Brasil de Fato PR - Edição 124

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Vai cair? Por que o governo Bolsonaro balança tanto em apenas cinco meses

Esportes | p. 8

Divulgação

Opinião | p. 2

Estreia! Nova colunista de futebol entra em campo

Reprodução

PARANÁ

Ano 4

Edição 124

23 a 29 de maio de 2019

distribuição gratuita

CORTES NA EDUCAÇÃO ELIMINAM BOLSAS DE ESTUDO

www.brasildefato.com.br/parana

E o respeito aos atingidos? Enquanto Bolsonaro inaugura Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, no sudoeste, atingidos por barragens exigem indenizações e diálogo Paraná | p. 6 Joka Madruga

Estudantes terão de parar suas pesquisas por não terem como se manter na universidade Brasil | p. 5 Giorgia Prates

Lucas Botelho

MANTENHA O BRASIL DE FATO PARANÁ NAS RUAS! Campanha de apoio e doações é lançada para que BDF continue a retratar a realidade do povo brasileiro Geral | p. 4


de Fato PR 2Brasil Opinião

O autogolpe e a lógica de Bolsonaro EDITORIAL

C

omo é comum desde o início de seu governo, Jair Bolsonaro faz declarações e, diante de reações contrárias, volta atrás. Foi assim com a proposta de redução de ministérios e com a criação de novos impostos. O vaivém agora ocorre a partir de mensagens em suas redes sociais. No dia 17 de maio, pelo whatsapp, Bolsonaro compartilhou um texto de autoria de Paulo Portinho, cujo conteúdo condiciona a série de fracassos de seu governo à influência de forças ocultas, chamadas por ele “corporações”. Com isso, ele quer promover a narrativa de que, se pouco ou quase nada fez em cinco meses, é porque tais forças o impediram. E sinaliza isso

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para que seus apoiadores condenem o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso, a imprensa, os estudantes e quem mais contrariar o governo. Diante de críticas, tanto o capitão como aliados do governo, que diminuem a cada dia, de novo recuaram. Porém, o recado implícito é: Bolsonaro deseja enquadrar as instituições democráticas. Os apoiadores de Bolsonaro nas redes, inclusive, falam em fechar o Congresso e enxotar juízes. Por isso, somente frentes unidas e a população mobilizada nas ruas pode conter essas e outras posturas autoritárias de um governo de direita, sem rumo, prejudicial aos trabalhadores e ao país.

SEMANA

Manifestação pode decretar o fim do governo OPINIÃO

Frédi Vasconcelos

Manolo Ramires,

jornalista e colaborador do Brasil de Fato Paraná

A

s manifestações do dia 26 de maio, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), podem anunciar o começo do fim do seu governo – tenham o tamanho que tiverem. Principalmente porque a pauta verdadeira das manifestações defende um golpe nas instituições democráticas, com ataques deliberados contra o Congresso Nacional e o STF. Temendo ser derrubado, Bolsonaro quer mais poder. E quem muito quer nada tem. As manifestações são uma resposta a pelo menos três fatores: as mobilizações em torno da educação, a dificuldade de aprovar a reforma da previdência e o cerco que se fecha em torno das suspeitas de corrupção da família presidencial. O presidente vem perdendo apoio dos militares por permitir que seus filhos e aliados os ataquem. O primeiro desafio do governo é promover protestos maiores dos que ocorreram em defesa da educação. Porém, a juventude segue

mobilizada contra o governo. Uma nova onda de protestos deve ocorrer no dia 30 de maio com apoio de reitores e, cada vez mais, políticos de todas tendências. De toda forma, Bolsonaro dá um tiro no pé ao jogar contra o Congresso Nacional e o STF. Seus apoiadores até poderiam argumentar que sua ida às ruas é em defesa (da perda de direitos) da reforma da previdência, contra o centrão que não aprova a MP 870 e contra o STF que “passa pano” para a corrupção. Contudo, o que se percebe é que uma “vitória” de Bolsonaro e sua turma significa o enfraquecimento das instituições. O presidente vende seu protesto como antissistema, mesmo ele sendo, junto com seus filhos, parte desse velho sistema. O presidente convoca as ruas para apoiá-lo em um cenário em que o desemprego passa dos 13 milhões, a projeção do PIB está em 1,4%, o dólar e a gasolina disparam, a desigualdade aumenta, a fome retorna ao país, a violência aumenta e nada disso está na pauta dos protestos de domingo.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 124 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernanda Haag, Manolo Ramires e Venâncio de Oliveira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


