Coluna | p. 7
Pan: há 24 anos sem perder no handebol
Luzes da Cidade
Gibran Mendes
Esportes | p. 8
Colunista estreia com o conto “Direito penal da vida real”
Divulgação
PARANÁ
Ano 4
Edição 133
1 a 7 de agosto de 2019
distribuição gratuita Divulgação
www.brasildefato.com.br/parana
300 famílias do MST sofrem despejo em Londrina Camponeses produziam e estavam na terra desde 2015, em área bloqueada pela Justiça por processo de corrupção Cidades | p. 6
Faltam médicos em 73 cidades do Paraná
Edna dos Santos
Depois da saída de cubanos, municípios ficam sem atendimento Geral | p. 3
Brasil | p. 5
Brasil | |p. Paraná p.64
Geral | p. 3
O que você acha da VazaJato?
Estado controla só 20% das ações da Sanepar
É o petróleo, estúpido!
Fomos às ruas saber a opinião das pessoas
Desde Richa, governo abre mão de um serviço essencial
Com golpe de 2016, governos fatiam setores da Petrobras
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Bolsonaro despreza a vida
EDITORIAL
J
air Bolsonaro debocha, despreza a vida e mostra total falta de empatia em relação ao outro, fugindo à seriedade que o cargo exige. O capitão disse, no dia 29, que sabe como o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto. E o capitão ainda inventou que o pai de Santa Cruz foi morto por um “grupo terrorista”, ocultando que foi morto por militares. O ex-delegado, matador e agente da ditadura, Cláudio Guerra, reconheceu, em 2012, que foi um dos responsáveis por INCINERAR o corpo de Fernando Santa Cruz, em uma usina em Campos de Goytacazes (RJ). Fernando era fun-
Brasil de Fato PR
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cionário público, casado, estudante de direito e militante da Ação Popular Marxista Leninista. Aos 26 anos, foi preso em fevereiro de 1974 pela polícia carioca e nunca mais visto. A mãe de Fernando e avó de Felipe, Elzita Santa Cruz, faleceu neste ano, aos 105 anos, e não teve a dignidade de enterrar Fernando. Documentos das Forças Armadas reconhecem a prisão de Santa Cruz, que depois é tido como desaparecido político. Mas a naturalidade com que Bolsonaro menospreza um órfão da ditadura é assustadora. Ele quer reabrir o porão da ditadura, movido por mentiras e falta de compaixão. Inaceitável!
SEMANA
Jornalistas no protagonismo da história do país
OPINIÃO
Paula Zarth Padilha,
Jornalista em Curitiba, Mestre em Linguagens. Diretora do SindijorPR, eleita representante do Paraná na direção executiva da Fenaj
O
ano de 2019 tem colocado o jornalista no protagonismo dos acontecimentos do Brasil. Enquanto os donos do poder no país usam de suas representações no executivo, legislativo e judiciário para continuar a implantação de retrocessos na vida da população, publicações de reportagens do site “The Intercept Brasil” denunciam os métodos utilizados na Operação Lava Jato que levaram à eleição do presidente Jair Bolsonaro. A publicação dos jornalistas, liderada pelo norte-americano Glenn Greenwald, de mensagens do aplicativo Telegram entre procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro deve ter novos capítulos, já que há centenas de milhares de informações sendo verificadas. A reação do governo às reportagens é um forte ataque à democracia quando busca culpar os profissionais jornalistas envolvidos diretamente na chamada Vaza Jato. Toda a sociedade civil deve defender publicamente os direitos do jornalista ao sigilo de fonte e à liberdade de expressão. É preciso ter muito claro que o papel do jornalista, ao ter acesso à informação de interesse público, é o de publicá-la. A liberdade de expressão é um direito Consti-
tucional, um dos pilares da democracia que ainda vivemos. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lidera a defesa dos profissionais, do jornalismo e da democracia muito antes da perseguição do governo contra a equipe do Intercept. Desde o golpe de 2016, a entidade se posiciona denunciando o avanço do fascismo no país, representado pela eleição de Bolsonaro.
