinião ao ver as conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da operação. Divulgação

Ajude a manter o Brasil de Fato Paraná nas ruas Ana Carolina Caldas Semanalmente são distribuídos gratuitamente 20 mil exemplares da edição impressa do jornal Brasil de Fato Paraná. É o único jornal voltado para a classe trabalhadora que tem sua versão impressa. Além disso, sua distribuição é feita por militantes e uma equipe qualificada, que dialoga com a população sobre os temas abordados. Para manter essa distribuição, desde o mês passado existe campanha de arrecadação financei-

ra via depósito bancário. E, agora, há a possibilidade de contribuir pela Plataforma Benfeitoria. Nesse sistema, cada colaborador, de acordo com o valor da sua contribuição, ganha um prêmio em forma de agradecimento. A campanha é para angariar apoio, de modo que o BDF não saia das ruas neste momento. Ao contrário, que seja possível ampliar as vozes dos trabalhadores nas ruas, em cada cidade do Paraná, em mais pontos de distribuição nos bairros da capital.

Como contribuir O primeiro passo é acessar o link da campanha “Mantenha o Brasil de Fato nas ruas” na plataforma Benfeitoria. Escolha o valor que deseja contribuir, de 20 a 1.000 reais, e transfira o valor para a conta da campanha, que aparecerá na plataforma. O objetivo é arrecadar 30 mil reais, que serão investidos da seguinte forma: 57% em gráfica, 24% na redação e 19% em estrutura para distribuição. Livros autografados por Lula são prêmios da campanha Cada valor, uma premiação diferente. No caso do Brasil de Fato nas ruas, os colaboradores poderão ganhar livros, filmes, fotografias e os livros “ A Verdade Vencerá”, da editora Boitempo, e o livro “Caravana da Esperança – Lula pelo Nordeste”, com fotos de Ricardo Stuckert, e com autógrafo do ex-presidente Lula.

Em um processo criminal existe a acusação, a defesa e o juiz. O Ministério Público é o responsável por acusar, o suspeito de ter praticado um crime deve se defender, e o juiz tem de decidir qual das duas partes está com a razão. É essencial que o julgador seja imparcial, ou seja, não favoreça nenhuma das partes e não tenha interesse no resultado do processo. A separação entre acusador e julgador é o pilar do nosso sistema de justiça penal porque assegura um julgamento minimamente justo. Aliás, o Código de Processo Penal diz que o juiz não pode aconselhar nenhuma das partes, e, caso faça, a sua decisão pode ser anulada. Contudo, nas mensagens vazadas pelo The Intercept, com conversas entre os procuradores da Lava-Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, não se vê uma separação entre acusador e julgador. Lá o juiz aconselha os membros do Ministério Público com o claro objetivo de favorecer a acusação contra Lula. O conluio entre Ministério Público e Moro conduziu a um processo fraudulento porque, independentemente de provas, Lula já estava condenado. As mensagens são provas de que Moro não foi imparcial. O seu julgamento deve ser anulado e Lula imediatamente libertado. Rubens Bordinhão Neto é advogado popular


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Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

Brasil de Fato PR

“A defesa (de Lula) já fez o showzinho dela”, diz Moro

Divulgação | AGBR

Segundo mensagens de Sérgio Moro e procuradores, o então juiz agiu para desqualificar o depoimento de Lula que aconteceu em Curitiba Redação

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ntre as denúncias que estão aparecendo com a divulgação de mensagens entre o juiz e procuradores da Lava Jato, o site The Intercept mostrou que numa conversa pelo celular Sérgio Moro pediu ao então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima que os procuradores desqualificassem o depoimento do ex-presidente Lula, que aconteceu em Curitiba em 2016. Na mensagem, sugere aos procuradores editarem uma nota à imprensa “esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas... Por que (sic) a defesa já fez o showzinho dela” (leia reprodução ao lado). O site diz que “os procuradores acataram a sugestão do atual ministro de Jair Bolsonaro, em mais PUBLICIDADE

uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex.” Antes, o site publicou mensagens que mostram que Moro e Deltan Dallagnol (outro procurador) conversaram sobre a troca da ordem de fases da Lava Jato, novas operações, conselhos estratégicos e pistas informais de investigação. Por que as mensagens são criminosas No Brasil, como mostra artigo publicado na coluna Nosso Direito desta edição, procuradores devem fazer a acusação, os advogados defenderem, e o juiz tem de julgar de forma isenta. No caso de Moro, as mensagens mostram que ele estava combinando, por celular, estratégias que favoreciam a acusação contra Lula e prejudicando a defesa.