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FRASE DA SEMANA

OAB é contra pacote anticrimes de Moro A OAB entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), parecer sobre o pacote anticrimes apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. Com a colaboração dos principais juristas e institutos do país, o relatório condenou propostas do ex-juiz por elevar a violência, perseguir os mais pobres e não trazer soluções efetivas no combate à criminalidade. A OAB “expressou oposição em relação às propostas do Ministério da Justiça”, em especial à execução antecipada da pena, a execução antecipada das decisões do Tribunal do Júri e mudanças no instituto da legítima defesa, em especial aos agentes de segurança pública”. Com relação à prisão em segunda instância, caso do ex-presidente Lula, a OAB “entende que a proposta é inconstitucional, conforme já reconheceu o próprio Conselho Federal, pois o “argumento de que a execução da pena, antes do trânsito em julgado, ofende o princípio constitucional da presunção de inocência”. A Ordem foi mais dura com relação ao excludente de ilicitude, que permite matar uma pessoa sob forte emoção ou medo. Reprodução

“Vamos voltar a uma época em que não tinha nem giz” Disse ao Brasil de Fato Amaro Lins, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-secretário de educação superior do Ministério da Educação, ao analisar a situação das universidades federais com os cortes feitos pelo governo Bolsonaro.

O golpe na economia

Divulgação | UFPE

Aposentadoria só “depois de morrer” Juca Guimarães, São Paulo A reforma da previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) prevê a extinção da aposentadoria por idade e da aposentadoria por tempo de contribuição. Elas seriam substituídas por uma regra única com idade mínima de 65 anos para homem e 62 anos para mulheres, com a comprovação de, no mínimo, 20 anos de contribuição. Ao determinar o limite de 65 anos, o governo cria uma regra que supera a expectativa de vida de 19 municípios brasileiros, principalmente no Norte e Nordeste, e de bairros muito populosos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, em bairros como Grajaú, Acari, Parelheiros, Brasilândia. Mesmo em Curitiba, bairros

como Vila Parolin (69 anos), Vila Torres (69,2) e Parque Náutico (69) têm expectativas de vida em que as pessoas se aposentariam por pouco tempo. Além de que, para conseguir o valor integral da

Mesmo em bairros de Curitiba aposentadoria seria praticamente inviabilizada com novas regras aposentadoria, pela regra da reforma, será necessário comprovar 40 anos de contribuição. O próprio limite da idade mínima pode aumentar, de acordo com a regra que o governo defende.

“A cada quatro anos sobe um ponto [na idade mínima]. Ou seja, em 40 anos a idade mínima passaria de 65 anos no caso do homem para 75 anos e para as mulheres iria subir para 72 anos. É uma fórmula feita para ninguém mais se aposentar”, disse o advogado Guilherme Portanova, consultor jurídico da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap). A regra do governo mantém a obrigatoriedade de contribuição para todos os trabalhadores. Então, mesmo nos locais onde a expectativa de vida é menor que a idade mínima, os segurados terão de contribuir para a Previdência, que terá um modelo individual de capitalização administrado por um banco privado.

Desde o começo da crise econômica de 2015, os trabalhadores mais pobres (40% da força de trabalho) perderam 20% da sua renda e os mais ricos (10%) ganharam 3%. Os dados divulgados nesta semana pela Fundação Getúlio Vargas mostram que o Brasil atingiu o maior nível de desigualdade desde que este índice foi criado pela instituição. Desde 2012, os mais pobres tinham aumentado sua renda em 10%, o dobro dos mais ricos, que ganharam 5%. Aumento do desemprego e reforma trabalhista têm grande impacto nesses números.

Escola sem Partido será votado na terça (28) O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSDB), anunciou que o projeto Escola sem Partido será votado em plenário no dia 28 (terça). Entidades como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público e Supremo Tribunal Federal (STF) classificaram o projeto como inconstitucional. A matéria tramita com velocidade na Alep, porém estudantes e professores devem se posicionar contrários à iniciativa, vista como tentativa de censura em sala de aula.