A reação do governo às reportagens é um forte ataque à democracia quando busca culpar os profissionais jornalistas envolvidos diretamente na chamada Vaza Jato Neste momento em que vivemos diariamente ataques contra a profissão, jornalistas se reúnem no final de agosto para organizar a resistência da categoria e coletivamente fazer esse enfrentamento que, inacreditavelmente, é preciso ser feito em pleno século vinte e um: defender os princípios básicos da apuração jornalística, de sigilo de fonte e de checagem de informações. O despertar na profissão já começou.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 133 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Manoel Ramires e Paula Zarth Padilha ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
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Paraná, 1 a 7 de agosto de 2019
FRASE DA SEMANA
Cresce a informalidade e piora a renda dos brasileiros Novos números da PNAD divulgados pelo IBGE mostram que o desemprego no Brasil teve um pequeno recuo causado pelo aumento da informalidade. Os dados também revelam que piorou a renda do trabalhador brasileiro. O DESEMPREGO recuou 0,7% no segundo trimestre de 2019. Isso porque 621 mil pessoas deixaram de buscar trabalho. Hoje, o país registra 12,2 milhões de desempregados. CARTEIRA ASSINADA Houve uma melhora na geração de empregos com carteira assinada. O país registra 33,2 milhões de pessoas, subindo em ambas as comparações: 0,9% (mais 294 mil pessoas). A RENDA dos brasileiros piorou. Se no primeiro trimestre de 2019 batia R$ 2.321, no segundo trimestre (abril, maio e junho) caiu para R$ 2.290. Cinco reais a menos do que o mesmo período de 2018. A INFORMALIDADE cresceu 5,2% (mais 565 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2018. Agora, o país conta com 11,5 milhões de pessoas na informalidade. Dado que tem impacto direto nos direitos, geração de impostos e pagamento da previdência.
“Temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro – e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos.”
Privatização da distribuição do petróleo
Disse o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, em resposta a Jair Bolsonaro, que afirmou que contaria como o pai dele desapareceu na ditadura militar. Fernando, o pai de Santa Cruz, desapareceu em 1974. Divulgação
Com saída de cubanos, faltam médicos em 73 municípios do Paraná Profissionais brasileiros aceitam vagas, desistem e deixam cidades do interior sem atendimento Ana Carolina Caldas Com o encerramento do Programa Mais Médicos, que trouxe profissionais cubanos para o Brasil, existem 130 vagas em aberto em 73 municípios no interior do Paraná. Muitos dessas cidades sem nenhum médico, segundo informação governo do estado. O governo alega que a reposição chegou a ser feita, porém médicos brasileiros acabaram desistindo. As informações fazem parte da resposta a pedido de informações da deputada estadual Luciana Rafagnin (PT). Luciana chegou a realizar audiência, em julho deste ano, para discutir a saúde pública no Paraná, identificando inúmeros
problemas, entre eles a falta de profissionais nas unidades de saúde básica. “Enquanto o presidente Bolsonaro diariamente fala bobagens e, de forma equivocada, cancelou o convênio com Cuba, que vinha sendo exitoso, a população sofre com a falta de médicos”, diz. Para o Brasil de Fato, a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa) disse que “foram abertas para reposição 458 vagas que eram ocupadas por cubanos, em 185 municípios e 6 Distritos Sanitários Especiais, e foram repostos nos meses de dezembro e janeiro 100% das vagas, porém parte dos profissionais saiu e, destes, continuam ativos e trabalhando 381 profissionais.” Para re-
solver o déficit, a secretaria diz que aguarda a finalização de edital do governo federal de renovação do Programa Mais Médicos. Causa do déficit O Brasil de Fato procurou também o Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) para saber a posição a respeito do déficit de médicos no Paraná. Em nota, o CRM disse que “o entendimento do Conselho de Medicina do Paraná é de que não há falta de médicos no Estado, mas uma má distribuição dos profissionais por vários fatores, que vão de falta de condições/ precariedade do trabalho e das relações contratuais à inexistência de política efetiva de fixação nos vazios assistenciais.”
Enquanto Bolsonaro planta temas preconceituosos na mídia, a BR Distribuidora foi privatizada e a Petrobras passou de 71,25% para 37% das ações de controle da empresa. “A tendência é o lucro aumentar, mas nas costas da precarização do trabalho”, explica Anacélie Azevedo, diretora do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina. A Petrobras, que dominava todos os setores de extração, refino e distribuição, garantindo o preço baixo do combustível, agora corre o risco de perder a distribuição.