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Em mensagem, Moro tenta livrar FHC de acusação Redação

E

m mensagens de celular captadas entre o ministro Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, reveladas na terça-feira, 18, pelo The Intercept, o ex-juiz aparece intercedendo a favor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa denúncia sobre o instituto FHC. Moro afirma que a denúncia é fragil e pode estar prescrita. O procurador Deltan Dallagnol reponde que, mesmo que a denúncia fosse fraca, estaria sendo feita de propósito “Talvez para passar reca-

do de imparcialidade.“ Moro então responde: (...) “Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante” (leia reprodução do diálogo abaixo). Em sua conta no Twitter, o jornalista Glen Greenwald afirmou que, para ele, essa é a

denúncia mais grave até agora. “Desde o início, o fator-chave para Lava Jato ser legítima era perseguir políticos corruptos, independentemente de partido ou ideologia. Aqui, Moro fez o oposto: ele quer que FHC se proteja porque vê FHC como um aliado: isso é corrupção.”

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Brasil de Fato PR

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Giorgia Prates

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

Greve mobiliza trabalhadores contra reforma da previdência Professores, bancários, metalúrgicos, petroleiros, petroquímicos e servidores públicos pararam no Paraná Redação

A

greve geral de 14 de junho, que tinha entre seus principais temas a luta contra a reforma da previdência e a manutenção dos direitos dos trabalhadores, foi avaliada como “muito positiva” pelas centrais que organizaram o movimento. Segundo elas, houve “paralisações em centenas de cidades e em milhares de locais de trabalho, além de atos e passeatas contra o fim da aposentadoria, os cortes na educação e por mais empregos.” No Paraná, a reportagem do Brasil de Fato acompanhou a movimentação desde a madrugada da sexta-feira, 14, em paralisações importantes de petroleiros, petroquímicos, metalúrgicos, bancários, vigilantes, trabalhadores rurais, professores

e servidores municipais, professores estaduais, frentistas, técnico-administrativos do Hospital de Clínicas, entre outros. Na capital, as manifestações começaram com a paralisação de 65% da frota de ônibus e fechamento de

rodovias. Entre elas a BR 116, próxima ao Contorno Sul, também a BR 476 nas imediações da refinaria da Repar, em Araucária, e a BR 277, em frente ao Campus Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná. Destaque negativo foi a violên-

cia perto da Repar durante o fechamento da rodovia. Policiais rodoviários desceram armados, e tiros de bala de borracha foram dados, ao que tudo indica pela guarda municipal de Araucária. Um manifestante foi atingido no rosto e levado para o hospital.

Giorgia Prates

NO INTERIOR Greves e manifestações ocorreram nas principais cidades do interior do Paraná. O Brasil de Fato Paraná recebeu relatos de atividades em Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Araucária, Toledo, Francisco Beltrão, Pato Branco, Apucarana, Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu.

Reforma avança em comissão especial da Câmara Redação Brasília

O

texto apresentado na comissão especial da Câmara dos Deputados pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) faz algumas mudanças na reforma da previdência proposta pelo governo Bolsonaro. Porém, manteve, na essência, prejuízos para todos os trabalhadores. Entre as alterações estão a exclusão de mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), da aposentadoria rural, da participação de estados e municípios no novo

sistema e ainda o trecho que instaurava o modelo de capitalização. Este último praticamente acabava com a previdência pública no Brasil e entregava o sistema ao mercado financeiro. Para o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), “A retirada dessa proposta não se deveu ao movimento dos partidos do centro, que, lá atrás, já se opunham às alterações no BPC e na aposentadoria rural, mas não à capitalização. A retirada desse ponto da proposta do governo, que sai derrotado desse relatório, é uma grande vitória da oposição

e do povo brasileiro”, disse. Houve outras mudanças. Com relação ao tempo mínimo de contribuição para trabalhadores urbanos, o texto original previa 20 anos tanto para homens como para mulheres. No relatório, esse período baixou para 15 anos para mulheres. A idade mínima ficou como na redação que veio do governo: 62 para mulheres e 65 para homens. Para trabalhadores rurais, foi reduzido o tempo mínimo de contribuição e de trabalho para as mulheres. A proposta de Bolsonaro previa

20 anos e 60 anos para homens e mulheres. No relatório, esses períodos caíram para 15 anos e 55 anos para as mulheres, permanecendo em 20 e 60 para homens. “A mobilização da sociedade, a maneira como ela demonstrou que não iria embarcar no discurso da verdade única dos mercados e [a ideia de] que aquela reforma não servia pra nós – e continua não servindo porque depois vamos falar dos problemas que ela ainda tem – nos levaram a uma vitória parcial”, avalia o deputado Henrique Fontana (PT-RS).