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Brasil de Fato faz debate sobre resistência e lança campanha de financiamento Contribuição poderá ser feita por conta bancária ou plataforma on-line uais os ataques aos direitos dos trabalhadores e quais as formas de resistência?”, essas e outras perguntas nortearam o debate “Disputas de narrativas: como resistir contra os ataques à educação, cultura e trabalhadores”, organizado pelo jornal Brasil de Fato Paraná, na terça, 22 de maio, no auditório da UTFPR. Durante o evento, foi lançada a campanha de financiamento para manter a distribuição dos 20 mil exemplares do jornal impresso nas ruas. A conversa contou com a presença de Giorgia Prates, da Frente Única de Cultura e CWB Resiste, Maurini Souza, professora da UTFPR; e Hermes Leão, presidente da APP Sindicato. Para a professora Maurini, “a desinformação é uma das questões mais preocupantes, principalmente quando ouvimos um ministro dizer que só fazemos balbúrdia nas universidades. O que fazemos o tempo inteiro é trazer as

vozes da população brasileira para dentro da universidade”, afirmou. Destacou ainda que o maior ataque é à autonomia da universidade, que os cortes servem para que haja controle, e só os “bonzinhos”, aqueles que se sujeitem às regras, recebam recursos. Na área da cultura, a fotojornalista Giorgia Prates destacou que o ataque vem desde o governo Temer, com o golpe contra Dilma. “Desde lá a cultura vem sendo rechaçada. E, agora, temos a extinção do Ministério da Cultura e também ataques aos incentivos da Lei Rouanet, e da área cultural da CEF e Petrobras como patrocinadoras.” Além disso, “o que estamos vivendo é a criminalização das artes, a censura, a falta de autonomia de criação.” O professor Hermes Leão, presidente da APP Sindicato, citou o projeto “Escola sem Partido” como uma das estratégias das forças conservadoras para atacar a educação. “Este é um exemplo de ataque à escola pública, desde a educação in-

fantil ao ensino superior. Um projeto que tem colocado a população contra a escola, contra o professor, a partir da desinformação intencional. Tem gerado insegurança de pais e alunos, o que cria retrocesso.” A partir desse exemplo, Hermes citou a comunicação como instrumento poderoso para disputar as narrativas na sociedade. “Lembro da fundação do Brasil de Fato, no Fórum Social Mundial, em 2003, com este norte que hoje temos concretizado que é uma comunicação que se pauta pela verdade, dá voz aos trabalhadores e garante a luta pela soberania popular.” Pedro Carrano, coordenador po-

“A desinformação é uma das questões mais preocupantes, principalmente quando ouvimos um ministro dizer que só fazemos balbúrdia nas universidades”

“Agora temos a extinção do Ministério da Cultura e também ataques aos incentivos da Lei Rouanet, e da área cultural da CEF e Petrobras como patrocinadoras”

“Escola sem partido é um exemplo de ataque à escola pública, desde a educação infantil ao ensino superior. Um projeto que tem colocado a população contra a escola”

Maurini Souza

Giorgia Prates

Hermes Leão

Ana Carolina Caldas

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Oficialmente lançada, a campanha de financiamento para garantir que o jornal Brasil de Fato continue sendo impresso e distribuído nas ruas de Curitiba e cidades do Paraná, terá sua primeira fase com contribuição por depósito bancário e também pela plataforma de financiamento Benfeitoria.

lítico do BDF no Paraná, ao explicar a campanha, reafirmou o objetivo de manter e ampliar a distribuição dos impressos para dialogar com a população. “Nosso desafio é contribuir para o trabalho de base tão reivindicado e importante na atual conjuntura. Por isso, distribuir gratuitamente o jornal é de extrema importância.” Carrano ainda enfatizou que o Brasil de Fato é um sistema de comunicação nacional que possui site nacional e páginas regionais, rádio e, em oito estados, distribuição de jornais impressos. “Desde 2016, o jornal aqui no Paraná é distribuído e conseguiu também ser fio articulador de movimentos sociais que veem este espaço como lugar de construção coletiva da resistência.”