É o petróleo, estúpido! O Brasil entrega para empresas internacionais uma das maiores riquezas do mundo. Entre as primeiras medidas do governo Michel Temer (2016) estava a perda da exclusividade nos contratos do pré-sal. Desde então, empregos foram perdidos nos estaleiros de Pontal do Paraná e Rio Grande (RS). Além disso, o preço dos combustíveis passou a ser atrelado ao preço internacional, tornando-os mais caros. Sem o Fundo Social do pré-sal, perde-se investimento em Educação e Saúde a partir de royalties petrolíferos. O Fórum em Defesa da Petrobrás busca debater essa situação no Paraná, em escolas, nas câmaras municipais e na Alep.
Brasil de Fato PR 4 Paraná
Brasil de Fato PR
Paraná, 1 a 7 de agosto de 2019
Paraná tem apenas 20% das ações totais da Sanepar Acionistas privados detêm 58% das ações da companhia paranaense de águas Divulgação
Manoel Ramires
A
Sanepar divulgou a composição acionária da empresa de águas do Paraná. Na divisão do bolo, os paranaenses detêm apenas 20% das ações totais. Os outros 80% estão espalhados com o mercado financeiro: governo de Singapura, Scotiabank (Canadá), Banco Central da Noruega e fundos de investimentos como a XP Long Biased. Apesar disso, o Paraná ainda detém 60% do chamado “capital votante”. Se hoje o Paraná, por meio de seu governo, possui quase R$ 101 milhões em ações, ele é superado com folga pelas ações distribuídas individualmente, que chegam a R$ 293 milhões. Além disso, a XP Long Biased tem 14,7 milhões de ações (2,93% do total). O fundo destaca que prefere ter 20 empresas na carteira, entre elas a Sanepar, para focar seus investimentos de forma detalhada. Embora o Paraná possua a maioria dos votos no conselho deliberativo (60% contra 28% dos pequenos acionistas), as ações inferiores re-
velam a possibilidade de o governo sofrer fortes pressões do mercado. O relatório da Fitch Afirma Rating, também divulgado no site da Sanepar, destaca o “forte perfil de negócios e financeiro” ao qual a empresa se voltou. “A Sanepar apresenta desempenho operacional favorável em comparação com seus pares públicos do setor. Há espaço para melhoras (das ações) nos próximos anos, em virtude, sobretudo, da expectativa de aumentos tarifários acima da inflação, conforme autorizado na revisão tarifária de 2017.”, incentiva o fundo Fit-
Fonte: Sanepar
ch Afirma Rating. O fundo ainda aconselha seus acionistas a seguir comprando ações da Sanepar por conta dos reajustes previstos nos próximos cinco anos. “A Fitch estima que os reajus-
tes anuais com base na inflação serão acrescidos de aproximadamente 4,5% ao ano até 2024. Portanto, existe a expectativa de crescimento das margens da Sanepar nos próximos três anos”, avalia.
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Obrigado por manter o Brasil de Fato impresso nas ruas Campanha atingiu meta de arrecadação, com mais de 60 doadores Redação
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m jornal com notícias que não são encontradas na mídia comercial. Notícias sobre os problemas nos bairros da cidade, sobre as lutas sociais na defesa da terra, da moradia popular, das juventudes, da cultura local, enfim, da organização por direitos. Este é o Brasil de Fato Paraná, um meio de comunicação que existe desde 2016. A cada se-
mana são distribuídos 20 mil exemplares no estado, em 26 cidades e 50 pontos de distribuição. Para manter e ampliar essa distribuição, desde 21 de maio foi realizada campanha de financiamento que contou com mais de 60 doações. Para alcançar a meta de 30 mil reais, valor necessário para que o jornal possa continuar sendo distribuído nas ruas, a campanha realizada na plataforma Benfeitoria ofereceu
prêmios como livros, DVDs, fotografias de fotógrafos paranaenses e até livros com dedicatórias do ex-presidente Lula. Além dos prêmios, a equipe do jornal Brasil de Fato Paraná agradece a todos e todas que contribuíram para que o jornal tivesse condições de manter sua distribuição até dezembro de 2019, com a mesma qualidade. Numa próxima edição, divulgaremos os nomes dos colaboradores.