Brasil de Fato PR 6 Paraná

Funcionários da Sercomtel têm plano antiprivatização Além de tentar barrar na Justiça a entrega da empresa, grupo defende novo plano de negócios e de gestão Wagner de Alcântara Aragão

O

grupo de funcionários contrários à privatização da Sercomtel, de Londrina (única companhia pública que opera telecomunicações no Brasil), atua em duas linhas de frente para barrar a venda da empresa. Uma, por meio de ação na Justiça. Outra, mostrando à sociedade proposta de novo plano de negócios e gestão. No dia 17 de junho, um dos advogados que representa o grupo de funcionários, Danilo Men de Oliveira, ingressou com ação popular na Vara de Fazenda Pública de Londrina pedindo para tornar sem efeito a lei aprovada pela Câmara de Vereadores que autoriza a Prefeitura a vender suas ações da Sercomtel. A falta de avaliação sobre os bens e o valor da companhia é o argumento principal da ação. Já a reformulação nos negócios e na gestão da Sercomtel,

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Brasil de Fato PR

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

PROPOSTAS PARA A SERCOMTEL Novo modelo de negócios, focado em internet banda larga em fibra ótica, abrindo mão da telefonia fixa e móvel

Ampliar leque de produtos de conectividade para consumidores residenciais, corporativos e poder público, e expandir a carteira de clientes. Por exemplo: rede de wifi pela cidade para clientes; internet das coisas

Reformular estatuto da empresa, incluindo exigência de qualificações específicas para os cargos de gestão, como presidência e diretorias

proposta pelo grupo, prevê foco em serviços de internet banda larga por fibra ótica e mudanças no estatuto, de modo a garantir uma gestão profissional da empresa (veja quadro). Isso abriria caminhos para investimentos, recuperáveis em curto prazo e que garantiriam à Sercomtel sustentabilidade financeira para continuar sendo estratégica para o desenvol-

Fórum combate tentativa de privatização de unidades da Petrobras Cerca de 804 serviços no mundo foram novamente estatizados, Brasil vai na contramão Divulgação

Ser provedora de empresas de tecnologia da informação

vimento do norte do Paraná, sublinha outro advogado do grupo, Carlos Griggio. “A Sercomtel tem excelência na qualidade dos serviços. Precisa investir para manter essa qualidade, ter uma gestão mais profissional – cargos como o da presidência precisam ser ocupados por quem vive o setor das telecomunicações”, afirma Men de Oliveira.

Pedro Carrano As organizações do Fórum de Defesa da Petrobras (Paraná) criticam as tentativas de vendas e fatiamento de unidades da Petrobras, bem como a perda de exclusividade da empresa pública na exploração do pré-sal, aprovada em 2016. Essa estratégia de fatiamento é analisada pelas entidades como responsável pela privatização de outros ramos da economia, caso do elétrico, com prejuízos ao povo. Para se ter uma ideia da velocidade do desmonte, notícia recente aponta que 90% das ações da Transportadora Associada de Gás SA foram vendidas para o consórcio formado pela franco-belga Engie. As entidades do Fórum

denunciaram também a tentativa de fechamento das unidades da refinaria de combustível, Repar, e a indústria do Xisto em São Mateus do Sul, as duas localizadas no Paraná. “804 serviços no mundo foram novamente estatizados” “Não estão deixando o Brasil ser grande”, afirma o deputado Zeca Dirceu, integrante da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras. Há movimentos no mundo que vão na contramão da venda do país promovida por Paulo Guedes, avalia o deputado federal. “804 serviços no mundo foram novamente estatizados. Estamos na contramão até mesmo do mundo liberal”, lamenta.


Brasil de Fato PR

BrasilCultura de Fato|PR 7

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

A arte nos salva nestes tempos em que nos sentimos ameaçados Em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato Paraná, cantora Tulipa Ruiz fala sobre como ser artista na atual conjuntura Ana Carolina Caldas

A

cantora e compositora Tulipa Ruiz fez show em Curitiba na semana passada e, em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato Paraná, falou sobre como ser artista na atual conjuntura política. Tulipa também refletiu sobre a cidade de Curitiba e suas contradições. Brasil de Fato Paraná – O que a inspirou a dar o nome “Tu” a seu último álbum e o que ele traz de diferente? Tulipa Ruiz – “Tu” seria um disco só de regravações. Fui para o estúdio com meu irmão, Gustavo Ruiz, e ficamos empolgados no processo de gravação, e músicas novas aconteceram. Esse disco veio de uma necessidade de respirar, de pensar na presença. E o nome TU tem a ver comi-