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Cortes nas universidades impedirão pesquisa sobre novos medicamentos Estudantes desistem de doutorado e pós-doutorado após o corte de bolsas pelo governo Giorgia Prates

Ana Carolina Caldas

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ara um medicamento ser descoberto é preciso pesquisa que pode demorar até dez anos. Todo medicamento que está na farmácia começou na pesquisa básica nas universidades”, explica a professora doutora Maria Fernanda de Paula Werner, coordenadora do programa de pós-graduação em Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com o anúncio de cortes do governo federal, só na Farmacologia sete bolsas de estudo foram canceladas. Ao todo, na UFPR, foram 127 bolsas perdidas. Atualmente, segundo Maria Fernanda, são vários os projetos de pesquisa voltados à descoberta de medicamentos que serão prejudicados.

É o caso da aluna Tatiana Curi (foto), que passou na seleção de doutorado em Farmacologia em 2019 e logo após soube dos cortes.

“Eu fiz mestrado com bolsa porque nossas pesquisas demandam tempo e dedicação nos laboratórios e estudos. Agora, ainda estou aguar-

dando com esperanças que isso seja revertido. Sem bolsa, é como se eu estivesse sendo demitida de um emprego. Dependo de uma remuneração mínima para poder pesquisar.” Retorno para a sociedade Tatiana estuda sobre toxicologia reprodutiva, os efeitos de substâncias consumidas ou em contato com gestantes que podem trazer implicações no desenvolvimento do feto. “Eu estudo os ftalatos, que são compostos químicos usados principalmente como plastificantes e encontrados em vários produtos no dia a dia, como garrafas, brinquedos e produtos pessoais. Este composto tem capacidade de inibir a produção da testosterona, que no período de gestação é bastante importante.”

ENTREVISTA

“O desenvolvimento do Paraná será afetado com os cortes,” diz pró-reitor da UFPR Ana Carolina Caldas Com o anúncio do corte de bolsas de pós-graduação nas universidades públicas de todo o Brasil, haverá impacto negativo no desenvolvimento de pesquisas importantes para a população. Em entrevista para o Brasil de Fato Paraná, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Professor Dr. Francisco de Assis Mendonça, diz que é preciso urgentemente entender que pesquisa é feita para contribuir com o desenvolvimento do país, dos estados e das cidades. Confira abaixo. Brasil de Fato Paraná – Após os cortes anunciados nas bolsas de estudo, qual é a si-

tuação atual da pesquisa na UFPR? Francisco Mendonça – Ficaremos sem 127 bolsas de pós-graduação. O impacto geral na educação brasileira vem através, primeiramente, do corte de 30% do orçamento geral das universidades, o que desembocou nessas mobilizações e apoios à universidade por importantes instituições e lideranças políticas. Depois, logo em seguida, temos o anúncio de cortes de bolsas voltadas à pesquisa pela Capes. O que foi anunciado é um corte das bolsas que ficam entre o término do curso por um aluno até a entrada de outro. Não se tratam de bolsas ociosas porque elas devem ir para o próximo pesquisador.

De que forma as pessoas podem compreender como este corte impacta na vida delas? Impacta de muitas formas, a saber que as pesquisas desenvolvidas dentro de uma universidade pública se relacionam com todas as áreas de conhecimento que se ligam ao setor produtivo, ao cotidiano, à saúde. Uma vez que há corte de recursos para a pesquisa, isso prejudica o desenvolvimento do estado do Paraná, em setores do meio ambiente, saúde, educação, engenharia. Além disso, não podemos esquecer da formação de estudantes, que vão para a sociedade dar o retorno qualificado depois de 3 a 4 anos de pesquisas.