Brasil de Fato PR
O que você acha das mensagens da Vaza Jato? Ana Carolina Caldas
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site The Intercept, a Revista Veja e a Folha de S.Paulo vêm publicando reportagens sobre mensagens de celular trocadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procu-
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radores do Ministério Público, entre eles Deltan Dallagnol. Mas até que ponto a gravidade dessas revelações foi compreendida pela população? Um juiz pode ou não conversar e combinar o que vai fazer com uma
“Eu não acompanho muito, só à noite no jornal na TV, mas no meu ponto de vista acho que se as conversas Ana Caldas apareceram é que ele (Moro) teria que ter sido mais discreto como juiz. Porque agora olha o que aconteceu, as conversas vazaram. A profissão dele como juiz pede para ser mais discreto.” Zenilda Maria cuidadora de idosos, Curitiba
das partes de um processo? Isso é ético? Jornalistas podem revelar conversas vazadas? Para saber o que a população pensa, O Brasil de Fato Paraná foi às ruas e perguntou estas e outras questões à população, Confira:
“Eu vejo que há intrigas dos dois lados. Hoje em dia não dá mais para saber quem está falando a verdade. O que Ana Caldas realmente está por trás dos bastidores. A gente vê o que estão mostrando para a gente, o que eles querem que a gente veja. E sobre terem descoberto via mensagens, apesar de ser algo muito invasivo, talvez sejam coisas importantes reveladas.” Cleverton Adriano de Oliveira motorista de ônibus, Curitiba
“Eu acho isso tudo muito errado, mas não sei de muita coisa. Ele, como juiz, tinha que ter esperado julgar Ana Caldas para depois conversar com alguém. Eu acho que essas conversas nunca poderiam ter acontecido porque um julgamento deve ser sigiloso. E eu não sei como descobriram essas conversas, mas que bom que descobriram. Caiu uma máscara.”
“Eu trabalho o dia inteiro e tenho pouco tempo para acompanhar. O que sei é o que vejo no jornal à noite na TV. E acho Ana Caldas que não tem nada a ver isso que estão dizendo dele. Ele pode falar com quem ele quiser. Quantos juízes que falam com todo mundo. Esses boatos que correm são tudo fofoca.”
Laís de Souza, estudante, trabalha com panfletagem, Curitiba
Vilmar Cavalheiro pedreiro, São Mateus do Sul Crédito da foto
ENTREVISTA
Por ilegalidades, Lava Jato tem de ser anulada Promotoras Legais Populares
Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano Dentro da série de entrevistas do Brasil de Fato Paraná, transmitidas ao vivo da Vigília Lula Livre, a advogada da Terra de Direitos, mestre e doutoranda em direito pela Universidade Federal do Paraná, Naiara Bittencourt, falou com exclusividade sobre as ilegalidades cometidas na operação Lava Jato. BdF – Você já viu alguma vez juiz combinando o jogo o tempo todo com a acusação, como está sendo demonstrado na divulgação de mensagens da Lava Jato? Naiara Bittencourt – Não, nunca vi. Essa operação é singular, permeada por esse jogo político, com a utilização de mecanismos ilegais, conversas privadas entre o promotor, que tem a função de investigar e acusar, com o juiz, que no direito brasileiro tem de ser imparcial. Vemos um juiz muito próximo da acusação, que indica, dá dicas, opera, diz como vai se posicionar no processo. Isso é completamente ilegal. A operação tem de ser anu-
lada por conta das diversas ilegalidades que ocorreram desde o começo. BdF - Como advogada, você já participou de algum grupo mensagens de celular com juízes? NB - Jamais. O acesso de advogados a juízes e desembargadores é bastante restrito. Não pode ocorrer de maneira extraprocessual ou extratribunal. Há até abertura para entrega de memoriais, mas isso tem de ser feito dentro da vara ou no local em que o juiz opera. Não há contato fora dos autos ou do sistema de justiça. BdF - Os advogados do ex-presidente Lula disseram que Moro os tratava com hostilidade, não os recebeu nem para discutir detalhes de depoimento aqui em Curitiba. NB - As mensagens que estão sendo divulgadas mostram o que já sabíamos de uma forma geral, inclusive pela seletividade de quem é ou não condenado, qual pena é aplicada... As mensagens apenas comprovam o papel ativo do juiz dentro de um projeto político de poder. A ida de Moro para o Ministério da Justiça já mostrava isso, e as mensagens confirmam.