go, pois é a primeira sílaba do meu nome. Veio também de um exercício de autoconhecimento, mas também de alteridade. Ela é o começo do meu nome, mas também quer dizer você. Ou seja, o outro. Pensando nessa pauta que o disco traz, de pensar no outro, você nunca deixou de se posicionar politicamente. Como tem visto a atual conjuntura? É preciso mais do que nunca se pautar pela arte na política. Ainda mais com essa overdose, esse colesterol alto nas narrativas, é em primeiro lugar importante se informar a partir dos veículos que realmente acreditamos, mais veículos alternativos, mas sobretudo se pautar pela vida da arte. Neste momento que a gente se vê tão ameaçado, arte é algo que tem nos fortalecido demais.

Curitiba é essa cidade inserida atualmente no cenário político e também a cidade de Leminski e tantos outros artistas importantes. Fale um pouco desta cidade. No caminho para cá, foi muita reflexão sobre Curitiba. Que coisa mais yin yang essa cidade. Que tem aqui nosso Lula Livre preso e a cidade que tem o Moro, que é esse cara que está se provando a cada frame desse fi lme o quanto ele é contraditório. Ao mesmo tempo uma cidade que tem este teatro, o Paiol. Que coisa impressionante, que lugar importante que é Curitiba na identidade nacional. Eu cresci lendo Paulo Leminski e muito ligada na cena artística daqui. Curitiba é um lugar de muita força. E nesse momento de apocalipse/nova era, vai sair muita coisa nutritiva daqui.

Giorgia Prates

LUZES DA CIDADE

DICAS MASTIGADAS Reprodução

Mariana Sanchez*

Tribunas anônimas

Bolo de milho cremoso

Ingredientes 1 lata de milho verde 1 lata de óleo (medida da lata de milho) 1 lata de açúcar (medida da lata de milho) 1 lata de fubá (medida da lata de milho) 4 ovos 2 colheres (sopa) de farinha de trigo 2 colheres (sopa) de coco ralado 1 e 1/2 colher (chá) de fermento em pó

Como fazer Em um liquidificador, adicione o milho verde, o óleo, o açúcar, o fubá, os ovos e a farinha de trigo, depois bata até obter uma consistência cremosa. Depois, acrescente o coco ralado e o fermento, misture novamente. Despeje a massa em uma assadeira untada e leve para assar, em um forno médio preaquecido a 180 °C por 40 minutos.

Fora ‘Tem”, leio num muro em letras apressadas e, a essa altura dos fatos, já um tanto anacrônicas. Nos primórdios da minha alfabetização, ansiava por ler todas as placas, avisos e outdoors. Mas, ao contrário destes, são as paredes a imprensa mais livre do povo. Nunca deixaram de me comover. Quando vivia em Buenos Aires, cidade de dizeres exagerados, costumava colecioná-los.“Ni um dia sin emoción”, anotara alguém, decerto em alusão à montanha-russa neoliberal de Macri. Mais adiante, um fatalista festivo: “Mejor un infierno compartido que un cielo en soledad”. E um poeta otimista:“Entero o a pedazos, pero voy”. Bem menos eloquente, a Curitiba de Dalton Trevisan também tem me presenteado com epígrafes graciosas:“Xanas em xamas”, grafou na rua 13 de maio alguma feminista devota das aliterações. Não longe dali, um chiste com gosto e implicações políticas: “Os coxinhas sentaram no aipim”. Deliciosas frases soltas, sem dono. Como esta, dizendo o óbvio numa esquina do São Francisco: “Só a arte salva!” Com exclamação e tudo. Mariana Sanchez é jornalista e tradutora


de Fato PR 8Brasil Esportes

Paraná, 19 a 26 de junho de 2019

Brasil bate Itália, se classifica e pega pedreira na próxima fase Seleção fica em terceiro no grupo e pode jogar contra França ou Alemanha no mata-mata Frédi Vasconcelos

N

o sufoco, por apenas 1 a 0, de pênalti, a seleção brasileira conseguiu sua classificação às oitavas-de-final da Copa do Mundo Feminina. Itália, Austrália e Brasil terminaram com os mesmos seis pontos e duas vitória, a Itália ficou em primeiro pelo saldo de gols, a Austrália em segundo pelo maior número de gols marcados, depois da vitória por 4 a 1 contra a Jamaica. Por isso, o Brasil encara, na próxima fase, uma verdadeira pedreira. Em jogo eliminatório pegará a França, que está jogando em casa, ou a Alemanha, uma das melhores seleções do futebol praticado por mulheres. As duas equipes terminaram a primeira fase do torneio com

três vitórias em três jogos. O adversário só deverá ser definido na próxima quinta-feira. Gol de pênalti e recorde Marta marcou o único gol do Brasil ao cobrar pênalti sofrido pela camisa 9 Debinha. Com isso, tornou-se a maior goleadora da história das copas do mundo, entre homens e mulheres, com 17 gols. Antes, a Itá-

lia havia marcado, mas teve o gol anulado por impedimento. O gol foi histórico também porque a Itália não perdia um jogo na copa feminina desde 1999, nos Estados Unidos. A derrota havia sido para o mesmo Brasil, que tinha em campo a meio-campista Formiga, que não pôde atuar nesta terça-feira por estar suspensa por cartões amarelos. Divulgação | CBF