André Figueira


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Bolsonaro vai a inauguração de hidrelétrica sob críticas de atingidos por barragens Cerca de 100 famílias atingidas pela barragem ainda não foram indenizadas Divulgação

Redação

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usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, localizada entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques, no sudoeste do Paraná, será inaugurada na quinta (23), às 14h, contando com a presença do governador Ratinho Jr. e do presidente Jair Bolsonaro. O empreendimento é responsabilidade do Consórcio Energético Baixo Iguaçu, composto pelo grupo Neoernergia (70%) e Copel (30%). O investimento público na obra, iniciada em 2013 e concluída em 2018, foi de R$ 2,2 bilhões, R$ 1 bilhão a mais do que o previsto de início. “Junto com a construção da usina veio o discurso de desenvolvimento da região. Porém, há mais de seis anos os atingidos pela barragem sofrem com a falta de diálogo e a negação dos seus direitos. Essa PUBLICIDADE

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é a situação de aproximadamente 100 famílias que não foram indenizadas ou que tiveram seus casos judicializados”, afirma Daiane Machado, da direção estadual do Movimento dos Atigidos por Barragens (MAB). O histórico de injustiças na construção de grandes obras do setor energético se repete no Baixo Iguaçu, de

acordo com os atingidos por barragens, que denunciam também a criminalização da luta pelos seus direitos. “De um lado, os atingidos lidam com violações ambientais e sociais, enquanto do outro, a empresa festeja a desgraça, sob os olhares coniventes do governador e do presidente”, complementa Daiane.

Movimento reúne todos os atingidos em busca de diálogo Pedro Carrano Na cidade de Capitão Leônidas Marques, na quinta (23), ocorre reunião dos moradores atingidos pela hidrelétrica, com caráter de debate com todos os atingidos pela UHE Baixo Iguaçu para definição dos próximos passos. “Prefeitos buscam desmobilizar a população, se colocam como interlocutores dos atingidos, não permitindo mobilizações. A ideia é uma reunião com todos os atingidos”, afirma Robson Formica, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). A pauta vai da indenização às famílias à retomada de diálogo

mediado por órgãos como Ministério Público, governo do Paraná e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Também estão na pauta a retomada do diálogo, assistência técnica e reavaliação de casos negados. Outro lado A Comunicação do governo do Paraná informou ao Brasil de Fato que a responsabilidade pela situação dos atingidos é da Copel. A empresa pública, por sua vez, repassou que a principal responsável é a majoritária Neoenergia. A assessoria de comunicação da empresa ficou de enviar o posicionamento no dia seguinte ao fechamento desta edição.

QUANTAS PESSOAS?

700 famílias foram atingidas pela UHE. 100 delas com a situação indefinida e sem indenização Fonte: MAB


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Laboratório secreto faz evento sobre fotografia Imagens analógicas e digitais são tema de roda de conversa Divulgação

como meio de compartilhamento de aprendizados e outras formas de percepção do mundo: “Gosto muito de ser arte educadora, facilitadora de processos, tenho uma relação muito próxima com educação popular e democrática. O Lab Secreto nasce dessa vontade, porque não tive nenhum acesso quando era jovem por essas possibilidades, e, logo que pude, pensei ‘Por que não abrir a

minha lavanderia, onde é meu laboratório, para que meus amigos e outras pessoas pudessem usar?”.

Para ficar por dentro O quê: Roda de Quintal do Lab Secreto Quando: sábado, 25 de maio, das 11h às 20h Onde: Rua José Antoniassi, 247, Vista

Alegre

O que nos defi ne? O que nos classifica, de fato? E isto é necessário? Quatro atrizes em cena, quatro mulheres em busca de um corpo, de um lugar e de um sentido. Como explicar o não pertencimento, o não estar presente, a não identificação com o lugar e a realidade? A peça “Estrangeiras – Sobre Lugares que Nem Sabemos que Existem” nasceu do desejo de um coletivo de artistas de discutir a identidade. “Abordamos o sentimento de não pertencimento. Falamos sobre situações simples da vida, em que nos sentimos “estrangeiras” em nos-

so próprio país, cidade, casa e até em nosso corpo”, conta a atriz e produtora Marcilene Moraes. “E é muito pertinente falar sobre esse assunto neste momento em que se vê o drama de milhares de imigrantes refugiados e os conflitos recentes por conta de intolerância em nosso país”, ressalta.

Para ficar por dentro Quando: até 26 de maio, de quinta a sábado, 20h, aos domingos, 19h, Onde: Espaço Obragem (Alameda Júlia da Costa, 204) Quanto: R$ 20 / R$10

DICAS MASTIGADAS

Pastel com massa de amido Ingredientes 1 xícara de farinha de arroz. 6 batatas médias cozidas e descascadas. 3 colheres (sopa) de óleo. 1 xícara de água gelada. 1 xícara de amido de milho. Sal a gosto. Óleo para fritar.