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Brasil de Fato PR
Famílias de acampamento do MST são despejadas em Londrina (PR) Área está bloqueada pela Justiça Federal por escândalos de corrupção envolvendo o exdeputado federal José Janene, esposo da proprietária da fazenda Redação
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ezenas de viaturas e homens da Polícia Militar e da tropa de choque do Paraná cumpriram uma ordem de despejo contra cerca de 300 famílias sem-terra integrantes do acampamento Quilombo dos Palmares, no distrito rural Lerrovile, em Londrina, norte do Paraná. A ação começou às 7h do dia 30 (terça), sem aviso anterior, e 159 famílias estavam no local. Sob forte pressão psicológica, os camponeses desmancharam suas casas de madeira e reuniram o que construíram desde 2015, quando ocuparam a área. Ficou para trás a maior parte dos alimentos produzidos ali. Agora, as famílias estão abrigadas no Centro Comunitário do assentamento Eli Vive, localizado a três quilômetros do acampamento. Porém, os objetos e móveis estão a céu aberto, à espera de lona. “Apesar das dificuldades em retomar a vida novamente em um pedaço de chão para viver e plantar, as famílias seguem organizadas e mobilizadas para lutar por justiça, digPUBLICIDADE
Jovana Cestilhe
nidade, direitos e reforma agrária”, afirma o MST, em nota à imprensa. Terra suspeita A ordem de despejo foi despachada em outubro de 2018. Os 200 hectares de terra da fazenda Marília estão bloqueados na Justiça Federal por fazerem parte de escândalos de corrupção do episódio do Mensalão. A área está registrada em nome de Stael Fernanda, esposa do proprietário e já falecido ex-deputado federal José Janene. Pivô do caso, o parlamentar do PP recebia à época uma mesada de 30 mil por mês. Ele adquiriu a área em 2003, avaliada em R$ 1,6 milhão. Esta foi apenas uma das 11 fazendas compradas por Janene entre os anos de 2003 e 2004 no Norte do Paraná. Moradores da área urbana de Londrina iniciaram uma campanha de arrecadação de doações para as famílias. Colchões, roupas, alimentos estão sendo recolhidos no Canto do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL), localizado na Avenida Duque de Caxias, 3241, centro de Londrina.
Edna dos Santos
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HISTÓRIA
Terra de produção e desenvolvimento humano A área estava ocupada pelas famílias do MST desde 28 de novembro de 2015. O acampamento foi batizado de Quilombo dos Palmares para trazer em seu nome a cultura e a luta dos negros pela liberdade. Em quatro anos de trabalho e organização coletiva, a terra fruto da corrupção foi se transformando na terra da diversidade. Além da produção de alimentos para auto-sustentação, os camponeses geravam renda por meio da comercialização dos excedentes em feiras e mercados do município. A produção era diversificada: arroz, feijão, mandioca, batata, dentre outras culturas. As crianças tinham acesso à educação e o analfabetismo vinha sendo superado por meio do Ensino para Jovens e Adultos (EJA).
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LUZES DA CIDADE Gibran Mendes
Renato Almeida Freitas Jr.
Direito Penal da vida real Nenhum frequentador do James Bar sabe, mas lá trabalhou o primo do meu melhor amigo, DigDig. Juntava as garrafas, limpava a cozinha, era pau pra toda obra. Vinte e dois anos de idade intensamente vividos. Venceu a morte logo após nascer, quando extraiu um tumor maligno de sua garganta, ficando com uma cicatriz macabra em volta do pescoço. Sem um dente da frente e sempre rindo de tudo, de todos e de si próprio, aquecia os lugares em que passava com seu ardente amor à vida, embora a morte o acompanhasse. Seu tio se deixou desintegrar pelo crack e pelo banzo. Dois primos de morte matada e mais dois no tráfico arriscavam a vida. Pai, nem
na identidade e mãe dependente do álcool. Certo dia chegou do trabalho e viu a mãe transando com outro usuário de crack no espaço que viviam nos fundos de sua avó. Partiu pra cima do rapaz, agrediu a mãe. Quarenta dias preso por violência doméstica. Perdeu o emprego e o sorriso. Uma vez livre, tornou-se cativo no bar do Tonhão, e certo dia se meteu numa briga de marido e mulher. A senhora veio buscar o marido e ali mesmo foi agredida e humilhada. Ele interveio, intimou o cara. O tiuzão recuou e voltou depois, campanou e na saída do bar esfaqueou fatalmente Diego. Sua mãe, desolada, deixou-se morrer tempos depois.