Brasil de Fato PR

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Eu vou mostrar pra você, mané A oitava edição da Copa do Mundo Feminina já é a maior delas. O jornal inglês The Telegraph chegou a chamar de Revolução. Não à toa. Maior cobertura, espaço na TV aberta, mais investimentos. Porém, ainda há muito para avançar. E as atletas sabem disso. Essa Copa também está marcada pelas reivindicações das jogadoras. O título do nosso texto é da música Jogadeira (Cacau Fernandes e Gabi Kivitz), quando respondem se “futebol não é pra mulher”. Claro que é! Para além de ocuparem os campos, muitas atletas vêm se posicionando na luta pela igualdade. Começou antes mesmo do torneio, Ada Noernberg, craque norueguesa, em protesto pela igualdade de gênero no futebol não foi à Copa e não vem jogando pela seleção. Megan Rapinoe, nos jogos dos EUA, não está cantando o hino, em defesa dos direitos das mulheres e LGBTs. A própria seleção entrou com um processo contra a federação por igualdade de condições. Por fim, nossa rainha Marta, ao marcar o seu gol na Copa, apontou para a chuteira com o símbolo da igualdade e sem patrocínio, entrando de sola na desigualdade contra as mulheres. Vamos com elas?

Os Rafinhas possíveis

Status atualizado

Janela indigesta

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

O técnico Umberto Louzer tem três semanas para treinar o elenco do Coritiba e experimentar distribuições táticas. Há problemas a resolver. O beque do chamado miolo da zaga costuma dividir com o goleiro a organização do sistema defensivo. É também o referencial do time, quando alvo de cobrança de faltas e escanteios e aqueles de maior estatura recuam para auxiliar. Isso torna a saída do zagueiro Alan Costa uma dor de cabeça. O principal dilema, contudo, é definir o espaço a ser mais ocupado pelo meia-atacante Rafinha. É a dupla funcionalidade desse atleta que o torna especial, pois sempre as exerceu muito bem, inclusive quando desafiado a alterná-las no curso de uma mesma partida. Todavia, estando ele prestes a completar 36 anos, é recomendável cautela com seu desgaste muscular. Louzer terá de decidir se o quer como armador ou ponteiro.

O ano de 2019 começou recheado de dúvidas para a torcida paranista. Depois da desastrosa campanha na Série A, ninguém sabia o que esperar desta temporada. A derrota para o Operário na estreia, o insucesso no primeiro turno, a eliminação na Copa do Brasil e a nova eliminação na fase de grupos no segundo turno do estadual acenderam o sinal de alerta. A incerteza era tamanha que até o presidente Leonardo Oliveira chegou a declarar que o objetivo maior era terminar entre os dez primeiros. Veio mais uma pausa de 30 dias e, enfi m, começou a Série B. Mesmo com início pouco convincente, os resultados ‘deram para o gasto’, e as últimas vitórias nos deixaram a dois pontos do G4. Ouvi dizer que com esse time não dá para romantizar. Concordo. Mas se o futebol é feito de resultado, o time entra nesse recesso com status diferente do que começou o campeonato.

A parada para a Copa América coincide com a abertura da janela de transferência para o mercado europeu. E o ano do Athletico pode ser decidido aí. As três principais revelações do elenco podem sair, o que desfalcaria muito a equipe. O mais perto de uma negociação é Renan Lodi. Embora o Athletico esteja fazendo de tudo para só liberá-lo pelo valor que acha justo, o assédio é muito forte sobre o lateral esquerdo, que, por pouco, já não fechou com o Atlético de Madri. Bruno Guimarães também tem muito mercado, e o futebol inglês está de olho. Outro que pode sair é o zagueiro Léo Pereira, menos badalado, mas de igual importância na atual escalação. Futebol é um negócio e o dinheiro e o sonho dos atletas não podem ser desprezados, mas segurar ou não os três, pelo menos até o final da temporada, definirá se o Athletico quer ou não terminar 2019 disputando títulos.


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