LUZES DA CIDADE Venâncio de Oliveira

Elefante* Vocês já ouviram a história do terrível elefante verde? Ele sempre estava ali! Permanecia com sua cara e seu JeitoDeGrandezaSelvagemImpossível. Aterrorizava a todos, absolutamente todos se sentiam aterrorizados, mesmo que alguns entendiam sua mensagem mais que os outros. Talvez todos entendessem, mas somente alguns estavam dispostos a encarar seu JeitoDeGrandezaSelvagemImpossível. Ele aparecia em meio ao caos ou ante a normalidade aparente que esconde a natureza do terror, visto como cotidiano. Ele aparecia em relapsos de segundos. Todos ficavam boquiabertos com sua presença. Temiam aproximar-se. Ele ficava ali, às vezes grunhia e relinchava ou mesmo miava. Só isso. Segundos. Apenas segundos e logo ele desaparecia.

“Estrangeiras” discute identidade e pertencimento Ana Carolina Caldas

Laís Melo Acontece no sábado (25), a primeira Roda de Quintal do Lab Secreto, com a proposta de misturar fotografia, grafite ao vivo, música, bate-papo com fotógrafos renomados de Curitiba, instalação artística, papo sobre bicicleta, espaço para crianças, comidas e bebidas. O Lab é um laboratório de fotografia analógica e ateliê de processos históricos e alternativos idealizado e realizado pela fotógrafa Pretícia Jerônimo. Desde a sua criação, em 2016, abre as portas para a comunidade praticar experimentações, estudos e desenvolvimento da fotografia analógica e processos históricos e alternativos de revelação. Pretícia é uma artista e fotógrafa que acredita na importância da fotografia

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Modo de Preparo Comece amassando as batatas. À medida que vai alisando, acrescente o óleo, a farinha de arroz, a água, o amido de milho e sal. No final, a massa deve desgrudar das suas mãos. Estique-a sobre papel-filme e corte discos. Recheie com presunto, queijo e orégano ou com a combinação de sua preferência e frite em seguida. Reprodução Gibran Mendes

E as pessoas ficavam altamente incomodadas com o real tão insólito. E olhavam ao seu redor e sentiam que nada mais parecia tão mecânico e tinham uma vontade incrível de fazer algo. Mas que seria este algo? Será que o Elefante verde sabia o que era este algo? Ou você sabe? E, nós sabemos? E assim eles se sentiam altamente terrificados em ter de pensar em FazerAlgo. *Capítulo do livro Tocaia, Tocayo! a ser publicado em breve


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Seleção brasileira começa treinos com poucos jogadores

ELAS POR ELA Fernanda Haag

As mulheres guerreiras do Brasil!

Divulgação

Frédi Vasconcelos

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seleção brasileira começa sua preparação para a Copa América já desfalcada. Dos 23 convocados, apenas cincos se apresentaram e outros dois devem ir para a concentração na Granja Comary, no Rio de Janeiro, na quinta (23), quando começam os treinos para o torneio disputado no Brasil. Fernandinho e Casemiro (volantes) e os atacantes Gabriel Jesus, Richarlison e David Neres são os jogadores que já estão com Tite. O goleiro Ederson e o lateral-esquerdo Filipe Luís devem ser os próximos a se apresentarem. Os maiores problemas são o goleiro Alisson e o atacante Roberto Firmino, que disputam a final da Copa dos Campeões, e que chegarão em 4 de junho. E os jogadores do Corinthians, Cássio e Fágner, os últimos, que só estarão disponíveis no dia 6. Até lá o técnico da seleção brasileira convocou dez garotos de diversos times para poder completar a equipe

Gabriel Jesus é um dos cinco jogadores que se apresentaram e já estão à disposição de Tite

nos treinamentos. O Brasil estreia na abertura da Copa América no dia 14, em São Paulo, contra a Bolívia. Fifa desiste de “aumentar” Copa O jornal inglês “The Times” informou na quarta (22) que a Fifa desistiu de ampliar o número de seleções de 32 para 48 times na Copa do Mundo do Catar, em 2022, como pretendia

o presidente da entidade. A mudança ficará para 2026, na América do Norte. A alegação é de dificuldades políticas e de logística porque o Catar está em crise política com vizinhos como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. A Fifa, por sua vez, aponta que teve um longo e completo debate com o país-sede para tomar a decisão final de manter 32 equipes.