Campanha levanta fundos para Centro Cultural Periférico
DICAS MASTIGADAS
Sonho Aberto de banana da terra
A ideia é ter espaço de lazer, cultura e profissionalização na “quebrada” Renato Freitas
Laís Melo Desde 2013 o Núcleo Periférico de Curitiba (PR) atua em bairros de grande vulnerabilidade, como na produção do Sarau Periférico, e agora decidiu dar um passo além na Vila Leonice, na divisa com Almirante Tamandaré. Numa região de ocupação onde não há asfalto, saneamento básico e as casas não são regularizadas, houve a percepção de que depender do Estado para um espaço cultural estaria muito longe, daí surgiu a proposta de criação do Centro Cultural Periférico. “A gente viu a necessidade de ter um espaço de lazer, de cultura, de entretenimento e profissionalização dentro da quebrada, que tire os jovens do ócio, que possa deixar as mães irem trabalhar tranquilas, sabendo que os filhos estão desenvolvendo algo positivo, que seja crescente para sua realização enquanto ser humano, e não só nas ruas
em um bairro violento, como é esse”, explica Renato Almeida, advogado e um dos proponentes do projeto. Já com mais de 60 voluntários envolvidos, serão ofertados cursos de cinema, teatro, música, dança, yoga, arte circense, hip-hop, artes marciais, inglês e espanhol, terapia ocupacional, jornalismo popular, além de assistência jurídica e odontológica gratuitas. “Em um momento de crise financeira e institucional como o que passamos no Bra-
sil, as pessoas perdem o rumo e nós queremos resgatar isso com um arsenal de conhecimentos para que as pessoas possam pensar os problemas que as afetam e resolvê-los”, acrescenta Renato.
Doações Quem quiser contribuir com o Centro Cultural Periférico, basta acessar https://www.vakinha.com. br/vaquinha/624364 e doar qualquer valor
Ingredientes 1 copo de farinha de trigo 1 colher de açúcar 1 pitada de sal 1 copo de água 2 colheres de requeijão cremoso mel e canela a gosto Modo de preparo Em uma vasilha coloque a farinha, sal, açúcar e vá adicionando a água até que fique com a consistência de massa de bolo. Bata com fuê ou batedor, para deixar a massa aerada. Corte uma banana da terra em rodelas. Unte a frigideira com um fio de azeite. Despeje a massa, cobrindo a base da panela. Não coloque tudo, a massa deve ficar fina. Coloque as rodelas sobre a massa, tampe a frigideira e depois vire para assar do outro lado. Finalize com mel e canela e sirva com um café quentinho. Reprodução
Brasil de Fato PR 8 Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 1 a 7 de agosto de 2019 Abelardo Mendes Jr | rededoesporte.gov.br
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Bem-vinda, Pia!
Brasil, país do handebol Seleção feminina não perde uma partida no Pan-Americano há 24 anos Frédi Vasconcelos
A
o vencer a Argentina na final do Pan-Americano, a seleção feminina de handebol manteve uma invencibilidade de 24 anos, conquistou a sexta medalha de ouro consecutiva, além de garantir vaga para a Olimpíada de Tóquio, no ano que vem. Mas o jogo foi mais complicado do que prometia, depois de o Brasil ter atropelado os Estados Unidos na semifinal, vencida por 34 a 9, e ter uma campanha perfeita
na fase anterior, com média de 36 gols feitos por partida. No primeiro tempo da final, a Argentina liderou o placar, faltando 1 minuto para acabar estava vencendo por 12 a 10. O Brasil conseguiu um contra-ataque e, em outra jogada nos segundos finais, foi para o vestiário com o empate. No segundo tempo, com forte marcação e atuação destacada da goleira Renata Arruda, o Brasil foi abrindo vantagem até terminar a partida com vitória de 30 a
21. Curiosidade é que a goleira, de 20 anos, nem tinha nascido quando o Brasil perdeu pela última vez no handebol feminino no Pan. Falta de patrocínio A vitória feminina no Pan foi importante para o handebol, mas há problemas estruturais para resolver até a Olimpíada. O patrocínio do Banco do Brasil e dos Correios foi cortado e a confederação vem sobrevivendo com recursos do Comitê Olímpico brasileiro, que são escassos para atender a todos os esportes.
Após a demissão de Vadão, a CBF anunciou a sueca Pia Sundhage como técnica da seleção brasileira. A apresentação oficial aconteceu na terça-feira, dia 30. O contrato é de dois anos e apontado como um marco de reformulação para o futebol de mulheres no Brasil. De fato, o currículo da treinadora é invejável: foi bicampeã olímpica, vice-campeã mundial e, dirigindo seu país, ganhou a prata nas Olímpiadas de 2016 (eliminando justamente o Brasil nos pênaltis na semifinal). Além da Suécia, Pia já treinou os Estados Unidos. Uma marca de sua trajetória é o trabalho de longa duração, foi treinadora dos EUA por cinco anos e mais cinco pela Suécia. Outro destaque é sua experiência com as categorias de base, o que é fundamental para o futebol brasileiro. Para além de chamarmos um grande nome para o comando é preciso prestar atenção na estrutura como um todo da modalidade. A vivência de Pia será útil nessa direção. Nós estaremos na torcida e continuaremos cobrando respeito pelo futebol de mulheres.
Recursos internos
Pés no chão
Sem “torcida humana”
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
As muitas carências técnicas, em diferentes setores do time do Coritiba, se agravam sempre que contusões inevitáveis ou suspensões afastam seus titulares. Faltam meios fi nanceiros para suprir o elenco de mais um zagueiro, um volante e um meia para preencher essas lacunas. Assim, resta torcer para que o rendimento de alguns integrantes do grupo supere as expectativas. Ao menos nos três jogos mais recentes, isso pareceu estar acontecendo. Sem contar com Wilson e Rafinha, o que se viu em Ponta Grossa e duas vezes no Alto da Glória foi uma equipe que passou a depender menos do goleiro titular e do faro de gol do centroavante Rodrigão. Este demonstrou qualidade inaudita: a de um bom assistente. Os meias Juan Alano (principalmente) e Giovanni surpreendem com atuações excepcionais, e Alex Muralha dá mostras de que não chegou à seleção brasileira por acaso.
Eis uma coisa que a torcida paranista não tem. E é assim que tem de ser. Somos sonhadores porque assistimos esse time impressionar o país várias vezes. Sonhamos porque nós, torcedores, estamos acostumados a transformar um limão em uma bela limonada. Foi assim nessas cinco vitórias consecutivas. O problema é que tem gente que não sabe a maneira certa de aterrissar. Tem torcedor que, na derrota, joga pedra na própria vidraça. Quando o time vai mal, não há respeito com o presidente, técnico, jogadores etc. De repente, ninguém presta. Gol contra! É como disse o técnico Matheus Costa. Nem somos bons a ponto de ganhar de todo mundo nem somos ruins para perder de três a zero. Somos, sim, um time competitivo. Está provado que dá para chegar. Resta a cada um de nós dar o melhor de si para somar.
O bom senso prevaleceu, a diretoria do Athletico voltou atrás e não teremos mais a proibição de torcida adversária na Arena da Baixada. Sim, sob a cortina de fumaça da “torcida humana”, o que o Athletico fez foi vetar as torcidas adversárias em seu estádio. Não demorou, e os torcedores atleticanos começaram a sentir as consequências disso. Por isonomia, outros clubes passaram a adotar o mesmo tratamento. A situação mais aguda ocorreu nas quartas-de-final da Copa do Brasil, quando atleticanos não puderam acompanhar a classificação do Furacão no Maracanã. A ideia está oficialmente “suspensa”. E, assim, teremos atleticanos na Arena do Grêmio, assim como teremos gremistas na Arena da Baixada, para a aguardada semifinal. E que assim prossiga até o dia que a cultura do brasileiro nos permita assistir a um jogo de futebol ao lado de amigos torcedores de outro time.