Algumas semanas nos separam da Copa do Mundo da França e se nossos “milhões de treinadores” não escalaram a seleção, Vadão escalou e convocou as 23 atletas para a competição. Na quinta-feira, 16, na sede da CBF, foi realizada a coletiva de imprensa para o anúncio da convocação. Houve manutenção da base do time que disputou a Copa de 2015, com oito nomes diferentes. O trio de ferro Marta, Formiga e Cristiane dá confiança para o time e pode fazer a diferença do meio para frente. Mas outros nomes merecem atenção como Andressa Alves (Barcelona) e Debinha (North Carolina). O Brasil começa a preparação para o Mundial no dia 22 de maio em Portugal e estreia contra a Jamaica no dia 9 de junho em Grenoble. Depois enfrenta Austrália e Itália de olho na vaga das oitavas de fi nal. Para divulgar a convocação a CBF, em suas redes sociais, lançou um vídeo com torcedores anunciando as atletas. Uma ótima forma para aproximar o público das Guerreiras do Brasil e incentivar a torcida. Vale a pena assistir!

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Padrão Paraná Clube

Irresponsabilidade

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

A esperança constitui, ao lado da fé e da caridade, uma das virtudes básicas do cristão. Seu símbolo é uma âncora, pois é ela que dá amparo às embarcações nas adversidades. A esperança da imensa torcida do Coritiba funda-se, a partir do jogo do próximo sábado (25/5), contra o Cuiabá, especialmente no sexteto que veste as camisas numeradas no título desta coluna: o goleiro Wilson, o zagueiro Alan Costa, o volante Vitor Carvalho, o versátil meia-atacante Rafi nha, o centroavante Rodrigão e o armador Giovanni. Não se afi rma com isso que as demais peças do time titular sejam incapazes ou inadequadas para o acesso à Primeira Divisão. É inegável, todavia, que a estrutura coxa-branca assenta-se nos atletas mencionados, cabendo aos companheiros que gravitam ao seu redor cumprir os deveres técnico-táticos determinados pelo treinador Umberto Louzer. Que assim aconteça.

No dia 9 de junho de 2016 a torcida paranista compareceu em peso ao evento chamado “Eu vou estar lá”. A festa marcou o lançamento da nova camisa fabricada pela Topper e de uma série de outras novidades, entre elas o projeto de uma loja ampla na Vila Capanema. Lá se vão três anos. O Paraná já subiu, já caiu e nada da tal loja. Nem a “maior do sul do Brasil”, como se chegou a falar no evento, nem um quiosque em um shopping de uma região mais central. Quantas vezes você se desdobrou para ir à loja da Kennedy e encontrou as prateleiras quase vazias? O Paraná Clube anunciou esta semana a rescisão com a Topper e o lançamento de uma marca própria. A estreia do novo manto será no primeiro jogo após a Copa América. Chance de ouro para que o clube possa explorar melhor o potencial consumidor da torcida. A promessa é de estoque sempre cheio e de uma loja à altura da nossa paixão.

No meio de tantas partidas importantes em torneios nacionais e internacionais, o Athletico se vê envolvido num grave caso de doping. Dois atletas (Thiago Heleno e Camacho) foram suspensos por uso de substâncias proibidas e outros jogadores também as ingeriram, mas não foram pegos em exames. A explicação do clube foi um suplemento alimentar ofertado aos jogadores pelo departamento de nutrição, que não identificou a presença da substância proibida. Um único profissional foi responsabilizado e desligado do clube. Num clube que se orgulha de ter a melhor estrutura do país, contar com o melhor staff, e ter um “departamento de inteligência” pra analisar todos os dados possíveis e imagináveis, uma irresponsabilidade dessas é inadmissível. Quem pagará pelos danos à carreira e à imagem dos atletas, que apenas seguiram a orientação do clube?


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